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Jesus, o presente de Deus (João 8.

1-11)
INTRODUÇÃO
I.1 É Natal! Nasceu o Salvador, o menino Deus, a Luz do mundo. Nós comemoramos o
Natal com muitas festas e presentes. Alguns não podem dar presentes caros, por isso dá
apenas uma “lembrancinha”. Mas todo presente traz boas lembranças. Quando eu era muito
pequeno, ganhei do meu avô um prendedor de papéis, que era uma garra de ferro com mola,
no formato de uma mão. Eu devia ter uns quatro ou cinco anos; ele me disse que era para eu
usar no meu escritório, quando eu tivesse um. Meu avô já havia trabalhado como “guarda
livros”, que era uma espécie de contador, na época. Eu nunca me esqueci disto, e durante
muito tempo eu guardei aquele presente, esperando o dia em que eu teria um escritório para
poder utilizar o prendedor de papéis. Devo tê-lo guardado ainda, mas não sei onde. Isto faz
mais de cinquenta anos, e eu nunca me esqueci daquela conversa.
I.2 Neste parágrafo de João há uma história inesquecível, emocionante e famosa, que
originou o provérbio popular “atire a primeira pedra quem nunca...”. Naquele memorável dia,
uma mulher adúltera teve um grande presente, a sua própria vida resguardada pelo perdão de
seu pecado mortal. O próprio Jesus foi para ela um grande presente de Deus, assim como ele
é para todos nós.
I.3 Podemos notar que o presente de Deus para nós, fazendo descer do céu o seu
próprio Filho, que se fez carne e habitou entre nós, nos traz pelo menos TRÊS LEMBRANÇAS,
que podemos identificar nesta emocionante história.
1 – TODOS TEMOS O DEVER DE CUMPRIR A LEI (1-6)
1 Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. 2 De madrugada, voltou
novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava. 3
Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em
adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 4 disseram a Jesus: Mestre, esta
mulher foi apanhada em flagrante adultério. 5 E na lei nos mandou Moisés que tais
mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? 6 Isto diziam eles tentando-o, para
terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.
1.1 Jesus não respondeu à pergunta feita pelos homens que levaram para o meio da
rua a mulher apanhada em flagrante adultério. Ele simplesmente ignorou. Seu silêncio,
porém, podia ser interpretado como uma resposta: “Moisés mandou apedrejar? Então sigam
em frente, se é isto que tem que ser feito!”. Se fosse um brasileiro comum no lugar dele, teria
certamente intercedido pela mulher: “deixa disso, manda ela embora de casa e pronto, tá
resolvida a questão”. Mas Jesus era um bom judeu, e sabia da importância da Lei. O adultério é
um pecado gravíssimo, e não podia, de maneira nenhuma, ser ignorado. Todos temos o dever
de cumprir a lei.
1.2 Jesus veio para cumprir a lei
[...] vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei [...] (Gálatas 4.4)
(Lucas 2.21-24) Completados oito dias para ser circuncidado o menino, deram-lhe o
nome de Jesus, como lhe chamara o anjo, antes de ser concebido. Passados os dias da
purificação deles segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o
apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: Todo
primogênito ao Senhor será consagrado; e para oferecer um sacrifício, segundo o que
está escrito na referida Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.
(Mateus 3.13-15) Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o Jordão, a fim de
que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado
por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim,
nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu.
(Mateus 5.17,18) Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para
revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra
passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
1.3 Nós também não estamos isentos do cumprimento da lei
Tiago 2.8-10
8 Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo, fazeis bem; 9 se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis
pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. 10 Pois qualquer que guarda
toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.
1.4 E, por não a cumprirmos plenamente, somos considerados transgressores:
1 João 3.4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado
é a transgressão da lei.
1.5 A transgressão da lei condena o homem à morte:
Romanos 7.7-12
7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o
pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não
dissera: Não cobiçarás. 8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento,
despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o
pecado. 9 Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e
eu morri. 10 E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me
tornou para morte. 11 Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo
mesmo mandamento, me enganou e me matou. 12 Por conseguinte, a lei é santa; e o
mandamento, santo, e justo, e bom.
1.6 Todos temos o dever de cumprir a lei, e a vinda de Jesus, o presente de Deus para
nós, nos traz isto à lembrança. Se ele cumpriu toda a lei, tendo as mesmas limitações e
fraquezas que qualquer ser humano, nós também seríamos capazes de cumpri-la; somos
indesculpáveis.
2 – TODOS SOMOS PECADORES (7-9)
7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. 8 E, tornando a inclinar-se,
continuou a escrever no chão. 9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela
própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até
aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.
2.1 Os judeus não estavam contentes com a resposta tácita de Jesus, pois queriam
ouvir de sua boca que a mulher, segundo a lei, deveria ser apedrejada. Assim poderiam acusá-
lo diante do governo romano de incitar um assassinato (pois era proibido aos judeus executar
pena de morte, que era atributo exclusivo do governo). Se Jesus dissesse que não deveriam
apedrejá-la, então poderiam acusá-lo de descumprir a lei religiosa dos judeus. Mas Jesus
respondeu com a sabedoria do Espírito Santo. Ele não disse que ela não merecia ser
apedrejada, mas impôs uma condição: o primeiro a atirar a pedra deveria ser alguém que não
tivesse nenhum pecado. Com isto, tocou na consciência de todos eles que, a começar pelos
mais velhos, até aos últimos, foram se retirando.
2.2 Jesus mostrou que não basta o cumprimento “à risca” da lei, mas é necessário ter
uma consciência limpa diante de Deus.
(Mateus 5.20-24) Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. Ouvistes que foi dito aos
antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo
que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do
tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao
trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão;
e, então, voltando, faze a tua oferta.
2.3 Jesus apelou muitas vezes para a nossa consciência, como em Lucas 6.41-46
Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está
no teu próprio? Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro
do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de
teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê
bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se
colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do
bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca
fala do que está cheio o coração. Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o
que vos mando?
2.4 Quem não está andando segundo a lei de Deus tem o que costumamos chamar de
“consciência pesada”.
João 16.8 Quando ele vier, convencerá <1651> o mundo do pecado, da justiça e do
juízo:
João 3.20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a
fim de não serem argüidas <1651> as suas obras.
1 Coríntios 14.24 Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é
ele <1651> por todos convencido <1651> e por todos julgado;
2.5 Mas, infelizmente, alguns dão um jeito de cauterizar (cicatrizar) a consciência,
tornando-a insensível:
1ª Timóteo 4.2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria
consciência <4893>.
2.6 Mas a vinda de Jesus, o presente de Deus para nós, nos faz lembrar de que somos
pecadores, tanto quanto qualquer pessoa que porventura venhamos a julgar.
3 – DEUS NOS DEU, POR MEIO DE JESUS, A GRAÇA E A MISERICÓRDIA (10-11)
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe:
Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 Respondeu
ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não
peques mais.
3.1 A mulher ficou sozinha na presença de Jesus, o único que não tinha pecados e
podia condená-la. Mas pela sua graça e misericórdia disse: “eu tampouco te condeno; vai e
não peques mais”.
3.2 Deus mostrou sua graça e misericórdia muitas vezes, em sua palavra, até mesmo
em caso real de adultério perdoado pelo marido, um profeta, que Deus usou como ilustração
para explicar seu perdão ao povo pecador e adúltero:
Oséias 3.1 Disse-me o SENHOR: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e
adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros
deuses e amem bolos de passas.
3.3 Existem outros casos notáveis de perdão de adultério e outros pecados sexuais,
em que Deus dá aos arrependidos restauração plena (embora, é claro, não exclua a disciplina
e outras consequências irreversíveis do pecado).
2º Samuel 11.3-4
3 Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher
de Urias, o heteu. 4 Então, enviou Davi mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele
se deitou com ela. Tendo-se ela purificado da sua imundícia, voltou para sua casa.
2º Samuel 12.24 Então, Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela
um filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o SENHOR o amou.
Josué 6.25 Mas Josué conservou com vida a prostituta Raabe, e a casa de seu pai, e
tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel até ao dia de hoje, porquanto
escondera os mensageiros que Josué enviara a espiar Jericó.
Mateus 1.5 Salmom gerou de Raabe a Boaz; este, de Rute, gerou a Obede; e Obede, a
Jessé;
3.4 Somos todos “adúlteros” e, para sermos salvos, só podemos contar com a graça e a
misericórdia de Deus.
Mateus 12.39 Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas
nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas.
Marcos 8.38 Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se
envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se
envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.
3.5 A graça e misericórdia que nos foi dada deve transbordar para o nosso próximo.
Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão
pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te
digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o reino dos céus é
semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a
fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com
que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto
possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê
paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se,
mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um
dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo:
Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê
paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na
prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado,
entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o
seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda
porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo,
como também eu me compadeci de ti? (Mateus 18.21-33)
CONCLUSÃO
C.1 Aquela mulher estava diante dos seus acusadores, certamente aterrorizada,
prestes a ser apedrejada. Já se imaginou nessa situação? O que sentiria?
C.2 Mas nós sofremos ameaça muito maior, que é sermos lançados no inferno, num
sofrimento eterno. Assim como a mulher, nós só temos uma salvação, a Palavra de Jesus que,
se quiser, pode nos dizer: “eu também não te condeno; vai, e não peques mais”.
C.3 Que neste Natal, em que comemoramos o Presente de Deus, o seu próprio Filho,
possamos nos lembrar de que temos o DEVER DE CUMPRIR A LEI, que SOMOS TODOS
PECADORES diante de Deus, e que SÓ EM JESUS PODEMOS ENCONTRAR A GRAÇA e a
misericórdia, as quais ele veio ao mundo para nos trazer.
Estudo, texto e pregação elaborados por Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, SP, dezembro de 2022.

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