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Autorização:
Junguianos.
Atenciosamente,
Sinopse:
filosóficos sobre a alma e diversas abordagens sobre elegância. Esse artigo trata da
realmente significativos. Aponta para um árduo trabalho com o cultivo da alma e com a
Resumen:
sobre el alma y diversos abordajes sobre la elegancia. Este artículo trata sobre la
del contacto con el Si-mismo y con el Anima Mundi para una existencia basada em la
ética y en valores realmente significativos. Aborda un arduo trabajo con el cultivo del
Abstract:
In the history of Humanity we can find religious, theoretical and philosophical concepts
about the soul and several approaches about elegance. This article deals with the
elegance of the soul and the soul of elegance, taking in consideration different aspects
of Analytical Psychology and the human being in the world, considering the importance
of contact with Anima-Mundi for an existence based on ethics and quite significant
values. It focuses on an arduous job with care of the soul and integration of the Shadow
and the responsibility of analysts in their contact with patients, their co-workers and
institutions.
“Elegância é tudo aquilo que é belo, seja no direito, seja no avesso.” Coco
Chanel
lembrar que aqui elegância não se trata de etiqueta e luxo. Ao contrário, a definição de
Leonardo da Vinci.
Sócrates, que não era uma figura externamente elegante, chegou a uma simples
verdade, com toda a elegância, quando afirmou que sabia que nada sabia.
Dalai Lama, Martin Luther King, não eram necessariamente pessoas de beleza e
conecta à alma instintiva, que gera a inteligência imaginativa, que engendra a criação de
si mesmo e do mundo. Hillman afirma: “Nós não nos conhecemos, nós nos
Ser elegante é ser ético: “A ética emerge do caráter, não como uma virtude ou
A pessoa elegante sabe que tem como parceira uma alma bailarina, dançarina
mercurial, sem a qual a vida não tem sentido, porque a vida pra valer se opõe à vida que
se vê. E que essa dançarina fortuita, que às vezes se esconde atrás de véus, é artífice de
mil facetas. E nos sensibiliza, nos mobiliza, nos encanta, nos desencanta, nos assusta,
desliza, revitaliza, nos faz criar e recriar. É sagrada e profana, percorrendo caminhos da
luz, da sombra e do intangível, dos céus e dos infernos, fazendo-nos dançar com anjos e
demônios.
si-mesma. Busca a harmonização do consciente com o Self. Talvez essa seja a maior
obra de criação. Esta pede uma ordenação interior e nós nos orientamos ao que criamos
através do que selecionamos em relação às nossas expectativas, medos, anseios,
criamos. É necessário, portanto, que tenhamos uma importante percepção de nós mesmo
para criar. Para fazê-lo é preciso que sejamos sensíveis. E a sensibilidade é assunto
“Aquilo que os homens têm mais dificuldade em compreender, desde os tempos mais
tempo com a humanidade, em que também nos incluímos” Vol. XVI, § 227.
O Self, arquétipo central, é nada mais, nada menos do que o secreto “spiritus
Assim, a realização do si-mesmo está ligada à ética, não à ética moralista, e sim
à ligação profunda com o Self, com a libertação de valores externos irracionais, que
Como diz Andrew Bard Schmookler, “O bem não irá governar o mundo no dia
em que vencer o mal, mas no dia em que nosso amor ao bem não pretenda mais realizar-
se como triunfo sobre o mal. Quando a paz vier, ela não será criada pelos que de si
fizeram santos, mas pelos que com humildade, aceitaram sua condição de pecadores.”
opostos que gera o símbolo, apesar das adversidades. Sabemos que a alma é
multifacetada:
“Se as coisas são estilhaços
Do saber do Universo,
Impreciso e diverso.”
ousada e pluralista. Foge do ideal de ser para ser o que realmente é. Sabe que a dúvida
cresce com o saber. Sabe ser justa e indaga: “Poderia alguma coisa revelar uma falta de
formação mais vergonhosa do que possuir tão pouca justiça dentro de nós mesmos que
se torna necessário obtê-la dos outros, que desse modo tornam-se nossos senhores e
libertação e de elegância. Poder ser livre e agir como de fato se pensa, com ética, zelo e
Viver sem o auto-engano é elegante, pois “nós estamos tão acostumados a nos
disfarçar dos outros, que acabamos nos disfarçando de nós mesmos”, como observa La
dança com sua alma e com a anima mundi forma seu caráter elegantemente. É solidário,
regeneradora e geradora. Pede a grandeza da alma, pois “tudo vale a pena quando a
submissa ou insegura, pelo fato de ser gentil, de saber elogiar, de ser magnânima,
idiossincrasias. É terna, tolerante, não é prepotente nem arrogante. Procura ouvir mais
do que falar, mas quando dá sua opinião o faz com firmeza. Respeita o diálogo, é
impulsos criadores.
sabedoria de Eros que faz nascer e crescer tudo quanto é vivo. Eros inspira o amor e a
“O verdadeiro Eros não tem nada a ver com a vontade de impor nosso próprio
primeva e tenta tornar possível a expressão total e livre de sua individualidade. Para
para que o analisando também o possa ser. Para lidar com a sombra de quem está sob
seus cuidados, precisa estar ciente de sua própria sombra. “Sombra do analista constela
pátria”;
- saber que a função dele não é “curar”, mas facilitar o encontro do paciente com
seu inconsciente, com o Self e, a partir daí, criar uma nova dinâmica consigo mesmo,
materiais;
que o trabalho com cada paciente é uma preciosa e delicada renda, tecida muitas vezes
com sofrimento e sacrifícios. O analista precisa ser corajoso e saber que nem sempre o
código ético coletivo é igual ao do indivíduo, que o código está ligado à ética do Self,
que o Mal faz parte da Psique e também pode alavancar a transformação das pessoas.
Como sugere Guggenbuhl, “Só quem tem a liberdade de destruir pode livremente
voltar-se para o mundo com amor” (Guggenbühl, 1978: 121). Deve saber que a ética do
sensível é uma grande facilitadora para o processo de individuação. Jung afirma que “o
ilusionista sempre que tenta manusear valores.” E que “uma percepção meramente
intelectual pouco significa, pois o que se conhece são meras palavras e não a substância
a partir de dentro” (Jung Vol. IX-II § 60). E que “no decorrer do tempo, o que é lógico
(§ 65).
Até que ponto o desejo do sucesso a todo custo e do poder fazem com que
poder?
A alma elegante apóia e incentiva o sucesso do outro, pois sabe que no universo
brilham inúmeras estrelas e que elas não se indispõem por uma brilhar mais do que a
outra.
ameaça. Será que as pessoas estão maduras e suficientemente fortes para aceitar e
refletir sobre idéias que não lhe são familiares sem se sentirem frágeis ou ameaçadas?
Muitos tomam as idéias diferentes das suas como uma questão pessoal. “Se você pensa
diferente de mim, logo está contra mim”. É muito freqüente vermos pessoas
brilhantes, que poderiam ser aproveitados para o crescimento do grupo, são abortados.
instituição. Isso deveria estar sempre presente na mente dos indivíduos que fazem parte
grupo. O empenho em alcançar interesses pessoais fica muito acima daquele de lutar e
Assim notamos membros que, sob o manto do servir, servem-se. E outros que
são impedidos de trabalhar e mostrar seu trabalho por um grupo corporativista, egoísta e
medíocre. Novos valores e novas idéias são rechaçadas, pois os “pais terríveis”, ávidos
filhos que anseiam por crescer e se tornarem independentes. São os reis que já estão
mortos e não cedem seus lugares, ativando o lado negativo do arquétipo do senex e, da
mesma forma, o lado negativo do puer. Assim o grupo entra num estado de degradação.
Seria saudável e elegante, por parte da instituição, que aflorasse o lado positivo
para criar. É muito pouco saudável alimentar Narcisos que não podem reconhecer a
existência do outro porque, se o fizessem, teriam que se haver com suas fragilidades e
limitações.
É importante que as instituições formem colaboradores e agentes de
transformação na sociedade, que possam dar o melhor de si, e não indivíduos amargos e
debatidas sem medos e preconceitos, enfim, de pessoas com liberdade para dizerem o
que pensam e expressarem o que realmente são. Suas bases estariam fincadas no amor e
Dentro desse tema, consideremos tanto o indivíduo arrogante, quanto o que faz
sua contrapartida, o servil interesseiro, que abre mão de sua dignidade e é via de regra
Instituição saudável é aquela que tem consciência de seus limites e lida com seus
conflitos e crises, sabendo que estas servem para uma re-orientação transformação e
Inúmeras vezes os donos de alma elegante foram sacrificados, pois diziam o que
No dia de sua morte, teve o cuidado de lavar-se antes para não dar trabalho a
Xantipa, sua esposa. Pegou a taça com o veneno com tranqüilidade e levou-a aos lábios
sem hesitar. Acalmou seus discípulos, que choravam, e pediu que demonstrassem
coragem. Antes de fechar os olhos para sempre, recomendou a Críton que sacrificasse
no conhecimento deles mesmos, provando que “das riquezas não se origina a virtude,
mas da virtude se originam as riquezas.” (Platão, 2000: 82) Sócrates foi íntegro e fiel a
si mesmo até a morte. Fez seu difícil caminho de individuação, sempre leal ao seu
“daimon”. Nietzsche certa vez comentou que a alma aristocrática tem o respeito de si
O ego tenta controlá-la e fazê-la caminhar por uma estrada unilateral muitas
caminhos tortuosos.
ambigüidades.
“Bem, é chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem
segue melhor destino, se eu, se vós, é segredo para todos, exceto para a divindade”.
Migalhas.
HILLMAN, James. A Força do Caráter - e a poética de uma vida longa (2001). Rio de
Janeiro: Objetiva.
Vozes.
Vozes.
PESSOA, Fernando (1983). Fernando Pessoa – Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora
Nova Aguilar.