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OPINIÃO 9
Moda como
expressão
Por Juiz de Fora
JOSÉ ELOY DOS SANTOS CARDOSO
A economia 1975, o Japão já tinha adotado o modelo. No en-
O
Economista, professor e jornalista tanto, isso só funcionaria no caso de empresas
LUCIANA CRIVELLARI DULCI
Socióloga e professora da Universidade s últimos acontecimentos
da cidade e a da que fossem pertencentes ao mesmo ramo. No ca-
so de Juiz de Fora, em que há uma infinidade de
Federal de Ouro Preto patrocinados pela Agência
de Desenvolvimento de
Zona da Mata empresas, isso não funcionaria. Como seriam re-
partidos os custos de manutenção (overhead),
Nas últimas décadas, a projeção
mundial da moda no vestuário levou
Juiz de Fora e Região e a Fe-
deração das Indústrias do
têm novas compras ou vendas compartilhadas? Quem se-
riam os responsáveis pela administração e os cus-
o mundo a prestar mais atenção nesta
manifestação simbólica. A economia
Estado de Minas Gerais
(Fiemg), Regional da Zona
oportunidades tos indiretos?
Por último, será útil lembrar as dificuldades de
foi a primeira a se interessar por esse
lucrativo universo. No modo de pro-
da Mata, fazem-nos racioci-
nar a respeito de vários
para crescer, prolongação dos distritos industriais até os limi-
tes de municípios entre Juiz de Fora e Ewbank da
dução capitalista, tudo o que pode dar
lucro se transforma em produto. O
anos vividos nesse problema. Participamos de to-
dos os grandes projetos implantados em Minas
mas não cabe Câmara, ou até os limites da área da Mercedes-
Benz. Quem se responsabilizaria, no caso dos ter-
vestuário, que já foi confeccionado de
modo integralmente artesanal, adere
nos últimos 40 anos, começando pelo maior pro-
jeto impactante do desenvolvimento mineiro, que
otimismo renos não pertencerem à Prefeitura de Juiz de Fo-
ra, pelos anteprojetos, os projetos técnicos, a im-
à produção em massa, no século 20, e
as confecções prontas para vestir tor-
foi a Fiat Automóveis. Seria útil comentar alguns
projetos previstos para Juiz de Fora e Zona da Ma-
exagerado plantação da infraestrutura indispensável e até
mesmo das licenças ambientais?
nam-se acessíveis a um número cada ta. Não é tão fácil fazer as coisas acontecer. É preci- Os anunciados 8 mil futuros empregos serão
vez maior de pessoas. A produção em so ter os pés no chão, e não viver de hipóteses. em grande parte de projetos já consolidados ou
grande escala barateia o custo do ves- Começamos pelo projeto do Expominas JF, a se localizar em determinado município para, em construção como a Codeme, a Mercedes-Benz,
tuário, contribuindo para o aumento que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) quer tornar depois, procurar um local onde colocá-las. Os fa- o Porto Seco, a Votorantim e a própria Arcelor, cu-
do consumo de roupas e um questio- mais produtivo na agenda de eventos. Para assu- lados 8 milhões de metros quadrados em que se jo projeto foi postergado. Muitos políticos ou em-
namento aparece frequentemente: a mir a administração desse espaço a PJF terá que poderiam localizar empresas em JF estão disper- presários poderão achar este artigo pessimista.
produção em massa padroniza as es- desapropriá-lo ou assumir sua administração, o sos. São pequenas áreas pertencentes a particu- Pelo contrário, acreditamos que a Zona da Mata
colhas no vestuário? Ou será que um que implica custos. A PJF não tem ou terá recur- lares, que pedem fortunas por elas. Se a prefeitu- terá, principalmente em função dos projetos que
maior acesso aos elementos que com- sos para isso e a Companhia de Desenvolvimento ra não tem dinheiro nem para adquirir os terre- o aeroporto internacional vai certamente alavan-
põem o vestuário permite caracteriza- Econômico de Minas Gerais (Codemig) não pode nos, como faria para investir nas obras de infraes- car, um grande futuro.
ções personalizadas? Acredito que as ceder o espaço gratuitamente. O Expominas JF foi trutura como terraplanagem, vias asfaltadas, sis- No entanto, experiências de mais de 40 anos
pessoas, ao cuidar da aparência, sigam localizado fora da malha urbana, distante 20 tema de esgotos sanitários ou de águas servidas, com locações e atrações de empresas para um
padrões criados ou difundidos por ou- quilômetros do Centro da cidade, à beira de uma captação de água, ligações telefônicas, de energia dado município mostram que desenvolvimen-
tros que exerçam forte influência so- rodovia movimentada como a BR-040. elétrica e outras? É claro que empresas como a to econômico municipal, regional ou até estad-
cial, mesmo que não diretamente liga- O segundo problema é a ausência de outros Codeme, que está se instalando em Juiz de Fora, ual foi, é e será sempre assim. Nada de otimis-
dos ao mundo da moda. Contudo, só distritos industriais (DIs) em JF. O modelo, dife- ou a falada Ferrous, possuem recursos e pode- mos exagerados ou de políticos, que, em ante-
somos guiados pelas ideias em que rentemente do que vem sendo pregado, ainda riam resolver os impasses, inclusive as indispen- vésperas eleitorais, já começam a anunciar con-
acreditamos. O vestuário é uma das predomina no mundo. Por isso Contagem, Be- sáveis licenças ambientais. quistas. Se não forem criados os falados 8 mil
esferas da cultura que permitem tim, Montes Claros e até Uberlândia já estudam Quanto aos consórcios empresariais, que se- empregos em Juiz de Fora, que sejam menos. É
maior liberdade de expressão. construir mais DIs. É erro primário imaginar que riam terrenos, galpões ou prédios compartilhados melhor ter 1 mil novos empregos do que ficar es-
Se já houve um se pode primeiro identificar empresas dispostas ou de multiuso, não se trata de novidade. Em tacionado no tempo.
tempo em que as
pessoas que não se-
O vestuário guiam a moda em
é uma das vigor eram despres-
tigiadas socialmen-
esferas da te, hoje os padrões
cultura que conhecidos não pre-
cisam ser seguidos
permitem com rigor. Principal-
mais mente porque não
existe mais uma
liberdade moda única, central
e difusora de ten-
dências para os modos de vestir de toda
a sociedade. Existem várias modas. E as
múltiplas modas trazem a possibilida-
de da expressão das singularidades e vi-
sões de mundo de cada um. Digamos
que isso acontece até que várias pessoas
comecem a se vestir de maneira seme-
lhante, indicando uma imitação por
identidade, afinidade. Então aquele mo-
do de vestir deixa de ser singular e pas-
sa a se constituir em uma moda. A mo-
da é sempre uma expressão social. Está
na origem de seu conceito. Só existe
moda se várias pessoas se orientam por
padrões semelhantes, na ornamentação
de sua aparência. Moda, no sentido ori-
ginal da palavra, é o conceito usado pa-
ra descrever fenômenos sociais caracte-
rizados por alterações temporais dos
costumes, escolhas e gostos. Existe na
arquitetura, na música, na linguagem,
nas religiões, nas ideologias etc.
Ultimamente, mais do que em qual-
quer outra área, moda passou a signifi-
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