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PONDÉ

Sumário

-Fragilidade Humana................................................................................................................2

-Virtudes e Vícios......................................................................................................................3

-Dinheiro..................................................................................................................................5

-Fé Política................................................................................................................................6

-Filhos.......................................................................................................................................7

-Pensadores..............................................................................................................................8

-Vida Social...............................................................................................................................9

-Felicidade..............................................................................................................................10

-Miscelânea............................................................................................................................11
-Fragilidade Humana

Rousseau diz que o ser humano é bom e lindo. Mas isso não é verdade: ele é confuso,
vaidoso, inseguro, contraditório, interesseiro. Também é violento quando você o coloca
em determinados riscos. Ceticismo em relação ao homem e aos seus projetos políticos.
A esquerda coloca toda a dinâmica do sofrimento e dos problemas humanos do lado de
fora da pessoa: numa classe de pessoas, num processo econômico etc.
Quanto menos o ser humano reconhece suas fragilidades, pior fica.
A pobreza, a ignorância e a doença são como a lei da gravidade: quando você para de
bater as asas, você cai nelas.

“Eu não acredito que a pessoa muda seu comportamento porque estudou Kant”. O
centro da personalidade é afeto e sentimento, não ideias. A vontade não consegue ser
autônoma.

O mestre Freud dizia que o desejo é desejo de morte. Afirmação dura. Mas o que ela
carrega em si é o que já sabemos: o desejo nos aproxima do nada (morte) porque
desvaloriza tudo que temos. Por isso, quando somos movidos por ele, sem o cuidado de
quem se sabe parte de uma espécie louca, flertamos com o valor zero de tudo. Nada
disso significa abrir mão do desejo, mas sim saber que ele nos faz animais que
caminham sobre tumbas que sorriem para nós como mulheres fáceis. Resistir ao desejo
talvez seja uma das formas mais discretas de amar a vida. O sábio de Viena dizia que se
ele conseguisse levar seu paciente a trabalhar e amar razoavelmente, estaria satisfeito
como psicanalista.

Aluna pergunta a Pondé: Quer dizer que eu tenho o mal dentro de mim?
Pondé responde à aluna: Você nunca sentiu um certo prazer pelo fato de que é linda,
rica e tem colegas feias?
Ao contrário do que diz nossa miserável ciência da autoestima, apenas quando
encaramos o mal (a "sombra" de uma espécie abandonada ao próprio azar) em nós é que
recuperamos a vontade de viver. Só esmagando o orgulho com a humildade de quem se
sabe insignificante é que vale a pena apostar no dia a dia.

Pecado é orgulho, revolta e cegueira (Santo Agostinho).

Há uma tendência à infantilização quando você torna o sofrimento contrário à lei.


-Virtudes e Vícios

As virtudes são silenciosas e reconhecidas pelos outros. Não existe marketing do bem.
Inversão da virtude: Deus escolhe uma prostituta como coração puro (Raabe), pois ela
tem consciência do pecado e não se ilude acerca da própria virtude. Davi e Raquel
escolhidos por Deus (dois seres carregados pelo pecado). Para trazer à tona uma
experiência moral verdadeira, é necessário haver um entristecimento consigo mesmo. A
alma de um pecador é a sua consciência de que fez algo contra alguém que não merecia.
Consciência de que se pode ser corrompido pelo meio externo. Ex.: será que eu estou
com ele por causa do dinheiro/corpo que ele tem? Será que se ele ficasse pobre/gordo eu
o largaria?
Moralidade está ligada muitas vezes mais ao medo da punição do que à justiça.
Nelson Rodrigues: combate à hipocrisia social e à falsa virtude. Teremos saudades do
canalha honesto.
Aretê – força de caráter. Só se pode testar a virtude quando há risco. Exemplo de falsa
virtude: afirmar-se fiel quando nunca se teve a chance de ser infiel sem que ninguém
soubesse (num lugar estranho, com pessoas que estão longe de sua vida). Caráter se
desenvolve por pressão, e é difícil. Se tem hoje, daqui a meia hora não tem mais,
amanhã não tem, próxima semana volta a ter.
Utopia: só há uma resposta certa. Sem possibilidade de contradição objetiva, apesar de
existirem concepções éticas objetivamente excludentes. A verdade é que, muitas vezes,
somos obrigados a escolher entre duas formas de bem em conflito irremediável. Bens
materiais x bens imateriais, fidelidade x paixão, filhos x dedicação à vida profissional,
verdade da alma x verdade do corpo, sinceridade x sobrevivência, enfim, apenas
iniciantes acreditam que o utilitarismo "resolve" o drama moral humano. Gray chama
esse tipo de escolha de "escolha radical", porque ela nos lança no drama trágico por
excelência.
O caráter de alguém que escreve é medido pela ausência de desejo de agradar a quem o
lê.
As quatro virtudes são: êxtase na contemplação ("hitlahavut"), trabalho ("avodá"), a
intenção reta do coração ("kavaná") e a humildade ("shiflut"). Segundo ele, alguém que
tem intimidade com D'us (no judaísmo, não se escreve o nome de Deus completo) tem
gosto pelo trabalho, seja ele qual for, porque sente que ser parte do mundo é colaborar
com ele.
O êxtase é o que acontece com quem vê D'us e sua piedade com frequência. O ato de
contemplar D'us -a palavra "hitlahavut", em hebraico, remete ao fogo- "incendeia a
alma". A intimidade com Deus leva o místico a não conseguir mentir aquilo que sente e
pensa, ele diz. Daí a ideia de um coração reto.
Por fim, a humildade. A humildade é marca suprema da alma que se conhece sem
mentir para si mesma. Reconhecimento de que muito do que uma pessoa consegue
realizar na vida depende da contribuição de outras e de uma variável contingente.
A seleção natural sabe, ancestralmente, que o bando sobrevive com gotas de coragem e
beleza e quantidades infinitas de colaboradores acovardados da violência.
Ética: onde alocar recursos para produzir melhor convívio no grupo.
Cultura de vítima estoura a economia do país e faz você dependente. A única forma
básica de autonomia é saber que você é responsável pelo que você ganha, responsável
pelo seu trabalho, responsável por sua atitude.
Virtudes estão entre as coisas mais raras do mundo. Quando vemos uma, devemos
silenciar em reverência.
A desconfiança se acha a mais completa das virtudes morais ou cognitivas. A armadilha
de quem desconfia sempre é que ele mesmo se sente inexistente para o mundo porque
este é sempre visto com desprezo.
“A ideia de gratidão como alguma coisa que faz você se sentir bem ou agradecer ao que
você recebeu durante o dia para dormir melhor é coisa de narcisista. Se você agradece e
põe as mãozinhas no peito e fala “gratidão” como uma forma de cumprimento, você não
sente agradecimento nenhum. Agradecer a alguma coisa é saber que você recebeu
alguma coisa que, no limite, você não merece.” (Rádio Metrópole 14/12/2017 –
Modinhas).

Gostaria de pensar hoje no vínculo entre felicidade e virtude, traço da escola antiga de
Aristóteles. O filósofo grego dizia que o objetivo da ética é a felicidade. Mas qual
felicidade? Nessa direção, gostaria de pensar que, talvez, a felicidade menos banal
esteja associada a um certo conjunto de virtudes práticas (arête ethikê), e não escrava da
mera realização de desejo, como é comum pensar atualmente. Se você consegue praticar
na vida um certo número de virtudes, talvez você consiga atingir uma felicidade um
pouco menos imatura. Por exemplo, a prática da generosidade, virtude que combate dois
vícios opostos, a mesquinhez e a prodigalidade (torrar dinheiro, em linguagem comum),
nos ensina a partilhar de modo ordenado o que temos, e, assim, a nos desapegar dos
excessos de amor aos bens materiais. A leveza decorrente dessa condição pode produzir
um estado de espírito que nos ajude a ver a vida numa perspectiva menos narcísica.
Mas, como toda virtude, só se aprende praticando sempre. Isto é: só se é generoso sendo
generoso e não pensando como é importante sê-lo. O mesmo para a humildade, virtude
contrária à arrogância e ao seu oposto, a auto-humilhação. O mesmo para a justiça,
virtude contrária à perda do discernimento entre dar a alguém o que ele não merece ou
negar a alguém o que ele merece. A ideia de felicidade que daí surge significa um
esforço de controle dos vícios, dando à pessoa um amadurecimento que nasce,
justamente, da capacidade de ser constante neste mesmo esforço. Nada a ver com a
mera realização do desejo, mas uma realização maior: aquela de aprender a controlar o
efeito dos vícios sobre si. Daí a ideia de autonomia como forma da felicidade tão
comum na filosofia grega antiga. Já na tradição judaico-cristã, aparece um outro
conteúdo que me parece essencial para uma experiência de felicidade menos banal e
menos efêmera. Este conteúdo decorre das virtudes teologais (como dizem os católicos).
Virtudes teologais são virtudes que dependem da ação de Deus para se realizar em você
ou em mim: caridade (amor), fé e esperança. Gosto de pensar a caridade na chave do
amor e da misericórdia. Mas não apenas no sentido de que amar alguém assim retira
você de você mesmo e rompe a cela do eu apaixonado por si mesmo, modo presente na
filosofia de autores como Santo Agostinho. Não porque esse modo não seja consistente,
mas apenas para pensar num foco menos evidente: receber a misericórdia de alguém, ou
seja, sentir-se perdoado quando você se reconhece culpado é um bálsamo para seres
frágeis moralmente como nós. Claro que a recepção da misericórdia e do perdão
pressupõe a humildade como terreno onde a caridade pode se instalar como bênção que
nos é dada. A fé nas coisas é intimamente associada à esperança. Para mim, esta é a
maior das virtudes hebraicas: nos retira do pessimismo e nos devolve um lugar no
mundo e na cadeia das ações humanas.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2015/12/1715789-a-virtude-da-
covardia.shtml
http://www.eufumo.com.br/publicacoes/As_Tentacoes_do_Bem.pdf
http://www.paulopes.com.br/2010/12/nada-mais-brega-do-que-acreditar-que.html
http://ife.org.br/pequeno-ensaio-sobre-a-devastacao-ponde/?print=pdf
http://ife.org.br/um-punhado-de-po-por-luiz-felipe-ponde/?print=pdf
-Dinheiro

É sempre chique você desprezar dinheiro e acusar de ganancioso quem tem dinheiro.
Mas a verdade é que dinheiro nunca é apenas dinheiro. Faz parte da estratégia da falsa
virtude dizer que é.
Dinheiro traz consigo amigos, mulheres, poder, satisfação, emoções, restaurantes bons,
reconhecimento, segurança, remédios, psicoterapia, tempo livre, cultura, arte, vida
familiar estável, boas casas, lareiras, vinho francês, férias, bons hotéis, filhos felizes,
mulheres generosas na cama, sorrisos largos, poesia, romances avassaladores em
cenários paradisíacos, uma maior expectativa de vida.
Sentido da frase “dinheiro compra amor verdadeiro” de Nélson Rodrigues: o dinheiro
amplia os cuidados, os horizontes que possibilitam as condições para o amor surgir
(casa, viagem, segurança, cotidiano, tranquilidade etc.).
Fórmula da riqueza para Max Weber: trabalhe muito, não gaste com nada e ache que
tudo é pecado.
A melhor forma de melhorar a vida dos pobres é ter um mercado de trabalho ativo, onde
eles arrumem emprego, porque inclusive é a única forma de uma pessoa ter uma
experiência de dignidade: quando ela percebe ser responsável pelo sustento dela.
Luxo: ele é, o resto copia. Ele não precisa de nada ou ninguém. A personalidade de luxo
tende a ser recolhida, silenciosa, enigmática, desinteressada, autossuficiente. Move-se
no mundo como se pairasse num estado de graça.
Nada mais distante do luxo do que a ideia de cálculo e estratégia. A simples ideia de
necessidade de sentido já é estranha a um significado de luxo para a vida. O luxo não
precisa ser orgulhoso porque o orgulho é sempre fruto de alguma forma oculta de
insegurança. A personalidade de luxo não quer ser vista com sua melhor roupa, porque
não tem uma melhor roupa. A elegância brota dela e não de acessórios exteriores.
Querer ser feliz, elegante, chique, aproveitar a vida, nada disso tem a ver com a
personalidade de luxo. Por definição, o luxo não faz marketing. O marketing do luxo
tende à invisibilidade, à espontaneidade e à pouca estratégia.
Significados de luxo se aproximam mais de bens incomensuráveis, como um lugar onde
posso viver com minha singularidade incomparável, meus sonhos não associados ao
consumo de bens materiais evidentes, minha recusa da ideia de que o sentido da
existência seja simplesmente a felicidade. Luxo é profundidade, ausência de ansiedade
de status, coragem diante das incertezas da vida.
Marketing: como mentir com uma razoável atmosfera de realidade.
-Fé Política
Toda vez que você tiver um impulso de pensar como o mundo deve ser, pare e olhe à
sua volta. Veja se você está lavando a louça ou se está jogando a responsabilidade para
outra pessoa, se você está dividindo custos, se você é responsável por aquilo que come.
Nada como ter que colocar comida na mesa para se ter noção exata do mundo em que
você vive. Quando você não tem que se preocupar em colocar a comida na mesa, você
pode achar que nasceu de fato para mudar o mundo muito longe de você, porque você
na realidade não tem noção dos custos da vida. Claro que é necessário se preocupar com
o mundo, mas é necessário ter a perspectiva de que se você quer mudá-lo, é necessário
começar com o que está ao alcance da mão. O mundo que mais precisa ser arrumado é o
que está perto de você, e é esse que mais dá preguiça de mudar, justamente porque ele
pode ser mudado. A ação dá preguiça. O jovem quer mudar o mundo, mas não consegue
arrumar o quarto. Arrumar o quarto é o mundo imediato, sobre o qual se tem
responsabilidade.
Eu sempre fui do tipo de correr atrás das coisas. Eu sempre percebi que na hora de fazer
as coisas, muita gente desaparece. Mas na hora de criticar ou na hora de dizer que o seu
dinheiro/resultado é de todos, as pessoas reaparecem.
A política é a arte do possível, nunca do ideal. Quando se torna a arte do ideal, vira
assassina e autoritária.
Quem vai dividir a riqueza? Como vai dividir? Como se vai resolver o fato de que
algumas pessoas fizeram mais para se ter o que tem do que outras? Como você vai
resolver o fato de que tem pessoas que se acordam mais cedo, trabalham mais, sofrem
mais, correm mais atrás?
Ninguém ou nenhuma instituição merece confiança absoluta, por isso elas limitam umas
as outras. Os idiotas da política não sabem disso.
-Filhos

Ter filhos virou um projeto: é necessário calcular de antemão quantas horas esse filho
vai demandar do meu esforço e, então, fazer o cálculo de custo-benefício.
Você vai ao médico e descobre que seu filho terá Síndrome de Down. O que você faria?
Abortaria se fosse legal?
O que é melhor: um filho ou um cachorro? A pergunta parece absurda, mas é muito
contemporânea. Filhos são mais caros, duram muito e nunca fazem o que queremos, e
quando o fazem, o fazem porque não têm vida. Também é verdade que filhos são seres
muitos mais profundos em afetos do que cachorros. E afetos profundos são mais difíceis
de lidar. Cachorros, ao contrário, “sempre” nos amam. Você manda o moleque fazer
uma pós na Europa por um ano, paga tudo e ainda assim ele acha alguma coisa pra
reclamar de você. Um Golden nunca faria isso com você: tranca no banheiro e ele te
ama do mesmo jeito.
-Pensadores

Adam Smith: a riqueza pode deixar as pessoas mimadas.


Epicuro: ética como combate contra o desejo.
Estoicismo: expectativas baixas. Não desejar o que é impossível, se conformar com o
logos.
Para Aristóteles (385 a.C.-323 a.C.), a ética é uma ciência prática vivida na
contingência, isto é, não há uma definição "matemática da virtude". Ela é uma espécie
de gradiente que se move entre vícios opostos. Por exemplo, a generosidade é uma
"média" entre você estourar tudo que tem dando aos outros, colocando sua vida e dos
seus em risco, e ser simplesmente mesquinho.
Rápido, superficial, acelerado o tempo todo – o tempo moderno para Bauman
Kiekegaard: Primeiro estágio – estético. Busca de dissolução da angústia por meio de
sensações. Sexo, bebida, jogos, viagens, consumo seriam exemplos dessa saída estética.
De modo mais sofisticado, a filosofia do gozo da força de si mesmo, de Nietzsche seria
um exemplo de saída estética. Quando se pergunta a alguém que vive uma vida estética
qual o sentido da vida, ele responde: “o gosto”.
Para Sócrates, o importante não é ter encontrado a verdade absoluta, mas ter a
experiência de poder errar na busca pelo conhecimento. Ignorância sábia, humildade
epistemológica.
“Cioran escreve, então, que a diferença entre o turista e o viajante é que o primeiro viaja
‘para se divertir’ e o segundo viaja ‘para nada’”.
Para Edmund Burke, as virtudes se cultivam e se concretizam nos pequenos “bandos”
em que vivemos (little platoons), espaços em que construímos esses vínculos
cotidianos, como família, escola, igreja, trabalho, clubes e similares.”
-Vida Social

O facebook é a plataforma ideal para autopromoção delirante e inflação do ego via


aceitação de um número gigantesco de amigos irreais.

Não é possível amar o “amiguinho” e isso sempre dar certo. Todo mundo sabe que as
pessoas ficam menos violentas e mais civilizadas à medida em que elas crescem. As
escolas sempre foram um campo de batalha, onde as crianças são violentas,
competitivas, humilham os colegas e os professores têm que combater isso. A prova é
que você nunca precisou de uma escola pra ensinar à criança: fique com o brinquedo pra
você, ele é seu! Não, precisa de escola pra ensinar: divida seu brinquedo com o colega!
Talvez porque a natureza humana é muitas vezes egoísta, insegura, covarde. Nem todo
mundo é lindo. É fácil amar as pessoas? É claro que não.
Pelas linhas geográficas que essas linhas percorrem (zona norte, leste e sul), elas seriam
a metáfora de gente que não perdeu (ainda) a noção de realidade. Sabe o quanto as
coisas custam, e que, normalmente, você sangra até morrer sem conseguir a maior parte
delas. Acho que o “horror ao sangue” que marca a moçada na linha verde representa a
perda dessa noção.

Não há como voltar a respeitar os mais velhos (que nada entendem de iPhone 100), nem
como ter famílias “dos anos 1950”, nem como estar seguro acerca dos afetos, nem fazer
planos de carreira para além de cinco minutos.

Isso não significa que o mundo ficará melhor ou pior, significa que sua sustentação
técnica e econômica está se movendo cada vez mais rápido, o que dilacera sua
supraestrutura social e política, e o resultado é um mundo desorientado. Os protocolos
da mentira, isto é, o marketing de comportamento, continuarão no seu trabalho de
maquiar o abismo que nos espera.
-Felicidade

Vivemos em uma sociedade eugênica. Todo mundo quer ser bonito, magro, saudável,
livre e feliz.
Sou um vocacionado à tristeza, mas resisto bem. As pessoas a minha volta sempre me
salvam, mesmo que sem querer.
A felicidade, quando verdadeira, é sempre uma forma de generosidade.
A certeza acerca do que seja uma vida plena me apavora.
Viver segundo os prazeres do trabalho, da mesa e do corpo da mulher é tudo que
podemos fazer. O puro prazer de existir. Sem excessos, do contrário, nos tornamos
escravos do trabalho, da mesa e do corpo da mulher. Não porque uma danação eterna
nos espera (ninguém nos vigia), mas porque o excesso do desejo destrói seu próprio
usufruto na medida em que nos desesperamos com a possível falta do objeto desse
desejo. Dito de forma simples: não queira pegar todas as mulheres do mundo, mas cuide
bem daquelas que, por graça da contingência, vierem a sua cama.
Eis um dos maiores paradoxos da condição humana: devemos fugir do sofrimento, mas,
quando conseguimos, viramos floquinhos de neve. Eis um dos maiores erros dos
utilitaristas ao determinarem que gerar felicidade em larga escala seria nossa salvação.
Pelo contrário, a lucidez parece continuar habitando o território da dor. Esse fato
essencial nenhum autor de autoajuda ousa enfrentar.
A frouxidão se materializa numa demanda interminável de facilitação da vida.
Cassandra responde ao Corifeu que as almas felizes não ouvem elogios acerca de sua
capacidade de sofrimento e sua coragem.
Corifeu
-És corajosa! Não te abate a desventura.
Cassandra
-Tais elogios não ouve quem é feliz...
Religião

Religião é o maior sistema de sentido que existe e opera unindo concepções teóricas e gerais
sobre as coisas (criação do mundo, pecado, reencarnação, evolução espiritual e afins) a
práticas cotidianas concretas e fatos objetivos (culto, orações, reuniões entre “irmãos”, ajuda
voluntária, nascimento, casamento, doença e morte). As concepções gerais dão sentido ao
cotidiano, este dá “carne” às concepções (os especialistas dizem “dimensão fática”, referindo-
se a “fato concreto”). Ricos em geral se esquecem de que a vida fracassa inevitável e
constantemente. Viajam para cidades bacanas em finais de semana, compram coisas legais,
quando não se deprimem em Paris ou em Trancoso. Gente comum fica onde quer que viva
todo fim de semana e não tem grana para comer fora. O tédio só é “resolvido” pelo número de
problemas concretos que os sufocam. Nem tomam vinho para falar do horror que é o
Bolsonaro. A igreja os acolhe, dá emprego, programa de final de semana, namoradas para os
filhos, enfim, cidadania. Esse Deus brega venceu o ateísmo gourmet. “Deus” é um exemplo
evidente da alienação que caracteriza o vexame da elite intelectual. O mundo inteiro tem nele
um “amigo”, e nós torcemos o bico quando se fala dele. Deus acolhe os que sofrem. E quem
acolhe, de fato, são as igrejas. E você, que paga R$ 700 a sessão de análise, não me venha falar
do dízimo, ok?
-Miscelânea

Quase todo mundo faz quase o tempo todo quase tudo por poder, dinheiro e sexo.
A natureza é a maior opressora da face da Terra: ela mata sem pena os fracos.
Quando nos distanciamos do amor, nos dissipamos num desejo que nos leva ao nada.
O drama maior não é não ser amado, mas ser incapaz de amar.
A Revolução Francesa deveria ser lida como mais um surto da violência natural que
caracteriza toda manifestação de multidões desde o Paleolítico.
A ideia de um mundo melhor é tão metafísica quanto os milenarismos medievais ou o
monte Olimpo de Zeus.
As mulheres seculares são inférteis por conta dos valores individualistas que carregam.
Ainda vamos perceber que todo discurso emancipatório se alimenta da libertação de
qualquer vínculo.
Para cada frustração, alguém inventará uma derivação duvidosa da declaração dos
direitos do homem.
O convívio em condomínios é a prova cabal de que qualquer utopia é coisa de mau
caráter
A sala de aula é um púlpito de esquerda.
“Tenho direito de” – essa expressão é uma das marcas da babaquice chique de nosso
tempo.
Essa moçada passa a vida “buscando a si mesmos” assim como quem vai a Orlando
brincar de ser criança.
Ideias são baratas. Enfrentar situações reais é que custa caro.
Quando você tem a vida fácil, você fica bobo.
Briga-se apenas quando se precisa de algo, e riquinhos não precisam de nada.
As guerras nunca acabarão, nem a violência contra os mais fracos, nem os milagres da
generosidade aqui e ali, nem a idiotice humana.
Todo mundo que acha jihadista vítima social devia passar uns dias com eles.
O sucesso, seja ele físico, financeiro, intelectual ou “imaterial” sempre foi um desafio.
O Romantismo é um grande lamento com a modernização e seus efeitos indesejáveis.
Quais efeitos são esses? A forma mais fácil de descrever esse sentimento é lembrarmos
quando nos sentimos um mero número numa cadeia produtiva, ou quando nos sentimos
uma peça genérica nessa mesma cadeia. Já sentiu isso? O mundo moderno burguês em
que vivemos é um lugar pautado pela lógica da eficácia em que todo mundo é medido
pelo seu valor “instrumental”, ou dito de outra forma, pelo seu valor “de uso”. Você
vale pelo que faz funcionar neste mundo. Idosos hoje não valem nada, apesar de
dizerem o contrário. Outro exemplo fácil disso é a desvalorização da maternidade. Ser
mãe não paga salário; logo, pouco vale. Não é à toa que as mulheres emancipadas não
querem ser mães de muitos filhos porque preferem ter uma inserção maior na cadeia
produtiva de bens.
Imagine que você tenha chegado aos cinquenta anos muito bem de vida. Que você tenha
saúde, sexo à vontade, grana e uma puta casa. Agora imagine que você acorda no meio
da madrugada depois de um pesadelo e se debate na cama. Olha ao redor e está só,
porque vive só. Suas opções ao longo dos anos foram sempre em favor das garantias
profissionais. Isso “pagou bem”, mas, às vezes, como agora, às três da manhã, você se
sente miseravelmente só. Tem filhos, mas nunca os vê porque eles também estão
ocupados com a vida deles. O espectro da solidão do velho o atormenta. O corpo, já não
tão jovem, começa a dar sinais, mostrando que ele é seu dono e não você o dono dele.
Você se levanta, anda pela enorme casa vazia e se pergunta: o que eu fiz da minha vida?
Onde estão meus vínculos afetivos duradouros? Será que você os dissolveu no sucesso
profissional e no desejo narcísico de só pensar em si mesmo? Mas não adianta pôr a
culpa nos outros; você bem que teve alguns gozos nesse processo. Confesse como
gozou enquanto melhorava de vida. Não faça como esses mimados que reclamam de
tudo. Assuma seu papel.
Direitos humanos, dignidade da pessoa humana ou liberdades individuais deveriam
estar na seção de produtos de luxo. Perdemos a noção de que são as condições materiais
que sustentam o mundo à nossa volta. Basta faltar água e todo o bla bla bla sobre
valores democráticos ruem como um castelo de cartas. Depois da 2 guerra, ficamos
viciados em acreditar que tudo seria um paraíso. Doce ilusão.
Conseguir levantar de manhã e trabalhar, olhar para as pessoas à sua volta e ser
generoso pode ser o maior dos milagres na terra.
Filosofia como exercício espiritual é uma pedagogia para a sutileza. E a sutileza é um
milagre num mundo em que a grosseria reina.
Os hippies, esses coitados, erraram porque não entenderam que a função deles era
apenas criar um estilo de calça jeans.
É sempre um risco enfrentar a mediocridade porque ela tem a maioria em seu exército.
Evite pessoas que falam frases como essas: fazer o bem faz você se sentir bem consigo
mesmo.
Não há generosidade "pura" sem algum risco de vida ou de perda.
Esperança épica: acompanhamento de uma ideia, que movimenta a realidade.
Entrelaçamento entre o transcendente e o humano.
Esperança trágica: fogo de Prometheu (a técnica); no universo grego, a esperança é uma
maldição (quanto mais esperança, mais ilusão e frustração). Esperança na ideia de
coragem, experiência de enfrentar o medo e a falta de sentido. A coragem produz
transformação no mundo.
Românticos: esperançosos em relação ao afeto. O sentido da vida é o gosto.
É necessário ter esperança, construir um espaço mínimo de confiança.
O bem é abundante e gerador. O mal é invejoso, ressentido, limitado, destrói, toma.
Ayn Rand: uma das razões para o socialismo crescer é que o ser humano é preguiçoso,
não quer enfrentar os desafios da vida. A vida é muito arriscada, é necessário ter muito
culhão pra enfrentar a vida. À medida que as sociedades enriquecem, o socialismo
também cresce.
Dificuldade em lidar que a vida não tem garantias, com a contingência de nossas
relações, com a noção de risco que está atrelada à sobrevivência.
Sempre se soube que sucesso desumaniza. Só gente iniciante não sabe disso. Sucesso é
muito bom. Não me entenda mal. Desumaniza porque pode fazer você achar que você é
o máximo em tudo, quando o foi apenas em algo em particular, e, às vezes, esse algo é
bem banal se tomarmos a totalidade das atividades e experiências humanas. Mas o
sucesso não só desumaniza, ele pode deixar você ridículo se você não perceber que a
melhor forma de conviver com o sucesso é fingir que ele não existe. Pra você e para os
outros. Eu sei que é difícil, então melhor consultar um profissional do ramo. Existem
alguns bons por aí. Ouvi dizer que existem até alguns workshops que ensinam você a
não ser um jovem de sucesso ridículo por causa do próprio sucesso. Lúcifer foi o
primeiro jovem de sucesso bobo da história. E acabou ficando com o porão. Quando o
sucesso atinge você muito cedo na vida, a chance de você virar uma besta arrogante é
enorme.
Acredito que se você é uma pessoa capaz de ter vínculos afetivos fortes, se você é capaz
de se apaixonar, se você é capaz de se encantar com uma pessoa, você pode ter uma
experiência de sentido. Me parece que a pergunta se existe alguma missão na vida é
uma pergunta mal colocada. Eu acho que uma questão mais interessante é como
encontrar sentido na vida. A gente encontra sentido na vida principalmente quando a
gente é capaz de perceber os detalhes das coisas, a gente tem gosto nos vínculos que a
gente tem, a gente tem prazer no ambiente de trabalho, a gente conseguir imaginar
algum dia desconectar e fazer uma coisa ou outra que te dê gosto. Se você encontrar
sentido no cotidiano, talvez você nem precise se perguntar se existe sentido maior na
vida.
Estou certo de que uma das razões de a Europa ser tão civilizada é o fato de as pessoas
lá não terem acesso a empregada doméstica. O caráter é alguma coisa que brota no
silêncio de quem lava louça todo dia. O caráter não brota numa assembleia de
estudantes ou numa manifestação contra a desigualdade social. Pelo contrário,
atividades assim mais deturpam o caráter do que o moldam, porque são atividades em
que você só demanda e não dá nada em troca. Você também tem de tomar banho,
preparar a comida, arrumar a casa, limpar a cozinha. Durante o dia, providenciar
comida, mantimentos, produtos de limpeza. Roupa a ser lavada. Jogar o lixo fora. A
ocupação e o cansaço evitam que você pense em bobagem e sonhe com o impossível.
Carlos Hilsdorf: Ao ser transformada em competência, a felicidade perde toda sua
essência, pois ela sempre estará vinculada à espontaneidade. Ela não pode prosperar
num ambiente de pressão, vaidade, competição.
Ninguém é plenamente autossuficiente, mas o narcisista não é de forma nenhuma. Por
isso ele faz, o tempo inteiro, o mundo trabalhar pra ele: quer que o mundo sustente,
ratifique, que tudo vai dar certo. A relação com o outro é um inferno para o narcisita,
por trazer a variável da contingência.
É importante ser feliz, mas uma sociedade pautada sempre pela felicidade deixa todo
mundo idiota.
A gente é muito viciado em conforto hoje em dia. Cada vez mais as coisas têm que ser
do jeito que a gente quer. O casal só quer que um realize o desejo do outro.
A gente não tem direito à felicidade. Inclusive, direito só é realizado através de deveres.
Mas todo mundo quer direito a tudo, à felicidade, ao amor.
O grande barato da vida é ser capaz de amar, e não ser amado. É a capacidade de sair de
você, ir pra fora de você. E não achar que nós vamos ter uma redenção se quebrarmos a
paulista, se os meninos da USP puderem votar para o reitor diretamente.
A gente tá muito mimado.
Noções de direitos sem deveres: revolução burguesa, processo de fazer com que todo
mundo se sinta um reizinho.
Eu acho mais verdadeiro uma pessoa que reconheça que sua existência é uma luta
contínua contra suportar as ambivalências da sua condição humana. Lidar com o fato de
que você tem desejos destrutivos, de que você é invejoso, que você é orgulhoso etc.
Se, em algum momento, a riqueza material diminuir e a vida endurecer, esse mimo
deixa de existir.
Daqui a pouco se proibirá a publicidade de carros (causam acidentes), aviões (caem),
batom (dá vontade de beijar a boca das mulheres e isso pode ser anti-higiênico),
churrascaria (colesterol), café (causa ansiedade), xampus (os cabelos reais nunca são tão
lindos quantos os das propagandas), bolas de futebol (os meninos podem cair e quebrar
a perna), livros (existem livros que propõem coisas absurdas), telefonia celular (já se
fala em pessoas viciadas em celulares), televisão (crianças podem ver coisas erradas na
televisão), computadores (a internet é incontrolável), turismo (pessoas podem pegar
infecção intestinal viajando), água (pode estar contaminada), metrô (pode descarrilar),
ônibus (capotam).
A contingência é inimiga mortal das almas pequenas. O controle excessivo da vida a
torna insuportável. Quem muito se lava padece de bactérias superpoderosas. Jovens
inseguros e ansioso: eis a vingança da contingência.
Não, os jovens não estão preparados para fazer um mundo melhor. Nenhum jovem
nunca esteve. Essa ideia é um fetiche vagabundo de alguns poucos jovens dos anos
1960 e adjacências. Ou de artistas que fazem desse fetiche seu mercado de consumo.

Os jovens estão com medo, e com razão. Querem estágios, mas, cada vez mais as
empresas querem que eles trabalhem de graça ou, as mais "descoladas", que eles (quase)
paguem para estagiar nelas. A ideia é que eles estariam ganhando experiência e a
chance, divina, de conviver com profissionais superbacanas.

Os jovens estão com medo, e com razão. Olham para o mercado de trabalho e sabem o
que os espera, à medida que o capitalismo se faz chinês. Salários miseráveis,
competição avassaladora (esse papo de economia colaborativa é para gente bacana feita
de silício), incerteza como substancia essencial do futuro. Hoje você tem emprego,
amanhã quem sabe. Os horários são flexíveis. Que legal! Trabalhe o tempo todo, 24/7
(24 horas por dia), via WhatsApp, Facebook, o diabo a quatro. Os jovens estão com
medo, e com razão. Não se pode confiar em vínculos afetivos duradouros. O egoísmo é
a grande revolução moral moderna. Quase todo mundo é instrumental (termo chique
para interesseiro). As pessoas não confiam umas nas outras porque estão mais "críticas"
(isto é, mais chatas). Todo mundo quer serviços e direitos. Generosidade é um termo
desconhecido no mundo em que os jovens habitam. O elemento natural desse mundo é a
demanda, a exigência, o ressentimento e a raiva. O ódio, o desencanto, a desesperança
têm seu lugar no panteão de reações possíveis na vida. E você não é, necessariamente,
um fracassado porque se ressente de ter sido derrotado pela máquina do mundo. A
máquina do mundo tritura esperanças, projetos e corpos a cada dia mais e de modo mais
veloz. Essa velocidade é, exatamente, o que os jovens sentem na pele. Correm como
podem atrás de uma promessa que jamais acontecerá: a realização da tal vida
equilibrada entre "valores" que transcendem o mundo material e as escandalosas provas
evidentes de que serão julgados pelos critérios mais cruéis que regem qualquer alma de
um banqueiro.
Exemplos de politicamente incorreto: eliminação de palavras de livros e músicas,
condenação de humoristas, aula a partir de ideologias políticas de esquerda.
Por que é injusto linchar ladrões, mas é “progressista” linchar William Waack?
A sedução envolve investimento de variáveis não precificáveis como tempo, ansiedade,
desejo, insegurança e similares. Por isso uma garota de programa é a mulher mais barata
e menos exigente do mundo. (Marketing Existencial, p. 66)
“O marketing é uma ciência prática de como ‘mentir’ com uma razoável atmosfera de
realidade” (Marketing Existencial, p. 140)
“A seleção natural sabe, ancestralmente, que o bando sobrevive com gotas de coragem e
beleza e quantidades infinitas de colaboradores acovardados da violência.”
Às vezes, na vida, pode não haver nenhuma saída que pareça "boa" para uma alma
imatura que acredite que sempre existem saídas "boas".
Estou cada vez mais convencido de que fazer planos muito precisos para o futuro nos
-adoece. Talvez em alguns anos a medicina descubra que pessoas que fazem muitos
planos para o futuro morrem de câncer no cérebro.
"Graças a Deus" é uma profunda forma de reconhecimento da frágil beleza da vida, e
uma confissão de humildade que é, sempre, uma forma dessa mesma beleza.
estou convicto de que o medo é muito mais cotidiano do que o amor, que tende a
desaparecer diante das exigências de uma vida sempre frágil, insegura e claudicante,
como a humana.
A vida digna é imersa em sangue, beleza e sofrimento.
Os intelectuais odeiam o povo porque o povo é a humanidade – banal, medrosa,
insegura. E os intelectuais amam a ideia de humanidade "racional", mas detestam suas
misérias.
A virtude só nasce num terreno que lhe é hostil. Qualquer outra afirmação sobre virtude
é falsa.
Desistimos há décadas, de compreender o mundo. Optamos por vender ideias que façam
as pessoas pensarem boas coisas de si mesmas. De certa forma, grande parte de nós
produz autoajuda empacotada com palavras bonitas e elegantes.
Suspeito que uma "alma curada" seja uma alma morta.
Quanto mais militante é um ateu, mais problemas ele tem com seu papai.
O homem será sempre insuficiente porque seu livre-arbítrio é de algum modo
danificado (PONDÉ, 2004, p. 23).
Aos ateus também se deve prescrever uma certa dose de humildade. Sei que você pode
deixar de acreditar em Deus, mas cuidado para não passar a acreditar em qualquer
bobagem do tipo ciência, natureza, política, história —ou, pior, crer em você mesmo ou
crer no desejo. Eita coisa ridícula!
Hora da coruja: “Tem um monte de intelectual e professor formando os jovens no
sentido de eles ficarem sonhando de que fazem parte de um exército puro de salvação
do mundo. Ao invés de falar para eles: “daqui a três, cinco anos, você vai estar junto a
alguém que você não entende direito, seu filho não vai ser o que você quer, você não
controla seus afetos, a vida profissional vai passar por cima de você como um trator e
dinheiro compra até amor verdadeiro. Enquanto você não descobrir isso, você está
brincando na vida.”
A Filosofia da Adúltera

Abandonar uma vida que detesta é um desafio para qualquer um que queira uma vida
menos idiota.
Vamos desconfiar de um desprendimento que não desembolsa um tostão.
Toda a pedagogia contemporânea que centra a vida na busca de ser amado é uma
miséria que busca elogios.
Burke: a vida em sociedade é um pacto entre os mortos, os vivos e os que ainda não
nasceram. Quando os mortos não valem nada, ninguém vale nada.
Uma pessoa desarmada, sem pensar em si mesma, humilde (sem precisar sê-lo) tem o
rosto do milagre. Essa doçura é o que dilacera. Esse é o sentido de dizer que a santidade
é dor: é ver o mal em si mesmo.
A elegância mais primitiva é ser o que você é sem querer copiar ou atingir o que os
outros desejam.
Nada é mais sofisticado do que ser blasé com tudo que todo mundo acha o máximo. É
quase uma noção de higiene.
É típico dessa gente festiva se achar santo como se fosse possível alguém justo, de fato,
se achar justo.
Reconhecer que tem piolhos e outros defeitos pode ser mais poderoso que um tratado
sobre moral.
-Vídeos para assistir:
Programa do Jo – Politicamente Incorreto Filosofia:
https://globoplay.globo.com/v/1978387/
Impeachment: https://videos.bol.uol.com.br/video/ressaca-e-cansaco-podem-ajudar-
governo-temer-vingar-afirma-ponde-04028D1B3066CCC15326 (10:00)
Entrevista no É Notícia (Uol):
Parte 1: http://mais.uol.com.br/view/dsirb7h509tj/luiz-felipe-ponde-filosofo-e-escritor-
04028C1C3664C4C94326?types=A&
Parte 2:
Parte 3: https://tvuol.uol.com.br/video/luiz-felipe-ponde-filosofo-e-escritor-3-
04024C9B3664C4C94326

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