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MANUAL DE FORMAÇÃO

UNIDADE DE FORMAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO

STC_5 – REDES DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Conceção/Autoria: Vanessa Duarte de Sousa

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ÍNDICE
Objetivos gerais: ................................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 4
1. Diferentes modos de relação com a tecnologia que coexistem nas sociedades
contemporâneas ................................................................................................................................... 6
1.2. Características sociodemográficas dos/as utilizadores/as das TIC – o caso português ... 11
2. Relação entre competências tecnológicas e crescimento económico, a nível individual,
organizacional e social ....................................................................................................................... 18
3. Ponderação de soluções tecnológicas sustentáveis, a nível organizacional, a partir de uma
estimativa dos seus custos e benefícios............................................................................................ 22
4. A importância do investimento em inovação tecnológica e em investigação e
desenvolvimento na atividade económica. ...................................................................................... 24
4.1. A utilização de softwares de apoio às empresas................................................................... 27
4.1.1. Power Point ...................................................................................................................... 27
4.1.2. Excel .................................................................................................................................. 27
4.1.3. Canva ................................................................................................................................. 28
5. A importância dos meios de comunicação de massas no desenvolvimento da democracia e da
reflexividade social, em particular, através do fortalecimento (e possível controlo ou regulação)
de uma “opinião pública”. .................................................................................................................. 28
6. Implicações socioeconómicas da difusão das redes tecnológicas, em particular, no
desenvolvimento de uma nova configuração social, a sociedade em rede. ................................... 30

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Objetivos gerais:

No final da Ação, os/as formandos/as deverão ser capazes de:

❖ Entender as utilizações das comunicações rádio em diversos contextos.


❖ Perspetivar a interação entre a evolução tecnológica e as mudanças nos contextos
organizacionais, bem como nas qualificações profissionais.
❖ Discutir o impacto dos media na construção da opinião pública.
❖ Relacionar a evolução das redes tecnológicas com a transformação das redes sociais.

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INTRODUÇÃO

Este manual procura explorar a temática central trabalhada na unidade de formação em


apreço, a saber: Aspetos socioeconómicos do desenvolvimento e da implementação das
tecnologias da informação e da comunicação.

São aprofundados os seguintes conteúdos, constantes do perfil do Catálogo Nacional de


Qualificações:

❖ Diferentes modos de relação com a tecnologia que coexistem nas sociedades


contemporâneas, bem como a sua correlação com certas variáveis sociais (idade,
qualificações, recursos económicos, formação específica, grupos de sociabilidade, etc.).

❖ Relação entre competências tecnológicas e crescimento económico, a nível individual,


organizacional e social.

❖ Ponderação de soluções tecnológicas sustentáveis, a nível organizacional, a partir de


uma estimativa dos seus custos e benefícios.

❖ A importância do investimento em inovação tecnológica e em investigação e


desenvolvimento na atividade económica.

❖ A importância dos meios de comunicação de massas no desenvolvimento da democracia


e da reflexividade social, em particular, através do fortalecimento (e possível controlo
ou regulação) de uma “opinião pública”.

❖ Implicações socioeconómicas da difusão das redes tecnológicas, em particular, no


desenvolvimento de uma nova configuração social, a sociedade em rede.

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São trabalhados os seguintes conceitos-chave: diversidade social, desigualdade social,
investimento, inovação, meios de comunicação de massas, sociedade em rede.

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1. Diferentes modos de relação com a tecnologia que coexistem nas sociedades
contemporâneas

Para refletirmos sobre a importância que as tecnologias têm nas nossas vidas, comecemos por
refletir sobre este conjunto de questões:

Qual a relação que tem com as tecnologias de informação e comunicação?


- Tipos de utilização do computador e aplicativos de edição de texto, de produção de
apresentações, de bases de dados?
- Utilização de email – em que contextos e trabalho com que funcionalidades?
- Utilização das redes sociais – quais?
- Pesquisa de vídeos?
- Produção de conteúdos multimédia?
- Utilização dos conteúdos pesquisados para resolução de problemas do dia-a-dia ou para
pesquisa/ aquisição de bens e de serviços ?

Qual a importância que têm, no dia a dia, as tecnologias de informação e de comunicação para o
desenvolvimento de negócios?

Como tenciona usar estas tecnologias caso venham a desenvolver o vosso próprio negócio?

Hoje em dia, fruto da introdução de um conjunto de mudanças, dizemos que vivemos na era da
globalização. Tal tem também origem na disseminação do uso das tecnologias e no conjunto de
transformações registadas em termos tecnológicos. O facto da utilização do email, das redes
sociais, ou da comunicação por telemóvel, serem cada vez mais generalizadas no nosso
quotidiano, demonstra bem a importância que as tecnologias vão tendo um pouco por todo o
mundo.

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Podemos sintetizar as diferentes formas de globalização da seguinte forma:

Fonte: Adaptação de Grupo de Lisboa.

A globalização ao nível dos meios de informação e de comunicação tem impacto ao nível das
distâncias e das proximidades que estabelecemos com as pessoas. A imagem do Cristiano
Ronaldo pode ser-nos mais próxima do que a de um vizinho pelo facto de o vermos mais vezes
na televisão ou nas redes sociais. O vizinho pode passar parte do dia fora e nunca se cruzar
connosco. Não fazendo parte das nossas redes de informação e de comunicação, também a sua
visibilidade fica diminuída. O exemplo que nos é dado de seguida vem demonstrar o que se
explicou aqui.

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‘A comunicação eletrónica instantânea não é apenas um meio de transmitir informações com
maior rapidez. A sua existência altera o quadro das nossas vidas, ricos ou pobres. Quando a
imagem de Nelson Mandela nos pode ser mais familiar do que a do vizinho que mora na porta
ao lado da nossa, é porque qualquer coisa mudou na nossa vida corrente Nelson Mandela é
uma celebridade a nível global e a celebridade é, em grande parte, o produto da nova
tecnologia das comunicações. O alcance das novas tecnologias de comunicação aumenta com
cada vaga de inovações.’ (Giddens, 1999: 23)

Obviamente que as grandes mudanças associadas ao mundo da informação e da comunicação


estão associadas à emergência dos computadores e principalmente da Internet. Foi a Internet,
criada em finais dos anos 60, que veio revolucionar a forma como comunicamos e a forma
como acedemos à informação.

Foram vários os momentos marcantes na evolução das tecnologias informáticas, donde


destacamos:
- O uso de cartões perfurados para processamento e armazenamento de dados – surgem pela
IBM no final do século XIX;
- Com a mesma finalidade, mas com muito maior capacidade de processamento e de
armazenamento, seguem-se as bandas magnéticas, uma criação igualmente da IBM e que
passam a ser usadas a partir da 1ª metade do século XX;
- As disquetes são a revolução que se segue e têm o particular interesse de terem uso
doméstico, ao passo que as anteriores eram de uso profissional. Também criadas pela IBM,
passam a ser usadas a partir de meados dos anos 50 do século passado;
- Os discos rígidos são a transformação tecnológica que se segue e são igualmente
determinantes para o uso doméstico dado que tanto revolucionam os computadores pessoais,
como apoiam no armazenamento de uma quantidade muito grande de informação. São
também bem mais resistentes do que as disquetes e ainda hoje são usados, ao passo que as
disquetes saíram dos mercados. Foram criados pela IBM nos finais da década de 50 do século
passado;
- Seguem-se os CD’s criados pela Philips nos anos 80 do século passado. Apesar de terem sido
muito usados, hoje em dia não têm a disseminação que os discos rígidos portáteis alcançaram;

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- É a partir dos anos 60 que surgem os primórdios da Internet através da computação em
nuvem, que se traduz numa forma de armazenamento interno e partilhado de dados dentro das
organizações;
- também a Internet surge a partir do final dos anos 60 e sem dúvida é um marco determinante
na estruturação da informação e da comunicação na sociedade contemporânea.

Século XIX – o início da informática


Os cartões perfurados (IBM)

1ª metade do século XX
As bandas magnéticas (IBM)

As disquetes – início dos


anos 50 do século XX (IBM) Discos rígidos internos e
Os Cd’s – anos 80 (PHILLIPS)
externos – final década 50 do
século XX (IBM)

Computação em Nuvem
(anos 60) – Adensada com a Internet – final dos anos 60
emergência da internet

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Passamos claramente da era documental à era digital. Se antes nós privilegiávamos a
comunicação a partir de cartas, panfletos, livros, cartazes, sinalização física, hoje em dia
usamos muito mais a comunicação online através de e-mail, chats, fóruns, redes sociais, vídeo,
TV, entre outros. Não significa que a comunicação e a informação por via documental tenha
terminado, no entanto, a disseminação da comunicação e da informação por via digital tornou a
a componente documental muito menos relevante na sociedade contemporânea.

A massificação da utilização das tecnologias da informação e da comunicação teve então como


impactos:
❖ aumento da produtividade;
❖ maior acesso à informação e ao conhecimento;
❖ novos desafios em termos de segurança digital;
❖ flexibilização da produção;
❖ produção «just in time» (à medida) à escala mundial.

Dizemos então que hoje vivemos na sociedade da informação. O que é afinal a sociedade da
informação?

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“A Sociedade da informação está baseada nas tecnologias de informação e comunicação que
envolvem a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por
meios eletrónicos, como a rádio, a televisão, telefone e computadores, entre outros. Estas
tecnologias não transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas em seus
contextos sociais, económicos e políticos, criando uma nova comunidade local e global: a
Sociedade da Informação.” (Gouveia, 2004)

Devemos, no entanto, ter em atenção que para chegarmos ao conhecimento há todo um


processamento da informação que decorre da seleção de todo o conjunto de dados que podem
ser ou não relevantes. Os dados reportam-se a um conjunto de elementos que servem de base à
produção da informação e do conhecimento, ou seja, reporta-se a todo o conjunto de elementos
avulsos que nos surgem sem serem previamente trabalhados. Já a informação reporta-se a um
conjunto de dados elaborados mas que não estão necessariamente sistematizados e
hierarquizados. É a partir da informação que nós produzimos o conhecimento e o
conhecimento já se reporta a informação hierarquizada, sistematizada e selecionada.

1.2. Características sociodemográficas dos/as utilizadores/as das TIC – o caso português

De acordo com o Inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação pelas


famílias, realizado em 2019 pelo INE, destacam-se as seguintes características na sociedade
portuguesa:

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❖ “Em 2019, 80,9% dos agregados familiares em Portugal têm ligação à internet em casa,
mais 1,5 pontos percentuais (p.p.) que no ano anterior. A quase totalidade destes
agregados utiliza a ligação à internet através de banda larga.”;

❖ “Todavia, apesar da ligação através de banda larga em casa ter aumentado mais de 27
p.p. desde o início da década, a taxa de penetração da banda larga entre as famílias
portuguesas continuava, em 2018, a ser inferior (menos 9 p.p.) à registada para as
famílias da União Europeia (UE-28).”;

❖ “ Em 2019 e em relação às famílias em geral, os níveis de acesso à internet e de acesso


em banda larga continuam a ser mais elevados para as famílias com crianças até aos 15
anos: 96,3% têm acesso à internet em casa e 94,5% fazem-no através de banda larga.
Em contrapartida, as famílias sem crianças até aos 15 anos registam níveis de acesso
mais reduzidos (76,5% referem ter acesso à internet em casa e 73,2% acedem em banda
larga). Excetuam-se as famílias sem crianças com três ou mais adultos: 90,8% têm
acesso à internet e 86,8% fazem-no através de banda larga.”

❖ “Tanto a ligação à internet em casa, como a utilização de banda larga, é, em 2019, mais
frequente na Área Metropolitana de Lisboa e nas Regiões Autónomas dos Açores e da
Madeira. A região do Alentejo continua a apresentar os níveis de acesso à internet e
banda larga mais baixos do país (respetivamente, 73,9% e 71,6%).”

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❖ “Em 2019, 76,2% dos residentes em Portugal dos 16 aos 74 anos referem ter usado a
internet nos doze meses anteriores à entrevista, mantendo-se a tendência de
crescimento verificada desde o início da década (mais 22,9 p.p. que em 2010). Contudo,
mantém-se o distanciamento do indicador em relação aos residentes na UE-28 (menos
12 p.p. em 2018).”

❖ “Apesar da taxa de utilização da internet pelos homens (77,5%) continuar a ser superior
à das mulheres (75,0%), mantém-se a tendência de aproximação entre as duas séries (o
diferencial entre ambas diminuiu de 10,2 p.p., em 2010, para 2,5 p.p., em 2019).”;

❖ “A proporção de utilizadores de internet diminui de forma acentuada com a idade: para


as pessoas com menos de 55 anos as proporções de utilização situam-se acima dos 80%,

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enquanto a mesma proporção é de 59,3% no grupo etário dos 55 aos 64 anos e de
34,1% no caso da população com 65 ou mais anos de idade.”;

❖ “O acesso à internet em mobilidade (fora de casa e do local de trabalho e em


equipamentos portáteis) é referido por 84,1% dos utilizadores de internet em 2019,
mais 3,2 p.p. que no ano anterior e mais 48,7 p.p. que em 2012. De salientar ainda que
este indicador registou para Portugal níveis idênticos à média europeia2 entre 2016 e
2018.”

❖ “O telemóvel ou smartphone é o equipamento mais referido pelos utilizadores de


internet (82,5%) para aceder à internet em mobilidade.”

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❖ “Do conjunto de utilizadores de internet dos 16 aos 74 anos, 85,8% referem fazê-lo para
trocar mensagens instantâneas, 84,4% para enviar ou receber e-mail e 80,2% para
participar em redes sociais. Os resultados do inquérito indicam ainda que 10,9% dos
utilizadores de internet usam este meio para interagir com eletrodomésticos ou
equipamentos domésticos.”;

❖ “A proporção de internautas residentes que participaram em redes sociais (80,2% em


2019) mantém a tendência de crescimento verificada desde o início da série (mais 23,2
p.p. que em 2011), e continua a ser superior ao registado na UE-28 (65% em 2018).”;

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❖ “Em 2019, quase 25% dos utilizadores de internet referiram ter tido uma intervenção
cívica ou política na internet: 17,0% publicaram opiniões ou comentários sobre estas
temáticas e 15,4% participaram em consultas online ou votações para contribuir para a
decisão de questões cívicas ou políticas.”

❖ “Em 2019, 38,7% dos residentes em Portugal dos 16 aos 74 anos referiram ter efetuado
compras através da internet (comércio eletrónico) nos doze meses anteriores à
entrevista, ou seja, mais 2 p.p. que em 2018.”

❖ “Apesar do crescimento observado desde 2010 (mais 24 p.p.), a proporção de


utilizadores de comércio eletrónico alcançada em Portugal em 2019, continua a ser
inferior à proporção obtida em 2018 para a UE-28 (60%). Tal como verificado para
outras tecnologias de informação e comunicação, a taxa de utilização do comércio
eletrónico pelos homens (40,9%) é superior à das mulheres (36,7%) e é mais frequente
nos grupos etários mais jovens (71,0% para a população dos 25 aos 34 anos), para os
estudantes (62,3%) e para a população que completou o ensino superior (69,4%) ou o
ensino secundário (55,4%).”

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❖ “Mais de 1/4 dos utilizadores de internet (27,6%) encontraram problemas de segurança
nos doze meses anteriores à entrevista, sendo os principais problemas a receção de
mensagens fraudulentas – phishing (18,2% e o redireccionamento para websites falsos
– pharming (14,9%).

❖ “Por outro lado, 49,0% dos utilizadores de internet referiram ter evitado realizar ou ter
limitado a realização de atividades na internet nos doze meses anteriores à entrevista
devido a preocupações com a segurança na utilização da internet, principalmente em
relação ao fornecimento de informação pessoal em redes sociais ou profissionais
(32,6% dos internautas), compra de produtos ou serviços (26,0%), atividades bancárias
(22,8%) e download de ficheiros (22,6%).”

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Fonte: Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias –
2019

2. Relação entre competências tecnológicas e crescimento económico, a nível individual,


organizacional e social

Verificamos que para além das tecnologias serem fundamentais na mudança para a sociedade
de informação em que vivemos hoje, estas também determinam o perfil de profissões e de
áreas com potencial de investimento. De acordo com a Fast Company, as áreas com maior
potencial de crescimento em 2022 são: Saúde, Tecnologia, Logística, Gestão Financeira e
Estatística.

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Tal tem reflexo na remuneração dos trabalhadores. De acordo com o Manpower Group, das
profissões mais bem remuneradas em Portugal, a maior parte é da área da informação e da
comunicação, em particular no que respeita à gestão e proteção de dados, considerando a
necessidades crescentes a este nível, dada a quantidade megalómana de dados que a utilização
das tecnologias gerou.

Também ao nível empresarial se denota um impacto determinante das tecnologias na sua


rentabilidade . Se em 2013 a maior empresa mundial era a Apple e era a única do setor
tecnológico no conjunto das 5 maiores empresas, já em 2021, a mesma empresa domina o
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mercado mundial tendo alavancado substancialmente os seus ganhos, mas outras quatro
empresas da área tecnológica acompanham na liderança da economia mundial. É caso para
dizer que as tecnologias dão dinheiro e muito!

Observando as movimentações registadas nas redes sociais, conseguimos ter uma ideia da
importância comercial da utilização destas novas formas de comunicação e de informação ao
nível do mercado mundial. Em 2022, só o Facebook – a rede social mais usada em todo o
mundo – movimentava – 2,9 mil milhões de utilizadores. O Youtube tem cerca de 2,5 mil
milhões de utilizadores, sendo a segunda rede social mais usada em todo o mundo. Apesar de
serem gratuitas movimentam milhões em publicidade e gestão de dados.

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3. Ponderação de soluções tecnológicas sustentáveis, a nível organizacional, a partir de
uma estimativa dos seus custos e benefícios.

O conceito de sustentabilidade tem vindo a ser orientador de muitas das estratégias de


desenvolvimento ao nível mundial por se perceber a necessidade de impor limites ao
crescimento.

Mas o que se entende por sustentabilidade?

É o desenvolvimento que permite suprir as necessidades do presente sem comprometer a


possibilidade das gerações futuras poderem igualmente suprir as suas necessidades.

Envolve uma tríade de elementos, a saber: PESSOAS, AMBIENTE e ECONOMIA. Se um dos


elementos não estiver assegurado então não podemos falar em sustentabilidade, conforme
podemos ver no gráfico seguinte.

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Recentemente, também a Organização das Nações Unidas procurou integrar a sustentabilidade
na definição dos seus objetivos decenais. Para 2030 delimitou 17 objetivos para o
desenvolvimento sustentável, comummente denominados de ODS. No fundo, traduzem-se em
elementos que levam em consideração as dimensões tradicionais do desenvolvimento
sustentável, procurando chamar a atenção para elementos de caráter mais setorial que devem
ser acautelados (ex. reduzir as desigualdades).

Fonte: Organização das Nações Unidas – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2030.

Então, o que podemos entender por soluções tecnológicas sustentáveis?

Todo o conjunto de bens e serviços que fazem uso das tecnologias no seu desenvolvimento, e
que visam alcançar a sustentabilidade. Visam assim um equilíbrio entre as pessoas, o ambiente
e a economia.

Nem todas as soluções tecnológicas sustentáveis implicam custos. A bem da verdade, algumas
soluções até podem ser rentáveis, de que é exemplo a reciclagem.

Vejamos alguns exemplos de soluções tecnológicas sustentáveis:


- Rentabilização da iluminação natural aquando do desenho dos edifícios;
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- Utilização de ventilação natural nos edifícios;
- Implementação de telhados verdes ou hortas urbanas, para equilibrar com a libertação dos
gases fruto das mobilidades dos veículos nas cidades;
- Criar soluções de economia circular – procurando prolongar o ciclo de vida dos produtos e
evitando desperdícios;
- Utilização de energias renováveis, como a eólica ou solar;
- Implementação de sistemas de compostagem de resíduos alimentares e das hortas.

Obviamente que a escolha das soluções tecnológicas sustentáveis vai sempre depender do tipo
de negócio que se pretende levar a cabo e das possibilidades existentes para a sua
implementação.

4. A importância do investimento em inovação tecnológica e em investigação e


desenvolvimento na atividade económica.

Cada vez mais falamos na importância em inovar e na importância das tecnologias na


sociedade contemporânea. Mas e do que falamos quando nos referimos a inovação
tecnológica?

É todo o conjunto de elementos novos que são utilizados no desenvolvimento de uma


tecnologia.

O Banco Central Europeu define inovação como:


“Em termos económicos, a inovação consiste no desenvolvimento e aplicação de ideias e
tecnologias que melhoram os bens e serviços ou tornam a produção dos mesmos mais
eficiente. O desenvolvimento da tecnologia da máquina a vapor no século XVIII constitui um
exemplo clássico de inovação. A máquina a vapor passou a ser utilizada nas fábricas,
possibilitando a produção em massa, e revolucionou o transporte ferroviário. Mais
recentemente, a tecnologia de informação transformou a forma como as empresas produzem e
comercializam bens e serviços, tendo simultaneamente aberto novos mercados e dado origem
a novos modelos de negócio.” In Como contribui a inovação para o crescimento? (europa.eu)

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No que respeita ao impacto da inovação tecnológica na economia, também o Banco Central
Europeu faz algumas reflexões:
“Embora a Europa seja o berço de muita inovação e continue a ser uma região inovadora, existe
claramente potencial para estimular ainda mais a nossa capacidade de inovação. Apenas três
países da área do euro figuram entre as dez nações mais inovadoras do mundo no índice de
competitividade global do Fórum Económico Mundial. Além disso, no que diz respeito à
despesa com investigação e desenvolvimento (I&D), é persistente o desvio entre a área do euro
e outras economias avançadas importantes.
Acresce que a difusão da inovação na área do euro é, aparentemente, lenta. Estudos recentes do
BCE revelam, por exemplo, uma diferença de produtividade considerável entre as empresas
mais e menos produtivas. Isto significa que, apesar de as empresas de vanguarda com bom
desempenho serem extremamente inovadoras, as empresas mais atrasadas pouco beneficiam
da inovação.” In Como contribui a inovação para o crescimento? (europa.eu)

Em termos de impactos no mundo empresarial, a inovação tecnológica pode:


❖ Contribuir para o crescimento económico e aumento da produtividade.
❖ Apoiar em tarefas de elevado nível de complexidade ou demasiado exigentes em termos de
esforço humano.

O caso mais recente da Inteligência Artificial é paradigmático das mudanças que podem vir a
registar-se no futuro e que já hoje começam a ser visíveis nalguns contextos empresarias. O
que se entende então por inteligência artificial?
“A inteligência artificial (IA) é a capacidade que uma máquina para reproduzir competências
semelhantes às humanas como é o caso do raciocínio, a aprendizagem, o planeamento e a
criatividade.
A IA permite que os sistemas técnicos percebam o ambiente que os rodeia, lidem com o que
percebem e resolvam problemas, agindo no sentido de alcançar um objetivo específico. O
computador recebe dados (já preparados ou recolhidos através dos seus próprios sensores,
por exemplo, com o uso de uma câmara), processa-os e responde.

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Os sistemas de IA são capazes de adaptar o seu comportamento, até certo ponto, através de
uma análise dos efeitos das ações anteriores e de um trabalho autónomo.
” Fonte: O que é a inteligência artificial e como funciona? | Atualidade | Parlamento Europeu
(europa.eu)

Outro termo que começa a ser cada vez mais refletido e que anda a par com a inovação
tecnológica é a Investigação e Desenvolvimento. Muitas vezes aparece com a denominação de
I&D. Na maior parte das vezes é do trabalho de I&D que decorre a produção da inovação
tecnológica.

O que é a Investigação e Desenvolvimento?

Reporta-se à utilização de conhecimento científico no apoio ao desenvolvimento empresarial.


Geralmente remete para um conhecimento mais operativo e que responde às necessidades das
empresas.

Podemos ter vários tipos de I&D, como nos é referido no artigo que se segue:
A expressão Investigação e Desenvolvimento (muitas vezes conhecida pela sigla I&D) designa
um conjunto de atividades ou trabalhos criativos executados de forma sistemática e com vista
ao aumento dos conhecimentos humanos, bem como à utilização desses mesmos
conhecimentos em novas aplicações.
O conceito de I&D engloba três categorias de atividade:
❖ A Investigação Fundamental, que consiste em trabalhos, experimentais ou teóricos,
empreendidos com a finalidade de obtenção de novos conhecimentos científicos sobre
os fundamentos de fenómenos e factos observáveis, sem o objetivo específico de
aplicação prática.
❖ A Investigação Aplicada, que consiste em trabalhos originais, também efetuados com
vista à aquisição de novos conhecimentos, mas com uma finalidade ou um objetivo pré-
determinados.
❖ O Desenvolvimento Experimental, que consiste na utilização sistemática de
conhecimentos existentes, obtidos por investigação e/ou experiência prática, com vista

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à fabricação de novos materiais, produtos ou dispositivos, à instalação de novos
processos, sistemas ou serviços, ou à melhoria significativa dos já existentes.
Fonte: Investigação e Desenvolvimento (I&D) - Knoow

Podemos enumerar vários tipos de impacto que a I&D tem na economia, a saber:
❖ Apoia no desenvolvimento de produtos, serviços e tecnologias;
❖ Apoia na análise de impactos da produção ou de alteração em processos produtivos;
❖ Pode ser importante no desenho de estratégias empresariais de sucesso;
❖ Potencia a competitividade;
❖ Pode estar associada à inovação tecnológica.

4.1. A utilização de softwares de apoio às empresas

4.1.1. Power Point

Com o PowerPoint o utilizador pode:


❖ Criar apresentações originais (cuja criação é sua) ou usar um modelo pré-organizado
com a configuração prévia dos vários tipos de diapositivos que se queiram criar.
❖ Adicionar texto, imagens, arte e vídeos.
❖ Adicionar transições entre diapositivos, animações e movimento cinematográfico.

Tem a potencialidade de ser um bom instrumento para apresentações, muito usado pelas
empresas seja ao nível interno como externo.

4.1.2. Excel

Com o Excel é possível:


❖ Introduzir dados para análise;
❖ Fazer tabelas;
❖ Produzir diferentes tipos de gráficos;
❖ Elaborar diferentes tipos de cálculos com os dados apresentados;
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❖ Permite ordenar uma lista por ordem alfabética ou numérica.

4.1.3. Canva

Trata-se de uma ferramenta online que permite que qualquer pessoa em qualquer parte do
mundo possa elaborar diferentes tipos de design para fins de publicação. Podem tratar-se de
apresentações, currículos, posts, panfletos, cartazes. É o programa ideal para fins publicitários
tendo a possibilidade, tal como no Power Point, de usar apresentações em branco ou pré-
definidas. Para os menos profissionais a utilização do modelo com apresentações pré-definidas
é de grande qualidade e pode ser uma excelente alternativa para minimização das despesas das
empresas.

5. A importância dos meios de comunicação de massas no desenvolvimento da


democracia e da reflexividade social, em particular, através do fortalecimento (e
possível controlo ou regulação) de uma “opinião pública”.

Já vimos antes a importância que as tecnologias têm hoje ao nível da economia mundial e a
capacidade de mobilização dos atuais meios de comunicação e de informação, em particular as
redes sociais. Trata-se de um potencial enorme de ligação das pessoas à escala global, de uma
forma nunca antes vista. A esta forma de conexão chamamos de meios de comunicação de
massas.

O que são os meios de comunicação de massas?


Reporta-se a todos os meios de difusão da informação e da comunicação a uma larga
comunidade de pessoas. Não existe um número de pessoas para associar a essas “massas”. No
entanto, percebe-se que será todo o meio de difusão mais generalista e não personalizado no
que respeita à forma como a informação é tratada.

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Podemos destacar vários impactos associados aos meios de comunicação de massas, a
saber:
❖ Permitem aceder a uma ampla informação – mesmo sabendo que nem tudo é
verdadeiro;
Permitem aumentar a consciência sobre os problemas que o mundo enfrenta assim
como as valias e os recursos que tem para oferecer;
❖ Apoiam na discussão sobre a construção de uma sociedade mais democrática –
apelando a uma maior participação das pessoas na tomada de decisão e na discussão
sobre os assuntos que dizem respeito à vida de todos;
❖ Estimulam o desenvolvimento do espírito crítico e reflexivo (capacidade de pensar
sobre os temas que interessam a todos com uma atitude de permanente
questionamento e propondo soluções para a construção de um mundo melhor).
❖ Aumentam riscos de novas formas de criminalidade – ciber insegurança; bullying
digital; “fake news” .

Estes meios de comunicação permitem a geração de uma opinião pública. Mas o que
entendemos por opinião pública?

A opinião que é construída por um coletivo de pessoas e que é publicamente (“à vista” de
todos) e amplamente apresentada e discutida. Devemos distinguir de opinião publicada – a
informação de poucos que é disseminada com o intuito de manipular ou de influir na opinião
de outros. Uma opinião publicada não coincide necessariamente com a opinião pública e nem
sequer pode ter equivalente direto com informação verdadeira.
Não raras vezes somos confrontados com informação publicada que a tomamos como
verdadeira e vamos construindo uma opinião pública que pode ser falsa.

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6. Implicações socioeconómicas da difusão das redes tecnológicas, em particular, no
desenvolvimento de uma nova configuração social, a sociedade em rede.

Fruto das alterações que vamos registando na nossa sociedade, em resultado das novas formas
de comunicação e de produção da informação reportamo-nos, muitas vezes, à nossa sociedade
como sendo uma sociedade em rede. O que caracteriza então a sociedade em rede?

“A sociedade em rede é uma estrutura social, que pauta relações de produção, consumo e
experiência […]. As redes sociais são transportadas para essas plataformas, sendo já seculares,
cujo lastro se evidencia na história política, social, económica e cultural da humanidade. […]
Quanto mais relevante é a informação, e mais capacitada está a capacidade de a reter, de a
transportar e de a usar, mais pertinente se torna a sua inclusão na rede, que vê outros
mecanismos excluídos nesta dinâmica quase binária.” Perspetiva de Manuel Castells em
https://comunidadeculturaearte.com/a-sociedade-da-informacao- em-rede-aos-olhos-de-
manuel-castells/

Jordi Borja e Manuel Castells dizem então que vivemos um mundo caracterização por uma cada
vez maior desintegração dos espaços dos lugares e uma maior integração dos espaços de
fluxos. Os espaços de lugares são os tradicionais lugares que utilizávamos para confraternizar
como as casas dos amigos, os cafés ou as praças. Já os espaços de fluxos referem-se a todo o
conjunto de espaços de comunicação online gerados por todas as transformações que temos
vindo a falar até aqui.

Quando não há integração nesses espaços de fluxos, ou seja, quando um grupo de pessoas não
acede aos atuais meios de informação referimos que vivem um processo de Infoexclusão
Traduz-se, de acordo com a Infopédia, no desconhecimento das novas tecnologias de
informação, como por exemplo, o uso da Internet. A infoexclusão é, por isso, um tipo de
exclusão social. Segundo Robert Castel (Metamorfoses da Questão Social): exclusão social
representa a fase extrema do processo de marginalização entendido como um processo
descendente de rutura de laços familiares, de amizade e afetivos, e com o próprio mercado de
trabalho.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A SOCIEDADE EM REDE DE MANUEL CASTELLS DISONÍVEL EM CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede -


vol. I.pdf - Google Drive

CONCLUSÃO

Com este documento pretendeu-se elencar os principais conceitos, as principais mudanças e


impactos resultantes da utilização dos novos meios de comunicação e de informação. Passamos
da era documental para a era digital com um conjunto de mudanças de elevado impacto não
apenas no mundo empresarial mas em todas as nossas casas.

É importante que os formandos percebam a importância das transformações registadas e o


surgimento de vários conceitos que surgem para procurar entender essas mudanças. É
igualmente relevante que entendam como futuros potenciais empreendedores, que podem
utilizar distintos meios a seu favor, de forma a melhor promoverem o seu negócio. Torna-se
ainda fundamental que percebem o impacto que os vários meios de comunicação e de
informação têm na vida social, no emprego e na economia.

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