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A ausência do Espírito (João 7.

37-53)
Início dos estudos em 07 dez. 2022; pregação no domingo, 11 dez. 2022

Introdução
I.1 Neste final de semana se intensificaram as manifestações populares que vêm
ocorrendo há mais de quarenta dias. O povo espera que algo venha a acontecer, uma
intervenção do próprio Deus, talvez, que mude o rumo para onde o país tende a se
encaminhar. Os cristãos estão muito engajados nessas manifestações, inclusive por causa do
grande risco de perderem, entre outras coisas, a sua liberdade de culto.
I.2 Há outro acontecimento, maior ainda, que os crentes esperam, que é o
arrebatamento da Igreja. Quando isto acontecer, os cristãos verdadeiros não estarão mais na
terra, e o caminho para a iniquidade será totalmente desimpedido. Imaginem um mundo sem
igrejas, isto seria praticamente um mundo sem Deus, sem o Espírito Santo.
I.3 Neste parágrafo João conta um episódio cujo foco está no fato de que, até aquele
momento, o Espírito Santo ainda não fora dado. Podemos identificar nessa situação pelo
menos QUATRO CONSEQUÊNCIAS da ausência do Espírito na vida das pessoas:
1 – SEDE (37-39)
No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior
fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber
os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus
não havia sido ainda glorificado.
1.1 Quando vivemos sem o Espírito Santo, somos como quem anda num deserto,
sedentos, sem que possamos saciar a nossa sede. Temos um copo sem fundo, que nunca se
enche. Buscamos prazeres cada vez maiores, mas que nunca nos satisfazem de fato. Mas, com
o Espírito é diferente, pois ele nos dá a água da vida:
Apocalipse 7.17 pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os
guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.
Apocalipse 21.6 Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e
o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
Apocalipse 22.17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele
que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.
1.2 A Psicóloga Sílvia Regina, procurando explicar por que nunca ficamos felizes com o
que somos, diz o seguinte:
Quando não aceitamos nossa condição real de ser humano como um ser “imperfeito”.
Nos sentimos frustrados, desvalorizados e não aceitos diante da sociedade e de nós
mesmos. Dessa forma, temos a tendência de nos isolarmos do convívio social por
medo de errar, de engordar, decepcionar, ou seja, tentamos o tempo todo controlar
nossos comportamentos e sentimentos nos afastando das pessoas. Esse acúmulo de
sentimentos e comportamentos nos trazem uma sensação de vazio existencial que
podem desencadear alguns transtornos psicológicos como depressão, ansiedade,
síndrome do pânico etc.
REGINA, Sílvia. Aparências-Porque será que nunca estamos felizes? Disponível em:
https://www.psicologasilviaregina.com.br/psi/aparencias-que-nunca-estamos/ Acesso em 09 dez. 2022.

1.3 Note que ela sugere ser necessário o reconhecimento de que somos seres
humanos imperfeitos; isto equivale a dizer, na terminologia bíblica, reconhecer que somos
pecadores, o primeiro dos sete passos que nos leva à salvação, segundo um método de
evangelização muito utilizado:
Passo 1: reconhecer que somos pecadores; passo 2: reconhecer que merecemos a
morte; passo 3: reconhecer que Deus me ama; passo 4: reconhecer que Cristo morreu
no meu lugar; passo 5: arrepender-me dos meus pecados; passo 6: aceitar a Jesus
como meu Senhor e Salvador; passo 7: acreditar que ele me salvou por sua graça,
mediante esta fé.
1.4 Se, ao darmos estes passos, crermos de todo o coração, receberemos o Espírito da
Promessa, que nos dá a água da vida, e somente isto saciará a nossa sede ou, nas palavras da
Psicóloga, preencherá o nosso “vazio existencial”.
2 – DÚVIDAS (40-44)
40 Então, os que dentre o povo tinham ouvido estas palavras diziam: Este é
verdadeiramente o profeta; 41 outros diziam: Ele é o Cristo; outros, porém,
perguntavam: Porventura, o Cristo virá da Galiléia? 42 Não diz a Escritura que o Cristo
vem da descendência de Davi e da aldeia de Belém, donde era Davi? 43 Assim, houve
uma dissensão entre o povo por causa dele; 44 alguns dentre eles queriam prendê-lo,
mas ninguém lhe pôs as mãos.
2.1 O Espírito inspirou as Escrituras para que nós não tivéssemos dúvidas quanto à
pessoa de Jesus, que é o Cristo de Deus, o nosso Salvador, conforme João 20.30,31
Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos
neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
2.2 O Espírito nos dá a certeza de que nos tornamos Filhos de Deus pela fé, como diz
Romanos 8.14-16
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio
Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
2.3 Dúvidas causam divisões, mas o Espírito de Deus une os membros do corpo, de
acordo com 1ª Coríntios 12.21-25:
Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés:
Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos
são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito
maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra.
Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou
o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja
divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor
uns dos outros.
2.4 Num agrupamento onde não existe a presença do Espírito Santo, porém, há um
campo fértil para dissenções e desconfiança, cujo resultado são muitas dissensões. É mais ou
menos isto que Tiago 4.1-5 dá a entender quando pergunta:
De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos
prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada
podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; 3 pedis e
não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a
Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
3 – ARROGÂNCIA (45-49)
Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes
perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como
este homem. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes
enganados? Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos
fariseus? Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita.
3.1 Os arrogantes se vêm como sábios e acabam deixando passar a verdadeira
sabedoria, que Deus revelou aos pequeninos, como vemos em Mateus 11.25: “Por aquele
tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas
coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos”; e em Lucas 10.21 “Naquela
hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da
terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim,
ó Pai, porque assim foi do teu agrado”.
3.2 Para que entremos no reino de Deus, temos que nos fazer como crianças, foi isto o
que afirmou Jesus em Marcos 10.15 “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus
como uma criança de maneira nenhuma entrará nele”; porque quando recebemos o Espírito
de Deus, mesmo que já sejamos velhos, nós experimentamos um novo nascimento, igual ao
que Jesus disse a Nicodemos em João 3.1-4; 6-7
Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos
judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo
da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos:
Como pode um homem nascer, sendo velho? [...] O que é nascido da carne é carne; e o
que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer
de novo.
3.3 Sem o Espírito de Deus, porém, o que se vê é muita arrogância, o que está muito
distante da humildade de uma criança.
4 – INTOLERÂNCIA (50-53)
Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso, a nossa lei
julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: Dar-
se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia não se
levanta profeta. E cada um foi para sua casa.
4.1 Os sacerdotes e fariseus estavam tão cheios de si que não queriam ouvir nem
outros fariseus que pensavam diferente, que tinham argumentos sensatos. Só quando somos
guiados pelo Espírito Santo é que teremos a capacidade de ouvirmos o que os outros têm a
dizer e a não fazermos julgamentos precipitados. Como chegaremos a ouvir o evangelho e nos
convertermos se não formos capazes de ouvir sem um pré-julgamento? Por isso, no Sermão da
Planície (Lucas 6.37) encontramos as palavras de Jesus que dizem: “Não julgueis e não sereis
julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”;
4.2 Isto está em consonância com a declaração que vem logo após a oração do Pai
Nosso que diz: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste
vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos
perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.14,15).
4.3 Na igreja, o Espírito Santo nos ensina a sermos tolerantes uns com os outros
quanto às divergências de opiniões, conforme Romanos 14.1-5:
Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo
pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e
o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas
o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque
o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais
todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.
4.4 Devemos ser tolerantes mesmo que, às vezes, tenhamos que confrontar um irmão
por causa de algum pecado, como orienta Gálatas 6.1-3:
Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o
com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as
cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser
alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana.
4.5 Mas, sem o Espírito Santo, o que vemos é somente a intolerância. Você já tentou
falar de Jesus para alguém e foi rejeitado? Já tentou entregar um folheto e a pessoa recusou
receber? Se você já trabalhou em alguma campanha de evangelização alguma vez, certamente
já enfrentou a intolerância daqueles que não têm o Espírito de Deus e não querem recebê-lo,
privando-se a si mesmos do perdão de Deus.
5 - CONCLUSÃO
5.1 Não sabemos ainda o que acontecerá com o nosso país, se o anseio da população
que se manifesta aos milhões nas ruas será atendido ou não; não sabemos também quando o
nosso Senhor virá para nos libertar de todo o sofrimento e enxugar todas as nossas lágrimas;
mas uma coisa sabemos, o Espírito Santo já foi dado a todos aqueles que creem em Jesus
Cristo, o Filho de Deus.
5.2 Recebamos, então, pela fé, e busquemos ser cheios do Espírito Santo, cujo fruto é
“[...] amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio [...]” (Gálatas 5.22,23).
5.3 Porque, quando Jesus arrebatar a sua igreja, o mundo voltará a ficar sem o Espírito,
e, sem ele, só existe SEDE, DÚVIDAS, ARROGÂNCIA e INTOLERÂNCIA.
Arildo Louzano da Silveira. São José do Rio Preto, 11 dez. 2022.

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