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Tema: casos de arboviroses no Brasil no período pré e pós pandêmico

Grupo: Caroline Souza, Isabela Sousa, Laura Luise, Letícia Thambé, Maria
Eduarda Rodrigues, Nathalia Batista, Tacyana Rodrigues

São denominadas arboviroses as endemias causadas por vírus conhecidos


como arbovírus dos quais fazem parte o Zika vírus, a dengue, a febre amarela
e a febre Chikungunya. A principal característica das arboviroses é a
transmissão da doença através da picada de artrópodes hematófagos fêmeas
(vetores) já que requerem sangue para reprodução. As arboviroses são mais
comuns em regiões rurais, porém, graças a fatores como desmatamento,
mudanças climáticas, migração da população e ocupação desordenada a
quantidade de casos em áreas urbanas vem aumentando nos últimos anos. O
período pandêmico também foi um fator determinante na incidência de casos
no Brasil, uma vez que, o isolamento social agravou ainda mais a quantidade
de casos. (AAGAARD-HANSEN J; NOMBELA N; ALVAR J, 2010;15; ALMIRE
F; TERHZAZ S; TERRY S et al., 2021)

Num contexto pandêmico inserido, os casos de arboviroses foram analisados


pelos percentuais de aumento em Salvador, Bahia, na (SUVISA). No período
de 2019 a 2020, a Dengue foi registrada com percentual de 6,98 % de
aumento, já os casos de Zika com 56,66% de aumento e Chikungunya de
191%. Ademais, a situação epidemiológica pós pandêmico, no período de
2022, os casos de arboviroses foram registrados: Dengue, com taxa de
incidência de 656,3 casos por 100 mil habitantes no Brasil. Chikungunya, taxa
de incidência de 79,8 casos por 100 mil habitantes no Brasil. E Zika,
correspondendo a uma taxa de incidência de 4,3 casos por 100 mil habitantes
no País. Em comparação aos períodos pandêmicos (2019/2022), ocorre
apenas o aumento da Chikungunya.  
(MEDEIROS ARNALDO; SOARES BRENO; FERNANDES CÁSSIA et al., Vol
26, 2022.)

As arboviroses variam desde febre moderada à grave, erupções cutâneas,


síndromes hemorrágicas até síndromes congênitas com complicações
neurológicas irreversíveis. A semelhança de alguns sintomas e alterações
bioquímicas entre as infecções por arbovírus e outras doenças, como Covid-19,
dificultam o diagnóstico. O diagnóstico pode ser feito pela reação em cadeia
polimerase (PCR) que detecta o material genético do vírus no sangue, além de
exames laboratoriais, como a sorologia. É importante que o diagnóstico seja
feito rápido, pois com a semelhança de sintomas conclui que dificulta as
medidas profiláticas e preventivas para novos surtos de arboviroses. (LICÍNIO
CHRISTIANE; AYRES FLÁVIO, 2021)

Quando a questão é o tratamento para arboviroses, a resposta é que não


existe tratamento específico para as arboviroses. Na verdade, o tratamento é
por meio do controle de sintomas. Nos casos febris recomenda-se o uso de
antitérmicos e analgésicos. Em casos mais graves, pode ser necessária a
internação em hospitais para o controle dos sintomas. Na verdade, os
pacientes precisam de repousos, pois é nítido o agravamento dos casos que
não seguem tal preceito. Por conta disso são necessárias ações de
comunicação social e controle químico/biológico com inseticidas e larvicidas
em locais com armazenamento indevido de pneus, garrafas e lixo, juntamente
com a vedação de caixas d’água. (ALVES JOÃO; LORENZO NATALIA;
MENDONÇA CLÁUDIO et al., 2014)

As arboviroses frequentes e urbanas são: Dengue, Chikungunya e Zika,


transmitidas pelo mosquito Aedes  aegypti, os principais sintomas são febre,
dores nas articulações, manchas vermelhas na pele e coceira, além disso
deve-se ter o cuidado com a água parada, pois é um bom ambiente para a
proliferação do mosquito Aedes aegypti. Um dos principais fatores sociais que
influenciam na distribuição do Aedes aegypti são os depósitos de água nos
domicílios ou em áreas de uso coletivo como cemitérios, borracharias,
depósitos de lixo comum que servem como locais de criadouros para os
mosquitos. Objetivo sintetizar as ações desenvolvidas para o enfrentamento ao
Aedes aegypti no Brasil. Trata-se de um estudo bibliográfico, descritivo, tipo
revisão integrativa. (GIOVANETTI MARTA, MARCELLO
ALESSANDRO,2019; VIEIRA DIANE et al., 2018)
 
 Qual a influência do período pandêmico nos casos de arboviroses no Brasil?

Muitos casos foram deixados de lado, e não computados como arboviroses


( dengue, chikungunya e zika) por conta da abrangência de casos de covid-19
nesse período de pandemia e a mobilização de campanhas contra a COVID-
19, o que fez com que os casos de arboviroses se tornassem subnotificações e
números menores. Sendo assim, muitos casos que eram de arboviroses
acabaram sendo designados como covid, por conta da semelhança em
sintomas.

METODOLOGIA

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Tratou-se de um estudo documental do tipo exploratório-descritivo com

abordagem qualitativa e utilizou dados do TABNET no sistema DATASUS para

elaboração do artigo. De acordo Gil (2008): a pesquisa documental é

semelhante a bibliográfica, sendo desenvolvida na busca de dados não

processados em bancos de dados públicos e privados.

O enquadramento do estudo como pesquisa exploratória ocorre quando há

pouco conhecimento sobre a área temática a ser abordada. A pesquisa

exploratória contribui na busca por mais conhecimento e maior profundidade

sobre o assunto abordado. Nesse contexto o levantamento bibliográfico é

fundamental, pois significa o embasamento teórico de suporte ao estudo.

Silva (2003) destaca que a pesquisa exploratória é realizada em área que há

pouco conhecimento acumulado e sistematizado, proporcionando assim maior

familiaridade com o problema, tornando-o mais claro, ou ainda, para a


construção das hipóteses, prováveis soluções do problema. Portanto, a

pesquisa exploratória consiste no aprofundamento de conceitos preliminares

sobre determinada temática e contribui para o esclarecimento de questões

superficialmente abordadas sobre o assunto.

Na concepção de Silva (2003), a pesquisa descritiva tem como principal

objetivo a descrição das características de determinada população ou

fenômeno, ou ainda, o estabelecimento de relações entre as variáveis. A

pesquisa descritiva, usualmente, é considerada intermediária entre a pesquisa

exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem

tão arraigada quanto a segunda. Neste contexto, descrever significa

identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.

Segundo Gil [10]na  pesquisa documental, como os dados são  obtidos  de 

maneira  indireta,  ou  seja,  por  meio  de  livros, jornais,  papéis  oficiais, 

registros  estatísticos,  fotos,  discos, filmes  e  vídeos,  essas  fontes 

documentais  evitam  desperdício de tempo e constrangimento, possibilitando

obter quantidade e qualidade  de  dados  suficiente  para  a  realização 

pesquisa. Também   ressalta   que   algumas   pesquisas   sociais   somente

seriam  possíveis  por  meio  da  análise  de  documentos.  O  autor também 

apresenta  como  vantagens  da  pesquisa  documental: possibilitar  o 

conhecimento  do  passado;  possibilita  investigar processos de mudanças

sociais e culturais; permite a obtenção de  dados  com  menor  custo  e 

favorece  a  obtenção  de  dados sem constrangimento dos sujeitos.

A coleta de dados se deu a partir do levantamento em banco de dados do

DATASUS/TABNET no subsistema de Morbidade Hospitalar do SUS


(SIH/SUS). Foram pesquisados dados sobre casos de dengue, zika e

chikungunya entre os anos de 2018 a 2022. Também foram coletados dados

sociodemográficos no mesmo subsistema, como: (i) idade; (ii) sexo; (iii)

cor/raça; (iv) UF; (v) gestante e (vi) evolução.

A busca na literatura foi realizada em maio de 2023, nas seguintes bases de

dados: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS), na  Biblioteca  Virtual Scientific  Electronic

Library Online(SciELO). Destaca-se  que  as  bases  de  dados  LILACS  e 

BDENF,  foram consultadas através da BibliotecaVirtual  em  Saúde  (BVS). 

As  buscas  foram  realizadas  utilizando os ddescritores  em  Ciências  da 

Saúde  (DeCS)  da  Biblioteca  Regional  de  Medicina  (Bireme):  dengue,

chikungunya, zika, pandemia e arbovirose em português com auxílio dos

operadores booleano “AND”.

Para analisar os artigos coletados, foi utilizada a Análise de Conteúdo

(BARDIN, 2011), que é caracterizada como um conjunto de técnicas de análise

das comunicações, que pode expressar uma análise de significados (a análise

temática), como também uma análise dos significantes (análise léxica, análise

dos procedimentos). De acordo com Minayo (1994, p.74), “diz respeito à

descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das

aparências do que está sofrendo referendo comunicado”.

Portanto, a análise dos dados se procederá em três etapas: primeiramente

fazendo uma leitura flutuante, onde o pesquisador começa a ter uma visão

geral das opiniões dos participantes; a segunda será realizada uma leitura

exaustiva, ou seja, minuciosa e repetida de todos os dados coletados; e a


terceira será realizada a construção das categorias para melhor análise dos

dados.

O gráfico acima representa a distribuição dos casos de dengue pelo sexo. O


ano que representa o maior número de casos é o de 2019 para ambos os
sexos, nos anos seguintes: 2020 e 2021 houve uma queda no número de
casos. Em geral, o sexo feminino teve o maior números de casos em todos os
anos, exceto em 2022 que não houve casos.
O maior acometimento entre as mulheres pode estar relacionado à influência
do ambiente domiciliar, pois é um local onde ocorre significativamente a
transmissão dessa doença, tornando-as mais suscetíveis ao contágio. Outro
aspecto que justifica o maior número de casos notificados no sexo feminino é
devido à maior procura por assistência médica pelas mulheres, resultando em
maior número de diagnósticos e notificações. De forma oposta, o menor
número de casos no sexo masculino pode ser dado, também pela não procura
de atendimento médico, o que resulta em uma diminuição de casos notificados
em homens. As mulheres, na sua maioria, possuem acesso a políticas de
saúde que estimulam a procura de atendimento em detrimento dos homens, o
que pode acarretar um viés nas comparações entre as taxas encontradas.
(SCHULTS; SANTOS; PATIELLY; 2022)

O maior registro de casos em mulheres foi observado em gráficos. O sexo


feminino foi o registro de maior ocorrência entre as notificações de dengue e
febre de chikungunya, o que também corrobora com as notificações de outras
arboviroses ou de outros agravos no país (BRASIL, 2015). Adicionalmente,
outros estudos epidemiológicos realizado no país em recortes temporais
próximos também apontaram maior predominância de casos de dengue no
sexo feminino e adultos jovens, podendo demonstrar a possibilidade das
mulheres em fase adulta se apresentarem mais vulneráveis a este agravo.
(AGUIAR, 2014; ROQUE; DOS SANTOS; MEDEIROS, 2015; SANTOS, 2020).
O gráfico acima representa a distribuição dos casos de Dengue por raça. O
ano que representa o maior número de casos é o de 2019 para todas as
raças, seguido do ano de 2020. Assim, a maior concentração de casos ocorre
na população parda seguido da população branca, entretanto as populações
menos atingidas foram as
indígenas e amarelas.
 
Em contradição ao gráfico, alguns estudos genéticos envolvendo gravidade de
dengue e marcadores genéticos de ancestralidade, apontam que indivíduos
afrodescendentes são menos suscetíveis às formas clínicas graves da doença
e que ocorre o maior risco de ocorrência em bairros com maiores percentuais
de residentes que se autodeclaram da cor/raça preta. No âmbito ecológico,
esse fato pode ser justificado pela marcada vulnerabilidade histórica desse
grupo, de natureza social e econômica, que por sua vez se reflete nos
diferenciais de morbidade e mortalidade, no comportamento em face à doença
e no acesso e uso dos serviços de saúde.
(SANTOS, 2012)
 
Alguns estudos genéticos envolvendo gravidade de dengue e marcadores
genéticos de ancestralidade, nos quais indivíduos afrodescendentes são
menos suscetíveis às formas clínicas graves da doença, os achados
apontaram maior risco de ocorrência das formas graves em bairros com
maiores percentuais de residentes que se autodeclaram da cor/raça preta. No
âmbito ecológico, esse fato pode ser justificado pela marcada vulnerabilidade
histórica desse grupo, de natureza social e econômica, que por sua vez se
reflete nos diferenciais de morbidade e mortalidade, no comportamento em
face à doença e no acesso e uso dos serviços de saúde. (SIERRA; BARATA,
2007; BLANTON,2008; VICTORIA, 2010

DENGUE-Casos Prováveis por Ano 1º Sintoma(s) e


Gestante
800000
600000
400000
200000
0
co tre tre tre da o a
an es es es ra Nã l ic
B r o Ap
n/ rim rim rim gn se
Ig T T T lI o
1º 2º 3º na Nã
a ci o
st
ge
e
ad
Id

2018 2019 2020 2021 2022

O gráfico acima representa a distribuição de casos prováveis de Dengue


em gestantes. Em 2019 houve elevação dos casos, seguido pelo ano de
2020. A partir de 2022 revela decrescente o número de casos, e em
2018 apresenta a menor contagem. A idade gestacional ignorada
apresenta ser a menos afetada pelos casos.
 
De maneira análoga ao gráfico, houve uma grande redução no período de
2018, já nos ciclos pandêmicos de 2019 a 2020, foi revelado um crescimento.
Foi visível que diante desses casos, a dengue sem sintomas foi o principal
apresentado entre as mulheres gestantes, dentre abaixo da média se
apresenta a dengue de sintomas graves.
(Gill, Javier, 2019; Rios-González, 2020; Carlos Miguel, 2018.)

Em discordância ao gráfico, pode ser revelado ao período pré-


pandêmico como mais significativo de crescimento de casos, pelos
períodos de 2016 a 2018. E logo em seguimento, o ciclo “pós”
pandêmico, 2021, representou um crescimento, de acordo com os dados
epidemiológicos do Ministério da Saúde. Estima-se que esse
crescimento se deve às consequências das medidas de restrição
impostas pelo período da pandemia, além das mudanças climáticas de
algumas regiões do Brasil, tendo ênfase a Minas Gerais e Espírito
Santo, onde as chuvas aumentaram e os casos de dengue cresceram
consideravelmente. 
(Marcela Raíssa et al., 2021).
O gráfico acima representa a distribuição de casos de dengue pela faixa etária.
O ano que representa o maior número de casos para todas as faixas etárias é
o de 2019, seguido do ano de 2020. A faixa etária de 20-59 anos obteve maior
número de casos desde o ano de 2018 até 2022. Enquanto, a faixa etária de 80
anos e acima dessa idade foi a menos atingida, obtendo menor número de
casos, registrados apenas nos anos de 2019, 2020 e 2021.

Em concordância com o gráfico, as maiores incidências ficaram entre a faixa


etária de 20-59 anos. Apesar de variações anuais, observou-se tendência
estacionária para incidência segundo faixa etária e macrorregião. Todas as
macrorregiões tiveram maior incidência de dengue na faixa etária de 20 a 59
anos, embora todas as idades sejam susceptíveis. Da mesma forma, o mesmo
resultado foi evidenciado em outros estudos, correspondendo a uma parcela da
população economicamente ativa, com maiores deslocamentos. O receio da
população em procurar os serviços de saúde, o deslocamento dos profissionais
de saúde e a subnotificação das arboviroses durante a pandemia da COVID-19
podem ter contribuído para esse cenário. (LEANDRO, GUSTAVO CEZAR
WAGNER; CICCHELERO, LAIZ MANGINI; PROCOPIUK, MARCIA, 2022)

Em discordância ao gráfico, 10.101 dos casos de dengue estão na faixa etária


de 25 a 44 anos, o que impacta a produtividade e gera ônus econômico para o
sistema de saúde e para as famílias. Em relação à idade, as altas incidências
de dengue nos anos analisados trazem um impacto negativo importante para a
sociedade, pois afetou, principalmente, a faixa etária componente da população
economicamente. Isso pode ser atribuído ao contexto da pandemia do novo
coronavírus, ocasionando a COVID-19, uma vez que a população tem mais
cuidado objetivando a contenção da disseminação do vírus e tem como
consequência o controle de vetores. Outra hipótese é de que, devido à
pandemia, a dengue foi subnotificada. Isso se dá devido aos esforços
intensificados no combate à COVID-19, resultando em uma subnotificação da
real quantidade de casos de dengue neste ano. (TEIXEIRA, LARISSA
SCHULTS; MOTA, MARIANA SANTOS; OLIVEIRA, NÚRYA PATIELLY
TEIXEIRA, 2022) 
O gráfico acima representa a distribuição dos casos de Zika pela
escolaridade. O ano que apresenta o maior número de casos é o de 2019
para todas as escolaridades. É importante destacar que para brancos; da 5° a
8° série incompleto e completo; educação superior completa e os que não se
aplica, demonstram grande número de casos durante os anos de 2019 a
2021.

Os níveis mais baixos de escolaridade estão relacionados a uma maior


proporção de casos de arboviroses visto que o grau de escolaridade pode
estar relacionado a incapacidade da eliminação dos focos do vetor, da
mesma maneira que a baixa procura pelos serviços hospitalares após
aparecimento de sintomas. Isso geraria dificuldade no entendimento das
medidas contra essas arboviroses, favorecendo, assim, o aumento do
número de casos suspeitos. (LEMOS; DA SILVA; FILHO; LOPES ET AL.,
2022.)
 
Em contrapartida, a maior parte dos casos notificados e confirmados,
atinge sobretudo a população feminina, jovens, de cor parda e aqueles
com menor grau de escolaridade. Dessa forma, a análise espacial que
foi feita pelos autores do artigo, identificou os grupos e municípios de
maior concentração, permitindo que estratégias para o controle dessa
arbovirose possam ser implementadas. (LEMOS; DA SILVA; FILHO;
LOPES ET AL.,2022)

O gráfico acima representa a distribuição dos casos de Zika em gestantes. O


ano que apresenta o maior número de casos é o de 2019 com o 1° trimestre, 2°
trimestre, 3° trimestre, não e não se aplica. Vale destacar que o ano de 2019 só
é menor que o de 2020 no número de casos em brancos. A idade gestacional
ignorada é a menos afetada pelos casos.

Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde do Brasil evidenciou uma


possível relação entre a infecção pelo Zika e a microcefalia em recém-nascidos
após exames em um bebê, nascido no Ceará. Pesquisas científicas também
averiguaram essa temática, como uma investigação no estado de Sergipe, que
apontou a existência de uma relação transitória entre a circulação do vírus e a
ocorrência de microcefalia nos recém-nascidos. (DE SOUSA; MENDES;
MUFATO; QUEIRÓZ,2018.)
As gestantes no primeiro trimestre de gestação são consideradas populações
de risco para infecção por Zika vírus, por ser a fase de formação fetal. No
segundo trimestre existe o risco de malformação desencadeada pelo vírus,
porém em menor grau. A partir do terceiro trimestre os riscos estão reduzidos,
visto que o feto encontra-se formado(s). (DE SOUSA; MENDES; MUFATO;
QUEIRÓZ,2018.)

O gráfico acima representa a distribuição dos casos de zika pela evolução. O


ano que apresenta o maior número de casos e óbitos é o de 2019, seguido do
ano de 2018. No ano de 2021, apesar de ter tido maior número de casos do
que 2018, teve menor número de óbitos. No entanto é perceptível que o ano
de 2020 foi o ano de menor número de casos e óbitos.

Tratando-se de zika vírus, foram notificados 69.351 casos, sendo que 45.069
(64,9%) obtiveram cura, 22 (0,03%) foram ao óbito, 283 (0,4%) foram ao óbito
por outros motivos e 23.977 (34,5%) não tiveram os dados de evolução
preenchidos no intervalo analisado. As informações equivalem ao gráfico mas
os dados que não foram obtidos (acerca de 34,5%) se deu por conta das
limitações que ocorreu pela pandemia do Covid-19, que dificultou as medidas
de combate ao mosquito, além de prejudicar os sistemas de vigilância da
dengue nesses últimos dois anos(2021-2022). Esse período atrapalhou as
vistorias periódicas nos domicílios, realizadas pelos agentes de saúde em todo
o país. Além disso, os municípios ficaram com suas equipes de vigilância bem
precarizadas e efetivamente cansadas por toda a demanda durante esse
período de 2021 até 2022. (DOMINGUES, 2022)

Com relação aos dados de zika, ocorreram 5.699 casos prováv eis até a
Semana Epidemiológica de 2022, correspondendo a uma taxa de incidência de
2,7 casos por 100 mil habitantes no País. Em relação a 2019, os dados
representam um aumento de 14,4% no número de casos no país. Quando
comparado com o ano de 2021, observa-se um aumento de 118,9% no número
de casos. E para os especialistas, o país apresenta condições ideais para uma
proliferação ainda maior do vírus do que a registrada até agora. O principal
fator é a resistência do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, e
que voltou a infestar centros urbanos no Brasil depois de duas vezes
erradicado nas últimas décadas. (PINTO, 2016)
O gráfico acima representa a distribuição dos casos de Zika pela raça. O ano
que apresenta o maior número de casos é o de 2019 para todas as raças,
seguido do ano de 2018. Apenas para a população parda em 2021 a
quantidade de casos supera o ano de 2018. Outro dado importante é a maior
concentração de casos na população parda seguida da população branca. As
populações menos atingidas são a amarela e a indígena.

De comparação ao gráfico foi dado que o mosquito Zika Vírus encontra mais
oportunidades de se inserir nas populações mais pobres e periféricas, tendo
nessa região a concentração majoritariamente de pessoas não brancas, se
encaixando nesse padrão a população de raça preta, amarela e parda. Sendo
de maneira análoga ao gráfico e explicativo o alto número de casos para a
população parda. Principalmente pelo fato pandêmico que influenciou esse
aumento entre os anos de 2019 a 2021, pela precariedade que a maior parte
dessa população passou durante esse período de consequências econômicas.
(MOURÃO MÔNICA; 2019.)

Em discordância ao gráfico, podemos relatar que a população mais acometida


pela fatalidade do Zika vírus diante os períodos pandêmicos (2019 a 2021) são
as populações de raça preta, que são acometidas por outras vulnerabilidades,
reforçando o padrão desigual e algoz historicamente marcado. (CRISTINA
CARLA, PINHEIRO LÍVIA, OLIVEIRA AGLAYA et al.,2022.)
O gráfico acima representa a distribuição de casos de chikungunya pela raça.
O ano que representa o maior número de casos para todas as raças é o de
2019. Somente para a população parda em 2021 o número de casos supera
todas as demais raças. Além disso, existe uma maior quantidade de casos na
população parda, seguida da população branca. As populações indígena e
amarela são as menos atingidas.

Em discordância ao gráfico, quanto à cor/raça, a maior quantidade de


notificações foi respectivamente em pessoas declaradas como brancos
(51,52%) e em negros (47,31%), sendo reflexo da proporcionalidade desta
classificação, tanto no estado do Rio de Janeiro, quanto em Cabo Frio.
(CARRILHO, NARA LIMA DE MELO; ALVES, MARIO RIBEIRO; RAFAEL,
RICARDO DE MATTOS RUSSO, 2023)

O presente estudo demonstrou que o perfil dos casos de chikungunya são


similares ao de outras cidades vizinhas, principalmente com territórios vizinhos
e da região do estado do Rio de Janeiro, embora tenha sido observado duas
características distintas (referente à maioria de notificações na raça/cor branca)
em relação ao que é visto na literatura. Tais dicotomias podem ser explicadas
pelo perfil da população em geral, mas também por ser um território de turismo,
uma região de casas de pessoas com renda e poder de compra superiores a
maioria, classe média.

Não obstante, pode-se entender também ser um território com investimentos


insuficientes no que tange à vigilância epidemiológica, com baixo número de
recursos humanos e de infraestrutura, exemplificado pelo perfil das
subnotificações e de incompletudes observado no banco de dados utilizado. A
crise política e econômica sofrida pelo município estudado no referido período
também deve ser considerada, podendo impactar nos resultados apresentados,
visto não garantir a estabilidade no quadro dos profissionais de saúde, gerando
demissões e novas contratações, dificultando o processo de capacitação e
educação permanente dos profissionais de saúde. (CARRILHO, NARA LIMA
DE MELO; ALVES, MARIO RIBEIRO; RAFAEL, RICARDO DE MATTOS
RUSSO, 2023)

Febre de Chikungunya - Todos os casos por ano 1º


sintoma(s) e sexo
120000

100000

80000

60000

40000

20000

0
Em branco Ignorado Masculino Feminino

2018 2019 2020 2021 2022

O gráfico acima representa a distribuição dos casos de Febre


Chikungunya  pelo sexo. De uma forma geral, em todos os anos houve um
número maior de  casos com o sexo feminino. O ano que apresenta maior
número de casos,  superando todos os outros anos é o de 2019, tanto para a
população feminina  quanto masculina, logo após o número de casos cai em
2020 e em 2021 volta  a ter considerado aumento. 

O sexo feminino foi o registro de maior ocorrência entre as notificações de 


dengue e febre de chikungunya, o que também corrobora com as notificações 
de outras arboviroses ou de outros agravos no país (BRASIL, 2015). 
Adicionalmente, outros estudos epidemiológicos realizado no país em recortes 
temporais próximos também apontaram maior predominância de casos de 
dengue no sexo feminino e adultos jovens, podendo demonstrar a
possibilidade  das mulheres em fase adulta se apresentarem mais vulneráveis
a este agravo  (AGUIAR, 2014; ROQUE; DOS SANTOS; MEDEIROS, 2015;
SANTOS, 2020). 

Quando avaliada a variável faixa etária mais acometida, percebe-se que


esta  corresponde às idades entre 30 e 40 anos incompletos. Ao ser
analisado  o sexo,observou-se a predominância do feminino, com 58,85% do
número de notificações. (MIRANDA, AVANILDE PAES et al, 2017.) 
O gráfico acima representa a distribuição dos casos de chikungunya pela
evolução. O ano que apresenta o maior número de casos e óbitos é o de
2019, seguido do ano de 2018. Em 2021, o maior número de casos do que
em 2020, foram registrados menos óbitos. No entanto, é perceptível que o
ano de 2022 foi o ano de menor número de casos, em que todos foram
curados e não se obtiveram número em óbitos.

Em concordância ao gráfico, a relação da febre de chikungunya, que foram


notificados, para o mesmo intervalo de tempo, 397.115 casos no país,
sendo que 266.035 (66,9%) obtiveram cura, 222 (0,05%) evoluíram ao
óbito, 774 (0,19%) foram ao óbito por outras causas, 92 (0,02%) estão com
o óbito em investigação e 129.992 (32,7%) não tiveram os dados de
evolução preenchidos. Assim, há a relevância de preencher corretamente
os dados de notificação compulsória, bem como o da evolução da doença,
visto que o número de dados não preenchidos é alarmante. (SANTOS;
COSTA; FEITOSA; LOTH; KLINGELFUS, 2022)

Em contradição ao gráfico, houve uma redução de 85% na notificação de


casos prováveis nos estados de todo país, com maior incidência em
Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santos e Mato Grosso do Sul, em relação
ao ano de 2020. Em números absolutos foram 3669 casos prováveis
notificados em 2020 e 552 casos prováveis notificados em 2021. Não houve
registro de óbitos confirmados por Chikungunya nos estados em 2021, até o
fechamento do boletim. Essa ausência, ainda se justifica pela dificuldade de
um controle eficaz sobre essas patologias, assim ressalta, ainda, a relevância
de preencher corretamente os dados de notificação compulsória. (ROMANO;
SILVA; PETERK; RAMOS et al., 2022)
O gráfico acima representa a distribuição dos casos de chikungunya em
mulheres gestantes. O ano que apresenta o maior número de casos é o de
2019, seguido pelo ano de 2021. Em 2020 o número de casos foi o menor
registrado entre as gestantes, seguido pelo ano de 2018.

Em concordância com o gráfico acima o ano de 2019 foi o pico de casos de


Chikungunya entre as mulheres gestantes, entretanto nos anos pandêmicos
não ocorreu um registro de aumento de casos da doenças o que gera uma
certa preocupação em termos epidemiológicos,para epidemiológicos já que a
Chikungunya acomete toda a população, todavia, grupos mais propícios
como as gestantes podem sofrer maiores complicações (DONALISIO et al.,
2017; CARVALHO et al., 2019).

O município de São José do Rio Preto foi a área onde apresentou grandes
infestações do mosquito transmissor Aedes aegypti que é endêmico para
Dengue, o que causou casos confirmados de microcefalia em neonatos pelo
vírus Zika, aumento de casos do vírus Chikungunya e vários relatos de
morte por Dengue (ESTOFOLETE et al., 2019).
Sobre os dados coletados no Brasil, pesquisas sorológicas para chikungunya e
zika são escassas. A soroprevalência das infecções por Chikungunya, Zika
e Dengue em gestantes foram 88,8 % sorologia positiva para Dengue, 47,2 %
para Zika e 28,4% para Chikungunya. Nota-se que a infecção por dengue é
mais frequente entre as gestantes do que infecção por Zika e Chikungunya.
(SREEKANTH R, VENUGOPAL L et al., 2022).

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