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LÍNGUA PORTUGUESA

Ribeirão Preto - SP

ii
Elaboração

Marília Corrêa Raffaini

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Todos os direitos reservados.


IPEBJ - Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos.
Av. Sen. Cézar Vergueiro, 505- Sl.16
Ribeirão Preto, SP
Tel.: (16) 3043-5638
www.ipebj.com.br
juridico@ipebj.com.br

iii
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. IX

ÍCONES APRESENTADOS NA APOSTILA INTERATIVA ...................................... X

INTRODUÇÃO À DISCIPLINA .............................................................................. XII

UNIDADE I ................................................................................................................ 1

MORFOLOGIA.......................................................................................................... 1

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 3

SUBSTANTIVO ......................................................................................................... 3

1. Classificação geral dos substantivos .................................................................. 3

1.1. Substantivos coletivos ................................................................................. 4

1.2. Flexões do substantivo ................................................................................ 4

CAPÍTULO II ........................................................................................................... 12

ADJETIVO .............................................................................................................. 12

1. Flexões do adjetivo .......................................................................................... 14

1.1. Graus do adjetivo ...................................................................................... 15

CAPÍTULO III .......................................................................................................... 19

ARTIGO .................................................................................................................. 19

CAPÍTULO IV.......................................................................................................... 24

NUMERAL .............................................................................................................. 24

1. Classificação dos numerais.............................................................................. 24

CAPÍTULO V........................................................................................................... 29

PRONOME.............................................................................................................. 29

1. Classificação dos pronomes ............................................................................ 29

1.1. Pronomes pessoais ................................................................................... 29

1.2. Pronomes de tratamento ........................................................................... 33

1.3. Pronomes Possessivos ............................................................................. 34

1.4. Pronomes Demonstrativos ........................................................................ 36

1.5. Pronomes Indefinidos ................................................................................ 40

iv
1.6. Pronomes Relativos .................................................................................. 42

1.7. Pronomes Interrogativos ............................................................................ 45

CAPÍTULO VI.......................................................................................................... 49

VERBO ................................................................................................................... 49

CAPÍTULO VII......................................................................................................... 61

ADVÉRBIO ............................................................................................................. 61

CAPÍTULO VIII........................................................................................................ 66

OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS.............................................. 66

1. Preposição ....................................................................................................... 66

2. Conjunção........................................................................................................ 69

3. Interjeição ........................................................................................................ 73

UNIDADE II ............................................................................................................. 76

SINTAXE................................................................................................................. 76

CAPÍTULO I ............................................................................................................ 78

PONTUAÇÃO ......................................................................................................... 78

CAPÍTULO II ........................................................................................................... 83

CONCORDÂNCIA NOMINAL ................................................................................. 83

CAPÍTULO III .......................................................................................................... 89

CONCORDÂNCIA VERBAL ................................................................................... 89

CAPÍTULO IV.......................................................................................................... 95

REGÊNCIA ............................................................................................................. 95

1. Regência Nominal ............................................................................................ 95

2. Regência Verbal .............................................................................................. 97

CAPÍTULO V......................................................................................................... 102

COLOCAÇÃO PRONOMINAL .............................................................................. 102

CAPÍTULO VI........................................................................................................ 106

CRASE.................................................................................................................. 106

UNIDADE III .......................................................................................................... 111

SEMÂNTICA ......................................................................................................... 111


v
CAPÍTULO I .......................................................................................................... 113

SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS ................................................................................ 113

CAPÍTULO II ......................................................................................................... 124

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS ......................................... 124

CAPÍTULO III ........................................................................................................ 136

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ....................................................... 136

UNIDADE IV ......................................................................................................... 146

PARA NÃO FINALIZAR ....................................................................................... 146

CAPÍTULO I .......................................................................................................... 147

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA ............................................................... 147

UNIDADE V .......................................................................................................... 160

OBSERVAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 160

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 162

vi
Índice de Ilustrações
Figura 1 - Quadrinho Hagar. ...................................................................................... 3

Figura 2 - Quadrinho - Questionamentos da vida. ................................................... 12

Figura 3 - Artigo....................................................................................................... 19

Figura 4 - Quadinho Hagar. ..................................................................................... 24

Figura 5 - Tabela de correlação de alguns numerais. .............................................. 27

Figura 6 - Pronome.................................................................................................. 29

Figura 7 - Quadrinho Mafalda. ................................................................................. 30

Figura 8 - Quadrinho Susie e Calvin. ....................................................................... 31

Figura 9 - Pronomes pessoais. ................................................................................ 32

Figura 10 - Pronome de tratamento. ........................................................................ 33

Figura 11 - Tabela de pronome de tratamento......................................................... 33

Figura 12 - Quadrinho do Garfield. .......................................................................... 34

Figura 13 - Tabela de pronomes possessivos. ........................................................ 34

Figura 14 - Pronomes Demonstrativos. ................................................................... 36

Figura 15 - Tabela de pronomes demonstrativos. .................................................... 36

Figura 16 - Tabela de pronomes indefinidos. ........................................................... 40

Figura 17 - Tabela de pronomes relativos. .............................................................. 43

Figura 18 - Tabela dos pronomes interrogativos. ..................................................... 46

Figura 19 - Verbo. ................................................................................................... 49

Figura 20 - Tabela de verbos conjugados em todas as formas vistas. ..................... 55

Figura 21 - Quadrinho do Garfield. .......................................................................... 61

Figura 22 - Quadrinho vida de programador. ........................................................... 63

Figura 23 - Quadrinho Niquel Náusea. .................................................................... 66

Figura 24 - Quadro de preposições essenciais. ....................................................... 67

Figura 25 - Principais locuções prepositivas. ........................................................... 68

Figura 26 - Conjunção. ............................................................................................ 69

Figura 27 - Tabela com algumas conjunções coordenativas. .................................. 70

vii
Figura 28 - Algumas conjunções subordinativas adverbiais..................................... 72

Figura 29 - Quadrinho do Garfield. .......................................................................... 73

Figura 30 - Classificação de interjeição. .................................................................. 73

Figura 31 - Pontuação. ............................................................................................ 78

Figura 32 - Concordância Nominal. ......................................................................... 83

Figura 33 - Quadrinho turma da Mônica. ................................................................. 89

Figura 34 - Propaganda Ford EcoSport. .................................................................. 95

Figura 35 - Tabela de alguns nomes e suas regências. ........................................... 96

Figura 36 - Regencia Vebal. .................................................................................... 97

Figura 37 - Colocação pronominal. ........................................................................ 102

Figura 38 - Crase. ................................................................................................. 106

Figura 39 - Semântica. .......................................................................................... 112

Figura 40 - Sentido Próprio e Figurado das Palavras. ........................................... 124

Figura 41 - Quadrinho Hagar. ................................................................................ 127

Figura 42 - Leitura e Interpretação de Textos. ....................................................... 136

Figura 43 - Interpretação de texto.......................................................................... 137

Figura 44 - Interpretação de texto II....................................................................... 137

Figura 45 - Reprodução do quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci. ................... 139

Figura 46 - Classificação de textos de acordo com os gêneros. ............................ 140

Índice de Tabelas
Tabela 1 – Classificação Geral dos Substantivos. ..................................................... 3

Tabela 2 - Número dos Substantivos. ........................................................................ 7

Tabela 3 - Exceções - Grau dos Adjetivos. .............................................................. 16

Tabela 4 - Classificação dos Numerais.................................................................... 24

Tabela 5 - Palavras Denotativas. ............................................................................. 63

viii
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,

Há quase 20 anos atuando nas áreas Jurídica, Humana, Biológica e da Saúde, em


2006, a atual diretoria fundou em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo o Instituto Paulista
de Estudos Bioéticos e Jurídicos - IPEBJ.

Somos uma escola tradicional, formada por professores renomados, qualificados e


profissionais atuantes reconhecidos no mercado. O IPEBJ e inovador ao trabalhar de forma
interdisciplinar e multidisciplinar, sendo frequentemente requisitado por empresas, juristas e
governo brasileiro para a realização de perícias e cursos.

Não somos um curso preparatório regular, somos um sistema de ensino desenvolvido


para o sucesso dos nossos alunos. A proposta do sistema de ensino IPEBJ é proporcionar,
em conjunto com nosso corpo editorial, uma forma de aprendizagem única e interativa,
mediada por uma tecnologia que permita ao professor e ao aluno estarem em ambientes
físicos diferentes preservando a sensação da interação presencial.

Visando combater a monotonia do estudo individual, as aulas são gravadas e editadas


para proporcionar ao aluno um aprendizado diferenciado em uma plataforma digital, exclusiva,
moderna e adequada à metodologia de Educação a Distância do IPEBJ.

Agradecemos a confiança e nos colocamos a disposição para eventuais


esclarecimentos, dúvidas e sugestões.

Sejam bem vindos e bons estudos,

Conselho Editorial

ix
ÍCONES APRESENTADOS NA APOSTILA
INTERATIVA
Olá aluno, elaboramos o conteúdo desta apostila de forma objetiva, didática e
coerente. Esta apostila é interativa e os temas são abordados de forma direta, com questões
e pensamentos elaborados pelo professor visando a reflexão do aluno. Além disto, nosso
sistema de ensino utiliza recursos editoriais, onde são inseridos ícones com finalidade de
tornar sua leitura agradável e produtiva. Os cursos IPEBJ são na realidade um sistema de
ensino onde o material didático proporciona ao aluno uma imersão nos conteúdos propostos
visando aumentar a concentração, capacidade de raciocínio e reduzir a necessidade de
leituras repetidas de um mesmo tema.

Para isto, usaremos ícones que estão inseridos ao longo do texto para proporcionar
uma melhor fixação do conteúdo.

Se liga!
Lembrete dos professores para que você preste atenção em determinados
assuntos que frequentemente são cobrados em concursos públicos.

Brainstorming
Quando este ícone aparecer no texto, indicará que você terá uma
oportunidade de interação com o professor, seu domínio e capacidade de
analise crítica do conteúdo será testado. Questões reflexivas serão
inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Neste
momento você estará livre para não se preocupar com o conteúdo do texto
e sim interligar assuntos correlatos com alta probabilidade de serem
cobrados no concurso público, onde o domínio de um assunto correlato
será fundamental para o entendimento do contexto da questão
pontencializando seu aprendizado e análise crítica. A reflexão é o ponto de
partida do verdadeiro aprendizado.

x
Similaridade
O professor irá sugerir a leitura do mesmo conteúdo da apostila
proveniente de outras fontes literárias (sites de pesquisas, fluxogramas e
resumos do conteúdo básico) proporcionando uma nova visão sobre o tema
abordado no texto básico.

Sugestão de vídeos e filmes


Conteúdo similar ao que foi ministrado em aula, disponível gratuitamente
no formato de vídeos de curta duração e filmes, visando o aprofundamento
do estudo.

Tem que ser agora!


Exercícios no decorrer de determinado conteúdo, inseridos antes de
finalizar o capítulo, com o objetivo de fixar o conteúdo abordado.

Choque de realidade
Texto motivacional ao final da apostila, onde o professor fala de forma franca
e direta com o aluno sobre a importância de sua disciplina. O objetivo deste
texto é tranquilizar os alunos que estão atingindo as metas propostas e
chamar para a realidade os que estão no caminho oposto.

Referências bibliográficas
Bibliografia utilizada durante a elaboração da apostila.

Obs: O professor tem a liberdade de optar pela não utilização de alguns icones durante a elaboração da apostila.

xi
INTRODUÇÃO À DISCIPLINA

Falar e escrever bem é fundamental para relacionar-se e expressar-se de maneira


satisfatória. Para isso, é preciso que se conheça os mais diferentes mecanismos da língua
portuguesa bem como entender e dominar seu uso. A gramática é o estudo das regras que
regem o idioma e sua existência é fundamental para a permanência da comunicação e da
própria língua portuguesa. As variações linguísticas existem e devem ser consideradas, no
entanto, é preciso que se conheça e se respeite a norma padrão, principalmente nas situações
formais de comunicação oral e escrita.

Além disso, o estudo da gramática auxilia na interpretação e produção de textos de


modo que o falante consiga compreender as mensagens que lhe são enviadas de maneira
múltipla e plena, tanto dos textos literários quanto dos não-literários. Assim, percebe-se que o
aprendizado da língua portuguesa é imprescindível para todas as disciplinas, visto que a
apreensão de conhecimento se dá por meio da assimilação do conteúdo expresso por ela.

O curso de português tem como principal meta dar ao estudante as ferramentas


necessárias para que ele consiga analisar textos e imagens, relacionando-os ao contexto em
que estão inseridos. Ademais, estima-se que o aluno consiga inferir as diversas interpretações
de textos conotativos e denotativos, além de identificar as relações gramaticais que os
enunciados estabelecem entre si.

Quanto às análises gramaticais, o curso almeja estimular o raciocínio lógico e


apresentar a morfologia e a sintaxe estabelecendo as diferentes conexões entre as palavras
e a maneira como elas devem ser classificadas.

Bons Estudos!

xii
UNIDADE I
MORFOLOGIA
1
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

As palavras possuem diferentes usos e, por isso, têm diferentes classificações, o que
forma as classes de palavras, cujo objetivo é reunir em um mesmo conjuntos palavras de
mesmas funções. Nesse sentido, a classificação das palavras não é única, pois a mesma
palavra pode pertencer a diferentes classes gramaticais, de acordo com a função que exerce
em determinada oração.

Observe:

Um vento forte derrubou a velha árvore da praça.

Característica do substantivo vento  ADJETIVO

O forte dos Reis Magos é uma das atrações turísticas de Natal.

Nome atribuído a uma construção militar  SUBSTANTIVO

O caminhão perdeu o freio e bateu forte contra o muro.

Ideia de intensidade  ADVÉRBIO

2
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

CAPÍTULO I
SUBSTANTIVO

Figura 1 - Quadrinho Hagar.


Fonte: BROWNE, D. Hagar, o horrível 1. Porto Alegre: L&PM, 2002.

Os substantivos são responsáveis por nomear coisas, pessoas, sentimentos, etc. Eles
podem estar associados a outras palavras que podem especificá-lo, modificá-lo ou caracterizá-
lo.

1. Classificação geral dos substantivos


A origem do substantivo ou daquilo que ele designa permite diferentes
classificações.

Tabela 1 – Classificação Geral dos Substantivos.


Fonte: FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

COMUM PRÓPRIO

Denomina todos os seres de Dá nome a um único ser de uma determinada espécie.


uma mesma espécie.
Ex. Brasília, Isabel, Ceará.
Ex. cidade, pedra, mundo

PRIMITIVO DERIVADO

Não se forma de outra palavra. Forma-se de outra palavra.

3
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

Ex. cidade, Ceará, mundo. Ex. cearense, beleza, infelicidade, desinteresse.

SIMPLES COMPOSTO

Formado por uma única Formado por mais de uma palavra.


palavra.
Ex. lobisomem, sexta-feira.
Ex. cidade, desinteresse.

CONCRETO ABSTRATO

Nomeia seres de existência Nomeia ações (ex. escolha), sensações (ex. dor),
própria (real ou imaginária). sentimentos (ex. medo), conceitos (ex. beleza) e estados
(ex. vida).
Ex. cidade, Deus, alma,
fantasma.

Obs. 1: O mesmo substantivo pode classificar-se como comum, primitivo, simples e


concreto, por exemplo (como acontece com a palavra cidade).

Obs. 2: Substantivos concretos não são, necessariamente, aqueles que são visíveis
ou possuem uma existência real, mas que têm existência própria.

1.1.Substantivos coletivos

São aqueles substantivos que, mesmo no singular, denotam uma ideia de pluralidade,
de grupo ou conjunto de seres de mesma espécie.

Exemplo: cáfila  coletivo de camelos

matilha  coletivo de cães

quadrilha  coletivo de ladrões

1.2.Flexões do substantivo

4
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

A classe gramatical dos substantivos é variável, ou seja, pode ser alterada em gênero
e/ou número, além de variar o grau.

1.2.1. Gêneros do substantivo

Masculino: substantivos masculinos são aqueles que admitem o artigo o.

Ex. o menino; o peixe.

Feminino: substantivos femininos são aqueles que admitem o artigo a.

Ex. a menina, a cadeira.

Normalmente, no caso dos seres vivos, o gênero coincide com o sexo (menino:
gênero e sexo masculinos; menina: gênero e sexo femininos), mas, no caso dos seres não
vivos, o gênero é fixado pelo idioma (peixe: masculino; cadeira: feminino).

Via de regra, a formação do feminino se dá por meio do acréscimo da desinência


-a, que pode exigir uma adaptação da palavra. Observe:

MeninO  MeninA

PresidentE  PresidentA

ÓrfÃO  ÓrfÃ

BonitÃO  BonitONA

No entanto, nem todos os substantivos seguem essa regra. Alguns deles possuem
uma palavra específica para designar o feminino outra para o masculino:

Homem  Mulher

Cavaleiro  Amazona

Ou até mesmo seguem outras regras de flexão de gênero:

5
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

Imperador  Imperatriz

Rei  Rainha

Além disso, há aqueles substantivos que não possuem a flexão de gênero, a qual
será evidenciada, então, pelo artigo. A esses substantivos dá-se o nome de uniformes.

O gerente  A gerente

O dentista  A dentista

A testemunha (para qualquer um dos gêneros)

O cônjuge (para qualquer um dos gêneros)

Os substantivos podem, ainda, variar o seu significado de acordo com o gênero que
lhes é atribuído.

O rádio (aparelho de som)  A rádio (emissora)

O cabeça (líder)  A cabeça (parte do corpo)

1.2.2. Números do substantivo

Singular: um único ser.

Ex. mesa

Plural: mais de um ser.

Ex. mesas

Na maioria das vezes, o plural é formado a partir do acréscimo da desinência -s.


Todavia, algumas vezes, é necessário que se faça adaptações para que a sonoridade da
palavra não fique comprometida. Observe a tabela:

6
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

Tabela 2 - Número dos Substantivos.


Fonte: FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

Substantivo Faz o plural assim Exemplo Observação


terminado em

vogal ou ditongo +s Ponte –


pontes

Água – águas

ão +s Cidadão – Alguns admitem mais


cidadãos de uma forma.
-ão +ões
Ilusão –
- ão +ães
ilusões

Pão – pães

R +es Amor – Caráter – caracteres


amores
Z Júnior – juniores
Matriz –
matrizes

M -m +ns Jovem –
jovens

S +es (em oxítona) Freguês – Cais: invariável


[invariável se não for fregueses
oxítona)
Pires – pires

Al -l +is Varal – varais Mal – males

El Túnel – túneis Cônsul – cônsules

Ol Anzol –
anzóis
Ul
Paul - pauis

Il -l +s (em oxítona) Barril – barris

7
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

-il +eis (em paroxítona) Réptil –


répteis

X Não muda Tórax – tórax

N +s Hífen - hifens

Alguns substantivos não possuem singular (ex. os arredores, os óculos, as núpcias)


e outros terminados em s podem indicar plural ou singular. Nesse último caso, indica-se o
número por meio do artigo (ex. o ônibus  os ônibus).

Plural dos substantivos compostos

Formados sem hífen: faz-se normalmente, como na tabela anterior


(ex. passatempo [passa + tempo]  passatempos).

Formados com hífen:

REGRA GERAL: Se as duas palavras que formam o substantivo


admitirem plural, os dois vão para o plural (ex. onça-pintada [onça – onças;
pintada – pintadas]  onças-pintadas). Caso contrário, passa-se para o
plural somente a palavra que o admite (ex. abaixo-assinado [abaixo – não
existe; assinado – assinados]  abaixo-assinados).

EXCEÇÕES!

As palavras que formam o substantivo composto estão ligadas por


preposição: apenas a primeira flexiona (ex. pé-de-meia  pés-de-meia).

Quando a segunda palavra que compõe o substantivo indicar


finalidade ou semelhança, admite-se as duas formas (ex. tubarão-martelo
[tubarão – tubarões; martelo – martelos – indica semelhança]  tubarões-
martelos ou tubarões-martelo ou, ainda, navio-escola [navio – navios;
escola – escolas – indica finalidade]  navios-escola ou navios-escolas).

Uma das palavras que forma o substantivo composto é um verbo:


o verbo mantém-se no singular (ex. guarda-chuva  guarda-chuvas)

8
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

Alguns substantivos compostos são formados por onomatopeias


(reprodução de sons). Nesse caso, somente o segundo elemento flexiona
(ex. tique-taque  tique-taques).

1.2.3.Graus do substantivo

Aumentativo: tamanho aumentado (ex. livro – livrão)

Diminutivo: tamanho diminuído (ex. livro – livrinho)

É importante ressaltar que a formação do aumentativo e do diminutivo não é uma


flexão, pois não se forma a partir do acréscimo de uma desinência, como ocorre com a flexão
de gênero e número. Desse modo, nota-se que, ao formar-se um substantivo no aumentativo
ou no diminutivo, o que ocorre é um processo de sufixação, ou seja, uma derivação formada
a partir do acréscimo de um sufixo (afixo posposto a um radical).

Ademais, o aumentativo e o diminutivo podem adquirir outros


significados que não são, necessariamente, relacionados ao tamanho.
Observe:

Aquela mulherzinha não sabe com quem está falando.

Fica nítido, aqui, que o diminutivo não se refere ao tamanho da mulher: é


uma forma de tratá-la de maneira desprezível, irônica.

Adriano é meu amigão!

Adriano não é, necessariamente, um homem grande: trata-se de uma


forma carinhosa de se referir a ele.

9
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

1. (CONSULPLAN 2013) As palavras má-formação e gota-serena


fazem o plural da mesma forma que

a) Guarda-civil
b) Vice-prefeito
c) Guarda-roupa
d) Recém-nascido
e) Abaixo-assinado

Obs: Note que, aqui, guarda não é verbo, mas adjetivo.

Leia o texto para responder à questão.

Um pé de milho

Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo


jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – mas
descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas
ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e
declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando
estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.

Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha


razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do
muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu
nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente. Um
pé de milho sozinho, em um anteiro, espremido, junto do portão,numa
esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e
independente. Suas raízes roxas se agarra mao chão e suas folhas longas
e verdes nunca estão imóveis.

Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou


como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores
belas no mundo, e a flor do meu pé de milho não será a mais linda. Mas
aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem.É
alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho
é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive
atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio
de Castilhos.

(Rubem Braga. 200crônicas escolhidas, 2001. Adaptado)

10
UNIDADE I | SUBSTANTIVO

2. (VUNESP 2014) Na passagem do terceiro parágrafo – ... veio


enriquecer nosso canteirinho vulgar... –, o substantivo, empregado
no diminutivo, contribui para expressar a ideia de

A) exatidão.
B) desprezo.
C) simplicidade.
D) soberba.
E) abundância.

Gabarito:

1-A 2-C

11
UNIDADE I | ADJETIVO

CAPÍTULO II
ADJETIVO

Figura 2 - Quadrinho - Questionamentos da vida.


Fonte: http://educrealmirian.blogspot.com.br/ acesso em 09/01/2017

Na tirinha, nota-se que as palavras bonita, inteligentíssima, resolvida e sucedida são


características que a personagem da tirinha atribui a si mesma. Essas palavras são
classificadas como ADJETIVOS.

Há, também, a possibilidade de se caracterizar um ser por meio de uma expressão


constituída por mais de um elemento. Observe os exemplos:

O prêmio é uma homenagem às mulheres brasileiras.

O prêmio é uma homenagem às mulheres do Brasil.

Ambas as expressões caracterizam o substantivo mulheres, mas a segunda é iniciada


por uma preposição. A isso dá-se o nome de LOCUÇÃO ADJETIVA.

12
UNIDADE I | ADJETIVO

O adjetivo e o substantivo
Um adjetivo não aparece sozinho em uma oração: ele relaciona-
se a um substantivo, o que não significa, obrigatoriamente, que devam estar
lado a lado. De maneira geral, o adjetivo posiciona-se depois do
substantivo, mas, dependendo da ênfase que o falante quer dar a ele,
inverte-se essa ordem. Observe:

Rapunzel tinha tranças longas.



Característica atribuída às tranças

Rapunzel jogava suas longas tranças para o príncipe.



Característica atribuída às tranças

Note que, em ambos os casos, o mesmo adjetivo (longas)


caracteriza o mesmo substantivo (tranças). No entanto, a inversão da
ordem em que são colocados faz com que, ora se dê mais atenção ao
adjetivo, ora ao adjetivo. Apesar disso, o sentido da oração não se modifica.
Agora, observe os exemplos abaixo:

Marcos é um mau aluno.



Aluno desinteressado

Marcos é um aluno mau.



Aluno cruel

Nesse caso, percebe-se que a inversão da ordem


substantivo/adjetivo causa uma mudança de sentido que se quer dar à
mensagem.

13
UNIDADE I | ADJETIVO

1.Flexões do adjetivo
Assim como o substantivo, o adjetivo é uma palavra variável e possui, portanto,
flexões em gênero (feminino e masculino) e número (singular e plural), bem como variação de
grau. A formação de tais flexões se dá da mesma forma que nos adjetivos, ou seja:

Local maravilhoso

↓ ↓

Subst. Masc. Sing. Adj. Masc. Sing.

Cortinas amarelas

↓ ↓

Subst. Fem. Plural Adj. Fem. Plural

Plural dos adjetivos compostos


Adjetivos compostos são aqueles formados por mais de uma
palavra ou radical (ex. recém-nascido). A formação do plural desses
adjetivos é mais simples do que a dos substantivos, pois uma única regra
servirá para a grande maioria dos casos, salvo raras exceções.

REGRA GERAL: Se a última palavra for um adjetivo, ela ficará no


plural. Senão, mantenha-a no singular. A(s) palavra(s) da esquerda
permanecerá sempre no singular.

Exemplos: olho verde-claro  olhos verde-claros (claro = adjetivo 


flexiona).
tapete amarelo-manga  tapetes amarelo-manga (manga =
substantivo  não flexiona).

EXCEÇÕES!

1. Cores + de + substantivo: permanecem invariáveis (ex.


manta cor-de-rosa  mantas cor-de-rosa)

14
UNIDADE I | ADJETIVO

2. Há três exceções à regra geral: os adjetivos surdo-mudo


(surdos-mudos), azul-marinho e azul-celeste (não têm
plural).

1.1.Graus do adjetivo
Permitem exprimir a intensidade do adjetivo.

Comparativo: estabelece uma relação comparativa entre dois seres. O grau


comparativo pode ocorrer de três maneiras:

Superioridade: O arroz estava mais quente (do) que o feijão.

Igualdade: O arroz estava tão quente quanto o feijão.

Inferioridade: O arroz estava menos quente (do) que o feijão.

A comparação também pode ocorrer entre características diferentes do mesmo ser.


Observe:

Maria é mais bonita (do) que inteligente.

Superlativo: relaciona-se ao máximo ou ao mínimo. O grau superlativo pode ocorrer


de duas maneiras:

Superlativo absoluto: refere-se a um único ser.

Analítico: palavra intensificadora + adjetivo.

Ex. Marcela é muito bela.

Sintético: adjetivo + sufixo intensificador

Ex. Marcela é belíssima.

Superlativo relativo: relaciona a característica de um ser à mesma característica de


outros seres.

15
UNIDADE I | ADJETIVO

Superioridade: o mais ... de (ou dentre)

Ex. A escola do bairro é a mais nova da cidade.

Inferioridade: o menos ... de (ou dentre)

Ex. Esse professor é o menos graduado da universidade.

EXCEÇÕES!

Alguns adjetivos possuem palavras específicas para designarem seu grau. Veja o
quadro:

Tabela 3 - Exceções - Grau dos Adjetivos.


Fonte: FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

Adjetivo Comp. De Superioridade Superl. Absoluto Sint. Superl. Relativo de Sup.

Bom Melhor que Ótimo O melhor de

Mau Pior que Péssimo O pior de

Grande Maior que Máximo O maior de

Pequeno Menor que Mínimo O menor de

16
UNIDADE I | ADJETIVO

1. (CESPE 2013) Com relação a palavras em uso no texto, assinale a


opção em que
os dois vocábulos mencionados pertencem à mesma classe
gramatical:

A) “artificial” (l.2) e “menor” (l.9)


B) “seu” (l.8) e “um” (l.9)
C) “demanda” (l.8) e “uniforme” (l.20)
D) “que” (l.26) e “que” (l.29)
E) “obtém” (l.29) e “decorrente” (l.31)

2. Nas orações “Esse livro é melhor que aquele” e “Este livro é mais
lindo que aquele”, Há os graus comparativos:

A) de superioridade, respectivamente sintético e analítico;


B) de superioridade, ambos analíticos;
C) de superioridade, ambos sintéticos;
D) relativos;
E) superlativos.

17
UNIDADE I | ADJETIVO

3. Selecione a alternativa que completa corretamente as lacunas da


frase apresentada:
“Os acidentados foram encaminhados a diferentes clínicas
____________________.”

A) médicas-cirúrgicas;
B) médica-cirúrgicas;
C) médico-cirúrgicas;
D) médicos-cirúrgicas;
E) médica-cirúrgicos.

Fonte dos exercícios 2 e 3: http://www.portuguesconcurso.com/ acesso em 10/01/2017

Gabarito:

1-A 2-A 3-C

18
UNIDADE I | ARTIGO

CAPÍTULO III
ARTIGO

Figura 3 - Artigo.
Fonte: http://paraisodosprofessores.blogspot.com.br acesso em 10/01/2017

A classe dos artigos é a menor das classes gramaticais, pois é formada apenas por
duas palavras que são flexionadas em gênero e número. Apesar disso, como se pode notar
na tirinha, o artigo ajuda a determinar o sentido de um enunciado.

Assim como o adjetivo, o artigo associa-se ao substantivo e ajuda a compor o sentido


deste. Observe a diferença do substantivo revista nas duas mensagens:

uma revista A revista

Na primeira ocorrência, o senhor Onório não consegue saber qual é, especificamente,


a revista que a menina deseja, uma vez que ela antepõe ao substantivo revista um artigo
INDEFINIDO, referindo-se de maneira genérica, generalizada. Já no terceiro balão, a menina
antepõe ao substantivo um artigo DEFINIDO, particularizando qual era o tipo de revista que
ela gostaria de comprar. Dessa forma, fica evidente que, nesse texto, as palavras uma e a são
artigos, cuja função é determinar um substantivo de modo particular ou generalizado.

Artigos definidos: o, a, os, as.

Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

19
UNIDADE I | ARTIGO

Substantivação:
Como já dito anteriormente, o artigo sempre está associado a um
substantivo. Assim, ao conectá-lo a qualquer palavra pertencente a outra
classe gramatical, ela se tornará, automaticamente, um substantivo. A esse
processe dá-se o nome de substantivação. Observe o uso do artigo no
poema abaixo.

[...]
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
[...]
Fonte: ANDRADE, C.D.de. “Memória”. Poemas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1959.

A palavra do é resultado da união da preposição de e o artigo o.


Com isso, nota-se a presença de um artigo definido antes da palavra não,
que é, originalmente, um advérbio, mas, devido à presença do artigo,
transforma-se em um substantivo (próprio, inclusive, já que é grafada com
a inicial maiúscula). Dessa forma, percebe-se que o artigo, além de ter a
função de determinar o sentido da palavra à qual se refere, também estipula
a classe gramatica a que pertence: substantivo.

Os artigos e as preposições

Assim como observado no poema de Carlos Drummond de Andrade, os artigos


combinam-se com as preposições formando novas palavras. Veja como isso ocorre nos versos
de João Cabral de Melo Neto:

Aquele rio

Jamais se abre aos peixes,

Ao brilho,

À inquietação de faca

Que há nos peixes.

Fonte: MELO NETO, J.C.de. “O Cão sem Plumas”. Poesias Completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

Aos = preposição a + artigo os


Ao = preposição a + artigo o
Nos = preposição em + artigo os 20
UNIDADE I | ARTIGO

A contração À será abordada mais adiante, porém é importante já


estar atento a ela. Trata-se da CRASE, acento indicador de contração entre
a preposição a e o artigo a. Portanto,

À = preposição a + artigo a

Observação!

Algumas palavras não admitem que o artigo se anteponha a elas.

 Nomes de cidades e de pessoas famosas (exceto quando determinadas ou


caracterizadas por alguma palavra ou expressão)
 Palavras precedidas de cujo (a)(s)
 As palavras casa (significando residência - exceto quando determinadas ou
caracterizadas por alguma palavra ou expressão) e terra (sentido oposto a
embarcado)
Exemplos:

Gosto muito de Ribeirão Preto.

Sem artigo

Exceção: Visitei a Copacabana de Vinícius.

Elemento que determina.

Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.

Sem artigo

Exceção: Em 1500, o imperador Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.

21
UNIDADE I | ARTIGO

Elemento que caracteriza

Este é o autor cuja obra mencionei.

Sem artigo

Quero terminar a prova e ir para casa.

Sem artigo

Exceção: Mariana adora dormir na casa das amigas.

Elemento que caracteriza

Ele adora navegar; ficar em terra não o faz feliz.

Sem artigo

 Antes de pronomes possessivos e nomes de pessoas íntimas, o emprego do


artigo é opcional.

Exemplos:

A Fernanda é uma ótima amiga.

OU

Fernanda é uma ótima amiga.

Empreste-me a sua caneta?

OU

22
UNIDADE I | ARTIGO

Empreste-me sua caneta?

1. CONSULPLAN 2013) Em Que um casal que estivesse em casa mal-


humorado, [...] o emprego do artigo um confere

A) tom de familiaridade à frase.


B) designação genérica ao termo casal.
C) individualização do substantivo casal.
D) reforço da característica atribuída a casal.

2. (ITA) Determine o caso em que o artigo tem valor qualificativo:

A) Estes são os candidatos que lhe falei.


B) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera.
C) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho.
D) Os problemas que o afligem não me deixam descuidado.
E) Muito é a procura; pouca é a oferta.
Obs: Note que, aqui, o artigo não só especifica o médico, mas
intensifica o fato de ele ser o melhor médico.

Gabarito:

1-B 2-B

23
UNIDADE I | NUMERAL

CAPÍTULO IV
NUMERAL

Figura 4 - Quadinho Hagar.

Na tirinha acima, o efeito de humor decorre da oposição entre as palavras par e


quádruplo. Isso ocorre porque a quádruplo significa quatro vezes mais e faz referência ao
tamanho que o casal ficará caso continue engordando. Essa classe de palavras responsável
por exprimir uma quantidade definida chama-se NUMERAL.

1.Classificação dos numerais


Os numerais são classificados de acordo com a sua finalidade específica.

Tabela 4 - Classificação dos Numerais.


Fonte: FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

Tipo de Emprego
numeral

Cardinal Indica quantidade determinada (exata) de seres.

Ex. “As estimativas quanto ao número de espécies hoje existentes


variam de cinco milhões a trinta milhões [...]”.

Ordinal Indica a posição de alguém ou de alguma coisa em uma sequência.

24
UNIDADE I | NUMERAL

Ex. “A palavra ‘biodiversidade’ [...] foi usada pela primeira vez nos anos
1980 [...]”.

Multiplicativo Indica a multiplicação de uma quantidade.

Ex. Não há muito tempo, a Mata Atlântica tinha o triplo do tamanho que
tem hoje.

Fracionário Indica uma divisão, uma fração de uma quantidade.

Ex. “Nas florestas tropicais encontra-se mais da metade das espécies


de seres vivos do planeta.”

Observações:

Só admitem o feminino os cardinais um (uma) e dois (duas) e as centenas a partir de


duzentos (duzentas, trezentas, etc.).

Os cardinais podem ser utilizados como recurso expressivo. Observe: “Já falei mil
vezes para arrumar o quarto!”. A essa figura de linguagem dá-se o nome de hipérbole.

Algumas palavras expressam ideia de quantidade, mas são substantivos, como


ocorre na tirinha com a palavra par.

Os numerais ordinais podem ser representados pelos algarismos arábicos (1, 2, 3...)
ou pelos romanos (I, II, III...).

Às vezes, os numerais romanos são lidos como ordinais e às vezes como cardinais.
Se o numeral estiver posicionado depois do substantivo e for de um (I) a dez (X), lê-se como
ordinal (ex. João VI – João sexto). Se for acima de dez (X), deve ser lido como cardinal (ex.
século XI – século onze).

Se o numeral estiver posicionado antes do substantivo, deve ser lido sempre como
ordinal (XXXI capítulo – trigésimo primeiro capítulo).

Os numerais ordinais também podem ser usados como recurso coesivo ao se


referirem a elementos anteriores dentro de um texto: “Antônia e Maria são irmãs. A primeira
tem 15 anos e a segunda, 17.”.

25
UNIDADE I | NUMERAL

O numeral fracionário meio concorda com o substantivo ao qual


ele se refere: “Sairemos da escola ao meio-dia e meia”  meia hora.

Os numerais fracionários devem ser lidos da seguinte maneira:

- o numerador é sempre lido como cardinal.

- o denominador é lido como ordinal se for igual ou menor do que dez ou terminar em
zero; lido como cardinal + avos se for maior do que dez.

Exemplos:

¾ - três quartos

5/30 – cinco trigésimos

15/42- quinze quarenta e dois avos.

26
UNIDADE I | NUMERAL

Figura 5 - Tabela de correlação de alguns numerais.


Fonte: https://pt.scribd.com/doc/94956907/Tabela-de-numerais-cardinais-ordinais-fracionario-multiplicativos Acesso
em 10/01/2017

1. (IDECAN 2015) Tem-se, na Língua Portuguesa, várias classes de


palavras, dentre elas, destacam-se os numerais que podem indicar
quantidade, ordem, aumento proporcional de quantidade e divisão
dos seres. Mas, em alguns casos, os numerais exercem a função
de qualificar sintagmas. Analise o uso do numeral nas afirmativas.

I. Após a investigação, o crime da rua sete foi elucidado.


II. Marisa pulou do vigésimo sétimo andar, pois, estava com
muitas dívidas.
III. Gabriel comprou um carro zero no ano passado com o
dinheiro que economizou.
IV. O suspeito estava portando um revólver trinta e oito quando
foi abordado pela polícia.

27
UNIDADE I | NUMERAL

O numeral NÃO está sendo usado para indicar quantidade ou


ordem, apenas nas afirmativas

A) I e II
B) I e IV
C) II e III
D) III e IV

2. (VUNESP 2013) Assinale a alternativa em que o numeral


corresponde, corretamente, à sua forma escrita.

A) 48.º candidato - quadragésimo oito candidato.


B) Século XIV - Século dezesseis.
C) 653.000 mandados de prisão - seiscentos e cinquenta e três mil
mandados de prisão.
D) Mulher deu à luz 5 bebês - Mulher deu à luz quintos.
1/3 do salário - o triplo do salário.

Gabarito:

1-D 2-C

28
UNIDADE I | PRONOME

CAPÍTULO V
PRONOME

Figura 6 - Pronome.

Na tirinha, a ambiguidade é causada pela dupla possibilidade de referência da palavra


a: a Dona Aranha ou a parede. Na música, o “a” tem como objetivo evitar a repetição de uma
palavra; no entanto, corre-se o risco de provocar um duplo sentido do enunciado. Essa classe
de palavras cuja função é substituir um nome chama-se PRONOME. Além disso, o pronome
também pode delimitar o sentido de um nome ou até mesmo substituir frases completas. Como
os pronomes também são variáveis, podem ser usados no plural e no singular e alguns
possuem variação de gênero.

1.Classificação dos pronomes

Os pronomes são divididos de acordo com a função que desempenham.

1.1.Pronomes pessoais

Exercem a função das pessoas envolvidas na transmissão de uma mensagem, ou


seja, 1ª, 2ª e 3ª pessoas, em que a 1ª é o emissor (aquele que fala), a 2ª é o receptor (aquele
que ouve) e a 3ª é o assunto abordado por elas. Veja a tirinha:

29
UNIDADE I | PRONOME

Figura 7 - Quadrinho Mafalda.


Fonte: http://oblogderedacao.blogspot.com.br/ acesso em 10/01/2017

No primeiro quadrinho:

Emissor: Manolito

Receptor: Mafalda

Assunto: a esperança

No segundo quadrinho:

Emissor: Mafalda

Receptor: Manolito

Assunto: a esperança

Agora, observe na tirinha abaixo:

30
UNIDADE I | PRONOME

Figura 8 - Quadrinho Susie e Calvin.


Fonte: http://atividadeslinguaportuguesa.blogspot.com.br/ acesso em 10/01/2017

Os pronomes você (2º quadrinho), nós e você (3º quadrinho) e eles (4º quadrinho)
referem-se, respectivamente, a Calvin, Calvin e Susie e Calvin e, indefinidamente, àqueles
que fazem as avaliações. Esses pronomes são exemplos de pronomes pessoais.

 Pronomes pessoais do caso reto: exercem a função de


SUJEITO, ou seja, são aqueles que praticam a ação. Note que,
na tirinha de Calvin, os pronomes destacados são todos agentes
da ação (“Você sabe”, “Nós estamos”, “Você achava”, “Eles não
dão”). É por isso que a construção “Comprei um livro para mim
ler” é gramaticalmente incorreta. O correto seria “Comprei um
livro para eu ler”.

 Pronomes pessoais do caso oblíquo: exercem a função de


COMPLEMENTO, ou seja, completam o sentido de um verbo ou
de um nome. Observe na tirinha abaixo:

Fonte: VERÍSSIMO, L. F. AS cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por um raio.
Porto Alegre: L&PM, 1997.

No segundo quadrinho, a cobra utiliza o pronome eles de


maneira inadequada, pois trata-se de um complemento do verbo
arrasar e não de um sujeito. O correto seria “Vamos arrasá-los.”.

31
UNIDADE I | PRONOME

Figura 9 - Pronomes pessoais.


Fonte: http://portugues.uol.com.br/ Acesso em 10/01/2017

Além disso, é necessário que se mantenha uma uniformidade de tratamento,


empregando todos os pronomes de acordo com a pessoa à qual se referem. Por exemplo:

Tu  te   contigo

Você  o/a  lhe  se  si  consigo

Vós  vos  convosco

Na linguagem coloquial, é muito comum que se misture a 2ª e a 3ª pessoa. Veja o


exemplo:

Você se enfiou onde, meu Deus? Eu te procurei, mas não te achei.

↓ ↓ ↓

Pronomes de 3ª p. Pronome de 2ª p. Pronome de 2ª p.

Mantendo-se a uniformidade, o correto seria:

Tu te enfiaste onde? Onde tu te enfiaste? Eu te procurei, mas não te encontrei.

OU

Você se enfiou onde, meu Deus? Eu o procurei, mas não o encontrei.

32
UNIDADE I | PRONOME

Note que inclusive os verbos devem estar corretamente associados às pessoas


às quais se referem.

1.2. Pronomes de tratamento

Figura 10 - Pronome de tratamento.

São equivalentes aos pronomes pessoais, mas o seu uso ocorre quando o emissor
deseja reportar-se de modo formal e respeitoso a alguém. Veja a tabela desses pronomes:

Figura 11 - Tabela de pronome de tratamento.


Fonte: http://www.colegioweb.com.br/classes-gramaticais Acesso em 10/01/2017.

Atenção!
33
UNIDADE I | PRONOME

Todos os pronomes de tratamento são relativos à TERCEIRA PESSOA. Muitos


confundem o pronome de tratamento Vossa com o pronome pessoal vós e não há relação
entre eles. Portanto, para que se mantenha a uniformidade de tratamento, os outros pronomes
devem estar colocados na terceira pessoa. Observe:

Vossa Santidade dedica-se cada dia mais a seus fiéis.

↓ ↓ ↓

3ª pessoa 3ª pessoa 3ª pessoa

E não: Vossa Santidade dedicai-vos cada dia mais a vossos fiéis.

1.3. Pronomes Possessivos

Figura 12 - Quadrinho do Garfield.


Fonte: http://desmontandotexto.blogspot.com.br/ Acesso em 10/01/2017

Também estão relacionados às três pessoas envolvidas em um discurso (1ª, 2ª e 3ª),


mas são utilizados para dar a ideia de posse. Veja o quadro dos pronomes possessivos:

Figura 13 - Tabela de pronomes possessivos.


Fonte: http://facecomletras.blogspot.com.br/ Acesso em 10/01/2017

Como usar os pronomes possessivos

34
UNIDADE I | PRONOME

Os possessivos variam em gênero, número e pessoa. A concordância de gênero e


número é feita com a coisa possuída; a concordância em pessoa é feita com o possuidor.
Observe no exemplo da tirinha de Garfield:

Você comeu as flores que eu comprei para minha mina.

↓ ↓ ↓

Possuidor = 1ª p. 1ª p. fem. sing. coisa possuída = fem. sing.

Os pronomes pessoais do caso oblíquo podem ter valor possessivo.

A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa. (ASSIS,


M. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1992.)

Nesse caso, é como se Brás Cubas dissesse: “[...] pousou na minha testa.”. Isso pode
ocorrer, também, com os pronomes te, lhe(s), nos e vos.

 Os pronomes seu(s) e sua(s) podem causar ambiguidade (duplo


sentido). Veja no exemplo abaixo:

Assim que se encontrou com Beatriz, Pedro fez comentários


acerca de seus resultados no processo avaliativo.
http://portugues.uol.com.br/ Acesso em 10/01/2017

No enunciado, a ambiguidade decorre do fato de não se


conseguir afirmar se os resultados eram de Beatriz ou do próprio
Pedro. Nesse caso, o problema seria desfeito caso o pronome
seus fosse substituído por dele ou dela:

Assim que se encontrou com Beatriz, Pedro fez comentários


acerca dos resultados dele no processo avaliativo.

OU

Assim que se encontrou com Beatriz, Pedro fez comentários


acerca dos resultados dela no processo avaliativo.

35
UNIDADE I | PRONOME

1.4. Pronomes Demonstrativos

Figura 14 - Pronomes Demonstrativos.


Fonte: http://blogs.ibahia.com/ acesso em 11/01/2017

Apesar das observações feitas quanto ao uso dos pronomes estudados


anteriormente, o falante de língua portuguesa não encontra muitas dificuldades ao utilizá-los,
diferente do que acontece com os demonstrativos. Isso ocorre porque alguns demonstrativos
possuem formas sonoramente semelhantes, no entanto, o elemento retomado é diferente,
dependendo do seu uso, o que pode causar dúvidas quanto ao significado do enunciado. Tais
dúvidas podem surgir devido ao fato de que os demonstrativos são muito utilizados como
recurso coesivo (retomam elementos anteriores, evitando suas repetições) e têm a
capacidade de situar pessoas e informações no tempo e no espaço. Veja o quadro dos
pronomes demonstrativos:

Figura 15 - Tabela de pronomes demonstrativos.


Fonte: http://www.qieducacao.com/ acesso em 11/01/2017

36
UNIDADE I | PRONOME

Como usar os pronomes demonstrativos

Aqueles que estão na primeira linha da tabela têm a função de


mostrar que o elemento ao qual faz referência está próximo do FALANTE,
ou anunciam algo se SERÁ dito, ou indicam tempo PRESENTE.
Exemplos:
Esta camisa que estou vestindo foi um presente do meu
namorado.

O elemento retomado pelo pronome (camisa) está
próximo do falante.

Meu único medo é este: não conseguir passar de ano.



O medo ainda será anunciado

Neste ano de 2017 prometo ser mais paciente.



Refere-se ao ano presente

Os pronomes da segunda linha são utilizados para mostrar que o


elemento referente está próximo do OUVINTE, ou para retomar algo que
JÁ FOI dito, ou indicar um tempo que não é atual, mas que é PRÓXIMO
(podendo ser passado ou futuro).

Exemplos:

Essa camisa que você está usando é linda!



O elemento retomado pelo pronome está próximo do ouvinte

Não passar de ano: esse é meu medo.



O medo já foi anunciado

Nesse fim de semana, fui para Delfinópolis.



O fato ocorreu no último fim de semana

Nesse carnaval, não irei viajar.



O fato ocorrerá no próximo carnaval

37
UNIDADE I | PRONOME

Por fim, os pronomes da última linha são os mais fáceis de serem


utilizados. Eles indicam que o referente está longe do FALANTE e do
OUVINTE, a informação no texto está DISTANTE, assim como o tempo: é
BEM DISTANTE (no passado ou no futuro).
Exemplos:

Aquela camisa da vitrine está muito cara.



O elemento retomado pelo pronome está longe do falante e do
ouvinte.

Nas férias, fui para o Nordeste e para o Sul. Aquele é mais


quente que este.

Quando eu era criança, viajava muito. Naquele tempo, eu era


mais feliz.

Indica um passado distante

Além dos pronomes da tabela, existem outros que, em determinados contextos,


assumem a função de demonstrativos. São eles:

O(s), a(s), mesmo(s), mesma(s), tal(is),


semelhante(s), próprio(s), própria(s)

Exemplos:

Maria quer ir escondida à festa. Tal ideia é descabida.

Esta

38
UNIDADE I | PRONOME

Nilton é muito volúvel. É impossível saber o que ele quer.

Aquilo

Atenção!!!!

A palavra mesmo(a) pode funcionar como pronome demonstrativo e não como


pronome pessoal. Observe:

André foi aprovado em cinco universidades e minha mãe espera que eu faça
o mesmo.

Isso

Agora: “Ao entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar.”

ele

Note como a substituição por um pronome demonstrativo não ocorre, o que faz
com que a última oração esteja gramaticalmente incorreta, pois a palavra mesmo(a) não deve
ser utilizada como pronome pessoal do caso reto. Na dúvida, faça a substituição e verifique se
ela ocorre por meio de um pronome demonstrativo.

Os pronomes demonstrativos como recurso coesivo

Como já visto anteriormente, os pronomes demonstrativos podem ser utilizados


para estabelecer a coesão textual. Os demonstrativos anafóricos são aqueles que retomam
algo que foi dito anteriormente; os catafóricos referem-se a algo que ainda será anunciado.

39
UNIDADE I | PRONOME

1.5. Pronomes Indefinidos

Leia o poema.

Os meios e os fins

Uns tentam salvar a humanidade

Com alguma utopia.

Outros, de maneira mais chã,

Pedem algo no bar

E têm hoje a euforia de amanhã.

(Millôr Fernandes. Papáverum Millôr. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.)

As palavras destacadas são classificadas como pronomes indefinidos por se


referirem àquilo que não é especificado, particularizado. São chamados assim por serem
vagos, sem determinação concreta. Veja a tabela dos pronomes indefinidos:

Figura 16 - Tabela de pronomes indefinidos.


Fonte: http://gramaticadoprofessordaniel.blogspot.com.br/ acesso em 11/01/2017

40
UNIDADE I | PRONOME

Como usar os pronomes indefinidos

Alguns indefinidos devem ser usados com cuidado para que não haja mudança no
sentido que se quer explicitar.

Algum(ns) Alguma(s): se usado ANTES do substantivo, tem valor AFIRMATIVO, mas


se usado DEPOIS, adquire sentido NEGATIVO.

Exemplos: Aconteceu alguma coisa?

Mulher alguma se submeteria a isso.

Nenhuma mulher

Certo(s), certa(s): também variam seu significado de acordo com a posição e mudam,
inclusive, sua classe gramatical. Se colocadas ANTES do substantivo, são PRONOMES
INDEFINIDOS, mas se colocadas DEPOIS, são ADJETIVOS.

Exemplos: Certa vez  Pronome indefinido


Eu ouvi alguém contar
Que além do arco-íris
Há um lugar [...].

(Almir Soares)

Está na hora de tomar a decisão certa.

Adjetivo

Todo(s), toda(s): também pode apresentar uma alteração no significado e de classe


gramatical de acordo com o uso.

a) Plural = ideia de totalidade de um grupo.


Ex. Todos os alunos foram à aula hoje.

b) Singular + artigo = inteiro(a)  aqui, a palavra é um adjetivo.


Ex. Toda a escola foi pintada de azul.

A escola inteira

41
UNIDADE I | PRONOME

c) Singular e DEPOIS do substantivo = inteiro(a)


Ex. A escola toda foi pintada de azul.

Inteira

d) Singular = qualquer
Ex. Todo cidadão tem direito à educação.

Qualquer

Cada: indica uma unidade de um grupo.

Ex. Cada professor deve preencher seu diário corretamente.

1.6. Pronomes Relativos


Leia o poema abaixo.

Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(ANDRADE, C.D.de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)

A primeira oração contém dois verbos e pode, portanto, desmembrar-se em duas


orações:

1. João amava Teresa.


2. Teresa amava Raimundo.

A fim de evitar a repetição do nome Teresa, Drummond optou pelo uso do


pronome relativo que. Assim, pode-se concluir que a principal função do pronome relativo

42
UNIDADE I | PRONOME

é retomar um elemento anterior a ele para que não haja uma repetição desnecessária.
Já aprendemos que quando um pronome ou qualquer outra palavra tem a função de retomar
algo que já tenha sido dito no texto, ele é utilizado como recurso coesivo. Veja o quadro dos
pronomes relativos:

Figura 17 - Tabela de pronomes relativos.


Fonte: http://heloizaportuguesmarques.blogspot.com.br/ acesso em 11/01/2017

Orações subordinadas adjetivas

O pronome relativo é utilizado para conectar duas orações, conforme observado


no poema “Quadrilha”. Nesse caso, a primeira oração é a principal e a segunda, introduzida
pelo pronome relativo, é a subordinada adjetiva.

Exemplo:

Oração subordinada

Os condôminos que moram no edifício Morumbi são muito exigentes.

Oração principal

Retoma os condôminos

43
UNIDADE I | PRONOME

As subordinadas adjetivas podem ser explicativas ou restritivas e é a vírgula que


especificará qual dos dois sentidos deverá ser atribuído à oração. Portanto, a vírgula, aqui,
tem um papel primordial, o que será retomado no capítulo sobre pontuação. Observe no
exemplo anterior:

Os condôminos que moram no edifício Morumbi são muito exigentes.

No exemplo, não há vírgulas que isolem a oração subordinada, pois ela não explica
algo sobre o sujeito, mas restringe seu significado: nem todos os condôminos são exigentes,
só aqueles que moram no edifício Morumbi. Agora:

Os condôminos, que moram no edifício Morumbi, são muito exigentes.

Aqui, as vírgulas isolam a oração subordinada porque há uma explicação sobre os


condôminos: todos eles são exigentes e eles moram no Morumbi.

Cuidado!!!

O pronome relativo que pode ser utilizado para retomar coisas e


pessoas. No entanto, ele pode causar ambiguidade. Veja:

Conhecemos uma das irmãs de Carlos, que trabalha na França.

Quem trabalha na França: Carlos ou uma de suas irmãs? O


problema é desfeito com a substituição do pronome que pelo pronome o
qual ou a qual, afinal, ambos têm as mesmas funções, mas estes
concordam com o elemento ao qual ele se refere. Então, o enunciado
deveria ser reescrito assim:

Conhecemos uma das irmãs de Carlos, o qual trabalha na França.

OU

Conhecemos uma das irmãs de Carlos, a qual trabalha na França.

CUJO(A)(S): Indica posse e, relembrando o capítulo 2, não admite artigo posposto.

44
UNIDADE I | PRONOME

Ex. A menina, cujos olhos são castanhos, machucou-se.

Os olhos da menina

QUEM: Utilizado para retomar pessoas ou seres personificados.

Ex. O homem de quem gosto mandou-me um bilhete.

ONDE: Só é utilizado para retomar LUGARES FÍSICOS.


Ex. A escola onde trabalho aprovou muitos alunos no vestibular.

Agora, veja uma oração em que o pronome está utilizado de maneira


equivocada:

Fez várias declarações de amor, onde fica evidente o desejo de reatar o

namoro. (Maria T. Q. Piacentini)

No exemplo acima, o pronome retoma a expressão declarações de amor,


que não é um lugar físico. Por isso, o uso está gramaticalmente incorreto.

1.7. Pronomes Interrogativos


Leia um trecho da música abaixo.

Eles querem te vender, eles querem te comprar,


querem te matar de rir, querem te fazer chorar.
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

(Engenheiros do Hawaii)

45
UNIDADE I | PRONOME

Os pronomes destacados na música são chamados de interrogativos por terem a


função de introduzirem perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. As perguntas diretas são
iniciadas pelo pronome e terminam com o ponto de interrogação, como visto no exemplo. As
indiretas têm o pronome inserido no meio da oração e terminam com o ponto final. Observe o
exemplo:

Gostaria de saber quais serão os assuntos cobrados na prova.

Figura 18 - Tabela dos pronomes interrogativos.


Fonte: http://portugues.uol.com.br/ acesso em 11/01/2017

1. (CESGRANRIO 2016) O pronome de tratamento está empregado


de acordo com norma-padrão em:

A) Vossa Excelência, que é assim tratado por ser presidente desta


empresa, deveria proporcionar cursos de aperfeiçoamento aos
seus funcionários interessados no mercado digital.
B) As medidas para a prevenção de doenças cardíacas foram
acatadas por Sua Excelência, o Ministro da Saúde, com muita
propriedade.
C) Senhor Bispo, solicitamos que Vossa Senhoria apresente os
dados relativos ao encontro internacional da juventude,
realizado no Brasil em 2014.
D) Os funcionários da Universidade não aceitaram a posição de
Sua Eminência, o Reitor, sobre o período destinado às férias
escolares.
E) Sua Excelência Reverendíssima, o padre, pediu que os
coordenadores das atividades da paróquia comparecessem
pontualmente à reunião.
Leia o texto abaixo para responder à questão

46
UNIDADE I | PRONOME

2. (FUNDATEC 2015) Analise as afirmações abaixo, considerando o


uso dos pronomes e as expressões retomadas.

I. 'a' (l.20) retoma 'tarefa' (l.20).


II. 'ela' (l.26) retoma 'consultora empresarial (l.21).
III. 'elas' (l.31) retoma 'prioridades' (l.30).

47
UNIDADE I | PRONOME

Quais estão corretas?


A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.

3. (FCC 2013) Em 1992, a indústria cinematográfica do país entrou


numa crise ...... só começou a se recuperar na segunda metade da
década de 1990. (Adaptado de Eduardo Bueno, op.cit.)

Preenche corretamente a lacuna da frase acima:

A) A qual
B) A que
C) Na qual
D) Onde
E) Da qual

4. (FGV 2013) Assinale a alternativa em que o pronome relativo


sublinhado tem seu antecedente corretamente indicado.

A) "Na mesma rua que hoje virou um grande corredor de corrida de


carros cada vez mais vorazes de velocidade, ...". - velocidade.
B) "Primeiro veio a grande notícia, uma praça, onde era a caixa
d'água do Bigorrilho, hoje pomposamente chamado de
Reservatörlo Batel". - praça.
C) "E a grande novidade se alastrou pela rua, onde ficávamos
sabendo de todas as notícias do bairro” - bairro.
D) Foram tantas as referências, não só literárias, que me
acompanharam a vida toda! " - literárias.

Gabarito:

1-B 2-D 3-A 4-B

48
UNIDADE I | VERBO

CAPÍTULO VI
VERBO

Figura 19 - Verbo.
Fonte: http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/ acesso em 12/01/2017

As palavras abaixa, enrola, puxa, torce, vira, remexe, pula e adoram são
imprescindíveis para a compreensão da mensagem, pois fazem parte da principal classe
gramatical da língua portuguesa: o VERBO. A sua função é exprimir uma ação ou um estado
situado no tempo e, por ser variável, concorda em pessoa e em número com o sujeito.

Os verbos são divididos em três grupos, de acordo com suas terminações:

1ª conjugação: verbos terminados em AR

2ª conjugação: verbos terminados em ER

3ª conjugação: verbos terminados em IR

Obs. Os verbos terminados em OR, muito raros na língua (derivados do pôr), fazem
parte da 2ª conjugação, pois são originários do latim poer.

Além de variarem em número e pessoa, os verbos também flexionam de acordo com


o modo, o tempo e a voz em que está a oração.

49
UNIDADE I | VERBO

Flexões do verbo

 Pessoa: 1ª, 2ª e 3ª.


 Número: plural e singular.

Assim, temos

Eu, tu, ele/ela  1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular

Nós, vós, eles/elas  1ª, 2ª e 3ª pessoas do plural

 Modo: indicativo, subjuntivo e imperativo


Indicativo: exprime uma certeza.

Subjuntivo: exprime uma possibilidade, dúvida, vontade.

Imperativo: usado para dar ordens, conselhos, fazer pedidos.

 Tempo: presente, passado (pretérito) e futuro.


 Voz: ativa, passiva e reflexiva.

Emprego dos tempos e modos verbais

Dependendo do tempo e do modo verbal em que são expressas, as mensagens têm


sentidos e objetivos diferentes.

Indicativo:

Presente: pode exprimir uma ação que ocorre no momento da fala

fato recorrente

fatos atemporais

presente histórico

presente com ideia de futuro

50
UNIDADE I | VERBO

Exemplos:

Ronaldo pega a bola, dribla o zagueiro, chuta e gooool !


 Ação no momento da fala

Trabalho em três escolas diferentes.


 Ação habitual

O valor da hipotenusa é a soma dos quadrados dos catetos.


 Fato atemporal

Em 1933, Adolf Hitler chega ao poder.


 Presente histórico

Amanhã passo na sua casa às oito.


 Presente com ideia de futuro

Pretérito perfeito: ação que foi concluída no passado.

Exemplo:

Ontem, fui ao pilates, fiz caminhada e terminei o trabalho de geografia.

Pretérito imperfeito: fatos passados que tiveram certa durabilidade ou eram


recorrentes.

Exemplo:

Quando eu era criança, adorava andar de bicicleta.

Pretérito mais-que-perfeito: fato que ocorreu antes de um fato passado.

Exemplo:

Abri minhas apostilas para terminar os exercícios, mas vi que já os fizera.

 A ação de abrir as apostilas já ocorreu no passado e ter feito os exercícios


ocorreu antes de ter aberto as apostilas.

51
UNIDADE I | VERBO

Atenção!!!!

Apesar de o pretérito mais-que-perfeito parecer pouco usual, nós fazemos uso


recorrente dele, mas de outra forma. Observe:

Abri minhas apostilas para terminar os exercícios, mas vi que já os tinha feito.

A forma padrão do mais-que-perfeito pode ser substituída pela locução verbal


formada por um verbo auxiliar no pretérito imperfeito + o particípio do verbo principal.

Futuro do presente: indica que algo acontecerá depois do momento da fala.

Exemplo:

Amanhã, lavarei todas as roupas sujas.

Futuro do pretérito: pode indicar um fato futuro relativamente a outro passado

um fato incerto

algo que teve um impedimento

Exemplos:

No ano passado, percebi que não gostaria mais de seguir a carreira médica.

Delatores afirmam que o presidente estaria envolvido em casos de corrupção.

Maria nasceria na semana que vem, mas o médico preferiu fazer o parto logo.

Subjuntivo:

Presente: indica uma hipótese e utiliza a partícula “que” para ser conjugado.

Exemplo:

Desejo que você passe no vestibular e tenha muito sucesso.

Pretérito imperfeito: exprime condição, concessão ou causa e utiliza a partícula “se”


para ser conjugado.

52
UNIDADE I | VERBO

Exemplos:

Se você fosse mais disciplinado, obteria mais êxito.

Embora achasse o garoto estranho, quis fazer amizade.

Conjunção concessiva

Futuro: fatos que hipoteticamente acontecerão. Utiliza a partícula “quando” para ser
conjugado.

Exemplo:

Quando eu crescer, serei uma veterinária conceituada.

Obs: Às vezes, a partícula “se” indica o futuro do subjuntivo: Se você vier nas férias,
traga sua irmã.

Imperativo: só existe no tempo presente, mas pode ser afirmativo ou negativo. Não
há imperativo para a 1ª pessoa do singular.

Afirmativo: é formado a partir de duas conjugações: o presente do indicativo e o


presente do subjuntivo:

Tu  presente do indicativo -s

Ele/Ela  presente do subjuntivo

Nós  presente do subjuntivo

Vós  presente do indicativo -s

Eles/Elas  presente do subjuntivo

Negativo: todas as conjugações provêm do presente do subjuntivo.

Formas nominais: podem desempenhas a função de substantivo ou adjetivo.

53
UNIDADE I | VERBO

Infinitivo: impessoal: não indica o sujeito e caracteriza-se pela terminação R


pessoal: indica o sujeito por meio de sua terminação.

Particípio: expressa algo que já foi concluído e caracteriza-se pelas terminações -


ADO ou -IDO

Gerúndio: expressa uma ação verbal que está em processo e caracteriza-se pela
terminação -NDO.

O gerúndio só exprime uma ação que ainda está em


desenvolvimento. O fenômeno do telemarketing popularizou essa forma e
utiliza-a de maneira equivocada em outras circunstâncias, o que gerou o
GERUNDISMO:

Vamos estar transferindo sua ligação para outro atendente.


 Note que o verbo não denota uma ação em
desenvolvimento, mas algo que vai acontecer. O correto
seria: Transferiremos sua ligação.

O gerundismo é, portanto, um vício de linguagem que se


caracteriza pelo uso indiscriminado dessa forma nominal.

Exemplo de um verbo conjugado em todas as formas vistas até então.

54
UNIDADE I | VERBO

Figura 20 - Tabela de verbos conjugados em todas as formas vistas.


Fonte: https://www.policiamilitar.mg.gov.br acesso em 12/01/2017

Classificação dos verbos

Muitos verbos da língua portuguesa seguem o mesmo padrão de conjugação, mas


há as exceções.

Verbos regulares: não possuem o radical alterado nas conjugações. Como exemplo,
tem-se o verbo AMAR, conjugado na tabela acima. Seu radical AM permanece inalterado em
todos os modos, tempos e pessoas verbais.

Verbos irregulares: possuem alteração na estrutura do seu radical. Por exemplo, o


verbo caber (eu caibo, eu coube).

Verbos defectivos: são aqueles verbos que não possuem todas as conjugações
verbais. Isso pode ocorrer devido à sonoridade, semelhança com outros verbos ou porque não

55
UNIDADE I | VERBO

há a possibilidade de se aplicar o fato verbal a determinada pessoa. Por exemplo, o verbo


abolir (não existe eu abolo) ou o verbo falir (eu falo seria relativo ao verbo falar).

Verbos abundantes: apresentam mais de uma conjugação possível para a mesma


pessoa, o mesmo tempo e modo verbais. Por exemplo, o verbo aceitar, que pode ter como
particípio a forma aceitado ou aceito. Nesses casos, a forma regular é a mais extensa
(aceitado) e a mais curta é, portanto, irregular (aceito).

Quando houver duas possibilidades de conjugação verbal, como


ocorre no exemplo dado, a regra utilizada é a seguinte:

Com os verbos ter e haver como auxiliares: forma regular

Com os verbos ser, estar e ficar como auxiliares: forma irregular

Assim, com o verbo aceitar, ficaria:

Espero que você tenha aceitado o convite de João

Espero que você seja aceito na empresa.

As vozes verbais

Elas têm a capacidade de indicar se o sujeito da oração pratica ou recebe a


ação explicitada pelo fato verbal.

Voz ativa: o sujeito é o agente da ação.

André enganou os amigos.

Sujeito agente

56
UNIDADE I | VERBO

Voz passiva: o sujeito é o paciente da ação, ou seja, ele sofre a ação do verbo. A voz
passiva se divide em dois tipos:

Voz passiva analítica:

Estrutura: VERBO AUXILIAR + VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO

Exemplo:

Os amigos foram enganados por André.

↓ ↓

Sujeito paciente agente da passiva

locução verbal

Voz passiva sintética:

Estrutura: VERBO PRINCIPAL + PRONOME APASSIVADOR SE

Exemplo:

Alugam-se casas.

sujeito paciente

Cuidado para não confundir voz passiva sintética com sujeito


indeterminado. A estrutura “verbo + pronome SE” também é utilizada nas
orações com esse tipo de sujeito. Como, então, saber a diferença? Toda
oração na voz passiva sintética pode ser transformada em passiva analítica.
Observe:

Alugam-se casas.

Casas são alugadas.

57
UNIDADE I | VERBO

↓ ↓
Sujeito Locução verbal
Temos, portanto, uma voz passiva sintética cujo sujeito é casas; por isso, o
verbo está flexionado no plural.
Agora, observe neste caso:

Precisa-se de funcionários.

Funcionários são precisados X

Não é possível passar para a voz passiva analítica. Temos, desse modo,
um sujeito indeterminado e, por isso, o verbo está no singular.

Voz reflexiva: o sujeito pratica e recebe a ação ao mesmo tempo.

Exemplo:

As crianças se cortaram com a faca.

↓ pronome reflexivo

Sujeito agente e paciente

1. (CESGRANRIO) Em “os movimentos caóticos atuais já eram os


primeiros passos afinando-se e orquestrando-se para uma situação
econômica mais digna", observa-se a adequada flexão do verbo
destacado, o que também se verifica em

A) O povo brasileiro sois articulado politicamente.


B) Se fôssemos menos explorados, o país prosperaria mais.
C) Quando fores corretos os políticos brasileiros, a fome terá fim.
D) É fundamental que sejemos um povo mais politizado.
E) A população deseja que o sistema de saúde sejais melhor.

Texto para a questão 2.

58
UNIDADE I | VERBO

A primeira missão tripulada ao espaço profundo desde o


programa Apollo, da década 1970, com o objetivo de enviar astronautas
a Marte até 2030 está sendo preparada pela Nasa (agência espacial
norte-americana). O primeiro passo para a concretização desse desafio
será dado nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion, da
base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.
O lançamento estava previsto originalmente para esta quinta-feira (4),
mas devido a problemas técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05
no horário de Brasília)." (Ciência, Internet Explorer).

2. (FGV 2015) Os segmentos abaixo, retirados do texto, que


documentam formas de voz passiva são:

A) foi reagendado para as 7h05 / está sendo preparada pela Nasa;


B) está sendo preparada pela Nasa / o objetivo de enviar
astronautas a Marte;
C) o objetivo de enviar astronautas a Marte / será dado nesta sexta-
feira;
D) será dado nesta sexta-feira / o lançamento estava previsto;
E) o lançamento estava previsto / foi reagendado para as 7h05.

Texto para a questão 3.

59
UNIDADE I | VERBO

3. (CESGRANRIO 2015) O emprego do verbo destacado no trecho


“queremos contribuir para o crescimento sustentável das
empresas” (l. 18–19) contribui para indicar uma pretensão do
presidente do Sindicato dos Lojistas, que começa no presente e se
estende no futuro. Se, respeitando–se o contexto original, a frase
indicasse uma pretensão que começasse no passado e se
estendesse no tempo, o verbo adequado seria o que se destaca em:

A) quisemos contribuir para o crescimento sustentável das


empresas.
B) quisermos contribuir para o crescimento sustentável das
empresas.
C) quiséssemos contribuir para o crescimento sustentável das
empresas.
D) quereremos contribuir para o crescimento sustentável das
empresas.
E) quisera poder contribuir para o crescimento sustentável das
empresas.

Gabarito:

1-B 2-A 3-A

60
UNIDADE I | ADVÉRBIO

CAPÍTULO VII
ADVÉRBIO

Figura 21 - Quadrinho do Garfield.


Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ acesso em 13/01/2017

Observe, na tirinha, as palavras muito e felizmente. Elas não são imprescindíveis para
o significado da mensagem, no entanto, elas especificam e determinam a intensidade e o
modo (respectivamente) como a ação ocorre. A essas palavras dá-se o nome de ADVÉRBIOS.
Logo, os advérbios têm a função de modificar o verbo, indicando alguma circunstância com
relação à atividade verbal. A partir de agora, as classes gramaticais estudadas serão
invariáveis, ou seja, não terão possibilidade de flexão.

No caso da tirinha de Garfield, as circunstâncias são expressas com uma única


palavra, mas existe a possibilidade de explicitá-las com uma expressão formada por mais de
uma palavra. São as locuções adverbiais. Veja:

Com certeza, todos irão à aula no primeiro dia.

Locução adverbial

Classificação dos advérbios

Os advérbios e as locuções adverbiais são classificados de acordo com as ideias que


expressam. Veja algumas possibilidades:

 Afirmação: sim, certamente, com certeza, sem dúvida.


61
UNIDADE I | ADVÉRBIO

 Negação: não, tampouco.


 Intensidade: muito, bastante, mais, menos.
 Dúvida: talvez, quem sabe.
 Lugar: lá, aqui, perto, longe.
 Modo: depressa, frequentemente (obs. A maioria dos advérbios terminados
em -mente são de modo)
 Tempo: sempre, nunca, às vezes, à tarde, à noite.

Algumas vezes, o advérbio se confunde com o adjetivo, o que pode gerar


um erro gramatical. Veja:

Fernanda está meio cansada.


↓ ↓
Advérbio adjetivo

Bebi uma garrafa e meia de café.

Numeral

Note a diferença entre os dois exemplos: no primeiro, a palavra meio


expressa a intensidade do cansaço de Fernanda, o que faz com que ela
seja um advérbio. No segundo, a palavra meia exprime uma quantidade
da garrafa, o que faz com que ela seja um numeral. A diferença fica mais
notável quando se percebe que, na primeira oração, o advérbio permanece
INVARIÁVEL, ou seja, apesar de termos um sujeito no feminino, a palavra
ainda se mantém na sua forma original. Já na segunda oração, a palavra
concorda com o substantivo ao qual ela se refere (garrafa), característica
dos numerais. É por isso que construções do tipo “Fernanda está meia
cansada” e “Tome menas água” são gramaticalmente incorretas.

Algumas palavras e expressões da língua portuguesa são semelhantes aos


advérbios, mas não podem ser classificadas como tal. Na verdade, essas palavras não
constituem uma classe gramatical específica, por isso, são chamada de palavras
denotativas. No quadro, estão as mais comuns:

62
UNIDADE I | ADVÉRBIO

Tabela 5 - Palavras Denotativas.


Fonte: FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

Inclusão Exclusão Retificação Explicação Realce

Também Apenas Aliás Por exemplo É que

Inclusive Somente Ou melhor Ou seja lá

Figura 22 - Quadrinho vida de programador.


Fonte: http://vidadeprogramador.com.br/ acesso em 13/01/2017

Texto para a questão 1.


... Virgília cingiu-me com seus magníficos braços, murmurando:

- Amo-te, é a vontade do céu.

E esta palavra não vinha à toa; Virgília era um pouco religiosa. Não ouvia
missa aos domingos, é verdade, e creio até que só ia às igrejas em dia de
festa, e quando havia lugar vago em alguma tribuna. Mas rezava todas as
noites, com fervor, ou, pelo menos, com sono.

(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Obra completa.


Org. A. Coutinho. Volume I. Rio de Janeiro: Aguilar, 1959, p. 474)

1. (FCC 2006 – BACEN – PROCURADOR) ... e creio até que só ia


às igrejas em dia de festa, e quando havia lugar vago em alguma
tribuna.

Até, tendo em vista seu emprego nesse segmento, classifica-se


como

63
UNIDADE I | ADVÉRBIO

A) Preposição acidental
B) Conjunção subordinativa temporal.
C) Palavra denotativa de inclusão.
D) Advérbio de tempo.
E) Palavra denotativa de realce.

2. (VUNESP 2013) Em “mas é importante também considerar e


estudar em profundidade o planejamento urbano.”, a
expressão em destaque é empregada na oração para indicar
circunstância de

A) Lugar
B) Causa
C) Origem
D) Modo
E) Finalidade

Texto para a questão 3.

64
UNIDADE I | ADVÉRBIO

3. (FUNDEP 2013) Assinale a alternativa em que o advérbio


destacado expressa a avaliação do autor sobre o conteúdo da
frase.

A) É como se os recursos financeiros assumissem a função de


tornar nosso ego fortalecido, pelo menos momentaneamente
[...]
B) [...] habilitando as pessoas a manipular o sistema social para
que este lhes dê o que precisam, independentemente de
serem ou não queridas, diz Vohs.
C) Infelizmente, isso não é tão simples.
D) O fato é que a maioria de nós não é capaz de
lidar racionalmente com ele.

Gabarito:

1-C 2-D 3-C

65
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

CAPÍTULO VIII
OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS
1. Preposição

Figura 23 - Quadrinho Niquel Náusea.


Fonte: http://fatimalp.blogspot.com.br/ acesso em 13/01/2017

A tirinha evidencia como a mudança de uma pequena palavra pode mudar o sentido
de uma oração. Essa palavra cuja função é conectar outras palavras estabelecendo as
relações de sentido é uma PREPOSIÇÃO. Além disso, as preposições também têm a função
dependência entre duas palavras, como ocorre no caso dos verbos transitivos indiretos
(aqueles que necessitam de uma preposição para conectar-se a seu complemento), por
exemplo. Observe:

Eu preciso de um computador novo.

↓ ↓

Verbo complemento

66
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

Figura 24 - Quadro de preposições essenciais.

Classificação das preposições

Essenciais: só funcionam como preposição.

Acidentais: não são originalmente preposições, mas, às vezes, podem exercer suas
funções. Veja o exemplo:

Esta noite, ela dormirá fora.

Advérbio

Ela estuda todo dia, fora domingo.

Preposição (exceto)

Relações de sentido estabelecidas pelas preposições

 Distância
 Lugar
 Tempo
 Modo
 Causa
 Companhia
 Instrumento
 Posse
 Origem
 Autoria
 Assunto
 Finalidade
 Etc.

67
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

Contrações:

Como observado com os artigos, as preposições podem se unir a outras palavras.


Veja os exemplos:

Em + o = no

Em + um = num

De + o = do

Observação:

Algumas expressões formadas por mais de uma palavra também têm valor
prepositivo. Elas são chamadas de locuções prepositivas.

Figura 25 - Principais locuções prepositivas.


Fonte: https://amigopai.wordpress.com acesso em 12/01/2017

68
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

2. Conjunção

Figura 26 - Conjunção.
Fonte: http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/ acesso em 13/01/2017

Observe a tirinha:

A preguiça é a mãe de todos os vícios, MAS uma mãe é uma mãe e é preciso respeitá-
la, pronto!

Note que a palavra destacada conecta duas orações e, consequentemente, duas


ideias. Por isso, damos a ela o nome de CONJUNÇÃO, classe de palavras que tem como
função conectar duas orações ou duas palavras cuja função seja a mesma. As conjunções
estabelecem relações de sentido entre as ideias e são o principal recurso coesivo utilizado em
um texto escrito. No caso do exemplo acima, a conjunção mas conectou duas ideias opostas,
mas essa classe de palavras pode estabelecer diversas relações de sentido.

Classificação das conjunções

Coordenativas: conectam orações independentes entre si.

Considere as orações:

Viajarei amanhã.

Preciso fazer minhas malas.

Se reuníssemos as duas orações estabelecendo uma relação de sentido entre elas,


teríamos:

Viajarei amanhã, logo, preciso fazer minhas malas.

69
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

As conjunções coordenativas podem estabelecer cinco relações de sentido. São elas:

a) Aditivas: ideia de adição.


Ex. Fui ao supermercado e comprei três pacotes de fralda.

b) Adversativas: ideia de oposição.


Ex. Gostaria de recebê-lo no aeroporto, todavia estarei trabalhando nesse
horário.

c) Alternativas: ideia de alternância


Ex. Ora chovia, ora fazia sol.

d) Conclusivas: ideia de conclusão.


Ex. “Penso, logo, existo” (Descartes)

e) Explicativas: ideia de explicação.


Ex. Não irei à aula, pois estou doente.

Algumas conjunções coordenativas:

Figura 27 - Tabela com algumas conjunções coordenativas.


Fonte: http://oblogderedacao.blogspot.com.br/ acesso em 13/01/2017

Subordinativas: conectam duas orações dependentes entre si.

Considere a oração:

Quero que venha conosco.

↓ ↓

Oração principal oração subordinada

70
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

Temos, aqui, duas orações (Quero e venha conosco) que não possuem significado
completo se forem isoladas. Por isso, a conjunção que as conecta (que) é chamada de
subordinativa, pois une duas orações dependentes. No caso do exemplo acima, a conjunção
é classificada como conjunção subordinativa integrante, uma vez que é composta por uma
subordinada substantiva. As conjunções integrantes podem ser o QUE e o SE.

Obs: As orações subordinadas substantivas são aquelas que podem ser substituídas por um
pronome demonstrativo. Veja:

[Quero] [que venha conosco.]

Quero ISSO.

Agora, considere a seguinte oração:

Conforme subia a serra, sentia-se mais ofegante.

↓ ↓

Oração subordinada oração principal

Aqui, nota-se que não é possível a substituição da oração subordinada pelo pronome
demonstrativo (Sentia-se mais ofegante conforme ISSO). Isso ocorre porque a oração
subordinada é adverbial. Nesse caso, as conjunções são classificadas como conjunções
subordinativas adverbias e podem ser de nove tipos:

a) Causais
Ex. Aline ficou de castigo porque não tirou boas notas.

b) Concessivas
Ex. Embora estivesse desanimada, arrumou-se e foi para a festa

c) Condicionais
Ex. Se chover, não lavaremos a roupa.

d) Conformativas
Ex. Estudei gramática conforme você sugeriu.

e) Consecutivas
Ex. Fiquei tão entusiasmada que comprei o vestido mais caro da loja.

f) Comparativas
Ex. “Amou daquela vez como se fosse a última.” (Chico Buarque)
71
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

g) Finais
Ex. Fiz de tudo para que fosse feliz.

h) Proporcionais
Ex. À medida em que crescem, os filhos dão mais trabalho.

i) Temporais
Ex. Quando saímos do teatro, fomos jantar.

Algumas conjunções subordinativas adverbiais

Figura 28 - Algumas conjunções subordinativas adverbiais.


Fonte: https://www.emaze.com acesso em 13/01/2017

72
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

3. Interjeição

Figura 29 - Quadrinho do Garfield.


Fonte: https://tirinhasdogarfield.blogspot.com.br/ acesso em 14/01/2017

Na tirinha, John utiliza a expressão ai! para exprimir a dor que sente por,
supostamente, ser apertado pelas ratoeiras. Assim, a palavra ai! é uma interjeição, pois serve
para expressar alguns sentimentos, sensações, emoções, etc. Normalmente, as interjeições
vêm acompanhas de um ponto de exclamação, mas isso não é obrigatório. Elas podem ser
formadas, também, por pequenas frases e, muitas vezes, a mesma interjeição pode
representar diferentes sensações, dependendo do contexto em que está inserida. Classifica-
se a interjeição pela emoção que ela exprime. Veja o quadro abaixo com algumas delas:

Figura 30 - Classificação de interjeição.


Fonte: http://portugues.uol.com.br/ acesso em 14/01/2017

73
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

1. (CESGRANRIO 2013) O trecho em que a preposição em negrito


introduz a mesma noção da preposição destacada em “Na
luta para melhorar” é:

A) O jogador com o boné correu.


B) A equipe de que falo é aquela.
C) A busca por recordes move o atleta.
D) A atitude do diretor foi contra a comissão.
E) Ele andou até a casa do treinador.

Observe o texto a seguir.

No futuro, todos ficarão surpresos ao constatar que, no início de


2014, cada criança brasileira nascia com um carimbo na testa, indicando se
teria ou não escola de qualidade ao longo da vida. E se surpreenderão com
o fato de que apenas entre 10% e 20% delas tinham o carimbo da
perspectiva de qualidade na educação que as esperava. Ao aprofundarem
os estudos sobre o século XXI, talvez identifiquem que a situação de
2014 teria sido superada por uma revolução educacional que
oferecesse educação de qualidade para todos os brasileiros. Ou, em vez
disso, os historiadores identificarão a continuidade dos dois carimbos como
a causa do atraso brasileiro ao longo do século. (Cristovam Buarque. Início
do Futuro. O Globo, 11/01/2014 adaptado).

2. (FUNCEFET 2014 – CBM-RJ – SOLDADO BOMBEIRO MILITAR –


COMBATENTE) Assinale o item que apresenta corretamente as
respectivas classes da partícula se nos trechos “indicando se teria
ou não escola de qualidade...” e “E se surpreenderão com o fato...”
(l.2–3)

A) Pronome pessoal do caso oblíquo – pronome pessoal do caso


oblíquo.
B) Conjunção subordinativa condicional – pronome apassivador.
C) Pronome pessoal do caso oblíquo – conjunção subordinativa
condicional.
D) Conjunção subordinativa integrante – conjunção subordinativa
condicional.
E) Conjunção subordinativa integrante – pronome pessoal do caso
oblíquo.

3. (FCC 2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação de


que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós
mesmos. Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra
alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser substituído
por:

A) ademais.

74
UNIDADE I | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

B) conquanto.
C) porquanto.
D) entretanto.
E) apesar.

Observe a tirinha abaixo.

4. (FUNCAB 2010) A interjeição Vixe!!, no contexto, denota:


A) aceitação
B) surpresa
C) animação
D) irritação
E) repreensão

Gabarito:

1-C 2-E 3-D 4-B

75
UNIDADE II
SINTAXE
76
UNIDADE II | OUTRAS CLASSES DE PALAVRAS INVARIÁVEIS

Após analisar as palavras de maneira individualizada, o próximo passo da gramática


é estudá-las dentro de um contexto. Ao emitir uma mensagem, o falante não joga as palavras
de maneira aleatória: fosse assim, a comunicação ficaria comprometida. Veja:

Menina o adoentada ficou.

Temos, na frase anterior, algumas palavras escritas de maneira correta, mas


dispostas de modo aleatório, o que causa estranhamento no leitor. Isso se dá porque a ordem
sintática dos termos não corresponde à regra imposta pela língua: sujeito + verbo +
complemento. A sintaxe é, portanto, o estudo das palavras quando elas se relacionam com as
outras, bem como o estudo dessas relações.

77
UNIDADE II | PONTUAÇÃO

CAPÍTULO I
PONTUAÇÃO

Figura 31 - Pontuação.
Fonte: http://slideplayer.com.br/ acesso em 16/01/2017

A fala e a escrita, apesar de terem muitas diferenças entre si, procuram, muitas vezes,
estratégias para assemelhar-se, principalmente no que tange à tonalidade e aos sons. Por
isso, os sinais de pontuação foram criados: eles tentam reproduzir, na escrita, algumas
sensações que são características da fala. Como é notável nos exemplos acima, o uso correto
ou incorreto dos sinais de pontuação pode causar grandes diferenças quanto à semântica,
comprometendo a real intenção do falante ao enunciar ou escrever uma mensagem. Além
disso, é preciso atentar-se para o uso do sinal correto, pois, assim como na fala há pausas
diferentes, na escrita essas marcações também são feitas de maneira distinta.

Os sinais de pontuação:

 Vírgula: é o mais usado e, devido a isso, o que mais causa dúvidas


quanto ao uso correto. A primeira regra básica quanto ao uso desse
sinal de pontuação parte do seguinte princípio: a ordem direta da
oração é SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO. Caso essa ordem
seja invertida ou haja termos deslocados no meio da oração, o uso
da vírgula faz-se necessário. Por isso, é PROIBIDO usar vírgula
a) Entre o sujeito e o verbo.
b) Entre o verbo e o complemento.
c) Entre o nome e o adjunto adnominal.
d) Entre o nome e o complemento nominal.

78
UNIDADE II | PONTUAÇÃO

No período simples, é OBRIGATÓRIO o uso da vírgula para


a) Separar termos de mesma função sintática.
b) Isolar o aposto e o vocativo.
c) Isolar adjuntos adverbiais deslocados.
d) Isolar expressões denotativas. (olhar capítulo 7)
e) Indicar elipse.
f) Indicar polissíndeto.

No período composto, é OBRIGATÓRIO o uso da vírgula para:


a) Separar duas orações coordenadas (exceto se estiverem
ligadas pela conjunção e).
b) Marcar o deslocamento de uma oração subordinada adverbial.
c) Isolar uma oração subordinada adjetiva explicativa.

E PROIBIDO para separar a oração principal da oração


subordinada substantiva.

Ponto e vírgula: utilizado para marcar uma pausa maior do que a vírgula e menor do
que o ponto final. Ele não apresenta um uso obrigatório, mas é frequentemente usado para
separar itens de um decreto, de uma questão de múltipla escolha, etc. Além disso, o ponto e
vírgula é uma alternativa para evitar a repetição excessiva da vírgula e a formação de períodos
muito curtos ao longo de um texto. Nesse caso, a estratégia é utilizá-lo antes de uma conjunção
coordenativa.

Dois pontos: usado para:

Introduzir a fala de um personagem.

Enumerar.

Explicar algo.

Reticências: interrompem uma oração e indicam:

Ausência de um ou mais trechos de um texto.

Dúvida, hesitação.

Uma interrupção.

Uma ideia incompleta.

79
UNIDADE II | PONTUAÇÃO

Aspas: devem ser utilizadas com cautela, principalmente na produção de um texto e


servem para:

 Marcar estrangeirismos, coloquialidade, neologismo ou expressões


características da fala.
 Título de obras artísticas.
 Indicar uma citação.
 Marcar a fala ou pensamento de um personagem sem que esteja introduzido
por um travessão.

Travessão: introduz a fala de um personagem ou separa orações que estejam


intercaladas em um texto.

Ponto de interrogação: fazer perguntas diretas.

Ponto de exclamação: evidenciar surpresa, espanto, elevação do tom de voz,


empolgação, etc.

Ponto final: marca o encerramento de um período.

1. Assinale a opção em que a supressão das vírgulas alteraria o


sentido do anunciado:
A) os países menos desenvolvidos vêm buscando, ultimamente,
soluções para seus problemas no acervo cultural dos mais
avançados;
B) alguns pesquisadores, que se encontram comprometidos com
as culturas dos países avançados, acabam se tornando menos
criativos;
C) torna-se, portanto, imperativa uma revisão modelo presente do
processo de desenvolvimento tecnológico;
D) a atividade científica, nos países desenvolvidos, é tão natural
quanto qualquer outra atividade econômica;
E) por duas razões diferentes podem surgir, da interação de uma
comunidade com outra, mecanismos de dependência.

2. Assinale a opção em que está corretamente indicada a ordem dos


sinais de pontuação que devem preencher as lacunas da frase
abaixo:

80
UNIDADE II | PONTUAÇÃO

“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem ser


consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.

A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula;


B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.

3. Assinale a opção em que está corretamente indicada a ordem dos


sinais de pontuação que devem preencher as lacunas da frase
abaixo:

“Como amanhã será o nosso grande dia ___ duas coisas serão
importantes ___ uma é a tranquilidade ___ a outra é a
observação minuciosa do que esta sendo solicitado”.

A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula;


B) vírgula, vírgula, vírgula;
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
D) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
E) ponto e vírgula, dois pontos, vírgula.

4. Observe:

1) depois de muito pedir ( ) obteve o que desejava;


2) se fosse em outras circunstâncias ( ) teria dado tudo certo;
3) exigiam-me o que eu nunca tivera ( ) uma boa educação;
4) fez primeiramente seus deveres ( ) depois foi brincar;

Assinale a alternativa que preencha mais adequadamente os


parênteses:

A) (;) (,) (:) (;);


B) (,) (;) (:) (;);
C) (,) (,) (:) (;);
D) (?) (,) (,) (:);
E) (,) (;) (.) (;).

5. Assinale o item em que as vírgulas estão empregadas corretamente:

I - Foi ao fundo da farmácia, abriu um vidro, fez um pequeno


embrulho e entregou ao homem.
II - A sua fisionomia estava serena, o seu aspecto tranquilo.
III - E o farmacêutico, sentindo-se aliviado do seu gesto, sentira-se
feliz diante de suas lembranças.
IV - Quando, vi que não servia, dei às formigas, e nenhuma morreu.

81
UNIDADE II | PONTUAÇÃO

A) I - IV;
B) II - III;
C) II - IV;
D) I - II;
E) I – III.

Gabarito:

1-B 2-C 3-C 4-C 5-E

82
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

CAPÍTULO II
CONCORDÂNCIA NOMINAL

Figura 32 - Concordância Nominal.

Como dito no início da unidade, cabe à sintaxe estudar as relações que as palavras
estabelecem entre si em uma oração. Na morfologia, estudamos as palavras variáveis e
invariáveis e observamos superficialmente como as classes de palavras interagem entre si.
Agora, retomaremos os conceitos estudados na unidade I aprofundando as relações entre as
palavras e a obrigatoriedade que elas têm em manter-se em concordância. A concordância
nominal é aquela que ocorre entre o substantivo e os nomes que estão relacionados a ele.

Via de regra, todos os termos variáveis relacionados ao substantivo devem concordar


com ele em gênero e número. Assim, observe o terceiro quadrinho da figura:

Gatinha! As coisa fica brilhenta.

Tem-se, aqui, dois problemas de concordância: nominal e verbal. Por ora, nos
preocuparemos com os desvios quanto à concordância nominal. A marca de plural fica
evidenciada somente por meio do artigo as, o que compromete a correção gramatical da
oração. O correto seria As coisas ficam brilhentas, pois tanto o artigo quanto o substantivo e o
adjetivo são palavras variáveis.

83
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

Casos especiais:

Adjetivo DEPOIS de dois ou mais substantivos: concorda com ambos ou com o mais
próximo. Se os substantivos forem de gêneros diferentes, prevalece o masculino no plural.

Ex. Banco e mesa sujos.

Banco e mesa suja.

Adjetivo ANTES de dois ou mais substantivos: concorda com o mais próximo (exceto
se os substantivos forem nomes próprios)

Ex. Escolheste mau lugar e hora.

Os renomados Chico e Caetano estarão no festival.

Adjetivo antes de mais de um substantivo = predicativo: fica no plural.

Ex. A justiça declarou culpado o réu.

A justiça declarou culpados o réu e a ré.

Adjetivo depois do substantivo = predicativo: fica no plural

Ex. A justiça declarou o réu e a ré culpados.

Palavras “obrigado”, “incluso” e “anexo”: concordam com a palavra à qual se referem,


pois são adjetivos.

Palavras “mesmo” e “bastante”: se forem advérbios, permanecem invariáveis; se


forem adjetivos ou pronomes, concordam com o termo ao qual se referem.

Ex. Você vai mesmo mudar de cidade?

Realmente = advérbio

84
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

Eles mesmos fizeram os exercícios.

Próprios = adjetivo

Hoje eles estão bastante cansados.

Muito = advérbio

Bastantes alunos vieram à aula.

Muitos = pronome indefinido

Temos motivos bastantes para desconfiarmos dele.

Suficientes = adjetivo

Palavra “só”: como palavra denotativa, permanece invariável; como adjetivo,


concorda.

Ex. Eles vivem sós naquela casa

Sozinhos = adjetivo

Ele só queria paz e sossego.

Palavra denotativa

Palavra “meio”: como numeral, varia; como advérbio, permanece invariável.

85
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

Ex. É meio-dia e meia.

Numeral

Ela está meio triste com a amiga.

Advérbio

Expressões “é bom”, “é proibido”, “é necessário”, “é permitido” em grau absoluto:


permanecem invariáveis; caso contrário, há concordância.

Ex. Cerveja é bom.

É proibido entrada de menores.

É necessário intervenção do Estado.

Não é permitido entrada de animais.

1. (VUNESP 2013 – PC-SP) Considerando a norma-padrão, assinale


a alternativa correta quanto à concordância nominal.

A) Foi formada, graças a Niemeyer, uma geração de novos


arquitetos dedicados a dar continuidade a seus projetos.
B) Já foram realizado, em diferentes universidades, vários estudos
sobre a produção do arquiteto brasileiro.
C) Considerado uma das criações mais inovadoras do século XX,
a arquitetura de Niemeyer é singular.
D) Seria celebrado, no Rio de Janeiro, uma grande festa em
comemoração aos 105 anos de Oscar Niemeyer.
E) As visitas a Brasília se tornaram frequente, em especial para se
apreciar a arquitetura de Niemeyer.

2. (FUNDEP 2014) Considerando-se a norma padrão da modalidade


escrita da língua portuguesa, assinale a alternativa em que há
problema de concordância nominal.

A) Anexos à presente carta, seguem os documentos solicitados.


B) Remeto incluso fotocópia da minha carteira de identidade.
C) As características observadas são as mais variadas possíveis.

86
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

D) A situação econômica da empresa vem melhorando a olhos


vistos.

3. (VUNESP 2013 – PC-SP) Considerando as regras de concordância


nominal e verbal, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, assinale a alternativa correta.

A) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se


os pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e
simplicidade.
B) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentadas se os
pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e
simplicidade
C) A comunicação e a confiança dos filhos será aumentada se os
pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e
simplicidade.
D) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentada se os
pais responderem às perguntas feitas por eles com clareza e
simplicidade.
E) A comunicação e a confiança dos filhos serão aumentadas se
os pais responderem às perguntas feita por eles com clareza e
simplicidade.

4. (FCC 2013) Considere:

Já ...... muitas pessoas no ônibus. Dali ...... pouco o falatório ao


telefone aborreceria muitos dos passageiros. Eles já estavam ......
incomodados pelo provável barulho. ...... dias que enfrentavam esse
problema, sendo-lhes ...... as reclamações pela possibilidade de
desentendimento.

Portanto, ...... de suportar o desconforto.

Preenchem, corretamente, as lacunas do texto:

A) havia - a - meio - Fazia - proibidas – haviam


B) haviam - a - meia - Fazia - proibido – havia
C) haviam - há - meio - Faziam - proibidas – haviam
D) havia - há - meia - Fazia - proibido – haviam
E) havia - a - meio - Fazia - proibidas – havia

5. (BANCO DO BRASIL) – Na ordem, preenchem corretamente as


lacunas:

I. Justiça entre os homens é …


II. É … a entrada de pessoas estranhas.
III. A água gelada sempre é …

A) necessário, proibida, gostosa.


B) necessária, proibida, gostoso.
C) necessário, proibida, gostoso.

87
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA NOMINAL

D) necessária, proibido, gostoso.


E) necessário, proibido, gostosa.

Gabarito:

1-A 2-B 3-A 4-A 5-A

88
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

CAPÍTULO III
CONCORDÂNCIA VERBAL

Figura 33 - Quadrinho turma da Mônica.

A concordância verbal determina a conjugação correta do verbo e ela é orientada de


acordo com o sujeito da oração, ou seja, aquele que pratica a ação proposta pelo verbo. Assim,
fica evidente que, no último quadrinho, há um problema de concordância, veja:

Depois, eles dizem que gosta dos animais.

O sujeito dessa oração é o pronome eles (tanto do verbo dizer quanto do verbo
gostar). Por isso, ambos os verbos deveriam estar conjugados na 3ª pessoa do plural: gostam
dos animais.

Regra básica: O verbo concorda com o núcleo do sujeito em pessoa e número.

Casos especiais

 Sujeito indeterminado: verbo na 3ª p.s.+ SE OU verbo na 3ª p.p.

 Voz passiva sintética: concorda com o sujeito paciente.

 Expressões partitivas (a maioria de, a maior parte de, etc.) + nome no plural:
pode concordar com a expressão (singular) ou com o nome (plural).

89
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

 Pronome interrogativo/indefinido + nós/vós: se o pronome estiver no singular,


o verbo fica na 3ª p.s.; se o pronome estiver no plural, o verbo pode ficar na
3ª p.p. ou concordar com o nós/vós.
 Expressões numéricas aproximativas (cerca de, menos de) + numeral:
concorda com o numeral.

 Porcentagem: se estiver acompanhada de alguma expressão, concorda com


a expressão; se estiver sozinha, concorda com o numeral.

 Pronome relativo que: concorda com o termo ao qual ele é relativo.

 Pronome relativo quem: o verbo fica na 3ª p.s.

 Substantivos próprios no plural: a concordância se faz com o artigo. Caso ele


esteja omitido, o verbo fica na 3ª p.s.

 Ideia de reciprocidade: o verbo fica no plural

 Sujeito composto:

a) Núcleos ligados por e + verbo POSPOSTO ao sujeito: o verbo fica no


plural.
b) Núcleos ligados por e + verbo ANTEPOSTO ao sujeito: o verbo fica no
plural ou concorda com o núcleo mais próximo.
c) Núcleos do sujeito = sinônimos ou gradativos: plural ou singular.
d) Sujeito composto + aposto resumidor (tudo, nada, nenhum, cada um, etc.):
verbo no singular.
e) Núcleos do sujeito ligados por ou ou nem: se der ideia de exclusão, o verbo
fica no singular. Caso contrário, fica no plural.
f) Núcleos do sujeito ligados por com: se os dois núcleos tiverem a mesma
importância, o verbo fica no plural. Se o segundo núcleo for um adjunto
adverbial de companhia, o verbo fica no singular.

 Sujeito = um e outro, nem um nem outro: o verbo pode ficar no singular ou no


plural.
 Sujeito composto por pessoas gramaticais diferentes: a 1ª pessoa prevalece
sobre a 2ª que prevalece sobre a 3ª. Quanto ao número, o verbo ficará no
plural.

O verbo “ser”

 Verbo de ligação:
a) Se o sujeito ou o predicativo designarem seres humanos, o verbo concorda
com este núcleo.

90
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

b) Se o sujeito ou o predicativo estiverem representados por pronome pessoal,


o verbo concorda com o pronome.
c) Se o sujeito e o predicativo não forem pronomes pessoais ou não
designarem pessoas, a concordância pode ser feita com qualquer um dos
dois.

 Indicando horas, distâncias: o verbo concorda com o numeral.

 Indicando datas: o verbo concorda com a palavra dia (explícita ou não) ou


com o numeral.

 Com expressões indicativas de quantidade (pouco, muito, bastante, demais,


etc.): o verbo fica no singular.

Os verbos impessoais

Fonte: http://profcristianetoledo.blogspot.com.br/ acesso em 18/01/2017

No início do capítulo de concordância verbal, foi ressaltado


que, via de regra, o verbo concorda com o sujeito. Entretanto,
existem alguns verbos que não possuem sujeito: os verbos
impessoais. Nesse caso, o verbo ficará sempre na 3ª pessoa do
singular.

 Verbo “haver”
a) No sentido de existir/acontecer: impessoal
b) Indicando tempo passado: impessoal

 Verbo “fazer”
a) Indicando tempo passado: impessoal
b) Indicando clima: impessoal

 Verbos que indicam fenômenos da natureza: impessoais.

91
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

1. VUNESP 2015 – MPE-SP) A concordância verbal está de acordo


com a norma-padrão da língua portuguesa em:
A) Devem-se levar a sério a possibilidade de existir discriminações
e estridências moralmente injustificáveis.
B) Faz-se um alerta para o risco de que se manifestem
discriminações e estridências moralmente injustificáveis.
C) O autor teme que, se abrirmos espaço, possa surgir
discriminações e estridências moralmente injustificáveis.
D) O filósofo sugere que existe a chance de haverem
discriminações e estridências moralmente injustificáveis.
E) Deve-se considerar o perigo de que ocorra discriminações e
estridências, as quais poderão ser moralmente injustificáveis.
Texto para a questão 2.

Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de


reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das
letras, das artes, da cultura brasileira – movimento dos nossos dias que,
tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo"
paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias - "ecológicas",
poderia dizer-se com algum pedantismo - de formação, aparecimento e
vida.
Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma
espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase
despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos
estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de
riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente
brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão
honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em
instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto
quanto possível autônomo e criador. [...]
Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do
Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afronordestina.
E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o
nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de
carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de
sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e
não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes
dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]
Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os
tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em
contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas,
entre nós tão livre, ao lado do cruzamento de raças. Dois processos através
dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais
genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.
(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA,
Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v.
I, p. 157 e 158)

92
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

2. (FCC 2014) Nas frases transcritas do texto, o verbo que deverá


permanecer no singular, mesmo com a substituição do segmento
grifado pela proposta entre parênteses, está em:
A) ... o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira... (os
sentidos do estrangeiro)
B) Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina... (os
valores da vivência)
C) ... movimento dos nossos dias que (...) teve, entretanto,
condições próprias... (tendências de composição poética)
D) ... que foi uma espécie de parente pobre... (manifestações de
parente pobre)
E) Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima ... (Vivências
da realidade brasileira)

3. (TRT 2013) O verbo que pode ser corretamente flexionado no plural


está grifado em:
A) Mais tarde, nas cidades, havia discussões em praça pública...
B) Como teria sido a Primavera Árabe sem e-mail, Twitter e
Facebook?
C) ...na última década surgiu a comunicação digital...
D) ...e parte das interações sociais adquiriu um caráter virtual...
E) ...é difícil definir e medir separadamente a contribuição...

4. (FCC 2013) Substituindo-se o segmento em destaque pelo colocado


entre parênteses ao final da frase, o verbo que deverá manter-se
no singular está em:

A) Houve um sonho monumental... (sonhos monumentais)


B) Bem disse Le Corbusier que Niemeyer... (os que mais
conheciam a sua obra)
C) Assim pensava o maior arquiteto... (grandes arquitetos como
Niemeyer)
D) O comunismo resolve o problema da vida... (As revoluções
vitoriosas da esquerda)
E) Niemeyer vira a possibilidade... (Os arquitetos da geração de
Niemeyer)

5. (VUNESP 2013 – PC-SP) Assinale a alternativa em que a


concordância se dá em conformidade com a norma-padrão.

A) Fazem anos que me mudei para este apartamento com


minhas filhas, que havia acabado de voltar do exterior.
B) Os amigos que acreditavam no desaparecimento do livro
teve de rever suas convicções diante das vendas de livros,
que continua aumentando.
C) Apesar de ter criticado as estantes, os amigos do autor
concluiu que era muito cômodo dispor de uma grande
variedade de livros e CDs.
D) Já existe muitos jovens que tem baixado músicas pela
internet e já se desfez de seus leitores de CDs tradicionais.

93
UNIDADE II | CONCORDÂNCIA VERBAL

E) Um casal de amigos questionou a utilidade das estantes


que haviam sido compradas para o apartamento novo.

Gabarito:
1-B 2-A 3-D 4-A 5-E

94
UNIDADE II | REGÊNCIA

CAPÍTULO IV
REGÊNCIA
Alguns nomes e verbos não são completos em seus significados e, por isso, precisam
de complementos. Nem sempre esses complementos ligam-se diretamente a seus nomes ou
verbos, trabalho exercido pelas preposições. Essa área da gramática chama-se regência e ela
pode ser nominal ou verbal.

1. Regência Nominal

Figura 34 - Propaganda Ford EcoSport.


Fonte: http://atividadeslinguaportuguesa.blogspot.com.br/ acesso em 18/01/2017

Observe a frase na parte superior da propaganda:

“Visite as praias que só os náufragos tinham acesso antes”

95
UNIDADE II | REGÊNCIA

Ao analisá-la sintaticamente, percebe-se que ela contém um erro gramatical. Como


já aprendemos antes, o pronome relativo que retoma o termo praias. O termo acesso completa
o significado do verbo ter, que é transitivo direto. Do mesmo modo, a palavra acesso precisa
de um termo que complete seu significado e esse termo é praias. No entanto, a palavra acesso
não se liga diretamente à palavra praias e necessita da preposição a para conectá-las. A isso,
dá-se o nome de REGÊNCIA NOMINAL. Assim, corrigindo a oração, teríamos: “Visite as
praias a que só os náufragos tinham acesso antes.”. Abaixo, seguem alguns nomes com suas
regências:

Figura 35 - Tabela de alguns nomes e suas regências.


Fonte: http://www.qieducacao.com/ acesso em 18/01/2017

96
UNIDADE II | REGÊNCIA

2. Regência Verbal

Figura 36 - Regencia Vebal.


Fonte: http://criteriorevisao.com.br/ acesso em 18/01/2017

Para estudarmos o conceito de regência verbal, é necessário relembrarmos a


transitividade dos verbos:

VTD: precisam de complemento (OD), mas não se ligam a ele por preposição.

VTI: precisam de complemento (OI) e se ligam a ele por preposição.

VTDI: precisa dos dois complementos. (OD e OI).

VI: não precisam de complemento.

Assim, levando em consideração que o verbo lembrar é transitivo direto e, portanto,


não rege preposição, o segundo quadrinho deveria ser corrigido da seguinte maneira: “Eles
nunca lembram uma data importante!” assim como o terceiro quadrinho: “Lembro o dia de
nossa primeira briga feia...”.

Relembrando:

Os pronomes oblíquos átonos o(s), a(s) substituem o objeto direto, os lhe(s) o indireto
e os me, te, se, nos, vos podem variar.

97
UNIDADE II | REGÊNCIA

Alguns verbos variam sua transitividade de acordo com o significado


que adquirem na oração. Veja alguns casos:
 Agradar/desagradar
a) No sentido de “contentar/descontentar”: VTI (rege a preposição
a).
b) No sentido de acariciar: VTD

 Assistir
a) No sentido de “ver” ou de “caber/pertencer”: VTI (rege a
preposição a)
b) No sentido de “ajudar”: VTD

 Esquecer/Lembrar
a) Sem o pronome se: VTD
b) Com o pronome se: VTI (rege a preposição de)

 Visar
a) No sentido de “ter o objetivo de”: VTI (rege a preposição a)
b) No sentido de “mirar” ou “vistar (dar visto)”: VTD

 Aspirar
a) No sentido de “respirar”: VTD
b) No sentido de “almejar, desejar”: VTI (rege a preposição a)

 Querer
a) No sentido de “desejar”: VTD
b) No sentido de “ter afeto”: VTI (rege a preposição a)

Há, ainda, alguns verbos cujas regências são, na situação


de comunicação informal, equivocadas. Observe alguns:
 Ir/Chegar: verbos intransitivos que apresentam adjunto adverbial de
lugar como complemento. A ligação do verbo com o seu adjunto se
estabelece por meio da preposição a, e não da preposição em. (o
verbo ir também pode admitir a preposição para)

 Obedecer/Desobedecer: VTI (regem a preposição a)

 Pagar/Perdoar: VTI (regem a preposição a)  se o objeto desses


verbos designar coisa, ele será VTD.

 Preferir: VTDI (o OI é regido pela preposição a)

98
UNIDADE II | REGÊNCIA

Leia o texto a seguir para responder à próxima questão

Pelo mundo afora, os jornais sentem a agulhada de uma conjunção


de fatores especialmente desfavoráveis: a recessão mundial, que reduz os
gastos com publicidade, e o avanço da internet, que suga anúncios,
sobretudo os pequenos e rentáveis classificados, e também serve como
fonte – em geral gratuita – de informações. Na Inglaterra, para sobreviver,
os jornais querem leis menos severas para fusão e aquisição de empresas.
Na França, o governo duplicou a verba de publicidade e dá isenção
tributária a investimentos dos jornais na internet.
Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora quanto
nos Estados Unidos. A recessão atropelou os dois maiores anunciantes –
o mercado imobiliário e a indústria automobilística – e a evolução da
tecnologia, com seu impacto sísmico na disseminação da informação, se
dá numa velocidade alucinante no país. O binômio recessão-internet está
produzindo uma devastação. Vários jornais, mesmo bastante antigos e
tradicionais, fecharam suas portas.
O fechamento de um jornal é o fim de um negócio como outro
qualquer. Mas, quando o jornal é o símbolo e um dos últimos redutos do
jornalismo, como é o caso do New York Times, morrem mais coisas com
ele. Morrem uma cultura e uma visão generosa do mundo. Morre um estilo
de vida romântico, aventureiro, despojado e corajoso que, como em
nenhum outro ramo de negócios, une funcionários, consumidores e
acionistas em um objetivo comum e maior do que interesses particulares
de cada um deles.
Desde que os romanos passaram a pregar em locais públicos sua
Acta Diurna, o manuscrito em que informavam sobre disputas de
gladiadores, nascimentos ou execuções, os jornais começaram a entrar na
veia das sociedades civilizadas. Mas, para chegar ao auge, a humanidade
precisou fazer uma descoberta até hoje insubstituível (o papel), duas
invenções geniais (a escrita e a impressão) e uma vasta mudança social (a
alfabetização). Por isso, um jornal, ainda que seja um negócio, não é como
vender colírio ou fabricar escadas rolantes.
(André Petry. Revista Veja, 29 de abril de 2009, pp. 90-93, com
adaptações)

1. (TRT/9ªREGIÃO – 2010 – FCC) Na França, o governo duplicou a


verba de publicidade… (1º parágrafo) O verbo que exige o mesmo
tipo de complemento que está grifado acima se encontra em:

A) … e também serve como fonte – em geral gratuita – de


informações.
B) Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora
quanto nos Estados Unidos.
C) Vários jornais, mesmo bastante antigos e tradicionais, fecharam
suas portas.

99
UNIDADE II | REGÊNCIA

D) … quando o jornal é o símbolo e um dos últimos redutos do


jornalismo …
E) Mas, para chegar ao auge …

2. (FCC)... uma das poucas formas de circulação da renda monetária


provém justamente do rendimento daquelas duas categorias.

A frase cujo verbo exige o mesmo tipo de complemento que o do


grifado acima é:

A) Um dos resultados favoráveis da pesquisa diz respeito ao


aumento da renda média do trabalhador.
B) Houve queda no nível de desigualdade nos rendimentos obtidos
por trabalhadores do sexo masculino e naqueles obtidos por
mulheres.
C) A pesquisa remete a conclusões otimistas acerca da queda da
desigualdade social no Brasil, apesar da permanência da
violência urbana.
D) Os dados da pesquisa assinalam uma recuperação significativa
do rendimento médio do trabalhador, especialmente em
algumas regiões.
E) Os dados, apesar de positivos, mostram um quadro social ainda
bastante violento, contrário a qualquer comemoração mais
otimista.

3. (FCC – 2013) Está correta a regência nominal e verbal em:

A) O velho jornalista sempre aspirara aquele cargo, pois tinha de


objetivo poder reestruturar a redação dos jornais impresso e on-
line.
B) Lembrou-se de que o amigo gostaria de ter realizado a nova
programação, mas isso não lhe fora possível devido às suas
condições de saúde.
C) Teria sido necessário informar-lhe dos códigos de programação
e das regras que regem o uso das rimas em língua portuguesa.
D) O juiz isentou-lhe da culpa, uma vez que se constatou que ele
não tivera participação nos acontecimentos daquela tarde
esportiva.
E) Tivera muitas dúvidas em relação que profissão deveria seguir,
mas descobriu, ao conhecer as linguagens JAVA e HTML, que
gostaria mesmo ser um programador.

4. (TJ – SP) Indique onde há erro de regência nominal:

A) Ele é muito apegado em bens materiais.


B) Estamos fartos de tantas promessas.
C) Ela era suspeita de ter assaltado a loja.
D) Ele era intransigente nesse ponto do regulamento.
E) A confiança dos soldados no chefe era inabalável.

100
UNIDADE II | REGÊNCIA

Gabarito:

1-C 2-C 3-B 4-A

101
UNIDADE II | COLOCAÇÃO PRONOMINAL

CAPÍTULO V
COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Figura 37 - Colocação pronominal.


Fonte: http://sugestoesdeatividades.blogspot.com.br/ acesso em 18/01/2017

Na tirinha, a menina chama a atenção para o erro no uso do pronome, mas nem todos
os pronomes utilizados pelo rapaz estão incorretos, apesar de terem sido usados da mesma
maneira. Isso ocorre porque a COLOCAÇÃO PRONOMINAL depende de diversos fatores e
é alterada de acordo com a situação em que se usa essa classe gramatical. Há três maneiras
de posicionar o pronome com relação ao verbo: próclise (antes do verbo), ênclise (depois do
verbo) e mesóclise (no meio do verbo).

Regras básicas:

1. Não se inicia orações com pronome átono


2. A próclise sempre poderá ser usada, exceto se houver algum sinal de
pontuação antes do verbo.

Veja o poema do modernista Oswald de Andrade:

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido

102
UNIDADE II | COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Mas o bom negro e o bom branco


Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

(ANDRADE, O. Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.)

Oswald faz, aqui, uma sátira à colocação pronominal e à gramática, pois o uso da
próclise mesmo no início das orações é uma marca muito comum da oralidade e das situações
informais de comunicação. No caso do último verso do poema, ele transgride a primeira regra
básica da colocação.

Próclise:

Algumas palavras são partículas atrativas e, por isso, atraem o pronome


para perto delas. Nesses casos, a próclise é obrigatória. São elas:

 Palavras negativas
 Advérbios
 Pronomes relativos
 Pronomes indefinidos
 Pronomes demonstrativos
 Conjunções subordinativas

A partir dessa regra, é possível compreender o erro do rapaz da tirinha,


no início do capítulo. Ele respeitou a primeira regra básica, no entanto,
desrespeitou a obrigatoriedade da próclise ao dizer “nunca deixe-me”, uma
vez que a palavra nunca é negativa e, desse modo, atrai o pronome. Nos
outros casos, desde que não desrespeite a primeira regra básica, a próclise
é opcional.

Mesóclise:

A mesóclise está quase extinta da língua portuguesa contemporânea, conseguimos


encontrá-la em textos e obras literárias clássicas. Ainda assim, existem um caso em que ela é
obrigatória: verbo no futuro (do presente ou do pretérito) iniciando uma oração, desde que não
haja fator de próclise. Veja:

Queixar-me-ei da sorte.

103
UNIDADE II | COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Ênclise:

A ênclise só é obrigatória em dois casos: início de período e após uma pausa


estipulada pelo sinal de pontuação (como visto na regra básica). Observe:

Depois de pensar muito, decidiu-se pela blusa azul.

Atenção!!!

Quando houver uma locução verbal, normalmente o pronome posiciona-se entre o


verbo auxiliar e o principal, mas há outras possibilidades:

a) Verbo principal no infinitivo: pode posicionar-se antes ou depois do verbo


principal.
b) Verbo principal no particípio: pode posicionar-se antes do verbo auxiliar ou
antes do verbo principal, mas nunca depois do verbo principal.

1. (FCC 2014) O segmento grifado está corretamente substituído pelo


pronome correspondente em:

A) Sem precisar atravessar a cidade = atravessar-lhe.


B) Eles serviriam para receber a enorme quantidade de lixo =
recebê-lo
C) Um grupo de pesquisadores da USP tem um projeto = tem-los
D) O primeiro envolve a construção de uma série de portos =
envolve-lhe
E) O Hidroanel Metropolitano pretende resolver o problema em São
Paulo = resolvê-lo

2. (FCC 2014) A substituição do elemento grifado pelo pronome


correspondente foi realizada de modo INCORRETO em:

A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu


B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
C) para fazer a dragagem = para fazê-la
D) que desviava a água = que lhe desviava
E) supriam a necessidade = supriam-na

3. (FCC 2013) Considerados os necessários ajustes, a substituição do


elemento grifado pelo pronome correspondente foi realizada de
modo correto em:

A) Ele exercia a crítica = Ele exercia-na.


B) o uso do VT permite [...] ao ator = o uso do VT lhe permite.
C) que traz as imagens = que lhes traz.
D) As crianças constituíam [...] um segmento importante = As
crianças constituíam-lo.

104
UNIDADE II | COLOCAÇÃO PRONOMINAL

E) a introdução do videoteipe prejudicou a interpretação = a


introdução do videoteipe lhe prejudicou.

4. (FPTE/SP 2012) Observe a oração:

Ao inverter a ordem "natural" da frase... A mão apagou as linhas do


destino...

Os termos grifados acima foram corretamente substituídos por um


pronome em:

A) invertê-la − apagou-as.
B) inverter-lhe − apagou-nas.
C) invertê-la − lhes apagou.
D) inverter-na − apagou-as.
E) lhe inverter − apagou-as.

5. (FCC 2012) O segmento grifado foi substituído por um pronome de


modo INCORRETO em:

A) publicou um estudo em vermelho = o publicou.


B) fazer as pessoas acreditarem = fazê-las acreditarem.
C) resolveu tentar a sorte = resolveu tentá-la.
D) citar os três detetives fictícios mais famosos = citar-lhes.
E) tivera mais sucesso na medicina = tivera-o.

Gabarito:

1-E 2-D 3-B 4-A 5-D

105
UNIDADE II | CRASE

CAPÍTULO VI
CRASE

Figura 38 - Crase.
Fonte: http://portugues8csu.blogspot.com.br/ Acesso em 23/01/2017

A palavra crase tem origem na palavra grega krasis, que significa mistura, fusão, o
que nos indica a sua definição: é a junção da preposição a com o artigo ou o pronome
a(s). Tal definição ajudará muito a definir se determinada construção exige ou não o acento
grave indicador de crase e é a partir dela que iniciaremos o estudo deste capítulo. Além disso,
o capítulo 12 será imprescindível para que haja a compreensão completa da crase.

Sempre haverá crase

 O verbo ou o nome anterior à crase reger a preposição a e o


substantivo que estiver na sequência for feminino e admitir o artigo
a(s).

 Locuções adverbiais femininas.

 Locuções prepositivas.

 Locuções conjuntivas.

106
UNIDADE II | CRASE

 Expressões que indiquem “à maneira de” (mesmo que a expressão


estiver subentendida).

 O verbo ou o nome anterior à crase reger a preposição a e, na


sequência, houver os pronomes demonstrativos a(s), aquele (a)(s)
e aquilo.

 Antes dos pronomes relativos qual(is) quando retomarem


substantivos femininos.

Nunca haverá crase

 Antes de palavras no masculino.

 Antes de verbos.

 Antes de palavras no plural (a não ser que a crase também vá para


o plural).

 Entre palavras repetidas.

 Antes de nomes de cidades (a não ser que estejam especificadas


por adjunto adnominal).

 Antes da palavra casa (a não ser que esteja especificada por


adjunto adnominal).

 Antes da palavra terra no sentido oposto a “a bordo”.

 Antes da palavra distância (a não ser que esteja especificada por


adjunto adnominal).

Crase opcional

 Antes de nomes próprios no feminino.


 Antes de pronomes possessivos femininos.
 Depois da preposição até.

Observação!

 Não há crase entre os dias da semana  ideia de indefinição.


Ex. Vou à escola de segunda a sexta.

107
UNIDADE II | CRASE

 Há crase mesmo quando a palavra estiver elíptica.


Ex. A minha blusa é igual à [blusa] que você comprou.

Estratégias que podem ajudar

 Vou a, volto da, crase há! Vou a, volto de, crase pra quê?
 Substituir a palavra seguinte por uma no masculino. Se admitir a contração
ao, há crase.

Após estudarmos essas regras, identificamos o erro no cartaz colocado no início do


capítulo: o pronome todos não admite artigo a e, portanto, não admitirá crase.

1. (CESGRANRIO 2015) O sinal indicativo da crase é obrigatório, de


acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, na palavra
destacada em:

A) O atendimento a necessidades de imediatismo da sociedade


justifica o crescimento das formas de pagamentos digitais.
B) Os sistemas baseados em pagamentos móveis têm
chamado a atenção pela sua propagação em todo o mundo.
C) A opção pelas moedas digitais está vinculada a possibilidade de
diminuir as operações financeiras com a utilização do papel-
moeda.
D) Algumas tendências observadas no comportamento do
consumidor e nas tecnologias devem influenciar a infraestrutura
dos bancos.
E) Os clientes tradicionais dos bancos já se acostumaram a utilizar
suas agências para efetuar suas atividades de negócio.

Leia o texto abaixo.

De que forma o conhecimento da cultura renascentista pode


auxiliar no entendimento do presente?
A história da cultura renascentista ilustra com clareza o processo de
construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea.
Nela se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do
individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de
comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. Ela
consagra a vitória da razão abstrata, que é a instância suprema de toda a
cultura moderna, versada no rigor das matemáticas que passarão a reger
os sistemas de controle do tempo e do espaço. Será essa mesma razão
abstrata que estará presente na própria constituição da chamada
identidade nacional. Ela é a nova versão do poder dominante e será

108
UNIDADE II | CRASE

consubstanciada no Estado Moderno, entidade controladora e


disciplinadora por excelência, que impõe à sociedade um padrão único,
monolítico e intransigente. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio
de liberdade e autonomia do espírito, certamente o mais belo legado do
Renascimento à atualidade.
Como explicar a pujança do Renascimento, surgido em continuidade à
miséria, à opressão e ao obscurantismo do período medieval?
O Renascimento assinala o florescimento de um longo processo de
produção, circulação e acumulação de recursos econômicos,
desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os excedentes dessa
atividade crescente em progressão maciça que serão utilizados para
financiar, manter e estimular uma ativação econômica. Surge assim a
sociedade dos mercadores, organizada por princípios como a liberdade de
iniciativas, a cobiça e a potencialidade do homem, compreendido como
senhor da natureza, destinado a dominá–la e a submetê–la à sua vontade.
O Renascimento, portanto, é a emanação da riqueza e seus maiores
compromissos serão para com ela.
(Adaptado de: SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual;
Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1982. p. 2 e 3)

2. (FCC 2014) O sinal indicativo de crase pode ser corretamente


suprimido, sem prejuízo para a correção e o sentido original do
texto, em:

A) ... à opressão e ao obscurantismo...


B) ... o mais belo legado do Renascimento à atualidade.
C) ... em continuidade à miséria...
D) ... e a submetê–la à sua vontade.
E) ... que impõe à sociedade um padrão único...

Observe o excerto abaixo.

“A gestão é fragmentada, educação para um lado e saúde para


outro, habitação submetida à especulação imobiliária, saneamento à
espera de recursos que vão para as grandes obras de fachada".

3. (FGV 2014) Nesse segmento do texto, há duas ocorrências do


acento grave
indicativo da crase; sobre esse emprego pode-se afirmar com
correção que

A) nas duas ocorrências a justificativa do emprego da crase é


rigorosamente a mesma.
B) só na segunda ocorrência há a junção da preposição a com o artigo
definido feminino singular a.
C) na segunda ocorrência ocorre a junção da preposição a com um
pronome demonstrativo a.
D) na segunda ocorrência, a crase é devida à presença de uma locução
prepositiva formada com uma palavra feminina.

109
UNIDADE II | CRASE

E) na primeira ocorrência, o emprego do acento grave é devido à


necessidade de esclarecer uma possível ambiguidade.

4. (VUNESP 2013) Assinale a alternativa que completa as lacunas do


trecho a seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo
com a norma-padrão.
Não nos sujeitamos ________ corrupção; tampouco
cederemos espaço _______ nenhuma ação que se proponha
_______ prejudicar nossas instituições.

A) À; à; à
B) A; à; à
C) À; a; a
D) À; à; a
E) A; a; à

5. (FCC 2014) No trecho ... que podem representar uma das principais
ameaças à conservação do ecossistema ..., o sinal indicativo de
crase deverá permanecer, como no exemplo acima, caso o
segmento grifado seja substituído por:

A) cada componente da biodiversidade.


B) alguma das espécies ameaçadas.
C) qualquer ser vivo da floresta.
D) respeito das condições do ambiente.
E) recente pesquisa de medicamentos.

Gabarito:

1–C 2-D 3-D 4-C 5-E

110
UNIDADE III
SEMÂNTICA
111
UNIDADE III | CRASE

Figura 39 - Semântica.
Fonte: http://duplosentido23.blogspot.com.br/ Acesso em 23/01/2017

Se observarmos o cartaz reproduzido acima, perceberemos que ele faz um


jogo muito criativo com as palavras, explorando seus significados. A frase “Não vote em
branco”, nesse caso, trabalha tanto com a expressão “votar em branco” no sentido de
não votar em candidato algum, quanto com a etnia designada pela palavra branco, a fim
de convencer o leitor a votar em um negro. A essa multiplicidade de sentidos que uma
palavra pode adquirir em determinados contextos damos o nome de SEMÂNTICA.

112
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

CAPÍTULO I
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
Observe os enunciados a seguir:

Minha casa é meu abrigo.

Meu lar é meu abrigo.

Ambos os enunciados transmitem a mesma ideia; por isso, dizemos que as


palavras lar e casa podem, nesse contexto, ser consideradas como um par de
sinônimos, ou seja, palavras que, em determinadas situações, adquirem o mesmo
significado ou significados muito semelhantes.

É importante sempre notar que as relações semânticas estabelecidas entre as


palavras dependem do contexto em que estão inseridas. Se tivermos, por exemplo, as
seguintes orações:

Construa sua casa sobre um terreno sólido.

Edifício de formatos e tamanhos diferentes

Faça de seu lar um lugar de harmonia.

Domicílio familiar

Aqui, nota-se uma diferença entre as duas palavras: casa remete a algo
concreto, enquanto que lar dá a ideia de algo mais abstrato, construído a partir das
relações familiares e não de tijolos, como no primeiro caso. Assim, nesse último
contexto, as palavras não são sinônimas.

Ademais, ainda é necessário atentar para a questão da escolha linguística.


Ainda que as palavras tenham significados muito semelhantes, pouquíssimas palavras

113
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

da língua portuguesa têm exatamente o mesmo significado e há que se considerar,


também, outros fatores que envolvem a escolha lexical: a sonoridade e a forma da
palavra, por exemplo. Veja:

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido


contra o sem sentido
apelo do Não.

[...]

Carlos Drummond de Andrade , "Poemas". Rio de Janeiro: J. Olympio, 1959.

A palavra olvido, aqui, significa “esquecimento”, mas não poderia ser


substituída por ela sem prejuízo. Isso ocorre porque o poeta escolheu meticulosamente
cada palavra colocada no poema a fim de manter a rima e a métrica dos versos. Por
isso, devemos tomar muito cuidado ao substituir uma palavra por outra.

Agora, observe o enunciado abaixo:

“Carlos Drummond de Andrade, considerado o mais influente poeta brasileiro


do século 20.” (http://www.revistabula.com/ acesso em 23/01/2017)

Analise as relações estabelecidas entre as duas expressões destacadas:


ambas fazem referência a uma mesma pessoa, no entanto, uma delas tem o sentido
mais específico (hipônimo) e a outra tem o sentido mais genérico (hiperônimo). Desse
modo, temos:

 Carlos Drummond de Andrade  hipônimo (algo restrito)

114
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

 Poeta  hiperônimo (algo geral)

Essas relações são muito utilizadas como recurso coesivo, a fim de evitar a
repetição excessiva de um mesmo termo.

Agora, veja a música abaixo:

Não existiria som


Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

(“Certas Coisas”, Lulu Santos)

Note que Lulu Santos joga com as palavras de maneira a submeter a existência
de uma à de seu oposto. Para isso, ele utiliza pares de antônimos, ou seja, palavras
cujos sentidos são, em determinado contexto, opostos. Os antônimos também podem
ser formados a partir de processos de formação de palavras que adicionem prefixos de
negação, como organizado x desorganizado; feliz x infeliz; sexuado x assexuado.

Além dos sinônimos e dos antônimos, há, ainda, palavras cuja


sonoridade ou a grafia são idênticas, mas os significados não se
relacionam. A essas palavras, dá-se o nome de homônimas. Observe a
frase:

Leve a vida leve.

As duas palavras destacadas têm o mesmo som e são escritas da


mesma maneira, todavia, a primeira é relativa ao verbo levar e a segunda
significa “pouco peso”, de maneira leve. Ou, então:

Falta-lhe bom senso.


O censo escolar apontou uma queda do número de alunos.

115
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

São palavras cuja sonoridade é a mesma, mas a grafia e o


significado são diferentes. A primeira, relaciona-se à sensatez e a segunda
trata-se de um conjunto de dados estatísticos. Ainda assim, são
consideradas homônimas.
As homônimas perfeitas são aquelas que têm o mesmo
som e a mesma grafia; as homônimas homógrafas têm a mesma grafia e
as homônimas homófonas têm a mesma pronúncia.

Por fim, há as palavras parônimas. Observe:

Aquele jovem cometeu uma infração de trânsito.

Neste ano, a inflação foi de 9%.

As palavras destacadas não possuem a mesma grafia ou o mesmo


som, mas são parecidas; entretanto, seus significados são diferentes.
Infração significa “transgressão” e inflação, “aumento”. É preciso tomar
muito cuidado com alguns pares de parônimos, pois o uso incorreto de uma
palavra pode atribuir ao texto um significado completamente diferente
daquele pretendido pelo falante/escritor.

Leia o texto abaixo.

Visão monumental

1 Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos


da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do
Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de
completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de
idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução 5
arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.

Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família,


tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em
1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho,

116
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo


resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com 10 que a vida
seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua
desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”

E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da


monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-
piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e
catedrais não tivessem 15 mesmo sido construídos para ilustrar essa
perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas
construções.

Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio


dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do
Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos
seus. Brasília, em que pese o sonho 20 necessário, resultara
em alguma decepção.

Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna


do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à
modernidade empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi
devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a
identidade escultural do Brasil.

(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012,


www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)

1. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA


ADMINISTRATIVA) Quem sabe seus museus, prédios governamentais e
catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar
essa perplexidade? (3º parágrafo). De acordo com o contexto, o sentido do
elemento grifado acima pode ser adequadamente reproduzido por

A) descompasso
B) problemática
C) melancolia
D) estupefação
E) animosidade.

117
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

Leia o texto para responder a questão.

O Haiti é aqui

A chegada, vá lá, maciça, de haitianos ao Brasil é uma


ótima oportunidade para refletir sobre o que transforma grupos de pessoas
em povos. E a nossa reação à, vá lá, invasão é uma medida insofismável
de nossa generosidade.

A discussão sobre o que constitui um povo não é nova e permeou


parte do século 19. A contraposição básica é entre o jus sanguinis (direito
de sangue), pelo qual a nacionalidade de um indivíduo é dada por sua
ascendência, e o jus soli (direito de solo), pelo qual ela decorre do local de
nascimento ou, de modo um pouco mais fraco, do lugar que a pessoa
escolheu para habitar. Mais do que uma minudência jurídica, a distinção
traz consigo duas visões de mundo antagônicas.

Como regra geral, a maioria dos países europeus adotava o jus


sanguinis. Nesse caso, é o passado comum, consubstanciado em
categorias como sangue, raça e língua, que forja uma nação. A
nacionalidade se torna, portanto, um atributo imutável do indivíduo. Essa
concepção encontra amparo nos textos de pensadores românticos,
notadamente o alemão Johann Gottlieb Fichte (1762-1814).

Menos essencialista e, por isso mesmo, mais democrático, o jus


soli encontrou seu maior advogado no filósofo francês Ernest Renan (1823-
1892), que escreveu em meio à disputa entre a França e a Alemanha pelo
controle da Alsácia-Lorena. Para ele, o que definia um povo era a vontade
das pessoas de construir um futuro juntas. A existência de uma nação,
dizia, era um “plebiscito diário” e envolvia “ter feito coisas grandes juntos e
querer fazer ainda mais”. Não é coincidência que quase todos os países
do Novo Mundo tenham adotado o jus soli.

Assim, restringir a concessão de vistos a haitianos, como parece


querer parte do governo, é uma ideia que vai contra o espírito que presidiu
a própria criação do Brasil.

118
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

(Folha de S.Paulo, 14.01.2012. Adaptado)

2. (IAMSPE 2012 - VUNESP - ANALISTA ADMINISTRATIVO) Leia


as frases:

• E a nossa reação à, vá lá, invasão é uma medida insofismável de nossa


generosidade. (primeiro parágrafo)
• A discussão sobre o que constitui um povo não é nova e permeou parte
do século 19. (segundo parágrafo)

Nessas frases, os termos insofismável e permeou têm, respectivamente,


os sentidos de

A) indiscutível e intrigou.
B) indissociável e susteve.
C) impossível e representou.
D) irrefutável e atravessou.
E) improvável e advertiu.

Leia o texto abaixo.

Cortem-lhe a cabeça!

Um dos assuntos da semana foi o rostinho 100% natural da atriz


Cate Blanchett na capa da “Intelligent Life”, título de estilo e comportamento
da revista “The Economist”. A foto foi publicada sem nenhuma correção
feita com o Photoshop.

As revistas femininas, que usam o recurso de correção de imagens


em níveis extremos, comemoram a iniciativa alheia. Cate, 42, exibe suas
rugas discretas e está, obviamente, linda. De fato, o rosto da atriz é um
alívio estético diante de olhos tão acostumados a peles com textura de
borracha.

Mas o discurso que legitima esse tipo de opção como tendência


traz com ele uma justificativa mercadológica. Vejamos. Os corpos 100%

119
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

perfeitos, sem nenhuma marca de expressão, são irreais. Correto.


Funcionam como fantasias inalcançáveis, por mais que as mais afoitas
tentem consegui-los com a ajuda de cirurgias, implantes e outras alterações
físicas.

Mas, até mesmo para as marias-bisturi, os resultados têm


limites. Seja a permanência de algumas rugas, seja a transformação das
pacientes em seres humanos artificiais. E, mesmo com todos os recursos
disponíveis, as consumidoras começaram a relatar seu descontentamento
diante do espelho.

Ironicamente, campanhas por imagens mais reais têm


como principais interessados os fabricantes de cosméticos.

Cate Blanchett sem Photoshop é uma bela mulher com


rugas. Mas com ótima pele. Ultra bem tratada. Sem manchas. Coisas que
uma série de tratamentos estéticos não invasivos podem fazer por qualquer
mulher. Pelo menos por qualquer uma com recursos suficientes para pagar
por eles.

Cremes anti-idade, maquiagem de alta definição, produtos


de múltipla ação, tudo isso andava escondido sob muitas camadas de
maquiagem digital. E a indústria da beleza, grande anunciante das revistas
e suplementos de estilo e comportamento, começou a perceber que estava
marcando gols contra.

Será bom, é claro, ver mais mulheres verdadeiras em


capas mundo afora. Há muita beleza viva a ser mostrada. Mesmo
assim, para grande parte da humanidade, o acesso a um arsenal que
permita chegar aos 40 ou aos 50 com “cara de Cate” (e isso inclui, além de
cosméticos, alimentação, exercícios e genética) é quase tão irreal quanto
um par de seios absurdamente redondos e com design não compatível com
a lei da gravidade.

(Vivian Whiteman, Serafina, abril de 2012. Adaptado)

120
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

3.(CÂMARA DE MAUÁ/SP 2012 - VUNESP - TÉCNICO


LEGISLATIVO) Assinale a alternativa que apresenta expressões com
sentidos que se opõem, no texto.

A) rugas discretas – alívio estético (2.º parágrafo).


B) corpos 100% perfeitos – fantasias inalcançáveis (3.º
parágrafo).
C) marias-bisturi – seres humanos artificiais (4.º parágrafo).
D) imagens mais reais (5.º parágrafo) – mulheres
verdadeiras (8.º parágrafo).
E) maquiagem digital (7.º parágrafo) – beleza viva (8.º
parágrafo).

Leia o texto a seguir.

A mãe natureza e a mãe pátria

A mãe natureza sempre teve seus contrastes, seus


caprichos, seus ardis, encantos e horrores. A um tempo fera e fada, pode
nos destruir com um terremoto ou deslizamento, e nos levar ao paraíso com
suas belezas e surpresas. Diante dela, somos a um tempo reis e pobres
desamparados. Não sei se é apenas por influência das nossas perversas
atividades humanas, industriais e outras, que ela anda resmungando, mas
o que se sabe é que sempre, em milhões e milhões de anos, houve
alternâncias de bonança e terror, épocas de gelo, de seca, de calor, de vida
e destruição. Não sei se somos perniciosos, pequenas cracas grudadas
feito parasitas na pele rugosa dessa velhíssima bruxa, mas, seja como for,
as coisas não andam calmas.

Entre nós, de um lado chove demais, no Rio, em Minas e outros


locais. Assim se tragam vidas humanas, casas, lares, passado e futuro de
muitíssima gente; de outro, a seca atormenta, angustia e empobrece quem
com grande dificuldade e pouco apoio se dedica a produzir alimento. As
notícias dos jornais e televisão são de cortar o coração: mais ainda do que
a dor atual, a vergonha que é ver em Nova Friburgo, por exemplo, carros
atolados na lama há um ano, casas destruídas ou desaparecidas totalmente
no barro, montanhas de escombros, um teleférico encarapitado num

121
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

morro, e gente desalojada, em abrigos, em casa de amigos, em barracas...


há um ano.

Aí entra a mãe pátria: o que anda fazendo para socorrer


tanto sofrimento inocente? O que cumpriu daquilo que prometeu? Imagino
que as autoridades tenham destinado bom dinheiro e amplos recursos para
resolver essa desgraceira, e não submeter o povo sofrido a tanta
indignidade. Naturalmente, recursos existem, não somos a sexta potência
mundial? Não temos planos mirabolantes para copas e olimpíadas e
demais esportividades?

Não parece que muita coisa tenha ido além de promessas.


A mãe natureza exerce seu papel de bela ou cruel: nós, a mãe pátria, como
exercemos a nossa finalidade de cuidar bem de nossos filhos? Ninguém
mora em encostas perigosas porque deseja, mas possivelmente porque
não tem dinheiro, instrução, amparo, para viver de melhor forma. Ninguém
quer construir seu lar, por modesto que seja, onde seus filhos serão
sepultados em lama e horror. Oportunidade de vida digna é o que a mãe
pátria tem obrigação de dar a seus filhos, todos, sobretudo os mais
desassistidos.

Assombra-me a facilidade para desviar os olhos das grandes


dores do povo. As previsões são sombrias quanto ao clima, e não
muito animadoras quanto a atitude e providências imediatas que precisam
ser tomadas, superando divergências, egoísmos, competições menos
nobres, interesses menos dignos, em favor dos que tanto e há tanto tempo
aguardam desesperadamente soluções imediatas, sem desculpas, sem
enganos, sem cruéis adiamentos ou mentiras.

Que nos ajudem os deuses.

(Lya Luft, Veja, jan.de 2012. Adaptado)

4.(IAMSPE 2012 - VUNESP - OFICIAL ADMINISTRATIVO)


Considere o trecho do 5.º parágrafo – As previsões são sombrias quanto
ao clima, e não muito animadoras quanto a atitude e providências imediatas
que precisam ser tomadas, superando divergências, egoísmos, ...

122
UNIDADE III | SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS

A palavra em destaque tem, respectivamente, como melhores sinônimo e


antônimo:

A) desacordos / desarmonias.
B) concordâncias / competências.
C) discrepâncias / discordâncias.
D) harmonias / discrepâncias.
E) discordâncias / concordâncias.

5.(IAMSPE 2012 - VUNESP - OFICIAL ADMINISTRATIVO)


Analise o trecho do 1.º parágrafo do texto para responder à questão a
seguir:

A mãe natureza sempre teve seus contrastes, seus


caprichos, seus ardis, encantos e horrores. A um tempo fera e fada, pode
nos destruir com um terremoto ou deslizamento, e nos levar ao paraíso com
suas belezas e surpresas. Diante dela, somos a um tempo reis e pobres
desamparados.

As palavras fera e fada, que qualificam a natureza, têm sentido


contrário, assim como o par de expressões:

a) contrastes / terremoto.
b) paraíso / reis.
c) pobres desamparados / horrores.
d) vida / destruição.
e) cumpriu / prometeu.

Gabarito:

1-D 2-D 3-E 4-E 5-D

123
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

CAPÍTULO II
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS
PALAVRAS

Figura 40 - Sentido Próprio e Figurado das Palavras.


Fonte: http://portuguesnaweb.tumblr.com/ acesso em 24/01/2017

Na charge acima, a palavra rede adquire diferentes significados: um deles é o


próprio ou denotativo (rede que se usa para deitar) e o outro é o figurado ou
conotativo (a internet). Assim, entende-se que, na linguagem denotativa, as palavras
são utilizadas no seu sentido literal, aquele dado pelo dicionário, e, na linguagem
conotativa, as palavras ganham novos sentidos, atribuídos pelo contexto, e esses
sentidos devem ser apreendidos pelo leitor. As figuras de linguagem são as
estratégias utilizadas para ampliar o horizonte linguístico de cada palavra. Por isso,
estudaremos essas figuras e suas funções.

Figuras de linguagem

a) Comparação: relação explícita entre dois seres devido a algo que eles
têm em comum, estabelecida por meio de uma expressão comparativa.
Veja no poema “Desencanto”, de Manuel Bandeira:

Eu faço versos como quem chora


124
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

De desalento... de desencanto...
[...]
(Teresópolis, 1912)

b) Metáfora: atribuição de novos sentidos a uma palavra a partir da


comparação implícita entre dois seres. Veja no poema de Mário
Quintana:

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
(Poesia completa)

Obs: Catacrese: metáfora “cansada”, muito utilizada no cotidiano.

c) Metonímia (ou sinédoque): substituição de uma palavra por outra


quando uma é uma parte da outra. Observe no poema “Poema de Sete
Faces”, de Carlos Drummond de Andrade:

O bonde passa cheio de pernas:


pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
(Antologia Poética)

d) Sinestesia: mistura dos cinco sentidos. Veja um trecho de Aluísio


Azevedo:

[...]e, quando a infeliz se aproximou do marido, este, fora do costume,


notou-lhe o cheiro azedo do corpo.[...] (O Cortiço)

e) Antonomásia: chamar algo ou alguém por uma característica que a


pessoa ou coisa possui. Veja:

“Boa parte da produção artística da oficina do mestre Aleijadinho está


concentrada na cidade histórica de Ouro Preto.” (http://g1.globo.com/ acesso
em 24/01/2017)

125
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

Obs: Perífrase: substituir um termo curto por uma expressão mais longa.

f) Personificação (ou prosopopeia): atribuição de características humanas


a seres inanimados ou irracionais. Veja:

[...]
Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
[...]
(“Medo da Chuva”, Raul Seixas)

g) Antítese: aproximação de palavras cujos sentidos são opostos. Observe


no poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac.

Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura
[...]
(Poesias)

h) Paradoxo: aproximação de ideias contrárias, contraditórias. Veja no


poema de Luís Vaz de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
[...]
(Sonetos)

i) Hipérbole: expressão exagerada. Observe no poema “A Alvorada do


Amor”, de Olavo Bilac:

[...]
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!

126
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

[...]
(Poesias)

j) Eufemismo: expressão utilizada para amenizar outra expressão


desagradável. Veja o poema “Profundamente”, de Manuel Bandeira:

[...]
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo


Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
(Antologia Poética)

k) Ironia: consiste em dizer algo com um viés crítico ou satírico. Observe a


tirinha:

Figura 41 - Quadrinho Hagar.


Fonte: http://www.alienado.net/ acesso em 24/01/2017

l) Gradação: sequência de expressões que se seguem de maneira


crescente ou decrescente. Veja no soneto de Gregório de Matos:

127
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

[...]
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.
(Obras Poéticas)

m) Apóstrofe: chamamento, vocativo. Veja o poema “Dilacerações”, de Cruz


e Sousa:

Ó carnes que eu amei sangrentamente,


ó volúpias letais e dolorosas,
essências de heliotropos e de rosas
de essência morna, tropical, dolente…
[...]
(Broquéis)

n) Elipse: Omissão de um termo que pode ser identificado pelo leitor ou


pelo ouvinte. Observe no poema “Motivo”, de Cecília Meireles:
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
[...]
(Antologia Poética)

Obs: zeugma: tipo de elipse em que o leitor/ouvinte consegue identificar o


termo omitido porque ele foi dito anteriormente.

o) Silepse: concordância ideológica. Pode ser de três tipos:


 Silepse de gênero: “São Paulo é cheia de surpresas.”
 Silepse de número: “A população chegou agitada no comício,
levavam cartazes e apitos.”
 Silepse de pessoa: “Todos falamos futebol.”

p) Anacoluto: expressão sem função sintática, deslocada da estrutura da


oração. Observe:

“Eu, toda vez que chego, você me chama para conversar”


(http://www.figurasdelinguagem.com/ acesso em 24/01/2017)

128
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

q) Pleonasmo: repetição de uma mesma ideia a fim de realçá-la. Observe a


música “Valsinha”:

[...]
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou
[...]
(Chico Buarque e Vinícius de Moraes)

Obs: pleonasmo vicioso é um tipo de redundância utilizado na variedade


coloquial, mas deve ser evitado porque não é um recurso estilístico.

r) Polissíndeto: repetição de uma mesma conjunção. Veja no poema “A


Mosca Azul”, de Machado de Assis:

[...]
E zumbia, e voava, e voava, e zumbia,
Refulgindo ao clarão do sol
[...]
(Ocidentais)

s) Onomatopeia: tentativa de reproduzir um som. Observe a música “O


Carimbador Maluco:

Plunct Plact Zum


Não vai a lugar nenhum!
Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!
[...]
(Raul Seixas)

Obs: algumas palavras são criadas a partir de onomatopeias.

t) Anáfora: repetição de uma mesma palavra ou expressão no início das


orações. Observe a música “Grand´hotel”:

129
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

Se a gente não tivesse feito tanta coisa


Se não tivesse dito tanta coisa
Se não tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor grand' hotel
[...]
(Paula Toller – George Israel)

u) Aliteração: repetição do mesmo som consonantal. Veja a música “Nega


do Cabelo Duro”:

[...]
Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia?
Qual é o pente que te penteia?
[...]
(David Nasser)

v) Assonância: repetição do mesmo som vocálico. Observe a música


“Alegria, Alegria”:

Caminhando contra o vento


Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
[...]
(Caetano Veloso)

w) Paronomásia: aproximação de palavras sonoramente parecidas, mas


cujos significados são diferentes. Veja a música “Tocando em frente”:

Conhecer as manhas e as manhãs,


O sabor das massas e das maçãs
[...]
(Renato Teixeira)

130
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

Leia o texto abaixo.

O humor deve visar à crítica, não à graça, ensinou Chico Anysio, o


humorista popular. E disse isto a Carta Capital quando solicitado a
considerar o estado atual do riso brasileiro, durante uma entrevista em
outubro de 2010. Nos últimos anos de vida, o escritor contribuía para o
cômico apenas com sua porção de ator, impedido pela nova televisão
brasileira de produzir textos. E o que ele dizia sobre como deveria funcionar
a risada ajuda a entender a acomodação de muitos humoristas
contemporâneos. Porque, quando eles humilham aqueles julgados
inferiores, os pobres, os analfabetos, os negros, os nordestinos, todos os
oprimidos em quem parece fácil pisar, não funcionam bem como
humoristas. O humor deve ser o oposto disto, uma restauração do que é
justo, para a qual desancar aqueles em condições piores do que as suas
não vale. Rimos, isso sim, do superior, do arrogante, daquele que rouba
nosso lugar social.
O curioso é perceber como o Brasil de muito tempo atrás sabia disto,
e o ensinava por meio de uma imprensa ocupada em ferir a brutal
desigualdade entre os seres e as classes. Ao percorrer o extenso volume
da História da Caricatura Brasileira – Os precursores e a consolidação da
caricatura no Brasil (Gala Edições), compreendemos que tal humor
primitivo não praticava um rosário de ofensas pessoais, como o observador
contemporâneo se habituou a presenciar. Naqueles dias, humor parecia ser
apenas, e necessariamente, a virulência em relação aos modos opressivos
do poder.
A amplitude dessa obra é inédita. Saem da obscuridade, por conta
do trabalho, os nomes que sucederam e precederam o mais recentemente
aclamado dos artistas a produzir arte naquele Brasil, Angelo Agostini.
Corcundas magros, corcundas gordos, corcovas com cabeça de burro,
mutucas picantes, todos esses seres compostos em aspecto polimórfico,
com expressivo valor gráfico, muitas vezes produzidos a partir de talentos
anônimos, eram os responsáveis por ilustrar a subserviência a estender-se
pela Corte Imperial. Contra a escravidão, o comodismo dos bem-postos e
dos covardes imperialistas portugueses (os “corcundas”), esses artistas
operavam seu espírito crítico em jornais de todos os cantos do País.
(Carta Capital. 13.02.2013. Adaptado)

1. (VUNESP - 2013 - CTA - Analista Júnior - Administração) Na


frase – compreendemos que tal humor primitivo não praticava
um rosário de ofensas pessoais, observa-se emprego de
expressão com sentido figurado, o que ocorre também em:
A) O livro sobre a história da caricatura estabelece marcos
inaugurais em relação a essa arte.
B) O trabalho do caricaturista pareceu tão importante a seus
contemporâneos que recebeu o nome de “nova invenção
artística.”
C) Manoel de Araújo Porto-Alegre foi o primeiro profissional
dessa arte e o primeiro a produzir caricaturas no Brasil.

131
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

D) O jornal alternativo em 1834 zunia às orelhas de todos e


atacava esta ou aquela personagem da Corte.
E) O livro sobre a arte caricatural respeita cronologicamente os
acontecimentos da história brasileira, suas temáticas
políticas e sociais.

Leia o texto abaixo.

Ordem ou Barbárie

O fenômeno da violência é tão antigo quanto o ser humano. Desde


sua criação (ou surgimento, dependendo do ponto de vista), o homem
sempre esteve dividido entre razão e instinto, paz e guerra, bem e mal. O
fenômeno da violência é tão antigo quanto o ser humano. Desde sua
criação (ou surgimento, dependendo do ponto de vista), o homem sempre
esteve dividido entre razão e instinto, paz e guerra, bem e mal.
Há quem tente explicar a violência, a opção pela criminalidade,
como consequência da pobreza, da falta de oportunidades: o homem fruto
de seu meio. Sem poder fazer as próprias escolhas, destituído de livre-
arbítrio, o indivíduo seria condenado por sua origem humilde à condição de
bandido. Mas acaso a virtude é monopólio de ricos e remediados? Creio
que não.
Na propaganda institucional, a pobreza no Brasil diminuiu, o poder
de compra está em alta, o desemprego praticamente desapareceu... Mas,
se a violência tem relação direta com a pobreza, como explicar que a
criminalidade tenha crescido em igual ou maior proporção que a renda do
brasileiro? Criminalidade e pobreza não andam necessariamente de mãos
dadas.
Na semana passada, a violência (ou a falta de segurança) voltou ao
centro dos debates. O flagrante de um jovem criminoso nu, preso a um
poste por um grupo de justiceiros deu início a um turbilhão de comentários
polêmicos. Em meu espaço de opinião no jornal "SBT Brasil", afirmei
compreender (e não aceitar, que fique bem claro!) a atitude desesperada
dos justiceiros do Rio. (...) Não é de hoje que o cidadão se sente
desassistido pelo Estado e vulnerável à ação de bandidos. (...) Estamos
entre os 20 países mais violentos do planeta. E, apesar das estatísticas, em
matéria de ações de segurança pública, estamos praticamente inertes e,
pior: na contramão do bom senso! (...)No Brasil de valores esquizofrênicos,
pode-se matar um cidadão e sair impune. Mas a lei não perdoa quem
destrói um ninho de papagaio. É cadeia na certa! (...)
Quando falta sensatez ao Estado é que ganham força outros
paradoxos. Como jovens acuados pela violência que tomam para si o papel
da polícia e o dever da Justiça. Um péssimo sinal de descontrole social. É
na ausência de ordem que a barbárie se torna lei.
(Rachel Sheherazade - jornal Folha de São Paulo, 11 de fevereiro
de 2014)

132
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

2. (UESPI - 2014 - PC-PI - Delegado de Polícia) A opção em que


a palavra destacada encontra-se em sentido figurado ou
conotativo é:
A) se a violência tem relação direta com a pobreza, como
explicar que a "criminalidade" tenha crescido em igual ou
maior proporção que a renda do brasileiro?
B) o indivíduo seria condenado por sua origem humilde à
condição de "bandido".
C) afirmei compreender (e não aceitar, que fique bem claro!)
a "atitude" desesperada dos justiceiros do Rio.
D) deu início a um "turbilhão" de comentários polêmicos.
E) Criminalidade e "pobreza" não andam necessariamente
de mãos dadas.

Leia o texto a seguir.

3. (2014 - FUNDATEC - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da Receita


Estadual) Analise as afirmativas abaixo:
I. A expressão ‘dito popular’ (l.33) é um pleonasmo, visto
que confere mais clareza para a expressão através de
uma redundância.

133
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

II. “Não se deve matar as ‘galinhas dos ovos de ouro’”


(l.31), no contexto de ocorrência, significa que uma das
fontes de ganhos da receita não pode ser destruída.
III. A expressão “fechar o cerco” (l.42) poderia ser alterada
por “fechar o circo”, sem causar mudanças no sentido.

Quais estão incorretas?

A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas I e III.
E) Apenas I, II e III.

4. (FUMARC - 2013 - PC-MG - Perito Criminal) Quanto à


classificação das figuras de linguagem presentes nas
seguintes propagandas, a alternativa INCORRETA é:
A) HIPÉRBOLE: Vem que aqui cabe um país inteiro.
(Automóvel)
B) IRONIA: A gente faz um mundo para você voar mais.
(Empresa aérea)
C) METÁFORA: Leve sua paixão para passear em Veneza.
(Cosméticos)
D) METONÍMIA: Um passeio infinito pelas curvas de Oscar
Niemeyer. (Joias)

Leia o texto abaixo.

No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que


enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes
cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a
questão do tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos
mais atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do mundo.
Foram analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem
determinada distância a pé no centro da cidade, o número de relógios
corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros
pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os
suíços ocupam o primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem
o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são ocupadas
por países pobres.
O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos
traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de
que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em
comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais
dispostos a perdoar atrasos", diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com
cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um
convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa

134
UNIDADE III | SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS

de aniversário. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser


mais flexíveis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser
pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte
público?
(Veja, 02.12.2009)

5. (VUNESP-TJ-SP- Agente de Fiscalização Judiciária-2009) Há


emprego do sentido figurado das palavras em:
A) ... os brasileiros estão entre os povos mais atrasados...
B) No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar.
C) Os brasileiros ... dão mais importância às relações sociais...
D) Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo...
E) e ... não se pode confiar no serviço público?

6. (TJ-SC - 2011 - TJ-SC - Técnico Judiciário – Auxiliar) Assinale


a alternativa que contém um exemplo de elipse.
A) Os candidatos, mesmo estudando um mundo de livros, não
obtiveram êxito.
B) “Tava cansado de carimbar postais...”
C) Os candidatos soubemos lidar com as questões propostas.
D) Aos candidatos, nós desejamos-lhes muita sorte.
E) Ele vestia uma zorba dois números menores que o seu.

Gabarito:

1-D 2-D 3-D 4-B 5-D 6-B

135
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

CAPÍTULO III
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Figura 42 - Leitura e Interpretação de Textos.


Fonte: http://www.educadois.com.br/ acesso em 24/01/2017

A leitura é o meio mais eficiente de se adquirir conhecimento, além de permitir


que o universo criativo do leitor seja ampliado por meio de situações inusitadas
proporcionados pelo ato de ler. A aquisição de informações e de pensamento crítico
acerca da realidade que nos envolve também é propiciada pela leitura, por isso, torna-
se uma atividade essencial para a formação do cidadão.

No entanto, o ato de ler não é tão simples quanto parece. No processo de


alfabetização, o estudante aprende, primeiramente, a unir as letras para formar sílabas
e, a partir da união das sílabas, decifrar a mensagem transmitida pelo código. Após esse
processo de aprendizagem, é preciso partir para um outro nível da leitura: aquele que
permite ao leitor compreender o que é dito pelo texto. Esse processo é bem mais
complexo e pesquisas apontam que poucos brasileiros alfabetizados têm condições de
entender aquilo que lê, são os chamados analfabetos funcionais.

Por isso, é importante ressaltar que o leitor crítico é aquele que compreende o
texto, inclusive, sabendo interpretar o que está nas entrelinhas. Assim, é inerente à
interpretação textual o conhecimento do contexto no qual um texto está inserido, pois
os discursos, segundo Mikhail Bakhtin, relacionam-se de forma dialógica, ou seja,
“conversam” uns com os outros, o que exige um conhecimento prévio do leitor acerca
de determinados assuntos. Ademais, a habilidade e o domínio da língua são essenciais
para a compreensão de um enunciado, além, é claro, de um vocabulário vasto. Os
estudos sobre morfologia e, principalmente, sobre sintaxe são a base para que se

136
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

apreenda a informação lida, uma vez que são eles que nos ajudam a relacionar as
palavras e seus sentidos.

Deve-se evidenciar, também, o sentido atribuído à palavra texto: para nós,


qualquer forma de se transmitir uma mensagem será chamada de texto. Desse modo,
uma imagem, por exemplo, também será considerada texto uma vez que exigirá a
interpretação do leitor. Observe os três tipos de textos abaixo:

Figura 43 - Interpretação de texto.


Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ Acesso em 25/01/2017

Figura 44 - Interpretação de texto II.


Fonte: http://www.jn.pt/ acesso em 25/01/2017

Note que ambas as imagens transmitem textos não-verbais, já que são


constituídos de linguagem visual. Mesmo assim, sabendo do contexto em que estão
inseridos, o leitor crítico consegue interpretá-los: o primeiro faz uma crítica à televisão e
o segundo exibe a que ponto chegou o desespero dos refugiados e as consequências
da instabilidade política e social na Síria.

Outrossim, como dito anteriormente, os discursos se relacionam a outros


discursos e isso pode acontecer, inclusive, de maneira direta. É o que chamamos de
intertextualidade. Veja:

137
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Terezinha de Jesus O primeiro me chegou como quem


De uma queda foi ao chão vem do florista
Acudiram três cavalheiros Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche
Todos de chapéu na mão. de ametista

Me contou suas viagens e as


O primeiro foi seu pai,
vantagens que ele tinha
O segundo seu irmão,
Me mostrou o seu relógio, me chamava de
O terceiro foi aquele
rainha
Que a Tereza deu a mão.
Me encontrou tão desarmada que tocou meu
coração
Terezinha levantou-se
Mas não me negava nada, e assustada, eu
Levantou-se lá do chão
disse não
E, sorrindo, disse ao noivo:
Eu te dou meu coração.
O segundo me chegou como quem chega do
bar
Tanta laranja madura,
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de
Tanto limão pelo chão.
tragar
Tanto sangue derramado
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Dentro do meu coração.
Vasculhou minha gaveta me chamava de
perdida
Da laranja quero um gomo,
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu
Do limão quero um pedaço,
coração
Do menino mais bonito
Mas não me entregava nada, e assustada, eu
Quero um beijo e um abraço.
disse não
(Cantiga popular)
O terceiro me chegou como quem chega do
nada
Ele não me trouxe nada também nada
perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que
ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de
mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse
não

Se instalou feito um posseiro dentro


do meu coração.

(“Teresinha”, Chico Buarque)

138
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Ao ler os textos, fica evidente a relação entre eles: ambos falam sobre a história de
uma mulher (cujo nome, inclusive, é o mesmo) que ficou dividida entre três homens e no
caminho para encontrar aquele que mais lhe agradava, sofreu e se decepcionou. Perceba que,
se a cantiga popular não estivesse exposta, seria necessário que o leitor tivesse conhecimento
da sua existência para que, assim, conseguisse relacioná-los.

A intertextualidade também pode se estabelecer entre textos não-verbais. Observe:

Figura 45 - Reprodução do quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci.


Fonte: https://sociotramas.wordpress.com acesso em 25/01/2017

A sátira da Mona Lisa exige que o leitor tenha conhecimento do fenômeno que
assolou as redes sociais nos últimos anos: a selfie. Mais uma vez, note como é importante
estar contextualizado para que se compreenda os sentidos de uma mensagem.

Gêneros Textuais

Os textos não são escritos com os mesmos objetivos e, por isso, não têm as mesmas
características. Portanto, a gramática classifica os textos de acordo com os gêneros. Veja a
tabela abaixo:

139
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Figura 46 - Classificação de textos de acordo com os gêneros.


Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/ acesso em 25/01/2017

Alguns desses gêneros admitem a subjetividade, ou seja, a inserção do autor (1ª


pessoa) no texto, possibilitando-lhe exprimir suas ideias e sua opinião. Outros exigem que o
autor mantenha um certo distanciamento, pois são textos objetivos e, nesse caso, a
experiência do autor não pode se sobrepor aos fatos concretos.

O estudo das conjunções é imprescindível para que se


compreenda como as ideias do texto se conectam. Porém, é importante
atentar-se para o fato de que, muitos escritores, principalmente em textos
literários, atribuem novas funções às conjunções, fazendo-se necessária a
interpretação das ideias relacionadas. Observe:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os


olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete
horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as
derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo se à
luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em
terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o
ar e punha lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão,
esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo
anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de
espumas secas.

140
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono;


ouviam se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava
se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente
do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam se de janela para
janela as primeiras palavras, os bons dias; reatavam se conversas
interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das
casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.
(O Cortiço, Aluísio Azevedo, cap. III)

Veja que a conjunção destacada, originalmente, tem a função


adversativa; no entanto, nesse trecho do romance, o autor lhe dá um
sentido aditivo, pois continua a fazer a descrição do acordar do cortiço,
sem que as ideias se oponham.

Além disso, tome muito cuidado com os textos narrativos


narrados em 1ª pessoa: esse tipo de relato nunca pode ser considerado
completamente coerente com a realidade e é sempre passível de dúvidas.
Veja como isso acontece no célebre romance de Machado de Assis:

A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva,


rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas
capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido em
Tácito que as éguas iberas concebiam pelo vento, se não foi nele, foi noutro
autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste
particular, a minha imaginação era uma grande égua ibera; a menor
brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre; mas
deixemos metáforas atrevidas e impróprias dos meus quinze anos.
Digamos o caso simplesmente.
(Dom Casmurro, Machado de Assim, cap. XL)

O romance todo é um relato de Bentinho acerca de uma possível


traição da esposa, Capitu. A todo momento o narrador tenta nos convencer
de que a mulher o traiu, mas, em nenhum momento, ele apresenta provas
concretas sobre isso. Dentre as várias lacunas que existem na história que
nos permitem duvidar do relato do protagonista, destaca-se a do trecho em
questão: a metáfora utilizada pelo narrador é uma confissão de que sua
imaginação é muito fértil, o que pode incitar no leitor a dúvida sobre os fatos
contados. Tal metáfora só seria bem apreendida pelo leitor iniciado, crítico,
aquele que se atenta aos detalhes e às informações contidas no limiar das
palavras. É sempre válido lembrar que a interpretação de textos literários
deve ser muito mais minuciosa do que a de textos objetivos, pois os
primeiros exploram a linguagem conotativa, enquanto os segundos
devem prender-se à linguagem denotativa.

141
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Leia o texto abaixo para responder às questões 1 a 3.

Os cientistas já não têm dúvidas de que as temperaturas médias


estão subindo em toda a Terra. Se a atividade humana está por trás disso
é uma questão ainda em aberto, mas as mais claras evidências do
fenômeno estão no derretimento das geleiras. Nos últimos cinco anos, o
fotógrafo americano James Balog acompanhou as consequências das
mudanças climáticas nas grandes massas de gelo. Suas andanças lhe
renderam um livro, que reúne 200 fotografias, publicado recentemente.
Icebergs partidos ao meio e lagos recém-formados pela água
derretida das calotas de gelo são exemplos. Esse derretimento é sazonal.
O gelo volta nas estações frias − mas muitas vezes em quantidade menor,
e por menos tempo. Há três meses um relatório da Nasa, feito a partir de
imagens de satélites, mostrou que boa parte da superfície de gelo da
Groenlândia foi parcialmente derretida − transformada em uma espécie de
lama de neve − em um tempo recorde desde os primeiros registros, feitos
trinta anos atrás. Outro relatório, elaborado pela National Snow and Ice
Data Center, mostra que o gelo do Ártico, durante o verão do hemisfério
norte, teve a maior taxa de derretimento da história, superando o recorde
anterior, de 2007. Nem sempre, porém, menos gelo significa más notícias.
A alta da temperatura na Groenlândia permitiu a volta da criação de
gado leiteiro e o cultivo de vários tipos de vegetais, como batata e brócolis.
Além disso, o derretimento do gelo no Ártico vai permitir a exploração de
reservas de petróleo e abrir novas rotas de navegação. O que se vê nas
fotos de James Balog é um mundo em transformação.
(Adaptado de Carolina Melo. Veja, 7 de novembro de 2012, p. 121-
122)

1. (FCC 2013) Percebe-se claramente no texto

A) a necessidade do desenvolvimento da agropecuária em uma


região carente de recursos, submetida a condições de
temperatura excessivamente baixa.
B) a ocorrência de fenômenos naturais que confirmam plenamente
as análises de cientistas sobre as consequências da presença
do homem em algumas regiões da Terra.
C) a importância das imagens obtidas por satélites, que permitem
observação mais eficaz de fenômenos naturais ocorridos em
regiões distantes, muitas vezes inacessíveis.
D) o papel fundamental dos relatórios feitos com base em estudos
científicos, que propõem medidas de contenção do derretimento
de geleiras em todo o mundo.
E) o emprego de recursos auxiliares, como o oferecido pela
fotografia, nos estudos voltados para a preservação das belezas
naturais existentes no mundo todo.

142
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

2. (FCC 2013) O último parágrafo do texto expressa

A) as previsões alarmistas que, ao considerarem os dados


resultantes das pesquisas sobre o aquecimento global, vêm
confirmar os riscos de destruição do planeta.
B) a possibilidade de destruição total de uma vasta região do
planeta, pondo em risco a sobrevivência humana, por escassez
de água e de alimentos.
C) as conclusões dos cientistas a respeito das evidências do atual
aquecimento mais rápido do planeta, fenômeno que prejudica a
agricultura nas regiões polares.
D) um posicionamento otimista quanto às consequências de um
fenômeno que, em princípio, é visto como catastrófico para o
futuro do planeta.
E) opinião pouco favorável à exploração econômica, ainda inicial,
de uma das regiões mais frias do planeta, coberta por geleiras.

3. (FCC 2013) De acordo com o texto,

A) o ritmo acelerado de derretimento alerta para a necessidade de


controle da presença humana em algumas regiões, evitando-se
que as geleiras desapareçam completamente.
B) os benefícios econômicos trazidos pelo derretimento da calota
polar são indiscutivelmente superiores ao dano produzido pelo
aumento de temperatura na região.
C) as fotografias, que mostram principalmente a beleza da região
polar, atestam que nem sempre o aquecimento terrestre traz
consequências danosas à natureza.
D) as imagens gravadas em fotos recentes são utilizadas pelos
pesquisadores para confirmar as razões do desaparecimento de
geleiras na região polar.
E) os sinais de aquecimento do planeta têm sido evidentes em
algumas regiões, mas ainda não há conclusões científicas
seguras a respeito das causas desse aquecimento.

Leia o texto a seguir e responda às questões 4 e 5.


Assistir à televisão era algo especial, a começar pelo manuseio do
aparelho. Frequentemente apenas uma pessoa − no geral, um adulto − era
competente para ligá-lo e regular a imagem. As crianças constituíam, desde
o início, um segmento importante do público, mas ainda lhes era imposta
certa distância do aparelho.
Introduzida nos lares, a televisão concedia prestígio social à família.
Mais que isso: a casa se tornava um centro de atração e convivência para
a vizinhança. Por isso, o público-alvo incluía os televizinhos.
Havia ainda um misto de respeito e estranhamento diante da caixa
mágica e de seus mistérios. A posse do objeto que traz as imagens para
dentro de casa significava uma postura “moderna”, uma atitude desinibida
diante da nova tecnologia.

143
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Antes do videoteipe (VT), a teledramaturgia transportava uma carga


de emoção que era única, semelhante à tensão típica de um espetáculo
teatral. O público recebia inconscientemente essa carga e participava de
algum modo dela. Se para Aracy Cardoso o uso do VT permite sobretudo
ao ator se ver e corrigir a interpretação, Roberto de Cleto enfatiza que a
introdução do videoteipe prejudicou a interpretação: perdia-se uma certa
eletricidade que emanava da interpretação ao vivo. A energia que vibrava
da vontade “de se fazer bem e certo, ao vivo” não estava mais presente.
As cartas dos leitores de revistas especializadas da época revelam
que o público se propunha a participar ativamente no desenvolvimento do
novo meio. Ele exercia a crítica com a intenção de modificar o que lhe era
apresentado: a programação, a escolha dos atores, a composição dos
cenários.
(Adaptado de Marta Maria Klagsbrunn. “A telenovela ao vivo”.
Sujeito, o lado oculto do receptor. S.Paulo: Brasiliense, 1995, p. 94-95)

4. (FCC 2013) No quarto parágrafo, são confrontadas duas posições


opostas sobre o surgimento do videoteipe, que podem ser assim
sintetizadas:

A) ao possibilitar que se refizesse determinada cena, o videoteipe


passou a permitir o aperfeiçoamento do desempenho do ator,
mas isso se deu em detrimento da força que advinha da
representação ao vivo.
B) na medida em que acabou com a representação ao vivo, o
videoteipe foi também responsável pelo enfraquecimento da
performance do ator, pois a qualidade do que fazia era colocada
em segundo plano.
C) embora tenha contribuído para o aperfeiçoamento do trabalho
do ator, o videoteipe acabou levando ao desinteresse do público
por atuações cada vez mais repetitivas e previsíveis.
D) a necessidade de que as cenas fossem refeitas inúmeras vezes
foi o grande problema trazido pelo videoteipe, mas isso acabou
por se refletir numa inquestionável melhoria do desempenho dos
atores.
E) à medida que desaparecia a representação ao vivo,
desapareciam também as grandes interpretações, já que os
atores passavam a se preocupar com detalhes técnicos e não
com o que haviam aprendido no teatro.

5. (FCC 2013) O texto enfatiza

A) a divisão entre adultos e crianças, de um lado, e entre as classes


sociais, de outro, o que fazia do ato de ver televisão um privilégio
de poucos.
B) o impacto causado nas pessoas e grupos sociais pelo advento
da televisão, e a diversidade de impressões recebidas e modos
de se relacionar com o novo aparelho.

144
UNIDADE III | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

C) a associação entre tecnologia e magia, que acabou por afastar


muitas pessoas da televisão, vista como aparelho misterioso e
assustador.
D) a melhoria nos relacionamentos sociais propiciada pelo
surgimento da televisão, quando as pessoas passaram a
frequentar as casas dos vizinhos que haviam adquirido o novo
aparelho.
E) o abismo tecnológico intransponível que separava a televisão do
teatro, por maiores que fossem as semelhanças entre eles em
outros aspectos.

Gabarito:

1-C 2-D 3-E 4-A 5-B

145
UNIDADE IV
PARA NÃO FINALIZAR
146
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

CAPÍTULO I
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA
Leia o texto abaixo.

147
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

1. (CESGRANRIO 2015 – BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO) No trecho

“Batizada de Boas Vendas, Boas Compras! – Guia prático de direitos e deveres para
lojistas e consumidores, a publicação destaca os principais pontos do Código de
Defesa do Consumidor (CDC)" (l. 10–13), são palavras de classes gramaticais
diferentes:

A) Vendas e compras.
B) Prático e principais.
C) Publicação e pontos.
D) Direitos e lojistas.
E) Deveres e destaca.

2. (CESGRANRIO 2014) A palavra que é classificada gramaticalmente como


conjunção no trecho apresentado em:

A) “entendendo de que maneira ela se relaciona com a economia formal”


B) “a realidade do comércio ambulante em São Paulo mostra que essa atividade é
uma alternativa”
C) “Há políticas que reconhecem a informalidade como exceção permanente”
D) “um número ínfimo de pessoas que podem trabalhar de forma legalizada,”
E) “mas somente os que não confrontem a lógica de reprodução do capital”

3. (IDECAN 2014) Esta semana, uma revista de automóveis trouxe o lançamento de


um novo modelo de carro e publicou o seguinte comunicado: “Ele pode ser
adquirido na cor verde-clara, já vem com porta-copo e alto-falante de série”. Marque
a alternativa que apresenta corretamente o plural dos substantivos compostos.
A) verde-claras / porta-copos / alto-falantes
B) verde-clara / portas-copos / alto-falantes
C) verde-claras / porta-copos / altos-falantes
D) verdes-claras / porta-copos / altos-falantes
E) verdes-claras / portas-copos / altos-falantes

4. (IDECAN 2013) Quanto à classe gramatical das palavras sublinhadas, tem-se a


correspondência correta em

A) “Tanto que até hoje estamos…" – advérbio


B) “... passamos a incorporar os monstros..." – artigo
C) “Além de significar a morte, este tipo de destino final…" – conjunção
D) “... em que criamos estes seres e os projetamos no reino..." – pronome
E) “... nos permitiram lidar com a mudança de nossa situação..." – preposição

5. Assinale as frases em que as vírgulas estão incorretas:

A) ora ríamos, ora chorávamos;


B) amigos sinceros, já não os tinha;
C) a parede da casa, era branquinha branquinha;
D) Paulo, diga-me o que sabe a respeito do caso;

148
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

E) João, o advogado, comprou, ontem, uma casa.

6. A frase: “O assunto desta reunião - voltou a afirmar o presidente - é sigiloso”.


Qual das alternativas apresenta as possibilidades corretas dentre as numeradas
de I a V?

I - O assunto desta reunião (voltou a afirmar o presidente ...) é sigiloso.


II - O assunto desta reunião (voltou a afirmar o presidente) é sigiloso.
III - O assunto desta reunião, voltou a afirmar o presidente, é sigiloso.
IV - O assunto desta reunião: voltou a afirmar o presidente: é sigiloso.

A) I, II, III, IV;


B) II, IV;
C) I, III, IV;
D) I, IV,;
E) II, III.

7. (ESAF 2016)Assinale a opção correspondente a erro gramatical inserido no texto.

A Embraer S. A. atualmente é destaque (1) internacional e passou a produzir


aeronaves para rotas regionais e comerciais de pequena e
média densidades (2), bastante (3) utilizadas no Brasil, Europa e Estados Unidos. Os
modelos 190 e 195 ocupou (4) o espaço que era do Boeing 737.300, 737.500, DC-9,
MD-80/81/82/83 e Fokker 100. A companhia brasileira é hoje a terceira maior indústria
aeronáutica do mundo, com filiais em vários países, inclusive na (5) China.

A) é destaque
B) densidades
C) bastante
D) ocupou
E) inclusive na

8. (FAUEL 2016) A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a alternativa


cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a norma padrão da Língua
Portuguesa:

A) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meia honesta é pior que
uma mentirosa inteira.
B) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus objetivos.
C) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais distante o alvo, maior a
dedicação.
D) Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que se quer.

149
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

9. (FCC 2016) As exigências quanto à concordância verbal estão plenamente


atendidas na frase:

A) A muitos poderá parecer um excesso as lutas travadas pelas mulheres americanas


contra a prática de graves atitudes machistas.
B) Acaba por se constituir numa grande hipocrisia as atitudes de quem se diz reger
por determinada moral e pratica outra, inteiramente diversa.
C) É comum que aos homens ocorra estar no exercício de um direito quando, em suas
práticas amorosas, impõem às mulheres o que as humilha e as desonra.
D) Couberam às mulheres americanas, cansadas de se submeterem aos machistas,
travar duras lutas contra o assédio sexual e outras práticas que as vitimam.
E) A maioria dos homens não costuma levar a sério o “não” que, saindo das bocas
das namoradas, ressoam como se fosse tão somente uma fingida evasiva.

10. (CESGRANRIO 2015) A concordância do verbo destacado está empregada de


acordo com a norma-padrão em:

A) Os moradores são cadastrados para que possa utilizar o dinheiro local nas lojas
da comunidade.
B) A melhoria do nível de vida dos moradores demonstra que o sistema bancário local
funciona.
C) Uma solução para comprar roupas baratas são observadas nas liquidações anuais
das grandes lojas.
D) Muitos empréstimos aos moradores nos bancos comunitários é de valores
pequenos.
E) Todo mundo que frequenta os bancos comunitários conseguem fazer um
empréstimo.

11. No período: "Paulo gritou tanto, que ficou rouco", a conjunção "que" estabelece,
entre a oração principal e a oração adverbial, uma relação de:

A) Comparação
B) Causa
C) Consequência
D) Concessão
E) Conformidade

12. (CESGRANRIO-RJ) Assinale o período em que ocorre a mesma relação


significativa indicada pelos termos destacados em "A atividade científica é tão natural
(quanto qualquer outra atividade econômica)".

A) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi promovido.


B) Quanto mais estuda, menos aprende.
C) Tenho tudo quanto quero.
D) Sabia a lição tão bem como eu.
E) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram logo.

150
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

13. (UFMT 2013) A concordância dos verbos haver e fazer merece cuidado também
em texto de ordem prática. Assinale a alternativa em que tais verbos estão
corretamente empregados.

A) O gerente concordou que houveram muitos problemas. Sabe que faziam anos que
não o via?
B) Ele sabe que sempre haverão casos estranhos com esses indivíduos. Segundo o
chefe, nem fazem 2 meses de sua contratação.
C) Todos conhecem as etapas que haviam no procedimento padrão. Comunicamos
que já fazem 30 dias desde a última aquisição de material.
D) Há graves problemas sociais no país. Faz exatamente 10 anos que estamos nesta
empresa.

14. (CESGRANRIO 2015) De acordo com as regras de regência verbal estabelecidas


pela norma-padrão da Língua Portuguesa, o elemento destacado está
adequadamente empregado em:

A) Os inadimplentes infringem aos regulamentos estabelecidos pelas financeiras ao


deixar de cumprir os prazos dos empréstimos.
B) Os comerciantes elogiaram aos bancos às medidas tomadas a favor de seus
empreendimentos.
C) Vários executivos procuram realizar cursos de especialização porque
cobiçam aos estágios mais avançados da carreira.
D) Os funcionários mais graduados das grandes empresas aspiram aos melhores
cargos tendo em vista o aumento de seu poder aquisitivo.
E) Algumas grandes empresas responsáveis pelas redes sociais
ludibriam aos princípios estabelecidos por lei ao permitir postagens agressivas.

15. (IDECAN 2013) Assinale a afirmativa correta quanto à regência verbal.

A) Os palhaços da saúde preferem mais às crianças do que adultos.


B) Todos os pacientes querem assistir os palhaços e rir de suas piadas.
C) Dra. Ivana Korinkova namorou com um engraçado palhaço da saúde.
D) Sr. Gary Edwards agradeceu o convite feito pelos Doutores da Alegria.
E) Alguns profissionais da alegria chegaram no hospital tocando e cantando.

16. (FCC 2012) Observe a frase... aquele que maximiza a utilidade de cada hora do
dia. O verbo que exige o mesmo tipo de complemento do verbo grifado acima está
em:

A) ... aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.
B) ... a adoção de uma atitude que nos impede de...
C) Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna...
D) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera...
E) ... que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico...

151
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

17. (FADESP 2009) Quanto às normas de colocação pronominal, é correto afirmar que,
no enunciado agora se reivindica uma escola capaz de extrapolar a mera
transmissão de conteúdos, a próclise justifica-se pelo(pela)

A) uso do registro informal da língua.


B) presença de um termo atrativo.
C) ocorrência de forma verbal paroxítona.
D) posição que o pronome ocupa na frase, não iniciando a oração.

18. (VUNESP 2012) Assinale a alternativa em que o pronome se está posicionado de


acordo com a língua padrão.

A) Espera-se iniciar a reforma no próximo mês.


B) É preciso que conclua-se a obra o quanto antes.
C) O dono da casa não importou-se com o valor da reforma.
D) Ninguém atreveu-se a questionar as orientações do arquiteto.
E) Onde vende-se uma casa com paredes grossas e muros bem altos?

19. (CESGRANRIO 2015) De acordo com a norma–padrão, se fosse acrescentado Ao


trecho “disse o empresário” um complemento informando a quem ele deu a
declaração, seria empregado o acento indicativo de crase no seguinte caso:

A) a imprensa especializada
B) a todos os presentes
C) a apenas uma parte dos convidados
D) a suas duas assessoras de imprensa
E) a duas de suas secretárias

20. (FCC 2014) Sentava–se mais ou menos ...... distância de cinco metros do
professor, sem grande interesse. Estudava de manhã, e ...... tardes passava
perambulando de uma praça ...... outra, lendo algum livro, percebendo, vez ou
outra, o comportamento dos outros, entregue somente ...... discrição de si mesmo.
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:

A) a — às — à — a
B) à — as — a — à
C) a — as — à — a
D) à — às — a — à
E) a — às — a — a

21. (FCC 2007) NÃO se justificam as ocorrências do sinal de crase em:

A) Não me reporto à impunidade de um caso particular, mas àquela que se generaliza


e dissemina a descrença na justiça dos homens.
B) É difícil admitir que vivem à solta tantos delinquentes, sobretudo quando se sabe
que pessoas inocentes são levadas à barra dos tribunais.
C) O autor do texto faz menção à uma série de princípios de interdição, à qual teria
proveniência na vontade divina.

152
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

D) Assiste-se hoje à multiplicação de casos de impunidade, à descabida proliferação


de maus exemplos de conduta social.
E) Quem dá crédito à ação da justiça não pode deixar de trabalhar para que não se
furtem às sanções os mais poderosos.

22. (IBFC 2013) Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as


lacunas.

I. Espera-se que o rapaz tenha bom ________.


II. O paciente corre risco __________.

A) Censo – eminente
B) Censo – iminente
C) senso – eminente
D) senso – iminente

23. (IESES 2011) Assinale a alternativa INCORRETA.

A) Em “A obscuridade cresce e a claridade diminui” temos exemplos de antônimos


nas palavras destacadas.
B) O corpo docente e o corpo discente são parônimos e significam professores e
alunos, respectivamente.
C) Nas frases “Ganhei uma camisa de seda” e “É provável que a febre ceda” temos
exemplos de homônimos homófonos.
D) Foi feito o senso 2010 e o bom censo prevaleceu nas respostas computadas. As
palavras sublinhadas são homônimas perfeitas e significam contagem e
discernimento, respectivamente.

24. (ACEP 2004) Assinale a alternativa que apresenta pares de palavras homófonas,
homógrafas e parônimas de acordo com a seqüência:

A) sela/cela, sede (ê)/sede, lustro/lustre


B) acidente/incidente, conserto/concerto, olho (ô)/olho
C) manga/manga, inapto/inepto, russo/ruço
D) paço/passo, lactante/lactente, caçar/cassar
E) diferir/deferir, cheque/xeque, canto/canto

25. (FCC 2001) Quanto ao emprego da forma sublinhada, está correta a


frase:

A) A razão porque ele se absteve compete a ele esclarecer.


B) Sem mais nem porque, ele resolveu nos deixar.
C) Recusou-se a nos esclarecer o por quê da sua decisão.
D) Que ele renunciou, todo mundo sabe, mas ninguém sabe por quê.
E) Ele se limita a responder apenas: – Por que sim...

153
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

Leia o poema.
A Cascata

A água feminina canta e dança


com suas luas brancas, luas frias,
que se desfazem ao sol do meio-dia,
e derrama a nudez da claridade
e seu fulgor de espelhos e de espadas
nas pedras do horizonte.
Eu atravesso a ponte e sou o rio.
A canoa que passa. Sou os remos.
(Jamais deixei de ser a travessia.)
E o mundo com seus muros se espalha
entre as águas redondas e entre as sombras.
(Lêdo Ivo. O rumor da noite)

26. (VUNESP 2015) Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, o nome
correto da figura de linguagem empregada no verso citado.

A) “Eu atravesso a ponte e sou o rio." (eufemismo).


B) “A água feminina canta e dança" (personificação).
C) “E o mundo com seus muros se espalha" (pleonasmo).
D) “e derrama a nudez da claridade" (gradação).
E) “(Jamais deixei de ser a travessia.)" (antítese).

27. (FUNCAB 2013) Em: Com o poder de entrar não só dentro das casas, como dentro
de seus próprios moradores, condicionando gostos, preferências e sensações [...],
para enfatizar seu ponto de vista, o autor recorre à seguinte figura de linguagem:

A) Pleonasmo
B) Anacoluto
C) Hipérbole
D) Eufemismo
E) Elipse

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UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

Texto para a questão 28.

28. (UEG 2013) No segundo parágrafo do texto (linhas 4-6), predomina a função da
linguagem

A) Emotiva
B) Conativa
C) Poética
D) Metalinguística

Texto para a questão 29.

Não era ele o seu grande eleitor? Não era ele o seu banqueiro para os efeitos
eleitorais? E nós, lá na roça, tínhamos quase convicção de que o verdadeiro deputado era o
coronel e o doutor Castro um simples preposto seu. As minhas idas e vindas ao hotel repetiam-
se e não o encontrava. Vinham-me então os terrores sombrios da falta de dinheiro, da falta
absoluta. Voltava para o hotel taciturno, preocupado, cortado de angústias. Sentia-me só, só
naquele grande e imenso formigueiro humano, só, sem parentes, sem amigos, sem
conhecidos que uma desgraça pudesse fazer amigos. Os meus únicos amigos eram aquelas
notas sujas encardidas; eram elas o meu único apoio, eram elas que me evitavam as
humilhações, os sofrimentos, os insultos de toda sorte; e quando eu trocava uma delas,
quando as dava ao condutor do bonde, ao homem do café, era como se perdesse um amigo,
era como se me separasse de uma pessoa bem amada... Eu nunca compreendi tanto a
avareza como naqueles dias em que dei alma ao dinheiro, e o senti tão forte para os elementos
da nossa felicidade externa e interna.
(BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha. Rio de Janeiro: Garnier,
1989. p. 52-53.)

155
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

29. (FUNCAB 2013) Para enfatizar a situação de perplexidade e desamparo em que


se encontra, o narrador insiste em recorrer à seguinte figura de sintaxe:

A) Hipérbole
B) Anacoluto
C) Polissíndeto
D) Anáfora
E) Pleonasmo

Texto para a questão 30.

30. (IBFC 2013) Ao fazer referência ao silêncio no texto, o autor confere ao tema um
sentido expressivo em virtude, especialmente, do uso recorrente de uma figura de
linguagem conhecida como:

A) Metonímia
B) Personificação
C) Hipérbole
D) Eufemismo
E) Gradação

31. (IESES 2011) Considerando a presença de figuras de linguagem nas frases,


assinale a alternativa INCORRETA.

A) Meu pensamento é um rio subterrâneo - Metáfora


B) Sentia na boca um sabor de vida e morte - Prosopopeia
C) Gostava de ler Machado de Assis - Metonímia
D) Tristeza não tem fim, felicidade sim – Antítese

O fragmento a seguir, do dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, mostra a


importância de suas crônicas para retratar a sociedade brasileira a partir de sua relação com
o futebol.

156
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

32. (FGV 2013) Com base no fragmento acima, é correto afirmar que, para o cronista,
o futebol

A) encarna a identidade brasileira e permite superar o complexo de


subdesenvolvimento.
B) expressa as características próprias da cultura brasileira e exalta a humildade
popular.
C) representa o ópio do povo e simboliza o Brasil como nação periférica.
D) estimula a xenofobia e identifica a genialidade brasileira no futebol-arte.

Observe a charge abaixo:

157
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

33. (ENEM 2009) Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos


constituem um gênero textual
A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem
contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.
B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão,
como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR CLEAR
= ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”.
C) em que o uso das letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos
expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho.
D) que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face
a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
E) que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a
sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.

Veja a charge abaixo.

34. (ENEM 2012) O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de


informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase
proferida recorre à

A) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para


transmitir a ideia que pretende veicular.
B) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
C) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre
e o espaço da população rica.
D) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
E) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de
descanso da família.

35. (IESES 2015) “O idioma tornou-se multicultural, multiétnico, pois a maior parte dos
falantes da África e da Índia é bilíngue ou multilíngue.” A ortografia, nesse trecho,

158
UNIDADE IV | EXERCÍCIOS RESOLVIDOS EM AULA

respeita as regras determinadas pelo novo acordo ortográfico, assim como em


todas as palavras de qual alternativa? Assinale-a.

A) O sóciogerente participou da reunião com a pré- comissão do evento.


B) A infraestrutura está protegida por um eficiente sistema de para-raios.
C) O médico solicitou exames precirúrgicos, como ultrassom e coleta de sangue para
análise.
D) Houve efeitos que indicaram a interrelação dos elementos presentes na estrutura
pré-moldada.,

36. Assinale a alternativa CORRETA, segundo o novo acordo ortográfico:


“O pronunciamento do parlamentar na _____________da peça de teatro teve
repercussão na imprensa, de modo que o outro Deputado, ao desembarcar do seu
_____________ rumo à cidade de _____________, no estado do _____________
também falou sobre o assunto: Os que ________________ jornais saberão do que
estou falando”

A) Estréia – vôo – Parnaíba – Piauí – lêem


B) Estreia – vôo – Parnaiba – Piaui – lêem
C) Estreia – voo – Parnaíba – Piaui – leem
D) Estreia – voo – Parnaíba – Piauí – leem
E) Estreia – voo – Parnaíba – Piauí – lêem

37. (MPE/MS-2011) Segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,


assinale a alternativa em que há erro de acentuação gráfica.

A) Eu abençoo todos os fiéis desta igreja, disse o padre;


B) A ideia principal deste curso é proporcionar atualização sobre a matéria;
C) Os cientistas estavam presentes na expedição no momento em que a jóia foi
encontrada no fundo do mar;
D) Todos os torcedores creem na recuperação do time nesta etapa final;
E) Ele não pôde sair este final de semana, pois prestou concurso público sábado e
domingo.

Gabarito:

1-E 2-B 3-A 4-D 5-C 6-B 7-D 8-A 9-A 10 - B


11 - C 12 - D 13 - D 14 - D 15 - D 17 - B 18 - A 19 - A 20 - B 21 - C
22 - D 23 - D 24 - A 25 - D 26 - B 27 - A 28 - D 29 - D 30 - B 31 - B
32 - A 33 - D 34 - A 35 - B 36 - D 37 - C

159
UNIDADE V
OBSERVAÇÕES FINAIS
160
UNIDADE V |

 A silepse é uma transgressão às regras sintáticas de concordância nominal e verbal


e deve ser utilizada como recurso estilístico, em tipos textuais que permitem o uso
da linguagem figurada.

 Quando um mesmo complemento verbal for compartilhado por verbos de regências


diferentes, é preciso ficar atento e respeitar as duas regências. Veja:

Errado: Li e gostei do livro.


↓ ↓ ↓
VTD VTI OI

Certo: Li o livro e gostei dele.


↓ ↓ ↓ ↓
VTD OD VTI OI

 Novo Acordo Ortográfico:

a) Acentuação: caem alguns acentos diferenciais, os acentos circunflexos nas


vogais dobradas, os acentos agudos nos ditongos abertos das palavras
paroxítonas e nas paroxítonas cujos i e u tônicos ocorrem após ditongos.

b) Hífen: são grafadas sem hífen as palavras cujos prefixos terminam em vogal
(exceto se a palavra seguinte se iniciar com h ou com a mesma vogal em que
termina o prefixo). Palavras cujos prefixos terminam com a mesma consoante
que inicia a palavra seguinte têm hífen.

Obs: Prefixos Re e Co: não têm hífen.

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Referências Bibliográficas
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
CEREJA, W.; CLETO, C. Interpretação de Textos. São Paulo: Saraiva, 2013.
FERREIRA, M. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: FTD, 2011.

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