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EDIÇÃO 1 FEV.

2024

Influenciadores digitais
Eles têm uma vasta lista de seguidores interessados em informações sobre os mais
variados assuntos. A popularidade de um influenciador pode ser igual à de uma
celebridade do Cinema ou dos esportes. Por isso, o que ele expressa nas redes sociais
requer muita responsabilidade.
editorial
Vozes fortes na internet
A internet, a cada dia, oferece uma série de facilidades que transformam a socie-
dade. Com um toque na tela do celular, tudo se torna mais fácil. Hoje, grande parte
da atenção das pessoas está voltada às redes sociais. Esse interesse no mundo vir-
tual traz diversos tipos de transformações, entre elas as relações de consumo.

É com base nessas relações que a atividade do influenciador digital atrai projetos
publicitários e de marketing.

O influenciador, em geral, se especializa em um tema para levar mensagens aos


seus seguidores. Ele pode falar de moda, de futebol, de cinema, de literatura etc.
E há influenciadores que atraem muitos seguidores, o que chama a atenção das
empresas que querem promover seus produtos em um espaço que se equipara ao
antigo “horário nobre da televisão”.

Além disso, o trabalho do influenciador desperta o interesse de jovens, que veem


na profissão uma possível carreira, com a expectativa – ou será ilusão? – de um
trabalho fácil, divertido e que renda muito dinheiro.

Esta edição traz informações e reflexões sobre o influenciador digital, incluindo


sua responsabilidade ao levar informações ao público.

A seção “Contexto” aborda o trabalho do influenciador e como ele está sujeito à le-
gislação atual. A responsabilidade do influenciador pelo que divulga é o tema da
seção “Entrelinhas”. Na seção “Carreira”, vamos nos aprofundar no trabalho desse
profissional. A seção “Parêntese” traz uma análise sobre um fenômeno atual: in-
formações negativas atraem mais público?

A seção “Mosaico Cultural” também trata da responsabilidade do influenciador. In-


dicamos o filme Dinheiro fácil, que aborda uma história real do mundo dos inves-
timentos na Bolsa de Valores, no qual um influenciador dita aos seus seguidores o
que devem fazer no dinâmico e arriscado jogo de compra e venda de ações. A seção
traz ainda agenda de eventos e dicas de vídeos e livros relacionados ao tema.

Boa leitura!

Equipe Leia Agora


nesta edição
#emfoco entrelinhas agenda #ficadica
Na rede pública, mais A atividade do O Influent Summit O minidocumentário
de 50% das crianças influenciador digital 2024 vai ser Influenciadores mostra
do 2o ano do Ensino não é regulamentada realizado nos dias o dia a dia de dois
Fundamental não por lei, mas está 7 e 8 de março, influenciadores digitais
conseguem ler. sujeita às regras na Arena XP, em e o que os motivou a
legais das campanhas São Paulo. se dedicarem a essa
publicitárias. atividade, as dificuldades,
as conquistas e como
lidam com as críticas.

Contexto

O mundo dos
influenciadores

Alena Niadvetskaya /iStockphoto.com


A profissão é uma das mais desejadas do
momento, principalmente pelos jovens, mas
ainda necessita de regulamentação e de
reflexão por parte dos internautas.

Carreira

Influência digital
Arquivo pessoal/Sarina Gomes

O influenciador digital, basicamente, é um


formador de opiniões. Por meio de suas postagens
nas redes sociais, ele desperta o interesse dos
internautas por determinado tema.

Parêntese

Escondendo
elogios
JakeOlimb/iStockphoto.com

Como estratégia para ter mais visualizações,


muitas postagens trazem um título
negativo e agressivo.

Mosaico Cultural

O influenciador e
seus seguidores
Tatiana Smirnova/iStockphoto.com

O filme Dinheiro fácil propõe uma reflexão sobre o


poder de persuasão de um influenciador digital e a
possibilidade de prejudicar seus seguidores, mesmo
que involuntariamente.

EXPEDIENTE
REVISTA LEIA AGORA
Copyright © Poliedro Sistema de Ensino, 2023.
Todos os direitos de edição reservados ao Poliedro Sistema de Ensino. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal, Lei 9.610 de 19
de fevereiro de 1998. ISBN 978-65-5613-127-6

Presidente: Nicolau Arbex Sarkis.


Edição: Cláudio Leyria e Rogério Fernandes Salles.
Design: Adilson Casarotti.
Diagramação: Débora Guedes.
Licenciamento e multimídia: Leticia Palaria de Castro Rocha e Izilda Monte Alto da Silva Canosa.
Revisão: Madrigais Editorial.

Créditos de capa: Adilson Casarotti; Visual Generation/Shutterstock.com.


O Poliedro Sistema de Ensino pesquisou junto às fontes apropriadas a existência de eventuais detentores dos direitos de todos os textos e de todas as imagens presentes nesta obra didática.
Em caso de omissão, involuntária, de quaisquer créditos, colocamo-nos disposição para avaliação e consequente correção e inserção nas futuras edições, estando, ainda, reservados os direitos
referidos no Art. 28 da lei 9.610/98.

Poliedro Sistema de Ensino


T. 12 3924 -1616
sistemapoliedro.com.br
Conferência Nacional de Educação (Conae)
2024, na UnB, em Brasília. De 28 a 30 de
janeiro, cerca de 2.500 representantes
da sociedade civil, de vários segmentos

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


educacionais e setores sociais, e de entidades
que atuam na educação ou em órgãos do
poder público discutiram propostas para
a educação no país.

Destaque

Na rede pública, mais de 50% das crianças do 2o ano


do Fundamental não conseguem ler
Mais da metade das crianças do 2o ano do Ensino Fundamental da rede pública não
aprenderam a ler e escrever. A informação é do Fundo Internacional de Emergência das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base nos dados do Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb) de 2021. Segundo o Unicef, os resultados indicam que 56%
dos alunos não foram alfabetizados na faixa etária esperada e eles se somam a
outros milhares de meninas e meninos no Brasil que estão na escola sem saber ler
e escrever. A situação já era preocupante antes da pandemia de covid-19, quando o
país registrava quase 40% de crianças não alfabetizadas no segundo ano do ensino
fundamental, e se agravou ao longo da emergência mundial.
30 jan. 2024 – Agência Brasil

Menos de 8% das cidades brasileiras têm leis de


antenas adaptadas a 5G
Presente em mais de 3 mil municípios e beneficiando 140 milhões de brasileiros, a
tecnologia 5G enfrenta um entrave para a expansão. A falta de legislações atuali-
zadas impede a instalação da infraestrutura necessária para a melhoria do sinal.
Segundo levantamento da Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as empre-
sas de telecomunicações e de conectividade, apenas 399 dos municípios brasileiros
(7,16% do total) atualizaram as leis de antenas locais à tecnologia 5G. O problema
afeta inclusive grandes cidades. Quatro capitais – Belo Horizonte, Fortaleza, Natal
e Recife – não adaptaram a legislação de telecomunicações ao 5G, embora tenham
esse tipo de sinal. Entre as cidades do interior e de regiões metropolitanas de mais
de 500 mil habitantes, oito não têm legislação adequada a 5G: Aparecida de Goiânia,
Campinas, Contagem, Guarulhos, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Serra e Vila Velha.

28 jan. 2024 – Agência Brasil

Encomendas tomam lugar de envelopes na rotina


dos carteiros
A profissão de carteiro já foi tema do samba-canção “Mensagem”, com os versos
“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou, com uma carta na mão”, interpre-
tado pelas cantoras Isaurinha Garcia e, mais recentemente, por Maria Bethânia.
Porém, aquele contexto de espera por uma correspondência, de meados do século
passado, mudou bastante nas últimas décadas. No lugar de cartas manuscritas,
como as retratadas no filme Central do Brasil, os centros de distribuição e agências
dos Correios estão abarrotados de encomendas, com compras feitas pela internet
e vindas, sobretudo, da Ásia. Ainda há correspondência? Sim, há. Mas telegramas,
cartões-postais e envelopes com selo colado que traziam declarações de amor, fo-
tografias de parentes, e até dinheiro embrulhado, atualmente foram substituídos
pelo grande volume de cobranças, cartões de bancos, multas de trânsito, documen-
tos e diferentes tipos de cartas registradas.

24 jan. 2024 – Agência Brasil

AGU celebra parceria com cooperativas de coleta de


material reciclável em Brasília
O sorteio para definir a ordem das quatro cooperativas que foram habilitadas
para recolher o material reciclável da Advocacia-Geral da União (AGU) em Brasí-
lia (DF) pelos próximos cinco anos foi realizado em 30 de janeiro, em uma das
sedes da instituição. Além da AGU, as entidades (Nova Superação, Reciclamais,
Reciclagem do Varjão e Construir) atenderão ao Arquivo Nacional, 11a Circunscrição
Judiciária Militar e Superior Tribunal Militar (STM). Segundo dados do Movimento
Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), o país tem hoje cerca de
800 mil catadores e catadoras. A maioria, cerca de 70%, são mulheres. Não por aca-
so, portanto, as quatro cooperativas habilitadas para prestar serviço para a AGU em
Brasília são presididas por mulheres.

7 nov. 2023 – Agência Gov

Brasil e Bolívia assinam memorando para produção


de fertilizantes
Brasil e Bolívia assinaram em 30 de janeiro, no Palácio do Itamaraty, um memo-
rando de entendimento que tem por objetivo aumentar a produção de fertilizantes
nos dois países. O acordo prevê, entre outras ações, a realização de estudos para
construção de fábricas de fertilizantes nitrogenados nos dois países. A Bolívia tem
grandes reservas de gás natural, fundamental para a produção dos nitrogenados,
além de minerais usados em outros tipos de nutrientes, mas carece de capacitação
e de recursos para desenvolver suas cadeias – carência que o memorando tenta re-
duzir ao prever ações de cooperação técnica, plano de desenvolvimento industrial
e programa de atração de investimento, entre outras medidas.

7 nov. 2023 – BBC

¡Mira esto!

Elon Musk dice que por primera vez un ser humano


recibió un implante cerebral
La controvertida startup Neuralink de Elon Musk ha implantado un chip en un cerebro
humano por primera vez, dijo el multimillonario en una publicación en su plataforma
X en la noche de este lunes. La operación se realizó el domingo y el paciente se está
recuperando bien, añadió. Neuralink ha estado trabajando en el uso de implantes para
conectar el cerebro humano a una computadora durante media.
30 jan. 2024 – CNN Espanha

Sustentabilidade Poliedro

Economia circular e consumo consciente


O começo do ano é um momento de renovação. Uma ação praticada por grande
parte das pessoas, e que pode ser impulsionada pelas escolas, é a doação de itens em
bom estado para reúso, com foco na economia circular e no consumo consciente.
A economia circular centra-se em uma ampla cadeia que engloba o redesenho de
processos, produtos e modelos de negócio que promovem a otimização da utilização
de recursos. Praticar o consumo consciente significa comprar aquilo que é realmente
necessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Amparado
nestes conceitos, o Poliedro durante todo o ano recebe nas unidades escolares,
centro de distribuição e em seu escritório corporativo roupas, sapatos, acessórios
de vestuário, brinquedos e cobertores destinados às instituições solidárias que
promovem a geração de renda com a venda dos itens a preços acessíveis para a
população de baixa renda. As instituições também fazem doações para comunidades
em situação de vulnerabilidade, por meio da parceria com o Instituto Gerando Falcões
(https://gerandofalcoes.com/). Colaboradores e comunidade escolar têm participação
ativa na iniciativa, que, além de incentivar a reflexão sobre conceitos sustentáveis e
o que, de fato, é imprescindível para a vida cotidiana, traz o reforço de uma atitude
cidadã de desapego e de responsabilidade por grupos que vivem em situação de
desigualdade social.

As notícias foram adaptadas e todos os sites foram acessados em: 31 jan. 2024.

nesta edição próxima seção


entrelinhas
A responsabilidade dos influenciadores digitais
A atividade do influenciador digital não é regulamentada
por lei, nem por um órgão competente, mas o trabalho de
publicidade de produtos e marcas em uma postagem é tão
eficiente quanto uma campanha publicitária.
Os influenciadores digitais ganham mais seguidores a cada dia e disputam espaço com seus
colegas nas redes sociais. Eles apresentam diversos produtos em suas postagens: alimentos,
cosméticos, roupas, calçados, games... a lista é imensa. O questionamento que trazemos
com a coletânea de textos a seguir é: se um internauta for prejudicado por uma compra
recomendada por um influenciador, esse profissional tem alguma responsabilidade?

No Brasil, a atividade do influenciador ainda não é regulamentada, mas, apesar disso, a internet
não é uma “terra sem lei”. O influenciador já é tratado como agente de uma peça publicitária,
e para essa prática há leis e órgãos reguladores. Na França, essa regulamentação está bem
mais avançada. Lá, o influenciador é proibido de recomendar produtos considerados de risco,
como investimentos em criptomoedas, determinados procedimentos estéticos e apostas
on-line (ou jogos de azar do mundo digital), entre outros exemplos. Se fizer alguma dessas
recomendações, o influenciador pode ser multado e condenado a até 2 anos de prisão. Leia a
seguir as medidas que são aplicadas no Brasil enquanto a atividade do influenciador ainda não
é regulamentada.

TEXTO 1

[...] Vale salientar que, inicialmente, a figura do influenciador digital não estava associada
a uma atividade profissional. Eram apenas pessoas que, pelo carisma, personalidade
ou outro atributo, destacavam-se nas mídias sociais e ditavam regras entre os seus
seguidores. No entanto, com o desenvolvimento da internet, principalmente no que
diz respeito ao comércio digital e à sociedade de consumo, inevitavelmente, esses
mundos se encontraram: o da publicidade, do marketing, o do comércio digital com o
dos influenciadores digitais.

Porquanto ainda não seja uma profissão regulamentada, dotada de lei própria que
discipline as atividades exercidas pelos influenciadores e as relações formadas entre
estes e as empresas que os contratam, bem como com aqueles que consomem os
produtos divulgados nos chamados publiposts, algumas leis esparsas são aplicadas a
fim de salvaguardar tais relações.

São elas: o Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor, a legislação do Conselho


Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), o Marco Civil da Internet, dentre
outras.

[...]

Desse modo, conclui-se que os influenciadores digitais não estão alheios à responsa-
bilidade pelos anúncios publicitários que realizam nas suas redes sociais, podendo, no
âmbito do Conar, sofrer penalidades desde advertência, alteração e sustação da posta-
gem, até o dever de indenizar o seguidor-consumidor que sofrer danos pelos produtos
ou serviços divulgados por aqueles, independentemente da intenção no momento da
realização do anúncio.

[...]

Pelo exposto, observa-se que os influenciadores digitais, de meros formadores de opi-


nião, passaram a ser reconhecidos como instrumentos de publicidade e propaganda,
hoje encarada por muitos como uma profissão, muito embora não seja regulamentada.

A fim de que as atividades exercidas pelos influenciadores por meio de suas redes
sociais ocorressem em consonância com o ordenamento jurídico pátrio, os órgãos de
controle (públicos e privados) passaram a defender a aplicabilidade de alguns diplomas
jurídicos para regulamentarem as atividades desses sujeitos, inclusive as consequências
jurídicas que tais atividades acarretam [...].
AZEVEDO, Marina Barbosa; MAGALHÃES, Vanessa de Pádua Rios. A responsabilidade civil dos influenciadores digitais pelos produtos e serviços divulgados
nas redes sociais. Revista Eletrônica do Ministério Público do Estado do Piauí, jul./dez. 2021. Ano 1. Edição 2. Disponível em: https://www.mppi.mp.br/
internet/wp-content/uploads/2022/06/A-responsabilidade-civil-dos-influenciadores-digitais-pelos-produtos-e-servic%CC%A7
os-divulgados-nas-redes-sociais.pdf. Acesso em: 30 jan. 2024.

TEXTO 2

A afirmação de que a internet revolucionou o mundo parece redundante nos dias atuais.
As personalidades antes reconhecidas, as atrizes, os cantores, apresentadores e outras
celebridades agora dividem espaço com os chamados influenciadores digitais.

Os digitais influencers, como também são chamados, vêm ganhando cada vez mais
espaço, não apenas nos meios tradicionalmente conhecidos, mas especialmente nas
redes sociais. Como consequência do grande número de seguidores e do engajamento
recebido por essas personalidades, atribuímos a elas o título de influenciadores digitais,
que decorre da capacidade que essas pessoas possuem de ditar tendências ao mercado.

[...]

O influenciador, ao atuar como um meio de publicidade para determinado produto ou


serviço, gera confiança para que sua audiência consuma o objeto da divulgação, assim,
o que o vincula ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), desse modo, constata-se a
possibilidade de que essa pessoa responda por eventuais danos.

Pode-se concluir que embora a atividade profissional exercida por influenciadores


digitais não seja assim reconhecida sob a ótica do direito brasileiro, dada a omissão
legislativa para a regulamentação da atividade, existem normas aplicáveis ao ambiente
virtual e não se trata de um ambiente sem lei, pelo contrário, o que se observa é um
movimento que visa de forma paliativa, cuidar para que as relações virtuais sejam
legalmente amparadas enquanto não abarcadas por lei própria.
SOUZA, Túlio. Influenciadores digitais: responsabilidade civil e regulamentação na era das redes sociais. Blog Supremo TV, 7 jun. 2023.
Disponível em: https://blog.supremotv.com.br/influenciadores-digitais-responsabilidade-legal-e-regulamentacao-na-era-das-redes-sociais/.
Acesso em: 30 jan. 2024.

TEXTO 3

[...] com o aumento do acesso à internet e com a expansão das redes sociais ao longo
dos anos, as escolhas dos consumidores foram sendo modificadas, principalmente pela
figura dos influenciadores digitais. Essa nova relação entre influenciador e influenciado
fez com que a legislação brasileira passasse a entender o influenciador como parte da
relação jurídica de consumo, e, consequentemente, adquirisse responsabilidade pelas
divulgações de produtos e marcas.

Há que se ter em mente que o consumidor sempre é considerado a parte vulnerável da


relação de consumo, e que, o influenciador ao indicar produtos e serviços, irá impactar a
vida dos seus seguidores, moldar seus
nesta comportamentos
edição e motivar escolhas de consumo.
página anterior

Assim, tem-se por base que, nos casos de publicidade ilícita, decorrentes da prática
de atos contrários à lei, os influenciadores irão ser responsabilizados, respondendo
solidariamente pelos danos causados aos consumidores, podendo esse ressarcimento
atingir o âmbito individual e/ou coletivo.
MUNHOZ, Isadora. Publicidade nas redes sociais: quais os limites da responsabilidade civil dos influenciadores digitais? Martinelli & Guimarães Advocacia
Contemporânea, 9 maio 2022. Disponível em: https://martinelliguimaraes.com.br/limites-da-responsabilidade-civil-dos-influenciadores-digitais/.
Acesso em: 30 jan. 2024.

Análise
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos cons-
truídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo
em modalidade escrita formal da língua portuguesa respondendo à pergunta:
“O influenciador digital deve assumir a responsabilidade pelo que divulga nas
redes sociais?”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argu-
mentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Bom trabalho!
wilkat/iStockphoto.com

nesta edição próxima matéria


CONTEXTO CARREIRA PARÊNTESE M O S A I C O C U LT U R A L
FATO S E I N T E R P R E TA Ç Õ E S

O mundo dos
influenciadores digitais

Alena Niadvetskaya /iStockphoto.com


A profissão é uma das mais desejadas no momento,
principalmente entre jovens, mas ainda necessita
de regulamentação e de reflexão por parte
dos internautas.
HABILIDADES
C4 – Entender as
POR THAYSA NASCIMENTO transformações técnicas e
tecnológicas e seu impacto
nos processos de produção,
Você certamente já ficou com aquela vontade de comprar algum produto depois de no desenvolvimento do
conhecimento e na vida social.
vê-lo em um conteúdo na internet. Pois é! De maneira geral, essa é uma das prin-
H17 – Analisar fatores que
cipais funções dos influenciadores digitais: mostrar produtos em detalhes, para explicam o impacto das novas
tecnologias no processo de
gerar a sensação de necessidade e consequente desejo de compra. Mas quem são os territorialização da produção.
influenciadores? São indivíduos comuns, que alcançam grande audiência nas re-
H20 – Selecionar argumentos
des sociais através do compartilhamento de conteúdos com finalidade não neces- favoráveis ou contrários às
modificações impostas pelas
sariamente financeira, mas de engajamento e reconhecimento no mercado. Tais novas tecnologias à vida
social e ao mundo do trabalho.
conteúdos podem ser segmentados, por exemplo, em e-sports ou na rotina de uma
pessoa de um modo geral. O fato é que todo
“São indivíduos comuns, que mundo já foi em algum momento impactado
alcançam grande audiência pelo conteúdo de um influenciador. Mas nem
nas redes sociais através todos os influenciadores são iguais. E as dife-

do compartilhamento de renças entre eles se baseiam no segmento de


conteúdo e no número de seguidores que eles
conteúdos com finalidade não
possuem. Enquanto os nanoinfluenciadores
necessariamente financeira, têm geralmente menos de 5.000 seguidores,
mas de engajamento e os influenciadores celebridades possuem fa-
reconhecimento no mercado.” cilmente mais de 1 milhão de seguidores.

Hoje em dia, essa profissão já se tornou uma realidade, mas não se resume somen-
te à publicação de conteúdo. Cada influenciador organiza sua agenda de gravação,
cria roteiros, arruma seu estúdio e trabalha lado a lado com seu assessor para ne-
gociar parcerias com marcas e presenças em eventos. Geralmente, influenciadores
também são representados por agências, que são responsáveis pela negociação de
melhores valores e briefing na hora das parcerias com marcas. Vale lembrar que
essas parcerias não são apenas de “publis”, conteúdo que é pago para ser postado,
mas também permutas (trocas de produtos por conteúdo) e convites para eventos.
Os valores de negociação podem passar de 20 mil
Olga Ihnatsyeva/iStockphoto.com

reais por conteúdo, dependendo do influenciador.


No entanto, não basta produzir o conteúdo, é preci-
so ajudar a marca a alcançar seu objetivo.

Geralmente, marcas contratam influenciadores vi-


sando aumento nas vendas, alcance de um novo
público ou comunicação de novidades. Você já deve
ter usado um cupom de desconto gerado por um in-
fluenciador. Essa é uma das formas das marcas con-
seguirem mensurar o quanto o influenciador “con-
Um influenciador é escolhido
verteu”, ou seja, quantas pessoas de fato compraram por conta da indicação dele.
por uma marca pelo número de
A escolha de um influenciador por uma marca frequentemente se baseia em nú- seguidores que ele tem.

mero de seguidores e taxa de engajamento que ele tem, mas já existem discussões
sobre novos critérios de escolha, como o envolvimento ou não e um influenciador
em polêmicas.

De acordo com a Nielsen, empresa de pesquisas e medições de mercado, hoje o Bra-


sil possui mais de 500 mil influenciadores digitais com pelo menos 10 mil seguido-
res. Isso faz com que esse mercado seja tão disputado quanto diverso. Com isso, a
audiência tem buscado cada vez mais autenticidade, diferenciação e credibilidade.
Ou seja, conteúdos de maior destaque, mas, ao mesmo tempo, originais e verda-
deiros.

Dessa forma, as responsabilidades do influenciador têm se tornado cada vez mais


aparentes e cobradas pelos seguidores. O influenciador precisa, então, não apenas
criar um conteúdo que desperte interesse e entretenha, mas também precisa pas-
sar informações corretas e ser receptivo com seus seguidores. Além disso, atual-
mente, há uma cobrança ainda maior para que o influenciador se responsabilize
pelo que publica e indica.

Você se lembra do caso Blaze? Nessa plataforma há o jogo do aviãozinho, que ba-
sicamente consiste no depósito de dinheiro para apostas. Vários influenciadores
foram contratados para incentivar a inscrição nesse site. O que poucos sabem, ou
esqueceram, é que jogos desse tipo são considerados de azar no Brasil e, portanto,
ilegais. Dessa forma, propagandas também seriam ilegais. Após uma reportagem
divulgada no Fantástico, da Rede Globo, a Justiça avançou na investigação, bloque-
ando mais de R$ 100 milhões da plataforma. Com isso, os seguidores começaram
a cobrar os influenciadores. Enquanto alguns se isentaram, outros se defenderam
dizendo que não faziam mais esse tipo de campanha. Isso levantou uma impor-
tante discussão acerca da responsabilização dos influenciadores no Brasil.

Hoje quem regula esse tipo de atividade é o Conselho Nacional de Autorregulamen-


tação Publicitária (Conar), mas não existe ainda uma legislação específica para in-
fluenciadores. No entanto, o que vale para a sociedade em geral também vale para
eles nas redes sociais. Então, segmentos cuja propaganda não é autorizada no Bra-
sil, como jogos de azar e cigarro, não podem ser vistos em perfis de influenciadores
digitais.

É importante que, enquanto sociedade, reflitamos e nos tornemos criteriosos na


hora de escolher quais influenciadores seguir. Por isso, hoje, a política do deixar de
seguir e as ondas de cancelamento têm sido usadas pela audiência como uma for-
ma de punição para influenciadores que não desempenham sua função de forma
adequada. Já tivemos alguns casos, por exemplo,
MariamArsaliaa/iStockphoto.com

de perda massiva de seguidores.

No entanto, tais mecanismos também têm sido usa-


dos de forma contraditória, gerando grande pressão
psicológica dos chamados haters. Comentários des-
respeitosos, e até mesmo preconceituosos, acabam
por refletir a lógica de que as redes sociais são uma
terra sem lei e que podemos falar o que quisermos.
Isso se soma à constante cobrança, por parte da au-
diência, por conteúdos, que precisam ser publicados diariamente.

Além disso, o mercado tem refletido sobre como influenciadores vivem dentro de
uma bolha nas redes sociais, com histórias criadas e elogios constantes. Com isso,
cresce a necessidade de considerarmos os efeitos psicológicos e o burnout, que tam-
bém pode ocorrer entre influenciadores digitais. Afinal, a cobrança por conteúdo é
enorme, uma vez que a monetização de um influenciador acontece primariamen-
te pela viralização e visualização de seu conteúdo.
Thaysa Nascimento
Arquivo pessoal/

A questão monetária e a sensação de glamour devido ao recebimento de produtos


e à exibição de experiências exclusivas e viagens fazem com que a profissão de
influenciador digital seja cada vez mais aspirada no Brasil. Entretanto, é preciso
considerar que a perspectiva dos próximos anos é de maior estruturação para esse
THAYSA NASCIMENTO
mercado, com regulações mais ativas e demandas por conteúdos mais criativos e É gestora, doutora em
Administração pelo Instituto
assertivos. Isso traz maior competição e fiscalização em torno do trabalho dos in-
de Pós-Graduação e
fluenciadores digitais. Pesquisa em Administração
da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (Coppead-
Além disso, cada vez mais tem surgido cursos de formação e aceleração, visando UFRJ), especialista em
fortalecer e profissionalizar influenciadores digitais. A demanda de marcas por in- comportamento do
consumidor e marketing
fluenciadores deve aumentar, mas a tendência agora é que influenciadores criem digital. Atua como social
media manager em agência
cada vez mais suas próprias marcas, gerando uma nova disputa de mercado. Já é
de marketing digital. É
possível observar isso no segmento de beleza, no qual há pelo menos 5 marcas de especializada em influencer
economy, atuando como
influenciadoras entre as mais vendidas no Brasil. Esse, portanto, é um momen-
consultora em mapeamento
to de mudança no mercado de influência, em busca de maior regulação, criação de e negociação com
influenciadores. Já publicou
marcas próprias e novas formas de conteúdo, com o fortalecimento de redes sociais e apresentou diversas
como TikTok. Quer ser influenciador digital? Então invista no conteúdo e na cons- pesquisas acerca do consumo
digital e do impacto dos
trução de relação com sua audiência e esteja atento aos movimentos regulatórios no influenciadores digitais.
mercado e à responsabilidade que você assume na relação com seus seguidores!

nesta edição próxima matéria


CONTEXTO CARREIRA PARÊNTESE M O S A I C O C U LT U R A L

Influência digital

wongmbatuloyo/iStockphoto.com
O influenciador digital, basicamente, é um formador
de opiniões. Com suas postagens nas redes sociais,
ele desperta o interesse dos internautas por um
determinado tema. Quanto mais visibilidade
tiver seu trabalho, mais seguidores e mais atenção
das empresas ele terá.
ENTREVISTADA
Fale um pouco sobre você.
SARINA GOMES
é influenciadora digital
Tenho 24 anos, nasci no Japão e vim para o Brasil aos 4 anos de idade. Morei em desde dezembro de 2020.
Hoje, Sarina tem 236 mil
Congonhas (MG), dos 4 aos 22 anos, quando me mudei para São Paulo em busca de
seguidores no Instagram e
melhores oportunidades de trabalho na área da influência. 566 mil no TikTok. Tem curso
técnico em Edificações
e superior incompleto
Sou apaixonada por arte em vários formatos e trabalho como criadora de conteúdo, em Biomedicina pela
modelo comercial e influenciadora digital. Nas minhas redes sociais, compartilho Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).
meu estilo, meus gostos e conhecimentos de moda e beleza com meus seguidores. Instagram, Threads e TikTok:
@sarinagomess
Com meus vídeos dinâmicos, com muitas transições e edições, tenho um ótimo
alcance e engajamento entre o público jovem.

Qual é a sua formação educacional? Você acha importante ter uma graduação?

Eu tenho Ensino Médio completo, curso técnico em Edificações e superior incom-


pleto em Biomedicina. Para mim, educação é muito importante e transforma vidas.
Eu comecei a mudar minha realidade devido à oportu-
eclipse_images/iStockphoto.com

nidade que tive de estudar na UFMG e, com isso, conhe-


cer novos cenários, vivências e pessoas.

O que lhe motivou a querer ser uma influenciadora


digital?

Sou artista desde muito nova, dançarina, cantora, mo-


delo, fotógrafa, sempre sonhei em trabalhar com arte
e com minha forma de me expressar. Tentei trabalhar
com todas essas áreas antes, mas foi sempre muito
difícil ser valorizada. Quando, durante a pandemia, a
criação de conteúdo na internet “explodiu”, vi uma oportunidade de fazer disso
meu trabalho, vi várias pessoas transformando suas redes em seu próprio negócio.
Então não quis deixar de tentar ganhar meu espaço para finalmente viver meu so-
nho de trabalhar com expressão e arte!

Qual é seu trabalho? O que você oferece aos seus seguidores?

Antes de ser influenciadora, eu me via como criadora de conteúdo. Meu foco sem-
pre foi o de criar conteúdo e inspirar as pessoas, por exemplo, com meus looks, com
minhas ideias. Com o tempo, fui ganhando a confiança de meu público e comecei
a ver realmente o poder de um influenciador. Hoje sei o quanto é importante me
manter fiel ao que divulgo e à qualidade das marcas com as quais trabalho, para
sempre oferecer o melhor às minhas seguidoras. Meu trabalho é indicar produtos
e roupas que estão dentro de meu gosto pessoal e, assim, ter a confiança de quem
me segue e das marcas que me contratam para divulgar o produto delas.

Como é feita a produção e edição de seus vídeos e posts? Você tem uma equipe?

Nunca tive uma equipe, sempre fiz tudo sozinha em relação à gravação e à edição
dos meus vídeos. Sou muito perfeccionista, e isso fez com que eu me destacasse
bastante no meio. Gosto de tudo do meu jeito, desde
Arquivo pessoal/Sarina Gomes

a escolha dos looks, da gravação, até a edição e a pos-


tagem. Eu quem faço tudo. Contratei uma assessora
de imprensa, que me auxilia na divulgação do meu
trabalho, e um contador, que me ajuda na emissão
de notas fiscais e outros detalhes burocráticos.

Quantas postagens são feitas por semana? Há quan-


to tempo você trabalha como influenciadora?

Gosto de manter a constância de postar vídeos de


domingo a quinta, cinco vezes por semana. Comecei
em dezembro de 2020, então estou há pouco mais de
três anos trabalhando como influenciadora e cria-
dora de conteúdo.

Que conselhos você daria a alguém que quer se


tornar um influenciador digital? Qual é o passo a
Sarina Gomes em
passo para ingressar nessa atividade? um de seus posts.

Minha maior dica é ter muita confiança no processo! Não é fácil e não é do dia
para a noite. Você não vai postar um vídeo que irá “bombar” de imediato, tudo é na
base da persistência. Comigo foi assim, postei muitos e muitos vídeos antes do pri-
meiro viralizar e chegar a mais pessoas. Pouco a pouco, com constância, comecei
a conquistar um público fiel. Então, se você realmente quer, dê seu primeiro passo,
poste seu primeiro vídeo e não pare, continue a postar e a dar seu melhor sempre!

Qual é seu objetivo na vida? Consolidar uma carreira como influenciadora?

Eu amo o meu trabalho e espero poder crescer e conquistar muito mais espaço no
meio digital. Quero que meu nome seja reconhecido e desejo alcançar minhas me-
tas pessoais através disso.

Ter patrocínio de uma empresa ou receber para promover produtos e serviços é


importante para o influenciador?

É mais do que importante, é o nosso trabalho! Meu sustento vem exatamente das
publicidades que eu fecho com marcas que acreditam/gostam do meu conteúdo e
me contratam para criar e divulgar vídeos e fotos dos produtos.

É necessário fazer alguma outra atividade fora da internet? Por exemplo, há co-
mediantes que mantêm canal e fazem shows em cidades de todo o Brasil.

O mais importante é você sempre manter suas redes cheias de conteúdo. Mas é
bom fazer seu networking fora da internet também! Participar de eventos de mar-
cas, eventos sociais, tudo isso ajuda a estabelecer seu nome no mercado.

Como você conhece o perfil de seu seguidor? Pelos comentários?

As próprias redes sociais mostram essas métricas de seguidores do meu perfil. Por
exemplo, hoje meu público é, em sua maioria, feminino e jovem, que é o que as
marcas do meu nicho procuram. Alguns seguidores eu já reconheço quando vejo
nos comentários de cada vídeo ou nas respostas do direct (mensagem do Insta-
gram). Eu gosto muito de manter um contato próximo
com meus seguidores porque isso gera conexão, e é o
JackF/iStockphoto.com

que muitas vezes mantém eles sempre por perto! São


todos muito importantes para mim, e o apoio deles é
sempre fundamental.

É preciso ficar de olho nas tendências para acompa-


nhar o que o seguidor deseja?

Com certeza! Como influenciadora do nicho de moda,


preciso estar por dentro das tendências do momento.
É o que meus seguidores esperam de mim, que eu poste
o que eu gosto ou o que não gosto, mostre como usar a tendência no dia a dia pelos
meus vídeos.

Como você administra a pressão psicológica que essa atividade gera? Pergunta-
mos isso principalmente por conta de comentários de haters.

Sempre vai ter quem ame você e quem não aprove seu conteúdo. Você precisa estar
consciente de que não é você quem vai controlar isso. Então eu tento sempre igno-
rar os haters (que são minoria) e dar atenção para quem realmente me importa,
os seguidores que gostam de meu conteúdo e que me apoiam. Por isso sempre faço
questão de agradecer cada comentário feito em meus vídeos, dando atenção à ga-
lera legal da internet, que é enorme!

nesta edição próxima matéria


CONTEXTO CARREIRA PARÊNTESE M O S A I C O C U LT U R A L

Escondendo elogios
POR CLÁUDIO LEYRIA

JakeOlimb/iStockphoto.com
As redes sociais têm muitos influenciadores digitais que falam sobre filmes,
games, séries de TV, livros e até material oriundo da própria internet, como outras
postagens e memes.

Os influenciadores fazem de tudo para terem


a maior audiência que puderem. Um árduo
Como estratégia para ter mais
trabalho rotineiro, que inclui postar o maior
visualizações, muitas postagens
número de vídeos possível e trazer sempre
trazem um título negativo atualidades em seus comentários, com base
e agressivo. nos dados de engajamento gerados pelas re-
des sociais.

Um dos pontos para gerar mais sucesso na net é aumentar o engajamento a partir
de polêmicas. Postagens que sugerem discurso de ódio chamam muita atenção dos
internautas. Elas atraem não só quem não concorda com o post negativo (e quer
rebater as críticas), como quem simplesmente gosta de ver essas críticas (e deixar
comentários endossando o discurso do influenciador).

Esse comportamento é descrito em um recente relatório da Universidade de


Cambridge, que considera esses conteúdos negativos como “posts de raiva”.

Na verdade, o relatório só vem confirmar o que muita gente já observava no dia a


dia na internet. E dessa situação deriva outra estratégia: mesmo quando o influen-
ciador quer falar bem de um produto cultural (um filme ou um clipe musical), ele
adota um título que leva a críticas severas por parte de quem o lê. Ou seja, mesmo
elogiando um produto, o engajamento cresce, porque, muitas vezes, o hater não lê
ou vê o post, mas apenas o título negativo e já deixa seu like ou comentário.

Alguns comentaristas de filmes usam outros subterfúgios: eles colocam o título em


um formato de pergunta, como “tal filme é realmente bom?”. Assim, não deixam
claro se farão elogios ou críticas e conseguem obter mais visualizações.

Os críticos do canal Omelete fizeram uma mesa-redonda comentando sobre India-


na Jones e a relíquia do destino, a quinta e última aventura do arqueólogo herói, na
qual falaram muito bem do filme, apontaram todas as qualidades que agradam
tanto o público mais velho, que acompanha a franquia desde Os caçadores da arca
perdida (1981), quanto as gerações mais novas, que nunca tinham visto um filme
anterior de Indiana. Mas o título do bate-papo coloca em dúvida se o filme é bom:
“Vale a pena?”.

Então, cabe uma reflexão: é isso mesmo que a maioria das pessoas quer? Ver uma
análise que ataque uma atração cultural? Se logo de cara o influenciador declarar
que certo livro é muito bom, o seguidor não vai se interessar pela resenha?

A pesquisa de Cambridge revelou os mesmos comportamentos em outros assun-


tos. Falar mal atrai engajamento em qualquer tema.

Seriam as redes sociais um amplificador dos desejos das pessoas de criticar até o
que é bom? Estamos observando o início da vontade de quebrar o senso de racio-
nalidade só para obter cliques a mais? Críticas são bem-vindas, mas elas precisam
ser analisadas. No final, podemos até conquistar paz e harmonia em uma socieda-
de mais justa. E isso deveria incluir o mundo virtual, de onde não tiramos os olhos.

nesta edição próxima matéria


CONTEXTO CARREIRA PARÊNTESE M O S A I C O C U LT U R A L

O influenciador e
seus seguidores

Tatiana Smirnova/iStockphoto.com
O filme Dinheiro fácil, estrelado por Paul Dano,
propõe uma reflexão sobre o poder de persuasão de
um influenciador digital e sua potencial capacidade
de prejudicar seus seguidores, mesmo que
involuntariamente.

Dinheiro fácil (Dumb Money, EUA, 2023) é um filme sobre investimentos em ações
na Bolsa, a iminente falência de uma empresa e outros detalhes do mundo finan-
ceiro. Mas o roteiro tem uma linha mestra conduzida por Keith Gill (Paul Dano),
um analista financeiro que também é um influenciador digital que posta vídeos
sobre metodologias de investimento.

O filme é classificado como comédia, porém não é tão engraçado, e traz um assun-
to sério: a influência digital é potente e pode fazer milhares de pessoas aderirem a
uma ideia que depois se converterá em danos. É exatamente isso que o filme mos-
tra, baseado em uma história real ocorrida durante a pandemia e descrita no livro
A rede antissocial, de Ben Mezrich.

Gill, que usa o apelido de Gato Feroz nas redes sociais, é fã da rede de venda e alu-
guel de games GameStop. Na virada de 2020 para 2021, a empresa está à beira da
falência, pois o número de pessoas que vai a uma loja para comprar ou alugar um
game é muito baixo depois que os jogos passaram a ser disponibilizados on-line.

Uma operação financeira realizada por grandes investidores de Wall Street prevê
obter ganhos com a falência da rede de games. Não importa se milhares de pessoas
ficarão sem seus empregos; importa é que, com essa operação, esses investidores te-
rão uma grande quantia de dinheiro para inchar ainda mais suas contas bancárias.

Então, Gill faz lives explicando sua teoria sobre a importância de se investir na
GameStop. Seu público é de pessoas de classe média baixa, acostumadas a fazer pe-
quenos e seguros investimentos em ações. As argumentações do influenciador di-
gital são fortes. Até que, aos poucos, as pessoas vão comprando ações e a empresa
vai se fortalecendo na Bolsa. Quando mais o valor de uma ação da GameStop sobe,
mais os vídeos de Gill viralizam. Assim, há pessoas que investiram poucos dólares
e as ações valorizaram até 10 mil por cento.

Muitas pessoas com suas dívidas ou despesas do tamanho de seus salários pode-
riam vender as ações, ganhar uma excelente quantia e resolver seus problemas.
Entretanto, ninguém venderá nada se Gill, o influenciador, não vender. Aliás, Gill
tem ações no valor de 11 milhões de dólares. Ele faria um bom negócio vendendo-
-as. Mas a crença de Gill que as ações subirão ainda mais o impede de tomar a de-
cisão de vendê-las. E seus seguidores estão com ele.

Enquanto Gill já está classificado como ganancioso, os grandes investidores já estão


tomando providências, que o filme sugere serem ilegais, para que as ações caiam
e a GameStop declare falência.

Quando depõe no Congresso, Gill declara que aprendeu muito sobre investimen-
tos em ações, porém diz que não sabe tudo o que acontece nos bastidores de Wall
Street. Ou seja, ele sugere que não tinha o controle de uma atividade que envolvia
o dinheiro de seus seguidores.

A reflexão que o filme traz em primeiro plano é justamente o que os poderosos fa-
zem em Wall Street. Porém, a camada secundária, que aborda justamente o tra-
balho e a responsabilidade do influenciador digital, é relevante para aqueles que
seguem alguém na internet.

O filme está disponível no canal de streaming Amazon. Classificação: 14 anos.

nesta edição próxima seção


agenda
Congresso Convenção

Influent Summit 2024 GoDigital Festival


São Paulo (SP) Recife (PE)

O GoDigital Festival, que acontece no Recife,


O Influent Summit 2024 vai ser realizado
vai reunir nos dias 4, 5 e 6 de abril
nos dias 7 e 8 de março, na Arena XP, em
profissionais e simpatizantes para conhecer
São Paulo. O foco do evento este ano é
as estratégias e experiências de empresários
levar aos participantes a experiência dos
de marketing e vendas. Os temas que serão
influenciadores digitais que tornaram tratados, além do marketing e de vendas,
lucrativos seus negócios de vendas on-line. empreendedorismo, inovação e tecnologia,
Ao todo, serão mais de 30 palestrantes. gestão e estratégia, desenvolvimento pessoal

Informações: e profissional, tudo focado em negócios


realizados nos ambientes das plataformas
https://influentsummit.com.br
digitais.
Informações:
Conferência https://www.godigitalfestival.com/

South Summit Brazil


Palestrantes
Porto Alegre (RS)

Web Summit Rio


O South Summit Brazil é um evento que
Rio de Janeiro (RJ)
compartilha experiências de startups,

investidores e corporações, focada em O Web Summit Rio, evento que apresenta


oportunidades de negócios na América Latina. anualmente uma série de conferências ligadas

O encontro está marcado para 20, 21 e 22 a marketing e vendas, este ano destaca-se por
trazer o que há de mais novo em tecnologia,
de março, no Cais Mauá, em Porto Alegre.
inovação e empreendedorismo. O encontro
Estão previstas 40 mil conexões no aplicativo
será realizado de 15 a 18 de abril, no RioCentro,
do evento, mais de mil reuniões com
com expectativa de público de 30 mil pessoas.
representantes de 7.000 empresas.
É um evento que apresenta o que há de mais
Informações: atual nas tecnologias de marketing virtual.
https://www.southsummit.io/pt/brazil Informações:
https://rio.websummit.com

#FICADICA
Influenciadores
Documentário. Canal Produtora Câmera 1. YouTube.
Classificação: 12 anos.
Um minidocumentário que mostra o dia a dia de dois influenciadores digitais, Bianca
Tatto e Gabriel Rocha: o que os motivou a se dedicarem a essa atividade, as dificuldades, os
progressos, como lidam com as críticas, os bordões e os comportamentos que mais agradam
os seguidores. Além disso, profissionais de publicidade e marketing contam o que eles levam
em conta ao fazer uma parceria com um influenciador digital.
Acesse: https://youtu.be/1oFcX24fACs

O mundo “encantado” dos influenciadores digitais


Documentário. Direção: Padre Zeca. YouTube.
Classificação: 12 anos.
Em um trabalho de conclusão de curso, Padre Zeca faz uma análise da atividade dos
influenciadores digitais. De forma didática, ele apresenta cada detalhe da dura jornada desses
formadores de opinião. Expondo como exemplos os influenciadores Carol Santos, Kennia Reis
e João Tipo 1, Zeca mostra que é muito difícil manter a carga de trabalho e ainda ter que lidar
com o contato tóxico dos haters. O documentário também faz uma comparação das postagens
dos influenciadores com o jornalismo, mostrando que são dois mundos diferentes.
Acesse: https://youtu.be/qVLAvLFIcK0

Influenciadores digitais e seus desafios jurídicos


Vários autores.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2023.
Uma compilação de 12 artigos que analisam a situação jurídica em que se encontra
atualmente a atividade dos influenciadores digitais. Se você é influenciador, ou pretende ser,
o livro traz cláusulas contratuais cruciais para a preservação de direitos, medidas preventivas
para a mitigação de riscos jurídicos e orientações repressivas para a proteção desses
direitos. O livro começa traçando as origens e a evolução dos influencers, mergulhando
profundamente nas reflexões sobre a regulamentação de suas atividades.

Cancelada
Viih Tube.
Rio de Janeiro: Agir, 2021.
Um youtuber gosta de ser querido e elogiado. Mas o influenciador digital sempre terá uma
parte do público que não gosta do seu trabalho e que faz críticas, algumas severas. Não é
incomum sofrer com ódio e agressões dos “fiscais” e “juízes” da internet. A influenciadora
Vitória di Felice Moraes, mais conhecida como Viih Tube, sabe bem o que é isso. Na sua longa
carreira, já passou por várias experiências desafiadoras e histórias de cancelamento que
poderiam ter destruído sua saúde mental ou literalmente acabado com sua vida. Mas ela
usou a experiência para aprender, refletir e evoluir. Nesse livro, você vai aprender a lidar com
os haters, refletir sobre suas atitudes on-line e evoluir como influenciador ou simplesmente
como pessoa.
Acesse: https://youtu.be/lViaYqJ10BA

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