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BAIXAS COLATERAIS DE CONSUMO

 Danos Colaterais x Baixas Colaterais x Vítimas Colaterais

 O significado comum dos três conceitos listados acima é desculpar ações prejudiciais, justificá-las e
eximi-las de punição com base na ausência de intencionalidade.
 - Pertencem ao arsenal linguístico dos "estados de negação": negação de responsabilidade -
responsabilidade moral, assim como jurídica.
 Ex: ataque de míssil contra homem-bomba atingindo inocentes

 Problematização
 Será se foi mesmo um erro?
 Independentemente da resposta que a investigação de determinado caso possa apontar, há boas razões
para suspeitar que invocar o argumento da "falta de intencionalidade" tem o objetivo de negar ou isentar
a cegueira ética, condicionada ou deliberada. Explodir inocentes não foi considerado um “preço”
excessivo.
BAIXAS COLATERAIS DE CONSUMO
 Linguagem política

 É destinada a fazer mentiras soarem como verdades e o assassinato parecer respeitável, assim como dar
uma aparência de solidez àquilo que é puro vento (Martin Jay apud George Orwell). .

 Grande Mentira x Verdade Absoluta


 Seria mais aconselhável encarar a política como a luta sem fim entre montes de meias-verdades,
omissões maliciosas e narrativas conflitantes que podem se contrabalançar, mas nunca produzir um
consenso único.
 Ao exemplo dado, não se importaram particularmente com a possibilidade de os danos ultrapassarem os
limites presumidos do alvo propriamente dito, atingindo a área cinzenta do imprevisível
 Meia-verdade
 Foi um resultado colateral e é difícil provar que a verdade deles não é aceitável. O fato realizado não
necessariamente é inconsciente, mas sim, considerado como “acobertado” ou “mantido em segredo.
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 Baixas Colaterais Além da Política
 Além da mentira política, bem como a “omissão maliciosa” e “meias-verdades”, os “danos colaterais”
também pode ser relacionado à outras áreas.
 A forma pela qual as narrativas dominantes, ou que aspiram à dominação, traçam a linha que separa a "ação
intencional" das "conseqüências imprevistas" dessa mesma ação é também uma grande tacada na promoção de
interesses econômicos e no esforço para reforçar a vantagem competitiva na luta pela obtenção de lucros
financeiros.
 Consequência principal: comodificação total e abrangente da vida humana.

 O Desejo do Consumo
 Nas palavras de J. Livingstone, “q mercadoria penetra e transforma dimensões da vida social até então isentas
de sua lógica, até o ponto em que a própria subjetividade se torna uma mercadoria a ser comprada e vendida no
mercado, como a beleza, a limpeza, a sinceridade e a autonomia".
 Inferência: assim como a “meia-verdade” até que ponto um refrigerante ou comprar uma roupa que você não
precisa vai te gerar um bem estar em detrimento a uma lógica consumista. Que tem como consequência danos
a sua saúde e alimentar uma indústria desenfreada do mundo da moda.
BAIXAS COLATERAIS DE CONSUMO
 Materialização do Amor (Arlie Russel)

 Os trabalhadores são persuadidos a "precisar" de mais coisas. Para comprar aquilo de que agora
necessitam, precisam de dinheiro. Para ganhar dinheiro, aumentam sua jornada de trabalho. Estando
fora de casa por tantas horas, compensam sua ausência do lar com presentes que custam dinheiro.
Materializam o amor. E assim continua o ciclo.
 Casais têm tido problemas de ganhar dinheiro em função dessa materialização.

 Ciclo Vicioso da Materialização


 Quanto mais obtêm êxito em "materializar" a relação amorosa (como o fluxo contínuo de mensagens
publicitárias os estimula a fazer), menores são para o entendimento mutuamente compassivo exigido
pela notória ambigüidade poder/carinho do amor.
 Esse caminho se intensifica ainda mais com essa materialização, tendo em vista a dificuldade da retomada
de um caminho natural.
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 Analogia ao Mercado de Trabalho
 A velha utopia socialista a uma elite de trabalhadores do conhecimento situados na camada mais alta de
um mercado de trabalho cada vez mais dividido, outras empresas podem estar oferecendo cada vez mais
o pior do capitalismo inicial a trabalha dores semiqualificados e desqualificados".

 Prazeres individuais
 A busca por prazeres individuais articulada pelas mercadorias oferecidas hoje em dia, uma busca guiada e
a todo tempo redirecionada e reorientada por campanhas publicitárias sucessivas.

 Subclasse
 A pode ser vista como vítima coletiva dos "danos colaterais múltiplos" do consumismo. Nos últimos anos,
essa categoria recebeu o nome de "subclasse".
 “Classe trabalhadora” (oposta e complementar aos ricos, falta de emprego)” e “classe baixa” (era algo
temporário/esforço/sorte teria Ascenção).
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 Definição de subclasse

 Essa definição comportamental denomina pessoas pobres que abandonaram os estudos, não
trabalham e, caso sejam mulheres jovens, têm filhos sem o beneficio do casamento e vivem da
previdência social. A subclasse comportamental também inclui os sem-teto, mendigos e pedintes,
pobres viciados em álcool e drogas, além dos criminosos de rua.

 Consumidores falhos (inúteis)


 Numa sociedade de consumidores - um mundo que avalia qualquer pessoa e qualquer coisa por seu valor
como mercadoria —são pessoas sem valor de mercado; são homens e mulheres não-comodificados, e seu
fracasso em obter o status de mercadoria autêntica coincide com (na verdade deriva de) seu insucesso
em se engajar numa atividade de consumo plenamente desenvolvido.
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 Consumidores x Produtores

 A sociedade contemporânea admite seus membros primeiramente como consumidores; só de maneira


secundária, e em parte, os aceita como produtores.
 Ascenção: é preciso reagir pronta e eficientemente às tentações do mercado de consumo, contribuir com
regularidade para a "demanda que esvazia a oferta", enquanto em tempos de reviravolta ou estagnação
econômica se deve ser parte da "recuperação conduzida pelo consumidor“.
 Pobres e sem cartão de crédito estão fora. Eles têm, hoje, a competência ou aptidão de consumo, não a
do emprego.
 O maior problema atual para a indústria do consumo
 Hoje, o maior problema são os empregados que não consomem (consumidores falhos).
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 O Papel da Mídia
 A mídia colabora de bom grado com a polícia ao apresentar, a um público ávido por sensações, retratos
chocantes de "elementos criminosos", infestados pelo crime, pelas drogas e pela promiscuidade sexual,
que buscam abrigo na escuridão de lugares proibidos e ruas perigosas.

 Nazismo x exclusão do consumo


 “Essa violência foi cometida, permitam-me acrescentar, em meio ao silêncio ensurdecedor de pessoas
que particularmente se consideravam criaturas éticas e decentes, mas que não viam razão para que as
vítimas da violência, que há muito tempo já não eram consideradas membros da família humana,
devessem ser alvos de sua empatia e compaixão moral”.
 Cada tipo de ambiente social produz suas próprias visões dos perigos que ameaçam sua identidade,
visões feitas sob medida para o tipo de ordem social que ele busca atingir ou manter.
 Para tornar suportável a realidade diária, devem ser esmagados e empurrados para fora da cotidianidade
vivida e fundidos a um corpo estranho - um inimigo tangível dotado de um nome, um inimigo que se
possa enfrentar, e enfrentar novamente, e até esperar vencer.
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 A sociedade de consumo e “gostar” das exclusões
 O que se registrou nas últimas décadas como criminalidade crescente não é um produto de disfunção ou
negligência, mas um produto próprio da sociedade de consumo, legítimo em termos lógicos (se não legais).
 Quanto maior a demanda de consumo (ou seja, quanto mais eficaz for a sedução de potenciais clientes), mais
segura e próspera será a sociedade de consumo. Ao mesmo tempo, mais larga e profunda se tornará a lacuna
entre os que desejam e podem satisfazer seus desejos (os que foram seduzidos e prosseguem agindo da
maneira pela qual o estado de ser seduzido os estimula a agir) e os que foram seduzidos de forma adequada
mas são incapazes de agir da forma como se espera que ajam. Louvada como um grande equalizador, a sedução
de mercado também é um divisor singular e incomparavelmente eficaz.

 Tédio e o rebaixamento da rotina


 “O "tédio", a ausência ou mesmo interrupção temporária do fluxo perpétuo de novidades excitantes, que
atraem a atenção, transforma-se num espantalho odiado e temido pela sociedade de consumo.
 O consumo excessivo, aprendem eles, é sinal de sucesso, uma auto-estrada que conduz ao aplauso público e à
fama. Eles também aprendem que possuir e consumir certos objetos e praticar determinados estilos de vida são
a condição necessária para a felicidade
BAIXAS COLATERAIS DE CONSUMO
 Como surgiu o termo subclasse
 Nasceu em 1963 (Gunnar Myrdal), aqueles que ficavam de fora dos empregos da indústria norte-
americana, por falta de vaga pra toso. Revista Time (1977) destaca mães de drogados, criminosos,
viciados, fugidos da escola. Sem jeito. Estavam fadados ao fracasso.
 Aulleta (revista new yorker/ Wildcat Skills Training Centre): A sugestão implícita era que a eliminação da
pobreza, se é que chegava a ser concebível, não poria fim ao fenômeno da subclasse. Se alguém pode ser
pobre e ainda assim "operar dentro dos limites aceitos", então a pobreza não pode ser culpada e outros
fatores devem ser responsáveis pela queda para a subclasse
 Fadados à exclusão
 Além de viverem na pobreza, ou pelo menos abaixo do nível de prosperidade exigido, as pessoas
classificadas como "subclasse" são condenadas à exclusão social e consideradas incapazes de se afiliarem
a uma sociedade que exige que seus membros participem do jogo do consumismo segundo as regras
estabelecidas, justamente porque são, tal como os ricos e abastados, abertos às seduções muito bem
amparadas do consumismo - embora, de forma distinta dos abastados e dos ricos, não possam de fato se
dar ao luxo de serem seduzidos.
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 Estado Social
 A derradeira encarnação moderna da idéia de comunidade: ou seja, a encarnação institucional de tal idéia
em sua forma moderna de totalidade abstrata, imaginada, construída pela dependência, pelo
compromisso e pela solidariedade.
 “Seremos mais ricos se todos pudermos participar e ninguém for deixado de fora. Seremos todos mais
fortes se houver segurança para todo mundo e não apenas para uns poucos”.
 Chile e Brasil mostraram isso recentemente. "Estado social" na sociedade de consumidores não é
projetado nem praticado como alternativa ao princípio da escolha do consumidor - assim como não era
pensado nem funcionava como alternativa à "ética do trabalho" na sociedade de produtores.

 A defesa dos danos colaterais


 Na sociedade de consumido, seu propósito é proteger a sociedade da multiplicação das fileiras de
"vítimas colaterais" do consumismo: os excluídos, os prescritos, a subclasse. Sua tarefa é evitar a erosão
da solidariedade humana e o desaparecimento dos sentimentos de responsabilidade ética.
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 Neoliberalismo x Grã Bretanha (Thatcherismo)

 Margaret Thatcher (dama de ferro/neoliberal) será lembrada está sua descoberta da inexistência da
sociedade: "Não há algo como uma 'socieda de' ... Existem apenas indivíduos e famílias“.

 Declínio do Estado Social


 Há poucas dúvidas de que o crescimento do ativismo de consumo está ligado ao declínio das formas
tradicionais de participação política e engajamento social", é o veredicto de Furedi com base em seu
estudo amplamente documentado.
 "como não há mais nada a que se recorrer, é provável que as pessoas abandonem toda a noção de
coletivismo e, portanto, qualquer senso de sociedade democrática e recorram ao mercado
 Muito mais pessoas declaram seu maior interesse por qual quer coisa que tenha sido apresentada nas
manchetes dos jornais ou nos noticiários de TV. Consideram valer mais a pena do que o esforço de
caminhar até a cabine eleitoral para dar seu voto a um dos partidos políticos oferecidos à sua escolha.
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 Bombardeio de manchetes
 Além do mais, já que numa sociedade supersaturada de informação, as manchetes servem principalmente (e de
maneira efetiva!) para eliminar da memória as manchetes do dia anterior, todos os assuntos por elas
reclassificados como de "interesse público" têm apenas uma pequena chance de sobreviver do dia da última
pesquisa de opinião até a data das próximas eleições.
 “Os estudantes de hoje têm de lidar com muitas coisas - a pressão para tirar uma boa nota, a necessidade de
trabalhar em tempo parcial para se sustentarem e obterem uma experiência de trabalho para garantir que seus
currículos se destaquem na multidão.... Não surpreende que a política esteja na base da pilha de prioridades
para esta geração, embora, em termos reais, ela nunca tenha sido mais importante”.
 Apatia politica
 É um estado mental ou destino político provocado por forças, estruturas, instituições, ou por uma manipulação
da elite sobre a qual se tem pouco controle e talvez pouco conhecimento. Solução: retomada de um sentimento
democrático que mudou muita coisa lá atrás.
 Experimento Social (Sonho Tcheco)
 algo novo e surpreendente (supermercado). Em estágios posteriores, a campanha deliberadamente perturbou e
desorganizou com sucesso as rotinas dos espectadores, incitados a refletir sobre suas práticas diárias de compra,
habituais e monótonas, e assim convertendo essas atividades até então.

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