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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

EDUCAÇÃO FÍSICA – BACHARELADO

LETHICIA PONS MALHEIROS

TRABALHO AVA1

RIO DE JANEIRO
2023
INTRODUÇÃO
O Zika vírus é denominado um Arbovírus emergente, sendo da mesma família
(Flaviviridae) e gênero (Flavivírus) de outros dois grandes vírus circulantes no Brasil,
o da Dengue e da Febre Amarela. Seu nome foi dado em referência ao local de sua
descoberta no ano de 1947, a Floresta Zika na Uganda, pois lá ocorreu a detecção do
Zika vírus em macacos “sentinelas” que estavam sendo utilizados para monitorar o
Vírus da Febre amarela selvagem (UFMG, 2015).
Essa doença é transmitida através do mesmo vetor do Vírus da Dengue e
Chicunguya, o mosquito Aedes aegypti. Seu tempo de incubação normalmente dura
em torno de 3 a 12 dias após a picada, podendo manifestar sintomas ou não. Em vista
disso, quando ocorre a manifestação de sintomas, são geralmente leves e com curta
duração (em torno de 2 e 7 dias), sendo eles: Dores de cabeça, febre baixa, machas
vermelhas na pele e coceira, dores nas articulações e vermelhidão nos olhos (UFMG,
2015).
Tendo isso em mente, por ainda não existir nenhuma vacina ou medicação para
essa doença, a sua prevenção acaba sendo baseada em cuidados com os locais de
possível proliferação dos mosquitos, ou seja, manter ambientes de acúmulo de água
tampados (como caixa d’agua), garantir que as lixeiras estejam limpas e com os sacos
plásticos bem lacrados, assim como evitar jogar lixo em terrenos abandonados, evitar
deixar recipientes em que é possível depositar a água da chuva virados para cima
(como garrafas, pratos para vasos de planta e potes) e manter os ambientes limpos e
secos. Além disso, para intensificar a prevenção, a população pode fazer a aplicação
de repelentes e inseticidas para impedir a picada de possíveis mosquitos infectados.
DESENVOLVIMENTO
Em vista do olhar da medicina sobre o Zika Vírus, conhecendo seus sintomas e as
formas de prevenção dessa doença, realizo a criação de uma forte Hipótese: A
proliferação do Vírus Zika é maior em ambientes de baixa renda. Acredito que ocorra
a confirmação dessa hipótese, pois em ambientes de desigualdade social a população
pode não possuir tanto acesso à informação sobre como evitar a proliferação do
mosquito vetor e como se proteger dessa doença.
Com isso, através de uma busca bibliográfica, selecionei dois artigos que tratam
exatamente sobre esse assunto. O primeiro se chama “A geografia social do Zika no
Brasil”, escrito por Jeffrey Lesser e Uriel Kitron. Enquanto o segundo possui a temática
“Implicações das desigualdades sociais e condições de vida com a epidemia do Vírus
Zika”, escrito por Angela Silva e Christiane Guterres.
Com isso, logo no início do artigo de Lesser e Kitron, os autores desenvolvem uma
linha de pensamento certeira, relatando que os mosquitos possivelmente seriam
democráticos, pois picam pessoas ricas e também as pobres. Porém, logo em seguida
refuta tal afirmação, mencionando que existem diferenças entre os impactos da
doença nas classes mais pobres e que “o zika é mais um indicador da desigualdade
que persiste no Brasil contemporâneo, mesmo após várias décadas de democracia”.
(LESSER, J; KITRON, U., 2016).
Os autores constroem uma narrativa interessante, contando o histórico do Brasil
com a transmissão de diferentes doenças, assim como discorrem sobre o período
Sanitarista, em que inclusive houve reformas urbanas no Rio de janeiro que causaram
a fuga da população mais pobre para os “morros”, sendo expulsos do centro para que
ocorresse o embranquecimento e a europeização do centro da cidade.
Em vista disso, nesse artigo os autores fizeram uma pesquisa de campo,
acompanhando os agentes sanitários no Bairro do Capão Redondo. Foi assim que
chegaram à conclusão desse artigo, concluindo que a falta de acesso ao saneamento
básico ajuda na proliferação da doença. Devido à dificuldade de acesso a água
encanada, tendo um fluxo contínuo, as casas necessitam de caixas d’águas para
armazenarem e muitas vezes estão com rachaduras e buracos que permitem a
entrada de mosquitos e consequentemente o desenvolvimento de larvas. Com isso,
pela alta densidade demográfica, a probabilidade da disseminação da doença é muito
alta.
Por isso, ao longo do texto, diversas argumentações são formadas, podendo nos
levar à conclusão de que realmente a desigualdade social levam os menos
favorecidos a serem mais suscetíveis a desenvolver a doença, pois possuem menos
acesso ao saneamento básico e água encanada, algo que pessoas mais ricas detêm.
Da mesma forma, as autoras Angela Silva e Christiane Guterres iniciam seu artigo
afirmando a necessidade de discussão sobre a relação entre classe social e a saúde
no Brasil (DA SILVA; GUTERRES, 2019). Nesse trabalho, assim como no outro,
realizam uma comparação entre a região nordeste e a região sul com a predominância
do surgimento da epidemia do Zika vírus. A justificativa seria que o Nordeste
apresenta fatores que favorecem o desenvolvimento do mosquito, como o clima e a
desigualdade social (população mais pobre), enquanto no Sul o clima é menos atrativo
para a procriação do mosquito e sua população é considerada mais rica (DA SILVA;
GUTERRES, 2019).
Nesse Artigo, com a revisão bibliográfica, fica evidente quem sofre mais com a
doença Zika, os mais pobres. Com menor acesso a informações sobre a prevenção,
a inexistência ao saneamento básico e também a dificuldade ao acesso à saúde, a
classe social mais pobre sofreu consideravelmente mais com a epidemia do Zika
Vírus, que além de muitas perdas na população, ocorreu o nascimento de bebês com
microcefalia (DA SILVA; GUTERRES, 2019).
CONCLUSÃO
Em vista das duas argumentações desses dois artigos foi possível confirmar a
hipótese desenvolvida inicialmente, ou seja, a proliferação do Zika Vírus é maior em
ambientes de desigualdade social. Além disso, também é cabível concluir que
indivíduos de classes sociais mais pobres sofreram mais com essa doença. Com a
dificuldade de tratamento, a falta de recursos para evitar multiplicação dos mosquitos
através do conserto de caixas d’águas e o cuidado do próprio lar, a falta de
saneamento básico e recolhimento dos lixos nos baixos de forma correta, acabaram
intensificando a epidemia nessas regiões.
Com isso, acredito que necessitamos de políticas públicas mais eficientes e com
um olhar mais cuidadoso para essa população, não basta apenas debater sobre o
assunto entre pessoas privilegiadas, é necessário acessar esses locais com
indivíduos empáticos e solidários com essa população. A conscientização sobre o que
é a doença e como combate-la é o básico a se fazer, entregar essa informação é
imprescindível para assegurar o início dessa batalha. Porém, uma força tarefa é
necessária, ir em terrenos baldios para recolhimento de entulhos, a limpeza dos
bairros e o fornecimento de materiais para cuidados para evitar a procriação do
mosquito são medidas iniciais para esse combate, ao meu ver.
REFERÊNCIAS
https://www.medicina.ufmg.br/cetes/zika-virus/

http://www.saude.mt.gov.br/dengue/pagina/420/prevencao

LESSER, J.; KITRON, U. A geografia social do zika no Brasil. Estudos avançados, v.


30, n. Estud. Av., 2016, 30(88). Georgia, 2016. Acesso em: 01 de mai de 2023.
Disponível em:https://www.scielo.br/j/ea/a/QMfVJpGDpwKybkbMQzXFN9y/?lang=pt#

DA SILVA, Angela Maria Caulyt Santos; GUTERRES, Christiane Faria. Implicações


das desigualdades sociais e condições de vida com a epidemia do Vírus Zika.
Universidade Federal do Maranhão, 2019. Acesso em: 01 de maio de 2023. Disponível
em:http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2019/images/trabalhos/trabalho_submis
saoId_1636_16365cca4c8383e89.pdf

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