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Arquivo Virtual da Geração de Orpheu

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Veva de Lima

(1986 – 1963)
O lema “trembler ne peux, tromper ne veux, flaîchir ne daîgne”, utilizado com frequência por Genoveva de Lima
Mayer Ulrich, caracteriza a personalidade de quem ficou conhecida por Veva de lima. Nasceu a 3 de Novembro de
1886 e viria a falecer a 8 de Junho de 1963. Lisboa viu-a abrir os olhos pela primeira vez para a vida e fechá-
los quando esta se extinguiu. Lisboa assistiu igualmente ao brilho dos saraus culturais que organizava na sua
casa da Rua Saraiva de Carvalho em que o requinte e a fantasia se davam as mãos em ambiente coroado pela
originalidade criativa ímpar da anfitriã. A borboleta, o cisne e o caracol eram os seus símbolos preferidos
talvez pelo significado volátil da imaginação, elegante da postura e individual de auto-afirmação – omnia
possedo mecum porto – que associava, respectivamente a cada um deles. Filha de um dos vencidos da vida, Carlos
de Lima Mayer – O Único Vencido da Vida que Também o Foi da Morte, segundo o título da biografia que escreveu –
e casada com Rui Ennes Ulrich, professor de direito, durante anos embaixador em Londres e ministro de Salazar,
fez parte de uma elite, nascida em berço dourado, sem que isso ofuscasse a manifestação de fortes exigências no
campo da cultura e de um acentuado sentido filantrópico.
A educação que recebeu na casa paterna, aliada à convivência com personalidades marcantes da vida intelectual
que ali se reuniam, teriam contribuído para desenvolver no seu espírito agudo e atento a concepção dos direitos
fundamentais da mulher – amar, pensar e expandir a própria personalidade – e, simultaneamente, o espírito
crítico e a capacidade de análise do que das glórias do passado se poderia projectar no futuro, sem ignorar o
decadentismo do presente que importava ultrapassar, como apontou em Hypothese e Conjectura (1940). Tendo vivido
numa época em que o primeiro modernismo despertava em Portugal, Veva de Lima captou as virtualidades de um
período de transição em que sobre as raízes do presente ultrapassado se erguia um outro presente promissor. Se
esta atitude de espírito a levou a aderir no plano artístico à Arte Nova de que a sua casa na Saraiva de
Carvalho é, ainda hoje, expressão paradigmática, no plano literário procurou a pureza da língua.
Referindo-se à língua portuguesa, disse um dia: “É preciso lapidá-la até que o nobre diamante latino que no seu
bloco se acolhe, ressalte e fulja enfim”, tornando efectiva a “fusão da forma e do pensamento que eu chamo Arte
literária” (“Cartas de Veva de Lima”, p. 30). Esta exigência ressalta de forma particular da correspondência
que trocou com Alfredo Pimenta, também ele um exegeta neste campo. Embora sejam múltiplos e variados os temas
ali abordados, assim como o estado de espírito em que as cartas foram escritas, nota-se um cuidado especial na
forma como as redigiu. Se bem que estes exemplos sugiram o conhecimento e até uma certa simpatia pelo primeiro
modernismo, não se pode afirmar que tenha sido total a sua adesão. Apesar de ter consciência da mudança que se
operava nos movimentos estéticos, no fundo permanecia fiel ao decadentismo-simbolismo que correspondia, afinal,
às características específicas do seu espírito. Veva de Lima nunca ultrapassou a angústia pelos problemas da
vida e da morte que são afinal os problemas da mudança e, nesta, da permanência. Neste sentido escreveu: “A
nossa era já lá vai e o grande tumulto da arte, do espírito e do gosto recém-nascidos está em pleno fragor de
demolição na Arte e no Espírito e no Gosto que findaram” ((“Cartas de Veva de Lima”, p. 40). Para ela a morte
era inevitável, mas a vida não o era menos. Não deixava, porém, de permanecer na sua verdade e na sua
particularidade num mundo em processo de mudança e no qual se apresentava, segundo Alfredo Pimenta,
“simplesmente, naturalmente, como mulher artista (…) sem lugares comuns, sem expressões banais, [usando] uma
linguagem cheia de facetas pessoais e impressionistas” (“Cartas de Veva de Lima”, p. 234).
 
 
BIBL.:Maria Tereza Pimenta, “Cartas de Veva de Lima a Alfredo Pimenta (1916 a 1935)”, Faces de Eva. Estudos
sobre a Mulher, n.º 10, 2003, pp. 13-51. Sandra Leandro, “Genoveva de Lima Mayer Ulrich”, Dicionário no
Feminino, t. 1, dir. Zília Osório de Castro e João Esteves, Lisboa, Livros Horizonte, 2005, pp. 368-369.
 
 
Zìlia Osório de Castro                                  

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