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por que
a escola
filosófica
grega de
2,3 mil
anos está
em alta
A ciênciA AjudA você A mudAr o mundo Ed. 385 ABriL dE 2024
atéquando?
A AtuAL EpidEmiA dE dEnguE não tEm prEcEdEntEs no pAís. pELA
primEirA vEz, porém, há novos métodos dE comBAtE Ao mosquito E
dE protEção individuAL. rEstA sABEr como os usArEmos
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COMPOSIÇÃO
ABRIL DE 2024
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CAPA
É POSSÍVEL ACABAR COM A
DENGUE? ENTENDA POR QUE
ELA SEMPRE VOLTA
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SOCIEDADE
OQUEESTÁPORTRÁSDETANTOS
LIVROS SOBRE ESTOICISMO
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CAPA
TEXTO Marília Marasciulo EDIÇÃO Luiza Monteiro ILUSTRAÇÃO Davi Augusto DESIGN Flavia Hashimoto
DOENÇA TRAIÇOEIRA
Transmitida por mosquitos Aedes aegypti, a dengue é uma arbovi-
rose provocada por um vírus da família Flaviviridae, a mesma dos
causadores de febre amarela, Zika e febre do Nilo Ocidental. A fê-
mea do inseto, que precisa de sangue para nutrir os ovos, se conta-
mina quando pica uma pessoa ou animal hospedeiro do vírus. Como
ela pode atacar mais de um indivíduo durante o ciclo de vida (saiba
mais na página 9), acaba transmitindo o vírus para mais pessoas.
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CICLO DE VIDA DO
AEDES AEGYPTI
Entenda como o mosquito
transmissor da dengue (e outras
doenças) se desenvolve
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NOVAS ESTRATÉGIAS
Apesar do cenário crítico, os novos métodos de enfrentamento pa-
recem promissores. A edição mais recente do manual de diagnósti-
co e manejo clínico de dengue elaborado pelo Ministério da Saúde
revisou as orientações sobre hidratação intravenosa, aumentando
o volume recomendado para ingestão de líquidos e, talvez o mais
importante, atualizou o diagnóstico diferencial de dengue em re-
lação a Chikungunya, Zika e outras doenças. A regra agora é tratar
tudo como dengue. É que, nos primeiros dias de sintomas, a dife-
rença entre as viroses é tênue, mas o risco de complicações e mor-
te é maior na dengue. Por isso, quanto antes forem adotadas as
medidas de manejo, melhor. “Em geral, as mortes ocorrem quando
não damos atenção aos sinais de alerta, os pacientes são negli-
genciados no atendimento médico ou negligenciam a si mesmos”,
aponta o infectologista Arnaldo Tanaka, do Hospital Nipo Brasilei-
ro, em São Paulo.
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Por aqui, o projeto opera desde 2014 e está presente em cinco ci-
dades: Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Campo Grande e Pe-
trolina (PE). A estimativa é de que já tenha protegido 3,2 milhões
de pessoas. A partir deste ano, vai ser introduzido também em Na-
tal, Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Joinville (SC), Foz
do Iguaçu (PR) e Londrina (PR), cobrindo 1,8 milhão de indivíduos.
Embora promissor, o método ainda esbarra em entraves. O maior
deles é a capacidade de produção: a atual fábrica de mosquitos na
Fiocruz produz 10 milhões de espécimes por semana — nesse rit-
mo, levaríamos 100 anos para alcançar 70 milhões de habitantes.
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NÃO É
TUDO IGUAL
Nem todo mosquito CLIMA PROPÍCIO
que vemos por aí é
um Aedes aegypti; As condições para a proliferação do Aedes
conheça as principais aegypti nunca estiveram melhores: as cons-
espécies
tantes ondas de calor provocadas pelas mu-
danças climáticas, associadas a urbanização
e grande circulação de pessoas em deter-
minadas regiões, estão contribuindo para a
expansão da área de alcance da dengue. É o
que mostra o estudo Mudanças climáticas,
anomalias térmicas e a recente progressão
CULEX da dengue no Brasil, realizado por pesquisa-
QUINQUEFASCIATUS dores da Fiocruz e publicado na revista Scien-
O popular pernilongo, tific Reports no último dia 11 de março.
é considerada uma
espécie cosmopolita,
pois está presente Usando mineração de dados para avaliar a
em todos os
continentes, que vive relação entre anomalias térmicas, fatores
em regiões tropicais. demográficos e mudanças nos padrões de
Esses mosquitos
são hematófagos, incidência de dengue entre 2000 e 2020 no
e se alimentam Brasil, os pesquisadores relacionaram ma-
principalmente de
sangue humano ou de pas de onda de calor e anormalidades de
aves. Têm coloração temperatura com o aumento dos casos de
marrom e costumam
picar durante a dengue. Alerta semelhante já havia sido fei-
noite — fazem um to em 2021, em uma pesquisa desenvolvida
zumbido característico
para acordar as por estudiosos da Universidade do Estado
“presas” e provocar do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade
a vasodilatação.
Suas picadas causam Federal do Paraná (UFPR).
bolinhas avermelhadas
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EntrEvista
N
Na abertura da primeira reunião financeira do
G20, em fevereiro, o ministro da Fazenda, Fer-
nando Haddad, defendeu a criação de uma tribu-
tação progressiva para bilionários. Em 2024, o Brasil presi-
de a 19ª reunião de cúpula do grupo formado por ministros
de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores
economias do mundo, além da União Africana e da União
Europeia. O país colocou como prioridades da agenda a in-
clusão social e a reforma das instituições de atuação glo-
bal. Segundo Haddad, o governo aproveitará a presidên-
cia para propor temas como a tributação de empresas que
operam em vários países e o imposto sobre heranças.
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Ele afirma também que o sistema ideal faria cada pessoa pagar
impostos com base em quanta riqueza possui, com taxas pro-
gressivas. A seguir, ele fala sobre por que considera a causa tão
urgente para a justiça social, as consequências da desigualdade
tributária e as possíveis soluções para o problema.
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SOCIEDADE
TEXTO Felipe van Deursen EDIÇÃO Luiza Monteiro DESIGN Flavia Hashimoto
A NOVA ONDA DO
ESTOICISMO POR QUE UMA
ESCOLA FILOSÓFICA
DE 2,3 MIL ANOS
ATRÁS, MUITAS
VEZES RETRATADA
COMO UMA LINHA
DE PENSAMENTO
INSENSÍVEL E
SEM EMOÇÕES,
ESTÁ EM ALTA?
Representação
de Zenão de Cítio,
filósofo grego
tido como pai
do estoicismo.
(Ilustração:
Getty Images)
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A
A Europa vivia tempos turbulentos nos idos dos anos 160 a 180
d.C. Os romanos travavam uma longa guerra contra os germânicos
e uma praga, que entrou para a história com o nome de Peste An-
tonina, ceifava vidas em quantidades bíblicas. Estima-se que a do-
ença, provavelmente varíola, tenha matado pelo menos 5 milhões
de pessoas em 15 anos.
Nos últimos tempos, é possível que você tenha reparado, nas vi-
trines de livrarias e nas listas de mais vendidos na categoria de
autoajuda, em livros com títulos como: A Arte de Viver, Um Café
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VIRTUDE E HARMONIA
COM A NATUREZA
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FENÔMENO EDITORIAL
Ainda que esses textos de quase 2 mil anos possam ser conside-
rados acessíveis, não são eles que lideram a nova onda dos livros
estoicos. Os destaques são obras escritas por autores contem-
porâneos, com formações diversas. Sharon Lebell era uma mu-
sicista que, nos anos 1980, se tornou uma autora especializada
em livros de pegada filosófica. Em A Arte de Viver (Sextante), ela
conta que usa “linguagem e imagens simples” para interpretar,
improvisar e apresentar os ensinamentos de Epiteto “da maneira
mais direta e proveitosa possível.”
Mas, segundo ele, não houve outra escola filosófica que tenha rendi-
do tanto para o mercado editorial. No Brasil, A Arte de Viver vendeu
90 mil exemplares em seis anos. Um Café com Sêneca, em dois anos,
passou dos 30 mil. São números “muito expressivos”, diz a Sextante.
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