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UM ESTUDO SOBRE BALANCEAMENTO EM JOGOS DE TRUNFO

Roland Teodorowitsch <roland.teodorowitsch@{pucrs.br,ulbra.br}>

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Faculdade de Informática


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Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) – Curso de Ciência da Computação


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Resumo
Jogos de Trunfo são disputados com baralhos temáticos especiais, em que os jogadores usam
seus conhecimentos sobre as características apresentadas em cada carta para conquistar as cartas
dos oponentes e, assim, vencer a partida. No Brasil, baralhos deste tipo de jogo obtiveram relativa
popularidade na década de 1980 com uma versão chamada Super Trunfo e produzida pela Grow
Jogos e Brinquedos S.A. Hoje há versões de outros fabricantes, tais como o Super Copag (da Copag
da Amazônia S/A). Em países de língua inglesa, estes baralhos também são frequentemente
identificados como Top Trumps.
Inicialmente os temas de cada baralho correspondiam a assuntos relativamente
“tradicionais”, tais como: carros, motos, aviões, navios, etc. Atualmente, no entanto, é possível
encontrar versões sobre os mais diversos temas, muitos inusitados, tais como: animais, personagens,
países, fatos históricos, programas de TV, filmes, etc.
Considerando as regras tradicionais, conhecer os atributos de cada carta é um fator
importante para jogar bem, pois isto pode garantir a vitória em rodadas, que podem
consequentemente levar à vitória no jogo. E este conhecimento das cartas proporcionado pelo jogo é
que, de certa forma, incentiva a criação de baralhos com temas de caráter educacional. E é
justamente o aparecimento de baralhos com temas menos tradicionais que vem contribuindo para
que se tenha versões que podem ser usadas educacionalmente. Exemplos de iniciativa neste sentido
incluem baralhos sobre árvores brasileiras (CANTO e ZACARIAS, 2009), elementos químicos da
tabela periódica (ZEPEDA, 2010), fontes de energia (GREENPEACE, 2014), sistemas de arquivos
(TEODOROWITSCH, 2009), etc.
Até mesmo versões tradicionais do jogo Super Trunfo (tais como caminhões, motos, carros e
aviões) podem ser usadas com fins didáticos. Este é o caso da proposta de Scartazzini, Silva e
Cônsul (2005), que usa características comuns nas cartas de tais versões do jogo como exemplos
para explicar conceitos de física mecânica para estudantes do ensino médio. Uma abordagem
alternativa para o uso de jogos no ensino pode também ser o desenvolvimento do próprio jogo.
Nesse sentido, Gadotti et al. (2006) apresentam um roteiro no qual se propõe que alunos do ensino
médio façam um estudo para desenvolver as cartas para um jogo de Super Trunfo com a temática de
corpos do sistema solar.
Considerando esse contexto, o presente trabalho busca realizar um estudo sobre condições
de balanceamento em jogos de trunfo. No contexto deste trabalho, entende-se que uma partida com
um baralho de trunfo esteja adequadamente balanceada se os jogadores receberem um conjunto de
cartas relativamente equilibrado. Naturalmente, se um jogador receber um conjunto de cartas com
características que sobressaem em relação às cartas dos demais jogadores, este jogador terá mais
condições de vencer a partida e não haverá balanceamento na distribuição inicial das cartas.
No estudo em desenvolvimento, dois fatores são avaliados para a análise de balanceamento:
o conjunto de cartas e as regras.
Um conjunto não balanceado de cartas, com cartas muito “poderosas” ou muito “fracas” em
relação às demais pode contribuir significativamente para colocar jogadores em vantagem ou
desvantagem. A rigor, o balanceamento das cartas dependerá do tema do baralho e dos itens que
forem escolhidos para compor cada carta do baralho. No entanto, levando em consideração as regras
oficiais (onde a princípio uma carta vence outra se tiver um valor melhor para a característica que
está sendo disputada), a escolha da carta identificada como “Trunfo” (que vence as demais,
independentemente das características das cartas, mas perde para cartas com determinados códigos)
e das cartas que podem vencer a carta “Trunfo” pode ajudar a melhorar ou até mesmo piorar este
balanceamento.
Do ponto de vista das regras, partindo das regras oficiais e de algumas variantes, também é
possível inicialmente identificar alguns pontos que podem contribuir para uma situação de
desbalanceamento. Um destes pontos está relacionado ao fato de que há naturalmente cartas que são
taticamente muito melhores do que outras e que poderiam ser usadas e reutilizadas várias vezes
durante uma partida. A possibilidade de não se usar as cartas mais de uma vez no jogo, por
exemplo, é um fator que poderia ser introduzido em novas variantes do jogo, proporcionando assim
um equilíbrio maior entre os jogadores.
O trabalho está em desenvolvimento e já foram produzidos resultados preliminares para
avaliar o balanceamento de cartas. Também há sugestões de novas regras buscando novos formatos
de jogo usando baralhos de trunfo com condições cada vez mais favoráveis de balanceamento. São
exatamente estas as duas contribuições que se pretende proporcionar com este estudo: uma forma de
avaliar o balanceamento das cartas de determinado baralho e regras mais modernas.

Referências
CANTO, Alisson Reis; ZACARIAS; Marcelo Augusto. Utilização do jogo Super Trunfo Árvores Brasileiras como
instrumento facilitador no ensino dos biomas brasileiros. Ciências & Cognição, [S.l.], ano 2009, v. 14, n. 1, p. 144-153,
31 mar. 2009. Disponível em: Disponível em:
<http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/download/44/34>. Acesso em: 30 ago. 2013.

GADOTTI, V. R. L.; et al. Jogo do Sistema Solar (Super Trunfo). São Paulo: USP, 2006. Disponível em:
<http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=aas_antigo&cod=_sistemasolarsupertrunfod>. Acesso em: 4 fev.
2016.

GREENPEACE. Super Trunfo Energia. [S.l.]: Greenpeace, 1 ago. 2014. Disponível em:
<http://www.greenpeace.org/brasil/Global/brasil/documentos/2014/super-trunfo-cartas.pdf>. Acesso em: 4 fev. 2016.
SCARTAZZINI, Luiz Sílvio; SILVA, Jorge Tadeu Vargas da; CÔNSUL, Renato de Ávila. A utilização de jogos para a
abordagem dos conceitos de física no Ensino Médio. Acta Scientiae, Canoas, v. 7, n. 2, p. 23-28, jul./dez. 2005.
Disponívem em: <http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/acta/article/download/175/157>. Acesso em: 4 fev. 2016.
TEODOROWITSCH, Roland. Explorando Sistemas de Arquivos através de um Jogo de Cartas. In: SEMINFO 2009 –
SEMINÁRIO DE INFORMÁTICA, 8., 2009, Torres. Anais... Torres: Ulbra Torres, 2009.

ZEPEDA, Vinicius. Química também se aprende brincando. Rio de Janeiro: FAPERJ - Fundação Carlos Chagas
Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, 21 out. 2010. Disponível em: <http://www.faperj.br/?
id=1826.2.1>. Acesso em: 4 fev. 2016.

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