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Coordenador
Organizadores
Natal, 2021
G218r
Inclui Bibliografia
ISBN 978-65-992697-3-8
CDD 342.156
CDU 347.56:614.25/49
As opiniões externadas nas contribuições deste livro são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
Apresentação da Obra....................................................................................08
Sobre os Autores.............................................................................................12
01 Médico........................................................................................................17
02 Médico Veterinário....................................................................................40
03 Cirurgião Dentista.....................................................................................56
04 Nutricionista..............................................................................................85
06 Psicólogo...................................................................................................124
07 Enfermeiro................................................................................................142
08 Fisioterapeuta...........................................................................................166
09 Fonoaudiólogo..........................................................................................191
10 Farmacêutico.............................................................................................208
8
A presente obra possui capítulos específicos abordando os fundamentos,
a partir da legislação e da visão jurisprudencial, e a sistemática da responsabilização
civil dos seguintes profissionais liberais da área da saúde: médico, médico
veterinário, cirurgião dentista, nutricionista, personal trainer, psicólogo, enfermeiro,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico e biomédico.
Os organizadores
9
SOBRE O COORDENADOR E OS ORGANIZADORES
COORDENADOR
ORGANIZADORES
10
Dante Ponte de Brito
Pós-Doutor em Direito pela Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS). Doutor em Direito pela Universidade Fe deral de Pernambuco (UFPE).
Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professor da
Universidade Federal do Piauí (UFPI). Docente vinculado ao Programa de Pós-
Graduação em Direito em nível de Mestrado da UFPI (PPGD-UFPI). Advogado
atuante nas áreas de Direito Civil e do Consumidor.
11
SOBRE OS AUTORES
12
Constitucionais da UFRN. Monitora da disciplina de Hermenêutica Jurídica e
Teoria da Argumentação. E-mail: ermanalarissa@hotmail.com
13
Lílian Caroline Costa Câmara
Acadêmica do Curso de Graduação em Direito do Centro de Ciências Sociais
Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Membro
do Núcleo de Estudos em Direito Digital (Neddig). Membro do laboratório de
inovações jurídicas – Cascudo JuriLab. E-mail: liliancaroline2000@gmail.com
14
Renata Oliveira Almeida Menezes
Doutora em Direito Privado pela Universidade Federal de Pernambuco, com
período-sanduíche na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Doutora
em Ciência Jurídicas e Sociais pela Universidad Social del Museo Social Argentino
e Universidade Federal de Campina Grande. Mestre em Direito Privado
pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Adjunta de Direito da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Chefe do Departamento de Direito
de Direito do Centro de Ensino Superior do Seridó da UFRN. E-mail: renata.
biodireito@gmail.com
15
Grande do Norte – UFRN. Líder do Grupo de Pesquisa em Direito e Regulação
dos Recursos Naturais e da Energia e Vice-Líder do Grupo de Pesquisa em Direito
e Desenvolvimento. E-mail: yanko.xavier@gmail.com
16
01 Médico
1 INTRODUÇÃO
17
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
18
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
19
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
clínica, hospital privado, ou credenciado por plano de saúde, relação essa regulada
pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)4.
4 PEREIRA, Lemos; Francesconi, Paula M. Relação médico-paciente. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011. p. 16.
5 MARQUES, Cláudia Lima; MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção dos vulneráveis.
2. ed. São Paulo: RT, 2014. p. 217.
6 LÔBO, Paulo Luiz Neto. Direito civil. Contratos. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 359.
20
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
21
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
10 ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do trabalho: material, processual e legislação especial. 18.
ed. São Paulo: Rideel, 2018. p. 241.
11 “Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
12 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 1ª Região. Recurso Ordinário n.º 01013710320175010052/
RJ. Relatora: Angela Fiorencio Soares da Cunha. Data de julgamento: 21 de novembro de 2018.
Disponível em: https://trt-1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/654019500/recurso-ordinario-ro-
-1013710320175010052-rj. Acesso em: 22 jan. 2021.
13 LEAL, Rogério. Controle Social dos Serviços Públicos no Brasil como Condição de Sua Possibilida-
de. Revista de Direito Administrativo & Constitucional, ano 1, n. 13, 2003. p. 155.
22
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
14 SCALCON, Raquel. O conceito de funcionário público no direito brasileiro e alemão: uma pro-
posta de interpretação restritiva do termo emprego público em empresas estatais. Revista de Estudos
Criminais, n. 72. São Paulo, 2019. p. 120.
15 MENEZES, Renata Oliveira Almeida. A Lei Geral de Proteção de Dados regula o segredo médi-
co? Revista Consultor Jurídico. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-out-12/direito-civil-
-atual-lei-geral-protecao-dados-regula-segredo-medico. Acesso em: 28 jan. 2021.
23
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
16 NEVES, N. C. Ética para os futuros médicos: é possível ensinar? Brasília: Conselho Federal de Me-
dicina, 2006. p. 18. Disponível em: https://bit.ly/2R0hduz. Acesso em: 20 jan. 2021.
17 Art. 74. do Código de Ética Médica: “Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou
adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou represen-
tantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.”
18 Art. 72. do Código de Ética Médica: “Estabelecer vínculo de qualquer natureza com empresas que
anunciam ou comercializam planos de financiamento ou consórcios para procedimentos médicos.”
(Modificado pela Resolução CFM nº 2.226/2019).
19 Art. 85. do Código de Ética Médica: “Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por
pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade.”
20 Art. 109. do Código de Ética Médica: “Deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações
científicas, pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações apresentadas, bem como deixar
de declarar relações com a indústria de medicamentos, órteses, próteses, equipamentos, implantes de
qualquer natureza e outras que possam configurar conflitos de interesse, ainda que em potencial.”
21 CORDEIRO, Quirino; OLIVEIRA, Alexandra Martini de; RIBEIRO, Rafael Bernadon; RIGO-
NATTI, Sérgio Paulo. A ética médica. Revista do Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e
Direito, v. 8, n. 8, 2011. p. 87.
24
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
22 MORAES, Irany Novah. Erro médico e justiça. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p.
364.
23 Art. 34. do Código de Ética Médica: “Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico,
os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar danos,
devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.”
24 ROSA, Paulo Jorge Ferreira da. A natureza jurídica da relação médico-paciente: o contrato de pres-
tação de serviços médicos. Tese (Mestrado Científico em Direito) – Faculdade de Direito da Univer-
sidade de Coimbra, 2013. p. 23.
25 DINELI, Giovana Bovo. Os contratos médicos e os deveres advindos da relação médico-paciente. p.
161. Disponível em: https://intranet.redeclaretiano.edu.br/download?caminho=/upload/cms/revista/
25
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
26
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
27
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
o resultado desfavorável, diante das circunstâncias fáticas, não era possível ser
previsto, estamos diante das excludentes de culpabilidade, quando o médico não
poderá ser responsabilizado31.
No que concorda Miguel Kfouri Neto32, segundo o qual o profissional
liberal não está sujeito ao regime da responsabilidade objetiva, que prescinde da
comprovação de culpa, que é o sistema consagrado pela lei protetiva das relações de
consumo. Diante disso, Bruno Miragem33 explica que o legislador teria observado a
natureza personalíssima e isolada do serviço prestado pelo profissional liberal e que
por isso não detém estrutura complexa de fornecimento do serviço, em relação ao
qual o interesse básico do consumidor estará vinculado ao conhecimento técnico
especializado deste fornecedor. Daí porque a identificação do profissional liberal
parece se ligar a duas condições básicas: a) primeiro, a espécie de atividade exercida;
b) segundo o modo como é exercida.
Assim, seguindo o entendimento majoritário da doutrina, a
responsabilidade do médico, na relação contratual com o paciente, não é de resultado,
mas de meio. Sendo assim, incumbe ao médico atuar com zelo nos cuidados para
com o paciente, utilizando-se de todos os recursos legais e metodológicos, no
intento de sanar o problema existente, sob pena de ser responsabilizado civilmente,
em caso de incidência em uma das modalidades de culpa: imprudência, negligência
ou imperícia.
Vale ressaltar que as questões mais relevantes trazidas à apreciação
judicial, em razão dos inúmeros casos de pedidos indenizatórios em decorrência
do erro médico (lato sensu), com base na doutrina ainda dominante, cuja visão
pode ser encontrada nas palavras de Serpa Lopes34, para quem, a despeito de como
se considere a natureza jurídica do contrato que vincula o médico e seu cliente
(contratual ou extracontratual), o certo é que se trata de uma obrigação de meio e
incube ao lesado a comprovação da culpa.
O médico deverá fornecer ao paciente todos os recursos, além de
todo o conhecimento atualizado, visando o melhor resultado possível que é,
31 UDELSMANN, Artur. Responsabilidade civil, penal e ética dos médicos. 2. ed. Revista da Associa-
ção Brasileira de Medicina, 2002. p. 173.
32 NETO, Miguel Kfouri. Culpa médica e ônus da prova. São Paulo: RT, 2002. p. 165.
33 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. São Paulo: RT, 2010. p. 398.
34 LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1964.
v. 5. p. 264.
28
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
35 UDELSMANN, Artur. Responsabilidade civil, penal e ética dos médicos. 2. ed. Revista da Associa-
ção Brasileira de Medicina, 2002. p. 173.
36 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e jurisprudência.
4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 645.
37 JÚNIOR, Ruy Rosado de Aguiar. Responsabilidade civil do médico. In: Direito e medicina: aspec-
tos jurídicos da Medicina. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 35.
29
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
38 STOCO, R. Tratado de responsabilidade civil: com comentários ao código civil de 2002. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2004. p. 67.
39 BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. 4ª Turma. REsp n.º 866.371/RS. Relator Ministro Raul
Araújo. Data de julgamento: 20/08/2012. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurispruden-
cia/22100143/recurso-especial-resp-866371-rs-2006-0063448-5-stj/inteiro-teor-22100144. Acesso
em: 21 jan. 2021.
40 NETO, Miguel Kfouir. Responsabilidade civil dos hospitais: Código Civil e Código de Defesa do
Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 18.
30
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
41 RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 145.
42 DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 111.
43 MELO, Nehemias Domingos de. Responsabilidade civil por erro médico: doutrina e jurisprudência.
3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 59.
31
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
experimentados por seus pacientes decorreram de fato praticado por terceiro, que
não guarda qualquer conexão com as obrigações derivadas dos serviços ajustados.
Portanto, o nexo de causalidade entre a conduta humana do profissional
médico e o resultado que provou a lesão são desfeitos, uma vez que coexistem as
presenças da imprevisibilidade e inevitabilidade, os quais possuem o condão de
excluir o dever de indenizar.
d) Cláusula não-indenizável: a relação jurídica médico-paciente pode ser
submetida a cláusula não indenizável, o qual exonera o profissional, de maneira
convencional e por vontade das partes, o dever de reparar eventuais danos que
venham a ocorrer, transferindo a responsabilidade para o próprio paciente. Apesar de
possível, esta cláusula não é bem vista do ponto de vista do direito contemporâneo,
uma vez que pode ensejar à interpretação de que isentaria a responsabilidade
subjetiva do médico.
De qualquer forma, ainda que livremente convencionada, não opera
essa cláusula em caso de dolo do agente. Não é porque o contratante sabe que
está isento de indenizar que intencionalmente possa ocasionar o dano. Como,
nesse inconveniente cláusula, naturalmente a agente relaxa no cumprimento da
obrigação, se sua culpa for de elevado nível (culpa grave), sua conduta se equipara
ao dolo. O caso concreto vai elucidar o juiz44.
Por fim, se torna cristalino o entendimento segundo o qual a conduta
danosa do médico deve constituir, obrigatoriamente, uma íntima relação com o
dano, a ponto de se verificar, sem sombra de dúvidas, o nexo de causalidade. Dessa
forma, conforme visto, não há de se falar em responsabilidade civil aplicada ao
médico, quando o nexo de causalidade está eivado por algum fator que rompe a
relação, excluindo o médico, portanto, do dever de reparar.
44 VENOSA, Silvio de Sálvio. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 18. ed. São Paulo:
Atlas, 2018. p. 392.
32
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
33
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CONCLUSÃO
47 BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. 3ª Turma Cível. Relator: Maria de
Lourdes Abreu. Data de julgamento: 20/06/2018. Disponível em: https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/
IndexadorAcordaos-web/infra/Download.jsp?idd=dwl7705rzgf. Acesso em: 24 jan. 2021.
34
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
causado a paciente em unidade hospitalar pública. Nesse ponto, restou claro que a
responsabilidade do médico será indireta, sendo necessário repor o prejuízo estatal
se comprovada sua culpa.
Frisou-se, inclusive, em linhas anteriores, as hipóteses em que o médico
se resguarda do dever de indenizar, por uma circunstância alheia à sua vontade.
Com efeito, quando constatado uma excludente de responsabilidade no ato
médico, mesmo que este esteja aparentemente ligado ao resultado danoso, não se
aplicará o dever de reparar o dano ao profissional, pois, nessas hipóteses, o nexo de
causalidade entre a conduta e o resultado é rompido.
Com efeito, as abordagens apresentadas, com bases doutrinárias e
jurisprudenciais, tiveram o fito de contribuir para precisar com maior clareza os
parâmetros que determinam a responsabilidade civil do médico em caso de dano
causado aos pacientes.
35
REFERÊNCIAS
BITTAR, Carlos Alberto. Direito dos contratos e dos atos unilaterais. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2004.
36
CORDEIRO, Quirino; OLIVEIRA, Alexandra Martini de; RIBEIRO, Rafael
Bernadon; RIGONATTI, Sérgio Paulo. A ética médica. Revista do Curso de
Direito da Faculdade de Humanidades e Direito, v. 8, n. 8, 2011.
DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
LEAL, Rogério. Controle Social dos Serviços Públicos no Brasil como Condição
de Sua Possibilidade. Revista de Direito Administrativo & Constitucional. Ano 1, n.
13, 2003.
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Direito civil: contratos. São Paulo: Saraiva, 2011.
LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito civil. 3. ed. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1964. v. 5.
MELO, Nehemias Domingos de. Responsabilidade civil por erro médico: doutrina
e jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
37
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. São Paulo: RT, 2010.
MORAES, Irany Novah. Erro médico e justiça. 5. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003.
NETO, Miguel Kfouri. Culpa médica e ônus da prova. São Paulo: RT, 2002.
NETO, Miguel Kfouir. Responsabilidade civil dos hospitais: Código civil e Código
de Defesa do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
38
STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: com comentários ao código civil
de 2002. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
39
02 Médico Veterinário
1 INTRODUÇÃO
40
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
demandas dos serviços dos veterinários, que procuram atender às necessidades dos
clientes.
Contudo, em determinadas ocasiões, a prestação do serviço não é
realizada da maneira adequada, ocasionando, na parte contratante, um sentimento
de irresignação e o desejo de reparação diante do dano vivenciado.
Não se desconhece que muitas discussões já chegaram ao Poder Judiciário
e ao Poder Legislativo questionando a responsabilidade do médico veterinário pelo
dano provocado não apenas em relação ao animal, mas também ao proprietário.
Nessa linha de raciocínio, o trabalho em tela buscará analisar, sob a ótica
legislativa, qual a responsabilidade (subjetiva ou objetiva) do médico veterinário
em face de acontecimentos que ocasionem algum dano/prejuízo ao proprietário do
animal pela falha na prestação de serviço.
Para a compreensão do presente trabalho, será necessário efetuar
sua divisão em três capítulos. De forma inicial, discutir-se-á o conceito da
responsabilidade civil, os seus pressupostos, a diferença entre a responsabilidade
objetiva e subjetiva, bem como se analisará a temática sob o olhar do Código de
Defesa do Consumidor (CDC).
Em seguida, será examinada a responsabilidade do médico veterinário no
desempenho de sua atividade, enfatizando-se a obrigação de resultado e de meio.
Também se mostra imprescindível discutir a responsabilidade dele quando exerce
sua profissão em clínica veterinária e pet shop.
Por fim, no último item, demonstrar-se-á como o assunto está sendo
tratado no âmbito do Judiciário, colacionando-se, para tanto, alguns precedentes.
A metodologia é derivada de uma pesquisa de natureza aplicada,
hipotético-dedutiva, com abordagem qualitativa, tendo sido utilizadas fontes
diversificadas para desenvolver esse trabalho.
Nessa perspectiva, serão utilizados, como vetores para a abordagem do
tema, textos normativos nacionais, por exemplo, Constituição Federal, Código
Civil, Código de Defesa do Consumidor, Resolução n. 1.138/16 (Código de Ética
do Médico Veterinário), além de jurisprudência dos tribunais e doutrina.
41
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 CONCEITO
42
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
6 Atos lesivos que não são ilícitos: Há hipóteses excepcionais que não constituem atos ilícitos apesar
de causarem danos aos direitos de outrem, isto porque o procedimento lesivo do agente, por motivo
legítimo estabelecido em lei, não acarreta o dever de indenizar, porque a própria norma jurídica lhe
retira a qualificação de ilícito. Assim, ante o artigo sub examine não são ilícitos: a legítima defesa, o
exercício regular de um direito e o estado de necessidade. Legítima defesa: A legítima defesa exclui a
responsabilidade pelo prejuízo causado se, com uso moderado de meios necessários, alguém repelir
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Exercício regular de um direito reco-
nhecido: Se alguém no uso normal de um direito lesar outrem não terão qualquer responsabilidade
pelo dano, por não ser um procedimento ilícito. Estado de necessidade: O estado de necessidade con-
siste na ofensa do direito alheio para remover perigo iminente, quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário e quando não exceder os limites do indispensável para a remoção do perigo.
PELUSO, Cezar. Novo Código Civil comentado. 7. ed. São Paulo: Manole, 2013. p. 117.
7 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 32.
8 Ibid. p. 25.
9 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 12. ed. São Paulo, Saraiva, 2014. v. 3. p. 83.
43
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
10 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 12. ed. São Paulo, Saraiva, 2014. v. 3. p 146.
11 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 345.
12 As principais classificações da culpa stricto sensu são as seguintes: a) “Quanto à origem a culpa
pode ser classificada em culpa contratual (incluindo a culpa ao contratar ou culpa in contrahendo) e
culpa aquiliana. A classificação está de acordo com o duplo tratamento do tema da responsabilidade
civil (contratual x extracontratual), que ainda persiste apesar das tendências de unificação da matéria;
b) Quanto à atuação do agente, há a culpa in comittendo e a in omittendo, classificação que não traz
maiores dificuldades. A primeira é conceito relacionado com a imprudência, ou seja, com uma ação
ou comissão. A segunda está alinhada à negligência, à omissão; c) No tocante ao critério da análise
pelo aplicador do direito, a culpa pode ser in concreto ou in abstrato. Na primeira, analisa-se a conduta
de acordo com o caso concreto, o que é sempre recomendável, tendo em vista o sistema adotado pelo
Código Civil de 2002. Na culpa in abstrato, leva-se em conta a pessoa natural comum, ou seja, o
antigo critério do homem médio”; d) “Quanto à presunção, surgem três modalidades: d.1) culpa in
vigilando haveria uma quebra do dever legal de vigilância como era o caso, por exemplo, da responsa-
bilidade do pai pelo filho, do tutor pelo tutelado, do curador pelo curatelado, do dono de hotel pelo
hóspede e, ainda, do educador pelo educando. D.2) culpa in eligendo era a culpa decorrente da escolha
ou eleição feita pela pessoa a ser responsabilizada, como no caso da responsabilidade do patrão por ato
de seu empregado. d.3) culpa in custodiendo, a presunção da culpa decorreria da falta de cuidado em
se guardar uma coisa ou animal”. TARTUCE, Flávio. Direito das obrigações e responsabilidade civil. 9.
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. v. 2. p. 645-650.
44
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
13 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. 4. p. 376.
14 Ibid.
15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. 4. p. 376.
16 BRASIL. Código Civil. Art. 927.
45
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
de que todo dano é indenizável e por isso deve ser necessariamente reparado,
independentemente da existência de culpa17.
Assim, em suma, pode-se concluir que a responsabilidade subjetiva
se baseia na ideia de culpa, agindo o agente com negligência, imprudência ou
imperícia. Situação diferente acontece no ato ilícito decorrente da responsabilidade
objetiva, pois, aqui, não se deve comprovar a culpa, mas tão somente o nexo causal
entre a ação e o prejuízo.
17 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017. v. 4. p. 47.
18 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 2º.
19 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 3°.
20 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 4º – A Política Nacional das Relações de Consumo
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde
e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como
a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I – reconhe-
cimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; [...].
21 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, indepen-
dentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
46
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
22 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 5°, XXXII.
23 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 18.
24 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 14, §4º.
47
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
liberalidade, sem estar submisso aos poderes do empregador. Dessa forma, ele não
está inserido no círculo diretivo e disciplinar de uma organização empresarial25.
Por outro lado, quando se trata de clínica veterinária ou pet shop, percebe-
se que o médico não é procurado de forma pessoal e direta pelo cliente, mas, na
verdade, o relacionamento é construído entre as partes em face da participação/
interferência de um terceiro, que é a empresa. Então, quando aquele exerce
atividade, com características de relação empregatícia, a responsabilidade imediata
é transferida ao empregador.
Sendo assim, a responsabilidade das empresas que utilizam a mão de
obra contratada do médico veterinário é objetiva, uma vez que são responsáveis
pela reparação dos danos que seus empregados, serviçais e prepostos derem causa
durante o exercício da atividade laboral ou em razão dele26.
Basicamente, esse é o entendimento que vem sendo adotado pelo
Judiciário, conforme se depreende da Súmula 341 do Supremo Tribunal Federal:
“é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregador ou
preposto”27.
É importante esclarecer que a responsabilidade deve ser apurada no caso
concreto a partir de uma cognição exauriente do processo, podendo ser subjetiva ou
objetiva. Mostra-se importante asseverar também que, nesse último caso, mesmo a
empresa sendo a responsável direta e de forma objetiva na relação jurídica, ela pode
perfeitamente, depois de reparado o dano, ingressar com ação regressiva a fim de
responsabilizar o médico veterinário, tendo como objetivo comprovar a culpa dele.
Quanto à legislação pertinente aos profissionais da medicina veterinária,
tem-se a aplicação da Resolução n. 1.138/16, que dispõe especificamente sobre o
Código de Ética. Esse ato normativo considera essa atividade como imprescindível
ao progresso socioeconômico, à proteção, à saúde humana e animal, ao meio
ambiente e ao bem-estar da sociedade e dos animais.
Além de vários comandos normativos relevantes, cumpre ressaltar que
o Código suso mencionado traz importante lição no Capítulo V, art. 9°, inciso
25 BARROS, Alice de Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 173.
26 BRASIL. Código Civil. Art. 932.
27 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE n. 601.811. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. Decisão
monocrática, j. 30/09/2009.
48
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
49
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
30 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 3. p. 286.
31 Ibid.
32 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Apelação Cível n. 3871/96. 9ª Câmara Cível. Rel.
Des. Elmo Arueira, j. 25.09.1996.
33 Apesar de ter sido realizado pesquisa em vários Tribunais de Justiça, esse foi o julgado encontrado
que aplicou a responsabilidade objetiva na obrigação de resultado. Observou-se também que esse
caso é bastante comentado na doutrina. Sobre o tema, recomenda-se a leitura de COSTA, Caroline
Amorim. Por uma releitura da responsabilidade civil em prol dos animais não humanos. 2017. 214 f. Tese
(Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Direito, Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2017.
50
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
51
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CONCLUSÃO
35 BRASIL. Código Civil. Artigo 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no juízo criminal.
36 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, indepen-
dentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: [...] II – o resul-
tado e os riscos que razoavelmente dele se esperam.
37 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solida-
riamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
38 BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Cível n. 6174039. 6ª Câmara de Direito Pri-
vado. Relª. Desª. Ana Lúcia Romanhole Martucci; j. 13.03.2014.
52
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
53
REFERÊNCIAS
BARROS, Alice de Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo:
LTr, 2011.
54
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 27.
ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 7.
PELUSO, Cezar. Novo Código Civil comentado. 7. ed. São Paulo: Manole, 2013.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
55
03 Cirurgião Dentista
1 INTRODUÇÃO
1 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação, 2005. p. 8.
2 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: responsabilidade civil e sua interpretação doutri-
nária e jurisprudencial. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
56
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
3 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: teoria geral das obrigações e responsabilidade
civil. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 31.
4 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 11.
5 SILVA, Rafael Peteffi da. Responsabilidade civil pela perda de uma chance. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2013. p. 1-2.
6 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação, 2005. p. 10
7 CÓDIGO DE HAMURABI. Código de Manu – Excertos (livros oitavo e novo): Lei das XII Tá-
buas. 3. ed. São Paulo: EDIPRO, 2011. p. 33.
8 Ibid. p. 128.
57
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
9 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário aurélio. 1. ed. Nova Fronteira, 1975.
10 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Obrigações e responsabilidade civil. 17. ed. São Paulo:
Atlas, 2017. p. 609. v. 2.
58
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
59
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
13 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: teoria geral das obrigações e responsabilidade
civil. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 171.
14 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 10. ed. São Paulo: Método, 2020. p.
702.
60
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Continua o autor:
15 GAGLIANO, Pablo Stolze et al. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 16. ed., São Paulo:
Saraiva, 2018. v. 3. p. 288-289.
16 FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 360.
17 Ibid. p. 376.
18 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 17. ed. São Paulo: Atlas,
2017. v. 2. p. 610.
61
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
O Código Civil de 2002 (CC/02), então vigente, não foi expresso quanto
à responsabilidade profissional do dentista e seu dever de reparar danos:
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda
no caso de indenização devida por aquele que, no exercício
de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, cau-
sar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho20.
62
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
21 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v. 4.
p. 609-610.
22 BRASIL. Código Civil de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
L10406compilada.htm. Acesso em: 27 jan. 2020.
23 Ibid.
24 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: responsabili-
dade civil. Vol. 3, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 79.
25 Ibid. p. 88.
26 MENDONÇA, Diogo Naves. Análise econômica da responsabilidade civil: o dano e a sua quantifi-
cação. São Paulo: Atlas, 2012. p. 73.
63
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
27 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: responsabili-
dade civil. Vol. 3, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 145.
28 FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 34.
29 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 27 jan. 2020.
30 Ibid.
64
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
31 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. 12. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017, v. 2. p. 613.
65
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Diante do que foi visto até o presente momento, tem-se que a natureza
jurídica da responsabilidade civil do cirurgião-dentista é predominantemente
contratual, sendo em alguns casos aquiliana esta responsabilidade. Constata-
se, ainda que, o dentista, profissional liberal responde de forma subjetiva, sendo
imprescindível a presença da culpa na responsabilização civil daquele, exceção à
regra geral da responsabilidade objetiva do CDC, que se aplica àquele, enquanto
profissional liberal. No entanto, no caso de clínicas odontológicas, associações de
dentistas, cooperativas odontológicas, planos odontológicos, pessoas jurídicas,
em suma, a responsabilidade civil é a do caput do artigo 14 do CDC, além de
responderem de forma solidária com o profissional liberal.
32 FARIAS, Cristiano Chaves de et al. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. Salvador:
Juspodivm, 2017, v. 3. p. 722.
33 Art. 1º. O exercício da Odontologia no território nacional é regido pelo disposto na presente Lei.
34 SOARES, Marina São Thiago. Responsabilidade civil do cirurgião dentista: o dano causado nas
cirurgias de harmonização orofacial. Trabalho de Conclusão de Curso. 2020. Disponível em: https://
66
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/11728/TCC%20PDF-a.pdf?sequence=1&isAllowe-
d=y. Acesso em: 27 jan. 2021.
35 BRASIL. Lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966, art. 2º. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l5081.htm. Acesso em: 27 jan. 2020.
36 BRASIL. Lei nº 5.081/1966. Art. 6º. Compete ao cirurgião-dentista: I – praticar todos os atos
pertinentes a Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos
de pós-graduação; II – prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo,
indicadas em Odontologia; III – atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e
outros, inclusive, para justificação de faltas ao emprego; IV – proceder à perícia odontolegal em fôro
civil, criminal, trabalhista e em sede administrativa; V – aplicar anestesia local e truncular; VI – em-
pregar a analgesia e a hipnose, desde que comprovadamente habilitado, quando constituírem meios
eficazes para o tratamento; VII – manter, anexo ao consultório, laboratório de prótese, aparelhagem
e instalação adequadas para pesquisas e análises clínicas, relacionadas com os casos específicos de sua
especialidade, bem como aparelhos de Raios X, para diagnóstico, e aparelhagem de fisioterapia; VIII
– prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a
saúde do paciente; IX – utilizar, no exercício da função de perito-odontólogo, em casos de necropsia,
as vias de acesso do pescoço e da cabeça.
67
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Quando se discute sobre as obrigações profissionais, têm-se que estas podem ser
obrigações de meio ou obrigações de resultado.
As obrigações de meio são aquelas em que o devedor se obriga a
empreender a sua atividade, porém, sem garantir o resultado que se espera. O
devedor se obriga tão somente a usar de prudência e diligências normais para
prestar determinado serviço, segundo as melhores técnicas, com escopo de atingir
um determinado resultado, mas, sem se vincular a obtê-lo.
Já as obrigações de resultado são aquelas em que o devedor se obriga não
somente a empreender a sua atividade, mas, principalmente, a alcançar o resultado
que espera o credor.
Sobre a diferença entre as duas obrigações, Venosa37:
37 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.
4. p. 77.
68
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
38 FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 370.
39 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: responsabili-
dade civil. Vol. 3, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 308.
40 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.
4. p. 610.
69
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
41 FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 376.
42 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 17. ed. São Paulo:
Atlas, 2017. v. 2. p. 610.
43 Ibid. p. 610.
44 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. v.
4. p. 108.
45 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva,
2004. v. 7. p. 312.
70
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
46 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação de Curso, 2005. p. 18.
47 Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: III – a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
48 LUTZ, Gualter Adolpho. Erros e Acidentes em odontologia. Rio de Janeiro, 1938.
71
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
49 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação de Curso, 2005. p. 25.
50 Ibid. p. 26.
72
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
51 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação de Curso, 2005. p. 27.
52 CÓDIGO DE ÉTICA ODONTOLÓGICA. Aprovado pela Resolução CFO-118/2012. Dispo-
nível em: https://website.cfo.org.br/wp-content/uploads/2018/03/codigo_etica.pdf. Acesso em: 27
jan. 2021.
53 MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos corporais ocasio-
nados. Monografia de Graduação de Curso, 2005. p. 28.
73
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
4 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA
54 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil: responsabi-
lidade civil. Vol. 3, 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 308.
55 Ibid. p. 308.
74
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
75
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
57 SÃO PAULO. TJSP. Apelação Cível 1066422-43.2014.8.26.0100. Relator (a): Paulo Alcides; Ór-
gão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível – 9ª Vara Cível; Data do Julgamento:
20/12/2020; Data de Registro: 20/12/2020. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultado-
Completa.do. Acesso em: 27 jan. 2021.
76
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
77
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
78
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
do dano e do nexo causal eram do paciente que, no caso concreto, nada conseguiu
provar, sendo negado provimento ao recurso do paciente.
Há ainda divergências de entendimentos doutrinários e jurisprudenciais
quanto ao que é obrigação de meio e o que é obrigação de resultado na atividade
odontológica, pois alguns atos praticados pelos odontólogos ao mesmo tempo que
têm finalidade estética, têm também finalidade funcional que busca melhorar a
qualidade de vida do paciente. O certo é que doutrina e jurisprudência concordam
que a obrigação predominante dos cirurgiões-dentistas é de resultado.
5 CONCLUSÃO
79
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
relações de consumo, conforme preceitua seu artigo 14. Por essa responsabilidade,
o pressuposto culpa é dispensável para caracterizar a responsabilidade civil dos
fornecedores, porém, o parágrafo quarto deste mesmo dispositivo legal trouxe uma
exceção: a responsabilidade subjetiva para os profissionais liberais, entre eles, o
dentista.
A profissão da Odontologia está regulamentada pela Lei Federal nº 5.081,
de 24 de agosto de 1966. Em seu artigo 2º o profissional odontólogo deve cursar
curso oficial em escola ou faculdade reconhecida. E só poderá exercer seu labor
após o registro do diploma na Diretoria do Ensino Superior, no Serviço Nacional
de Fiscalização da Odontologia, na repartição sanitária estadual competente e
inscrição no Conselho Regional de Odontologia sob cuja jurisdição se achar o local
de sua atividade, conforme determina o artigo 2º daquela lei.
Discussão importante é sobre a natureza jurídica da responsabilidade
civil do dentista que, sobretudo por ser uma relação de consumo, tem natureza
contratual, já que existe um negócio jurídico prévio entre os contratantes (paciente-
dentista). Porém, há algumas situações em que esta natureza é aquiliana, quando o
paciente não tem a prévia escolha do profissional, como quando na ocorrência de
uma urgência hospitalar.
Além de contratual, não se discute, com o advento do Código de Defesa
do Consumidor, que a responsabilidade é subjetiva, no entanto, quando se trata de
clínicas odontológicas, associações de dentistas, cooperativas, planos odontológicos,
esta responsabilidade é objetiva.
Apesar de alguns doutrinadores, como Venosa, entenderem que quando o
profissional dentista garante um resultado esta responsabilidade passa a ser objetiva,
este é o entendimento minoritário, não acompanhado pela jurisprudência. No caso
da atividade odontológica, a obrigação predominante – segundo a doutrina – é ser
de resultado, pois tem em grande parte de seus atos fins estéticos, mas, também
tem práticas que são de obrigação de meio. Quando a obrigação é de resultado, o
simples fato de não alcançar o resultado já incide no descumprimento contratual e
na responsabilização do dentista. Na obrigação de resultado, a culpa é presumida,
sendo ônus do profissional provar que não agiu com culpa. Já nas obrigações de
meio, o profissional não está adstrito ao resultado, nem o pode garantir, apenas
empenhar sua melhor técnica para a obtenção do resultado, sem, contudo, se
comprometer a realizá-lo. Na obrigação de meio, o credor, no caso o paciente, deve
provar que houve culpa do cirurgião-dentista para se caracterizar a responsabilidade
civil deste e seu dever de indenizar (reparar/compensar).
80
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Uma vez que está numa relação de consumo, é dever do dentista prestar
informação e, de forma adequada ao seu paciente. A falta de informação adequada
pode gerar o dever de indenizar, quando da ocorrência de algum dano ao paciente
em decorrência disso. Além deste, outros erros podem gerar o dever de indenizar do
dentista, tais como: erro no tratamento; erro no diagnóstico; erro no prognóstico;
erro da anestesia; erro de perícia; falta de higiene, para exemplificar.
A jurisprudência pátria ainda não é uniforme no sentido de entender
quais procedimentos são de meio ou de resultado, mas certo é que entendem
haver diferença e, que a atividade do dentista está inserida no Código de Defesa
do Consumidor, sendo este responsável civilmente, de forma subjetiva pelos danos
que vier a causar no tratamento de seus pacientes.
Com isso, o presente capítulo conclui que que a responsabilidade civil
do dentista é, predominantemente contratual, subjetiva por força do Código de
Defesa do Consumidor e, eminentemente de resultado, tendo também obrigações
de meio, respondendo este profissional pelos danos ocasionados pela má prestação
de seus serviços.
81
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: teoria geral das obrigações e
responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. São
Paulo: Saraiva, 2004. v. 7.
82
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito
civil: responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. v. 3.
MELO, Diego Sidrim Gomes de. Responsabilidade civil do odontólogo pelos danos
corporais ocasionados. Monografia de Graduação de Curso, 2005.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 12. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2018.
83
SILVA, Rafael Peteffi da. Responsabilidade civil pela perda de uma chance. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2013.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 10. ed. São Paulo: Método, 2020.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2003. v. 4.
84
04 Nutricionista
1 INTRODUÇÃO
1 BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
85
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
2 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2017. p. 85.
86
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
disposição de conceitos dos elementos primordiais para a sua confecção, bem como
também de uma seção específica para os fundamentos da responsabilidade civil,
imprescindíveis para a compreensão temática.
Na segunda parte do trabalho, estarão delineadas a regulamentação
específica da profissão escolhida como enfoque temático e as suas formas de
responsabilização, capítulo este que será dividido em duas abordagens: a priori,
mencionando as disposições específicas da atividade profissional do nutricionista
e a posteriori, colocando a responsabilização civil destes a partir da perspectiva do
Código de Defesa do Consumidor.
Por fim, tem-se que a terceira parte deste artigo conta com uma análise
da responsabilização do profissional da nutrição a partir de um caso concreto, por
meio de uma decisão selecionada a partir da jurisprudência nacional.
87
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
que esta, para alguns estudiosos do ramo, não chega a traduzir de forma satisfatória
a totalidade das relações humanas as quais essa norma pretende regular5.
Assim, para haver a efetiva compreensão do conceito e da significância
das relações jurídicas de consumo, faz-se necessária uma análise em conjunto dos
elementos que foram expressamente definidos no CDC, a saber: os elementos
subjetivos (que se perfazem nas figuras do consumidor e do fornecedor), o objeto
(produto ou serviço) e o elemento causal ou finalístico (este relacionado a destinação
final do objeto)6.
O Código de Defesa do Consumidor expõe, em seu art. 2º, caput, de
maneira stricto sensu, que consumidor é “toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Partindo dessa premissa,
entende-se doutrinariamente como consumidor toda pessoa física ou jurídica que
vem a adquirir bens em benefício próprio, a fim de satisfazer os seus anseios e
necessidades7.
Utilizando-se de um método de interpretação teleológico, tem-se,
portanto, que para ser tido como consumidor, o agente deve granjear o bem ou o
serviço do mercado consumerista com a finalidade de satisfação das suas necessidades
íntimas e pessoais8. Além da disposição supramencionada, observar-se-á também o
parágrafo único do art. 2° do CDC, o qual expõe que: “a coletividade de pessoas,
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”, é
equiparada à figura do consumidor.
No polo oposto da relação jurídica de consumo está conceituado o
fornecedor, o qual, por sua vez, é tido como aquele que oferece os produtos e
serviços no mercado de consumo9. Desse modo, tem-se que fornecedor, perante o
5 ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito civil. (Teoria Geral. Relações e Situações Jurídicas). 2. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010. v. 3. p. 9-10.
6 ALVES, Fabrício Germano, XAVIER, Yanko Marcius de Alencar. Análise conceitual da relação
jurídica de consumo no Brasil. In: XAVIER, Yanko Marcius de Alencar et al. (org.). Perspectivas atuais
do direito do consumidor no Brasil e na Europa. v. I. Natal, RN: EDURN, 2014. p. 51.
7 FINKELSTEIN, Maria Eugênia Reis, SACCO NETO, Fernando. Manual de direito do consumidor.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 9-10.
8 FRANKLIN, Ana Cláudia de Medeiros. Análise da proteção do consumidor nas plataformas de
economia de compartilhamento. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Direito.
Natal, RN, 2018. p. 77.
9 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
p. 176.
88
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
exposto no caput do art. 3° do CDC, é todo aquele que se caracteriza como sendo
uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como também os entes personalizados, que desenvolve atividades relacionadas à
produção, montagem, criação, transformação, construção, importação e exportação,
distribuição e comercialização de produtos, além, é claro, da prestação de serviços.
Observa-se, para tanto, que a conceituação da figura do fornecedor
trazida pelo Código de Defesa do Consumidor é demasiada ampla, uma vez que
abarca praticamente todos os entes da patente do fornecimento que pratiquem
uma das ações descritas no art. 3° do regramento supracitado, independentemente
de sua natureza, regime jurídico ou nacionalidade, desde de que exerçam essas
atividades de maneira profissional10.
As disposições referentes ao objeto da relação jurídica em análise são
trazidas pelos §1º e §2º do art. 3° do CDC, os quais denotam, respectivamente,
que o produto é “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” e que
o serviço se perfaz em “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.
Convém atribuir destaque também à premissa do consumidor como
destinatário final da relação jurídica de consumo, de forma a levar em consideração
o elemento causal ou finalístico definido pela teoria da finalidade, a qual expressa
que a presença desta dita “destinação final” na aquisição dos produtos e serviços é
um elemento essencial para a consecução da relação jurídica em comento. Entende-
se, dessa maneira, que a atividade consumerista não se realiza apenas no ato da
compra de um determinado produto ou serviço pelo consumidor, mas sim pela
utilização deste11.
Destarte, tendo em vista que a doutrina brasileira, em sua grande maioria,
considera que os sujeitos, o objeto e a norma jurídica (vínculo de atributividade)12
são elementos constitutivos de todas as relações jurídicas, tem-se que, mediante esse
89
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
13 BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
14 SOURDAT, M.A. Trailé général de la responsabilité. 5. ed. Paris, Marchal et Billard, 1902. tomo 1.
15 NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
v. 7. p. 31.
16 TERRÉ, François; SIMLER, Philippe; LEQUETTE, Yves; CHÉNEDÉ, François. Droit civil: les
obligations. 22. ed. Paris, Presses Universiteires de France, 2000. tomo 4. p. 23.
90
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
17 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil:
responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 3. p 23.
18 BRASIL. Lei nº 10.406, de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
19 RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1983. §9. v.
4. p. 22.
20 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 36.
21 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil:
responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 3. p 28.
22 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p.
146.
23 RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 1983. §9. v. 4.
91
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
24 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2003. v. 7. p. 96-97.
25 KÜHN, Maria Leonor de Souza. Responsabilidade civil: a natureza jurídica da relação médico-
paciente. Barueri: Manole, 2002. p. 35.
26 ARAÚJO, Vaneska Donato de. A responsabilidade profissional e a reparação de danos. 2011. 314 f.
Dissertação (Mestrado) – Curso de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. p 36
27 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações: fundamentos do direito das obrigações –
introdução à responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 1. p. 588.
28 AGUIAR DIAS, José de. Da responsabilidade civil. t. II. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
p. 702.
29 NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
v. 7. p. 110
30 ARAÚJO, Vaneska Donato de. A responsabilidade profissional e a reparação de danos. 2011. 314
f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. p. 79.
92
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
tem a pessoa humana como medida para o dano, e não os bens materiais31, de forma
que esse instituto pode ser considerado, em sentindo amplo, como um sofrimento
psíquico para a vítima32, ou, ainda, caracterizado a partir da configuração de uma
lesão aos direitos da personalidade do ofendido33.
Dessa forma, estando considerados os elementos essenciais para o estudo
do eixo temático referente à responsabilização civil, dar-se-á, em diante, a análise
das formas de responsabilização civil do profissional nutricionista quando este se
encontrar embutido como parte responsável causadora de dano em uma relação
jurídica.
31 LOPEZ, Teresa Ancona. O dano estético – responsabilidade civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2004. p. 22.
32 SAVATIER, René. Traité de la responsabilité civile em droit français. Paris, L.G.D.J, Anthologie du
droit. p. 101.
33 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.
p. 489.
34 YPIRANGA, L., GIL, M.F. Formação profissional do nutricionista: por que mudar? In: CUNHA,
D.T.O., YPIRANGA, L., GIL, M.F. (org.). II Seminário Nacional sobre o Ensino de Nutrição. Goiânia:
FEBRAN, 1989. p. 20-36.
93
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
94
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
39 BRASIL. Resolução CFN nº 599 de 25 de fevereiro de 2018. Aprova o Código de Ética e de Conduta
do Nutricionista e dá outras providências.
40 BRASIL. Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978. Cria os Conselhos Federal e Regionais de
Nutricionistas, regula o seu funcionamento, e dá outras providências.
95
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
41 BRASIL. Resolução CFN nº 599 de 25 de fevereiro de 2018. Aprova o Código de Ética e de Conduta
do Nutricionista e dá outras providências.
42 BRASIL. Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Lei nº 8. 078, de 11 de setembro de 1990.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
43 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p.
478.
96
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
44 CALDEIRA, Mirella D’Angelo. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento
do Código de Defesa do Consumidor. Revista da Faculdade de Direito, 2017. p. 39
45 BRASIL. Código de Proteção e Defesa do Consumidor. Lei nº 8. 078, de 11 de setembro de 1990.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
46 LEMOS, Jordana Cardozo de. A responsabilidade civil do profissional liberal: uma abordagem a
partir do código de defesa do consumidor. 2017. 42 f. Monografia (Doutorado) – Curso de Direito,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2017. p. 31
47 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 7. p. 241
48 LEMOS, Jordana Cardozo de. A responsabilidade civil do profissional liberal: uma abordagem a
partir do código de defesa do consumidor. 2017. 42 f. Monografia (Doutorado) – Curso de Direito,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2017. p. 32
97
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
49 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 7. p. 242-243
50 NADER, Paulo. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
v.7. p. 32.
51 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 25.
52 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça de São Paulo. Recurso não conhecido em parte e, na parte
conhecida, negado provimento. Apelação Cível nº 1005862-81.2016.8.26.0451. Relatora: Mônica
de Carvalho. Data de Julgamento: 04 mar. 2020. Publicação: São Paulo, SP. Diário da Justiça Eletrônico
(DJE), 04 mar. 2020.
98
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
99
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
53 SÃO PAULO. Tribunal de Justiça de São Paulo. Recurso não conhecido em parte e, na parte
conhecida, negado provimento. Apelação Cível nº 1005862-81.2016.8.26.0451. Relatora: Mônica
de Carvalho. Data de Julgamento: 04 mar. 2020. Publicação: São Paulo, SP. Diário da Justiça Eletrônico
(DJE), 04 mar. 2020.
54 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil.
55 JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil comentado. 17.
ed. Revista dos Tribunais, p. 2305.
100
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
que incumbe ao autor a prova dos fatos constitutivos do seu direito, ou seja, faz
alusão ao que já fora dito neste trabalho em outros termos, sobre a necessidade
de que o autor prove a falta de diligência e prudência do profissional liberal em
uma obrigação de meio para que a sua responsabilização seja caracterizada. Esse
dispositivo vem asseverar que se os demandantes da ação, no caso mãe e filha, não
provam a ocorrência do fato, não há como haver o acolhimento das suas pretensões.
Por fim, a decisão salienta, corroborando com a razão dos fundamentos
já apresentados, que em uma situação como a do caso, onde pessoas se predispõem
a realizar uma dieta com o fito do emagrecimento, através dos amparos de um
nutricionista, não há como garantir o sucesso do objetivo, haja vista que os seres
humanos têm metabolismos diferentes e que esse fato acaba por induzir respostas
distintas a esse tipo de tratamento.
O Tribunal estabelece, por conseguinte, a obrigação entre as partes nesta
relação jurídica como sendo de meio, reiterando que não cabe ao profissional
garantir e se comprometer com o resultado final perseguido pelo paciente, mas sim
com o emprego de técnicas e conhecimentos necessários para o tratamento.
Ainda em tempo, é igualmente afirmado na decisão que a responsabilidade
do nutricionista, enquanto profissional liberal é subjetiva. Logo, a responsabilização
deste sobre eventuais danos dependerão da prova de culpa do profissional por parte
do autor da demanda, conforme os dizeres do art. 14, §4º do CDC. E, desta feita,
restou estabelecido o mantimento da condenação relativa à reconvenção, com o
não provimento do recurso de apelação na parte em que o mesmo fora conhecido.
5 CONCLUSÃO
101
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
no desenvolvimento de seu ofício. Contudo, assim como já foi explanado, tal forma
de responsabilização, que fica a cargo dos Conselhos profissionais, é independente
das possibilidades de sanções administrativas e judiciais que se fizerem pertinentes
no caso.
Com relação à legislação de consumo, vislumbrou-se, a partir da
teoria em um primeiro momento, que o caso do nutricionista se amolda, na sua
interação com os clientes, a uma relação de consumo. Entretanto, enquadra-se tal
relacionamento nos moldes excepcionais da atuação do profissional liberal, situação
inserida no Art. 14, §4º, do Código de Defesa do Consumidor.
A análise de decisão colhida da jurisprudência nacional comprova, e
ratifica o que já havia sido demonstrado também em teoria ao longo do estudo,
no sentido de que os principais desdobramentos decorrentes da inclusão do
nutricionista enquanto profissional liberal à luz da legislação de consumo se fazem
presentes nos casos concretos apreciados pelo Judiciário. Ou seja: a responsabilização
civil dos nutricionistas segue a regra da responsabilidade subjetiva, padrão previsto
para os profissionais liberais que prestam serviços aos seus consumidores.
Por último, o caso judicial analisado demonstra que as obrigações
assumidas pelo nutricionista, no exercício de sua profissão, podem ser classificadas
como obrigações de meio, no sentido de que tal agente não se compromete, via de
regra, com a realização de um resultado pré determinado, mas sim com o emprego
das técnicas e meios corretos e condizentes com a ciência que embasa sua atuação.
Logo, o principal desdobramento dessa classificação fica notório da análise do caso
judicial demonstrado acima: o consumidor passa a ter, nas obrigações de meio,
o ônus probatório de demonstrar, judicialmente, que o nutricionista não agiu
segundo tais critérios.
102
REFERÊNCIAS
AGUIAR DIAS, José de. Da responsabilidade civil. t. II, 12. ed. Imprenta. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2012.
103
DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2006.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: responsabilidade civil. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2002. v. 7.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 17.
ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 3.
JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil
comentado. 17. ed. Revista dos Tribunais.
LOPEZ, Teresa Ancona. O dano estético: responsabilidade civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2004.
104
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 8. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2004.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 4. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO.
105
05 Personal Trainer
1 INTRODUÇÃO
1 ALVES, Fabrício Germano. MEDEIROS, Mayara Vívian de. Responsabilidade civil do Personal
Trainer. Revista Meritum, Belo Horizonte, vol. 15, n. 1, p. 81-94, jan./abr. 2020. DOI: https://doi.
org/10.46560/meritum.v15i1.7644.
106
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
107
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
2 TARTUCE, Flavio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2017. p. 499.
3 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. v. 4 p. 30-31.
4 BRASIL. (Constituição 1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05
de outubro de 1988.
108
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. 3. ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 914.
6 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. v. 4. p. 45.
7 BRASIL. Lei Federal no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
109
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
8 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 3. ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 915.
9 TARTUCE, Flavio. Manual de direito civil: volume único. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017. p. 503.
10 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil: esquematizado: responsabilidade civil, direito de
família, direito das sucessões. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. v. 3. p. 66.
11 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. De Acordo com a Constituição de 1988.
5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 75.
110
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
patrimonial ou extrapatrimonial. Este último ocorre nos casos em que recai sobre o
nome e à moralidade ou causa grande sofrimento à vítima12.
12 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Curso
de Direito Civil: responsabilidade civil. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 235.
13 SOUSA NETO, S. et. al. A formação do profissional de Educação Física no Brasil: uma história
sob a perspectiva da legislação federal no século XX. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 2,
p. 113-128, jan. 2004. p. 123.
14 BRASIL. Lei Federal nº 9.696, de 1 de setembro de 1998. Dispõe sobre a regulamentação da Pro-
fissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação
Física.
111
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
15 FREIRE, Elisabete dos Santos; VERENGUER, Rita de Cássia G.; COSTA REIS, Marise Cisnei-
ros. Educação Física: pensando a profissão e a preparação profissional. Revista Mackenzie de Educação
Física e Esporte, 2002, 1(1): p. 39-46.
16 BRASIL. Lei Federal nº 9.696, de 1 de setembro de 1998. Dispõe sobre a regulamentação da Pro-
fissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação
Física.
17 CONFEF. Resolução nº 45/2002. Dispõe sobre o registro de não-graduados em Educação Física no
Sistema CONFEF/CREFs. Rio de Janeiro, 18 fev. 2002.
18 CONFEF. Resolução nº 46/2002. Dispõe sobre a Intervenção do Profissional de Educação Física e
respectivas competências e define os seus campos de atuação profissional. Rio de Janeiro, 18 fev. 2002.
112
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
19 CONFEF. Resolução nº 307/2015. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Educação
Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs. Rio de Janeiro, de 9 nov. 2015.
20 Ibid.
21 Ibid.
113
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
22 CONFEF. Resolução nº 307/2015. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Educação
Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs. Rio de Janeiro, de 9 nov. 2015.
23 LORENZETTI, Ricardo Luis. Comércio eletrônico. Tradução de Fabiano Menke. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2004. p. 287.
114
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
das suas obrigações, o personal trainer pode responder pelos prejuízos causados ao
seu contratante24.
A responsabilidade civil do personal trainer também pode encaixar-se nas
modalidades objetiva e subjetiva, de acordo com as especificidades da realização
de seu trabalho. Esta diferenciação ocorre em casos onde o personal atua como
profissional liberal, sem vinculação à uma entidade empresarial, e quando este
atua como empregado em alguma instituição, como uma academia de ginástica,
por exemplo, sendo regulada também, desta forma, pelo Código de Defesa do
Consumidor.
No caso de dano, a responsabilidade será subjetiva quando o personal
trainer atuar como profissional liberal, de forma independente, pois é necessária,
nestes casos, a comprovação da culpa ou dolo por parte do agente, para que se
justifique a reparação do dano, seja este material ou moral25. Um exemplo deste
caso seria um aluno acompanhado por um personal trainer, que em virtude de
um exercício com carga excessiva, sofre uma lesão temporária ou permanente,
que causa para este imenso sofrimento, gastos com tratamento de saúde, exames,
medicamentos, entre outros.
Por outro lado, na hipótese de o personal atuar como funcionário de uma
entidade empresarial (v.g., uma academia) a responsabilidade civil será objetiva,
sem necessidade de comprovação de culpa lato sensu. Neste caso, cabe à instituição
a responsabilidade pela reparação dos danos, por ser sua obrigação a manutenção da
segurança dos consumidores que utilizam seu espaço, aparelhos e demais produtos
e serviços26.
Além disso, os atos lesivos causados em consequência dos serviços
prestados pelo personal trainer podem se encaixar no que está determinado no
artigo 186 do Código Civil, que trata dos atos ilícitos como causadores de danos,
tanto físicos como morais, que necessitam de reparação patrimonial e moral27. Se
115
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
o ato lesivo foi cometido dentro de uma relação de consumo, será tratado como
prática abusiva, e apurado de acordo com o sistema de responsabilização instituído
pelo Código de Defesa do Consumidor28.
Assim, sendo ou não sua relação com o usuário inserida nas relações de
consumo, o personal trainer necessita de atenção na realização de seus serviços,
prezando pela saúde e qualidade de vida dos seus acompanhados, agindo de forma
preventiva e cautelosa. Deve observar suas habilidades, capacidades e limitações, e
promover orientações adequadas, sendo claro em caso de riscos. Assim, o personal
trainer pode evitar danos de diferentes dimensões sobre a saúde e a qualidade de
vida das pessoas, passiveis de responsabilização civil29.
116
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
117
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
32 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela repa-
ração dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso
quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modo de seu fornecimento.
33 DISTRITO FEDERAL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA (TJDF). Apelação Cível: APC 0008204-
04.2013.8.07.003 DF 0008204-04.2013.8.07.003. Relator: ANA CANTARINO. Brasília, 13 nov.
2014.
118
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CONCLUSÃO
119
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
120
REFERÊNCIAS
121
CONFEF. Regulamentação da Educação Física no Brasil. Disponível em: http://
www.confef.org.br/confef/conteudo/16. Acesso em: 20 set. 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 31.
ed. São Paulo: Saraiva, 2017. v. 7.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do consumidor. 15. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
122
LORENZETTI, Ricardo Luis. Comércio eletrônico. Tradução de Fabiano Menke.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 287.
TARTUCE, Flavio. Manual de direito civil. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2017.
123
06 Psicólogo
1 INTRODUÇÃO
124
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
civis e consumeristas. Os psicólogos cada vez mais estão sendo exigidos, sob a
perspectiva de que os procedimentos terápicos são vistos como verdadeiras soluções
de problemas de ordem interpessoal e objetivos do cotidiano das pessoas, o que
precisa ser avaliado criticamente à luz do conceito proposto para o seu trabalho.
Diante das complexidades que chegam em seus consultórios, por meio
de seus pacientes, nem sempre conseguem satisfazer os anseios destes, não suprindo
suas carências ou, ainda, suprindo, mas trazendo efeitos não perfectibilizados
como almejado por estes. O aparecimento de violações aos direitos dos usuários do
serviço deste profissional liberal pode ocorrer por meio de diversas condutas como,
por exemplo, falta de ética e atuações imprudentes, negligentes e, até mesmo,
desprovidas de conhecimento técnico e habilitação para o adequado desempenho.
Desse contexto, surgem as lides que o Poder Judiciário se incumbe de
resolver quando, sendo imperioso salientar que também há procura da resolução
desses litígios em seara extrajudicial e, felizmente, apesar de diminutas, são, sim,
feitas composições sem a necessidade do litígio propriamente dito.
Desta feita, torna-se basilar compreender algumas definições como por
exemplo, o que vem a ser responsabilidade civil, o conceito de serviço prestado
no âmbito da relação psicológico x paciente. Além disso, é imperioso lembrar
que a discussão proposta, para além da responsabilização civil, enseja a análise
sobre a relação civil e consumerista entre um psicólogo e um particular, o que
pode ser definido como ato ilícito e culpabilidade, dentre outras. Ao tomar ideia
das definições acima, passe-se a esmiuçar as consequências legais que elas podem
infundir.
Nesse sentido, examinar como o instituto jurídico da responsabilidade
civil se insere e é aplicado no vínculo jurídico existente entre o profissional e seu
paciente é o objetivo central do trabalho. Para que isso ocorra, é primordial deixar
cristalino quais os fundamentos que a constituem, bem como a sua natureza
jurídica. Não se deve esquecer da necessidade de focar no arcabouço legal que deu
autonomia à profissão e as maneiras de responsabilização.
Sendo assim, o aludido estudo será construído a partir de uma pesquisa
hipotético-dedutiva, de natureza aplicada (voltada para a prática), realizada com
uma abordagem qualitativa (análise dos institutos e da legislação) e um propósito
descritivo (sobre as formas de responsabilização), com o objetivo de projetar uma
avaliação formativa sobre as possibilidades de responsabilização civil dos psicólogos.
125
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
126
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
2 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 17. ed. São Paulo, Atlas. 2017.
3 NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
4 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. volume único.
127
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
6 GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: respon-
sabilidade civil. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
7 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
128
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2016. v. 1.
9 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
129
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
10 STJ. REsp nº 1.195.642/RJ. Rel. Min. Nancy Andrighi. Data de Julgamento: 13 de nov. de 2012.
11 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor comentado: artigo por artigo.
13. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
130
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
12 Delgado, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017.
13 FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: obrigações. 11. ed.
Salvador: JusPodivm, 2017.
131
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
meio, assim deve ser investigada a existência da culpa nas situações de desrespeitos
dos atos profissionais que violem direitos do consumidor14.
Impende salientar que cabe ao paciente, geralmente, comprovar a culpa
do psicólogo, isto é, provocar, administrativamente ou judicialmente, a fim de
averiguar se ele agiu com negligência, imprudência e imperícia (culpa). Entretanto,
o indivíduo, por vezes, não possui o discernimento para angariar provas que
permitam subsidiar seu pedido indenizatório frente ao profissional da psicologia.
Daí surge um dos institutos jurídicos de mais importância na esfera jurídica
consumerista, qual seja, a inversão do ônus da prova na busca da comprovação da
responsabilidade subjetiva.
Anotado no artigo 6º, VIII, do CDC, o ônus da prova e sua inversão
é relevante mecanismo jurídico para favorecer a defesa de direitos em âmbito
judicial. No contexto que envolve a verificação de culpa na prestação de serviços
do psicólogo é possível a inversão do probatório para que o fornecedor fique
incumbido de provar que agiu dentro dos padrões profissionais esperados e usou
de todos os meios instrumentais, intelectuais e esforços possíveis para que o evento
danoso não ocorresse. Nota-se que não há a alteração da responsabilidade subjetiva
pela responsabilidade objetiva, mas a inversão do ônus da prova para o fornecedor
(inversão ope legis), justamente o que prevê o artigo 14, do CDC, ao passo que não
se operou por determinação do julgador (inversão ope judicis)15.
14 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor comentado: artigo por artigo. 13.
ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
15 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
132
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
que se desenvolve dentro do campo das relações humanas capazes de, diante toda
a complexidade que as envolve, conceber os limites legais e éticos da sua atuação.
16 SOARES, Antonio Rodrigues. A Psicologia no Brasil. Psicol. cienc. prof. [online]. 2010, v. 30, n.
spe, p. 8-41.
17 PEREIRA NETO, André. PEREIRA, Fernanda Martins. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu pro-
cesso de profissionalização. Maringá, v. 8, n. 2, p. 19-27, 2003.
133
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
18 CHAVES. Antônio Marcos. 30 anos de uso. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 12, n. 2,
p. 4-9, 1992. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1414-98931992000200002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 22 out. 2019.
19 GOULARTE, Raquel da Silva. Os gêneros de texto na regulamentação das profissões. Linguagens
& Cidadania, v. 13, jan./dez., 2011.
134
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
135
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
136
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Foi pedido, durante o trâmite processual, pelo Ministério Público, que houvesse
a elaboração de laudos periciais tanto do pai, como da mãe e da criança, para
melhor delinear os perfis de cada ator processual. Foi designada psicóloga para o
ato. Todavia, no tocante ao laudo elaborado em face do pai da criança, verificou-se
total distorção sobre seu perfil, caracterizado como agressivo e perigoso sem que ao
menos tivesse sido entrevistado pela profissional designada.
Ocorre que, processos os quais envolvem Direito de Família e,
principalmente, crianças, devem ser analisados de modo minucioso e adequado à
realidade para que não se tome decisão precipitada e injusta que acarrete prejuízos à
dignidade humana dos envolvidos. Desse modo, a psicóloga ao agir desta maneira,
infringiu seu dever de zelo processual agindo culposamente no caso em tela, pois agiu
negligentemente ao construir laudo pericial com ausência de métodos profissionais
que prejudicou o genitor que reconhecidamente foi delineado de maneira errônea
no documento redigido pela profissional, conforme relatou conselheiras tutelares
e testemunhas processuais. Quem não possuía as melhores condições para adquirir
a guarda da filha era a genitora, como ficou comprovado nos autos, pois a guarda
ficou com o pai da criança.
Do contexto acima, o pai da criança, em momento posterior, denunciou
a psicóloga administrativamente, bem como ingressou com ação judicial
reivindicando condenação da profissional a danos morais. Salienta-se que obteve
êxito, a 9ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou a
expert ao pagamento de R$ 8.000,00 reais, dando provimento ao apelo em razão da
negligência da psicóloga23.
Em outra decisão, em sede de Agravo Regimental na Apelação e datado
em novembro de 2014, uma psicóloga retratou o perfil de uma pessoa em processo
judicial sob sigilo. Ocorre que a psicóloga teve acesso aos documentos do processo,
mesmo estando sob sigilo. Entretanto não há de se levantar ilegalidade da conduta
da psicóloga visto que dentro das atribuições profissionais ao se ater somente a
elaboração do laudo psicológico da parte do processo, nada mais intervindo.
Ocorre que a parte que teve seu perfil traçado diante a análise das provas juntadas
ao processo se insurgiu alegando cerceamento de defesa. Neste sentido, foi-lhe
negado o acolhimento deste pedido, em razão da inércia tanto da parte quanto do
causídico dela.
23 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível nº: 70058882200. Relato(a):
Desa. Íris Helena Medeiros Nogueira. Rio Grande do Sul. Data do julgamento: 09/04/2014. Diário
da Justiça do dia 11/04/2014.
137
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
É importante destacar que neste segundo caso não há ato ilícito praticado
pela profissional liberal. Ela agiu de acordo com as atribuições profissionais que lhe
são inerentes, sem que tenha trazido prejuízo a parte insurgente. Ademais, o fato
de o processo estar qualificado como sigiloso não dá azo a qualquer indagação de
nulidade processual. Isto porque, o ato praticado pela psicóloga se restringiu a sua
atribuição profissional. Portanto, agiu dentro da legalidade24.
Em suma, verifica-se nos casos trazidos acima o modo como deve ser
analisada a conduta do profissional liberal, em especial a do psicólogo, mais
especificamente à maneira como atua e trata o processo de modo que averiguada
excessos, ausências ou equívocos na construção de laudos, este profissional venha
a ser responsabilizado diante o prejuízo provocado e, caso se note a ausência dos
pressupostos de responsabilidade civil, seja afastado o dever de indenizar.
5 CONCLUSÃO
24 BRASIL. Tribunal de Justiça de Goiás. Apelação Cível nº 201091518530. Relator Gilberto Mar-
ques Filho. Goiás. Data do julgamento: 13/11/2014.
138
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
139
REFERÊNCIAS
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São Paulo:
LTr, 2017.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017.
140
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 14. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016. v. 1.
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
volume único.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 17. ed. São Paulo, Atlas.
2017.
CHAVES. Antônio Marcos. 30 anos de uso. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 12,
n. 2, p. 4-9, 1992. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1414-98931992000200002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 22
out. 2019.
141
07 Enfermeiro
1 INTRODUÇÃO
142
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
143
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 COFEN. Resolução COFEN nº. 564/2017: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
Disponível em: http: // http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso
em: 2 mar. 2019.
6 PREST, Alzira Cristina. A responsabilidade Civil dos Profissionais de Enfermagem frente aos
erros na Terapêutica Medicamentosa. Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba, v. 59, n. 2,
p. 91-117, 2014.
7 CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº. 564/2017: Código de
Ética dos Profissionais de Enfermagem. Disponível em: http://http://www.cofen.gov.br/resolucao-co-
fen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 2 mar. 2019.
144
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
2 RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 DANO
145
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
146
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
10 “Art. 206. Prescreve: § 3º Em três anos: V – a pretensão de reparação civil;” (BRASIL, 2002).
11 ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. Tradução de Tiago Rodrigues da Gama. 1. ed. São
Paulo: Russel, 2006. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/38727/o-
-contrato-social-de-jean-jacques-rousseau-e-a-filosofia-do-direito. Acesso em: 12 fev. 2021.
147
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
148
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
liberdade, segurança técnica, científica e ambiental, autonomia e ser tratado sem discriminação de
qualquer natureza, segundo princípios e pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos”.
17 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p.
38.
149
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
pelo próprio dever jurídico originário. Isto é, quem descumpriu o dever jurídico
primário. Ademais, afirma-se, a fonte da responsabilidade civil são os atos ilícitos,
em contraste com as fontes de obrigação, que são os atos lícitos, excepcionalmente
têm-se responsabilização sem ato ilícito prévio.
Os atos ilícitos possuem dois sentidos, o stricto sensu e o lato sensu. O
primeiro, está presente no art. 18618 do Código Civil de 2002, de acordo com
o qual a culpa é requerida e representa a responsabilidade subjetiva, englobando
em si a negligência, imprudência e imperícia. Já o segundo, revela-se no art. 18719
e relaciona-se ao abuso de direito, sem que seja necessária a apuração de culpa,
independendo da existência dano. Caracteriza-o, assim, como responsabilidade
objetiva, vislumbrando os valores éticos, sociais que são consagrados no ordenamento
jurídico em defesa do bem comum, e que não se relacionam com a culpa.
A teoria do abuso de direito nasceu na França, no decorrer do século
XX, como uma construção da doutrina e jurisprudência. Inicialmente, objetivava
impedir a prática de direito legítimo de forma abusiva. Isto é, em prejuízo de outra
pessoa, violando a boa-fé e os bons costumes.
Positivado no Brasil no Código Civil Brasileiro de 2002, possuindo
consonância com a legislação francesa, e, assim, caracterizando como a execução
do direito em forma de abuso, mesmo que não haja dano, obtém sanção. Em
contrapartida, deverá haver a ilicitude, pois esta é o dever infringido pelo ato
ilícito. O que, de fato, mostra que se houver prejuízo sem a ilicitude não poderá ser
classificado como responsabilidade civil.
A responsabilidade civil, ainda, caracteriza-se como contratual e
extracontratual. A contratual, é o inadimplemento de contratos entre partes, ou
seja, é a horizontalidade, o particular sendo infringido. Já a extracontratual é o
ilícito, absoluta violação de um dever jurídico previsto em lei.
18 “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
19 “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos dois costumes”.
150
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
20 “§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
21 “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repa-
rá-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
22 “Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular
de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim
de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quan-
do as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável
para a remoção do perigo”.
151
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
23 “Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estive-
rem sob sua autoridade e em sua companhia; II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que
se acharem nas mesmas condições; III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV – os donos de hotéis,
hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação,
pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V – os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia”.
24 “Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa
da vítima ou força maior”.
25 “Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá de-
terminar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
medida poderá ser substituída por outra adequada”.
26 “Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”.
27 BARONI, Larissa Leiros. A cada 5 minutos, 3 brasileiros morrem em hospitais por falhas. Dispo-
nível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/11/22/a-cada-5-minutos-
-3-brasileiros-morrem-em-hospitais-por-falhas.htm. Acesso em: 2 mar. 2019.
152
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
153
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
31 “Art. 21. Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos decorrentes de imperícia, negligen-
cia e imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde”.
32 “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 4° A responsabilidade
pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”.
154
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
33 SOUZA, Néri Tadeu Câmara. Responsabilidade civil do enfermeiro. Direito e Liberdade: Escola de
Magistratura do RN, Mossoró, v. 2, n. 1, p. 337-350, jan./jul. 2006.
34 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p.
804-805.
35 OLIVEIRA, Marcelo Leal de Lima. Responsabilidade civil odontológica. Belo Horizonte: Del Rey,
2000. p. 593-620.
36 “Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”.
37 “Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I – no
pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II – na prestação
de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima”.
38 “Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas
do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que
o ofendido prove haver sofrido”.
39 “Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamen-
to e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se
preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”.
155
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
40 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2015. p. 294.
41 SILVA, Ricardo Duarte da. Relação profissional/paciente: o entendimento e as aplicações éti-
cas legais durante o tratamento ortodôntico. Disponível em: http://biblioteca.universia.net/fica.
do?id=4072678. Acesso em: 23 set. 2018.
42 MACHADO, Maria Helena. A profissão de enfermagem no século XXI. Revista Brasileira de En-
fermagem, Brasília, v. 52, n. 4, p. 589-595, out./dez. 1999.
156
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
43 “Art. 17. Prestar adequadas informações à pessoa, família e coletividade a respeito dos seus direitos,
riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência em enfermagem”.
44 “XIV. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces-
sário ao exercício profissional”.
45 NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 185.
46 “Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das neces-
sidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações
de consumo, atendidos os seguintes princípios: III – harmonização dos interesses dos participantes
das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desen-
volvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações
entre consumidores e fornecedores;”.
157
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
158
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
4 CONCLUSÃO
49 PREST, Alzira Cristina. A responsabilidade Civil dos Profissionais de Enfermagem frente aos erros
na Terapêutica Medicamentosa. Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba, v. 59, n.2, p. 91-
117, 2014.
50 Consagrada pelo Código de Defesa do Consumidor em 1990, no sistema de direito privado,
como um princípio fundamental às relações de consumo e um importante dispositivo frente à luta
as cláusulas abusivas. Já no novo Código Civil de 2002, é abordado pelo Ministro do STJ Paulo de
Tarso Sanseverino em que este atrela o princípio fundamental as relações compostas por honestidade,
lealdade e probidade. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/noticias/100399456/principio-da-
-boa-fe-objetiva-e-consagrado-pelo-stj-em-todas-as-areas-do-direito. Acesso em: 2 mar. 2019.
159
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
160
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
161
REFERÊNCIAS
162
BRASIL. Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L80708.htm. Acesso em: 23 set. 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 19.
ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. II.
163
tribunais. Revista brasileira de anestesiologia, Rio de Janeiro, v. 60, n. 2, p. 207-
214, 2010.
164
SCHMIDT, Maria José; OGUISS, Taka. O exercício da enfermagem sob
o enfoque das normas penais e éticas. In: SANTOS, Elaine Franco dos et
al. Legislação em enfermagem: atos normativos do exercício e do ensino de
enfermagem. São Paulo: Atheneu, 1997.
STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012.
165
08 Fisioterapeuta
1 INTRODUÇÃO
166
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
167
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo:
Saraiva. v. IV. p. 3.
168
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 DIAS, Jefferson Aparecido; MESSIAS, Ewerton Ricardo. Responsabilidade civil contratual e extra-
contratual frente à responsabilidade civil ambiental: uma análise sob o direito pós-moderno. Revista
de Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, v. 24, n. 1, p. 243-265, jan./abr.2019. p. 246-247.
6 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS PROFISSÕES LIBERAIS. Estatuto social da Confedera-
ção Nacional das Profissões Liberais. Brasília, 2018. Disponível em: https://www.cnpl.org.br/wp-con-
tent/uploads/2020/05/ESTATUTO-SOCIAL-CNPL.pdf.
169
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
do serviço, não bastará ao paciente demonstrar que o resultado almejado não foi
alcançado, como a cura de uma enfermidade, por exemplo7.
Assim, caso o paciente se sinta lesado em uma obrigação de meio, poderá
o profissional ser responsabilizado, desde que, comprovada existência de culpa,
cabendo responsabilidade civil subjetiva, tal como está presente no art. 951 do
Código Civil, segundo o qual, é devida a indenização por aquele que, no exercício
de atividade profissional mediante negligência, imprudência ou imperícia, causar
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o
trabalho desde que, comprovado existência de culpa.
Já a obrigação de resultado somente será considerada adimplida ao
atingir os resultados pretendidos de forma efetiva. Ela é muito comum em casos
de cirurgias plásticas estéticas e em serviços de concertos ou reparação, de forma
que o profissional se compromete a alcançar o resultado pretendido e contratado.
Nessa hipótese, o paciente poderá exigir o resultado almejado, de forma que, o
mero inadimplemento já faz jus a presunção da culpa do profissional. Diante desses
ditames observa-se que a natureza do serviço compreende um fator de delimitação
do tipo de obrigação assumida pelo fisioterapeuta8.
O dano poderá ser material, quando há lesão ao patrimônio da vítima
suscetível de valoração pecuniária; ainda que no futuro, representado pelos lucros
cessantes; ou extrapatrimonial, quando não se pode medir os danos causados
economicamente de imediato, corresponde, portanto, ao sofrimento da vítima
diante da ofensa a sua honra, intimidade ou vida privada. Nesse sentido, há a
possibilidade de reparação (compensação) do dano na seara exclusivamente moral
(art. 5º, X, da Constituição Federal) em virtude da violação de um bem que integra
a personalidade da pessoa humana (intimidade, imagem, privacidade etc.)9.
O dano extrapatrimonial, além do âmbito subjetivo (moral), ainda
poderá ser analisado no âmbito objetivo, mediante e existência de dano estético,
biológico ou existencial. O dano estético ocorre quando há alteração no aspecto
físico exterior (transformações na aparência permanente que causa um afeamento à
vítima); já o dano biológico corresponde a cessação ou redução da vida de relação
7 MIRANDA, Luiza Dutra. A responsabilidade civil dos médicos nas cirurgias estéticas. 2012. 70 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianó-
polis, 2012. p. 30.
8 Ibid. p. 30.
9 BEBBER, Júlio César. Danos extrapatrimoniais: estético, biológico e existencial: breves considera-
ções. Revista Ltr: legislação do trabalho, São Paulo, SP, v. 73, n. 1, p. 26-29, jan. 2009.
170
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
10 BEBBER, Júlio César. Danos extrapatrimoniais: estético, biológico e existencial: breves considera-
ções. Revista Ltr: legislação do trabalho, São Paulo, SP, v. 73, n. 1, p. 26-29, jan. 2009.
11 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 468-469.
12 MAHUAD, Cassio; MAHUAD, Luciana Carone Nucci Eugenio. Imputação da responsabilidade
civil: responsabilidade objetiva e subjetiva. In: GUERRA, Alexandre Dartanhan de Melo; BENAC-
CHIO, Marcelo (coord.). Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015.
p. 54.
171
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
172
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
173
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
18 ALMEIDA, Eric. A responsabilidade civil do fisioterapeuta: uma análise crítica da doutrina de juris-
prudência brasileira. Amapá, 2017. p. 12.
19 BARROS, Fábio Batalha Monteiro de. A formação do fisioterapeuta na UFRJ e a profissionalização
da Fisioterapia. Dissertação (Pós-graduação em Saúde Coletiva) – Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, 2002. p. 33-37.
20 OLIVEIRA, Ana Luiza de Oliveira e. Da prática fisioterapista à fisioterapia como profissão, 2011,
226 p. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva, área de concentração Ciências Sociais em Saúde).
Universidade Estadual de Campinas, Campinas. p. 179.
174
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
21 FURTADO, Gabriel Rocha. Responsabilidade civil dos fisioterapeutas e das clínicas de fisioterapia.
Cvilistica.com, a. 3, n. 2. Rio de janeiro, 2014. p .04.
22 BRASIL. Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Cria o Conselho Federal e os Conselhos Regio-
nais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e dá outras providências.
23 REZENDE, Monica de; et al. A equipe multiprofissional da Saúde da Família: uma reflexão sobre
o papel do fisioterapeuta. Ciência & Saúde Coletiva. v. 14, n. 1, 2009. p. 1403-1410
24 Ibid. p. 1406.
175
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
25 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 693454 RS 2004/0143653-9. Rel. Mi-
nistra Eliana Calmon, DJ 14/11/2005, Data de Julgamento: 03/11/2005.
26 FURTADO, Gabriel Rocha. Responsabilidade civil dos fisioterapeutas e das clínicas de fisioterapia.
civilistica.com, a. 3, n. 2. Rio de janeiro, 2014. p. 4-5.
27 REZENDE, Monica de; et al. A equipe multiprofissional da Saúde da Família: uma reflexão sobre
o papel do fisioterapeuta. Ciência & Saúde Coletiva. v. 14, n. 1, 2009. p. 1406.
176
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
do paciente para de decidir sobre a sua pessoa e seu bem estar; informar ao paciente
quanto à consulta fisioterapêutica, diagnóstico e prognóstico fisioterapêuticos,
objetivos do tratamento, condutas e procedimentos a serem adotados; e prestar
assistência fisioterapêutica respeitando os princípios da bioética.
Além disso, conforme artigo 15, do mesmo documento, é proibido ao
fisioterapeuta algumas atitudes, sendo elas:
177
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
sem justa causa, fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão do exercício
de sua profissão, bem como fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir
cliente/paciente/usuário ou sua imagem em anúncios profissionais em qualquer
meio de comunicação, salvo quando autorizado pelo cliente/paciente/usuário ou
seu responsável legal.
Quanto à responsabilidade civil dos fisioterapeutas por erro em sua
atuação profissional, em seu art. 18, apresenta que esta não é diminuída, mesmo
quando cometido na coletividade de uma instituição ou de uma equipe, e será
apurada na medida de sua culpabilidade. Logo, mesmo que um eventual dano
seja causado durante trabalho em conjunto de vários fisioterapeutas, por exemplo,
responderá o profissional de forma subjetiva por sua atuação e será a clinica ou
hospital no qual ocorreu o fato objetivamente responsável pela reparação, seguindo
os ditames do Código Civil (arts. 927,932, III, 933e 934) e do o art. 14 do Código
de Defesa do Consumidor, podendo utilizar-se do direito de regresso contra os
profissionais que tenham participado com culpa para o evento.
Além disso, quando o fisioterapeuta é encarregado da realização de um
procedimento estético, tal obrigação, como já elencado, possuirá natureza jurídica
contratual de obrigação de resultado, já que, o que busca o paciente é meramente a
melhoria de aparência estética. Assim, caso o resultado esperado não seja alcançado
poderá o cliente requerer indenização pelos danos sofridos, de maneira que,
independente da comprovação de que houve todos os cuidados necessários, caberá
responsabilização objetiva do profissional, diante da natureza da obrigação.
Já em situação em que, a titulo de exemplo, um determinado indivíduo
busca um fisioterapeuta com intuito de reaver sua capacidade de caminhar e ter
independência na realização e tarefas diárias, bem como reverter sequelas físicas
e funcionais, deverá o profissional apenas assegurar uma garantia de meio, ou
seja, assumir o compromisso de dedicação do seu conhecimento técnico e arsenal
terapêutico disponível para prover a melhor evolução clínica possível. Assim, o
profissional, não está adstrito ao resultado.
De forma sucinta, quando o fisioterapeuta assume obrigação de meio, deve
realizar a prestação do serviço com zelo, empenho, perícia e prudência de acordo
com as condições técnico-científicas disponíveis, havendo em caso de eventual dano,
responsabilização mediante comprovação de culpa. Já se for obrigação de resultado,
deverá o profissional, entregar o serviço conforme acordado com o paciente,
de maneira que, em caso de resultado indesejado do procedimento, assumirá o
178
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
profissional o dever de indenizar, tal como presente no art. 18630 do Código Civil
e no parágrafo único do art. 92731 do mesmo dispositivo legal, salvo, por meio de
prova de que houve durante o procedimento, ou posterior a ele, o rompimento do
nexo de causalidade entre o dano e a ação do profissional, mediante, por exemplo,
fator imprescindível, caso fortuito ou força maior, ou por comprovação de que o
dano ocorreu devido culpa exclusiva da vitima ou de terceiro.
Antes de iniciar o tratamento do seu paciente, deve o fisioterapeuta
deixar claro todas as etapas do processo de recuperação, bem como as técnicas a
serem utilizadas, pois, o profissional se mostra como detentor dos conhecimentos
técnicos, logo, precisa manter um diálogo aberto com seu paciente, mantendo-o
ciente de todos os procedimentos, eventuais medicamentos e exames necessários,
gravidade da doença, se for o caso, assim como, os tratamentos possíveis e o
desenvolvimento de cada um, os benefícios que se espera alcançar e os riscos dos
procedimentos, ou seja, é preciso proporcionar ao paciente as condições necessárias
para que possa entender e expressar a sua vontade em relação à própria saúde,
devendo a informação não se limitar meramente ao procedimento específico, mas
abranger tudo o que interferir no estado de saúde ou no quadro clínico do paciente/
cliente. O direito de informar qualifica direito básico, de maneira que, a omissão do
profissional poderá acarretar em obrigação de indenizar, diante da não transparência
quanto aos riscos do procedimento feitos pelo fisioterapeuta e não observância ao
art. 14, V, do Regulamento 424 do COFFITO, bem como do art. 31 do CDC32.
A responsabilização do fisioterapeuta, também pode ser vista para além
do direito brasileiro. De acordo com análise realizada da responsabilização civil
do fisioterapeuta no direito polonês, existem três formas de responsabilização
deste profissional. A primeira é o cumprimento indevido da obrigação assumida
ou o não cumprimento integral da obrigação, a segunda é a ocorrência de danos
que constituem perda ou deficiência do paciente, e por fim, a terceira maneira
que é a existência de causa próxima (nexo causal) entre o cumprimento indevido
30 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
31 Art. 927. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem
32 LEMOS, Victória Ferreira de Oliveira; ARAÚJO, Ana Thereza Meirelles. O aumento do número
de ações judiciais no âmbito da relação médico-paciente pela violação do dever de informação. 2019. 25 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Católica do Salvador. Salvador, 2019.
p. 9-11.
179
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
33 POLÔNIA. Código Civil de 23 de abril de 1964. Art. 361. “Causal relationship; damage. § 1. A
person obliged to pay compensation is liable only for normal consequences of the actions or omis-
sions from which the damage arises. § 2. Within the above limits, in the absence of a provision of
the law or contract to the contrary, remedy ofdamage covers the losses which the aggrieved party has
suffered, and the benefits which it could have obtained had it not suffered the damage.”
34 BIDZIŃSKA, Gabriela; KOŁODYŃSKI. Patryk. Medical error and the civil liability of physio-
therapists. Puls Uczelni, Poland, v. 10, 3 ed, p.38-40, 2016. p. 39.
35 Ibid. p. 39.
36 Ibid. p. 39.
180
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
181
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
182
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
183
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
39 FURTADO, Gabriel Rocha. Responsabilidade civil dos fisioterapeutas e das clínicas de fisiotera-
pia. Civilistica.com, a. 3, n. 2. Rio de janeiro, 2014. p. 14.
40 Ibid. p. 14.
41 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Apelação cível nº AC 0000128-85.2008.8.19.0082.
Apelante: Lucia Eulalia Ramos De Freitas. Apelada: Clinica De Fisioterapia HALFELD. Relator: Des.
Gilberto Dutra Moreira. Rio de Janeiro, 02 de junho de 2010.
184
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CONCLUSÃO
42 FURTADO, Gabriel Rocha. Responsabilidade civil dos fisioterapeutas e das clínicas de fisioterapia.
civilistica.com, a. 3, n. 2. Rio de janeiro, 2014. p. 11-12.
185
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
186
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
187
REFERÊNCIAS
188
CAVALCANTE, Lara Campelo. O princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana como fundamento da produção da existência em todas as suas formas. 115 f.
Dissertação (mestrado) – Universidade de Fortaleza, Fortaleza, 2007.
189
Alexandre Dartanhan de Melo; BENACCHIO, Marcelo (coord.).
Responsabilidade civil. São Paulo: Escola Paulista da Magistratura, 2015.
NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
190
09 Fonoaudiólogo
1 INTRODUÇÃO
1 STERZA, Valentino. Plantas mágicas no medievo: mulheres, magia e igreja. 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/16652/1/VS31102019.pdf. Acesso em: 3 fev.
2021
2 MÁRQUEZ, Gabriel García. Do amor e outros demônios. Rio de Janeiro: Record, 1993. passim.
191
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
3 “Um jovem médico de Salamanca abriu a ferida fechada de Sierva María e pôs-lhe umas cata-
plasmas cáusticas para extrair os humores rançosos. Outro tentou a mesma coisa com sanguessugas
nas costas. Um barbeiro sangrador lavou a ferida com a urina dela própria e outro a fez bebê-la. Ao
fim de duas semanas ela havia suportado dois banhos de ervas e duas lavagens emolientes por dia, e
levaram-na à beira da agonia com cozimentos de antimônio natural e outros filtros mortais. A febre
cedeu, mas ninguém ousou proclamar que a raiva estivesse conjurada. Sierva María sentia-se morrer.
A princípio resistia com o orgulho intacto, mas após duas semanas sem nenhum resultado tinha uma
úlcera de fogo no tornozelo, a pele escaldada por sinapismos e vesicatórios, e o estômago em carne
viva. Passara por tudo: vertigens, convulsões, espasmos, delírios, solturas de ventre e de bexiga, e se
retorcia no chão uivando de dor e de fúria.” Ibid. p. 34-35.
4 ASSIS, Machado de. O alienista. Rio de Janeiro: Penguin e Companhia das Letras, 2014. passim.
5 “Ato contínuo, recolheu-se à Casa Verde. Em vão a mulher e os amigos lhe disseram que ficasse,
que estava perfeitamente são e equilibrado: nem rogos nem sugestões nem lágrimas o detiveram um só
instante. – A questão é científica – dizia ele. – Trata-se de uma doutrina nova, cujo primeiro exemplo
sou eu. Reúno em mim mesmo a teoria e a prática. – Simão! Simão! Meu amor! – dizia-lhe a esposa
com o rosto lavado em lágrimas. Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica,
trancou os ouvidos à saudade da mulher e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde,
entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses
no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjetu-
rar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí, mas esta opinião, fundada em um boato que
correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato[...].” ASSIS, Machado de. O
Alienista. Rio de Janeiro: Penguin e Companhia das Letras, 2014. p. 61.
6 REZENDE, Rodrigo. Doutores da agonia: por dentro da ciência nazista. 2019. Disponível em:
https://super.abril.com.br/ciencia/doutores-da-agonia/. Acesso em: 3 fev. 2021.
192
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
193
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
8 PERES, Arsenio Sales; PERES, Silvia Helena de Carvalho Sales; SILVA, Ricardo Henrique Alves
da; CALDANHA, Magali de Lourdes. In: O Fonoaudiólogo Frente ao Erro Profissional. Jornal Bra-
sileiro de Fonoaudiólogia, [s. l], p. 60-65, 2006. p. 63.
9 CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Código de Ética da Fonoaudiologia. Dis-
ponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/legislac%CC%A7a%CC%83o/codigo-de-etica/.
Acesso em: 3 fev. 2021.
10 BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
194
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
195
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
imprudência causem dano a outrem ou que violem alguma regra positivada que
rege as relações sociais15 e ainda nas circunstâncias de abuso do direito. Sendo
constituída por quatro elementos, a conduta humana, a culpa genérica ou lato
sensu, o dano e o nexo de causalidade (Teoria Subjetiva). E sujeitando os autores
ao pagamento de uma indenização à vítima, como uma tentativa de reparação,
compensação e mitigação de danos16.
Dentre os elementos constitutivos, temos a conduta humana, a qual é
caracterizada por ser o elemento gerador da responsabilidade, podendo ocorrer por
meio de uma ação voluntária, chamada comumente de positiva, ou por uma ação
negativa, aquela decorrente de uma negligência, imprudência ou imperícia17. A
culpa, por sua vez, é o não cumprimento de um dever preexistente, podendo esse
descumprimento ocorrer de forma dolosa, sendo intencional, ou culposa, por meio
de uma imprudência, negligencia ou imperícia18.
Temos ainda o dano, o qual pode ser material ou imaterial e corresponde
a perda, o sofrimento, ou o mal ao qual a vítima foi exposta19. E, por fim, o nexo
de causalidade, o qual consiste na relação existente entre a conduta praticada e o
dano ocorrido. Trata-se de uma relação de causa e efeito, a ação praticada precisa ter
gerado aquele dano sofrido, estabelecendo-se assim o nexo de causalidade20.
A responsabilidade civil pode ser classificada em subjetiva e objetiva. A
primeira, se constitui na ideia de que uma pessoa deve ser responsabilizada pela
sua própria culpa e é decorrente de casos onde por um ato doloso ou culposo do
agente, a vítima venha a sofrer um dano. Desse modo, a vítima possui o direito de
receber uma reparação daquele que lhe causou o prejuízo, sendo necessário que ela
comprove a culpa do agente21.
A segunda modalidade da responsabilidade, a objetiva, se caracteriza por
não ser necessário comprovar a culpa do autor. Para que este possua a responsabilidade
15 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: respon-
sabilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 39.
16 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Método, 2015. p. 372.
17 Ibid. p. 373.
18 Ibid. p. 375-377.
19 Ibid. p. 406.
20 Ibid. p. 387.
21 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 43-44.
196
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
legal de indenizar basta que se comprove o nexo causal entre a atitude dele e o dano
gerado. Esta modalidade será aplicada apenas nos casos previstos em lei, como
determina o art. 927 do Código Civil22 e ainda nas atividades de risco (P. Ú., art.
927, CC). Contudo, caso o autor comprove, por exemplo, que o dano foi causado
por culpa exclusiva da vítima, este poderá ser eximido da obrigação de indenizar23.
Ademais, pode ser classificada também em extracontratual ou aquiliana,
quando é decorrente da violação de uma norma positivada, de um ato ilícito. E em
contratual, a qual ocorre quando a conduta praticada se configura como contraria
uma norma jurídica contratual anteriormente existente entre as partes. Nesse caso,
o não cumprimento (inexecução) dessa obrigação antes estabelecida é que vai
ocasionar o dano.
A existência do instituto da responsabilidade civil e do dever de indenizar
possui algumas funções, em linhas gerais, a reparatória que visa ressarcir a vítima
(dano patrimonial) e no caso do dano moral, o aspecto compensatório, ou seja,
compensar, ou pelo menos tentar compensar/amenizar o dano sofrido. A função
punitiva, a qual ocorre para com o agente, como forma de desestimulá-lo a realizar
ações que causem dano a outrem. E a função precaucional, a qual busca inibir
que qualquer outra pessoa realize uma atividade que possa causar dano a outrem,
ficando inclusive alerta para que não o faça mesmo sem intenção24.
Com base nestas funções basilares da responsabilidade civil, os tribunais
do país têm se dedicado cada vez mais a obtenção de justiça em casos envolvendo o
instituto. Analisando-se cada vez mais profundamente os danos que foram causados
à vítima e os impactos em suas vidas e não mais apenas as condutas do agente25.
Desse modo, para se aferir a responsabilidade de um fonoaudiólogo para com o
seu paciente, será feita toda uma análise das obrigações desse profissional para com
o ofendido, levando sempre em consideração os danos ao qual esse foi exposto, e
funcionando como um mecanismo de garantia de direitos.
22 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
23 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 44-45.
24 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. Salvador: Juspodivm, 2017. p. 62.
25 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 13. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018. v. 4. p. 45.
197
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
26 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 272.
27 Ibid. p. 273.
28 Ibid. p. 273.
198
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
29 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsa-
bilidade civil. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 276.
30 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 3 fev. 202.
31 BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1926. 5 v. p. 329-330
199
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
com os cuidados necessários naquela prática. Podendo ainda a culpa, ser fruto de
uma imperícia, uma ausência de habilidade e capacidade técnica32.
Ademais, temos que a responsabilidade civil dos profissionais liberais é
de natureza subjetiva, a qual será regulada pelo Código de Defesa do Consumidor,
por se tratar de uma lei especial e, de tal modo, o CDC prevalecerá sobre o Código
Civil de 2002. Destarte, o Código de Defesa do consumidor reforça a necessidade
de comprovação do elemento culpa, no caso dos profissionais liberais, por força
do § 4° do seu art. 1433, ao afirmar explicitamente que a responsabilidade dos
profissionais liberais somente poderá ser visualizada mediante a comprovação da
culpa deste.
4 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA
32 PERES, Arsenio Sales; PERES, Silvia Helena de Carvalho Sales; SILVA, Ricardo Henrique Alves
da; CALDANHA, Magali de Lourdes. O Fonoaudiólogo frente ao erro profissional. Jornal Brasileiro
de Fonoaudiólogia, [s. l], p. 60-65, 2006. p. 62.
33 BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 3 fev. 2021.
34 BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível nº 70083302984. Relator: De-
sembargador Tasso Caubi Soares Delabary. Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurispruden-
cia/801957965/apelacao-civel-ac-70083302984-rs/inteiro-teor-801957974. Acesso em: 4 fev. 2021.
200
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
201
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
202
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
203
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
ter sido vítima, não foi verificada a presença de negligência. Logo, a sentença que
julgou improcedente os pedidos da autora se mantiveram.
Ao analisar este caso, também se percebe semelhanças com a situação do
fonoaudiólogo. Novamente o desembargador ressalta a necessidade de comprovação
da culpa para responsabilizar civilmente um profissional liberal. E que no processo
de aferição da existência dessa culpa se mostra indispensável ter em mente de que
se trata de uma obrigação de meio.
5 CONCLUSÃO
204
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
205
REFERÊNCIAS
206
CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Código de Ética
da Fonoaudiologia. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/
legislac%CC%A7a%CC%83o/codigo-de-etica/. Acesso em: 3 fev. 2021.
PERES, Arsenio Sales; PERES, Silvia Helena de Carvalho Sales; SILVA, Ricardo
Henrique Alves da; CALDANHA, Magali de Lourdes. O fonoaudiólogo frente ao
erro profissional. Jornal Brasileiro de Fonoaudiólogia, [s. l], p. 60-65, 2006.
207
10 Farmacêutico
1 INTRODUÇÃO
208
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
1 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 854.
2 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 1.
3 Provém da expressão em latim Neminem laedere.
4 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 854.
5 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 2.
6 Ibid. p. 2.
7 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 5.
209
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
8 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 855.
9 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 2.
10 TARTUCE, Flávio. Manual de responsabilidade civil. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018. p. 60.
11 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 124.
12 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 10.
13 Ibid. p. 11.
14 Ibid. p. 11.
210
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
15 A ilicitude não se restringe apenas ao âmbito cível, mas também é presente na esfera penal.
16 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
17 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 133.
18 Ibid. p. 133-134.
19 Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifes-
tamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
20 TARTUCE, Flávio. Manual de responsabilidade civil. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018. p. 65.
21 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 12.
22 MIRAGEM, Bruno. Direito civil: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 130.
211
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
23 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repa-
rá-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
24 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 864.
25 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 202.
26 JOSSERAND, Louis. Evolução da responsabilidade civil. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 86, p.
548-559, junho, 1941. p. 53-54.
27 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 212-213.
28 p. 213.
29 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 16.
212
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
30 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 865.
31 Ibid. p. 866.
32 Em outras normas existe a superação de tal distinção clássica. No que diz respeito ao fornecedor
de produtos ou serviços, o Código de Defesa do Consumidor em seu art. 17, equipara o consumidor
a todas as vítimas de acidente de consumo, e submete a responsabilidade ao fornecedor mediante o
fundamento da violação do dever de segurança pelo produto ou serviço lançado no mercado que gera
um acidente de consumo. CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2012. p. 17.
33 Ibid. p. 16.
34 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 867.
35 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 37.
36 Estado anterior ou originário.
37 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 14.
38 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 37.
213
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
39 Ibid. p. 37.
40 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 872.
41 Ibid. p. 881.
42 TARTUCE, Flávio. Manual de responsabilidade civil. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018. p. 212.
43 Englobando a intenção de causar prejuízo e a culpa stricto sensu, enquanto desrespeito a um dever
preexistente de contrato, lei ou senso comum. Ibid. p. 214.
44 Ibid. p. 214.
214
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
45 Art. 1º A profissão farmacêutica em todo o território nacional será exercida exclusivamente por
farmacêutico diplomado por instituição de ensino oficial ou a este equiparado, cujo título ou diploma
seja previamente registrado no Departamento Nacional de Saúde Pública, no Distrito Federal, e nas
repartições sanitárias competentes, nos Estados. (Decreto nº 20.377/1931).
46 Medicamentos personalizados preparados em farmácia, sendo específico para atender as necessi-
dades individuais de um paciente, levando em consideração aspectos como idade, altura, gênero, etc.
47 Medicamentos preparados com plantas em oposição aos preparados com substâncias químicas
puras.
48 Relativo a medicamentos que são preparados em farmácias.
49 Art. 2º O exercício da profissão farmacêutica compreende: a) a manipulação e o comércio dos
medicamentos ou remédios magistrais; b) a manipulação e o fabrico dos medicamentos galênicos e
das especialidades farmacêuticas; c) o comércio direto com o consumidor de todos os medicamentos
oficinais, especialidades farmacêuticas, produtos químicos, galênicos, biológicos, etc., e plantas de
aplicações terapêuticas; d) o fabrico dos produtos biológicos e químicos oficinais; e) as análises re-
clamadas pela clínica médica; f ) função de químico bromatologista, biologista e legista. (Decreto nº
20.377/1931).
50 Art. 3º As atribuições estabelecidas no artigo precedente não podem ser exercidas por mandato
nem representação. (Decreto nº 20.377/1931).
51 Art. 2º [...] §1º As atribuições das alíneas c a f não são privativas do farmacêutico. (Decreto nº
20.377/1931)
215
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
216
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
56 Art. 3º [...] Parágrafo único. As farmácias serão classificadas segundo sua natureza como: [...]
II – farmácia com manipulação: estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais,
de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de
dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de
assistência médica. (Lei nº 13.021/2014).
57 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela re-
paração dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 4° A responsabilidade
pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
58 TARTUCE, Flávio. Manual de responsabilidade civil. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018. p. 852.
59 MORAES, Maria Celina Bodin de; GUEDES, Gisela Sampaio da Cruz. À guisa de introdução:
o multifacetado conceito de profissional liberal. In: MORAES, Maria Celina Bodin de; GUEDES,
Gisela Sampaio de Cruz (coord.). Responsabilidade civil de profissionais liberais. Rio de Janeiro: Foren-
se, 2016. p. 3-7.
60 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
p. 584.
61 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 468.
217
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
62 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 468. p. 468.
63 Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
64 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 469.
65 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 274.
66 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 38.
218
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
67 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 469.
68 Ibid. p. 470.
69 Enunciado 460, V Jornada de Direito Civil: A responsabilidade subjetiva do profissional da área
da saúde, nos termos do art. 951 do Código Civil e do art. 14, § 4º, do Código de Defesa do Con-
sumidor, não afasta a sua responsabilidade objetiva pelo fato da coisa da qual tem a guarda, em caso
de uso de aparelhos ou instrumentos que, por eventual disfunção, venham a causar danos a pacientes,
sem prejuízo do direito regressivo do profissional em relação ao fornecedor do aparelho e sem prejuízo
da ação direta do paciente, na condição de consumidor, contra tal fornecedor. Enunciado 460, V Jor-
nada de Direito Civil. Brasília: CJF, 2012. Disponível em: https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-
-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/vjornadadireitocivil2012.
pdf. Acesso em: 26 jan. 2021.
70 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 471.
71 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 155-156.
72 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; NETTO, Felipe Peixoto Braga. Curso de
direito civil: responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 174.
219
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
73 Art. 2º O farmacêutico atuará com respeito à vida humana, ao meio ambiente e à liberdade de
consciência nas situações de conflito entre a ciência e os direitos e garantias fundamentais previstos na
Constituição Federal. (Anexo I, Art. 2º, Resolução CFF nº 596/2014).
74 Art. 10. O farmacêutico e o proprietário dos estabelecimentos farmacêuticos agirão sempre so-
lidariamente, realizando todos os esforços para promover o uso racional de medicamentos. (Lei nº
13.021/2014).
75 Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde
ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações neces-
sárias e adequadas a seu respeito.
76 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. 2º Câmara Cível. Apelação Cível nº
28.470/2001. Relator: Des. Sergio Cavalieri Filho. Disponível em: http://www.tjrj.jus.br/. Acesso em:
28 jan. 2021.
77 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela repa-
ração dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
220
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso
quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modo de seu fornecimento; II – o resultado e os riscos
que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi fornecido. §2º O serviço não é consi-
derado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será respon-
sabilizado quando provar: I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa exclusiva
do consumidor ou de terceiros. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa.
78 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016. p. 583.
79 Ibid. p. 585.
80 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. 2º Câmara Cível. Apelação Cível nº
28.470/2001. Relator: Des. Sergio Cavalieri Filho. Disponível em: http://www.tjrj.jus.br/. Acesso em:
28 jan. 2021.
81 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. 8º Câmara Cível. Apelação Cível nº 0017088-
67.2009.8.16.0017, da 3ª Câmara Cível de Maringá/PR. Relator: Des. Clayton Maranhão. Disponí-
vel em: https://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em: 28 jan. 2021.
221
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
82 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. 8º Câmara Cível. Apelação Cível nº 0017088-
67.2009.8.16.0017, da 3ª Câmara Cível de Maringá/PR. Relator: Des. Clayton Maranhão. Disponí-
vel em: https://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/. Acesso em: 28 jan. 2021.
83 Ibid.
84 Art. 44. O farmacêutico deverá avaliar as receitas observando os seguintes itens: I – legibilidade
e ausência de rasuras e emendas; II – identificação do usuário; III – identificação do medicamento,
concentração, dosagem, forma farmacêutica e quantidade; IV – modo de usar ou posologia; V –
duração do tratamento; VI – local e data da emissão; e VII – assinatura e identificação do prescritor
com o número de registro no respectivo conselho profissional. Parágrafo único. O prescritor deve ser
contatado para esclarecer eventuais problemas ou dúvidas detectadas no momento da avaliação da
receita. (Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA – RDC nº 44/2009).
85 Art. 42. O estabelecimento farmacêutico deve assegurar ao usuário o direito à informação e
orientação quanto ao uso de medicamentos. [...] §2º São elementos importantes da orientação, entre
outros, a ênfase no cumprimento da posologia, a influência dos alimentos, a interação com outros
medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação do
produto. (Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA – RDC nº 44/2009).
86 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] III – a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
87 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
222
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
88 CHAIB, Laila Ferreira. A responsabilidade civil dos fabricantes e fornecedores de produtos farmacêu-
ticos. 2005. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6207/a-responsabilidade-civil-dos-fabricantes-
-e-fornecedores-de-produtos-farmaceuticos. Acesso em: 26 jan. 2021.
89 Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respon-
dem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumido-
res por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos. [...] § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou im-
portador só não será responsabilizado quando provar: I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III – a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiros.
90 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil. 1. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. p. 920.
91 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 69.
92 Súmula 187 STF: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com passageiro,
não é ilidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
223
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
93 Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
94 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 71-72.
95 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016. p. 603.
96 Ibid. p. 605.
97 Ibid. p. 605.
98 Ibid. p. 607.
224
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
5 CONCLUSÃO
225
REFERÊNCIAS
226
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D74170.
htm. Acesso em: 20 jan. 2021.
227
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2012.
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016.
MIRAGEM, Bruno. Direito civil: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva, 2015.
228
MORAES, Maria Celina Bodin de; GUEDES, Gisela Sampaio de Cruz (coord.).
Responsabilidade civil de profissionais liberais. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
229
11 Biomédico
1 INTRODUÇÃO
230
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
mesmo, por fim, na última parte do trabalho fez uma análise de uma decisão
judicial sobre o tema.
Quanto ao aspecto metodológico, a presente pesquisa fez uso do
método dedutivo e da pesquisa exploratória, analisando a legislação, a doutrina e a
jurisprudência sobre o assunto. O levantamento jurisprudencial foi feito através do
uso da plataforma JusBrasil, encontrando-se apenas uma decisão judicial expedida
pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso.
1 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 11. ed. Rio de Janeiro, Forense, 2021. p. 563.
2 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 20 fev. 2021.
3 BRASIL. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm.
Acesso em: 20 fev. 2021.
231
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
O consumidor pode ser tanto uma pessoa física ou jurídica que vai
se utilizar de um serviço ou produto; enquanto que o fornecedor é toda pessoa
física, jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira que desenvolve diversas
atividades, sendo algumas delas: montagem, criação, construção, transformação,
distribuição referentes a produtos ou também prestação de serviços.
Conforme o art. 4°, da referida lei, a:
4 SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor anotado. São Paulo:
Saraiva, 2001. p. 366.
5 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 11. ed. Rio de Janeiro, Forense, 2021. p. 778
232
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
6 BRASIL. Lei n° 3.071, de 1 de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm. Acesso em: 26 de fev. 2021.
7 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 34. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020, v. 7. p. 53
8 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. 10.ed. São Paulo:
étodo, 2015. v. 2.
9 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 34. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020, v. 7; MEDEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo. 3. ed. São Paulo: LTr,
2012. p. 28.
233
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
quando alguém causar dano a outro possui a obrigação de reparar. Sendo assim,
a atividade exercida que gerou o dano é considerada lícita, mas causou perigo à
pessoa, dessa maneira, quem ocasionou o dano terá a obrigação de reparar devido
ao nexo de causalidade que deverá ser comprovado pela vítima10.
Um dos pressupostos para a concessão de indenização no âmbito
da responsabilidade objetiva é a existência de prejuízo da vítima. A obrigação,
portanto, consiste em ressarcir o consumidor por determinado prejuízo que teve,
seja de natureza patrimonial ou moral, sendo necessário algum motivo/coisa para
obter reparação.
Outro pressuposto é a existência do nexo de causalidade entre o dano
e ação, ou seja, se houver o dano e não for comprovado que ele ocorreu devido
à conduta do agente, não se fará jus à indenização. Para que não se faça jus a
essa indenização, é preciso comprovação da força maior, caso fortuito ou culpa da
vítima.
Nos termos do art.14, §3 do CDC são causas excludentes de
responsabilidade, ocorrendo rompimento do nexo de causalidade: i) a inexistência
do defeito; ii) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
À vista disso, a culpa será certificada quando a atividade do fornecedor
estiver diretamente ligada à atividade do profissional liberal, isso ocorre devido
a existência da única possibilidade do fornecedor se eximir da indenização,
confirmando a excludente de ilicitude. Conclui-se que por mais que a
responsabilidade objetiva deva ocorrer sem a verificação da culpa, isso não acontece
na prática quando se refere a atividade de profissionais liberais, mas ocorre na
responsabilidade subjetiva11.
No tocante aos profissionais liberais, no entanto, a responsabilidade
é subjetiva, nos termos do art. 14, §4º, do CDC. Quanto à esta espécie de
responsabilidade é possível asseverar que o fato gerador já é considerado ilícito,
pois o imputado não cumpre com o considerado justo e correto, de modo que
o prejuízo deve ser ressarcido, quando houver a comprovação de dolo ou culpa
10 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 34. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020, v. 7; MEDEIROS NETO, Xisto Tiago de. Dano moral coletivo. 3. ed. São Paulo: LTr,
2012. p. 71
11 BRASIL. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm.
Acesso em: 20 fev.2021.
234
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
12 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 34. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020, v. 7. p. 71
13 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. 10.ed. São Paulo:
Método, 2015. v. 2. p. 910
14 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 34. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020, v. 7. p. 325.
15 CALDEIRA, M. A. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento do código
de defesa do Consumidor. Portal Metodista, v.1, n.1. p. 309- 323. 2004. p. 316.
235
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
exame laboratorial”16, o qual deve ser certo e específico, não havendo que se falar
em obrigação de meio. Da mesma forma, a obrigação será de resultado quando o
procedimento for estético.
16 LEITIS, Diovany. M.G. A responsabilidade civil dos biomédicos e o ato profissional FURB.
Revista Jurídica, v. 15, n° 29, p. 03-14, jan./jul. 2011. p. 11.
17 CALDEIRA, M. A. A responsabilidade civil dos profissionais liberais com o advento do código
de defesa do Consumidor. Portal Metodista, v.1, n.1. p. 309- 323. 2004. p. 312.
18 PRUX, Oscar Ivan. Responsabilidade civil do profissional liberal no Código de Defesa do Con-
sumidor. Belo Horizonte: Del Rey, 1998. p. 107
236
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS DA ÁREA DA SAÚDE
19 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
p. 570.
20 CABRAL, Boeachat. Consentimento informado: Aspectos da relação jurídica odontólogo-paciente
sob o enfoque da responsabilidade civil e do direito do consumidor. 2008. 18 f. p. 5. Disponível
em: http://www.pgj.ce.gov.br/orgaos/orgaosauxiliares/cao/caocc/dirConsumidor/artigos/01_consen-
timento.informado.pdf. Acesso em: 18 fev. 2021
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4 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL
22 LEITIS, Diovany. M.G. A responsabilidade civil dos biomédicos e o ato profissional FURB. Revista
Jurídica, v. 15, n° 29, p. 03-14, jan./jul. 2011.p. 13.
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apelante, de modo a confirmar que a atitude deste foi, no mínimo, negligente “ao
expedir um resultado de exame positivo sem a devida conferência”.
Ora, cabe nesse caso, ressaltar o artigo 6°, do CDC, o qual expõe os
direitos básicos do consumidor, dentre eles, está o direito à proteção da vida, saúde
e segurança referentes aos riscos que forem provocados pela prática do fornecimento
de produtos e serviços, ou seja, o serviço de exame médico, em que esse deve ser
realizado de maneira prudente para que não haja erros que possam acarretar ao
paciente prejuízos e consequências graves para seu estado de saúde.
Em síntese, quando ocorre a culpa do profissional liberal e esta é
comprovada pela vítima (laudo com informações incorretas), existe ato ilícito por
não cumprir as normas que são designadas para tal profissão, além de comprovar
a existência do dano e o nexo causal23. Evidencia-se, assim, a existência da
responsabilidade subjetiva.
5 CONCLUSÃO
23 LEITIS, Diovany. M.G. A responsabilidade civil dos biomédicos e o ato profissional FURB. Revista
Jurídica, v. 15, n° 29, p. 03-14, jan/jul. 2011.
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