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Explorando Sistemas de Arquivos através de um Jogo de

Cartas
Roland Teodorowitsch

Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) – Curso de Ciência da Computação


Av. Itacolomi, 3.600 – Bairro São Vicente – CEP 94170-240 – Gravataí - RS
roland@ulbra.br

Abstract. Super Trump is a themed card game, distributed in Brazil by Grow


Jogos e Brinquedos S.A. The themes of each deck are as diverse as: cars,
motorcycles, boats, wildlife, snakes, insects, breeds, superheroes, countries,
etc. Each card corresponds to an item related to the theme of the deck,
reproducing its characteristics, which will be used during the game. This
article presents the File Systems Super Trump. Designed to serve as a tool for
teaching subjects such as operating systems, each of the 32 cards of the game
presents characteristics of a different file system.

Resumo. Super Trunfo é um jogo temático de cartas, distribuído no Brasil


pela Grow Jogos e Brinquedos S.A. Os temas de cada baralho são os mais
variados: carros, motos, navios, animais selvagens, cobras, insetos, cães de
raça, super-heróis, países, etc. Cada carta corresponde a um item
relacionado ao tema do baralho, reproduzindo suas características, que serão
utilizadas durante o jogo. Este artigo apresenta o Super Trunfo Sistemas de
Arquivos. Desenvolvido para servir como ferramenta didática para
disciplinas relacionadas a Sistemas Operacionais, cada uma das 32 cartas do
jogo apresenta características de um Sistema de Arquivos diferente.

1. Introdução
Há muitas propostas que buscam incluir na educação aspectos mais lúdicos com o
objetivo de tornar o aprendizado um processo mais prazeroso. Isto tem sido sugerido
tanto com jogos tradicionais na Educação Fundamental (ALMEIDA, 2003), quanto em
áreas mais especializadas no ensino superior incluindo jogos de computador (SILVA e
MARTINS, 2004).
É difícil negar que os jogos podem realmente proporcionar uma forma
alternativa de aprendizado. E é com este intuito que se desenvolveu uma versão para o
tradicional jogo temático de cartas Super Trunfo1 voltada para a disciplina de Sistemas
Operacionais, dos cursos técnicos e de graduação da área de Computação. A versão

1 Distribuído no Brasil pela Grow Jogos e Brinquedos S.A.


criada aborda formatos de Sistemas de Arquivos, tendo sido motivada pelas dúvidas dos
alunos destes cursos sobre as capacidades dos diferentes formatos de Sistemas de
Arquivos. Desta forma, o principal objetivo do jogo é ampliar os conhecimentos dos
alunos sobre o tema.
Sistemas de Arquivos constituem, juntamente com o gerenciamento de
memória, com o gerenciamento de processos e com o gerenciamento de dispositivos,
um dos tópicos clássicos abordados nas disciplinas de Sistemas Operacionais. Os
conteúdos desta disciplina mantêm-se relativamente constantes, tanto no país quanto no
exterior (ANIDO, 2000). No entanto, o que pode variar nos diferentes cursos é o
enfoque e a relação entre aulas teóricas e práticas. Em reflexões feitas para um projeto
de sistema operacional didático, Maziero (2002) discute as várias abordagens que
podem ser empregadas no ensino de Sistemas Operacionais. De acordo com Maziero
(2002, p. 2), as aulas práticas devem complementar as aulas teóricas e permitir ao aluno
uma compreensão integrada das diversas partes de um sistema operacional.
Dentro deste contexto, os jogos podem ser utilizados para reforçar os conceitos
teóricos, facilitando a compreensão e interpretação do que o aluno vivencia na prática.
Hill et al. (2003), que propõem alguns jogos aplicados à disciplinas de Sistemas
Operacionais, também ressaltam que os jogos assumem um papel importante na sala de
aula em função dos diferentes estilos de aprendizagem que os estudantes apresentam. O
uso de múltiplas técnicas de instrução garante que um número maior de estudantes
consiga compreender a matéria.
Considerando isto, o objetivo deste artigo é apresentar um jogo de cartas que
possa ser utilizado como ferramenta em sala de aula, respondendo às dúvidas dos
próprios alunos sobre Sistemas de Arquivos de forma lúdica e motivadora. Na seção
seguinte, Seção 2, são apresentados os conceitos básicos sobre Sistemas Operacionais e
Sistemas de Arquivos. A Seção 3 apresenta os detalhes a respeito do estilo de jogo,
incluindo as regras. Na Seção 4, são apresentados detalhes do desenvolvimento do jogo.
A Seção 5 apresenta a aplicação do jogo em sala de aula. E, por fim, são apresentadas as
conclusões.

2. Sistemas Operacionais e Sistemas de Arquivos


Um sistema operacional corresponde a um conjunto de rotinas cuja função é
controlar o funcionamento do computador, gerenciando a utilização e o
compartilhamento de recursos, como processadores, memória e dispositivos de entrada
e saída (MACHADO e MAIA, 2002, p. 1). O sistema operacional gerencia os
componentes de um computador fornecendo aos programas do usuário uma interface
simplificada de acesso ao hardware (TANENBAUM, 2003, p. 1). Ao mesmo tempo
que provê uma base para programas de aplicação e atua como um intermediário entre
usuários de um computador e o hardware, um sistema operacional também busca
atingir objetivos como conveniência e eficiência (SILBERSCHATZ, GALVIN e
GAGNE, 2003).
Pode-se considerar que um sistema operacional tem que gerenciar basicamente
quatro itens, que são: memória, processador(es), dispositivos e arquivos. Destes itens,
os três primeiros correspondem a componentes de hardware, enquanto o último é um
componente de software implementado sobre um dispositivo de armazenamento.
O termo Sistema de Arquivos tem sido empregado tanto para referenciar o
componente do sistema operacional que gerencia o acesso aos arquivos, quanto o
formato com o qual os arquivos são organizados em um dispositivo de armazenamento.
Em relação ao formato de armazenamento das informações, pode-se dizer que, numa
abordagem inicial, um Sistema de Arquivos tem que prover estruturas de dados capazes
de atender a três pontos fundamentais:
• quais arquivos estão armazenados no disco (estrutura de diretórios),
• onde estes arquivos estão armazenados no disco (método de alocação de
arquivos) e
• que áreas do disco estão livres ou ocupadas (gerenciamento do espaço
disponível).
Ao longo do desenvolvimento dos Sistemas Operacionais, diferentes formatos
de Sistemas de Arquivos surgiram, cada qual desenvolvido para ser usado em um
sistema operacional diferente e com funcionalidades diferentes, utilizando estruturas de
dados diferentes para responder a estes três pontos fundamentais. Isto trouxe como
conseqüência: acesso automático de cada sistema operacional aos seus Sistemas de
Arquivos nativos e necessidade de ferramentas para acesso a outros Sistemas de
Arquivos; funcionalidades diferentes disponíveis em cada Sistema de Arquivos; e
desempenhos distintos no acesso a cada Sistema de Arquivos.

3. Jogos do tipo Super Trunfo


Super Trunfo é um famoso jogo de cartas, distribuído no Brasil pela Grow Jogos e
Brinquedos S.A.2 Trata-se, na verdade, de uma versão jogo Top Trumps3, de origem
britânica. Os baralhos de Super Trunfo foram introduzidos no Brasil na década de 1970,
tornando-se bastante populares nos anos oitentas e sobrevivendo até os dias de hoje.
Cada conjunto de cartas é temático, abordando diferentes temas. Os temas iniciais eram
carros, motos, navios, aviões, tanques de guerra, etc. No entanto, mais recentemente
foram lançadas versões com cartas sobre: animais selvagens, cobras, aranhas e
escorpiões, insetos, gatos, cães de raça, tubarões, países, cidades do mundo, heróis, etc.
A Figura 1 apresenta um exemplo de jogo de Trunfo, com o tema Super Carros,
produzido na década de 1980 pela Grow Jogos e Brinquedos S.A.

2 http://www.grow.com.br
3 http://www.toptrumps.com
Figura 1. Super Trunfo com o tema Super Carros (capa, carta e verso)

Atualmente, além da Grow, a tradicional fábrica de baralhos Copag (Companhia


Paulista de Papéis e Artes Gráfica), hoje Copag da Amazônia S.A., também tem a sua
versão do jogo, chamada Super Copag4.

3.1. As regras do jogo


O jogo é recomendado para participantes a partir dos 7 anos. E o número de jogadores
pode variar de 2 até 8.
A dinâmica do Super Trunfo é simples. São 32 cartas diferentes, cada uma com
características de um item relacionado ao tema do baralho. Cada uma das 32 cartas é
identificada por um código formado por um uma letra de A até H e por um dígito de 1
até 4 (A1, A2, A3, A4, B1, B2, …).
Inicialmente as cartas são distribuídas entre os participantes. Cada jogador
mantém as suas cartas em uma pilha de forma que só seja possível ver a carta que está
no topo e de forma que nenhum jogador possa ver as cartas dos demais jogadores.
Quem começa jogando escolhe uma característica e anuncia o valor desta característica
(por exemplo, “potência do motor”, “500 HP”). O jogador que tiver o melhor valor para
esta característica (geralmente o maior valor) vence a rodada e fica com todas as cartas
que estavam na disputa, colocando-as atrás da sua pilha de cartas. O vencedor escolhe a
próxima característica avaliando a sua próxima carta.
Em caso de empate, todas as cartas da disputa são separadas e a rodada deve ser
decidida apenas entre os jogadores empatados. Uma nova característica da próxima
carta deve ser escolhida e quem vencer fica com as cartas envolvidas.
Entre as 32 cartas há também uma carta especial chamada justamente de Super
Trunfo. Para esta carta considera-se que ela vence todas as demais, menos as cartas que
sejam identificadas com o código terminado em 1 (A1, B1, C1, D1, E1, F1, G1 e H1).

4 http://copag1.tempsite.ws/port/supercopag1.asp
3.2. Evoluções
O jogo tradicional no formato de baralho continua sendo produzido comercialmente. E
o lançamento de baralhos com novos temas incentiva o colecionismo. No entanto,
recentemente surgiram algumas formas alternativas.
A primeira delas são as versões on-line do jogo. A versão oficial, desenvolvida
pela empresa brasileira Devworks Game Technology5, em conjunto com a Grow, segue
as regras tradicionais e está disponível no portal de jogos Gametrack6.
A segunda novidade relacionada a este jogo foi introduzida na versão britânica.
Chamada de Top Trumps 3D, a última geração do jogo deve ser jogada em frente a uma
câmera digital de vídeo. Cada carta tem em seu verso um padrão exclusivo que permite
que um programa especial identifique a carta e sobreponha alguma imagem ao vídeo em
tempo real. Trata-se de uma técnica de realidade aumentada que torna as cartas muito
mais interativas e interessantes.

4. Desenvolvimento do jogo
A motivação para o desenvolvimento do jogo, conforme citado anteriormente,
surgiu a partir de dúvidas dos alunos a respeito das capacidades dos diferentes formatos
de Sistemas de Arquivos (FAT, NTFS, ext2, ext3, etc.). Levando em conta que o jogo
de Super Trunfo envolve justamente cartas com informações numéricas, a associação
foi bastante natural.
Iniciou-se uma pesquisa a respeito dos formatos de Sistemas de Arquivos para
identificar: quais deles seriam considerados no jogo e quais características seriam
consideradas. O ponto de partida para esta pesquisa foi a Wikipedia (2009). Apesar de
não se poder considerá-la uma fonte confiável, pela forma como as suas páginas são
atualizadas, a Wikipedia serviu para identificar 32 sistemas de arquivos considerados
mais relevantes e expressivos, bem como as características que deveriam ser
consideradas em cada carta do jogo. Os Sistemas de Arquivos selecionados e as
características consideradas estão reproduzidas no Quadro 1. Neste Quadro, apenas as
características pintadas na cor cinza (ano de introdução, tamanho dos nomes de
arquivos, tamanho máximo de arquivos, tamanho máximo de volume) são usadas na
dinâmica do jogo. As demais características (nome, nome completo, criador e sistema
original) são apresentadas apenas a título de informação.

5 http://www.devworks.com.br
6 http://www.gametrack.com.br
Quadro 1. Sistemas de Arquivos escolhidos e suas características
Carta Nome Nome completo Criador Sistema original Ano de Nomes de Tamanho Tamanho
introdução arquivos de arquivos de volume

A1 CP/M FS CP/M File System Gary Kildall CP/M 1974 8+3 8 MiB 512 MiB

A2 NWFS NetWare File System Novell NetWare 286 1985 80 4 GiB 1 TiB

A3 ODS-5 On-Disk Structure (Level 5) – DEC OpenVMS 7.2 1998 236 1 TiB 1 TiB
Files-11

A4 AdvFS Tru64 Unix Advanced File DEC Digital Unix 1993 255 16 TiB 16 TiB
(Super Trunfo) System

B1 FAT12 File Allocation Table - 12 bits Microsoft Microsoft Disk 1977 8+3 32 MiB 32 MiB
BASIC

B2 FAT16 File Allocation Table – 16 bits Microsoft MS-DOS 3.31 1987 8+3 2 GiB 2 GiB

B3 FAT32 File Allocation Table – 32 bits Microsoft Windows 95 OSR2 1996 255 (UTF-16) 4 GiB 8 TiB

B4 NTFS NT File System Microsoft Windows NT 3.1 1993 255 (UTF-16) 16 EiB – 1 16 EiB – 1
KiB cluster

C1 Minix FS Minix File System Andrew Tanenbaum Minix 1.0 1987 30 1 GiB 1 GiB

C2 Minix V3 FS Minix File System Version 3 Andrew Tanenbaum MINIX 3 2005 60 4 GiB 4 GiB

C3 UFS Unix File System Kirk McKusick 4.4BSD 1994 255 256 TiB 256 TiB

C4 UFS2 Unix File System (Version 2) Kirk McKusick FreeBSD 5.0 2002 255 32 PiB 1 YiB

D1 ext2 Second Extended File System Rémy Card Linux 1993 255 2 TiB 32 TiB

D2 ext3 Third Extended File System Stephen Tweedie Linux 1999 255 2 TiB 32 TiB

D3 ext4 Fourth Extended File System Vários Linux 2006 256 16 TiB 1 EiB

D4 ReiserFS Reiser File System Namesys Linux 2.4.1 2001 255 8 TiB 16 TiB

E1 JFS IBM Journaled File System IBM OS/2 Warp Server 1999 255 4 PiB 32 PiB

E2 XFS XFS Silicon Graphics IRIX, Linux, 1994 255 8 EiB – 1 16 EiB
FreeBSD KiB

E3 QFS Quick File System Sun Microsystems Solaris 1996 255 16 EiB 4 PiB

E4 ZFS ZFS Sun Microsystems Solaris 2004 255 16 EiB 16 EiB

F1 HPFS High Performance File System IBM & Microsoft OS/2 1988 255 2 GiB 2 TiB

F2 HFS Hierarchical File System Apple Computer Mac OS 1985 31 2 GiB 2 TiB

F3 HFS+ Hierarchical File System Plus Apple Computer Mac OS 8.1 1998 255 (UTF-16) 8 EiB 8 EiB

F4 BFS Be File System Be BeOS 1996 255 260 GiB 2 EiB

G1 Btrfs "B-tree FS" ou "Butter FS" Oracle Corporation Linux 2007 255 16 EiB 16 EiB

G2 OCFS2 Oracle Cluster File System Oracle Corporation Linux 2006 255 4 PiB 4 PiB

G3 GFS Global File System Sistina Software IRIX 1996 255 8 EiB 8 EiB
(Red Hat)

G4 VMFS3 Virtual Machine File System Vmware VMware ESX Server 2005 128 2 TiB 64 TiB
3.0

H1 NILFS New Implementation of a Log- NTT Linux, NetBSD 2005 255 8 EiB 8 EiB
structured File System

H2 ISO9660 ISO9660 (Level 3) Ecma International Diversos 1999 ~180 8 TiB 8 TiB

H3 UDF Universal Disk Format ISO/ECMA/OSTA - 1995 255 16 EiB(*) 8 TiB

H4 MFS Macintosh File System Apple Computer Mac OS 1984 255 256 MiB 256 MiB

Após a seleção dos 32 sistemas de arquivos, iniciou-se também uma pesquisa


com o objetivo de ilustrar cada carta. O aspecto visual de cada carta ajuda,
naturalmente, a atrair a atenção dos jogadores ou alunos.
Em conjunto com a pesquisa, foi elaborado um leiaute para as cartas. A partir da
criação de um modelo básico, foram criadas as 32 cartas, bem como uma carta com a
capa do jogo, uma carta com as regras em português, uma carta com as regras em inglês
e uma carta com a correspondência entre as diferentes capacidades de endereçamento
que aparecem nas cartas. Houve uma preocupação em deixar o jogo o mais próximo
possível da versão original (que é um produto comercial), com a intenção de aumentar o
interesse dos alunos. Deixou-se claro, no entanto, que o Super Trunfo Sistema de
Arquivos não tem nenhuma finalidade comercial e que as marcas reproduzidas nas
cartas eram uma homenagem às respectivas detentoras dos respectivos direitos autorais.
Desde o início do projeto, já se pretendia disponibilizar o jogo gratuitamente na
Internet.
A Figura 2 mostra, como exemplo, 6 cartas que fazem parte do jogo.

Figura 2. Exemplos de cartas do Super Trunfo Sistemas de Arquivos

5. Uso do jogo em sala de aula


Nas disciplinas de Sistemas Operacionais, muitas vezes se abordam os métodos
utilizados na implementação dos Sistemas de Arquivos, mas falta tempo para discutir
detalhes de cada implementação. O jogo Super Trunfo Sistemas de Arquivos foi
desenvolvido a princípio para esclarecer dúvidas dos alunos a respeito das capacidades
dos principais Sistemas de Arquivos.
A metodologia de aplicação do jogo em sala de aula é bastante simples: a turma
é dividida em grupos e em cada grupo os alunos disputam para ver quem vai ficar com
todas as cartas ou com o maior número de cartas. O número de jogadores em cada
grupo pode variar de 2 até 8, no entanto, ter 4 jogadores no grupo parece ser o ideal.
O uso do jogo, que foi desenvolvido neste ano, 2009, já foi aplicado em duas
turmas de Sistemas Operacionais e os resultados foram bastante interessantes,
principalmente no aspecto motivador. A Figura 3 mostra uma das turmas que jogou o
Super Trunfo Sistema de Arquivos. O uso de jogos num ambiente onde normalmente
isto não ocorre, como o meio acadêmico, ajuda a tornar o ambiente menos formal e
criar um clima de descontração que contribui para favorecer o aprendizado.

Figura 3. Turma jogando o Super Trunfo Sistemas de Arquivos

Para uso nestas duas disciplinas, as cartas foram impressas em gráfica


especializada e foi confeccionada uma faca de corte para dar a cada carta o formato de
uma carta de baralho, com os cantos arredondados. Isto deu às cartas um aspecto
bastante profissional. Em ambas as turmas, muitos alunos mostraram grande interesse
pelo jogo, inclusive manifestando o interesse de adquiri-lo, o que não é possível pois
não se trata de um produto comercial (conforme citado na Seção 4). Mas todas as cartas
do jogo Super Trunfo Sistemas de Arquivos estão disponíveis gratuitamente, em
formato PDF (Portable Document File), no seguinte endereço:
• https://gravatai.ulbra.tche.br/downloadit?id=super_trunfo_sa_2009

6. Conclusões
Neste artigo foi apresentada uma versão de um tradicional jogo de cartas, no
estilo Super Trunfo. A versão criada aborda Sistemas de Arquivos, área de estudo que
faz parte das disciplinas de Sistemas Operacionais. A motivação para o
desenvolvimento deste jogo deu-se a partir de questionamentos dos alunos sobre as
capacidades de Sistemas de arquivos. Foram criadas 32 cartas que reproduzem
características de 32 formatos diferentes de Sistemas de Arquivos.
O jogo é considerado por muitos como um jogo de azar, já que a distribuição de
cartas é aleatória e um mesmo jogador poderia sair beneficiado recebendo as melhores
cartas. No entanto, o conhecimento das características de cada carta ajudará o jogador a
aumentar suas chances de sucesso no jogo.
Ao mesmo tempo que o jogo contribui para disseminar informações sobre
Sistemas de Arquivos, indiretamente, ajuda os alunos a avaliarem as diferenças que
existem entre as unidades para representação de capacidades de armazenamento (KiB,
MiB, GiB, etc.), uma vez que para decidir a carta vencedora isto terá que ser
comparado.
O Super Trunfo Sistemas de Arquivos está disponível gratuitamente para
aqueles que se interessarem em usá-lo.
Assim como foi feita uma adaptação deste tradicional jogo de cartas para
Sistemas de Arquivos, também é possível considerar a sua adaptação para outros temas
relacionados à Computação, tais como: processadores, Sistemas Gerenciadores de
Bancos de Dados, linguagens de programação, tecnologias de comunicação em rede,
etc. Como trabalhos futuros é interessante também considerar a obtenção de parâmetros
quantitativos sobre o retorno que o uso deste tipo de jogo proporciona em sala de aula.

Referências
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: Técnicas e Jogos Pedagógicos. 11. ed.
São Paulo: Edições Loyola, 2003. 295 p.
ANIDO, Ricardo de Oliveira. Uma proposta de Plano Pedagógico para a matéria
Sistemas Operacionais. In: CURSO DE QUALIDADE DE CURSOS DE
GRADUAÇÃO DA ÁREA DE COMPUTAÇÃO E INFORMÁTICA, 2., 15 e 16 de
julho de 2000, Curitiba. Anais... Curitiba: Editora Universtitária Champagnat, 2000.
p. 125-148.
HILL, John M. D.; RAY, Clark K.; BLAIR, Jean R. S.; CARVER JR., Curtis A.
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MACHADO, Francis Berenger; MAIA Luiz Paulo. Arquitetura de Sistemas
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<http://www.ppgia.pucpr.br/~maziero/lib/exe/fetch.php/research:2002-sbcwei.pdf>.
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SILBERSCHATZ, Abraham; GALVIN, Peter B.; GAGNE, Greg. Operating Systems
Concepts: Windows XP Update. New York: John Wiley & Sons, 2003. 951 p.
SILVA, Rogério Eduardo da; MARTINS, Scheila Wesley. Ensino de Ciência da
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IBEROAMERICANO DE INFORMÁTICA EDUCATIVA, 7., 13 a 15 de outubro
de 2004, Monterrey, México. Anais... Monterrey: Rede Iberoamericana de
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Acesso em: 16 set. 2009.
TANENBAUM, Andrew S. Sistemas operacionais modernos. 2 ed. Traduzido por
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