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3115)
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO
I – LEGITIMIDADE
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Portanto, vê-se que a finalidade desta fundação pública federal é, em suma, a elaboração de
estudos e pesquisas na área de saúde e segurança do trabalho - SST, com a independência didático-científica
que lhe garante o § 2.º do art. 207 da Constituição da República.
Observe-se, que o ineditismo e a importância de seus estudos, deram à Fundacentro a liderança
na América Latina no campo da pesquisa na área de segurança e saúde no trabalho. A Fundacentro é designada
como centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser colaboradora da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Ainda no plano internacional, a Fundacentro mantém intercâmbio com países das três
Américas, da Europa, além do Japão e da Austrália. São ações que envolvem desde trabalhos na área de
educação até o desenvolvimento de projetos de sistemas de gestão ambiental.
No caso, trata-se do Tema 1090 do Superior Tribunal de Justiça, afetado ao rito dos processos
repetitivos, cujas questões que se põe a julgamento são: "1) se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI
(Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade
física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o que consta no PPP (Perfil
Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por outros meios probatórios e, nessa
última circunstância, se a prova pericial é obrigatória; 2) se é possível impor rito judicial instrutório
rígido e abstrato para apuração da ineficácia do EPI, como fixado pelo Tribunal de origem, ou se o rito
deve ser orientado conforme os elementos de cada contexto e os mecanismos processuais disponíveis na
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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3117)
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legislação adjetiva; 3) se a Corte Regional ampliou o tema delimitado na admissão do IRDR e, se positivo, se
é legalmente praticável a ampliação; 4) se é cabível fixar de forma vinculativa, em julgamento de casos
repetitivos, rol taxativo de situações de ineficácia do EPI e, sendo factível, examinar aviabilidade jurídica
de cada hipótese considerada pelo Tribunal de origem (enquadramento por categoria profissional, ruído,
agentes biológicos, agentes cancerígenos e periculosidade); 5) se é admissível inverter, inclusive
genericamente, o ônus da prova para que o INSS demonstre ausência de dúvida sobre a eficácia do EPI atestada
no PPP".
Como se vê, as questões postas são temas próprios de SST e, assim, podem ser analisados pela
Fundacentro, haja vista sua reconhecida expertise na área, o que, certamente, contribuirá para julgamento tão
importante, que orientará o julgamento de talvez milhares outras causas em todo o país.
Em relação às questões de mérito discutidas no Recurso Especial, junta-se a esta petição, a fim
de auxiliar no julgamento, manifestação da área técnica da requerente, da qual se destaca a sua parte conclusiva
(item 9):
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riscos existentes no ambiente de trabalho. Somente depois dessa identificação, da avaliação dos riscos que tais
fontes apresentam para o trabalhador e da implementação de medidas que visem à
eliminação/redução do risco associado é que se deve selecionar o EPI adequado para neutralizar tal exposição
do trabalhador. Sem a adoção de tais medidas, não se pode considerar que um EPI foi selecionado de forma
adequada" (item 7).
Assim, a manifestação técnica deixa claro que:
1. não basta o que consta no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) para provar a eficácia ou
ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos agentes nocivos
à saúde e à integridade física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial;
2. as empresas que fazem uso do EPI dispõem de informações que apontam a efetividade ou não do
EPI;
3. todo EPI fornece proteção limitada contra o agente nocivo para o qual foi projetado, devendo
demais circunstâncias serem analisadas no caso concreto.
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III – REQUERIMENTO
Volume 1
Autor: Dr. José Damásio de Aquino (Doutor em Saúde Pública; Mestre em Administração
de Empresas; Bacharel em Física; Tecnologista Sênior e Chefe do Serviço de
Laboratório de EPI da Fundacentro; 28 anos de experiência em avaliação laboratorial de
EPI; Representante da Fundacentro na bancada do governo da comissão tripartite que
revisou a NR 6 em 2001 e do Grupo Técnico Tripartite que atualmente elabora o texto a
ser encaminhado à CTPP para aprovação).
São Paulo
2022
Lista de ilustrações
Quadro 1 - Item 15, relativo aos registros ambientais, extraído do formulário do Perfil
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
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Sumário
1 – Introdução 6
2 – Objetivo 7
3 – Definição de EPI 7
9 – Conclusão 32
Referências 34
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1 – Introdução
ineficácia do EPI, como fixado pelo Tribunal de origem, ou se o rito deve ser
orientado conforme os elementos de cada contexto e os mecanismos
processuais disponíveis na legislação adjetiva;
iii) se a Corte Regional ampliou o tema delimitado na admissão do IRDR e, se
positivo, se é legalmente praticável a ampliação;
iv) se é cabível fixar de forma vinculativa, em julgamento de casos repetitivos, rol
taxativo de situações de ineficácia do EPI e, sendo factível, examinar a
viabilidade jurídica de cada hipótese considerada pelo Tribunal de origem
(enquadramento por categoria profissional, ruído, agentes biológicos, agentes
cancerígenos e periculosidade);
v) se é admissível inverter, inclusive genericamente, o ônus da prova para que
o INSS demonstre ausência de dúvida sobre a eficácia do EPI atestada no
PPP.
2 - Objetivo
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
3 – Definição de EPI
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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3127)
detido pelo trabalhador para sua proteção contra um ou mais riscos susceptíveis de
ameaçar a sua segurança ou saúde no trabalho, bem como qualquer complemento ou
acessório destinado a esse objetivo (OSHA - EU, 2019).
Embora seja muito utilizado, o EPI deve ser avaliado no contexto da totalidade das
possíveis medidas de controle de acidentes e doenças ocupacionais.
Na hierarquia de métodos que podem ser usados para controlar as fontes de risco no
local de trabalho, a proteção individual não deve ser a primeira escolha. No entanto, há
situações em que a proteção individual é necessária, como medida de controle de curto
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O equipamento de proteção individual não pode ser visto como a única solução para a
prevenção de acidentes de trabalho. Ele é a última opção a ser adotada, conforme se
observa na Figura 2, que mostra a hierarquia de métodos de controle de riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho.
trabalho
Mais
efetivo Hierarquia de controles
Remover
Eliminação fisicamente a
fonte de risco
Substituição Substituir a
fonte de risco
Controles
Alterar a forma de trabalho
administrativos dos trabalhadores
Menos
efetivo
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usuário ao agente nocivo no ambiente. A partir dessas informações, o EPI poderá ser
selecionado. A identificação da parte do corpo que poderá ser afetada pela fonte de risco
ou a via de exposição ao agente nocivo é essencial porque os EPI são projetados para
proteger partes específicas do usuário. Se a fonte de risco pode causar lesão apenas
nas mãos do trabalhador exposto ao risco, não faz sentido fornecer, também, a este
trabalhador, um óculos de proteção. Do contrário, todo trabalhador que necessitasse de
proteção contra uma fonte de risco no ambiente de trabalho deveria se proteger com
uma armadura, para isolá-lo completamente do ambiente. Obviamente, tal solução seria
impraticável, pois o trabalhador necessita de liberdade de movimento e o maior conforto
possível para realizar suas atividades.
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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3130)
A Lei 6.514 (BRASIL, 1977), de 22 de dezembro de 1977, prevê o uso de EPI em diversos
artigos, seja como um equipamento de uso obrigatório pelos trabalhadores ou como uma
das medidas utilizadas para eliminar o adicional de insalubridade.
Segundo a alínea (b), do parágrafo único desse artigo, a recusa injustificada pelo
trabalhador ao uso de EPI constituiria um ato faltoso e isso poderia ensejar algum tipo
de punição. Porém, é necessário alertar que a seleção do EPI a ser utilizado deve estar
em consonância com as fontes de risco identificadas no ambiente de trabalho. Se o
equipamento for selecionado sem essa identificação prévia e consequente avaliação dos
riscos, qualquer EPI estará sujeito à recusa justificada. Além disso, o EPI selecionado
também deve ser adequado ao usuário. Por exemplo, fornecer um calçado de segurança
nº 37 para um trabalhador que calça 39 é totalmente inadequado. Assim, a recusa ao
uso seria justificada.
De forma compatível, os Art. 166 e 167 da lei, que tratam especificamente de EPI em
sua Seção IV, estabelecem que:
i) deve ser fornecido de forma gratuita para os trabalhadores que necessitem utilizá-lo,
ou seja, a empresa não pode cobrar pelo seu fornecimento;
ii) deve ser adequado ao risco existente no ambiente de trabalho em que será utilizado.
Na verdade, deve oferecer proteção contra o agente agressivo (ou perigo ou fonte de
risco) existente no ambiente. A adequação ao risco requer que a empresa realize uma
identificação das fontes de risco no ambiente e faça uma avaliação dos riscos dessas
fontes. Sem esse levantamento, não é possível afirmar que um EPI é adequado a um
determinado risco;
iii) deve ser utilizado apenas em algumas situações, isto é, quando as medidas de ordem
geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos trabalhadores. Portanto, o EPI não deve ser considerado como a única medida de
proteção contra riscos de acidentes ou doenças do trabalho em todas as situações. Ele
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
deve ser considerado como uma medida paliativa, a ser adotada em conjunto com e
após a consideração e implementação de outras medidas de controle que forem
aplicáveis, conforme identificadas na hierarquia de controles da Figura 2, ou enquanto
elas estiverem sendo implantadas, ou em situações de emergência.
Em relação ao uso do EPI associado ao tema insalubridade, cabe mencionar o Art. 191
da lei, que diz:
Esse artigo prevê que a utilização de EPI poderá eliminar ou neutralizar a insalubridade.
Porém, na prática, existem alguns condicionantes para caracterizar essa situação. A
empresa responsável pelo ambiente em que o EPI é utilizado deve comprovar que o uso
de tal equipamento diminui de fato a intensidade do agente agressivo ao limite de
tolerância estabelecido para aquele agente. Daí, a importância de a empresa fazer a
avaliação dos riscos no ambiente de trabalho. Também deve fazer as medições das
concentrações e dos períodos de exposição dos trabalhadores usuários do EPI aos
agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho. Sem essas informações, não é
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possível afirmar que um EPI diminui “... a intensidade do agente agressivo a limites de
tolerância”.
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STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3133)
supracitada, é a adoção da norma técnica de ensaios aplicável a cada tipo de EPI. Essa
norma técnica fixa os requisitos mínimos quanto às características físicas e de
desempenho requeridos para o EPI ao qual se refere e prescreve os ensaios para
avaliação desses requisitos. Além de estabelecer os ensaios a serem realizados, a
norma também estabelece os seguintes parâmetros: equipamentos laboratoriais que
devem ser utilizados nas medições; condições laboratoriais (temperatura, umidade,
iluminamento, nível de ruído e outras); procedimentos de ensaios a serem adotados; e
condições e quantidade das amostras a serem ensaiadas. Em suma, a norma técnica
aplicável estabelece requisitos e condições padronizadas de ensaios, de tal forma que
os resultados obtidos em laboratórios diferentes sejam iguais. Esse processo de
avaliação é conhecido como avaliação da conformidade, que, segundo a norma ABNT
NBR ISO/IEC 17000/2021, é a “demonstração de que os requisitos especificados são
atendidos” (ABNT, 2021a).
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Segundo a norma ABNT NBR ISO 9000 (ABNT, 2015), eficácia é a “extensão na qual
atividades planejadas são realizadas e resultados planejados são alcançados”.
Considerando esse conceito, os resultados dos ensaios realizados nos EPI, de acordo
com as normas técnicas aplicáveis, mostram se estes são eficazes ou não. Se os
resultados demonstrarem que as amostras submetidas aos ensaios padronizados
atendem aos requisitos estabelecidos, podemos afirmar que tais amostras são eficazes.
Do contrário, as amostras são ineficazes.
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Segundo a NBR 8221 (ABNT, 2019), na Figura 3, o capacete é apoiado em uma cabeça
padrão artificial, com as dimensões médias de uma pessoa adulta. A suspensão de cada
amostra de capacete a ser ensaiada deve ser ajustada para apoiar-se firmemente na
cabeça padrão.
A avaliação das amostras de EPI em laboratórios, para fins de emissão do CA, não
garante que, no ambiente real de trabalho, o EPI apresentará necessariamente o mesmo
nível de desempenho verificado em laboratório. Para isso, é necessário que o fabricante
do EPI mantenha o mesmo padrão de qualidade das amostras ensaiadas (o que se
assume que deva ser cumprido para atendimento à Portaria MTP nº 672/2021), que o
EPI seja utilizado de acordo com as condições de uso recomendadas e que seja
realizada uma avaliação de riscos adequada a cada local de trabalho (conforme já
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1
Nota técnica do Ministério do Trabalho e Previdência que trata de “Informação sobre eficácia de EPI
prestada no PPP”, aprovada pela Secretaria de Previdência em 22/12/2021, no âmbito do processo SEI
nº 14022.173317/2021-53.
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“Art. 64 . A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência exigido, será
devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este último somente
quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que comprove o exercício
de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
ou a associação desses agentes, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, vedada
a caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou
vinte e cinco anos, e que cumprir os seguintes requisitos:
I - cinquenta e cinco anos de idade, quando se tratar de atividade especial de quinze anos de
contribuição;
II - cinquenta e oito anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte anos de
contribuição; ou
III - sessenta anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte e cinco anos de
contribuição.
§ 1º A efetiva exposição a agente prejudicial à saúde configura-se quando, mesmo após
a adoção das medidas de controle previstas na legislação trabalhista, a nocividade não
seja eliminada ou neutralizada.
§ 1º-A Para fins do disposto no § 1º, considera-se: (sic)
I - eliminação - a adoção de medidas de controle que efetivamente impossibilitem a
exposição ao agente prejudicial à saúde no ambiente de trabalho; e
II - neutralização - a adoção de medidas de controle que reduzam a intensidade, a
concentração ou a dose do agente prejudicial à saúde ao limite de tolerância previsto
neste Regulamento ou, na sua ausência, na legislação trabalhista”.
O Art. 68 desse Decreto (BRASIL, 2020a) estabelece que “A relação dos agentes
químicos, físicos, biológicos, e da associação desses agentes, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, é aquela constante do Anexo IV”. O Anexo IV
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O item 6.3 dessa norma estabelece as circunstâncias em que os EPIs podem ser
utilizados: “A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI
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Entretanto, é importante relembrar que nem todo equipamento utilizado pelo trabalhador
(avental, por exemplo) é considerado um EPI. Os equipamentos que são considerados
EPI são previstos no item 6.4 da NR 6: “Atendidas as peculiaridades de cada atividade
profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos
trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXO I desta NR”.
B) EPI para proteção dos olhos e face: óculos, protetor facial, máscara de solda;
C) EPI para proteção auditiva: protetor auditivo;
D) EPI para proteção respiratória: respirador purificador de ar não motorizado,
respirador purificador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar
comprimido; respirador de adução de ar tipo máscara autônoma, respirador de fuga;
E) EPI para proteção do tronco: vestimentas, colete à prova de balas de uso
permitido para vigilantes que trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco
contra riscos de origem mecânica;
F) EPI Para proteção dos membros superiores: luvas, creme protetor, manga,
braçadeira, dedeira;
G) EPI para proteção dos membros inferiores: calçado, meia, perneira, calça;
H) EPI para proteção do corpo inteiro: macacão, vestimenta de corpo inteiro;
I) EPI para proteção contra quedas com diferença de nível: cinturão de segurança
com dispositivo trava-queda, cinturão de segurança com talabarte.
Assim, considerando o disposto nos itens 6.1, 6.3 e 6.4 da NR 06 e em consonância com
o que já foi discutido em outros capítulos deste documento, a seleção de qualquer EPI
pressupõe a identificação prévia das fontes de riscos existentes no ambiente de trabalho.
Somente depois dessa identificação, da avaliação dos riscos que tais fontes apresentam
para o trabalhador e da implementação de medidas que visem à eliminação/redução do
risco associado é que se deve selecionar o EPI adequado para neutralizar tal exposição
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do trabalhador. Sem a adoção de tais medidas, não se pode considerar que um EPI foi
selecionado de forma adequada.
Algumas fontes de riscos podem ser facilmente neutralizadas pelo uso de um EPI, como,
por exemplo: impactos de quedas de objetos sobre a cabeça do trabalhador podem ser
neutralizados com o uso de capacetes de segurança para uso industrial; impactos de
partículas volantes nos olhos do trabalhador podem ser neutralizados com o uso de
óculos de segurança; lesões nas mãos devidas ao manuseio de objetos abrasivos
(madeiras e vergalhões na indústria da construção, por exemplo) podem ser evitadas
com o uso de luvas de raspa.
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Quadro 1 – Item 15, relativo aos registros ambientais, extraído do formulário do Perfil
Profissiográfico Previdenciário, constante do Anexo I, da Instrução Normativa nº
85/Pres/INSS, de 18 de fevereiro de 2016.
REGISTROS AMBIENTAIS
15-EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCOS:
15.1-Período 15.2- 15.3- 15.4- 15.5- 15.6-EPC 15.7-EPI 15.8-CA
Tipo Fator de Intensidade/ Técnica Eficaz Eficaz EPI
Concentração
Risco Utilizada (S/N) (S/N)
//a
//
//a
//
//a
//
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“Todo usuário de respirador com vedação facial deve ser submetido a um ensaio de
vedação para determinar se o respirador selecionado se ajusta bem ao seu rosto. ... As
coberturas das vias respiratórias com vedação facial somente proporcionarão proteção
adequada se vedarem de modo satisfatório a face do usuário, isto é, se forem aprovados
nos ensaios de vedação. ... O resultado do ensaio de vedação deve ser usado, entre
outros parâmetros, na seleção de tipo, modelo e tamanho de respirador para cada
usuário” (TORLONI, 2016, p.50).
Cabe destacar que tal ensaio de vedação de respiradores não é exclusividade do Brasil
no PPR. Ao contrário, é previsto também em normas e regulamentos de vários países,
dentre os quais podemos citar: norma ISO 16975-3-Respiratory protective devices –
Selection, use and maintenance – Part n3 – Fit-testing (ISO, 2017); documento
Respiratory protective equipment at work – A practical guide (HSE, 2013); Code of
Federal Regulations (Código de Regulamentos Federais), Title 29 – Labor, Subtitle B—
Regulations Relating to Labor, Chapter XVII – Occupational Safety and Health
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
Além disso, não basta a realização do ensaio de vedação apenas na seleção inicial do
respirador. Ele deve ser realizado, no mínimo, a cada 12 meses e deve ser repetido toda
vez que o usuário apresentar uma alteração de condição que possa interferir na vedação,
como, por exemplo, alteração de 10% ou mais da massa corpórea, aparecimento de
cicatriz na área de vedação, alteração na arcada dentária (perda de dentes, prótese,
etc.), cirurgia reconstrutiva, etc.
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de o ensaio ser feito com o intervalo de 3 anos, o percentual de usuários com risco de
ajuste inaceitável aumentou para 25,4% (ZHUANG et al, 2016). Esse estudo reforçou a
recomendação da Occupational Safety and Health Administration (OSHA – EUA) para a
realização anual de ensaios de vedação de respiradores (CDC, 2021).
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por faixa de frequência, pois isso não seria possível com apenas 14 caracteres
alfanuméricos.
De acordo com a norma ABNT NBR 16077/2021 (ABNT, 2021b), a estimativa do nível
de exposição ao ruído com o uso da proteção auditiva pode ser calculada por dois
métodos: método longo e método simplificado. O método longo leva em conta o
espectro do ruído presente no ambiente e deve ser utilizado quando os dados
necessários para o cálculo da atenuação do ruído pelo uso do protetor auditivo por
banda de frequência puderem ser medidos. Caso contrário, pode ser utilizado o método
simplificado, que é uma aproximação calculada, baseado em um número único de
atenuação de ruído do protetor auditivo. Visto que as estimativas utilizam valores
diferentes, os dois métodos podem fornecer resultados finais de estimativas de
atenuação distintos.
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Por outro lado, nos EUA, a Occupational Safety and Health Administration (OSHA)
(EUA, 2022b) recomenda utilizar um de dois métodos para estimar a exposição com o
uso do protetor auditivo, conforme estabelecido no Code of Federal
Regulations (Código de Regulamentos Federais), Title 29 – Labor, Subtitle B—
Regulations Relating to Labor, Chapter XVII – Occupational Safety and Health
Administration, Department of Labor, Part 1910 – Occupational Safety and Health
Standards, Subpart G – Occupational Health and Environmental Control, §1910.95-
Occupational noise exposure, Appendix B. O método mais conveniente é o que utiliza
o Noise Reduction Rating (NRR) desenvolvido pela Environmental Protection Agency
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
(EPA) (EUA, 2022c). De acordo com o regulamento da EPA, o NRR deve ser mostrado
na embalagem do protetor auditivo. O NRR é então subtraído do nível de ruído
ambiental ao qual o trabalhador está exposto, para avaliar a adequação da atenuação
do protetor auditivo. Em vez de usar o NRR, os empregadores podem avaliar a
adequação da atenuação do protetor auditivo usando os valores de atenuação do
protetor, discriminados por faixas de frequência de uma oitava, e os níveis de ruído
medidos nessas mesmas faixas no ambiente em que o protetor será utilizado. De
acordo com a OSHA, os métodos que utilizam os valores de atenuação dos protetores
e os níveis de ruído por faixa de frequência são mais complexos, porém são mais
precisos na estimativa do nível de exposição ao qual o usuário do protetor estará
exposto, pois usa uma maior quantidade de informações espectrais do ruído no
ambiente.
Aqui, o termo eficaz é aquele conceituado como efetividade ou eficácia do EPI segundo
a Previdência Social. O que se espera de um EPI no uso real no ambiente de trabalho
é que ele apresente a mesma eficácia obtida em ensaios laboratoriais. Entretanto, nem
sempre é isso o que acontece. Daí, é imprescindível que as empresas disponham de
informações detalhadas sobre os agentes agressivos (também conhecidos como
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fatores de risco) existentes nos ambientes de trabalho e que podem causar doenças ou
lesões relacionadas ao trabalho, o que possibilitaria uma seleção adequada do EPI.
O PPP é um documento previsto no Decreto 3.048, de 06 de maio de 1999, Art. 68, §8º
e §9º (BRASIL, 1999).
“Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de
agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.
(...)
§ 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes prejudiciais à
saúde será feita por meio de documento, em meio físico ou eletrônico, emitido pela
empresa ou por seu preposto com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
(...)
§ 5º O laudo técnico a que se refere o § 3º conterá informações sobre a existência
de tecnologia de proteção coletiva ou individual e sobre a sua eficácia e será elaborado
com observância às normas editadas pela Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério Economia e aos procedimentos adotados pelo INSS
§ 6º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos
agentes existentes no ambiente de trabalho prejudiciais à saúde de seus trabalhadores
ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o
referido laudo incorrerá na infração a que se refere a alínea “n” do inciso II do caput do
art. 283
(...)
§ 8º A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico
previdenciário, ou o documento eletrônico que venha a substituí-lo, no qual deverão ser
contempladas as atividades desenvolvidas durante o período laboral, garantido ao
trabalhador o acesso às informações nele contidas, sob pena de sujeição às sanções
previstas na alínea “h” do inciso I do caput do art. 283.
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ser utilizada para avaliar se o EPI apresenta desempenho efetivo. Esse item
estabelece que:
“6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada
atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e
treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir
imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela
higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade
observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico”.
Se o empregador é obrigado a adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade e
registrar o seu fornecimento ao trabalhador, então ele deve possuir tais registros. De
posse dessas informações, seria possível avaliar se o EPI está sendo efetivo ou não.
O PPR (TORLONI, 2016) é outra fonte de informações sobre o uso de EPI que pode
ser utilizada para avaliar se o EPI (no caso específico de respiradores) apresenta
desempenho efetivo. Esse documento lista os elementos mínimos de um programa de
proteção respiratória, os procedimentos operacionais para uso rotineiro de
respiradores e para uso em situações de emergência, estabelece que o empregador
deve nomear um administrador do programa, estabelece responsabilidades para o
empregador, para o empregado, para o administrador do programa e para o prestador
de serviço. O programa deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: política da
empresa na área de proteção respiratória; abrangência; indicação do administrador do
programa; regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos; avaliação dos
riscos respiratórios; seleção do respirador; avaliação das condições físicas,
psicológicas e médicas dos usuários; treinamento; ensaio de vedação; uso do
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9 - Conclusão
Do exposto, pode-se concluir que:
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Pode-se concluir, também que, embora o formulário do PPP isolado não disponha de
informações que permitam a avaliação precisa sobre a efetividade do EPI no uso real,
as empresas que fazem uso de tais equipamentos como medida de prevenção de
acidentes ou doenças ocupacionais dispõem de informações que podem demonstrar
se o EPI é efetivo ou não. Isso é possível se elas adotarem todas as medidas
estabelecidas nas diversas normas regulamentadoras de SST e outros regulamentos
que tratam do uso de EPI.
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Referências
ABNT, 2015.
ABNT/CB 32 (Associação Brasileira de Normas Técnicas/ Comitê Brasileiro 32).
Relatório técnico – Eficácia do protetor auditivo: aspectos técnicos e legais.
São Paulo: ABNT/CB 32, 2019. Disponível em: <publicacoes-tecnicas-protetor-
auditivo.pdf (animaseg.com.br)>. Acesso em: 08 mar. 2022.
AREOSA, João. O lado obscuro dos acidentes de trabalho. Lisboa: Húmus, 2013.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 549, de 09 de março de
2022 - Altera a Portaria nº 672, de 8 de novembro de 2021, que disciplina os
procedimentos, programas e condições de segurança e saúde no trabalho e dá
outras providências. [Brasília, DF: 2022a]. Disponível em: <PORTARIA Nº 549, DE
9 DE MARÇO DE 2022 - PORTARIA Nº 549, DE 9 DE MARÇO DE 2022 - DOU -
Imprensa Nacional (in.gov.br)>. Acesso em: 10 mar. 2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. CAEPI – Certificado de Aprovação
de Equipamento de Proteção Individual – Consulta de CA. [Brasília, DF: 2022b].
Disponível em: <Ministério do Trabalho e Emprego - Certificado de Aprovação de
Equipamento de Proteção Individual (mte.gov.br)>. Acesso em: 10 mar. 2022
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 672, de 08 de novembro
de 2021 - Disciplina os procedimentos, programas e condições de segurança e
saúde no trabalho e dá outras providências. [Brasília, DF: 2021a]. Disponível em:
<Portaria MTP n° 672.pdf — Português (Brasil) (www.gov.br)>. Acesso em: 09 mar.
2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 899, de 09 de dezembro
de 2021 - Altera a Portaria/MTP nº 672, de 8 de novembro de 2021, que disciplina
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NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health). Hierarchy of controls.
[Washington, DC: 2015]. Disponível em: <https://www.cdc.gov/niosh/topics/hierarchy/>.
Acesso em: 08 mar. 2022.
OSHA - EU (European Agency for Safety and Health at Work). Diretiva 89/656/CEE -
relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos
trabalhadores de equipamentos de proteção individual no trabalho. [Santiago de
Compostela, 2019]. Disponível em: <https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:01989L0656-20070627&from=EN> Acesso em: 30
mai. 2019.
OSHA – EUA (Occupational Safety and Health Administration). Personal protective
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https://www.osha.gov/SLTC/personalprotectiveequipment/> Acesso em: 30 mai. 2019.
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Autor do Documento
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CPF: 83089390159 PROCURADORIA GERAL FEDERAL
Peticionamento
SEQUENCIAL: 6533525
Processo: REsp 1828606 (2019/0218109-8)
Tipo de Petição: PETIÇÃO
Parte peticionante: FUNDACAO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO, DE SEGURANCA E MEDICINA
DO TRABALHO
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Os dados contidos na petição podem ser conferidos pela Secretaria Judiciária, que procederá sua
alteração em caso de desconformidade com os documentos apresentados, ficando mantidos os
registros de todos os procedimentos no sistema (Parágrafo único do Art. 12 da Resolução STJ
10/2015 de 6 de outubro de 2015)