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Geração Vapor | Geração Energia |Tratamento Águas

Calculando o Consumo específico de Turbinas através do


Diagrama Mollier

Neste tema, podemos fazer uma análise assertiva para determinar se


suas turbinas estão com consumo específico adequado com a
especificação de Projeto, e entender se existe alguma variável de processo
que esteja afetando a eficiência sua máquina.
Sabemos que essa relação, está diretamente ligada ao Título Vapor e
a sua pureza, que necessariamente é fundamental estar dentro das
especificações de qualidade determinada pelos fabricantes.

Podemos usar o diagrama de duas maneiras para um dado salto


entálpico. Conhecendo ou admitindo a eficiência da máquina, podemos
avaliar o seu consumo específico e determinar a temperatura do vapor na
saída. Ou ao contrário, medindo a temperatura do vapor de escape,
podemos avaliar a eficiência do equipamento para o mesmo salto entálpico
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Eficiência das turbinas depende logicamente da sua concepção,


podemos listar alguns exemplos:

❑ Turbinas de simples estágio bombas de alimentação de caldeiras que


possuem pouca eficiência porque a velocidade periférica das palhetas
é muito baixa, já que a sua rotação não passa de 3.600 rpm. Estas
máquinas têm eficiência na faixa de 35% a 40%
❑ Turbinas de simples estágio que acionam preparo e moendas tem
uma eficiência um pouco melhor, na faixa de 40% a 50%
❑ Turbinas de múltiplos estágios de preparo e moenda, conseguem
obter eficiência na faixa de 65% a 70%
❑ Turbinas de múltiplos estágios de ação e de reação em Geradores de
Energia são as mais eficientes, pois operam com rotação constante e
normalmente com carga alta. Podemos ir desde 75% nas máquinas de
ação até 87% ou mais nas máquinas de reação
Ciclo Termodinâmico com Turbina a
vapor baseado no ciclo Rankine.
❑ 1 a 2 : Compressão isentrópica na
bomba.

❑ 2 a 2´ : Aquecimento até líquido


saturado sob alta pressão.

❑ 2´a 2” : Vaporização isobárica a


pressão e temperatura constante até
estado vapor saturado seco.

❑ 2” a 3 : Superaquecimento do vapor
sob pressão alta constante acima da
temperatura de saturação.

❑ 3 a 4 : Expansão isentrópica com a


produção do trabalho.

❑ 4 a 1 : Condensação isobárica a baixa


pressão e em temperatura constante
até estado líquido.

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Voltando ao diagrama Mollier, vamos discutir como determinar o


consumo específico para um dado salto entálpico e uma dada eficiência.
Em primeiro lugar determinamos o ponto do vapor na entrada da
turbina, por exemplo 30 bar absoluto e 400 C. Vamos ao diagrama e
encontramos a entalpia deste ponto, no valor de 3240 kJ/kg. Vamos admitir
sacar o vapor de escape no tradicional 2,5 bar absoluto (1,5 kg/cm2
manométrico)
Sabemos que se a turbina fosse ideal, sem perdas e, portanto, com
um ciclo reversível, o salto seria isoentrópico. Temos então que, a partir do
ponto determinado para o vapor da entrada, caminhar no diagrama na
vertical onde temos a entropia constante. Fazendo isso, ao chegarmos à
pressão de 2,5 bar encontramos uma entalpia de 2670 kJ/kg. O salto
entálpico ideal seria, portanto, de 3240 – 2670 = 570 kJ/kg

Considerando uma eficiência da turbina por exemplo de 70%, o salto


aproveitado seria de aproximadamente 400 kJ/kg. Ou seja, é como se
aproveitássemos os primeiros 70% do comprimento da reta vertical que
traçamos no diagrama. Potência é a energia na unidade de tempo, e como
kW = kJ/s, para termos o consumo horário usual basta dividir 3600 / 400 =
9 kg/kW.h e chegamos ao consumo específico esperado desta máquina.

Se agora, sobre a mesma linha vertical traçada no diagrama,


encontrarmos o ponto 3240 – 400 = 2840 kJ/kg e, a partir deste ponto,
seguirmos na horizontal até encontrarmos a linha de pressão de 2,5 bar,
vamos determinar a condição esperada da temperatura deste vapor, no
caso de aproximadamente 182°C.
Quanto mais para a esquerda estiver localizado o ponto do vapor de
escape, menor será a eficiência do ciclo, ou seja, será maior a variação da
entropia. E vice versa
Seguindo a mesma linha de raciocínio, se para uma dada turbina
medirmos a temperatura do seu vapor de escape, será possível através do
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diagrama avaliar a eficiência da mesma. Bastando verificar qual foi o salto


entálpico efetivamente obtido e dividir o mesmo pelo salto eltálpico que
seria ideal (salto isoentrópico)
Se estamos lidando com uma turbina de extração, o mesmo método
se aplica, bastando considerar a máquina como se fossem duas máquinas
de contrapressão. No primeiro salto entálpico passa todo o vapor, no
segundo salto entálpico passa o vapor da entrada menos o vapor da
extração. Cada salto entálpico terá o seu consumo específico
O diagrama nos permite também avaliar de forma gráfica, e portanto
mais amigável, as variações de salto entálpico quando aumentamos a
pressão e a temperatura do vapor

Usar o diagrama naturalmente não dispensa a consulta aos


fabricantes especializados quando estamos diante de uma decisão de
compra por exemplo. Mas ele nos dá uma idéia muito precisa dos
consumos específicos e das eficiências que estamos praticando.
Normalmente, quando consultamos os fabricantes, os resultados vão estar
sempre muito próximos daqueles avaliados com o diagrama

Por outro lado, a monitoração constante do Título Vapor (temperatura


e pressão) do vapor das turbinas pode nos dar uma indicação valiosa do
consumo específico das máquinas, e desta maneira eventualmente tomar
providências para otimizá-lo.
Quanto mais perto das condições ideais de projeto a turbina estiver
operando, mais para a esquerda o ponto do vapor de escape vai estar no
diagrama.

Autor:
E. DIRENZI
Publicado em 04 de Agosto de 2022.

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