Você está na página 1de 1

N6 negócios

%HermesFileInfo:N-6:20110321:

SEGUNDA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2011 O ESTADO DE S. PAULO

VIVI ZANATTA/AE
Gestão.

Uma Adepto da
coletividade,
Newton
Simões
começará a

construtora adotar
políticas de
meritocracia

no divã
Sobrevivente em seu setor, a Racional
fez até terapia para enfrentar as crises

Naiana Oscar 2011 a marca de R$ 1 bilhão de


faturamento. É um patamar his-
Foi no divã de um psicanalista tórico para uma das construto-
queaconstrutoraRacionalEnge- ras mais antigas do segmento
nhariaresolveusuas crisesfinan- built to suit (de construção sob
ceiras, de gestão e existenciais. encomenda), vista no mercado
Por quase duas décadas, compa- como uma “sobrevivente”.
recer à terapia em grupo era tão A companhia passou (quase)
importantequantoentregarrela- incólume pela estagnação que se
tórios de obras ou atender às de- abateu sobre a construção civil mesmo à base de terapia para se- so, mas que levou os executivos a Sem grandes traumas, a Racional maio. “Tudo é feito com investi-
mandasdeclientes.“Eraumafor- nas décadas de 80 e 90. Viu em- guir adiante. um grau de autonomia enorme”, mudou o foco de atuação e pas- mento próprio”, ressalta Si-
ma de falar do não falado, de dis- presas concorrentes, mais tradi- ARacional aproveitou esse pe- diz Velloso. soudemera empreiteira adesen- mões.ARacionalfoiumadaspou-
cutir as incompetências de cada cionais e maiores, desaparece- ríodo de seca no mercado imobi- Foi nessa época que a atriz volvedora de projetos de enge- cas construtoras de grande porte
um e criar vínculos mais fortes rem com o fim do crédito fácil liário para arrumar a casa. Fez is- Eloísa Elena passou a participar nharia de alta complexidade, co- que não se renderam aos IPOs
na equipe”, explica o fundador vindodoBNH.NomescomoOm- so com a ajuda do psicanalista e dos encontros anuais de integra- mooCentrodeMedicinadoHos- em 2007. “Ficou para trás, para-
Newton Simões. ni, Roffmann, Rácz, Grubima fo- consultordeempresasMarcoAu- ção dos funcionários da Racio- pitalAlbertEinsteineosdatacen- danotempoecheiadevícios”,na
Ele decidiu procurar ajuda da ram ficando pelo caminho. rélioVelloso.As sessões eramse- nal, com a missão de levar para o ters do Bradesco e da Tivit. Mais avaliação de uma fonte do setor.
psicanálise depois que uma de- NemNewtonsabeexplicarco- manais e densas. Executivos en- palco os dramas enfrentados pe- de 60% da receita, porém, conti- Após se dar alta da psicanálise
bandadadediretores o fezperce- mo conseguiu colocar a empresa gravatados choravam que nem las equipes no dia a dia. Hoje, ela nua vindo dos shopping centers. eimprimirumesquemade“cole-
berqueestavasozinhonocoman- de pé depois de tomar um calote crianças. Até Newton admite tem cadeira cativa no conselho Aempresaapostatambémnos tividade” na tomada de decisões,
do da empresa. A experiência foi histórico numa das primeiras que exagerou na dose. Para enge- da empresa. “Não entendo nada condomínios logísticos, onde a Racional se prepara para ado-
tão intensa que Newton, por ve- obrasdegrandeportedeseuport- nheirosacostumadosaopragma- de engenharia, mas conheço de alémdeprojetareconstruir,assu- tar, com certo atraso em relação
zes, viu-se tentado a abandonar a fólio,oClubMedItaparicanaBa- tismo da construção civil, falar relações humanas e é por isso me a função de administradora. aos concorrentes, uma política
engenharia para se dedicar às hia. Pouco tempo depois teve de desi mesmoseter suasincompe- que estou ali.” O Centeranel Raposo, localizado demeritocracia, commetas ebô-
questões freudianas. contornar outro rombo, ao des- tências escancaradas diante dos Tanto investimento em auto- nas proximidades do Rodoanel, nus individuais. Os funcionários
Fez bem em continuar no ra- cobrir que seu gerente de RH colegas parecia mais difícil do conhecimento tinha de em São Paulo, foi inaugurado no estão assustados com as mudan-
mo. Com 40 anos de mercado, a fraudava a folha de pagamento que colocar um prédio de pé. trazer algum fruto para a fim de 2010. Outro, na região de ças. Mas se não der certo, Freud
Racional prevê ultrapassar em com funcionários fantasmas. Só “Foi um processo lento e doloro- operação da empresa. Viracopos, será entregue em está aí para ajudar.

PONTOS-CHAVE

● Freud explica ● Receita ● Portfólio


Fundada em 1971, a Racional
Engenharia recorreu por vinte
anos à psicanálise para reter
R$ 803 mi
foi o faturamento da construtora
Os shoppings ainda represen-
tam 60% do faturamento da
empresa, mas aos poucos o
executivos e melhorar o fluxo no ano passado. Em 2011, a varejo cede espaço para
de informação, com sessões previsão é de que a receita projetos de inteligência ligados
semanais de terapia alcance a marca de R$ 1 bi ao setor logístico
REPRODUÇÃO DIVULGAÇÃO

Mídia & Marketing

Brasileiros no topo dos festivais internacionais


Relevante no meio da criação há pelo menos duas décadas, País começa a ser reconhecido também pelo seu peso econômico
JF DIORIO/AE
Marili Ribeiro Na 14.ª edição do Festival de um peso econômico forte, não
Publicidade da Ásia, na Tailân- OS PARTICIPANTES só nos festivais mas como ator
OBrasilestá bemnafoto nos fes- dia, que terminou no domingo, a global. Isso melhora ainda mais
tivais internacionais de propa- presidência geral do evento foi a percepção do País e dos seus
ganda este ano. Não que não te- do publicitário Washington Oli- ● Washington Olivetto profissionais”. O atual assédio
nha marcado presença antes. Os vetto, chairman da WMcCann. Presidente do Festival tambémédecorrênciadaprolife-
profissionais do meio sempre Situaçãosimilaràposiçãoocupa- de Publicidade da Ásia ração de festivais mundo afora,
compuseram o quadro de jura- da por Celso Loducca, presiden- na opinião de Olivetto. “São tan-
dos, mas a diferença é que agora te da agência Loducca, que co- ● Celso Loducca tos que acho que estão faltando
ocupam posições de destaque. mandou o The Cup (Internatio- Presidente do The Cup, jurados”, brinca.
Em junho, a presidência do ti- nal Advertising Festival), em Is- na Turquia
me de jurados de filmes comer- tambul, na Turquia, na semana Birôs. O modelo de negócio
cias no americano Clio Awards, retrasada. ● Sergio Valente das agências no Brasil é outro as-
com cinco décadas de competi- Nos festivais de origem latina, Presidente do time de jurados pecto que dá visibilidade ao País.
ção, será ocupada por Sérgio Va- mais um brasileiro ocupa posi- de filmes comercias do Clio Aqui, ao contrário dos EUA, Eu-
lente, sócio de Nizan Guanaes ção. Ruy Lindenberg, presidente ropa e Ásia, não proliferou o mo-
na DM9DDB. Ele estará ao lado interino da Leo Burnet Brasil, ● Ruy Lindenberg delo de intermediação de com-
de figuras como Erik Vervroe- que vai integrar o júri de comer- Integrante do júri de comerciais pra de espaço publicitário pelos
gen, diretor de criação da agên- ciais e anúncios impressos do El e anúncios impressos do El Sol birôs de mídia. Esse sistema, que
cia Goodby, Silverstein & Part- Sol. Criado como festival nacio- Prestígio. Valente, da DM9DDB, será um dos jurados do Clio favoreceu os anunciantes com
ners, e Richard Ting, vice-presi- nal da publicidade espanhola há redução de preços graças à com-
dente da R/GA. 26 anos, transformou-se em gens aos que compõem a cena. A Criatividade, movimenta algo Os profissionais veem nessa pra em quantidade, enfraqueceu
O Brasil não ganha prestígio competição ibero-americana a visibilidadeobtida comasdispu- em torno de € 30 milhões por conquista muito de reconheci- as agências. “Mais do que a repu-
apenas nos festivais anglo-sa- partir do ano 2000. tasépura publicidade,o quenes- edição. Em Cannes, entretanto, mentodaqualidadedapropagan- tação criativa, tenho sido ques-
xões, onde nasceu e foi cultivada Festivais são ótimo negócio se tipo de prestação de serviço é os brasileiros ainda não atingi- da que se faz no Brasil. Celso Lo- tionado sobre o nosso modelo
a propaganda, mas também no para as empresas realizadoras – parte relevante do negócio. ramoestrelatodepresidirofesti- ducca vai além: “O Brasil é uma de negócios, que não deixou vin-
pulsante e emergente eixo eco- por causa da receita que geram –, O maior deles, o Cannes val. A tarefa quase sempre é dada potência criativa há pelo menos gar as centrais de mídia”, conta
nômico entre a Ásia e a Turquia. mas também oferecem vanta- Lions Festival Internacional de aos americanos e ingleses. 20 anos. Agora temos também Olivetto.

Making of
DIVULGAÇÃO
como o Cine Belas Artes, que le- acaba dormindo. Quando o tem-
Longe vava a assinatura do banco, fica-
ram sem patrocínio.
popassa e o garoto se torna adul-
to, pede ao pai que toque para
do cinema, “Não vamos popularizar a co-
municação, mas queremos au-
fazer seu bebê dormir.
“Queremos que um público
perto da TV mentar a percepção da marca no
públicodenãoclientes”,dizano-
maior conheça a nossa forma de
trabalhar. Por isso, o novo co-
va diretora de marketing do ban- mercial traz a percepção das coi-
Desconhecido por quem não é co, Maria Fernanda Laregina. sas boas que podem ser transmi-
cliente, o HSBC quer aumentar a Desde janeiro, o HSBC aposta tidas por várias gerações”, expli-
sua abrangência no Brasil. Para em campanhas contínuas em to- ca a diretora de marketing.
isso, abandonou os investimen- dos os meios de comunicação. Pesquisas mostraram que os
tos em patrocínios em projetos, No novo comercial que entra clientes do HSBC estão satisfei-
que somavam cerca de R$ 30 mi- noarnapróximaquarta-feira,pe- Gerações. O comercial batizado de ‘Piano’ conta a história de uma relação de longa data tos com o serviço. Por outro la-
lhões ao ano,e redirecionou esse la primeira vez o banco apela pa- do, quem não é cliente não tem
bolo para a mídia de massa. ra uma música do repertório na- ganda JWT usou na trilha sono- co dobanco continua nas classes O filme, batizado Piano, conta vontade de conhecer o banco
O meio televisão foi um dos cional – em geral, encomendava ra músicade Viniciusde Moraes. A e B. Tanto que a mensagem do a história de uma relação de lon- porque não conhece a marca.
mais beneficiados pela nova es- trilhas próprias. Em busca da Procurarumpúblico maisam- comercial é para clientes pre- ga data. Umgaroto de 6 anos tem Foi com base nessa constatação
tratégia, ao lado de veículos im- atenção de potenciais clientes plo, entretanto, não significa o mium, com renda mensal acima ocostumedeassistir aopaitocar queo HSBCdecidiu deixarospa-
pressos. Por outro lado, projetos brasileiros, a agência de propa- de menor poder aquisitivo. O fo- de R$ 7 mil. piano mas, sempre que faz isso, trocínios de lado. / M.R.

Você também pode gostar