Você está na página 1de 43

STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.

3115)

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO HERMAN BENJAMIN

RECURSO ESPECIAL Nº 1828606 - RS (2019/0218109-8)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
RECORRENTE : SILVIONEI STAHNKE
ADVOGADOS : HÉLIO GUSTAVO ALVES - SP187555 MONICA LUMI MATSUO - SC044751
RECORRIDO : OS MESMOS
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO, DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO - FUNDACENTRO, fundação pública federal representada pela Procuradoria-Geral Federal,
vem à presença de Vossa Excelência requerer o seu ingresso no processo, na qualidade de AMICUS CURIAE,
com fundamento no art. 138 do Código de Processo Civil, assim como a juntada aos autos da manifestação
técnica anexa.

I – LEGITIMIDADE

A requerente é fundação pública federal, vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência,


instituída pela Lei n. 5.161, de 21 de outubro de 1966, e com denominação atual dada pela Lei n. 6.618, de 16
de dezembro de 1978.
Conforme o art. 1.º de sua lei instituidora, é objetivo da Fundacentro "a realização de estudos
e pesquisas pertinentes aos problemas de segurança, Higiene e medicina do trabalho".
O Estatuto da Fundacentro, aprovado pelo Decreto n. 10.096, de 6 de novembro de 2019, e
alterado pelo Decreto n. 10.925, de 31 de dezembro de 2021, estabelece:

Art. 2º A Fundacentro tem por finalidade elaborar estudos e pesquisas sobre as


questões de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho e,
especialmente:
I - pesquisar e analisar o meio ambiente do trabalho e do trabalhador, para a
identificação das causas dos acidentes e das doenças no trabalho;
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3116)

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO

II - realizar estudos, testes e pesquisas relacionados com a avaliação e o controle de


medidas, métodos e de equipamentos de proteção coletiva e individual do trabalhador;
III - desenvolver e executar programas de formação, aperfeiçoamento e especialização
de mão de obra profissional, relacionados com as condições de trabalho nos aspectos
de saúde, segurança, higiene e meio ambiente do trabalho e do trabalhador;
IV - promover atividades relacionadas com o treinamento e a capacitação profissional
de trabalhadores e empregadores;
V - prestar:
a) apoio técnico aos órgãos responsáveis pela política nacional de segurança, higiene
e medicina do trabalho; e
b) orientação a órgãos públicos, entidades privadas e sindicais, com vistas ao
estabelecimento e à implementação de medidas preventivas e corretivas de segurança,
higiene e medicina do trabalho;
VI - realizar estudos que visem ao estabelecimento de padrões de eficiência e
qualidade referentes às condições de saúde, segurança, higiene e meio ambiente do
trabalho e do trabalhador; e
VII - exercer outras atividades técnicas e administrativas que lhe sejam cometidas
pelo Ministro de Estado do Trabalho e Previdência.
Parágrafo único. A Fundacentro poderá, para a consecução de sua finalidade, celebrar
convênios, contratos, acordos ou ajustes com a União, os Estados, o Distrito Federal
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

e os Municípios, as universidades e os estabelecimentos de ensino e com outras


entidades públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, para o fim
de obter ou prestar colaboração e assistência em atividades destinadas à promoção e
ao desenvolvimento de programas e projetos nas áreas de sua competência.

Portanto, vê-se que a finalidade desta fundação pública federal é, em suma, a elaboração de
estudos e pesquisas na área de saúde e segurança do trabalho - SST, com a independência didático-científica
que lhe garante o § 2.º do art. 207 da Constituição da República.
Observe-se, que o ineditismo e a importância de seus estudos, deram à Fundacentro a liderança
na América Latina no campo da pesquisa na área de segurança e saúde no trabalho. A Fundacentro é designada
como centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser colaboradora da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
Ainda no plano internacional, a Fundacentro mantém intercâmbio com países das três
Américas, da Europa, além do Japão e da Austrália. São ações que envolvem desde trabalhos na área de
educação até o desenvolvimento de projetos de sistemas de gestão ambiental.
No caso, trata-se do Tema 1090 do Superior Tribunal de Justiça, afetado ao rito dos processos
repetitivos, cujas questões que se põe a julgamento são: "1) se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI
(Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade
física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o que consta no PPP (Perfil
Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por outros meios probatórios e, nessa
última circunstância, se a prova pericial é obrigatória; 2) se é possível impor rito judicial instrutório
rígido e abstrato para apuração da ineficácia do EPI, como fixado pelo Tribunal de origem, ou se o rito
deve ser orientado conforme os elementos de cada contexto e os mecanismos processuais disponíveis na
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3117)

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO

legislação adjetiva; 3) se a Corte Regional ampliou o tema delimitado na admissão do IRDR e, se positivo, se
é legalmente praticável a ampliação; 4) se é cabível fixar de forma vinculativa, em julgamento de casos
repetitivos, rol taxativo de situações de ineficácia do EPI e, sendo factível, examinar aviabilidade jurídica
de cada hipótese considerada pelo Tribunal de origem (enquadramento por categoria profissional, ruído,
agentes biológicos, agentes cancerígenos e periculosidade); 5) se é admissível inverter, inclusive
genericamente, o ônus da prova para que o INSS demonstre ausência de dúvida sobre a eficácia do EPI atestada
no PPP".
Como se vê, as questões postas são temas próprios de SST e, assim, podem ser analisados pela
Fundacentro, haja vista sua reconhecida expertise na área, o que, certamente, contribuirá para julgamento tão
importante, que orientará o julgamento de talvez milhares outras causas em todo o país.

II – MANIFESTAÇÃO SOBRE O MÉRITO


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Em relação às questões de mérito discutidas no Recurso Especial, junta-se a esta petição, a fim
de auxiliar no julgamento, manifestação da área técnica da requerente, da qual se destaca a sua parte conclusiva
(item 9):

a) não é possível provar a eficácia (aqui entendida no sentido de


efetividade) ou ineficácia dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para
a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade física do trabalhador, para
fins de reconhecimento de tempo especial, apenas com as informações que
constam no formulário do PPP. Essas informações são insuficientes para a
realização de uma avaliação precisa;
b) a avaliação da eficácia (aqui entendida no sentido de efetividade), ou ineficácia, de
um EPI não pode ser aferida por espécie de agente nocivo, pois todo
EPI, por mais simples que seja, oferece proteção limitada contra o agente nocivo
para o qual foi projetado. Como citado anteriormente, não se pode esperar
que um capacete de segurança seja capaz de resistir ao impacto da queda
de qualquer objeto, independentemente da massa, forma ou altura da queda, sobre a
cabeçado usuário. Assim, a avaliação sempre demanda a análise das variáveis presen
tes em cada caso concreto.
[...]
Pode-se concluir, também que, embora o formulário do PPP isolado não
disponha de informações que permitam a avaliação precisa sobre a efetividade do EPI
no uso real, as empresas que fazem uso de tais equipamentos como medida de
prevenção de acidentes ou doenças ocupacionais dispõem de informações que
podem demonstrar se o EPI é efetivo ou não. Isso é possível se elas adotarem todas
as medidas estabelecidas nas diversas normas regulamentadoras de SST e
outros regulamentos que tratam do uso de EPI.

Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital


Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3118)

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO

Importante anotar que a eficácia e efetividade de um EPI, embora intimamente relacionadas,


são diferentes.
A eficácia é a "extensão na qual atividades planejadas são realizadas e resultados planejados
são alcançados". Assim, a eficácia é demonstrada em laboratório, de forma padronizada.
A efetividade do EPI, por sua vez, é a "faculdade de produzir um efeito real" ou "capacidade
de atingir o seu objetivo real". Ou seja, a efetividade não é aferida em laboratório, mas na utilização efetiva e
real do EPI. E, assim, conforme aponta a manifestação técnica (item 6.2), "entende-se que a efetividade do EPI,
quando utilizado no ambiente de trabalho, constitui assunto de maior complexidade, por depender de um ampla
gama de fatores como adoção/registro de critérios adequados de seleção e uso, treinamento de todos os
envolvidos na seleção, uso, distribuição e manutenção dos EPI, estabelecimento de procedimentos e critérios
de substituição do EPI quando necessário, acompanhamento do uso correto dos EPI, consideração de fatores
individuais dos usuários do EPI, entre outros".
Além disso, "a seleção de qualquer EPI pressupõe a identificação prévia das fontes de
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

riscos existentes no ambiente de trabalho. Somente depois dessa identificação, da avaliação dos riscos que tais
fontes apresentam para o trabalhador e da implementação de medidas que visem à
eliminação/redução do risco associado é que se deve selecionar o EPI adequado para neutralizar tal exposição
do trabalhador. Sem a adoção de tais medidas, não se pode considerar que um EPI foi selecionado de forma
adequada" (item 7).
Assim, a manifestação técnica deixa claro que:

1. não basta o que consta no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) para provar a eficácia ou
ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos agentes nocivos
à saúde e à integridade física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial;
2. as empresas que fazem uso do EPI dispõem de informações que apontam a efetividade ou não do
EPI;
3. todo EPI fornece proteção limitada contra o agente nocivo para o qual foi projetado, devendo
demais circunstâncias serem analisadas no caso concreto.

Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital


Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3119)

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONTENCIOSO

III – REQUERIMENTO

Ante o exposto, a interveniente, na qualidade de amicus curiae, apoiada na manifestação


técnica anexada, requer que seja firmada a tese de que não basta o que consta no PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário) para provar a eficácia ou ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a
neutralização dos agentes nocivos à saúde e à integridade física do trabalhador, para fins de reconhecimento de
tempo especial, devendo ser analisado o caso concreto com todas suas circunstâncias.

Brasília, 29 de março de 2022.


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

João Marcelo Torres Chinelato


Procurador Federal
OAB/DF 21034

Antonio Armando Freitas Gonçalves


Procurador Federal

Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital


Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3120)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Atividade: Avaliação de equipamentos de proteção individual (EPI)

Título do relatório: Avaliação da eficácia ou ineficácia do EPI a partir das informações


constantes do Perfil Profissiográfico Previdenciário

Volume 1

Código de identificação: Fundacentro/DPA/CAP/SLEP/março/2022/01


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Classificação de segurança: Restrito

Autor: Dr. José Damásio de Aquino (Doutor em Saúde Pública; Mestre em Administração
de Empresas; Bacharel em Física; Tecnologista Sênior e Chefe do Serviço de
Laboratório de EPI da Fundacentro; 28 anos de experiência em avaliação laboratorial de
EPI; Representante da Fundacentro na bancada do governo da comissão tripartite que
revisou a NR 6 em 2001 e do Grupo Técnico Tripartite que atualmente elabora o texto a
ser encaminhado à CTPP para aprovação).

São Paulo

2022

Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002


Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3121)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Lista de ilustrações

Figura 1 - Representação de perigo ou fonte de risco, barreira de proteção e indivíduo


exposto ao perigo 8

Figura 2 - Hierarquia de métodos de controle de riscos ocupacionais nos ambientes de


trabalho 9

Figura 3 - Exemplo de dispositivo para ensaio de transmissão de força em capacete de


segurança para uso ocupacional 16

Quadro 1 - Item 15, relativo aos registros ambientais, extraído do formulário do Perfil
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Profissiográfico Previdenciário, constante do Anexo I, da Instrução


Normativa nº 85/Pres/INSS, de 18 de fevereiro de 2016 22

Página 2 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3122)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Lista de abreviaturas e siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CA Certificado de Aprovação
CB Comitê Brasileiro
CDC Center for Diseases Control
CEE Comunidade Econômica Europeia
CGNOR Coordenação Geral de Normalização
EN European Norm
CEN European Committee for Standardization
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

DSST Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho


EPA Environmental Protection Agency
EPI Equipamento de Proteção Individual
FPA Fator de Proteção Atribuído
FPMR Fator de Proteção Mínimo Requerido
IEC International Electrotechnical Commission
ILO International Labour Organization
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
ISO International Organization for Standardization
ME Ministério da Economia
MTP Ministério do Trabalho e Previdência
NBR Norma Brasileira
NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health
NR Norma Regulamentadora
NRR Noise Reduction Rating
OSHA-EUA Occupational Safety and Health Administration (EUA)
OSHA-EU Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho
Página 3 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3123)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

PCA Programa de Conservação Auditiva


PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PFF Peça Facial Filtrante para Partículas
PGR Programa de Gerenciamento de Riscos
PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário
PPR Programa de Proteção Respiratória
SABC Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade
SAT Seguro Acidente do Trabalho
SGSST Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
SIT Secretaria de Inspeção do Trabalho
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

SST Segurança e Saúde no Trabalho


STJ Superior Tribunal de Justiça

Página 4 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3124)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Sumário

1 – Introdução 6

2 – Objetivo 7

3 – Definição de EPI 7

4 – Situações de uso de EPI 8

5 – Legislação aplicável a EPI no Brasil 11

5.1 - Lei 6.514/1977 11

5.2 - Norma Regulamentadora 6 – Equipamento de Proteção Individual 13


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

5.3 – Portaria MTP nº 672/2021 13

6 – Eficácia e efetividade do EPI 14

6.1 – Eficácia do EPI 15

6.2 – Efetividade do EPI 16

6.3 - Eficácia do EPI segundo a Previdência Social 17

7 – Eficácia ou ineficácia do EPI e informações do PPP 19

8 – Fontes de informações sobre desempenho de EPI nas empresas 28

9 – Conclusão 32

Referências 34

Página 5 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3125)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

1 – Introdução

Em janeiro de 2022, a Fundacentro tomou conhecimento do processo “ProAfR no


RECURSO ESPECIAL Nº 1.828.606 - RS (2019/0218109-8)” em discussão no
Superior Tribunal de Justiça, no qual são apontados os seguintes questionamentos
relativos a Equipamento de Proteção Individual (EPI):

i) se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção


Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade
física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o
que consta no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou se a
comprovação pode ser por outros meios probatórios e, nessa última
circunstância, se a prova pericial é obrigatória;
ii) se é possível impor rito judicial instrutório rígido e abstrato para apuração da
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

ineficácia do EPI, como fixado pelo Tribunal de origem, ou se o rito deve ser
orientado conforme os elementos de cada contexto e os mecanismos
processuais disponíveis na legislação adjetiva;
iii) se a Corte Regional ampliou o tema delimitado na admissão do IRDR e, se
positivo, se é legalmente praticável a ampliação;
iv) se é cabível fixar de forma vinculativa, em julgamento de casos repetitivos, rol
taxativo de situações de ineficácia do EPI e, sendo factível, examinar a
viabilidade jurídica de cada hipótese considerada pelo Tribunal de origem
(enquadramento por categoria profissional, ruído, agentes biológicos, agentes
cancerígenos e periculosidade);
v) se é admissível inverter, inclusive genericamente, o ônus da prova para que
o INSS demonstre ausência de dúvida sobre a eficácia do EPI atestada no
PPP.

Considerando que o primeiro ponto em discussão no processo, eficácia de EPI,


guarda estreita relação com uma das atividades realizadas pela Fundacentro,
estudos sobre EPI, apresenta-se este relatório com o intuito de esclarecer o papel a
ser desempenhado pelo EPI como medida de proteção contra a ocorrência de
acidentes e lesões ocupacionais. Os estudos sobre EPI citados referem-se às
seguintes atividades: realização de ensaios laboratoriais em EPI de acordo com
normas técnicas aplicáveis; elaboração de material didático (cartilhas, cursos de
curta duração, conteúdo para aplicativo sobre SST); participação em fóruns de
elaboração de normas técnicas aplicáveis a EPI; participação em comissões
responsáveis pela elaboração de regulamentos sobre uso de EPI; e atendimento a
consultas técnicas sobre uso e certificação de EPI. Este relatório não trata dos itens
ii, iii, iv e v listados acima.
Página 6 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3126)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Após a delimitação do objetivo do relatório, apresenta-se uma definição do termo EPI


a partir do conceito adotado em vários blocos econômicos. Em seguida, discute-se
as situações em que os EPI podem ser utilizados como medidas de proteção nos
ambientes de trabalho. O capítulo seguinte trata de apresentar a legislação aplicável
aos EPI no Brasil. Posteriormente, discorre-se sobre a comparação entre eficácia e
efetividade relativas a EPI. A eficácia ou ineficácia do EPI e informações do PPP são
discutidas no capítulo seguinte. Em seguida, são apresentadas as fontes de
informações sobre desempenho de EPI nas empresas. Finalmente, são
apresentadas as conclusões.

2 - Objetivo
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Emitir manifestação técnica sobre a eficácia do Equipamento de Proteção Individual


(EPI) no papel de “amicus curiae” no âmbito do processo “ProAfR no RECURSO
ESPECIAL Nº 1.828.606 - RS (2019/0218109-8)” em discussão no Superior Tribunal
de Justiça, com o intuito de esclarecer o seguinte ponto: se para provar a eficácia ou
ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos
agentes nocivos à saúde e integridade física do trabalhador, para fins de
reconhecimento de tempo especial, basta o que consta no PPP (Perfil
Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por outros meios
probatórios e, nessa última circunstância, se a prova pericial é obrigatória.

3 – Definição de EPI

O equipamento de proteção individual possui definições diferentes, dependendo do


órgão responsável pela sua regulamentação.

Segundo a OSHA - EUA (2019), o equipamento de proteção individual, comumente


chamado de EPI, é um equipamento usado para minimizar a exposição a riscos que
causam lesões e doenças no local de trabalho. Essas lesões e doenças podem resultar
do contato com fontes de riscos químicos, radiológicos, físicos, elétricos, mecânicos ou
outras fontes no local de trabalho.

A definição contida na Diretiva 89/656/CEE, adotada na União Europeia, apresenta


algumas diferenças e é mais abrangente. Segundo essa diretiva, entende-se por
equipamento de proteção individual qualquer equipamento destinado a ser usado ou

Página 7 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3127)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

detido pelo trabalhador para sua proteção contra um ou mais riscos susceptíveis de
ameaçar a sua segurança ou saúde no trabalho, bem como qualquer complemento ou
acessório destinado a esse objetivo (OSHA - EU, 2019).

No Brasil, segundo a norma regulamentadora nº 6, EPI é todo dispositivo ou produto, de


uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (BRASIL, 2001).

De maneira geral, considerando as definições acima, é possível afirmar que, na maioria


das vezes, o EPI atua como uma barreira entre a fonte de risco ou perigo (hazard, na
terminologia em inglês) e o usuário, conforme representação mostrada na Figura 1.

Figura 1 – Representação de perigo ou fonte de risco, barreira de proteção e indivíduo


exposto ao perigo.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Fonte: Adaptado de Areosa (2013)

4 – Situações de uso de EPI

Embora seja muito utilizado, o EPI deve ser avaliado no contexto da totalidade das
possíveis medidas de controle de acidentes e doenças ocupacionais.

Na hierarquia de métodos que podem ser usados para controlar as fontes de risco no
local de trabalho, a proteção individual não deve ser a primeira escolha. No entanto, há
situações em que a proteção individual é necessária, como medida de controle de curto
Página 8 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3128)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

prazo ou de longo prazo, para reduzir os riscos de ocorrência de acidentes ou doenças


ocupacionais. Quando necessários, os equipamentos de proteção individual devem ser
usados como parte de um programa abrangente que inclui a avaliação completa das
fontes de risco, a seleção e montagem corretas do EPI, o treinamento para as pessoas
que usam o equipamento, a manutenção e o reparo para manter o EPI em bom estado
de funcionamento e a gestão geral e compromisso do trabalhador para o sucesso do
programa de proteção (ILO, 2011).

O equipamento de proteção individual não pode ser visto como a única solução para a
prevenção de acidentes de trabalho. Ele é a última opção a ser adotada, conforme se
observa na Figura 2, que mostra a hierarquia de métodos de controle de riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho.

Figura 2 – Hierarquia de métodos de controle de riscos ocupacionais nos ambientes de


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

trabalho

Mais
efetivo Hierarquia de controles
Remover
Eliminação fisicamente a
fonte de risco

Substituição Substituir a
fonte de risco

Controles de Isolar as pessoas


engenharia da fonte de risco

Controles
Alterar a forma de trabalho
administrativos dos trabalhadores

EPI Proteger o trabalhador com


Equipamento de Proteção Individual

Menos
efetivo

Fonte: NIOSH (2015)

Essa recomendação também consta dos requisitos de sistemas de gestão de segurança


e saúde no trabalho (SGSST) preconizados na norma ISO 45001/2018 (ISO, 2018a),
que, no item 8.1.2, estabelece:

“8.1.2. Eliminando as fontes de risco e reduzindo os riscos de segurança e saúde


ocupacional

Página 9 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3129)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

A organização deve estabelecer, implementar e manter um processo para eliminar as


fontes de risco e reduzir os riscos de SST, adotando a seguinte hierarquia de controles:
a) eliminação da fonte de risco;
b) substituição do processo por processos, operações, materiais e equipamentos menos
perigosos;
c) adoção de controles de engenharia e reorganização do trabalho;
d) adoção de controles administrativos, incluindo treinamento;
e) uso de EPI adequado.
Nota: Em muitos países, requisitos legais e outros requisitos incluem o fornecimento de
EPI aos trabalhadores sem qualquer custo para estes”.

Assim, na seleção de qualquer EPI é imprescindível a identificação do perigo, ou fonte


de risco, existente no local em que a atividade será realizada e qual parte do corpo do
usuário que ela (a fonte de risco) pode afetar ou por qual via pode haver exposição do
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

usuário ao agente nocivo no ambiente. A partir dessas informações, o EPI poderá ser
selecionado. A identificação da parte do corpo que poderá ser afetada pela fonte de risco
ou a via de exposição ao agente nocivo é essencial porque os EPI são projetados para
proteger partes específicas do usuário. Se a fonte de risco pode causar lesão apenas
nas mãos do trabalhador exposto ao risco, não faz sentido fornecer, também, a este
trabalhador, um óculos de proteção. Do contrário, todo trabalhador que necessitasse de
proteção contra uma fonte de risco no ambiente de trabalho deveria se proteger com
uma armadura, para isolá-lo completamente do ambiente. Obviamente, tal solução seria
impraticável, pois o trabalhador necessita de liberdade de movimento e o maior conforto
possível para realizar suas atividades.

Em função disso, os EPIs são projetados e fabricados para proteção de determinadas


partes do corpo, tais como: capacetes para proteção do crânio contra impactos ou
quedas de objetos; óculos para proteção dos olhos contra impactos de partículas
volantes ou contra radiações intensas não ionizantes; protetores faciais para proteção
dos olhos e face contra impactos de partículas volantes; vestimenta para proteção do
tronco contra agentes químicos; protetor auditivo para proteção do sistema auditivo
contra altos níveis de ruído; luvas para proteção das mãos contra agentes químicos;
calçado para proteção contra impactos de quedas de objetos sobre os artelhos. Esta é
uma pequena amostra da lista de EPIs disponíveis no mercado.

Página 10 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3130)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

5 - Legislação aplicável a EPI no Brasil

5.1- Lei 6.514/1977

A Lei 6.514 (BRASIL, 1977), de 22 de dezembro de 1977, prevê o uso de EPI em diversos
artigos, seja como um equipamento de uso obrigatório pelos trabalhadores ou como uma
das medidas utilizadas para eliminar o adicional de insalubridade.

O Art. 158 dessa lei estabelece que:

“Art. 158 - Cabe aos empregados:


I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de
que trata o item II do artigo anterior;
Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:


a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo
anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa”.

Segundo a alínea (b), do parágrafo único desse artigo, a recusa injustificada pelo
trabalhador ao uso de EPI constituiria um ato faltoso e isso poderia ensejar algum tipo
de punição. Porém, é necessário alertar que a seleção do EPI a ser utilizado deve estar
em consonância com as fontes de risco identificadas no ambiente de trabalho. Se o
equipamento for selecionado sem essa identificação prévia e consequente avaliação dos
riscos, qualquer EPI estará sujeito à recusa justificada. Além disso, o EPI selecionado
também deve ser adequado ao usuário. Por exemplo, fornecer um calçado de segurança
nº 37 para um trabalhador que calça 39 é totalmente inadequado. Assim, a recusa ao
uso seria justificada.

De forma compatível, os Art. 166 e 167 da lei, que tratam especificamente de EPI em
sua Seção IV, estabelecem que:

“Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,


equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam
completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.
Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho”.
É importante ressaltar que o Art. 166 estabelece três requisitos para o uso de qualquer
EPI:
Página 11 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3131)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

i) deve ser fornecido de forma gratuita para os trabalhadores que necessitem utilizá-lo,
ou seja, a empresa não pode cobrar pelo seu fornecimento;

ii) deve ser adequado ao risco existente no ambiente de trabalho em que será utilizado.
Na verdade, deve oferecer proteção contra o agente agressivo (ou perigo ou fonte de
risco) existente no ambiente. A adequação ao risco requer que a empresa realize uma
identificação das fontes de risco no ambiente e faça uma avaliação dos riscos dessas
fontes. Sem esse levantamento, não é possível afirmar que um EPI é adequado a um
determinado risco;

iii) deve ser utilizado apenas em algumas situações, isto é, quando as medidas de ordem
geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
dos trabalhadores. Portanto, o EPI não deve ser considerado como a única medida de
proteção contra riscos de acidentes ou doenças do trabalho em todas as situações. Ele
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

deve ser considerado como uma medida paliativa, a ser adotada em conjunto com e
após a consideração e implementação de outras medidas de controle que forem
aplicáveis, conforme identificadas na hierarquia de controles da Figura 2, ou enquanto
elas estiverem sendo implantadas, ou em situações de emergência.

Já o Art. 167 estabelece a obrigatoriedade do Certificado de Aprovação (CA) para


qualquer EPI posto à venda ou utilizado no país. Assim, essa necessidade abrange tanto
os EPIs fabricados no Brasil quanto os importados.

Em relação ao uso do EPI associado ao tema insalubridade, cabe mencionar o Art. 191
da lei, que diz:

“Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:


I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites
de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância”.

Esse artigo prevê que a utilização de EPI poderá eliminar ou neutralizar a insalubridade.
Porém, na prática, existem alguns condicionantes para caracterizar essa situação. A
empresa responsável pelo ambiente em que o EPI é utilizado deve comprovar que o uso
de tal equipamento diminui de fato a intensidade do agente agressivo ao limite de
tolerância estabelecido para aquele agente. Daí, a importância de a empresa fazer a
avaliação dos riscos no ambiente de trabalho. Também deve fazer as medições das
concentrações e dos períodos de exposição dos trabalhadores usuários do EPI aos
agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho. Sem essas informações, não é

Página 12 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3132)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

possível afirmar que um EPI diminui “... a intensidade do agente agressivo a limites de
tolerância”.

5.2 - Norma Regulamentadora 6 – Equipamento de Proteção Individual

A norma regulamentadora nº 6 é a norma que regulamenta o uso de EPI como medida


de prevenção de ocorrência de acidentes nos ambientes de trabalho. Ela contém a
definição de EPI; estabelece as condições em que os EPI podem ser utilizados; lista os
equipamentos que são considerados EPI; estabelece quem é responsável pela seleção
dos EPI nas empresas; estabelece as responsabilidades dos empregadores, dos
empregados, dos fabricantes e importadores de EPI, do órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho e do órgão regional de fiscalização; e
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

estabelece a validade do Certificado de Aprovação (CA) e as marcações obrigatórias


que todo EPI deve possuir.

Requisitos específicos desta norma regulamentadora relacionados ao ponto em


discussão no processo do STJ (ProAfR no RECURSO ESPECIAL Nº 1.828.606 - RS
(2019/0218109-8)), para o qual este documento pretende apresentar argumentos e
informações para o seu esclarecimento, são discutidos no capítulo 7, a seguir. Relembra-
se que o referido ponto a ser esclarecido é: “se para provar a eficácia ou ineficácia do
EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à
saúde e integridade física do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo
especial, basta o que consta no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou se a
comprovação pode ser por outros meios probatórios e, nessa última circunstância, se a
prova pericial é obrigatória”.

5.3 – Portaria MTP nº 672/2021

A Portaria/MTP nº 672, de 08 de novembro de 2021, disciplina os procedimentos,


programas e condições de segurança e saúde no trabalho e dá outras providências
(BRASIL, 2021a). Um desses procedimentos disciplinados pela portaria é o que trata da
avaliação de equipamentos de proteção individual, previstos na Norma
Regulamentadora nº 6 (NR 06). Essa portaria foi alterada pela Portaria/MTP nº 899, de
09 de dezembro de 2021 (BRASIL, 2021b) e pela Portaria/MTP nº 549, de 09 de março
de 2022 (BRASIL, 2022a).

Página 13 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3133)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

A necessidade de avaliação dos EPI decorre da obrigatoriedade estabelecida no Art.


167, da Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, citada anteriormente. Como já
mencionado, esse artigo estabelece que todo EPI só pode ser posto à venda ou utilizado
com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo então Ministério do
Trabalho. Atualmente, os certificados de aprovação são emitidos pelo Ministério do
Trabalho e Previdência (MTP).

Se o Ministério do Trabalho e Previdência é o órgão com atribuição legal para emitir CA


de EPI, isto é, é o órgão regulador, então ele deve estabelecer procedimentos para
regulamentar essa certificação. Por isso, para que um EPI obtenha o CA, ele deve
atender a determinados requisitos, conforme estabelecido pelo MTP na Portaria/MTP nº
672, de 08 de novembro de 2021 e suas alterações posteriores.

Um dos requisitos para avaliação e certificação de EPI estabelecido na portaria


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

supracitada, é a adoção da norma técnica de ensaios aplicável a cada tipo de EPI. Essa
norma técnica fixa os requisitos mínimos quanto às características físicas e de
desempenho requeridos para o EPI ao qual se refere e prescreve os ensaios para
avaliação desses requisitos. Além de estabelecer os ensaios a serem realizados, a
norma também estabelece os seguintes parâmetros: equipamentos laboratoriais que
devem ser utilizados nas medições; condições laboratoriais (temperatura, umidade,
iluminamento, nível de ruído e outras); procedimentos de ensaios a serem adotados; e
condições e quantidade das amostras a serem ensaiadas. Em suma, a norma técnica
aplicável estabelece requisitos e condições padronizadas de ensaios, de tal forma que
os resultados obtidos em laboratórios diferentes sejam iguais. Esse processo de
avaliação é conhecido como avaliação da conformidade, que, segundo a norma ABNT
NBR ISO/IEC 17000/2021, é a “demonstração de que os requisitos especificados são
atendidos” (ABNT, 2021a).

Resumindo, os equipamentos que são considerados EPI e, portanto, necessitam obter o


CA do MTP, são discriminados na NR 6 (BRASIL, 2001) e as normas técnicas aplicáveis
à verificação de desempenho e qualidade de amostras desses EPIs são estabelecidas
na Portaria/MTP nº 672, de 08/11/2021 (BRASIL, 2021a).

6 – Eficácia e efetividade do EPI

Um dos pontos em análise no processo “ProAfR no RECURSO ESPECIAL Nº


1.828.606 - RS (2019/0218109-8)” em discussão no Superior Tribunal de Justiça, é:

Página 14 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3134)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção


Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade física
do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o que
consta no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode
ser por outros meios probatórios e, nessa última circunstância, se a prova pericial
é obrigatória;

A avaliação desse ponto requer a conceituação os termos eficácia e efetividade, pois, no


contexto deste documento, eles estão intimamente relacionados com o desempenho dos
equipamentos de proteção individual.

6.1 – Eficácia do EPI


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Segundo a norma ABNT NBR ISO 9000 (ABNT, 2015), eficácia é a “extensão na qual
atividades planejadas são realizadas e resultados planejados são alcançados”.

Considerando esse conceito, os resultados dos ensaios realizados nos EPI, de acordo
com as normas técnicas aplicáveis, mostram se estes são eficazes ou não. Se os
resultados demonstrarem que as amostras submetidas aos ensaios padronizados
atendem aos requisitos estabelecidos, podemos afirmar que tais amostras são eficazes.
Do contrário, as amostras são ineficazes.

É necessário esclarecer que, salvo algumas exceções, os ensaios realizados em


amostras de EPI, para avaliar o desempenho delas segundo os requisitos estabelecidos
em normas técnicas, não utilizam pessoas como sujeitos de ensaios. Os procedimentos
de ensaios buscam simular situações reais de uso dos equipamentos. Porém, nos
ensaios de laboratório não são utilizadas pessoas como “cobaias”. Por exemplo, de
acordo com a norma NBR 8221/2019 (ABNT, 2019), ao se avaliar a transmissão de força
durante o impacto de um objeto sobre um capacete de segurança, utiliza-se uma cabeça
padrão artificial e não uma pessoa, conforme mostrado na Figura 3.

Página 15 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3135)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Figura 3 – Exemplo de dispositivo para ensaio de transmissão de força em capacete de


segurança para uso ocupacional
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Fonte: ABNT (2019).

Segundo a NBR 8221 (ABNT, 2019), na Figura 3, o capacete é apoiado em uma cabeça
padrão artificial, com as dimensões médias de uma pessoa adulta. A suspensão de cada
amostra de capacete a ser ensaiada deve ser ajustada para apoiar-se firmemente na
cabeça padrão.

Esse é apenas um exemplo dentre os inúmeros ensaios estabelecidos nas normas


técnicas aplicáveis aos diversos tipos de EPI disponíveis no mercado.

6.2 – Efetividade do EPI

A avaliação das amostras de EPI em laboratórios, para fins de emissão do CA, não
garante que, no ambiente real de trabalho, o EPI apresentará necessariamente o mesmo
nível de desempenho verificado em laboratório. Para isso, é necessário que o fabricante
do EPI mantenha o mesmo padrão de qualidade das amostras ensaiadas (o que se
assume que deva ser cumprido para atendimento à Portaria MTP nº 672/2021), que o
EPI seja utilizado de acordo com as condições de uso recomendadas e que seja
realizada uma avaliação de riscos adequada a cada local de trabalho (conforme já

Página 16 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3136)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

exposto em outros pontos deste documento), levando em consideração também as


características individuais dos usuários do EPI.

O desempenho do EPI, quando em uso pelos trabalhadores nos ambientes de trabalho,


nem sempre é igual ao obtido nos ensaios de laboratório. Em função disso, é necessário
definirmos outro termo: efetividade.

Segundo Houaiss e Villar (2001), efetividade é a “faculdade de produzir um efeito real”


ou “capacidade de atingir o seu objetivo real”. Maximiano (2018, p. 8) conceitua
efetividade como “uma medida de desempenho utilizada em alguns contextos,
especialmente na administração pública, como sinônimo de impacto. O impacto é
avaliado pelos efeitos finais dos objetivos realizados. Por exemplo: criar um produto é
medida de eficácia; esse produto trazer benefícios para a empresa é medida de
efetividade”.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Desta forma, entende-se que a efetividade do EPI, quando utilizado no ambiente de


trabalho, constitui assunto de maior complexidade, por depender de uma ampla gama
de fatores como a adoção/registro de critérios adequados de seleção e uso, treinamento
de todos os envolvidos na seleção, uso, distribuição e manutenção dos EPI,
estabelecimento de procedimentos e critérios de substituição do EPI quando necessário,
acompanhamento do uso correto dos EPI, consideração de fatores individuais dos
usuários do EPI, dentre outros.

Assim, considerando as duas conceituações apresentadas, neste relatório, o termo


efetividade será utilizado para referir-se ao desempenho do EPI no ambiente real, isto é,
ambiente em que é utilizado pelo trabalhador como medida de proteção.

6.3 Eficácia do EPI segundo a Previdência Social

Segundo o disposto na Nota Técnica SEI nº 60809/2021/ME1, da Coordenação de


Reabilitação Profissional e Benefícios por Incapacidade, da Coordenação-Geral de
Benefícios de Risco e Reabilitação Profissional, da Subsecretaria do Regime Geral de
Previdência Social, da Secretaria de Previdência, do Ministério do Trabalho e

1
Nota técnica do Ministério do Trabalho e Previdência que trata de “Informação sobre eficácia de EPI
prestada no PPP”, aprovada pela Secretaria de Previdência em 22/12/2021, no âmbito do processo SEI
nº 14022.173317/2021-53.
Página 17 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3137)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Previdência, a eficácia do EPI, para fins previdenciários, corresponde “à sua capacidade


de eliminar ou neutralizar a nocividade do agente ensejador da aposentadoria especial”.

Se a eficácia do EPI está relacionada à sua capacidade em eliminar ou neutralizar a


nocividade do agente ensejador da aposentadoria especial, então a ineficácia está
relacionada à incapacidade do EPI em eliminar ou neutralizar a nocividade do agente
ensejador da aposentadoria especial.

Pode-se afirmar que o conceito de eficácia do EPI segundo a Previdência Social é


semelhante ao conceito de efetividade do EPI, definido em 6.2 acima, pois o que se
espera do EPI, durante a sua utilização no ambiente de trabalho, é que ele neutralize ou
diminua a nocividade do agente agressivo ao limite de tolerância legalmente
estabelecido.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

De acordo com o Decreto 10.410, de 30/06/2020, Art. 64 (BRASIL, 2020a),

“Art. 64 . A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência exigido, será
devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este último somente
quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que comprove o exercício
de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde,
ou a associação desses agentes, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, vedada
a caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou
vinte e cinco anos, e que cumprir os seguintes requisitos:
I - cinquenta e cinco anos de idade, quando se tratar de atividade especial de quinze anos de
contribuição;
II - cinquenta e oito anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte anos de
contribuição; ou
III - sessenta anos de idade, quando se tratar de atividade especial de vinte e cinco anos de
contribuição.
§ 1º A efetiva exposição a agente prejudicial à saúde configura-se quando, mesmo após
a adoção das medidas de controle previstas na legislação trabalhista, a nocividade não
seja eliminada ou neutralizada.
§ 1º-A Para fins do disposto no § 1º, considera-se: (sic)
I - eliminação - a adoção de medidas de controle que efetivamente impossibilitem a
exposição ao agente prejudicial à saúde no ambiente de trabalho; e
II - neutralização - a adoção de medidas de controle que reduzam a intensidade, a
concentração ou a dose do agente prejudicial à saúde ao limite de tolerância previsto
neste Regulamento ou, na sua ausência, na legislação trabalhista”.

O Art. 68 desse Decreto (BRASIL, 2020a) estabelece que “A relação dos agentes
químicos, físicos, biológicos, e da associação desses agentes, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, é aquela constante do Anexo IV”. O Anexo IV
Página 18 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3138)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

consta do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1999 (BRASIL, 1999). Os agentes nocivos


estabelecidos nesse Anexo são identificados como:

I) agentes químicos, constituídos de: arsênio e seus compostos; asbestos;


benzeno e seus composto tóxicos; berílio e seus compostos tóxicos; bromo e seus
compostos tóxicos; cádmio e seus compostos tóxicos; carvão mineral e seus derivados;
chumbo e seus compostos tóxicos; cloro e seus compostos tóxicos; cromo e seus
compostos tóxicos; dissulfeto de carbono; fósforo e seus compostos tóxicos; iodo;
manganês e seus compostos; mercúrio e seus compostos; níquel e seus compostos
tóxicos; petróleo, xisto betuminoso, gás natural e seus derivados; sílica livre; estireno;
butadieno-estireno; acrilonitrila; 1-3 butadieno; cloropreno; mercaptanos; n-hexano;
diisocianato de tolueno (TDI); aminas aromáticas; aminobifenila; auramina; azatioprina;
bis (cloro metil) éter; 1-4 butanodiol; dimetanosulfonato (mileran); ciclofosfamida;
cloroambucil, dietilestil-bestrol, acronitrila, nitronaftilamina 4-dimetil-aminoazobenzeno,
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

benzopireno; beta-propiolactona; biscloroetileter; bisclorometil; clorometileter;


dianizidina; diclorobenzidina; dietilsulfato; dimetilsulfato; etilenoamina; etilenotiureia;
fenacetina; iodeto de metila; etilnitrosuréias; metileno-ortocloroanilina (moca);
nitrosamina; ortotoluidina; oxime-talona; procarbazina; propanosultona; óxido de etileno;
estilbenzeno; creosoto; 4-aminodifenil; benzidina; betanaftilamina; 1-cloro-2;
4 – nitrodifenil; 3-poxipro-pano;

II) agentes físicos, constituídos de: ruído; vibrações; radiações ionizantes;


temperaturas anormais; pressão atmosférica anormal;

III) agentes biológicos, constituídos de: microorganismos e parasitas infecto-


contagiosos vivos e suas toxinas; e

IV) associação de agentes físicos, químicos e biológicos.

7 – Eficácia ou ineficácia do EPI e informações do PPP

Como já mencionado, a Norma Regulamentadora 6 – Equipamento de Proteção


Individual - EPI (BRASIL, 2001), no item 6.1 define EPI como “... todo dispositivo ou
produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

O item 6.3 dessa norma estabelece as circunstâncias em que os EPIs podem ser
utilizados: “A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI

Página 19 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3139)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes


circunstâncias: a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa
proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e
c) para atender a situações de emergência”.

Entretanto, é importante relembrar que nem todo equipamento utilizado pelo trabalhador
(avental, por exemplo) é considerado um EPI. Os equipamentos que são considerados
EPI são previstos no item 6.4 da NR 6: “Atendidas as peculiaridades de cada atividade
profissional, e observado o disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos
trabalhadores os EPI adequados, de acordo com o disposto no ANEXO I desta NR”.

Os EPIs estabelecidos no Anexo I da NR 6 são identificados como:


A) EPI para proteção da cabeça: capacete, capuz ou balaclava;
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

B) EPI para proteção dos olhos e face: óculos, protetor facial, máscara de solda;
C) EPI para proteção auditiva: protetor auditivo;
D) EPI para proteção respiratória: respirador purificador de ar não motorizado,
respirador purificador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar
comprimido; respirador de adução de ar tipo máscara autônoma, respirador de fuga;
E) EPI para proteção do tronco: vestimentas, colete à prova de balas de uso
permitido para vigilantes que trabalhem portando arma de fogo, para proteção do tronco
contra riscos de origem mecânica;
F) EPI Para proteção dos membros superiores: luvas, creme protetor, manga,
braçadeira, dedeira;
G) EPI para proteção dos membros inferiores: calçado, meia, perneira, calça;
H) EPI para proteção do corpo inteiro: macacão, vestimenta de corpo inteiro;
I) EPI para proteção contra quedas com diferença de nível: cinturão de segurança
com dispositivo trava-queda, cinturão de segurança com talabarte.

Assim, considerando o disposto nos itens 6.1, 6.3 e 6.4 da NR 06 e em consonância com
o que já foi discutido em outros capítulos deste documento, a seleção de qualquer EPI
pressupõe a identificação prévia das fontes de riscos existentes no ambiente de trabalho.
Somente depois dessa identificação, da avaliação dos riscos que tais fontes apresentam
para o trabalhador e da implementação de medidas que visem à eliminação/redução do
risco associado é que se deve selecionar o EPI adequado para neutralizar tal exposição

Página 20 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3140)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

do trabalhador. Sem a adoção de tais medidas, não se pode considerar que um EPI foi
selecionado de forma adequada.

Algumas fontes de riscos podem ser facilmente neutralizadas pelo uso de um EPI, como,
por exemplo: impactos de quedas de objetos sobre a cabeça do trabalhador podem ser
neutralizados com o uso de capacetes de segurança para uso industrial; impactos de
partículas volantes nos olhos do trabalhador podem ser neutralizados com o uso de
óculos de segurança; lesões nas mãos devidas ao manuseio de objetos abrasivos
(madeiras e vergalhões na indústria da construção, por exemplo) podem ser evitadas
com o uso de luvas de raspa.

Em outros casos, a neutralização da fonte de risco não é facilmente aferível. Incluem-se


nestes casos o alto nível de ruído, que pode causar perda auditiva, e a presença de
contaminantes sob a forma de aerossóis, gases e vapores, que, quando inalados, podem
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

provocar danos à saúde. Podemos incluir, também, entre os riscos respiratórios, a


presença de ar com deficiência de oxigênio e a de agentes biológicos capazes de
provocar doenças transmitidas por aerossóis.

Essa característica é importante no esclarecimento do ponto em tela, isto é:

“se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção


Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade física do
trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o que consta no
PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por outros
meios probatórios e, nessa última circunstância, se a prova pericial é obrigatória”.

As informações relativas às exposições a fontes de risco e formas de eliminação ou


neutralização contidas no PPP são descritas no item 15 do formulário do Perfil
Profissiográfico Previdenciário, constante do Anexo I, da Instrução Normativa nº
85/Pres/INSS, de 18 de fevereiro de 2016 (BRASIL, 2016), conforme pode ser observado
no Quadro 1.

Página 21 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3141)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Quadro 1 – Item 15, relativo aos registros ambientais, extraído do formulário do Perfil
Profissiográfico Previdenciário, constante do Anexo I, da Instrução Normativa nº
85/Pres/INSS, de 18 de fevereiro de 2016.

REGISTROS AMBIENTAIS
15-EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCOS:
15.1-Período 15.2- 15.3- 15.4- 15.5- 15.6-EPC 15.7-EPI 15.8-CA
Tipo Fator de Intensidade/ Técnica Eficaz Eficaz EPI
Concentração
Risco Utilizada (S/N) (S/N)
//a
//
//a
//
//a
//
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

15.9-ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DAS NR-06 E NR-09 DO MTE PELOS EPI


Sim/Não
INFORMADOS:
Foi tentada a implementação de medidas de proteção coletiva, de caráter administrativo ou
de organização do trabalho, optando-se pelo Equipamento de Proteção Individual – EPI por
inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade, ou ainda em caráter complementar ou
emergencial.

Foram observadas as condições de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao longo do


tempo, conforme especificação técnica do fabricante, ajustada às condições de campo.

Foi observado o prazo de validade, conforme Certificado de Aprovação – CA do MTE.


Foi observada a periodicidade de troca definida pelos programas ambientais, comprovada
mediante recibo assinado pelo usuário em época própria.
Foi observada a higienização.
Fonte: adaptado de (BRASIL, 2016).

Considerando a relação de agentes agressivos previstos no Anexo IV do Decreto 3.048,


de 06 de maio de 1999 (BRASIL, 1999), as informações contidas no item 15 do formulário
do PPP (BRASIL, 2016) e admitindo-se haver situações em que a neutralização da fonte
de risco não é facilmente aferível, não é possível afirmar que o EPI utilizado para
proteção contra tais agentes é eficaz ou não. Para melhor ilustrar este ponto de vista,
tem-se os exemplos a seguir.

No caso da proteção contra a inalação de agentes químicos, os EPIs indicados seriam


equipamentos de proteção respiratória: respirador purificador de ar não motorizado,
Página 22 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3142)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

respirador purificador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar


comprimido; respirador de adução de ar tipo máscara autônoma, respirador de fuga.

De acordo com o Art. 44, da Portaria/MTP nº 672, de 08 de novembro de 2021


(BRASIL, 2021a),

“O empregador deverá adotar um conjunto de medidas para adequar a utilização dos


equipamentos de proteção respiratória, quando necessário para complementar as
medidas de proteção coletiva implementadas, ou enquanto elas estiverem sendo
implantadas, com a finalidade de garantir uma completa proteção ao trabalhador
contra os riscos existentes nos ambientes de trabalho”

O parágrafo 2º desse artigo estabelece que:

“Para a adequada observância dos princípios previstos neste artigo, o empregador


Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

deve seguir, além do disposto nas normas regulamentadoras de segurança e saúde


no trabalho, no que couber, as recomendações da Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho - Fundacentro, contidas na publicação
intitulada “Programa de Proteção Respiratória - Recomendações, Seleção e Uso de
Respiradores”, e também as normas técnicas oficiais vigentes, quando houver”.

Dentre os vários elementos do Programa de Proteção Respiratória (PPR) da


Fundacentro (TORLONI, 2016), dois se destacam na avaliação se um respirador foi
selecionado de forma adequada: procedimento para a seleção dos respiradores e ensaio
de vedação. No entanto, não é possível obter os dados para a avaliação desses dois
elementos observando somente as informações contidas no PPP.

De maneira geral, nos procedimentos para a seleção de respiradores é necessário


estimar dois parâmetros: o Fator de Proteção Mínimo Requerido (FPMR) e o Fator de
Proteção Atribuído (FPA). O FPMR é o quociente entre a concentração do contaminante
no ambiente e o seu limite de exposição. O FPA é o nível mínimo de proteção respiratória
que se espera alcançar no local de trabalho, para uma porcentagem especificada de
usuários treinados, proporcionado por um respirador apropriado (ou classe de
respirador) em bom estado e ajustado corretamente no rosto, usado durante todo o
tempo que o usuário permanece na área contaminada. De modo genérico, de posse
desses dois parâmetros, bastaria selecionar um respirador com o FPA maior que o
FPMR.

Já em relação ao ensaio de vedação, também citado acima como exemplo de elemento


essencial e imprescindível para a seleção do respirador, além dos parâmetros FPMR e
FPA, o PPR da Fundacentro indica:

Página 23 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3143)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

“Todo usuário de respirador com vedação facial deve ser submetido a um ensaio de
vedação para determinar se o respirador selecionado se ajusta bem ao seu rosto. ... As
coberturas das vias respiratórias com vedação facial somente proporcionarão proteção
adequada se vedarem de modo satisfatório a face do usuário, isto é, se forem aprovados
nos ensaios de vedação. ... O resultado do ensaio de vedação deve ser usado, entre
outros parâmetros, na seleção de tipo, modelo e tamanho de respirador para cada
usuário” (TORLONI, 2016, p.50).

Cabe destacar que tal ensaio de vedação de respiradores não é exclusividade do Brasil
no PPR. Ao contrário, é previsto também em normas e regulamentos de vários países,
dentre os quais podemos citar: norma ISO 16975-3-Respiratory protective devices –
Selection, use and maintenance – Part n3 – Fit-testing (ISO, 2017); documento
Respiratory protective equipment at work – A practical guide (HSE, 2013); Code of
Federal Regulations (Código de Regulamentos Federais), Title 29 – Labor, Subtitle B—
Regulations Relating to Labor, Chapter XVII – Occupational Safety and Health
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Administration, Department of Labor, Part 1910 – Occupational Safety and Health


Standards, Subpart I – Personal Protective Equipment, §1910.134- Respiratory
Protection, item (f) (2) (EUA, 2022a).

Além disso, não basta a realização do ensaio de vedação apenas na seleção inicial do
respirador. Ele deve ser realizado, no mínimo, a cada 12 meses e deve ser repetido toda
vez que o usuário apresentar uma alteração de condição que possa interferir na vedação,
como, por exemplo, alteração de 10% ou mais da massa corpórea, aparecimento de
cicatriz na área de vedação, alteração na arcada dentária (perda de dentes, prótese,
etc.), cirurgia reconstrutiva, etc.

A respeito da frequência de realização do ensaio de vedação, estudo publicado em 2016


por pesquisadores do National Institute for Occupational Safety and Health - National
Personal Protective Technology Laboratory e da West Virginia University, avaliou
alterações na vedação de respiradores N95 (equivalentes à PFF2 no Brasil) com o
passar do tempo e a relação entre a vedação e alterações de peso dos usuários. Nesse
estudo foi demonstrado que a mudança do peso ao longo do tempo, com a consequente
variação das dimensões faciais do usuário, pode provocar uma diminuição do ajuste
adequado dos respiradores N95 à face dos usuários, em especial para os casos de perda
de peso superior a 9 Kg (20 lb), nos quais 24% dos usuários tiveram vedação inaceitável
no ensaio de vedação. O estudo mostra que os riscos da diminuição da vedação na face
do usuário são maiores à medida que se aumenta o intervalo entre os ensaios de
vedação: quando o ensaio foi realizado anualmente, o percentual de usuários com ajuste
inaceitável foi de 10,4%; quando o ensaio foi realizado no intervalo de 2 anos, o
percentual de usuários com risco de ajuste inaceitável foi de 19,7%; finalmente, no caso

Página 24 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3144)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

de o ensaio ser feito com o intervalo de 3 anos, o percentual de usuários com risco de
ajuste inaceitável aumentou para 25,4% (ZHUANG et al, 2016). Esse estudo reforçou a
recomendação da Occupational Safety and Health Administration (OSHA – EUA) para a
realização anual de ensaios de vedação de respiradores (CDC, 2021).

Assim, considerando apenas esses dois elementos do PPR e as informações


disponíveis no PPP, não é possível afirmar se um respirador é eficaz ou ineficaz para
neutralizar a inalação de agentes nocivos à saúde e integridade física do trabalhador.
Essa avaliação requer uma análise detalhada das concentrações dos agentes nocivos
e a verificação se todos os procedimentos estabelecidos no PPR foram implementados
adequadamente.

Quanto ao exemplo do agente físico ruído, de acordo com a NR 6 (BRASIL, 2001), o


EPI indicado para proteção contra altos níveis de ruído, que podem causar perda
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

auditiva, é o protetor auditivo, que pode ser do tipo concha ou de inserção.

De modo genérico, a seleção de um protetor auditivo deveria considerar a atenuação


do protetor, o valor do nível de pressão sonora (ou nível de ruído) do ambiente de
trabalho e o limite de exposição a esse nível de ruído. De posse da atenuação, subtrair-
se-ia o valor do nível de pressão sonora medido no ambiente de trabalho e verificar-se-
ia se o resultado está abaixo do limite de exposição para a jornada de trabalho. No
Brasil, o limite de exposição é de 85 dBA para uma jornada de 8 horas, conforme
estabelecido no Anexo 1 da Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 1978).

A atenuação de um protetor auditivo é medida de acordo com a norma da ABNT NBR


16076/2020 (ABNT, 2020). Os resultados de atenuação são apresentados na forma de
uma tabela de atenuação. Essa tabela apresenta as atenuações médias, em dB
(decibel), e os respectivos desvios padrão, em dB, obtidas nas seguintes frequências:
125 Hz, 250 Hz, 500 Hz, 1.000Hz, 2.000 Hz, 4.000 Hz e 8.000 Hz. A partir desses
valores de atenuação, também é possível calcular um número único de atenuação,
identificado como NRRsf, conforme pode ser observado nos Certificados de Aprovação
de protetores auditivos (BRASIL, 2022b).

No campo 15.4 do formulário do PPP deve constar a concentração/intensidade do


agente agressivo, no caso ruído, de acordo com o Anexo IV do Decreto 3.048, de 06
de maio de 1999 (BRASIL, 1999). Essa concentração/intensidade deve ser informada
com até quinze caracteres alfanuméricos (BRASIL, 2016). Não é informada a unidade
de medida que deve ser utilizada na indicação da intensidade de ruído: dB, dBA ou
dBC. Porém, o que se pode afirmar é que a indicação da intensidade não será indicada

Página 25 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3145)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

por faixa de frequência, pois isso não seria possível com apenas 14 caracteres
alfanuméricos.

De acordo com a norma ABNT NBR 16077/2021 (ABNT, 2021b), a estimativa do nível
de exposição ao ruído com o uso da proteção auditiva pode ser calculada por dois
métodos: método longo e método simplificado. O método longo leva em conta o
espectro do ruído presente no ambiente e deve ser utilizado quando os dados
necessários para o cálculo da atenuação do ruído pelo uso do protetor auditivo por
banda de frequência puderem ser medidos. Caso contrário, pode ser utilizado o método
simplificado, que é uma aproximação calculada, baseado em um número único de
atenuação de ruído do protetor auditivo. Visto que as estimativas utilizam valores
diferentes, os dois métodos podem fornecer resultados finais de estimativas de
atenuação distintos.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Para o método longo são necessários os seguintes dados:

a) níveis de exposição, em dBA, por banda de oitava, medidos nas frequências


de 125 Hz, 250 Hz, 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz, 4.000 Hz e 8.000 Hz;

b) dados de atenuação média, em dB, e desvios-padrão, em dB, por banda de


frequência do protetor auditivo.

Para o método simplificado, isto é, baseado em um número único, são necessários


apenas os dados de atenuação média, em dB, e desvios-padrão, em dB, do protetor
auditivo em cada uma das seguintes bandas de oitava: 125 Hz, 250 Hz, 500 Hz, 1.000
Hz, 2.000 Hz, 4.000 Hz e 8.000 Hz. A partir desses valores, calcula-se o nível de
redução de ruído, conhecido como NRR. Quando a medida de atenuação do protetor é
realizada com pessoas e estas, durante a realização dos ensaios no laboratório, fazem
a colocação e ajustes do protetor de acordo com as orientações das instruções de uso
fornecidas pelos fabricantes ou importadores, sem interferência do técnico que realiza
os ensaios, o número único de redução de ruído é identificado como NRRsf (“sf” é a
abreviatura do termo em inglês “subject fit”, que significa ajustado pelo sujeito, no caso,
o sujeito que é submetido do ensaio). Segundo a norma ABNT NBR 16077/2021 (ABNT,
2021b), utilizando-se o número único de atenuação do protetor auditivo, bastaria
subtrair esse valor do nível de ruído medido no ambiente. O resultado seria o nível de
exposição a que o usuário do protetor estaria exposto, medido em dBA. Este resultado,
por sua vez, seria comparado com os limites de exposição estabelecidos no Anexo 1
da NR 15.

Página 26 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3146)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Embora a norma ABNT NBR 16077/2021 apresente dois métodos de cálculo de


estimativa de exposição com o uso do protetor auditivo, não existe, na regulamentação
legal brasileira da área de segurança e saúde no trabalho, qualquer recomendação para
a adoção de tais métodos.

Por outro lado, nos EUA, a Occupational Safety and Health Administration (OSHA)
(EUA, 2022b) recomenda utilizar um de dois métodos para estimar a exposição com o
uso do protetor auditivo, conforme estabelecido no Code of Federal
Regulations (Código de Regulamentos Federais), Title 29 – Labor, Subtitle B—
Regulations Relating to Labor, Chapter XVII – Occupational Safety and Health
Administration, Department of Labor, Part 1910 – Occupational Safety and Health
Standards, Subpart G – Occupational Health and Environmental Control, §1910.95-
Occupational noise exposure, Appendix B. O método mais conveniente é o que utiliza
o Noise Reduction Rating (NRR) desenvolvido pela Environmental Protection Agency
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

(EPA) (EUA, 2022c). De acordo com o regulamento da EPA, o NRR deve ser mostrado
na embalagem do protetor auditivo. O NRR é então subtraído do nível de ruído
ambiental ao qual o trabalhador está exposto, para avaliar a adequação da atenuação
do protetor auditivo. Em vez de usar o NRR, os empregadores podem avaliar a
adequação da atenuação do protetor auditivo usando os valores de atenuação do
protetor, discriminados por faixas de frequência de uma oitava, e os níveis de ruído
medidos nessas mesmas faixas no ambiente em que o protetor será utilizado. De
acordo com a OSHA, os métodos que utilizam os valores de atenuação dos protetores
e os níveis de ruído por faixa de frequência são mais complexos, porém são mais
precisos na estimativa do nível de exposição ao qual o usuário do protetor estará
exposto, pois usa uma maior quantidade de informações espectrais do ruído no
ambiente.

Na União Europeia, a norma EN 458/2016 (CEN, 2016) também apresenta métodos


para a estimativa da atenuação efetiva proporcionada por um protetor auditivo. Os
métodos recomendados utilizam valores de atenuação do protetor, discriminados por
faixas de frequência de uma oitava e os níveis de ruído medidos nessas mesmas faixas
no ambiente em que o protetor será utilizado. Também são apresentados métodos para
o cálculo de um número único de atenuação do protetor auditivo. A ISO também
apresenta métodos semelhantes na norma ISO 4869-2/2018 (ISO, 2018b).

Os regulamentos descritos mostram que a estimativa de exposição efetiva de usuários


de protetores auditivos envolve cálculos complexos e requerem informações que não
são disponibilizadas no formulário do PPP. Outra observação presente nos
regulamentos e em estudos científicos (GROENEWOLD et al, 2014) é que os valores
de atenuação calculados refletem valores realistas apenas na medida em que os
Página 27 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3147)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

protetores estão devidamente ajustados e usados durante todo o período de exposição


ao ruído.

A utilização de protetores auditivos apresenta uma característica muito semelhante à


de respiradores: o ajuste do protetor auditivo ao usuário é essencial para se obter uma
atenuação próxima àquela obtida nos ensaios de laboratório.

Porém, no caso de proteção auditiva, não existe, no Brasil, regulamentos ou


procedimentos de uso semelhantes ao que existe para proteção respiratória, isto é,
tornados obrigatórios por meio de uma portaria ou outro regulamento legal.
Desconhece-se a recomendação de adoção de um programa de conservação auditiva
(PCA) nos regulamentos da legislação trabalhista nos moldes do programa de proteção
respiratória. Em 2018, a Fundacentro publicou o documento “Guia de diretrizes e
parâmetros mínimos para a elaboração e a gestão do PCA” (CUNHA, 2018), que
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

apresenta orientações para a estruturação e a implementação de um PCA que disponha


de componentes mínimos necessários para um gerenciamento efetivo dos riscos de
modo a evitar o desencadeamento e o agravamento das perdas auditivas ocupacionais.
Segundo tal documento, um PCA deveria conter os seguintes elementos: Introdução e
objetivos; Política da empresa quanto à conservação auditiva; Responsabilidades e
competências para gerenciar o programa; Avaliação da exposição; Gerenciamento
audiológico e controle médico; Medidas de controle coletivo; Gestão de equipamentos
de proteção auditiva; Educação/capacitação e motivação de trabalhadores e demais
envolvidos no programa; Manutenção de registros; e Avaliação do programa.

8 – Fontes de informações sobre desempenho de EPI nas empresas

Considerando o exposto sobre o uso de protetores auditivos e, semelhante à análise


realizada em relação ao uso de equipamentos de proteção respiratória, reforça-se o
entendimento de não ser possível afirmar se um protetor auditivo é eficaz ou ineficaz
para neutralizar a exposição do trabalhador a altos níveis de ruído apenas com as
informações constantes no formulário do PPP.

Aqui, o termo eficaz é aquele conceituado como efetividade ou eficácia do EPI segundo
a Previdência Social. O que se espera de um EPI no uso real no ambiente de trabalho
é que ele apresente a mesma eficácia obtida em ensaios laboratoriais. Entretanto, nem
sempre é isso o que acontece. Daí, é imprescindível que as empresas disponham de
informações detalhadas sobre os agentes agressivos (também conhecidos como

Página 28 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3148)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

fatores de risco) existentes nos ambientes de trabalho e que podem causar doenças ou
lesões relacionadas ao trabalho, o que possibilitaria uma seleção adequada do EPI.

Nesse sentido, é necessário discorrer sobre as principais fontes de informações sobre


as condições nos ambientes de trabalho disponíveis nas empresas.

O objetivo deste relatório, emitir manifestação técnica sobre a eficácia do Equipamento


de Proteção Individual (EPI), com o intuito de esclarecer se para provar a eficácia ou
ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para a neutralização dos
agentes nocivos à saúde e integridade física do trabalhador, para fins de
reconhecimento de tempo especial, basta o que consta no PPP (Perfil Profissiográfico
Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por outros meios probatórios e, nessa
última circunstância, se a prova pericial é obrigatória, já indica a primeira fonte de
informações sobre as condições nos ambientes de trabalho.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

O PPP é um documento previsto no Decreto 3.048, de 06 de maio de 1999, Art. 68, §8º
e §9º (BRASIL, 1999).

“Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de
agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.
(...)
§ 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes prejudiciais à
saúde será feita por meio de documento, em meio físico ou eletrônico, emitido pela
empresa ou por seu preposto com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
(...)
§ 5º O laudo técnico a que se refere o § 3º conterá informações sobre a existência
de tecnologia de proteção coletiva ou individual e sobre a sua eficácia e será elaborado
com observância às normas editadas pela Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério Economia e aos procedimentos adotados pelo INSS
§ 6º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos
agentes existentes no ambiente de trabalho prejudiciais à saúde de seus trabalhadores
ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o
referido laudo incorrerá na infração a que se refere a alínea “n” do inciso II do caput do
art. 283
(...)
§ 8º A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico
previdenciário, ou o documento eletrônico que venha a substituí-lo, no qual deverão ser
contempladas as atividades desenvolvidas durante o período laboral, garantido ao
trabalhador o acesso às informações nele contidas, sob pena de sujeição às sanções
previstas na alínea “h” do inciso I do caput do art. 283.
Página 29 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3149)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

§ 9º Para fins do disposto no § 8º, considera-se perfil profissiográfico


previdenciário o documento que contenha o histórico laboral do trabalhador, elaborado
de acordo com o modelo instituído pelo INSS”.

O § 3º desse artigo estabelece a obrigatoriedade de a empresa comprovar a efetiva


exposição do segurado a agentes prejudiciais à saúde por meio de um documento
com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho. O § 5º estabelece
que esse laudo técnico deve conter informações sobre a existência de tecnologia de
proteção coletiva ou individual e sobre a sua eficácia, sendo elaborado com
observância às normas editadas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
do Ministério Economia e aos procedimentos adotados pelo INSS. Ora, se a empresa
deve elaborar esse laudo técnico, então ela deve identificar os agentes prejudiciais à
saúde no ambiente de trabalho e fazer as medições das concentrações desses
agentes. A realização dessas atividades (identificação dos agentes agressivos e
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

medições das concentrações) antes e depois da adoção do EPI como medida de


proteção contra os agentes agressivos prejudiciais à saúde permitiria avaliar se o EPI
apresenta desempenho efetivo, isto é, se realmente apresenta capacidade de eliminar
ou neutralizar a nocividade do agente ensejador da aposentadoria especial.
Alinhada a essa obrigatoriedade de elaboração de laudo técnico das condições dos
ambientes de trabalho, a NR 01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos
ocupacionais (BRASIL, 2020b) também estabelece obrigações para as empresas
que possibilitariam avaliar se o EPI apresenta desempenho efetivo.
O item 1.5.3.1.1 dessa norma estabelece que “O gerenciamento de riscos
ocupacionais deve constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR”. O
item 1.5.7 dessa norma trata da documentação do gerenciamento de riscos
ocupacionais. O item 1.5.7.1 estabelece que “O PGR deve conter, no mínimo, os
seguintes documentos: a) inventário de riscos; e b) plano de ação”. Os dados da
identificação dos perigos (identificados neste relatório como fontes de risco ou agentes
agressivos) e das avaliações dos riscos ocupacionais devem ser consolidados em um
inventário de riscos ocupacionais.
De acordo com o item 1.5.7.3.2 da norma,
“O Inventário de Riscos Ocupacionais deve contemplar, no mínimo, as seguintes
informações: a) caracterização dos processos e ambientes de trabalho; b)
caracterização das atividades; c) descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos
à saúde dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, descrição
de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos
a esses riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas; d) dados da
análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e
biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17. e) avaliação
Página 30 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3150)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

dos riscos, incluindo a classificação para fins de elaboração do plano de ação; e f)


critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de decisão.
Se o PGR deve conter o inventário de riscos e este deve contemplar, dentre outras
informações, a descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde dos
trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, descrição de riscos
gerados pelos perigos, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos a esses
riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas; e os dados da análise
preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e
biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17, então, a
empresa teria informações e condições de avaliar se o EPI apresenta desempenho
efetivo, pois ele é uma das possíveis medidas de prevenção a ser implementadas.
A NR 06 – Equipamento de proteção individual (BRASIL, 2001), citada
anteriormente, indica, no item 6.6.1, uma possível fonte de informações que poderia
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

ser utilizada para avaliar se o EPI apresenta desempenho efetivo. Esse item
estabelece que:
“6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada
atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e
treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir
imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela
higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade
observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico”.
Se o empregador é obrigado a adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade e
registrar o seu fornecimento ao trabalhador, então ele deve possuir tais registros. De
posse dessas informações, seria possível avaliar se o EPI está sendo efetivo ou não.

O PPR (TORLONI, 2016) é outra fonte de informações sobre o uso de EPI que pode
ser utilizada para avaliar se o EPI (no caso específico de respiradores) apresenta
desempenho efetivo. Esse documento lista os elementos mínimos de um programa de
proteção respiratória, os procedimentos operacionais para uso rotineiro de
respiradores e para uso em situações de emergência, estabelece que o empregador
deve nomear um administrador do programa, estabelece responsabilidades para o
empregador, para o empregado, para o administrador do programa e para o prestador
de serviço. O programa deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: política da
empresa na área de proteção respiratória; abrangência; indicação do administrador do
programa; regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos; avaliação dos
riscos respiratórios; seleção do respirador; avaliação das condições físicas,
psicológicas e médicas dos usuários; treinamento; ensaio de vedação; uso do
Página 31 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3151)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

respirador e política da barba; manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos


respiradores; guarda e estocagem; uso de respirador para fuga, emergências e
resgastes; revisão do programa; e arquivamento de registros.

O item 13 do PPR estabelece que:


“O administrador do programa deve guardar os registros dos tópicos do PPR para
demonstrar sua implementação efetiva e também para uso durante a revisão do
programa. Esses registros devem ser mantidos por um período adequado, de acordo
com a toxicidade e a latência das doenças associadas aos contaminantes existentes no
local de trabalho e, ao menos, durante o período mínimo requerido pela legislação.”
(TORLONI, 2016, p. 65)
Portanto, se a empresa implementa um PPR de acordo com as orientações acima,
então ela possui informações que podem ser utilizadas para avaliar se o EPI em
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

questão (respiradores) apresenta efetividade ou não.

Não se pode esquecer que, considerando que as normas regulamentadoras e outros


regulamentos relacionados com a segurança e saúde no trabalho compreendem uma
série de medidas que compõem um sistema de gestão de SST, o instrumento que
demonstra se as medidas de prevenção de acidentes e doenças, incluindo a adoção
de EPI, estão sendo efetivas é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), estabelecido na NR 07 (BRASIL, 2020c). O item 7.3.2 dessa NR estabelece
que uma das diretrizes do programa é “subsidiar a implantação e o monitoramento da
eficácia das medidas de prevenção adotadas na organização”. Se a utilização de EPI
é uma das medidas de prevenção adotadas na organização/empresa, então o PCMSO
deve conter registros que demonstrem a situação da saúde ocupacional dos
trabalhadores expostos aos agentes agressivos antes e depois da adoção dessa
medida. Assim, seria possível avaliar se o EPI está sendo efetivo ou não.

9 - Conclusão
Do exposto, pode-se concluir que:

a) não é possível provar a eficácia (aqui entendida no sentido de efetividade) ou


ineficácia dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para a neutralização
dos agentes nocivos à saúde e integridade física do trabalhador, para fins de
reconhecimento de tempo especial, apenas com as informações que constam no
formulário do PPP. Essas informações são insuficientes para a realização de
uma avaliação precisa;

Página 32 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3152)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

b) a avaliação da eficácia (aqui entendida no sentido de efetividade), ou ineficácia,


de um EPI não pode ser aferida por espécie de agente nocivo, pois todo EPI, por
mais simples que seja, oferece proteção limitada contra o agente nocivo para o
qual foi projetado. Como citado anteriormente, não se pode esperar que um
capacete de segurança seja capaz de resistir ao impacto da queda de qualquer
objeto, independentemente da massa, forma ou altura da queda, sobre a cabeça
do usuário. Assim, a avaliação sempre demanda a análise das variáveis
presentes em cada caso concreto.

Tal conclusão corrobora aquela já apresenta pelo Ministério do Trabalho na Nota


Técnica nº 263/2017/CGNOR/DSST/SIT, que afirma que:

"A comprovação da eficácia de EPI, e consequente neutralização de agentes nocivos,


não pode ser demonstrada de forma confiável somente pelo preenchimento do
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

formulário de Perfil Profissiográfico Previdenciário, indicando o uso de EPI eficaz


(resposta "S" no campo próprio) e registrando o respectivo CA - Certificado de
Aprovação, requerendo-se dados fáticos obtidos em diligências periciais e/ou de
fiscalização, especialmente a descrição do tipo de equipamento utilizado, intensidade
de proteção proporcionada ao trabalhador, treinamento, uso efetivo do equipamento e
a fiscalização pelo empregador" (apud ABNT/CB 32, 2019, p. 42).

Pode-se concluir, também que, embora o formulário do PPP isolado não disponha de
informações que permitam a avaliação precisa sobre a efetividade do EPI no uso real,
as empresas que fazem uso de tais equipamentos como medida de prevenção de
acidentes ou doenças ocupacionais dispõem de informações que podem demonstrar
se o EPI é efetivo ou não. Isso é possível se elas adotarem todas as medidas
estabelecidas nas diversas normas regulamentadoras de SST e outros regulamentos
que tratam do uso de EPI.

Página 33 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3153)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

Referências

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). ABNT NBR ISO/IEC


17000/2021 – Avaliação da conformidade – Vocabulário e princípios gerais. Rio
de Janeiro: ABNT, 2021a.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). ABNT NBR 16077/2021 –
Equipamento de proteção individual – Protetores auditivos – Método de cálculo
do nível de pressão sonora na orelha protegida. Rio de Janeiro: ABNT, 2021b.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). ABNT NBR 8221 – Capacete
de segurança para uso ocupacional – Especificação e métodos de ensaios. Rio
de Janeiro: ABNT, 2019.
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). ABNT NBR ISO 9000 –
Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro:
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

ABNT, 2015.
ABNT/CB 32 (Associação Brasileira de Normas Técnicas/ Comitê Brasileiro 32).
Relatório técnico – Eficácia do protetor auditivo: aspectos técnicos e legais.
São Paulo: ABNT/CB 32, 2019. Disponível em: <publicacoes-tecnicas-protetor-
auditivo.pdf (animaseg.com.br)>. Acesso em: 08 mar. 2022.
AREOSA, João. O lado obscuro dos acidentes de trabalho. Lisboa: Húmus, 2013.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 549, de 09 de março de
2022 - Altera a Portaria nº 672, de 8 de novembro de 2021, que disciplina os
procedimentos, programas e condições de segurança e saúde no trabalho e dá
outras providências. [Brasília, DF: 2022a]. Disponível em: <PORTARIA Nº 549, DE
9 DE MARÇO DE 2022 - PORTARIA Nº 549, DE 9 DE MARÇO DE 2022 - DOU -
Imprensa Nacional (in.gov.br)>. Acesso em: 10 mar. 2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. CAEPI – Certificado de Aprovação
de Equipamento de Proteção Individual – Consulta de CA. [Brasília, DF: 2022b].
Disponível em: <Ministério do Trabalho e Emprego - Certificado de Aprovação de
Equipamento de Proteção Individual (mte.gov.br)>. Acesso em: 10 mar. 2022
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 672, de 08 de novembro
de 2021 - Disciplina os procedimentos, programas e condições de segurança e
saúde no trabalho e dá outras providências. [Brasília, DF: 2021a]. Disponível em:
<Portaria MTP n° 672.pdf — Português (Brasil) (www.gov.br)>. Acesso em: 09 mar.
2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 899, de 09 de dezembro
de 2021 - Altera a Portaria/MTP nº 672, de 8 de novembro de 2021, que disciplina
Página 34 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3154)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

os procedimentos, programas e condições de segurança e saúde no trabalho e dá


outras. [Brasília, DF: 2021b]. Disponível em: <Portaria MTP n° 899.pdf — Português
(Brasil) (www.gov.br)>. Acesso em: 10 mar. 2022.
BRASIL. Decreto 10.410, 30 de junho de 2020 - Altera o Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999. [Brasília,
DF: 2020a]. Disponível em: <D10410 (planalto.gov.br)>. Acesso em: 04 jan. 2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 6.730, de 09 de março
de 2020 - Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 01 - Disposições
Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. [Brasília, DF: 2020b]. Disponível
em: <Portaria_SEPRT_6.730_(Altera_a_NR_01).pdf — Português (Brasil)
(www.gov.br)>. Acesso em: 21 mar. 2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Portaria nº 6.734, de 09 de março
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

de 2020 - Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 07 - Programa de


Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO. [Brasília, DF: 2020c]. Disponível
em: <Portaria_SEPRT_6.734_(Altera_a_NR_07).pdf — Português (Brasil)
(www.gov.br)>. Acesso em: 21 mar. 2022.
BRASIL. Instituto Nacional do Seguro Social. Anexo I – Instrução Normativa nº
85/Pres/INSS, de 18 de fevereiro de 2016 – Perfil Profissiográfico Previdenciário –
PPP. [Brasília, DF: 2016]. Disponível em: <in85presinssanexoi-ppp-pdf
(www.gov.br)>. Acesso em: 15 mar. 2022.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 25, de 15 de outubro de
2001 - Altera a norma regulamentadora que trata de equipamento de proteção
individual – NR6 e dá outras providências. [Brasília, DF: 2001]. Disponível em: <NR
6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI (www.gov.br)>. Acesso em: 04 jan.
2022.
BRASIL. Decreto 3.048, 06 de maio de 1999 - Aprova o Regulamento da
Previdência Social, e dá outras providências. [Brasília, DF: 1999]. Disponível em: <
D3048 (planalto.gov.br)>. Acesso em: 04 jan. 2022.
BRASIL. Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977: altera o Capítulo V do Titulo II da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e
dá outras providências [Brasília, DF: 1977]. Disponível em: <L6514
(planalto.gov.br)>. Acesso em: 08 mar. 2022.
CDC (Centers for Disease Control and Prevention). New NIOSH study supports the
OSHA annual fit testing requirements for filtering facepiece respirators. Disponível
em: <https://blogs.cdc.gov/niosh-science-blog/2016/01/05/fit-testing/>. Acesso em: 21
mar. 2021.
Página 35 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3155)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

CEN (European Committee for Standardization). EN 458 - Hearing protectors -


Recommendations for selection, use, care and maintenance - Guidance document.
Brussels: CEN, 2016.
EUA. e-CFR – Code of Fedral Regulations. [Washington, DC: 2022a]. Disponível em:
<eCFR :: 29 CFR 1910.134 -- Respiratory protection>. Acesso em: 18 mar. 2022
EUA. e-CFR – Code of Fedral Regulations. [Washington, DC: 2022b]. Disponível em:
<eCFR :: 40 CFR Part 211 Subpart B -- Hearing Protective Devices>. Acesso em: 18
mar. 2022
EUA. e-CFR – Code of Fedral Regulations. [Washington, DC: 2022c]. Disponível em:
<eCFR :: 29 CFR Part 1910 Subpart G -- Occupational Health and Environmental
Control>. Acesso em: 18 mar. 2022.
Groenewold, M. R.; Masterson, E. A.; Themann, C.L.; Davies, R. R. Do hearing protectors
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

protect hearing? American Journal of Industrial Medicine. 57:1001 – 1010 (2014).


HOUAISS, A; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
HSE (Health and Safety Executive). Respiratory protective equipment at work – A
practical guide. [London: 2013]. Disponível em: <Respiratory protective equipment at
work: A practical guide HSG53 (hse.gov.uk)>. Acesso em: 06 jan. 2022.
ILO (International Labour Organization) Overview and Philosophy of Personal Protection.
In: Encyclopaedia of Occupational Health & Safety. Genebra: ILO, 2011. Disponível
em: <Overview and Philosophy of Personal Protection (iloencyclopaedia.org)>. Acesso
em: 08 mar. 2022.
ISO (International Organization for Standardization). ISO 45001: occupational health
and safety management systems – requirements with guidance for use. Genebra,
2018a.
ISO (International Organization for Standardization). Acoustics - Hearing protectors -
Part 2: Estimation of effective A-weighted sound pressure levels when hearing
protectors are worn. Genebra, 2018b.
ISO. ISO 16975-3-Respiratory protective devices – Selection, use and maintenance
– Part n3 – Fit-testing procedures. Geneva, 2017.
Maximiano, Aantônio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da revolução
urbana à revolução digital. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.

Página 36 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3156)

FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO
Diretoria de Pesquisa Aplicada
Serviço de Laboratório de EPI

NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health). Hierarchy of controls.
[Washington, DC: 2015]. Disponível em: <https://www.cdc.gov/niosh/topics/hierarchy/>.
Acesso em: 08 mar. 2022.
OSHA - EU (European Agency for Safety and Health at Work). Diretiva 89/656/CEE -
relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos
trabalhadores de equipamentos de proteção individual no trabalho. [Santiago de
Compostela, 2019]. Disponível em: <https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:01989L0656-20070627&from=EN> Acesso em: 30
mai. 2019.
OSHA – EUA (Occupational Safety and Health Administration). Personal protective
equipment. [Washington (DC), 2019]. Disponível em: <
https://www.osha.gov/SLTC/personalprotectiveequipment/> Acesso em: 30 mai. 2019.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Torloni, M. (coord.); Vieira, A. V.; Nicolai, S. H. A; Aquino, J. D.; Algranti, E. Programa


de proteção respiratória: recomendações seleção e uso de respiradores. 4a ed. –
São Paulo: Fundacentro, 2016.
Zhuang Ziging; Michael Bergman; Elizabeth Brochu; Andrew Palmiero; George
Niezgoda; Xinjian He; Raymond Roberge & Ronald Shaffer. Temporal changes in
filteringfacepiece respirator fit. Journal of Occupational and Environmental Hygiene,
13:4, 265-274, DOI: 10.1080/15459624.2015.1116692. 2016.

São Paulo, 22 de março de 2022.

José Damásio de Aquino


Chefe do Serviço de Laboratório de EPI

Página 37 de 37
Rua Capote Valente, nº 710 - São Paulo/SP - Brasil - CEP 05409-002
Caixa Postal: 11.484 / CEP 05422-970
Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital
Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
http://www.gov.br/fundacentro
Recebido em 29/03/2022 09:29:22
STJ-Petição Eletrônica (PET) 00223405/2022 recebida em 29/03/2022 09:29:22 (e-STJ Fl.3157)

Central do Processo Eletrônico


Petição Incidental

Autor do Documento
JOAO MARCELO TORRES CHINELATO
CPF: 83089390159 PROCURADORIA GERAL FEDERAL

Data de Recebimento do Documento no STJ


Data: 29/03/2022 Hora: 09:29:22

Peticionamento
SEQUENCIAL: 6533525
Processo: REsp 1828606 (2019/0218109-8)
Tipo de Petição: PETIÇÃO
Parte peticionante: FUNDACAO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO, DE SEGURANCA E MEDICINA
DO TRABALHO
Petição Eletrônica juntada ao processo em 29/03/2022 ?s 10:06:04 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Nome do Arquivo Tipo Hash


Petição ingresso fundacentro - amicus.pdf Petição D169574C28148D592389A04D19EFBB6CA67
3CF0D
EPI - Manifestação técnica.pdf Outros Documentos F1326DB674F714A28040FBD555871EEAA6B
7DFAF
Documento assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º. § 2º., Inciso III, alínea “b”, da Lei
11.419/2006.

A exatidão das informações transmitidas é da exclusiva responsabilidade do peticionário (Art. 12 da


Resolução STJ//GP N. 10 de 6 de outubro de 2015).

Os dados contidos na petição podem ser conferidos pela Secretaria Judiciária, que procederá sua
alteração em caso de desconformidade com os documentos apresentados, ficando mantidos os
registros de todos os procedimentos no sistema (Parágrafo único do Art. 12 da Resolução STJ
10/2015 de 6 de outubro de 2015)

Documento eletrônico e-Pet nº 6533525 com assinatura digital


Signatário(a): JOAO MARCELO TORRES CHINELATO CPF: 83089390159
Recebido em 29/03/2022 09:29:22

Você também pode gostar