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Coordenador
Organizadores
Natal, 2021
G218r
Inclui Bibliografia
ISBN 978-65-992697-6-9
CDD 342.156
CDU 347.56/49
As opiniões externadas nas contribuições deste livro são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
Apresentação da Obra....................................................................................08
Sobre os Autores.............................................................................................12
01 Publicitário.................................................................................................17
03 Advogado.....................................................................................................55
04 Jornalista.....................................................................................................72
06 Corretor de Imóveis.................................................................................121
07 Contador...................................................................................................152
08 Engenheiro Agrônomo............................................................................171
09 Economista................................................................................................192
10 Estatístico..................................................................................................218
8
A presente obra possui capítulos específicos abordando os fundamentos,
a partir da legislação e da visão jurisprudencial, e a sistemática da responsabilização
civil dos seguintes profissionais liberais: publicitário, influenciador digital,
advogado, jornalista, engenheiro civil, corretor de imóveis, contador, engenheiro
agrônomo, economista, estatístico, fotógrafo e filmaker.
Os organizadores
9
SOBRE O COORDENADOR E OS ORGANIZADORES
COORDENADOR
ORGANIZADORES
10
José Carlos de Medeiros Nóbrega
Bacharel em Direito (UEPB), Mestre e Doutor em Direito (Universität Osnabrück,
Alemanha), com estágio pós-doutoral (Aarhus Universitet, Dinamarca).
Pesquisador post-doc junto ao European Legal Studies Institute, Universität
Osnabrück (Cátedra Prof. Dr. Dr. h.c. mult. Christian von Bar). Recebeu o
Europaförderpreis 2009 (Hon.-Prof. Pöttering, ex-Presidente do Parlamento
Europeu). Presidente da Associação Internacional de Juristas de Osnabrück
(Internationale Juristenvereinigung Osnabrück). Membro do Study Group on a
European Civil Code, e colaborador do Projeto de Quadro Comum de Referência
do Direito Privado Europeu (DCFR, Draft Common Frame of Reference), que
inclui os Princípios do Direito Europeu da Responsabilidade civil extracontratual
por danos causados a terceiro (Principles of European Law – Non-contractual
liability arising out of damage caused to another). E-mail: cnobrega@uos.de
11
SOBRE OS AUTORES
12
Direito das Relações de Consumo (LABRELCON). Professor da Graduação e Pós-
Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail:
fabriciodireito@gmail.com
13
Patrícia Borba Vilar Guimarães
Bacharel em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (1997). Tecnóloga em
Processamento de Dados pela Universidade Federal da Paraíba (1989); Mestre em
Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008). Mestre pelo
Programa Interdisciplinar em Ciências da Sociedade, na área de Políticas Sociais,
Conflito e Regulação Social, pela Universidade Estadual da Paraíba (2002). Doutora
em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande (2010).
É Advogada e Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no
Departamento de Direito Processual e Propedêutica (DEPRO). Líder da Base de
pesquisa em Direito e Desenvolvimento (UFRN-CNPq). E-mail: patriciabvilar@
ufrn.edu.br
14
Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Norte. Especialista em
Direito Penal e Criminologia pela Universidade Potiguar. Especialista em Direito
Eletrônico pela Universidade Estácio de Sá. Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa
em Extensão e Responsabilidade Social, vinculado a linha de pesquisa “Democracia,
Cidadania e Direitos Fundamentais” do Instituto Federal do Rio Grande do Norte
– IFRN, campus Natal-Central. Professor efetivo de Direito do Instituto Federal
do Rio Grande do Norte – IFRN, campus Natal-Central. E-mail: rocconelson@
hotmail.com
15
Victor Motta de Azevedo Rocha
Acadêmico do Curso de Graduação em Direito do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro
do Núcleo de Estudos em Direito Digital (Neddig). Membro do laboratório de
inovações jurídicas - Cascudo JuriLab. E-mail: victormotta.rocha@gmail.com
16
01 Publicitário
1 INTRODUÇÃO
1 MUITO LOUCOS. Dirigido por Tony Bill. Produzido por Thomas Barad e Robert Weiss. Estre-
lado por Dudley Moore. Música por Cliff Eidelman. Cinematografia por Steven Schwartz. Editado e
distribuído por Paramount Pictures. 1990. Online (1h31min).
17
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
18
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
2 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2017. p. 85.
3 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil:
responsabilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. v. 3. p. 46.
4 TARTUCE, Flavio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2017. v. único. p. 499.
19
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018. p. 26.
6 Artigo 2°, caput; Artigo 2°, parágrafo único; Artigo 17 e Artigo 29 do Código de Defesa do Con-
sumidor, respectivamente. BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa
do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em: 5 jan. 2021.
7 ALVES, Fabrício Germano. Direito publicitário: proteção do consumidor. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2020. p. 74.
20
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
21
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
15 LIMEIRA, Tânia Maria Vidigal. Comportamento do consumidor brasileiro. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2017. p. 6.
16 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp. nº 493.181/SP. Rel. Min. Denise Arruda. DJ
15/12/2005. DP 01/02/2006.
17 Artigo 3°, §2° do Código de Defesa do Consumidor. BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro
de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em: 5
jan. 2021.
18 Artigo 3°, §1° do Código de Defesa do Consumidor.
19 SOUSA, Pedro Henrique da Mata Rodrigues; ALVES, Fabrício Germano. Publicidade enganosa
por omissão: enganosidade referente à forma de pagamento na oferta de veículos. In: DANTAS, Glei-
ber Adriano de Oliveira (coord.); ALVES, Fabrício Germano; XAVIER, Yanko Marcius de Alencar;
NELSON, Rocco Antonio Rangel Rosso (org.). Direito do consumidor: estudos em homenagem aos
30 anos do Código de Defesa do Consumidor. 1. ed. Natal: Polimatia, 2020. p. 83.
20 SANT’ANNA, Armando; ROCHA JÚNIOR, Ismael; GARCIA, Luiz Fernando Dabul. Propa-
ganda: teoria, técnica e prática. 9. ed. São Paulo, Cengage Learning, 2016. p. 60.
22
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
21 CAVALIERI, Sérgio Filho. Programa de responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2020. p.
1-10.
22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. v. 4. p. 45.
23 BRASIL. Lei nº 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 5 jan. 2021.
24 Ibid.
23
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
24
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
28 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. De acordo com a Constituição de 1988.
12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. passim.
29 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Curso
de direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 235.
30 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. v. 4. p. 45.
25
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
31 BENJAMIN, Antônio Herman; MARQUES, Claudia Lima. A teoria do diálogo das fontes e seu
impacto no Brasil: uma homenagem a Erik Jayme. Revista de Direito do Consumidor, v. 115, p. 21-40.
São Paulo: Revista dos Tribunais, jan.-fev., 2018. p. 22.
32 Artigo 5°, inciso V da Constituição Federal. BRASIL. Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 6 jan. 2021.
33 Artigo 5°, inciso X da Constituição Federal. Idem.
34 Artigo 927; Artigo 927, caput, do Código Civil. Lei nº 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui
o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.
htm. Acesso em: 5 jan. 2021.
26
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
35 Artigo 14, caput do Código de Defesa do Consumidor. BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro
de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em: 5
jan. 2021.
36 Artigo 45, caput do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. BRASIL. CBAP. Có-
digo Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária Código e Anexos, 1980. Disponível em: http://
www.conar.org.br/codigo/codigo.php. Acesso em: 7 jan. 2021.
37 Artigo 45, alíneas “a” e “b”, do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
27
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
profissional liberal publicitário, analisa-se o caso por intermédio do artigo 14, §4°,
do Código de Defesa do Consumidor, o qual determina que a responsabilidade
pessoal do profissional liberal será apurada por meio da verificação de culpa –
responsabilidade subjetiva. Entretanto, quando a responsabilidade estiver ligada
à sociedade empresarial contratante, o caput do mesmo artigo dispõe acerca
da resposta aos danos, independentemente da existência de culpa, relativa ao
fornecedor de serviços – responsabilidade objetiva.
Ademais, há de se perceber, ainda, a existência da responsabilização
solidária referente aos agentes da conduta ilícita de matéria publicitária. Logo,
nota-se que todos os agentes cuja participação se relaciona à atividade publicitária
respondem solidariamente, quais sejam, o fornecedor-anunciante, os profissionais
publicitários liberais, as agências publicitárias e os veículos de divulgação38.
À vista disso, para que a responsabilidade solidária seja caracterizada,
existem três dispositivos que cabem na situação dos publicitários. O primeiro é o
artigo 7°, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, o qual confirma
a resposta solidária de todos os agentes relacionados a danos previstos nas normas
de consumo39. O segundo faz referência ao artigo 3° do Código Brasileiro de
Autorregulamentação Publicitária ao dissertar que todo anúncio precisa ter nele
presente a responsabilidade do anunciante, da agência de publicidade e do veículo
de comunicação40. O terceiro, por último, consiste no artigo 9°, §3°, da Lei n°
9.294/1996, que institui uma enorme possibilidade de responsabilização solidária
oriunda da comunicação publicitária41.
38 ALVES, Fabrício Germano. Direito publicitário: proteção do consumidor. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2020. p. 265.
39 Artigo 7°, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor. BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de
setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso
em: 5 jan. 2021.
40 Artigo 3° do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. BRASIL. CBAP. Código Bra-
sileiro de Autorregulamentação Publicitária Código e Anexos, 1980. Disponível em: http://www.conar.
org.br/codigo/codigo.php. Acesso em: 7 jan. 2021.
41 Artigo 9°, §3°. Considera-se infrator, para os efeitos desta Lei, toda e qualquer pessoa natural ou
jurídica que, de forma direta ou indireta, seja responsável pela divulgação da peça publicitária ou pelo
respectivo veículo de comunicação. BRASIL. Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as
restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e
defensivos agrícolas, nos termos do §4º do art. 220 da Constituição Federal. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm. Acesso em: 7 jan. 2021.
28
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
29
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
30
REFERÊNCIAS
31
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp. nº 493.181/SP. Rel. Min. Denise
Arruda. DJ 15/12/2005. DP 01/02/2006.
CAVALIERI, Sérgio Filho. Programa de responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo:
Atlas, 2020.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
MUITO LOUCOS. Dirigido por Tony Bill. Produzido por Thomas Barad
e Robert Weiss. Estrelado por Dudley Moore. Música por Cliff Eidelman.
Cinematografia por Steven Schwartz. Editado e distribuído por Paramount
Pictures. 1990. Online (1h31min).
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2018.
32
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. De acordo com a
Constituição de 1988. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
RIZZATTO NUNES, Luiz Antônio. Curso de direito do consumidor. 13. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017. v. único.
33
02 Influenciador Digital (Digital Influencer)
1 INTRODUÇÃO
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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
indaga-se: as formas usuais de anúncios nas redes sociais atendem aos requisitos
legais de proteção ao consumidor? Quais mecanismos possibilitam responsabilizar
um influenciador digital pela divulgação de uma publicidade ilícita?
Evidencia-se, portanto, a importância de analisar as ferramentas legais
que podem oferecer caminhos para combater os métodos e armadilhas do marketing
ilícito utilizados pelos influenciadores digitais e, além disso, faz-se mister verificar
se essas normas também podem ser aplicadas para responsabilizar anunciantes e
plataformas.
Os estudos sobre a temática apontam para a necessidade de criar um
sistema regulatório mais eficaz, com a aplicação de penalidades mais severas àqueles
que fomentam veiculação de publicidade enganosa ou abusiva nas redes sociais, o
que pode servir de desestímulo para práticas ilícitas por parte dos influenciadores
digitais.
3 SAID, Zahr. Embedded Advertising and the Venture Consumer. North Carolina Law Review.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nclr89&di-
v=8&start_page=99&collection=journals. Acesso em: 20 jul. 2020.
4 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
35
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
36
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
inserção de novos produtos e serviços, essas empresas buscam vincular novas ofertas
a nomes já consolidados no mercado9.
Os digital influencers se tornaram os mais novos embaixadores das marcas
e usam as redes sociais para fazer análises e recomendação de produtos e serviços.
Em muitos casos, não fica clara a existência de relacionamento com o anunciante,
o que pode dificultar a elaboração de avaliações genuínas10.
O ambiente das mídias sociais favorece a utilização da publicidade nativa,
estratégia que consiste em uma forma de anúncio pago que se confunde com o
conteúdo editorial no qual está inserido. Essa técnica é considerada mais eficaz do
que o marketing tradicional, porém, pode induzir o público a pensar que leu uma
notícia escrita de forma verdadeira e independente11.
Essa postura vai de encontro à orientação do Guia de Publicidade Nativa
(Native Advertising Guide) no sentido que o anúncio ou mensagem promocional
deve esclarecer ao consumidor essa condição12.
É comum a ocorrência de anúncios nativos, por exemplo, da Netflix, no
New York Times e na Wired, gerando dezenas de milhares de compartilhamentos
por meio de redes sociais, o que possibilita uma interação que não ocorreria se
adotado o formato tradicional de veiculação de publicidade13.
9 BRADFORD, Laura R. Trademark Law and Agency Costs. IDEA: The Intellectual Property Law
Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/
idea55&div=8&start_page=193&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
10 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
11 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
12 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
13 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
37
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
14 BRADFORD, Laura R. Trademark Law and Agency Costs. IDEA: The Intellectual Property Law
Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/
idea55&div=8&start_page=193&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
15 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
16 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
17 BANNIGAN, Megan K.; SHANE, Beth. Towards Truth in Influencing: Risks and Rewards of
Disclosing Influencer Marketing in the Fashion Industry. What Is Real? Authenticity, Transparency,
and Trust in the Digital Age of Fashion. New York Law School Law Review. https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nyls64&div=21&start_page=247&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
18 MARTIN, Amanda Rose; SARKAR, Richik Developments in Advertising and Consumer Pro-
tection in Cyberspace. Business Lawyer. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/busl73&div=24&start_page=295&collection=journals. Acesso em: 19
jul. 2020.
38
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
19 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
20 MARTIN, Amanda Rose; SARKAR, Richik. Developments in Advertising and Consumer Pro-
tection in Cyberspace. Business Lawyer. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/busl73&div=24&start_page=295&collection=journals. Acesso em: 19
jul. 2020.
21 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
22 MCDONALD, Kevin M.; HOCHKAMMER, Karl; WERNIKOFF, Steven. Consumer Law
Immersion. Global Business Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/glbure7&div=7&start_page=122&collection=journals. Acesso em: 20
jul. 2020.
39
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
23 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
24 MCDONALD, Kevin M.; HOCHKAMMER, Karl; WERNIKOFF, Steven. Consumer Law
Immersion. Global Business Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/glbure7&div=7&start_page=122&collection=journals. Acesso em: 20
jul. 2020.
25 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
26 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
40
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
27 BANNIGAN, Megan K.; SHANE, Beth. Towards Truth in Influencing: Risks and Rewards of
Disclosing Influencer Marketing in the Fashion Industry. What Is Real? Authenticity, Transparency,
and Trust in the Digital Age of Fashion. New York Law School Law Review. https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nyls64&div=21&start_page=247&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
28 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
29 CHAN, Vanessa When #AD Is #BAD: Why the FTC Must Reform Its Enforcement of Disclosure
Policy in the Digital Age. Ohio State Business Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/eblwj13&div=14&start_page=303&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
30 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
41
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
31 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
32 GERHARDS, Eleanor Vaida. Your Store Is Gross – How Recent Cases, the FTC, and State
Consumer Protection Laws Can Impact a Franchise System’s Response to Negative, Defamatory, or
Fake Online Reviews. Franchise Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?pu-
blic=true&handle=hein.journals/fchlj34&div=33&start_page=503&collection=journals. Acesso em:
20 jul. 2020.
33 CHAN, Vanessa When #AD Is #BAD: Why the FTC Must Reform Its Enforcement of Disclosure
Policy in the Digital Age. Ohio State Business Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/
42
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/eblwj13&div=14&start_page=303&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
34 BANNIGAN, Megan K.; SHANE, Beth. Towards Truth in Influencing: Risks and Rewards of
Disclosing Influencer Marketing in the Fashion Industry. What Is Real? Authenticity, Transparency,
and Trust in the Digital Age of Fashion. New York Law School Law Review. Disponível em: https://
heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nyls64&div=21&start_page=247&-
collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
35 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
36 CHAN, Vanessa When #AD Is #BAD: Why the FTC Must Reform Its Enforcement of Disclosure
Policy in the Digital Age. Ohio State Business Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/eblwj13&div=14&start_page=303&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
43
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
37 CHAN, Vanessa When #AD Is #BAD: Why the FTC Must Reform Its Enforcement of Disclosure
Policy in the Digital Age. Ohio State Business Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/eblwj13&div=14&start_page=303&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020
38 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
39 SAID, Zahr. Embedded Advertising and the Venture Consumer. North Carolina Law Review.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nclr89&di-
v=8&start_page=99&collection=journals. Acesso em: 20 jul. 2020.
40 CAMPBELL, Angela J. Rethinking Children’s Advertising Policies for the Digital Age. Loyola
Consumer Law Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
journals/lyclr29&div=4&start_page=1&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
44
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
aos desafios da publicidade por meio das mídias sociais, com instruções claras para
influenciadores, profissionais de marketing e empresas41.
No âmbito da União Europeia, entre as legislações que regulam o
marketing e que podem ser aplicadas aos influenciadores estão a Diretiva sobre
Práticas Comerciais Desleais (Directive 2005/29/EC on Unfair Commercial
Practice – UCPD) e a Diretiva sobre Comércio Eletrônico, além dos mecanismos
de autorregulação42.
A mais recente reforma legislativa promovida no Direito Europeu
visa fortalecer os direitos do consumidor on-line, além da implementação de
medidas coercitivas mais rigorosas. Diante da necessidade de maior regulação
sobre as plataformas, a elaboração de disposições específicas sobre o marketing dos
influenciadores digitais seria uma atitude bem-vinda43.
A Autoridade Italiana de Comunicação assinou um acordo com a Italian
Advertising para consolidar sua colaboração e promover a correção de comunicações
comerciais e proteção dos consumidores on-line44.
Na Holanda, a organização de autorregulação da publicidade Dutch
Advertising Code Authority estabeleceu orientações sobre a necessidade de divulgação
clara acerca da existência de relação entre influenciador e anunciante impondo a
este o dever de alertar os blogueiros sobre as informações relevantes no âmbito
da publicidade nas mídias sociais. A ausência de divulgação pode resultar em
procedimento perante a autoridade holandesa45.
Destaca-se, portanto, que as medidas até então adotadas pelos diversos
países para proteger os consumidores contra práticas comerciais desleais decorrentes
do marketing de influenciadores digitais ainda não atingiu necessária eficácia para
garantir o equilibrio no mercado de consumo.
41 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
42 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
43 Ibid.
44 Ibid.
45 Ibid.
45
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
46 MARTIN, Amanda Rose; SARKAR, Richik. Developments in Advertising and Consumer Pro-
tection in Cyberspace. Business Lawyer. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/busl73&div=24&start_page=295&collection=journals. Acesso em: 19
jul. 2020.
47 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
48 HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad. Going Native:
Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter. Yale Journal of Law and Technology.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&di-
v=3&start_page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
49 BANNIGAN, Megan K.; SHANE, Beth. Towards Truth in Influencing: Risks and Rewards of
Disclosing Influencer Marketing in the Fashion Industry. What Is Real? Authenticity, Transparency,
and Trust in the Digital Age of Fashion. New York Law School Law Review. Disponível em: https://
heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nyls64&div=21&start_page=247&-
collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
46
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
47
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
54 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
55 Ibid.
56 CHAN, Vanessa When #AD Is #BAD: Why the FTC Must Reform Its Enforcement of Disclosure
Policy in the Digital Age. Ohio State Business Law Journal. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/eblwj13&div=14&start_page=303&collection=jour-
nals. Acesso em: 19 jul. 2020.
57 BRADFORD, Laura R. Trademark Law and Agency Costs. IDEA: The Intellectual Property Law
Review. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/
idea55&div=8&start_page=193&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
48
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
58 CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the Social Media Era.
Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice. Disponível em: https://heinonline.org/
HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/hplp40&div=2&start_page=1&collection=journals.
Acesso em: 20 jul. 2020.
59 SAID, Zahr. Embedded Advertising and the Venture Consumer. North Carolina Law Review.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nclr89&di-
v=8&start_page=99&collection=journals. Acesso em: 20 jul. 2020.
60 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
61 Ibid.
62 RIEFA, Christine; CLAUSEN, Laura. Towards Fairness in Digital Influencers’ Marketing Practi-
ces. Journal of European Consumer and Market Law L. 64 (2019). Disponível em: https://heinonline.
49
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
7 CONCLUSÃO
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.kluwer/jeucml0008&div=18&start_page=64&collec-
tion=kluwer. Acesso em: 19 jul. 2020.
63 Ibid..
64 MARTIN, Amanda Rose; SARKAR, Richik Developments in Advertising and Consumer Pro-
tection in Cyberspace. Business Lawyer. Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=-
true&handle=hein.journals/busl73&div=24&start_page=295&collection=journals. Acesso em: 19
jul. 2020.
65 BANNIGAN, Megan K.; SHANE, Beth. Towards Truth in Influencing: Risks and Rewards of
Disclosing Influencer Marketing in the Fashion Industry. What Is Real? Authenticity, Transparency,
and Trust in the Digital Age of Fashion. New York Law School Law Review. Disponível em: https://
heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/nyls64&div=21&start_page=247&-
collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
50
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
51
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
52
REFERÊNCIAS
CASALE, Elizabeth A. Influencing the FTC to Update Disclosure Rules for the
Social Media Era. Mitchell Hamline Law Journal of Public Policy and Practice.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
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GERHARDS, Eleanor Vaida. Your Store Is Gross – How Recent Cases, the FTC,
and State Consumer Protection Laws Can Impact a Franchise System’s Response
to Negative, Defamatory, or Fake Online Reviews. Franchise Law Journal.
Disponível em: https://heinonline.org/HOL/Page?public=true&handle=hein.
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jul. 2020.
53
HYMAN, David A.; FRANKLYN, David; YEE, Calla; RAHMATI, Mohammad.
Going Native: Can Consumers Recognize Native Advertising: Does It Matter.
Yale Journal of Law and Technology. Disponível em: https://heinonline.
org/HOL/Page?public=true&handle=hein.journals/yjolt19&div=3&start_
page=77&collection=journals. Acesso em: 19 jul. 2020.
54
03 Advogado
1 INTRODUÇÃO
55
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
56
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
1 FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de direito
civil. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. v. único. p. 628.
2 GRANJA, Rubens. A culpa como critério para a quantificação do dano. Dissertação (Mestrado em Di-
reito Civil) – Faculdade de Direito. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013, p. 192. Disponível
em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-09082017-133058/publico/DISSERTA-
CAO_MESTRADO_VERSAO_COMPLETA_RUBENS_GRANJA.pdf. Acesso em: 6 fev. 2021.
3 MENDES, José Manuel. Ulrich Beck: a imanência do social e a sociedade de risco. Análise social.
Coimbra, n. 214, p. 211-215, 2015. Online. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S0003-25732015000100012. Acesso em: 3 fev. 2021.
4 PEREIRA, Caio Mário da Silva; TEPEDINO, Gustavo. Responsabilidade civil. 12. ed. Rio de Ja-
neiro: Forense, 2018. E-book.
5 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 6.
57
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
6 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p.
463.
7 FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de direito
civil. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2020.v. único. p. 641.
8 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p.
467.
9 BARBOSA, Ruy. O dever do advogado. Monte Cristo, 2012. E-book.
58
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
10 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: SARAIVA, 2015.
E-book.
11 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
p. 467.
12 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: SARAIVA, 2015.
E-book.
13 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
p. 468.
59
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
14 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: SARAIVA, 2015. E-book.
15 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 7. ed. RT. p. 500 apud GONÇALVES, Carlos
Roberto. Responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: SARAIVA, 2015. E-book.
60
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
16 FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de direito
civil. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. v. único. p. 657.
17 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p.
469.
18 ASSIS JR., Luiz Carlos. A responsabilidade civil do advogado na teoria da perda de uma chance.
Direito UNIFACS – Debate Virtual. Salvador, n. 128, 2011. Disponível em: https://revistas.unifacs.
br/index.php/redu/article/view/1418/1104. Acesso em: 2 fev. 2021.
19 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (3. Turma). Recurso Especial 1.637.375-SP. Relator Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, 17 de novembro de 2020.
20 ASSIS JR., Luiz Carlos. A responsabilidade civil do advogado na teoria da perda de uma chance.
Direito UNIFACS – Debate Virtual. Salvador, n. 128, 2011. Disponível em: https://revistas.unifacs.
br/index.php/redu/article/view/1418/1104. Acesso em 2 fev. 2021.
61
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
da teoria ora tratada, Sérgio Savi aplicou critério objetivo em que se considera real
a chance de obter êxito acima de 50%21, todavia a aplicação desse critério deixa de
levar em consideração as diversas nuances de cada caso concreto.
Ademais, cabe destacar, por oportuno, que é possível a aplicação da
teoria da perda de uma chance com a condenação do advogado ao pagamento de
indenização sem que isso configure decisão extra petita. Assim entendeu o Ministro
Ricardo Villas Boas Cuevas, no julgamento do Recurso Especial supramencionado22:
21 SAVI, Sérgio. Responsabilidade civil por perda de uma chance. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 23
apud DE PAULA, Danilo Alves. Responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance. Disser-
tação (Mestrado em Direito) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Franca, 2015.
p. 19. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/135911/000858425.pd-
f?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 3 fev. 2021.
22 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (3. Turma). Recurso Especial 1.637.375-SP. Relator Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, 17 de novembro de 2020.
62
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
devida que se espera de quem possui enorme relevância no cenário jurídico deste
ordenamento.
Para tanto, o legislador pretendeu regulamentar não só a atuação do
profissional no desempenho de sua função, como também a relação advogado-
cliente. A partir dessa concepção, cabe destacar as principais normas em que se
pauta o exercício da advocacia no Brasil: o Estatuto da Advocacia, o Regulamento
Geral da Ordem dos Advogados do Brasil e o Código de Ética e Disciplina da
Ordem dos Advogados do Brasil. Além disso, é de suma importância apresentar a
discussão acerca da possibilidade de aplicação do Código de Defesa do Consumidor
aos contratos advocatícios.
Destaca-se, por fim, que a atividade advocatícia também é regulada pelo
Código Civil, conforme já se demonstrou em momento anterior, razão pela qual
somente se mostra necessária, neste ponto, a análise dos demais Diplomas Legais
específicos acima mencionados.
23 PIOVEZAN, Giovani Cassio; FREITAS, Gustavo Tulles Oliveira (org.). Estatuto da Advocacia e da
OAB comentado. Curitiba: OABPR, 2015.
63
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
24 KHALIL, Antoin Abou. A questão ética na advocacia: uma abordagem crítica. 2014. Tese (Dou-
torado em Filosofia e Teoria Geral do Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2014. p. 56. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-11022015-
094450/publico/Tese_Antoin_Abou_Khalil.pdf. Acesso em: 6 fev. 2021.
64
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
25 GRINOVER, Ada Pelegrini et. al; colaboração Vicente Gomes de Oliveira Filho e João Ferreira
Braga. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. Direito
material e processo coletivo. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. v. único. E-book.
26 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor comentado: artigo por artigo.
13. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. p. 184
27 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
p. 471.
65
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
28 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (3. Turma). Recurso Especial 1.117.137-RS. Relatora Min.
Nancy Andrighi, 17 de junho de 2010.
29 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 977.769. Relator Min. Antônio Carlos
Ferreira, 25 de setembro de 2019.
66
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
em sede ação indenizatória pela prática de ato ilícito pelo advogado no exercício de
sua função.
A referida ação foi proposta por Juiz de Direito, em face de advogado, que
representou à Corregedoria Geral de Justiça contra o magistrado sob alegação da
prática de diversos crimes, incluindo abuso de autoridade. O Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro confirmou a decisão, modificando apenas o quantum indenizatório
fixado.
No julgamento do Recurso Especial, o Ministro manteve a decisão
proferida em segunda instância, que determinou a condenação do advogado réu
sob a fundamentação de que a imunidade conferida ao profissional não se estende
a ofensas cometidas contra as partes envolvidas no processo30. Sendo assim, cabível
a indenização por danos morais diante do ato ilícito praticado pelo profissional,
inclusive por essa prática também configurar infração ética do profissional.
Em contexto fático diverso, o Superior Tribunal de Justiça proferiu
decisão no Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial n. 701.659 – RS, com
julgamento em 14 de setembro de 2020, de relatoria do Ministro Raul Araújo, para
reconhecer a responsabilização civil do advogado em caso de conduta negligente.
Nessa seara, a Quarta Turma do Tribunal reconheceu que a obrigação
avençada entre o advogado e seu cliente é obrigação de meio e de natureza
subjetiva, de modo que somente se poderá reconhecê-la nos casos em que se
comprovar o dolo ou a culpa. No caso ora abordado, o STJ reconheceu, diante
do arcabouço probatório, que o advogado atuou de forma negligente, devendo ser
responsabilizado pelos danos materiais suportados pela outra parte31.
Conforme descrito no voto, verificou-se que o advogado apresentou
recursos considerados protelatórios pelo Tribunal de origem, que culminou na
imposição de multa por litigância de má-fé. Considerando que a sanção não pode
ser imputada diretamente aos patronos da causa, caberá ao cliente buscar em ação
autônoma a responsabilização dos profissionais, no que se denomina de ação de
regresso32.
30 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 357.418-RJ. Relator Min. Sálvio de Figuei-
redo Teixeira, 4 de fevereiro de 2003.
31 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial 701.659-RS.
Relator Min. Raul Araújo, 14 de setembro de 2020.
32 Ibid.
67
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
33 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.740.260-RS. Relator Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, 26 de junho de 2018.
68
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
69
REFERÊNCIAS
70
FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson.
Manual de direito civil. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. v. único.
GRINOVER, Ada Pelegrini et. al; colaboração Vicente Gomes de Oliveira Filho
e João Ferreira Braga. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado
pelos autores do anteprojeto. Direito material e processo coletivo: volume único. 12.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. E-book.
71
04 Jornalista
1 INTRODUÇÃO
1 Aqui se observe a consagrada concepção de que, ainda que o jornalista seja considerado um assala-
riado, ele possui um espaço de liberdade irredutível: a dignidade e a integridade de uma profissão, cuja
liberdade de ideias é garante do pluralismo informativo e de uma opinião pública crítica; LEITÃO,
O. A liberdade de consciência do jornalista precisa de proteção especifica a bem da independência
no seu trabalho, do pluralismo e da democracia?. Media & Jornalismo, [S. l.], v. 18, n. 32, p. 55-71,
2018. DOI: 10.14195/2183-5462_32_5. Disponível em: https://impactum-journals.uc.pt/mj/arti-
cle/view/2183-5462_32_5. Acesso em: 2 dez. 2020.
2 Conforme o art. 1°, 2° e 6° do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.
3 Art. 5°, IV e XIV da Constituição Federal.
72
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
4 Exposta no art. 5°, IV e XIV c/c art. 220, ambos da Constituição Federal.
5 Contida no art. 220, § 1º da Constituição Federal.
6 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 31.
7 NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
v. 7. p. 34.
73
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
8 SIDOU, Othon. Enciclopédia Saraiva do Direito, verbete Lex Aquilia. 1. ed. São Paulo: Saraiva,
1980, v. 49. p. 311; Do mesmo modo preceitua TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 8. ed. Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. v. único. p. 515.
9 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado: tomo 53. 1. ed. São
Paulo: BookSeller, 2008. p. 81.
10 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. BRASIL. Código Civil.
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
11 MESSINEO, Francesco; MELENDO, Santiago Sentis (trad.). Manual de derecho civil y comercial.
8. ed. Buenos Aires: Jurídicas Europa-América, 1954, p. 477. Bem como retrata: Cristiano Chaves
de Farias; Felipe Braga Netto; Nelson Rosenvald. Manual de direito civil. 2. ed. Salvador: JusPodivm,
2018. v. único. p. 874.
12 Ibid. p. 874.
13 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 872.
74
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
14 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. v. 4. p. 24.
15Tartuce entende que deveria se analisar conduta humana, culpa genérica ou lato sensu, nexo de
causalidade, e dano ou prejuízo, nesse estudo seguindo a classificação deste autor, encontrada em:
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2018. p. 535. Por outro lado, ainda se encontra a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves,
para o qual deve-se observar: a) ação ou omissão; b) culpa ou dolo do agente; c) Relação de causali-
dade; e d) o dano, conforme encontrado em: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro:
responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. v. 4.
16 MEDEIROS, Paula Raquel Dias de. Responsabilidade civil do comunicador social que causa dano a
terceiros no exercício da sua profissão. 2017. 18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso
de Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2017. p. 8.
17 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. v. 4.
18 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2018. p. 535-536. O mesmo afirma: MEDEIROS, Paula Raquel Dias de. Res-
ponsabilidade civil do comunicador social que causa dano a terceiros no exercício da sua profissão. 2017.
18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Direito, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Caicó, 2017. p. 8.
75
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
19 FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de direito
civil. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2018. v. único. p. 910.
20 Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. [...]
21 FARIAS, Cristiano Chaves de; NETTO, Felipe Braga; ROSENVALD, Nelson. Manual de direito
civil. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2018. v. único. p. 910-912. Bem como o que se observa nos arts.
944, parágrafo único e 945 do Código Civil.
22 Nesse sentido expressou Savigny: “Elles se distinguent des autres obligations en ce qu’elles peuvent
toujours être rattachées à une intention contraire au droit, qui peut consister, ou dans la volonté de
commettre une violation du droit (dolus) ou dans le défaut de la diligence (culpa), exigée dans toute
opération juridique [...]” (Distinguem-se das outras obrigações na medida em que podem sempre
estar ligadas a uma intenção contrária ao direito, que pode consistir, ou na vontade de cometer uma
violação do direito (dolo) ou na falta de diligência (culpa), exigida em qualquer operação jurídica).
SAVIGNY, Friedrich Carl Von; C. Cérardim e P. Jozon (trad.). Le droit des obligations. 2. ed. Paris:
Ernest Thorin, 1873. p. 463.
23 CAMARGOS, Pedro Henrique Freire. A responsabilidade civil da mídia pela pré-condenação do
sujeito noticiado: o caso do suposto estupro na festa de réveillon. 2017. 79 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado em Direito) – Universidade de Brasília. Brasília, 2017. p. 34-35.
24 CASTRO, Carolina Pinho de. Novos paradigmas da responsabilidade civil brasileira: o dano social.
2017. 71 f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Direito) – Universidade de Brasília.
Brasília, 2017. p. 27.
76
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
25 ANDRIOTTI, Caroline Dias. A responsabilidade civil das empresas jornalísticas. In: SCHREI-
BER , Anderson (coord). Direito e mídia. São Paulo: Atlas, 2013. p. 336.
26 CAMARGOS, Pedro Henrique Freire. A responsabilidade civil da mídia pela pré-condenação do
sujeito noticiado: o caso do suposto estupro na festa de réveillon. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharelado em Direito) – Universidade de Brasília, Brasília, 2017. p. 18.
27 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: obrigações: responsabilidade civil. São Paulo: Sa-
raiva, 2012. v. 2. p. 188-189.
28 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 896.
29 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018. v. único. p. 545.
30 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 49.
77
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
31 BARREIROS, Yvana Savedra de Andrade. Responsabilidade civil por danos causados pela impren-
sa. Raízes Jurídicas: Revista de Graduação e Especialização em Direito, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 525-
544, jul./dez. 2007. p. 532. Disponível em: http://ojs.up.com.br/index.php/raizesjuridicas/article/
view/191. Acesso em: 3 dez. 2020.
32 Ibid.
33 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 221. Segunda Seção. Julgado em: 12/05/1999.
DJ 26/05/1999.
34 Ibid.
78
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
35 TEOPHILO, Maria Raphaella Burlamaqui. Liberdade de expressão e proteção dos direitos humanos
na internet: reflexos do discurso de ódio nas redes sociais e a ação #Humanizaredes. 78 f., il. Mono-
grafia (Bacharelado em Direito) – Universidade de Brasília. Brasília, 2015. p. 17.
36 Ibid. p. 18.
37 Art. 220, caput da Constituição Federal.
38 Art. 220. [...] § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liber-
dade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no
art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
39 Art. 220. [...] § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
40 BRASIL. Lei n° 5.250, de 9 de fevereiro de 1967. Regula a liberdade de manifestação do pensa-
mento e de informação.
79
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009 através da ADPF 13041. Devido a
isso, esse capítulo da lei não é capaz de fundamentar nenhum recurso ou ação de
indenização, conforme já entendeu o STJ42.
Constando também do rol legislativo, têm-se o Decreto-lei Federal n°
972/196943, assim como o Decreto Federal nº 83.284/197944, os quais versam sobre
o exercício da profissão de jornalista, mas nada expressando sobre responsabilidade
civil.
Em Direito Internacional foram celebrados os “Princípios Internacionais
da Ética Profissional no Jornalismo”45, mas esses princípios não foram ratificados
pelo Brasil, não possuindo eficácia no ordenamento jurídico brasileiro, podendo,
entretanto, servir como diretriz ética.
Na legislação brasileira a regulamentação específica é escassa sobre
responsabilidade civil do jornalista, havendo apenas algumas disposições no Código
de Ética da profissão, as do Código Civil, as do Código de Defesa do Consumidor
e a Lei n° 13.188/201546, não havendo, porém, lei específica para este profissional.
O último diploma legislativo versa sobre o direito de resposta e possibilidade do
lesionado a dar redarguição ao conteúdo midiático danoso47. A resposta devendo
ser proporcional ao agravo sofrido, conforme o art. 5°, V da Constituição Federal,
41 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF: 130 DF. Relator: Min. Carlos Brito. Data de Julga-
mento: 30/04/2009. Tribunal Pleno. Data de Publicação: DJe-208 DIVULG 05/11/2009 PUBLIC
06/11/2009.
42 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no Ag: 1421794 RJ 2011/0130842. Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti. Julgamento em 04/02/2014. T4 – Quarta Turma, Data de Publicação: DJe
14/02/2014.
43 BRASIL. Decreto-lei nº 972, de 17 de outubro de 1969. Dispõe sobre o exercício da profissão de
jornalista.
44 BRASIL. Decreto nº 83.284, de 13 de março de 1979. Dá nova regulamentação ao Decreto-Lei nº
972, de 17 de outubro de 1969, que dispõe sobre o exercício da profissão de jornalista, em decorrência
das alterações introduzidas pela Lei nº 6.612, de 7 de dezembro de 1978.
45 IMPRENSA, Associação Brasileira de. Princípios Internacionais de Ética Profissional no Jornalismo.
Disponível em: http://www.abi.org.br/institucional/legislacao/principios-internacionais-da-etica-
-profissional-no-jornalismo/. Acesso em: 16 nov. 2020.
46 BRASIL. Lei nº 13.188, de 11 de novembro de 2015. Dispõe sobre o direito de resposta ou retifica-
ção do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.
47 MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p.
271.
80
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
mesmo assim advindo a reparação por danos morais e materiais, não alternativos
ao direito de resposta48.
De início, a própria Constituição Federal traz os primeiros parâmetros
da responsabilização, como contido no art. 220, §2°, diante da necessidade de
observância aos direitos da personalidade nela contidos. Nesse contexto havendo
a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das
pessoas, sendo estes os direitos da personalidade, que quando violados geram o
dever de indenizar pelo dano material ou moral decorrente da lesão, art. 5°, X
da Constituição Federal, desde que se ultrapasse o “mero dissabor” para alcançar
afronte a direito fundamental49.
Entretanto, precisa-se haver sintonia entre direitos da personalidade e
liberdades de expressão, art. 5°, IV, V, IX e XIV da Constituição Federal, e imprensa,
art. 220 da Constituição Federal. Isto porque sem a convivência harmônica entre
ambos se prejudicaria tanto os direitos da personalidade ligados à dignidade da
pessoa humana como o direito de acesso à informação, art. 5º, XIV da Constituição
Federal, gerando-se prejuízo ao interesse social.
Quando se excede algum dos extremos, a ação judicial é medida que
se impõe para reequilibrar e reparar os danos, podendo essas ações, quando da
violação de direitos da personalidade, conforme o art. 12 do Código Civil50, passível
de ação ajuizada pelo ofendido ou pelo lesado indireto51. No caso do jornalista
que violou compor o polo passivo de ação proposta pelo(a) companheiro(a) do
lesionado, o Enunciado 275 da IV Jornada de Direito Civil52, ou por quaisquer
herdeiros legitimados, ulteriormente ao falecimento da vítima, provando, em todo
caso, nexo de causalidade, dano e culpa53.
48 MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p.
271.
49 MEDEIROS, Paula Raquel Dias de. Responsabilidade civil do comunicador social que causa dano a
terceiros no exercício da sua profissão. 18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de
Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2017. p. 10.
50 BRASIL. Código Civil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
51 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2018. v. 1. p. 198.
52 CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. Enunciado nº 275 da IV Jornada de Direito Civil. Dispo-
nível em: http://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/220. Acesso em: 14 nov. 2020.
53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2018. v. 1. p. 201.
81
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
54 BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de
Processo Civil.
55 DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 20. ed.
Salvador: JusPodivm, 2018. p. 194.
56 Art. 5° XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988.
57 MEDEIROS, Paula Raquel Dias de. Responsabilidade civil do comunicador social que causa dano a
terceiros no exercício da sua profissão. 18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de
Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2017. p. 6.
58 DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 20. ed.
Salvador: JusPodivm, 2018. p. 193-196.
59 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre
a proteção do consumidor e dá outras providências.
82
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
83
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
responsável pelas informações que divulga, salvo se houver alteração da redação por
outrem, da alteração sendo responsável aquele que a gerou (art. 8° do Código de
Ética); segundo, condutas contrárias ao Código de Ética podem vir a ser analisadas
por Comissão de Ética que pode punir com observação, advertência, suspensão e
exclusão do quadro social do sindicato, além da publicação da decisão da comissão
de ética em veículo de ampla circulação (art. 17 do Código de Ética), sem excluir a
responsabilidade indenizatória civil ou eventualmente penal decorrente do evento.
Destarte, observadas as normas contidas no Código Civil e Constituição
Federal, cabe ao Judiciário apreciar em concreto as causas de responsabilização
civil ou não do jornalista. Por isso faz-se fundamental estudar as razões de decidir
dos tribunais, nelas se encontrando os caminhos que serpenteia a fronteira entre
liberdade e abuso de direito e que demonstrarão em que casos caberá indenização
pelo gravame, sendo mister observar eventuais divergência de entendimentos.
84
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
85
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
sendo aplicável a solidariedade ao meio que vinculou a produção quer seja ele a
televisão ou sites e blogs71.
71 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1652588/SP. Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cue-
va. T3 – Terceira Turma. Julgado em 26/09/2017. DJe 02/10/2017.
72 ROSSI, Carolina Nabarro Munhoz; MELLO GUERRA, Alexandre Dartanhan de (coord); BE-
NACCHIO, Marcelo (coord). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura,
2015. p. 421.
73 Ibid.
74 Ibid. p. 418-424.
86
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
75 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1324568/RJ. Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, julgado em 27/04/2017, DJe 22/05/2017. Desse modo também expôs: ANDRIO-
TTI, Caroline Dias. A responsabilidade civil das empresas jornalísticas. In: SCHREIBER, Anderson.
Direito e mídia. São Paulo: Atlas, 2013. p. 336. Assim também compreende: CAMARGOS, Pedro
Henrique Freire. A responsabilidade civil da mídia pela pré-condenação do sujeito noticiado: o caso do
suposto estupro na festa de réveillon. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito)
– Universidade de Brasília. Brasília, 2017. p. 35.
76 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1324568/RJ. Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cue-
va, Terceira Turma, julgado em 27/04/2017, DJe 22/05/2017.
77 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 884.009/RJ. Rel. Ministra Nancy Andrighi. T3 – Ter-
ceira Turma. Julgado em 10/05/2011. DJe 24/05/2011.
78 Ibid.
87
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
79 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 884.009/RJ. Rel. Ministra Nancy Andrighi. T3 - Ter-
ceira Turma. Julgado em 10/05/2011. DJe 24/05/2011.
80 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Proc. nº 0628953-80.2000.8.06.0001. Rel. Juíza
Maria Vilauba Fausto Lopes. 4ª Turma Cível. Julgado em 08/11/2017. DJE: 23/09/2013.
81 MEDEIROS, Paula Raquel Dias de. Responsabilidade civil do comunicador social que causa dano a
terceiros no exercício da sua profissão. 18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de
Direito, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2017. p. 12.
82 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1652588/SP. Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cue-
va. T3 – Terceira Turma. Julgado em 26/09/2017. DJe 02/10/2017.
88
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
83 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1652588/SP. Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cue-
va. T3 – Terceira Turma. Julgado em 26/09/2017. DJe 02/10/2017.
84 Ibid.
85 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1328914/DF. Rel. Ministra Nancy Andrighi. T3 –
Terceira Turma. Julgado em 11/03/2014. DJe 24/03/2014.
86 Ibid.
87 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI 705630 AgR. Rel. Min. Celso De Mello. T2 – Segunda
Turma. Julgado em 22/03/2011. DJe-065 DIVULG 05-04-2011 PUBLIC 06-04-2011.
88 Ibid.
89 Ibid.
89
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
90 Exceto, para Norberto Bobbio, os direitos de não ser torturado ou escravizado, sobre o tema Cf.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 1992.
90
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
91
REFERÊNCIAS
92
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no Ag: 1421794 RJ 2011/0130842.
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti. Julgamento em 04/02/2014. T4 – QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 14/02/2014.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 14321 RS. Rel. Ministro Dias
Trindade. T3 – Terceira Turma. Julgado em 05/11/1991. DJ 02/12/1991.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADPF: 130 DF. Relator: Min. Carlos Brito.
Data de Julgamento: 30/04/2009. Tribunal Pleno. Data de Publicação: DJe-208
DIVULG 05/11/2009 PUBLIC 06/11/2009.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI 705630 AgR, Rel. Min. Celso De Mello.
T2 - Segunda Turma. Julgado em 22/03/2011. DJe-065 DIVULG 05-04-2011
PUBLIC 06-04-2011.
93
2017. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) –
Universidade de Brasília. Brasília, 2017.
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil, parte geral e processo de
conhecimento. 20. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2018. v. 1.
94
HOBBES, T. Leviatã. Tradução: João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da
Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
LIMA, Renata Murta de. A responsabilidade civil dos meios de comunicação: uma
análise da jurisprudência do STJ. 89 f. Monografia (Graduação em Direito) –
Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2018.
NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016. v. 7.
95
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. 1.
ed. São Paulo: BookSeller, 2008. tomo 53.
SIDOU, Othon. Enciclopédia Saraiva do Direito, verbete Lex Aquilia. 1. ed., São
Paulo: Saraiva, 1980.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2018. v. único.
96
05 Engenheiro Civil
1 INTRODUÇÃO
97
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
com o sistema jurídico, no que diz respeito ao exercício laboral. Por outras palavras,
como o engenheiro civil irá responder a determinado fato que apresente uma ligação
de nexo causal com sua conduta: será objetiva (prescindo da análise de culpa ou
dolo), solidária com outro engenheiro ou com a empresa onde trabalha, subjetiva
(necessita da averiguação da culpa ou dolo) ou subsidiária? Esse é o primordial que
norteia o estudo. Em suma, qual o tipo de responsabilidade do engenheiro civil
decorrentes das obrigações geradas pelo exercício de seu trabalho.
Para isso, metodologicamente, será adotada uma pesquisa de natureza
aplicada, de análise qualitativa, usando-se os métodos de abordagem hipotético-
dedutivos de caráter descritivo e analítico, adotando-se técnica de pesquisa
bibliográfica, onde se visita a legislação, a doutrina e a jurisprudência.
Quanto a estruturação do presente ensaio dar-se-á da seguinte maneira:
primeiramente, será abordado um apanhado geral da responsabilidade civil,
conceituando os elementos constitutivo e inerentes a ela, bem como, baseando-
se na doutrina civilista, as espécies de responsabilidade. Assim, apenas com nessa
noção introdutória do que venha ser esse o instituto será possível absorver com
mais eficácia a razão do trabalho.
Em prosseguimento, haverá um diagnóstico da legislação específica da
profissão do engenheiro civil com base nos órgãos de regulação profissional (CREA e
CONFEA). Além disso, é nesse ponto que são examinadas as peculiaridades no que
corresponde à forma como será responsabilizado o engenheiro por determinando
fato. Ou seja, é o tópico que apresenta o desígnio essencial do trabalho.
Por fim, serão apreciadas jurisprudências deferidas por Cortes
jurisdicionais que estabilizam o entendimento do artigo. Através disso, torna-se
compreensível, embora o imprevisível mundo das relações pessoais, a ocorrência
prática do que foi abordado na parte teórica, assim como determinadas situações
estão sendo interpretadas pelo Poder Judiciário nacional.
98
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
condenação por homicídio, prevista no art. 121 do Código Penal1. Mas sim, um
dever jurídico secundário ou sucessivo, que atua como resultado do descumprimento
de um dever primário ou originário2.
Seguindo essa linha de raciocínio, têm-se as palavras do saudoso Sílvio
de Salvo Venosa, o qual afirma que a responsabilidade é um termo utilizado para
qualquer situação cotidiana na qual uma pessoa, seja ela jurídica ou natural, tem
a obrigação de arcar com as consequências de um ato por ela praticado. Diante
disso, em certas situações há o dever de indenizar. Finalmente, a responsabilidade
civil é o estudo e análise de um conjunto de normas e princípios que norteia os
procedimentos adequados da obrigação de indenizar3.
Como bem assevera Flávio Tartuce4, tal instituto surge com o
descumprimento obrigacional, inobservância de uma regra contratual estabelecida
ou por certa pessoa ser omissa quanto a um preceito normativo regulador de
convivência social. Ainda, é um campo de estudo da reparação/prevenção de danos,
sendo seu objeto primário a compensação5.
O ponto de partida para a geração da responsabilidade civil é um ato
ilícito. Abordado pelo Código Civil (art. 186), considera-se assim o ato de ação ou
omissão (a não ação) voluntária, que causa dano ou prejuízo. Vale ressaltar que não
é suficiente a acepção de dano no sentido material (v.g., um acidente de carro em
que há deterioração do automóvel).
O respectivo dispositivo jurídico abrange também os danos morais,
que corresponde aos prejuízos causados à personalidade (honra, imagem social,
liberdade, identidade cultural etc.).
Em outras palavras, cria-se uma regra universal de que todo indivíduo
que cause danos (patrimoniais ou extrapatrimoniais) a alguém fica obrigado a
1 Código Penal. Art. 121. Matar alguém. Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
2 MENEZES, J. B; ALVES COELHO, J. M; BUGARIM, M. C. C. A expansão da responsabi-
lidade civil na sociedade de riscos. Scientia Iuris, Londrina, v. 15, n. 1, p. 29-50, jun. 2011. ISSN
1415-6490.
3 Cf. VENOSA, S. S; Código Civil interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 49-51.
4 TARTUCE, F. Direito cvil: Direito das obrigações e responsabilidade civil. 14. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2019. v. 2. p. 426-427.
5 FARIAS, C. C; FIGUEIREDO, L; JÚNIOR, M. E; DIAS, W. I. Código Civil para concursos. 5.
ed. Salvado: JusPodivm, 2017. p. 789.
99
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
100
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
(culpa stricto sensu). Note-se que ambas as espécies são dotadas de voluntariedade.
No entanto, na primeira há voluntariedade no sentido de querer alcançar uma
pretensão já premeditada. Na segunda, a voluntariedade se limita à conduta em si11.
Com isso, o a peça central do entendimento da conduta humana é a
voluntariedade, que advém da liberdade de escolha do sujeito que seja imputável,
ou seja, aquele que tenha a plena consciência daquilo que esteja fazendo. Como
dedução lógica disso, é inequívoco afirmar que não havendo uma ação volitiva
por parte do agente, não há, portanto, ação humana e, por consequência, não há
responsabilidade civil12.
Fazendo papel de interligação entre a culpa e o ato é necessário o nexo
de causalidade. Há algumas teorias que buscam explicar a relação conduta-dano,
considerando fatos antecedentes que possam ser levados em conta para determinar
(ou não) a responsabilidade do agente causador do prejuízo. Jurisprudencialmente
e doutrinariamente prevalece o entendimento de que a teoria da causalidade
adequada é a mais acertada. É ela, inclusive, que foi acolhida para a esfera civil13.
Para esta teoria é preciso considerar a efetiva aptidão da ação em causar
o dano. Ou seja, havendo diversas conjunturas que concorreram em um caso
concreto, aquela que será determinada para configurar o nexo de causalidade será
aquela que decisivamente interferiu para que o dano acontecesse14. Ademais, como
aponta Stolze e Pamplona, o termo “adequada”, significa alegar que é preciso que a
causa, de forma abstrata e provável, seja apta a efetivar o resultado15.
É através desse liame que se torna possível a identificação da relação
entre as causas da ação praticada e as consequências geradas. Por meio do nexo de
causalidade, decorre dois tipos de responsabilidade civil: a subjetiva e a objetiva.
A responsabilidade objetiva está intimamente relacionada com a teoria
do risco. A utilização do termo “risco” significa um potencial evento danoso,
11 GAGLIANO, P. S; PAMPLONA, F. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 206.
12 Cf. GAGLIANO, P. S; PAMPLONA, R. Novo curso de direito civil: obrigações. 20. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019. v. 2. p. 310.
13 Cf. CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 52.
14 Ibid. p. 52.
15 Cf. GAGLIANO, P. S; PAMPLONA, R. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 17. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. v. 3. p. 105.
101
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
16 Cf. CARVALHO, M. Manual de direito administrativo. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2017. p.345.
17 Cf. DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 1409.
18 STF, Pleno, RE nº 842.846, Ministro Relator Luiz Fux, julgado em 27/02/2019, DJe em
13/08/2019.
19 Código Civil. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
102
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
20 Constituição Federal. Art. 37, §6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
21 Código Civil. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis
por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
22 MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 166.
23 SOARES, D. V. A Responsabilidade civil e o meio ambiente. Revista Eletrônica do Curso de Di-
reito da UFSM, v. 7, n. 1, p. 60-70, 2012. ISSN 1981-3694.
103
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
haver responsabilidade sem dano”24. Remete ao art. 927 do Código Civil e conclui
que não basta apenas o ato ilícito, é preciso também a existência da lesão para que
surja a obrigação de reparação. O autor ainda cita um exemplo para corroborar a
ideia de que sem esse elemento não haverá reparação, mesmo que a conduta tenha
sido culposa ou até mesmo dolosa:
24 Cf. CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 76-77.
25 Ibid. p. 76-77.
26 GAGLIANO, P. S; PAMPLONA, F. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 88.
104
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
27 BODIN DE MORAES, Maria Celina; GUEDES, Gisela Sampaio da Cruz. Anotações sobre a res-
ponsabilidade civil do profissional liberal. Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, 2015. Disponível
em: http://civilistica.com/anotacoes-sobre-a-responsabilidade-civil-do-profissional-liberal/. Acesso
em: 20 nov. 2019. p. 7; ZAMQUIM JUNIOR, J. W; MATUISKI, C. E. F; CHAGAS, L. Responsa-
bilidade civil do engenheiro civil. Revista Matiz Online, p. 1-20. ISSN 1981-3694
28 Lei nº 5.194/66. Art. 71. As penalidades aplicáveis por infração da presente lei são as seguintes, de
acordo com a gravidade da falta: a) advertência reservada; b) censura pública; c) multa; d) suspensão
temporária do exercício profissional; e) cancelamento definitivo do registro. Parágrafo único. As pe-
nalidades para cada grupo profissional serão impostas pelas respectivas Câmaras Especializadas ou, na
falta destas, pelos Conselhos Regionais.
29 Art. 7º. As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrô-
nomo consistem em [...].
105
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
É a partir desse momento que esse profissional passa a ser sujeito de direitos
e deveres, sendo abrangido tanto pelo regimento dos órgãos regulamentadores
de sua profissão, quanto por outros diplomas normativos, como a Constituição
Federal, Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002), Lei Federal nº 6.496/1977 e
o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 8.078/1990), que prescrevem
a responsabilidade de reparação em casos de danos e prejuízos a quem requisitou a
obra, bem como em relação a terceiros.
É preciso elencar o documento fundamental que vincula o engenheiro
à obra na qual ele está empregado: Anotação de Responsabilidade Técnica ou
conhecido como “ART”, prevista na Lei Federal nº 6.496/1977.
O “ART” é a especificação dos responsáveis técnicos pelo empreendimento
de engenharia, o qual deve constar no contrato de prestação de serviço30.
No art. 1º da lei supra, prescreve a imprescindibilidade da Anotação de
Responsabilidade Técnica em todo contrato, verbal ou escrito, que fundamenta
qualquer prestação de serviço referente à profissão de engenheiro civil31. Caso
apresente-se ausente o “ART” nesses contratos, a mesma lei prevê multa ao
profissional ou à empresa responsável pela obra32.
É necessário mencionar os casos em que o engenheiro pode ser
responsabilizado civilmente, com a obrigação de reparar ou indenizar um dano/
prejuízo causado. Portanto, a responsabilidade civil do profissional será digna de
algumas especificidades que serão esclarecidas a seguir.
30 Lei nº 6.496/1977. Art 2º. A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo em-
preendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.
31 Lei nº 6.496/1977. Art. 1º. Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação
de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à
‘Anotação de Responsabilidade Técnica’ (ART).
32 Lei nº 6.496/1977. Art. 3º. A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na
alínea ‘a’ do Art. 73 da Lei nº5.194, de 24 DEZ 1966, e demais cominações legais.
106
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), cau-
sar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único.
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
33 Cf. CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p.
540.
34 Ibid. p. 540.
107
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
108
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
fontes propõe que a dialética entre o Código Civil e o CDC não seja pautada pelos clássicos critérios
de antinomia (prevalência cronológica, hierárquica ou da especialidade da norma). Em uma sociedade
plural, cujo protagonismo pertence à proteção e à promoção das situações existenciais da pessoa hu-
mana, caberá ao consumidor se prevalecer da norma que lhe propicia a mais ampla tutela em termos
de efetividade e acesso ao judiciário. A função do aplicador da Lei é a de conciliar e compatibilizar
as regras específicas dos dois códigos, porque ambos estão baseados nos mesmos princípios e são
dotados do mesmo espírito de eticidade. Suas regras específicas não são mutuamente excludentes,
mas convergentes. O CC/2002 não esgota o trato das relações privadas; pelo contrário, ele estabelece
normas comuns ao macrossistema de direito privado e é natural que conceitos fluam entre os vários
microssistemas possíveis”. FARIAS, C. C; ROSENVALD, N; BRAGA NETTO, F. P. Curso de direito
civil: responsabilidade civil. 6. ed. Salvador: JusPodivm, 2019. v. 3. p. 526.
109
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
110
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
41 Lei nº 4.591/64. Art. 48, §1º. O Projeto e o memorial descritivo das edificações farão parte inte-
grante e complementar do contrato.
42 Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo
no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
43 AZEVEDO, A. V. Curso de direito civil: teoria geral das obrigações e responsabilidade civil. 13. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 230.
111
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
44 Código Civil. Art. 395. [...] Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
45 Código Civil. Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um
credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda; CREA-SP. Res-
ponsabilidade civil. Disponível em: http://www.creasp.org.br/profissionais/responsabilidades-profis-
sionais/responsabilidade-civil. Acesso em: 11 set. 2018.
112
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
46 Código Civil. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortui-
to ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir.
47 TJ/MT. Quarta Câmara Cível. REEX 00139123720078110002 35056/2013. Relator Luiz Carlos
da Costa, julgado em: 15/07/2014, publicado em: 29/07/2014.
113
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
48 FARIA, C. P. A responsabilidade técnica, civil e criminal dos profissionais do sistema CONFEA. Dis-
ponível em: http://www.crea-sc.org.br/portal/index.php?cmd=artigos-detalhe&id=87#.W5lG7K-
ZKjIU. Acesso em: 25 ago. 2018.
49 TJ/RS. Quinta Câmara Cível. AC 70074359670/RS. Relatora Isabel Dias Almeida, julgado em:
30/08/2017, publicado em: 06/09/2017.
114
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
50 TJ/MG. 14ª Câmara cível. AC 10000180889719001/MG. Relator Estevão Lucchesi, julgado em:
03/09/2020, publicado em: 03/09/2020.
115
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
116
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
117
REFERÊNCIAS
118
DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
MASSON, C. Direito penal: parte geral. 13. ed. São Paulo: Método, 2019.
119
REALE, M. Lições preliminares de Direito. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
TJ-RS. AC: 70074359670 RS. Relator: Isabel Dias Almeida, Data de Julgamento:
30/08/2017, Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
06/09/2017.
VENOSA, S. S. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
120
06 Corretor de Imóveis
1 INTRODUÇÃO
A ideia secular de o indivíduo não fazer a outrem o que não quer que
seja feito a si próprio, também sendo sinônimo de equilíbrio social, carrega em seu
âmago a noção primitiva da responsabilidade civil no que concerne ao cumprimento
das normas sociais estabelecidas, instituto presente até hoje. É clarividente que
esse foi lapidado no decorrer da evolução das sociedades civis, passando de uma
justiça pautada em premissas privadas para alcançar a transferência ao Estado do
monopólio legítimo da força.
Com efeito, doutrinas ascenderam, como, por exemplo, a teoria da culpa
e a teoria do risco, concomitantemente presentes no Código Civil Brasileiro de
2002, de modo que sua aplicação está a depender do caso concreto. Sobre esse
viés, a responsabilidade civil é um dos temas que desperta largo interesse entre os
juristas. Desta feita, considerando o amplo campo de estudo da responsabilidade
civil, este trabalho analisará a aplicação do instituto sobre o corretor de imóveis no
exercício da sua atividade laboral.
Nesse contexto, o trabalho deverá permear em que hipóteses se deve
responsabilizar o profissional, casos estes decorrentes dos deveres anexos à profissão
(boa-fé, probidade, transparência, diligência e, principalmente, acesso à informação
para o interessado) e, no mesmo passo, decorrente da ideia de conduzir ao equilíbrio
social, buscando a reparação civil: compensatória do dano à vítima.
Desta feita, como se dará a forma de responsabilização do corretor de
imóveis no exercício solo da profissão, bem como nos casos de contratação de uma
121
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
122
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
123
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
1 Art. 3º. BRASIL. Lei nº 6.530 de 12 de maio de 1978. Dá nova regulamentação à profissão de Cor-
retor de Imóveis, disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização e dá outras providências.
2 CELANI, Sílvia. Histórico da Profissão: corretor de imóveis. 2019. Disponível em: https://www.
cofeci.gov.br/historia-do-corretor-de-imoveis. Acesso em: 1 dez. 2020.
3 Ibid.
4 Ibid.
5 Ibid.
6 Ibid.
7 CELANI, Sílvia. Histórico da Profissão: corretor de imóveis. 2019. Disponível em: https://www.
cofeci.gov.br/historia-do-corretor-de-imoveis. Acesso em: 1 dez. 2020.
124
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
8 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 713-714.
9 Ibid. p. 713-714.
10 Ibid. p. 713-714.
125
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
11 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 713-714.
12 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 16.
13 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 46.
14 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 16.
126
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
15 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 48.
16 JORGE, Vladimyr Lombardo. Jhom Locke: lei e propriedade. In: FERREIRA, Lier Pires; GUA-
NABARA, Ricardo; JORGE, Vladimyr Lombardo (org.). Curso de ciência política: grandes autores do
pensamento político moderno e contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. p. 113-114.
17 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 66.
18 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. v. 3. p. 27.
19 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Responsabilidade Civil. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
p. 18.
127
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
20 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 56.
21 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2017. v. único. p. 327.
22 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 20.
23 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsabi-
lidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 3. p. 57.
24 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 20.
25 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 23.
128
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
deixou de ser apenas a culpa, sendo buscado também no fato da coisa e no exercício
de atividades perigosas, passando-se a julgar o dano em si mesmo26.
Em virtude dessas peculiaridades dogmáticas, assaz se faz esclarecer a
diferenciação da responsabilidade objetiva e subjetiva de acordo com o Código
Civil de 2002. O ordenamento brasileiro, manteve-se fiel à teoria subjetiva nos arts.
186 e 927 do Código Civil, sendo necessária a culpa latu sensu ou e a culpa stricto
sensu ou aquiliana para a responsabilização, tendo como pressuposto a prática de
um ato ilícito, em regra.
Assim, para que haja ato ilícito, mister se faz necessário a existência de
um ato positivo (ação) ou negativo (omissão) e que esta viole a ordem jurídica,
sendo imputável ao agente, e que cause prejuízo a terceiro, pela ofensa a bem ou a
direito deste, seja por dolo (intenção) ou por culpa (negligência, imprudência ou
imperícia), contrariando, seja uma obrigação em concreto (inexecução da obrigação
ou de contrato) ou uma norma do ordenamento jurídico, E, por conseguinte,
devendo o agente restaurar o patrimônio (moral ou econômico) da vítima, desde
que presente a subjetividade no ilícito27.
Ressalte-se que mesmo que haja violação de um dever jurídico e que
tenha havido culpa, e até mesmo dolo, nenhuma indenização será devida quando
não houver verificado prejuízo. Podendo ainda a obrigação de indenizar resultar em
alguns casos de atos lícitos, exemplo esses os praticados em estado de necessidade
(arts. 188, II, 929 e 930, CC) e o do dono do prédio encravado que exige passagem
pelo prédio vizinho, mediante o pagamento de indenização cabal (art. 1.285, CC).
Todavia, em outros dispositivos e em leis esparsas, adotaram-se os
princípios da responsabilidade objetiva, que dispensa o elemento culpa para a
caracterização, como no art. 927, § único, do Código Civil, mister se faz destacar
que no regime anterior, as atividades perigosas eram somente aquelas assim definidas
em lei especial, assim, as que não o fossem enquadravam-se na responsabilidade
subjetiva.
Com o Código de 2002, é possível perceber que não foram revogadas as
leis especiais já existentes e foram resguardadas as que venham a existir, abarcando
ainda que a jurisprudência considere determinadas atividades como perigosas ou de
26 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 24.
27 BITTAR, Carlos Alberto. Responsabilidade civil nas atividades perigosas. In: CAHALI, Yussef Said
(coord.). Responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva. 1984. p. 87-89.
129
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
28 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. v. 4. p. 23.
130
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
29 Art 2º. BRASIL. Decreto nº 81.871, de 29 de junho de 1978. Regulamenta a Lei nº 6.530, de 12
de maio de 1978, que dá nova regulamentação à profissão de Corretor de Imóveis, disciplina o fun-
cionamento de seus órgãos de fiscalização e dá outras providências.
30 Art. 1º. BRASIL. Resolução-COFECI nº 695/2001. Equipara, para fins de inscrição de pessoas
físicas nos CRECI’s, os Diplomas expedidos por instituições de ensino superior.
31 Art. 1º. BRASIL. Resolução-COFECI nº 1.423/2019. Autoriza a inscrição de egressos de Cursos
Superiores na Área das Ciências Imobiliárias condicionado à apresentação de Diploma.
32 BRASIL. Resolução-COFECI Nº 717/2001. Estabelece a grade mínima de competências a serem
adquiridas pelos estudantes de ensino profissionalizante de Formação de Técnicos em Transações Imo-
biliárias.
33 BRASIL. Resolução-COFECI n.º 327/92. Revê, consolida e estabelece normas para inscrição de
pessoas físicas e jurídicas nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis.
34 BRASIL. Resolução-COFECI n.º 316/91. Fixa parâmetros para determinação de pena pecuniária
aplicável às pessoas físicas e jurídicas que sejam autuadas no exercício ilegal da profissão.
131
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
132
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
43 BRASIL. Resolução-COFECI n.º 326/92. Aprova o Código de Ética Profissional dos Corretores
de Imóveis.
44 Ibid.
45 Ibid.
46 Ibid.
47 JR, Biela. A responsabilidade civil do corretor de imóveis antiético. Kindle-Amazon, 2020. E-book.
133
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
48 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 716.
49 BORDIN, Andréia Hubner. O contrato de corretagem imobiliária e a responsabilidade do corretor de
imóveis no negócio jurídico. Tese (monografia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,
2013. p. 16.
50 Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência e prudência, e a prestar ao
cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio. Parágrafo único. Sob
pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca
da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores que possam influir
nos resultados da incumbência. [Redação do caput e inclusão do parágrafo único dadas pela Lei n.
12.236, de 2010. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
134
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
corretor descumpriu com a obrigação básica de agir com prudência e ser sempre
diligente. Para Stolze e Pamplona Filho51, em caso de dúvida, cabe ao magistrado
decidir em favor do comitente.
Outrossim, o art. 727 do Código Civil preleciona que não havendo
prazo determinado no contrato de corretagem e o dono do negócio dispensar o
corretor, mas o negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a
corretagem lhe será devida. Não obstante, será devida a remuneração, se o negócio
se realizar após a decorrência do prazo contratual, em razão do labor desempenhado
pelo corretor.
Já sobre a hermenêutica a ser desempenhada no art. 72852 do Código
Civil, mister se faz destacar que a atividade da corretagem compreende uma
série de atos, por exemplo, o primeiro corretor apresentou o imóvel a uma série
de clientes de forma breve, porém um desses a posteriori foi atendido para alguns
esclarecimentos do negócio e convencido por um segundo corretor, o último,
atuando de forma efetiva e decisiva para a celebração do contrato principal. Neste
cenário, se a aplicação do art. 728 do Código Civil fosse feita de acordo com a letra
fria da lei, o pagamento dar-se-ia em partes iguais para cada corretor.
No entanto, o intérprete da lei deve atentar-se à parte final do artigo
salvo ajuste em contrário, que autoriza ampliar o espectro interpretativo da aplicação
do princípio da proporcionalidade, de modo que o pagamento em partes iguais
deve ocorrer nos casos de impossibilidade de comprovação da divisão de tarefas
ou na própria aplicação da isonomia, quando realmente o trabalho dispendido ter
sido exercido de forma igual. Eis que mediante o exemplo em questão, fica claro,
portanto, que a remuneração a ser dividida em partes iguais não é equitativa, ao
invés de buscar a isonomia se tornará desarrazoada.
51 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. único. p. 719.
52 Art. 728. Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um corretor, a remuneração
será paga a todos em partes iguais, salvo ajuste em contrário. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002. Institui o Código Civil.
135
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
136
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
137
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
esse não receberá sua comissão, vez que o contrato de corretagem se caracteriza
por ser uma obrigação de resultado, o seu produto útil: a intermediação, prestando
as informações e esclarecimentos necessários que possam influenciar no gozo e
compra do imóvel, bem como assessorar durante o trâmite da negociação até o
momento da celebração contratual.
No mesmo passo, é importante relembrar que quando se trata da
responsabilidade civil do corretor de imóveis devemos aplicar uma interpretação
sistemática das leis, estando presente as leis especiais55, o Código Civil56 e o Código
de Defesa do Consumidor57. Concomitantemente, para análise dos pressupostos da
responsabilidade civil, o direito constitucional de acesso à informação do cliente,
art. 5º, inciso XIV, da Constituição Federal58, que resguarda os negócios jurídicos,
tal preceito é corroboro nas demais leis: art. 4º do Código de Ética da profissão,
art. 6º e 30 do CDC; art. 723 do CC. O dever de informar é, do mesmo modo,
fundamento para a responsabilidade do fornecedor, podendo responder pelos riscos
inerentes59.
Como por exemplo, em se tratando de publicidade, seja na internet ou
em outros meios, o corretor de imóveis que veicular qualquer informação para
divulgação do seu trabalho, estará obrigado a integrar no contrato o conteúdo da
oferta, outrossim, devendo ainda ter contrato escrito de intermediação imobiliária,
constando a habilitação do CRECI para iniciar o anúncio60. Nesse jaez, caso ocorra
ambiguidade, induzimento ao erro, falsidade das informações divulgadas e até
mesmo o direito de imagem61, se houver alguma exposição indevida que fuja do
objetivo da publicidade, proveniente de qualquer omissão ou ação que trate da
138
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
139
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
66 SILVA, Silvana de Fátima Machado da. Responsabilidade civil do corretor de imóveis. Tese (mono-
grafia) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2017. p. 52.
67 NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
v. 7. p. 333.
140
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
68 STOCO, Rui. Responsabilidade Civil do Advogado à luz das recentes alterações legislativas, In:
LEITE, Eduardo de Oliveira (coord.). Grandes temas da atualidade: responsabilidade civil. 1. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2006. p. 520.
69 BESBATI, Marlon. Responsabilidade civil do corretor de imóveis. Tese (monografia) – Universidade
do Vale do Itajaí, Itajaí, 2008. p. 58-59.
141
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
142
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
70 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 884.009/RJ. Rel. Ministra Nancy Andrighi. T3 – Ter-
ceira Turma. Julgado em 10/05/2011. DJe 24/05/2011.
143
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
71 Para Cláudia Lima Marques, essa terminologia pode ser chamada de diálogo sistemático de coe-
rência das fontes. Ademais, destaca que em relação ao CDC, o judiciário brasileiro foi pródigo ao
adotarem tal método para resguardar a prevalência do princípio pro homine e a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais, em aplicação do CDC nas relações privadas, em hard cases. Portanto,
assegurando uma tutela especial e digna à pessoa humana, leiga e consumidora (art. 5º, XXXII, CF).
MARQUES, Cláudia Lima. O “Diálogo das Fontes”, como método da nova teoria geral do direito:
um tributo a Erik Jayme. In: MARQUES, Cláudia Lima (org.). O diálogo das fontes: do conflito à
coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 36-39.
144
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
145
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
146
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
147
REFERÊNCIAS
148
BRASIL. Resolução-COFECI n.º 316/91. Fixa parâmetros para determinação
de pena pecuniária aplicável às pessoas físicas e jurídicas que sejam autuadas no
exercício ilegal da profissão.
149
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Ap 7008331558/RS. Rel.
Gelson Rolim Strocker. Julgado em 19/12/2019. Dje 23/01/2020.
NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016. v. 7.
150
SILVA, Silvana de Fátima Machado da. Responsabilidade civil do corretor de
imóveis. Tese (monografia) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2017.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017. v. único.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Atlas, 2013.
151
07 Contador
1 INTRODUÇÃO
152
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
20092, estas normas podem ser: técnicas, que estabelecem conceitos doutrinários,
regras e procedimentos aplicados à contabilidade (tem o prefixo NBC T); ou
normas do tipo profissionais, as quais estabelecem regras do exercício profissional
(tem o prefixo NBC P).
Para além das questões normativas há ainda a questão Ética que deve
direcionar a formação de um contador. Neste sentido, caráter, índole, bons hábitos,
honestidade e responsabilidade, são alguns dos valores que mediam a atuação
contabilística. Defronte à importância da Ética, foi aprovado pelo Conselho Federal
de Contabilidade a Resolução nº 803 de 10 de outubro de 19963, que aprovou o
Código de Ética profissional do Contador. Este, por sua vez, foi revogado pela
Norma Brasileira de Contabilidade PG/CFC/NBC nº 1 de 07 de fevereiro 20194,
a qual positiva o atual Código de Ética dos contadores.
O contador pode trabalhar para organizações empresariais, sendo
encarregado de fornecer balanços e demonstrações financeiras periódicas sobre a
atuação destas empresas. Ou pode trabalhar em um escritório contábil, a partir
de uma associação coletiva de contadores. Mas para além do contador vinculado,
há uma contínua expansão do contador autônomo, profissional liberal que se
consolida no mercado a partir da prestação de serviços, mas sem possuir vínculo
com escritórios ou entidades empresariais.
A partir disso, é importante analisar como o legislador pode reforçar
a responsabilidade civil do contador, como estabelecer com que os profissionais
desse ramo tenham maior compromisso com o serviço prestado. Desse modo, este
Capítulo se propõe a verificar a responsabilização civil do contador, investigando
como o legislador despendeu esforços para positivar a responsabilidade civil do
contador, de modo a proteger aqueles que contratam seus serviços. Bem como,
busca identificar as características das relações entre contadores e clientes à luz do
ordenamento jurídico brasileiro.
2 BRASIL. Resolução Cfc nº 1.156, de 13 de fevereiro de 2009. Dispõe sobre a Estrutura das Normas
Brasileiras de Contabilidade. Resolução Conselho Federal de Contabilidade. Disponível em: http://
www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1156_2009.htm. Acesso em: 2 fev. 2021.
3 BRASIL. Resolução CFC nº 803, de 10 de outubro de 1996. Aprova o Código de Ética Profissional
do Contabilista – CEPC. Código de Ética Profissional do Contabilista Cepc. Disponível em: https://
www.legisweb.com.br/legislacao/?id=95805. Acesso em: 2 fev. 2021.
4 BRASIL. Norma nº 1, de 07 de fevereiro de 2019. Aprova a NBC PG 01 – Código de Ética
Profissional do Contador. Norma Brasileira de Contabilidade. Disponível em: https://www.legisweb.
com.br/legislacao/?id=374819. Acesso em: 2 fev. 2021.
153
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 STOLZE, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. p. 1137.
154
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
os danos sofridos pelo lesado, bem como, possui aspecto de punição ao agente
causador da lesão. Assim, configura-se um mecanismo jurídico de controle social,
pois visa mitigar danos a partir da coação derivada do dever de reparação.
Em função das peculiaridades, a responsabilidade civil pode ser classificada
em espécies. Primeiro, conforme a culpa do agente, a responsabilidade civil será
subjetiva, que decorre de dano causado em função de ato doloso ou culposo; ou
objetiva, na qual o dolo ou a culpa na conduta do agente lesionante é dispensável,
somente sendo necessária a existência de nexo de causalidade entre o dano e a
conduta do agente, para que surja a obrigação de reparação civil6.
Já em relação à natureza jurídica da norma violada pelo agente causador
do dano, a responsabilização pode ser do tipo contratual ou extracontratual.
A responsabilização extracontratual surge do descumprimento direto de um
mandamento legal, decorrendo da atuação ilícita do agente. Todavia, se entre as
partes envolvidas há uma prévia relação contratual que as vincula, e o dano decorre
de violação à obrigação fixada neste contrato, então a responsabilidade civil será
contratual7.
6 STOLZE, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. p. 1137.
7 Ibid. p. 335-362.
8 OLIVEIRA, C. M. Responsabilidade civil e penal do profissional de contabilidade. São Paulo: IOB-
-Thomson, 2005. p. 27.
9 FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018. p. 44.
155
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
10 FRANCO, Liliam Farias; CARDOSO, Jorge Luis. Responsabilidade civil e penal do profissional
contábil. ConTexto. Porto Alegre. v. 9, n. 15. 1º semestre 2009, p. 21. Disponível em: https://seer.
ufrgs.br/ConTexto/article/view/11332/6705. Acesso em: 3 fev. 2020.
11 STOLZE, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. p. 335.
12 Ibid. p. 337.
156
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
tem o direito à prestação e o sujeito que tem o dever de cumprir a prestação devida.
Nesta análise, o contador ocupa o polo do devedor, tendo o dever de realizar a
prestação, enquanto o contratante é o credor que detém o direito de receber a
prestação. E a prestação devida, por sua vez, consiste no serviço contábil negociado.
Todavia, apesar de se encaixar nos requisitos de uma obrigação civil, a
atividade contabilística não se exaure no Direito da Obrigações. Isto porque, para
além de se obrigar a fazer algo, o contador fornece para seu contratante um serviço
nos termos do artigo 3º, §2º do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Ademais, a pessoa física ou jurídica que contrata o serviço de contabilidade
pode ser considerada consumidora, conforme o artigo 2º do CDC, que classifica
como consumidor “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final”. Dessa forma, consumidor pode ser entendido
como qualquer pessoa física que, isolada ou coletivamente, contrata para consumo
final, em benefício próprio ou de outro, a aquisição ou locação de bens ou prestação
de serviços. Além disso, equipara-se à condição de consumidor a coletividade que
potencialmente esteja sujeita ou propensa à referida contratação13.
No serviço contabilista o cliente se comporta como destinatário final ao
ser o último receptor do serviço, fazendo uso das orientações para suas decisões
particulares sem destiná-las para comercializações. Desse modo, a relação jurídica
firmada entre o contador e seu cliente possui as características de uma relação
consumerista e por isso é regulada pelo microssistema consumerista, especialmente
pelo Código de Defesa do Consumidor.14 E para uma efetiva proteção do
consumidor é imprescindível que o intérprete, juiz ou aplicador da lei reconheça
com exatidão que se trata de uma relação de consumo para que seja aplicado o
microssistema tutelar do consumidor15.
Defronte a isso, enquanto relação de consumo, a posição do contratante
é de vulnerabilidade e o contador possui responsabilidade pelo serviço prestado,
estando ligado às consequências das informações que transmitir, pois é intuitivo
que quem contrata um serviço contábil segue as indicações feitas pelo profissional
para direcionar futuras escolhas patrimoniais. Assim, em caso de receber
orientação indevida, ou errônea, o contratante fará escolhas financeiras que podem
13 FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2018. p. 26.
14 Ibid. p. 26.
15 BENJAMIN, Antônio Herman V.; MARQUES, Cláudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Ma-
nual de direito do consumidor. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. p. 105.
157
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
16 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 527.
17 Ibid. p. 527.
18 Ibid. p. 528.
19 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Código Civil. Brasília.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em:
24 jan. 2021.
158
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
159
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
23 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 2 fev. 2021.
24 Art. 6º, VIII do Decreto-Lei nº 9.295. BRASIL. Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o
Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras
providências. Rio de Janeiro.
160
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
161
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
162
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
preço dos seus serviços; ou recusar a fornecer o serviço a quem se disponha a pagar,
salvo os casos regulados em leis especiais.
27 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Apelação Cível nº 70057549909.
Relator: Marco Antonio Angelo. Apelação Cível. Rio Grande do Sul.
28 Art. 27 do Código de Defesa do Consumidor. BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
Código de Defesa do Consumidor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
163
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
Desse modo, a apelação foi reconhecida, pois o dano sofrido pela parte
autora foi descoberto em 2000, mas a ação ajuizada apenas em 2006, o que a torna
uma ação já prescrita. Porém, diferente dos apontamentos de que não houve dano
moral e material, constata-se que houve sim esse dano tendo em vista o prejuízo de
mais de cem mil reais que foram sofridos e o dano moral pela negativação do nome
da empresa perante os registros do Ministério da Fazenda. Aqui, cabe menção
a Súmula 37 do STJ que estabelece serem cumuláveis as indenizações por dano
material e dano moral oriundos do mesmo fato29.
Nesta decisão constata-se a aplicação da responsabilidade subjetiva do
contador, que por ser autônomo submete-se às determinações do artigo 14, §4º, do
CDC. Desse modo, coube à empresa agrícola comprovar que a atuação do contador
causou o dano patrimonial alegado mediante culpa ou dolo, pois na ausência do
subjetivo do contador não poderá ensejar a responsabilização.
Analisa-se agora uma decisão monocrática a respeito de agravo em
recurso especial. Trata-se de agravo contra decisão que inadmitiu seu recurso
especial contra sentença condenatória por danos morais e materiais.30 Conforme
autos da apelação cível, nos termos do artigo 14, §4º, do CDC, a responsabilidade
civil do profissional liberal pelos serviços que presta é subjetiva. Por isso, depende
da comprovação do dano, do nexo de causalidade entre a ação ou omissão e se
houve culpa do profissional. Dessarte, para que seja comprovada a responsabilidade
do contador a parte autora, nos termos do artigo 373, inciso I, do CPC/15, deve
comprovar que o dano superveniente da prestação do serviço contábil decorre de
culpa ou dolo do contador31.
Diante disso, o magistrado reconheceu o transtorno que a parte autora
sofreu por ter sido autuada pela Receita Federal, tendo que compor justo ao Fisco.
Todavia, conforme o juiz do caso, não há como presumir que esta situação foi
capaz de ultrapassar o ordinário de modo a configurar dano extrapatrimonial
passível de indenização. Não configurando assim, uma situação em que os danos
morais decorrem in re ipsa e por isso, é imprescindível a comprovação de que os
164
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
transtornos causaram dano moral. Desse modo, o recurso de apelação foi negado
unanimemente.
Ademais, no acórdão entendeu-se pelo cabimento da indenização
formuladas pela parte autora, fundamentando que para que enseje a responsabilidade
civil do contador, cumpre à parte autora, nos termos do artigo 373, inciso I, do
Código de Processo Civil, comprovar que o dano superveniente da prestação
do serviço contábil decorre de dolo ou culpa do profissional (responsabilidade
subjetiva). No litígio em questão, é imputada culpa ao contador, devendo a autora
comprová-la e ocorre que nos autos há comprovação de que o demandado, por
imperícia, causou o prejuízo demonstrado na petição inicial, que foi a inadimplência
perante o Fisco.
Na decisão ora analisada foi reconhecida a responsabilidade subjetiva
do contador autônomo, que enquanto profissional liberal só é passível de
responsabilização mediante a comprovação de culpa lato sensu (dolo ou culpa stricto
sensu). Isto conforme o já explanado artigo 14, §4º do CDC. Porém, conforme
previsão do artigo 373, I, do CPC, para ensejar a condenação do contador é
imprescindível que a parte autora comprove os danos decorrentes do serviço
prestado pelo contador. Visto que, para a configuração do dever de indenizar é
necessário se reunir os três elementos da responsabilidade civil, que são: fato ilícito,
dano e nexo causal.
5 CONCLUSÃO
165
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
166
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
167
REFERÊNCIAS
168
BRASIL. Resolução CFC nº 1.156, de 13 de fevereiro de 2009. Dispõe sobre a
Estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução Conselho Federal
de Contabilidade. Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/
resolucaocfc1156_2009.htm. Acesso em: 2 fev. 2021.
CAVALIERI, Sérgio Filho. Programa de responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo:
Atlas, 2020.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
169
OLIVEIRA, C. M. Responsabilidade civil e penal do profissional de contabilidade.
São Paulo: IOB-Thomson, 2005.
170
08 Engenheiro Agrônomo
1 INTRODUÇÃO
171
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
3 G1. Por que o futuro do agronegócio depende da preservação do meio ambiente no Brasil. Disponível
em: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/07/16/por-que-o-futuro-do-agrone-
gocio-depende-da-preservacao-do-meio-ambiente-no-brasil.ghtml. Acesso em: 3 fev. 2020.
4 BRASIL. Lei nº 5.1946, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Enge-
nheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm. Acesso em: 3 fev. 2020.
5 MENTEN, José. Opinião: Engenharia agronômica ou agronomia? Engenharia agronômica.
Disponível em: http://g1.globo.com/mato-grosso/agrodebate/noticia/2014/08/opiniao-engenha-
ria-agronomica-ou-agronomia-engenharia-agronomica.html#:~:text=A%20Lei%20Federal%20
5.194%2F66,N%C3%A3o%20emprega%20o%20termo%20agr%C3%B4nomo.&text=Agrono-
mia%20deve%20ser%20utilizado%20com,Engenharia%20Agron%C3%B4mica%20e%20n%-
C3%A3o%20Agronomia. Acesso em: 3 fev. 2020.
172
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
173
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
174
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
175
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
13 CONFEA. Resolução 218, de 29 de junho de 1973. Discrimina atividades das diferentes modalida-
des profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Disponível em: http://normativos.confea.
org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=266. Acesso em: 5 fev. 2020.
14 Ibid.
15 BRASIL. Lei nº 5.1946, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Enge-
nheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm. Acesso em: 5 fev. 2020.
16 Ibid.
176
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
17 RASIL. Lei nº 5.1946, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Engenheiro,
Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm. Acesso em: 5 fev. 2020.
18 Ibid.
19 BRASIL. Decreto n° 23.196, de 12 de outubro de 1933. Regula o exercício da profissão agronômica
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/
D23196.htm#:~:text=DECRETO%20No%2023.196%2C%20DE,Brasil%2C%20na%20confor-
midade%20do%20art. Acesso em: 5 fev. 2020.
177
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
178
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
179
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
Marques: “[...] Neste caso, não haveria a exigida ‘destinação final’ do produto ou
do serviço, ou, como afirma o STJ, haveria consumo intermediário, ainda dentro
das cadeias de produção e de distribuição”26.
Contudo, tal acepção não poderia ser aplicada efetivamente em todos os
casos, pois, passou-se a verificar a existência de consumidores não econômicos que se
encontravam em uma situação de hipossuficiência. Logo, houve o desenvolvimento
da teoria denominada como finalista aprofundada ou mitigada27. Nela, examina-
se o caso concreto. O destinatário final será a pessoa que adquire o produto ou
serviço para uso privado, porém, passa a se admitir a sua abrangência para os casos
nos quais há a utilização desses para fins de produção, desde que seja provada a
vulnerabilidade da pessoa física ou jurídica em questão.
Ou seja, excepcionalmente, a depender do caso concreto, é possível
mitigar a teoria finalista. O caso responsável por firmar o desenvolvimento desta
teoria no ordenamento jurídico brasileiro foi o julgamento do AREsp 1083962 / ES,
pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nele, foi admitido a mitigação da acepção
inerente ao consumidor econômico, em conformidade com a fundamentação
exposta a seguir:
180
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
que totalitária de situações na qual o utilizador dos seus serviços não poderá se
enquadrar como consumidor para fins de aplicação do CDC. Este é um reflexo da
sua intrínseca conexão com a cadeia produtiva do agronegócio. Para estes casos, há
uma relação de natureza cível.
Contudo, não se pode restringir as possibilidades fáticas de prestação
de serviço destes profissionais. Poderá haver situações nas quais eles atuarão em
uma plantação, ou reprodução animal, por exemplo, em que a incrementação de
produção é voltada para utilização própria, sem fins econômicos.
Ainda, o seu cliente poderá se qualificar em alguma situação de
vulnerabilidade que enseje na mitigação da teoria finalista e, neste caso, ele
se enquadre como consumidor. Logo, para estas duas últimas conjunturas,
minoritárias, mas possíveis, verifica-se uma relação de consumo, ensejando a
aplicação das disposições contidas no CDC.
No entanto, em razão da exceção estabelecida nas normativas deste
último, não haverá diferenciação da espécie de responsabilidade civil, em razão
da natureza jurídica da relação, aplicada para o profissional agrônomo liberal.
Pois, tal condição implica na atribuição do art. 14, § 4°, do Código de Defesa
do Consumidor, o qual estabelece a atribuição de responsabilidade civil, em face
do profissional liberal, com base na verificação de culpa: “§ 4° A responsabilidade
pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”29
Com a exigência do elemento culpa, esta disposição acarreta a mesma implicação
da regra geral, estabelecida no Código Civil, quanto à espécie de responsabilidade.
Ela está contida no seu art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”30
Logo, tanto na relação cível, como na de consumo, a responsabilidade
civil do engenheiro agrônomo liberal será subjetiva, em via de regra. Pois, há a
necessidade da comprovação de culpa por parte do agente. Ou seja, em ambos,
para haver responsabilidade, deve estar caracterizada, além do dano e do nexo
de casualidade, a existência de uma ação, omissão voluntária, negligência ou
imprudência por parte do agente.
181
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
31 BRASIL. Lei nº 5.1946, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Enge-
nheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm. Acesso em: 5 fev. 2020.
32 BRASIL. Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977. Institui a “ Anotação de Responsabilidade Técnica
“ na prestação de serviços de engenharia, de arquitetura e agronomia; autoriza a criação, pelo Conse-
lho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA, de uma Mútua de Assistência Pro-
fissional; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6496.
htm. Acesso em: 5 fev. 2020.
182
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
183
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184
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
185
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186
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
187
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
188
REFERÊNCIAS
189
BRASIL. Tribunal de Justiça de Goiás. Apelação Cível nº 0091367-
42.2014.8.09.0082. Relator: Desembargador Jairo Ferreira Júnior. Disponível
em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/314752081/djgo-secao-i-01-09-2020-
pg-5285. Acesso em: 6 fev. 2020.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São Paulo:
LTr, 2017.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 19.
ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
190
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito
civil: responsabilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
191
09 Economista
1 INTRODUÇÃO
1 BECKERT Jens. Beyond the market: the social foundations of economic efficiency. Princeton: Prin-
ceton University Press, 2002.
2 Mill, J. Stuart. Princípios de economia política: com algumas de suas aplicações à filosofia social. São
Paulo: Nova Cultural, 1996.
3 Art. 3. BRASIL. Decreto 31.794, de 27 de novembro de 1952. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da Profissão de Economista, regida pela Lei nº 1.411 de 13 de agosto de 1951, e dá outras
providências.
192
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
193
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
194
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
7 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, 13. ed., São Paulo: Atlas, 2013. p. 262.
8 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Sena-
do Federal: Centro Gráfico, 1988.
9 BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília: Senado Federal, 2002.
10 SILVA, Luis Renato Ferreira. Reciprocidade e contrato: a teoria da causa e sua aplicação nos contra-
tos e nas relações “paracontratuais”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013. p. 125.
195
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
11 MENEZES CORDEIRO, António Manuel da Rocha e. Da boa fé no direito civil. Coimbra: Al-
medina, 2007. p. 586 e 593.
12 BACARIM, Maria Cristina de Almeida. Responsabilidade civil contratual e extracontratual. A
culpa e a responsabilidade civil contratual. In: GUERRA, Alexandre Dartanhan de Mello; BENAC-
CHIO, Marcelo (coord.) Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015. p.
94.
196
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
13 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, 13. ed., São Paulo: Atlas, 2013. p. 553.
14 NOGUEIRA, Bernardo Gomes Barbosa; GUIMARÃES, Helimar Fialho. A constitucionalização
do direito civil e seus reflexos na responsabilidade civil. Revista de Direito da UERJ, Rio de Janeiro, v.
2, n. 21, jan./jun. 2012. p. 8.
15 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil 2: obrigações – responsabilidade. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. 184-185.
197
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
16 CALDEIRA, Mirella D’Angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento
do Código De Defesa do Consumidor. Revista da Faculdade de Direito, São Paulo, 1 ed., p. 310 -323.
2004. p. 312
17 Ibid. p. 313.
198
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
18 CALDEIRA, Mirella D’Angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento
do Código De Defesa do Consumidor. Revista da Faculdade de Direito, São Paulo, 1 ed., p. 310 -323.
2004. p. 316.
19 NEVES, Edna Porto Fatel Neves; OLIVEIRA, Ariane Fernandes De. Obrigações de meio e de
resultados. Revista da Jornada de Iniciação Científica e Extensão Universitária do Curso de Direito das
Faculdades Integradas Santa Cruz, Santa Catarina, v. 10 n. 10. 2017. Disponível em: http://unisanta-
cruz.edu.br/revistas/index.php/JICEX. p. 2.
20 Ibid. p. 3.
199
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
Assim, caso o vínculo com o profissional liberal não se relacione a uma pessoa
jurídica, haverá a relação intuito personae, sendo a ação proposta em face somente
deste profissional, o qual só poderá ser responsabilizado pelo dano mediante a
comprovação da culpa, pois se trata de responsabilidade subjetiva. Já, em caso de
o profissional liberal pertencer aos quadros de empregados de uma pessoa jurídica,
a relação processual será entre o consumidor e a pessoa jurídica, a qual assume a
responsabilidade pelos atos de seus prepostos, e este estabelecimento responderá de
maneira objetiva pelos danos causados pelo profissional.
Partindo da ideia de risco profissional21 na legislação francesa e canadense
(Código Civil de Quebec), em 1910 já havia no Canadá legislação admitindo o
risco profissional, Saleilles (apud Stocco)22 coloca o seguinte caminhar evolutivo: a
princípio, a responsabilidade era subjetiva, seguindo o sistema em voga na maioria
dos países. A primeira evolução observou-se com a determinação da inversão do
ônus da prova em alguns casos.
Por se tratar de uma relação de consumo, vale lembrar que na
responsabilização civil do profissional liberal existe a possibilidade de inversão do
ônus da prova, conforme art. 6º, inciso VIII, do CDC, pois se trata de direito
básico do consumidor a facilitação de sua defesa em juízo, devendo ocorrer sempre
que houver verossimilhança das alegações ou hipossuficiência. Tal condição esta
presente em qualquer relação de consumo, de forma que, se os profissionais liberais
tivessem exceção ao princípio da inversão do ônus da prova, teria o Código feito
expressamente, como o fez com o princípio da responsabilidade objetiva. A única
diferença é que com a inversão do ônus da prova o consumidor não terá que provar
que o profissional liberal agiu com culpa23.
O desiderato das próprias relações sociais foi consecutindo em que “pouco
a pouco viu-se o princípio do risco profissional ganhar as indústrias, as explorações
21 BONINI, Paulo Rogério. Responsabilidade civil por ato lícito. In: GUERRA, Alexandre Darta-
nhan de Mello; BENACCHIO, Marcelo (coord.) Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da
Magistratura, 2015. 171.
22 STOCO, Rui. Responsabilidade civil pela prática de atos lícitos. In: NERY JUNIOR, Nelson;
NERY, Rosa Maria de Andrade (org.). Responsabilidade civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2010.
23 CALDEIRA, Mirella D’Angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento
do Código De Defesa do Consumidor. Revista da Faculdade de Direito, São Paulo, 1. ed., p. 310 -323.
2004, p. 320-321.
200
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
24 RIPERT, Georges. A regra moral nas obrigações civis. Tradução de Osório de Oliveira. Campinas:
Bookseller, 2000, p. 209
25 Importante mensurar, segundo Sérgio Cavalieri, que “em tomo da ideia central do risco, surgiram
várias concepções, que se identificam como verdadeiras subespécies ou modalidades, dentre as quais
podem ser destacadas as teorias do risco-proveito, do risco profissional, do risco excepcional, do risco
criado e a do risco integral” CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 2014. p. 153.
26 CALDEIRA, Mirella D’Angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento
do Código De Defesa do Consumidor. Revista da Faculdade de Direito, São Paulo, 1. ed., p. 310 -323.
2004, p. 321-322.
201
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
com base nos seus conhecimentos e vivencia publicou sua obra Princípios de
Economia Política27.
A primeira manifestação efetiva de ensino de Economia no Brasil ocorreu
somente na década de 1820, com a incorporação da cadeira de Economia Política
no curso de Direito. Em 1880, por meio do Decreto 7.679, o ensino comercial
passou a ser 25% das disciplinas totais em cada uma das áreas de Contabilidade,
Economia Política, Geografia Econômica (comércio exterior) e Ciências Jurídicas
(ênfase em Direito Comercial). Após 1870, a Ciência Econômica voltou a ganhar
espaço no ensino comercial brasileiro. Somente em 1926 se foi homologado o
ensino das Ciências Econômicas e Comerciais, pelo Decreto n. 17.329, tendo
como pré-requisito para ingresso o título de contador, obtido no curso geral28.
Dois pontos foram indispensáveis para a ascensão social das “Ciências
Econômicas”: a criação da Faculdade Nacional de Ciências Econômicas, em 1946,
integrante da Universidade do Brasil, este foi o primeiro curso de Economia
integrado a uma estrutura universitária no país; e o histórico da regulamentação
da profissão de economista. Em 1931, através do Decreto n. 20.258, o ensino das
Ciências Econômicas foi bastante ampliado. Por fim, houve, por intermédio da
Lei nº 1.411/51, sancionada pelo então Presidente da República Getúlio Vargas,
a regulamentação da profissão de economista e o estabelecimento das normas
organizacionais, através dos Conselhos Federais e Regionais de Economistas
Profissionais29.
Diante desse contexto histórico, é mister reforçar o perfil do profissional
em ciências econômicas, o qual é capaz de transitar em diferentes níveis de abstração,
desde o conhecimento analítico dos fenômenos econômicos puros até a tomada de
decisões práticas. Logo, o economista profissional, pode atuar na área de assessoria
(determinando o nível ideal de produção e produtividade para fixar preços de venda
com base em custos e margem de lucro adequados à estrutura de mercado e ao setor
de atividade), na produção de projetos (colaborando em auditoria e perícia no que
se refere às avaliações econômico-financeiras, elaborar projetos de investimentos),
como professor universitário e/ou pesquisador, no planejamento econômico,
financeiro e administrativo e na utilização de instrumentos de política econômica
para elevação do desenvolvimento socioeconômico, além de poder atuar na área de
27 SOUZA, Nali de Jesus de. O economista: A história da profissão no Brasil. Análise, Porto Alegre,
v. 17, n. 2, p. 377-383, jul./dez. 2006. p. 377-379.
28 Ibid. p. 377-379.
29 Ibid. p. 381-383.
202
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
30 COSTA, Fernando Nogueira da. Formação do economista no Brasil Contemporâneo. Texto para Dis-
cussão. Campinas: Unicamp, set. 2016. p. 41.
31 C.R.E.P. corresponde a sigla referente a Conselho Regional de economia, atualmente conhecido
como CORECON.
32 BRASIL. Lei 1.411, de 13 de agosto de 1951. Dispõe sobre a profissão de Economista.
33 CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA. Manual de Fiscalização do Exercício da Profissão de
Economista 2019. Brasília, 2019. p. 10-19.
203
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
204
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
205
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
206
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
precisa manter um diálogo aberto com seu cliente, mantendo-o ciente de todos os
procedimentos, nesse sentido; não deve o profissional prestar apenas informações
vagas quanto as suas atividades, mas abranger tudo o que for de interesse do cliente
a fim de não induzi-lo a erro, ou contratar um serviço que não irá de fato atender
as suas expectativas.
O direito de informar qualifica direito básico, de forma que em havendo,
a omissão do profissional poderá acarretar em obrigação de indenizar, diante da
não transparência regulamentada no código de ética profissional e no art. 31 do
CDC. Também é dever do economista guardar sigilo sobre as informações técnico-
econômicas privativas a que tiver acesso, sobretudo quanto ao uso indevido de
informações privilegiadas, em detrimento dos interesses do país e da sociedade;
assim, a divulgação de tais informações também pode acarretar em responsabilização
civil do profissional.
Naturalmente, se o economista, detentor dos segredos contábeis
e financeiros de determinado conglomerado expõe à imprensa ou aos seus
concorrentes os dados com acesso restrito à coletividade, pode pôr em risco a própria
saúde financeira da empresa(s) ou mesmo sua permanência no mercado, e suas
relações com colaboradores, fornecedores e clientes. Por essas razões, claramente
por atentado contra a lealdade e boa-fé de suas relações e quebra do dever de sigilo
merece ser punibilizado.
No que se refere a possíveis sanções aplicadas, conforme já explicitado,
é de competência dos Conselhos Regionais autorizados, e estão presentes no item
8 do Código de Ética, as quais podem ser desde advertência até penalidade mais
graves, como suspensão do profissional, conforme abaixo transcrito:
207
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
208
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
43 COASE, R. H. The problem of social cost. The Journal of Law and Economics, v. III, p. 1-44, p.
19, Oct. 1960.
44 AZEVEDO, Antonio Junqueira de. O direito pós-moderno e a codificação. Revista de Direito do
Consumidor, n. 33, p. 123-129, jan./mar. 2000.
45 BACARIM, Maria Cristina de Almeida. Responsabilidade civil contratual e extracontratual. A
culpa e a responsabilidade civil contratual. In: GUERRA Alexandre Dartanhan de Mello; BENAC-
CHIO, Marcelo (coord.). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015.
p. 83.
46 CALABRESI, Guido. Some thoughts on risk distributions and the Law of Torts. The Yale Law
Journal, v. 70, n. 4, p. 499-553, mar. 1961. Disponível em: https://digitalcommons.law.yale.edu/cgi/
viewcontent.cgi?article=3035&context=fss_papers. Acesso em: 15 jul. 2015.
209
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
empregar um recurso de tal forma que impeça seu uso por alguém mais”, de acordo
com Camargo47.
Para analisar a responsabilidade civil a partir da perspectiva de um
profissional liberal, de acordo com a teoria econômica, é preciso interpretar
economicamente os conceitos de dano, conduta e nexo causal, o que nem sempre
se faz e, por certo, gera distorções no tratamento dado aos ilícitos civis48.
Observa-se na seguinte jurisprudência a participação fundamental
de um economista na análise contábil-financeira de uma grande farmacêutica,
viabilizando a participação de novo sócio, mesmo gerando controvérsias posteriores,
indiretamente ocasionadas em virtude dessa atuação profissional49.
Percebe-se, neste caso, a hipótese de responsabilidade civil ao economista,
uma vez que o representante, aparentemente, não possuía bens de capital para
compor a sociedade. O que, inevitavelmente poderia pôr em risco não só a solidez
do negócio, bem como a saúde financeira da empresa em questão.
Nesse aspecto, a responsabilidade civil tem o escopo de internalizar
aqueles custos que, via de regra, a empresa tenta justamente impor a terceiros,
valendo lembrar a ideia de externalidade50.
Como destaca Rachel Sztajn51:
47 CAMARGO, Caio Pacca Ferraz de. Análise econômica do direito e o contrato. In: BENACCHIO,
Marcelo; SOARES, Ronnie Herbert Barros (coord.). Temas atuais sobre a teoria geral dos contratos. São
Paulo: CVR, 2014. p. 261.
48 SACRAMONE, Marcelo Barbos. DEZEM, Renata Mota Maciel Madeira. A responsabilidade ci-
vil sob o aspecto econômico. In: GUERRA, Alexandre Dartanhan de Mello; BENACCHIO, Marcelo
(coord.). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015. p. 337.
49 H. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 4, (40): 229-567, dezembro 1992. p. 307.
50 SACRAMONE, Marcelo Barbos. DEZEM, Renata Mota Maciel Madeira. A responsabilidade ci-
vil sob o aspecto econômico. In: GUERRA, Alexandre Dartanhan de Mello; BENACCHIO, Marcelo
(coord.). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015. p. 337.
51 SZTAJN, Rachel. Externalidades e custos de transação: a redistribuição de direitos no Código Ci-
vil de 2002. In: ÁVILA, Humberto (org.). Fundamentos do estado de direito: estudo em homenagem
ao Professor Almiro do Couto e Silva. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 317.
210
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
52 COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Derecho y economia. México: Fundo de Cultura Econômica,
1998. p. 371.
53 La responsabilidad de los ilícitos culposos es sólo uno de varios instrumentos disponibles para interna-
lizar las externalidades creadas por los costos de transacción elevados. Otros instrumentos son los estatutos
penales, las regulaciones de seguridad y los incentivos fiscales. Cada uno de éstos tiene sus ventajas y desven-
tajas. COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Derecho y economia. México: Fundo de Cultura Econô-
mica, 1998. p. 371.
54 FERNANDES, Wanderley. Contrato de adesão e a racionalização dos processos de produção e
contratação. In: CONTRATOS de consumo e atividade econômica. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 88.
55 SZTAJN, Rachel. Externalidades e custos de transação: a redistribuição de direitos no Código
Civil de 2002. In: ÁVILA, Humberto (org.). Fundamentos do estado de direito: estudo em homenagem
ao Professor Almiro do Couto e Silva. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 322.
56 COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Derecho y economia. México: Fundo de Cultura Econômica,
1998. p. 415.
211
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
5 CONCLUSÃO
57 SACRAMONE, Marcelo Barbos. DEZEM, Renata Mota Maciel Madeira. A responsabilidade ci-
vil sob o aspecto econômico. In: GUERRA, Alexandre Dartanhan de Mello; BENACCHIO, Marcelo
(coord.). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015. p.341.
58 COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Derecho y economia. México: Fundo de Cultura Econômica.
1998. p. 387-390.
59 O art. 12, do Código de Defesa do Consumidor estabeleceu que os fabricantes, produtores, cons-
trutores e importadores respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes dos produtos.
60 O art. 927, do Código Civil, em seu parágrafo único estabelece que haverá obrigação de reparar
o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normal-
mente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
61 O art. 14, parágrafo primeiro da Lei 6.938/81 determinou que os poluidores, independentemente
da existência da culpa, deveriam indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente a terceiros
afetados por sua atividade.
212
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
213
REFERÊNCIAS
BECKERT Jens. Beyond the market: the social foundations of economic efficiency.
Princeton: Princeton University Press, 2002.
BONINI, Paulo Rogério. Responsabilidade civil por ato lícito. In: GUERRA,
Alexandre Dartanhan de Mello; BENACCHIO, Marcelo (coord.)
Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015.
214
BRASIL. Tribunal Regional Federal (4ª Turma). Apelação cível nº AC
90061547320194047100 RS 5006154-73.2019.4.04.7100. Relator: Vivian
Josete Pantaleão Caminha. Rio Grande do Sul, 17 de junho de 2020.
CALABRESI, Guido. Some thoughts on risk distributions and the Law of Torts.
The Yale Law Journal, v. 70, n. 4, p. 499-553, mar. 1961. Disponível em: https://
digitalcommons.law.yale.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=3035&context=fss_
papers. Acesso em: 15 jul. 2015.
CAMARGO, Caio Pacca Ferraz de. Análise econômica do direito e o contrato. In:
BENACCHIO, Marcelo; SOARES, Ronnie Herbert Barros (coord.). Temas atuais
sobre a teoria geral dos contratos. São Paulo: CVR, 2014.
COASE, R. H. The problem of social cost. The Journal of Law and Economics, v.
III, p. 1-44, p. 19, Oct. 1960.
215
CONSELHO FEDERAL DE ECONOMIA. Regulamentação Profissional.
Disponível em: https://www.corecon-rn.org.br/dmdocuments/2.3.1.pdf. Acesso
em: 20 dez. 2020.
NEVES, Edna Porto Fatel Neves; OLIVEIRA, Ariane Fernandes De. Obrigações
de meio e de resultados. Revista da Jornada de Iniciação Científica e Extensão Uni-
versitária do Curso de Direito das Faculdades Integradas Santa Cruz, Santa Catarina,
v. 10 n. 10.2017. Disponível em: http://unisantacruz.edu.br/revistas/index.php/
JICEX.
216
RIPERT, Georges. A regra moral nas obrigações civis. Tradução de Osório de
Oliveira. Campinas: Bookseller, 2000.
STOCO, Rui. Responsabilidade civil pela prática de atos lícitos. In: NERY
JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade (org.). Responsabilidade civil.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 13. ed. São Paulo: Atlas,
2013.
217
10 Estatístico
1 INTRODUÇÃO
1 CRFB/88, art. 5º, XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
2 CRFB/88, art. 170 – a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, ob-
servados os seguintes princípios: [...] V – defesa do consumidor.
3 ADCT, art. 48 – o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Consti-
tuição, elaborará código de defesa do consumidor.
218
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
219
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
220
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
naturais, sendo certo que esses cenários devem ter amparo no ordenamento jurídico
e, portanto, se encaixam em uma hipótese prevista pelo Direito.
Dessa forma, os fatos jurídicos são os quais demandam a produção de
efeitos de direito, ou seja, com a capacidade de provocar a aquisição, a perda e a
modificação de um direito previsto em um ordenamento jurídico6.
O negócio jurídico, por sua vez, se apresenta de forma mais concreta em
relação aos fatos jurídicos ao determinar que são toda ação humana, de autonomia
privada, em que as partes regulam por si os próprios interesses baseados na
composição da vontade dos indivíduos, cujo conteúdo deve ser necessariamente
lícito7.
Assim, compreende-se que a relação de consumo – esta em que o
estatístico tem como característica ser um profissional liberal – se enquadra no
conceito de negócio jurídico, sobretudo por ter como característica a presença dos
elementos subjetivos dessa relação (o consumidor e o fornecedor) e de, pelo menos,
um elemento objetivo (o produto ou o serviço), conforme preceitua o Código de
Defesa do Consumidor.
Na atuação do profissional em estatística com a aplicação do Código
de Defesa do Consumidor em sua relação jurídica firmada com um indivíduo
contratante, a sua responsabilização por possíveis danos causados no exercício de
suas atividades se pautará na subjetividade de suas ações, conforme preceitua o
artigo 14, §4º, considerando o seu enquadramento enquanto profissional liberal.
Vale ressaltar que o profissional liberal se diferencia dos empregados e dos
empregadores, em regra, por sua autonomia e individualidade no exercício de suas
atividades profissionais, sendo a atividade econômica precedida de uma formação
técnica específica, regulamentada e fiscalizada por uma entidade de classe8.
Desta forma, ainda que a relação jurídica firmada entre o profissional
liberal e um contratante sofra a incidência direta do Código Civil, há a aplicação
do Código de Defesa do Consumidor no que tange à caracterização de sua
responsabilização civil, sendo ela apurada mediante a verificação de culpa no
exercício da atividade que ocasionou o dano ao indivíduo que contratou o serviço.
6 RUGGIERO, Roberto de. Instituições de direito civil. São Paulo: Saraiva, 1934.
7 TARTUCE, Flávio. Direito civil: Lei de introdução e parte geral. 3. ed. São Paulo: Método, 2007.
v. 1.
8 VANNUCCHI, Marco Aurélio. O momento forte do corporativismo: Estado Novo e profissionais
liberais. Tempo, Niterói, v. 25, n. 1, p. 198-218, abr. 2019.
221
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
222
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
223
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
15 Lei nº 4.739/1965, art. 2º – todo aquele que exercer as funções de estatístico, ou a direção de
órgão, serviço, seção, grupo ou setor de estatística, em entidade pública ou privada, é obrigado ao uso
da carteira profissional nos termos desta Lei, devendo os profissionais que se encontrem nas condições
dos incisos I e III, do art. 1º, registrar seus diplomas de acordo com a legislação vigente.
16 Veículos de comunicação firmam parceria, chamada de “Consórcio de Veículos de Imprensa”, para
coletar e divulgar número de mortes, contaminados e curados da COVID-19 em território brasilei-
ro. Notícia disponível em: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,veiculos-de-comunicacao-for-
mam-parceria-para-dar-transparencia-a-dados-de-covid-19,70003328031. Acesso em: 22 fev. 2021.
224
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
17 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 20-21.
225
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 433.
19 CONSELHO FEDERAL DE ESTATÍSTICA. Regimento do CONFE. Disponível em: http://
www.confe.org.br/regimentoconfe.pdf. Acesso em: 20 fev. 2021.
226
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
de diversos tipos de sanção, variando de acordo com a conduta ilícita praticada pelo
profissional.
Contudo, os instrumentos normativos não preveem formas diretas
de responsabilização do profissional em caso de dano ocasionado a outrem.
A Resolução nº 058, de 06 de outubro de 1976, que dispõe sobre o Código de
Ética Profissional do Estatístico, define diversas condutas vinculantes à atuação do
profissional em seus artigos 16, 17 e 1820. Ainda que exija o efetivo cumprimento
de preceitos éticos, morais e constitucionais, a norma não discorre sobre condutas
decorrente de culpa do profissional no exercício de suas atividades.
Assim, infere-se que, em caso de dano causado a outrem, o profissional
da estatística pode ser responsabilizado no âmbito de seu Conselho Federal, ainda
que não haja expressa previsão legal. Esse entendimento depreende-se da orientação
prevista no artigo 18, alínea “e”, de seu Código de Ética Profissional, que define
como princípio da atuação profissional a realização do trabalho sempre de modo a
preservar a paz e a segurança nacional.
Deste modo, o profissional estará sujeito ao trâmite administrativo do
órgão de classe, que, seguindo os protocolos previstos em lei e nas normativas do
Conselho, deverá punir o indiciado de acordo com o dano causado a outrem e à
categoria profissional, momento em que há a responsabilização na via administrativa,
não excludente da possível responsabilização civil do profissional na esfera judicial.
De toda forma, a fiscalização deve ocorrer pelo Conselho Federal de
Estatística, sendo as informações apuradas pelo processo fiscalizatório essenciais
para que o Poder Judiciário averigue a conduta do profissional e, em caso de
reconhecimento da conduta ilícita analisada sob o viés da subjetividade do sujeito –
auferindo negligência, imprudência e imperícia na atuação do estatístico –, ocorrerá
a reparação civil na seara judicial, caso que será pormenorizado no tópico seguinte.
227
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
recorrer ao Poder Judiciário para garantir a proteção de seu direito em face da falha
na prestação de serviço do estatístico.
A utilização do órgão jurisdicional como instrumento fiscalizatório da
atuação do estatístico em um caso concreto de lesão ou ameaça a lesão a direito de
outrem é determinado pela Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 5º,
inciso XXXV21, prevê o direito de ação para a proteção de um direito material que o
autor dessa ação entende ser lesado.
Desta forma, o que existe é uma forma de controle de litígio consubstanciada
em um processo judicial que, em razão da necessidade do conhecimento dos fatos
pelo magistrado, demandará um procedimento fiscalizatório para averiguar se
houve ou não prática ilícita capaz de lesionar direito do autor da ação.
Assim, ainda que o Poder Judiciário não tenha como competência a
fiscalização da laboração do profissional da estatística, a sua atuação pode ensejar
a fiscalização e o controle do exercício da atividade do estatístico, mediante
requerimento da parte que crê que seu direito material foi prejudicado pelo
profissional.
Em face do enquadramento da atuação do estatístico como profissional
liberal, bem como da incidência do art. 14, § 4º, do Código de Defesa do
Consumidor, que define a responsabilidade civil subjetiva como regra para
averiguar a conduta ilícita do profissional no exercício de suas atribuições, pode a
parte autora da ação ajuizar demanda junto à Justiça Comum Cível, por meio das
Varas Cíveis da Justiça Estadual do local em que ocorreu a lesão, conforme prevê
o artigo 53, inciso IV, alínea “a”, do NCPC22, bem como pode o autor se valer dos
Juizados Especiais Cíveis, definidos pela Lei nº 9.099/1995, para ajuizar demanda
de reparação civil com valor da causa que não exceda vinte salários mínimos, sem
representação por meio de Advogado, ou até quarenta salários mínimos, com a
presença de Advogado.
Neste sentido, pode o autor do direito lesionado buscar o Poder
Judiciário em virtude da obrigação assumida pelo profissional de estatística, que
tem natureza contratual. Assim, ainda que não haja entendimento consolidado
acerca da aplicação absoluta da regra do artigo 14, § 4º, do CDC, considerar-se-á,
21 CRFB/88, art. 5º, XXXII – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
22 NCPC/2015, art. 53 – é competente o foro: IV – do lugar do ato ou fato para a ação: a) de repa-
ração de dano;
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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
23 SANTOS, Pablo de Paula Saul. Responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais. Âmbito
Jurídico. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/responsabilidade-civil-
-origem-e-pressupostos-gerais/. Acesso em: 27 fev. 2021.
24 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
229
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
230
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
6 CONCLUSÃO
231
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demandas com valor da causa de até vinte salários mínimos, ou representados por
Advogados, em demandas com valor da causa de até quarenta salários mínimos, nos
termos da Lei nº 9.099/1995.
Importa destacar, como se fez na última seção da pesquisa, que as
condutas que geram a reparação civil do estatístico vão depender do dano causado
ao titular do direito material lesado ou ameaçado de lesão, sendo elas previstas pelo
diploma legal que regulamenta a profissão do estatístico no ordenamento jurídico
brasileiro, pelas normativas do Conselho Federal e dos Conselhos Estaduais de
Estatística, ou por conduta considerada ilícita pelo Direito brasileiro no exercício
de sua atividade profissional.
No entanto, por serem as condutas do profissional analisadas sob a ótica
da teoria da responsabilidade civil subjetiva, que importa a análise da culpa lato
sensu, não há um diploma legal único que preveja todos os atos ilícitos, de forma
exaustiva, para que o profissional evite durante o exercício de suas atividades.
Cabe ao profissional o conhecimento amplo de suas atribuições e domínio técnico
necessário para realizar as demandas de sua carreira profissional.
Por isso, a análise subjetiva da conduta do profissional, auferindo culpa
no exercício de suas atividades, se torna o meio mais viável para a verificação da
responsabilidade civil do estatístico, sobretudo em face da sua vulnerabilidade
socioeconômica e da sua capacidade de reparação civil na seara jurídica enquanto
profissional liberal.
Desta forma, torna-se coeso que o ordenamento jurídico brasileiro adote
a teoria da responsabilidade civil subjetiva prevista no art. 14, § 4º, do Código
de Defesa do Consumidor, para fiscalizar, processar e julgar os profissionais da
estatística em situações em que sua atuação laboral gerou danos a outrem, garantindo
o equilíbrio entre os possíveis danos que podem ser causados pelo trabalhador e sua
capacidade enquanto profissional liberal em face de cenários de conflito na seara
administrativa e no Judiciário brasileiro.
232
REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 18.
ed. Saraiva. v. 7.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
233
IGNÁCIO, Sérgio Aparecido. Importância da Estatística para o Processo de
Conhecimento e Tomada de Decisão. Nota Técnica Ipardes, Curitiba, n. 6, p.
1-15, out. 2010.
RAMOS, Pedro Lúcio Tavares. Erro médico: aspectos jurídico e médico-legal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, nov. 1987.
RUGGIERO, Roberto de. Instituições de direito civil. São Paulo: Saraiva, 1934. v.
1.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional. 36. ed. São Paulo:
Malheiros, 2012.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: Lei de introdução e parte geral. 3. ed. São Paulo:
Método, 2007. v. 1.
234
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
235
11 Fotógrafo e Filmaker
1 INTRODUÇÃO
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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
etapas relevantes são uma praxe visando a eternização daquele momento, razão pela
qual reclamam uma atuação profissional.
Atualmente, as técnicas adotadas por um profissional (seja na disposição
ou captura), ou ainda no eventual tratamento das imagens, evidenciam a subsistência
de uma firme demanda no setor. Desse modo, como vários prestadores de serviço,
a atividade vem se reinventando gradativamente na modernidade. Se não mais
ocorre a revelação do material fotográfico, ou a entrega dos filmes em mídia, outros
serviços agregados – como a pré-produção de ensaios ou o tratamento de imagens
por meio de softwares profissionais – têm sido a tônica do mercado.
Nesse sentido, o portfólio para a escolha do profissional é algo também
relevante. Os clientes costumam averiguar o material produzido e até acompanhar
os profissionais de sua preferência pelas redes sociais, atestando em tempo real a
qualidade do conteúdo e assim selecionando àqueles que deseja contratar.
De fato, o fotógrafo/filmaker desempenham atividades relevantes no
mercado como profissionais liberais. Dada a importância e singularidade dos
momentos sublimes que registram, há uma aura na colheita das imagens e seu
resultado que gera uma costumeira expectativa nos adquirentes de tais produtos
e serviços. Com efeito, existem riscos inerentes a atuação desses profissionais, os
quais, de toda sorte, também estão sujeitos à responsabilização diante de eventual
ato danoso.
Diante disso, o presente trabalho visa analisar as peculiaridades
inerentes à responsabilização civil do fotógrafo/filmaker, considerando a natureza
de profissional liberal dos mesmos, e suas repercussões jurídicas. Nesse sentido,
irá inicialmente demarcar elementos da relação jurídica existente, a eventual
regulamentação profissional e, sob a perspectiva jurisprudencial, coletar questões
concretas para amplificação do debate sobre o tema.
237
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
1 BODIN DE MORAES, Maria Celina; GUEDES, Gisela Sampaio da Cruz. Anotações sobre a res-
ponsabilidade civil do profissional liberal. Civilistica.com. Rio de Janeiro, a. 4, n. 2, 2015. Disponível
em: http://civilistica.com/anotacoes-sobre-a-responsabilidade-civil-do-profissional-liberal/. Acesso
em: 28 fev. 2021.
2 Maria Celina Bodin de Moraes, por exemplo pontua: “Optou-se, assim, por defini-lo como aquele
profissional que exerce atividade regulamentada, com conhecimento técnico-científico comprovado
por diploma universitário, cujo exercício pode até ser realizado mediante subordinação, desde que esta
não comprometa sua independência técnica e a relação de confiança que o vincula ao destinatário do
serviço”. Ibid.
3 Bruno Miragem aponta os: “traços essenciais da atividade do profissional liberal encontram-se a au-
sência de subordinação com o tomador do serviço ou com terceira pessoa, e que realizar na atividade
o exercício permanente de uma profissão, em geral vinculada a conhecimentos técnicos especializados
inclusive com formação específica”. MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 5. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. p. 398.
238
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
4 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p.
312.
5 NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
p. 412.
6 Idem. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 230-231.
7 Como se vê, a distinção entre profissional liberal pessoa física e profissional liberal com vínculo
empregatício somente é importante para fins de delimitação da relação jurídica processual que poderá
se formar. Como a pessoa jurídica assume o risco de suas atividades, ela sempre figurará no pólo pas-
sivo da demanda, respondendo pelos atos de seus prepostos. Porém, o profissional liberal sem vínculo
empregatício assume sozinho o risco do exercício de suas atividades, sendo apenas ele o legitimado
passivo na ação de reparação de danos. CALDEIRA, Mirella D´angelo. A responsabilidade dos profis-
sionais liberais no código de defesa do consumidor. Revista dignidade, Unimes/Santos, v. 1, p. 27 - 29,
10 maio 2003.
8 “De fato, o que descaracteriza a atividade como liberal não é a existência da pessoa jurídica, sim-
plesmente, mas a constituição de pessoa jurídica que passe a explorar a atividade que era de prestação
de serviços liberais de maneira típica desenvolvida na sociedade de massa pelos naturais exploradores:
escolha da atividade, exame do mercado, cálculo do custo, do preço, avaliação do risco, tendo em vista
239
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240
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11 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p.
313.
12 MARQUES, Cláudia Lima. BESSA, Leonardo Roscoe. BENJAMIM, Antônio Herman V. Ma-
nual de direito do consumidor. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 139.
13 Particularmente, dado o caráter mais abrangente da responsabilidade por fato do produto ou do
serviço, alinho-me à perspectiva de que a exceção da responsabilidade subjetiva se aplica aos profis-
sionais liberais também em casos de vício. Ressalvo, de toda forma, que a literalidade interpretativa
advoga em desfavor dessa perspectiva
14 “O artigo 373, §1°, do CPC, é o permissivo legal para a aplicação da distribuição dinâmica do
ônus da prova, que é diversa da inversão do ônus da prova prevista no 6°, VIII, do CDC. Ambos são
casos de flexibilização do ônus da prova, mas com peculiaridades que os distingue [...] O requisito
principal para aplicação da teoria da distribuição dinâmica se perfaz na dificuldade ou na impossibi-
lidade de produção de prova por uma das partes e maior facilidade de produção pela parte contrária,
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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
o que ocorre constantemente na relação jurídica travada entre o profissional liberal e seu consumidor.
O dever de informação se perfaz na necessidade de decisão fundamentada do magistrado e da abertura
do contraditório para as partes”. FERNANDES FILHO, Carlos Antônio Vieira. Responsabilidade
civil do profissional liberal pelo fato do serviço: aplicação da distribuição dinâmica do ônus da prova.
Brasília: Uniceub, 2019. p. 138.
15 As linhas de Afrânio Carlos Moreira Thomaz bem resumem como deve ser interpretado o dita-
me: “O dispositivo não faz qualquer distinção entre profissões regulamentadas ou de nível superior,
bastando que o fornecedor exerça sua atividade de forma autônoma, sem vínculo de subordinação,
ainda que não requeira formação técnica ou acadêmica específica. De igual modo, o preceito não faz
qualquer referência sobre ser a obrigação do profissional liberal de meio ou de resultado, ou se sua
contratação se deu, ou não, em caráter intuitu personae”. THOMAZ, Afrânio Carlos Moreira. Lições
de direito do consumidor. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 261.
16 Caldeira traz uma interessante observação acerca da importância da informação repassada ao con-
sumidor pelo profissional liberal: “a assunção de uma obrigação de meio ou de resultado não im-
porta para caracterizar a responsabilidade do profissional liberal, prevalecendo, sim, o princípio da
informação que deverá ser cumprido, sob pena de responder objetivamente pelos danos causados”.
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4 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA
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18 Direito privado não especificado. Apelação cível. Ação de indenização por danos morais e materiais.
Contratação de fotógrafo. Álbum de fotografia. Ausência de disparidade entre o serviço contrata-
do e o serviço efetivamente prestado. Improcedência dos pedidos mantida. TJRS. Apelação Cível:
AC70069677052. Relator Voltaire de Lima Moraes, DJ 20.04.2017.
19 Em outros julgados consultados é corriqueiro que o próprio magistrado emita sua perspectiva sobre
a qualidade do material. De fato, ainda que essa “opinião” seja legítima quanto ao livre convenci-
mento, a oitiva de um perito certamente corrobora uma maior robustez para aferição do standard. A
título de exemplo, em um julgado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: “Todavia, após dedilhar
o álbum de fotografias depositado em juízo e depois de melhor observar as fotos de f. 26/30, a meu
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RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS
ver, as fotos apresentam baixa qualidade. Por exemplo, a foto de f. 26-B, está mal iluminada, fazendo
sombra nos olhos dos noivos, parecendo que foi retratada por amador. A foto de f. 27 não está bem
enquadrada, cortando o ombro esquerdo da noiva, sem contar que está desfocado o rosto da noiva,
senão o cabeleireiro”. TJMG. Proc. nº 0136972-10.2015.8.13.0035. Relator Fernanda Icassati Cora-
zza. DJ 14.07.2016.
20 Consumidor. CONTRATAÇÃO DE serviço fotográfico para o casamento dos autores. extravio da
maioria das imagens captadas durante o evento. INVASÃO DE software malicioso No equipamento
do FOTÓGRAFO. FATO PREVISÍVEL. perda das imagens do make-up da noiva com sua mãe,
madrinhas e alguns parentes, ALÉM de toda a cerimônia religiosa e do início da festa de recepção
aos convidados. Medidas de segurança para evitar a perda de dados que não foram adequadamente
tomadas pelo réu. responsabilidade pelos danos causados aos autores. DEVIDA A restituição do
valor pago pelo serviço, POIS COM ESTE PEDIDO O RÉU ANUIU NA CONTESTAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE DE abatimento proporcional do preço, PELA ENTREGA DE ALGUMAS
FOTOGRAFIAS, POIS REPRESENTA INOVAÇÃO RECURSAL. dano moral configurado. quan-
tum indenizatório arbitrado em R$8.000,00 que, embora acima do usualmente fixado nas turmas
recursais, revela-se adequado às peculiaridades do caso concreto, estando em conformidade com os
Princípios da proporcionalidade e DA razoabilidade. Sentença mantida. Recursos de ambas as partes
improvidos. TJR. Recurso Cível 71005983366. Relator Ricardo Pippi Schmidt. DJ 29.04.2016.
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5 CONCLUSÃO
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NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
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