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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA

INSTITUTO SUPERIOR DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS – ISHCT


CURSO DE ENGENHARIA INFORMÁTICA E DE TELECOMUNICAÇÕES

Cadeira: Impactos Ambientais dos Sistemas de Telecomunicações Semestre: 7º

Ano: 2023

Nível: 4º

TEMA IV: GESTÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS, MEDIDAS E SISTEMA DE


GESTÃO PARA IMPACTOS AMBIENTAIS

SUMÁRIO

 Sistema para implementação de boas práticas ambientais nas telecomunicações;


 Análise do impacto dos sistemas de telecomunicações na perspectiva do meio ambiente

Breve contextualização

A implantação de novas tecnologias em empresas de prestação de serviços é um fenómeno que


vem ocorrendo mais intensamente. Actualmente, é necessário incorporar ao processo de trabalho
as tecnologias que possibilitem a modernização da empresa, como forma de prestar um melhor
atendimento ao cliente e possibilitar um sistema de informações, controle e gerenciamento que
seja capaz de gerar menores custo.

Ao longo da história, ocorreram várias evoluções tecnológicas que permitiram muitos avanços à
humanidade, trazendo, por outro lado, riscos inerentes às novas tecnologias. Muito dos impactos
ainda estão sendo estudados e outros, já identificados são objectos de normas e leis
internacionais. Tentando contornar essa situação, fabricantes e empresas, através de políticas

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ambientais, minimizam esses impactos e conseguem inclusive melhorar seu desempenho
financeiro.
Os sistemas de telecomunicações, no contexto geral entendido como todo e qualquer meio ou
mecanismo utilizado para atender às necessidades de comunicação da sociedade, sejam eles de
infra-estrutura como torres, antenas, cabos e baterias, ou de apoio ou administração, como
prédios, pessoas e a operação dos sistemas, mesmo sendo considerados de desenvolvimento
“limpo”, também contribuem com elementos nocivos ao meio ambiente.

Perspectivas do impacto dos sistemas de telecomunicações no meio ambiente

Considerando a amplitude dos conceitos de novas tecnologias e inovações tecnológicas


usualmente adoptadas, é possível projectar o cenário da enorme abrangência de seus efeitos,
tanto do ponto de vista social quanto económico, político e ambiental na realização das
actividades industriais.

Um processo de aperfeiçoamento típico é o que vem sendo trabalhado junto ao crescimento do


consumo na forma de acções desenvolvidas sobre o lixo electrónico (e-lixo). Esta actividade tem
sido desenvolvida devido ao crescente consumo de equipamentos electrónicos que podem afectar
o meio ambiente, caso não seja dado um destino correto a esse tipo de bem ou material.

A Perspectiva de avaliação deste impacto deve se reflectir na fixação do homem pelos avanços
tecnológicos, pela lei da oferta e da procura, pela competitividade capitalista, pelo consumo
elevado e o ritmo rápido da inovação tecnológica dos equipamentos electrónicos, no contexto
geral discutido sobre a abordagem ambiental.

Aspectos do impacto ambiental em sistemas de telecomunicações


Sobre aspectos dos impactos ambientais nos sistemas de telecomunicações, apontam que tais
impactos afectam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos, fragilizando-a ou
fortalecendo-a. A aprovação do National Environmental Policy Act (NEPA) americano, em
1969, instituiu a execução da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) interdisciplinar para
projectos, planos e programas e propostas legislativas de intervenção no meio ambiente. O
documento que apresenta o resultado dos estudos produzidos pela AIA recebeu o nome de
Environmental Impacts Statements (EIS) e mostrou-se um instrumento eficiente, principalmente

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no que se refere à participação da sociedade civil na tomada de decisão pelos órgãos ambientais
via audiências públicas.

A avaliação deve levar em consideração todos os agentes económicos em conflito para que a
solução atenda o bem-estar social de todos e não somente de um pequeno grupo. Numa
abordagem orientada pela perspectiva económica, distinguem-se três valores que compõem o
valor do ambiente.

Valor total do ambiente = valor de uso + valor de opção + valor de existência

O primeiro valor deriva do uso actual dos bens e serviços ambientais. Como exemplo nos
sistemas de telecomunicações pode-se apresentar o caso da instalação de uma repetidora no alto
de uma montanha coberta com vegetação de Mata Atlântica. Esse factor poderia ser a utilização
da área pela comunidade local, ou por ecoturistas em busca de aventuras ou pelo simples acto de
apreciar os pássaros. Essa utilização do local representa um valor para esses indivíduos que seria
quanto eles estariam dispostos a pagar por esses serviços de utilização do alto da montanha.

A segunda variável, “valor de opção”, seria o valor que, no exemplo da repetidora, os usuários da
área estariam dispostos a pagar para garantir-lhes que, no futuro, o lugar estaria à disposição
deles e de seus dependentes. Nessa situação enquadram-se também aqueles indivíduos que não
utilizam a área, mas que poderão utilizá-la, opcionalmente. Neste ponto, a incerteza quanto aos
impactos ambientais eleva a incerteza, justificando então a ampliação e aprofundamento dos
estudos e conhecimento do impacto desse projecto.

O terceiro e último factor consideram a simples e pura existência de um serviço natural, como
por exemplo, uma espécie animal ou vegetal, sem a necessidade dos indivíduos utilizarem-na no
presente ou no futuro.

Ainda na avaliação de um projecto, muitas vezes o mesmo é considerado inviável pela simples
análise dos valores vigentes no mercado de um bem que deixaria de ser produzido.
Aproveitando o exemplo da repetidora, supondo que no local de sua instalação exista a nascente
de um rio que suporte, alguns quilómetros abaixo, a existência de uma intensa produção
pesqueira, o valor estimado dessa produção pode inviabilizar a construção da repetidora.

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Entre outras técnicas utilizadas na avaliação, destacam-se as técnicas de mercado de recorrência
e a de mercados hipotéticos:
 A primeira faz uso do mercado de imóveis ou de turismo, por exemplo, para estimar
valores de certas áreas. Mas esta técnica só permite uma aproximação do valor de uso.
 As técnicas de mercado hipotético têm sido amplamente utilizadas em estudos
ambientais. Utilizam principalmente questionários onde os respondentes atribuem valores
às mudanças na oferta ou na qualidade de um certo bem ou serviço material.
Basicamente, o respondente informa quanto estaria disposto a pagar pela preservação de
uma área ou então, quanto gostaria de ser recompensado pela perda da qualidade
ambiental.

Numa abordagem mais centrada na discussão dos impactos ambientais negativos nos principais
sistemas de telecomunicações, destacam os seguintes elementos: Satélites, Cabos, Infra-
estrutura e ERB.

Satélites
A utilização de enlaces de rádio via satélite é uma constante. As aplicações são as mais diversas
possíveis e a demanda faz com que os mesmos sejam lançados e operados por diversas
organizações em diversos países.

Alguns impactos negativos que os satélites provocam no meio ambiente começam muito antes de
os satélites entrarem em operação. No lançamento de um satélite ocorre a queima de milhares de
litros de combustíveis do foguete, isso sem considerar a área de lançamento, normalmente um
grande e seco descampado. Já em operação, percebemos a poluição do espaço pela simples
presença do satélite, provocando um quase congestionamento espacial.

Em longo prazo, os principais impactos são os lixos/resíduos espaciais, pedaços desprendidos e


satélites fora de operação deixados “vagando” na órbita da Terra por muitos anos.

Cabos
Antes do desenvolvimento dos sistemas rádio, as ligações dos sistemas de telecomunicações
eram feitas basicamente por cabos. Inicialmente, cabos de cobre revestidos com os mais diversos

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tipos de materiais, incluindo alguns metais como chumbo e alumínio e estruturas plásticas
derivadas de petróleo interligavam centrais telefónicas e chegavam até o usuário final.

Embora com seus menores diâmetros e peso, a utilização da fibra óptica causa diversos impactos
sobre o meio ambiente. Numa análise do aproveitamento da construção de uma rodovia para
passagem subterrânea de fibra óptica e, excluindo os impactos causados pela construção da
rodovia em si, pode-se salientar os seguintes impactos do cabeamento óptico:

 Desmatamento: considerando que o simples fato da construção da rodovia afectaria a


vegetação, muitas vezes, a passagem da fibra utiliza partes laterais ao acostamento,
aumentando a área de impacto;
 Alteração de fluxos de água subterrânea: a colocação da fibra, juntamente com seus
electrodutos, suporte, bases, caixas de passagem e outros mecanismos podem alterar os
processos naturais de drenagem de águas pluviais;
 Contaminação da biota por resíduos deixados no local: no processo de instalação,
resíduos perigosos podem ser deixados pelas áreas acerca do caminho principal da fibra,
pelo simples pressuposto de que por mais que se limpe todo o excesso de resíduos
produzidos, não se conseguirá recolher a totalidade de limalhas e restos de elecrodutos
galvanizados ou mesmo de PVC;

Infra-estrutura
Além dos impactos característicos das transmissões e operações dos sistemas de
telecomunicações, ainda são observados os impactos causados pela infra-estrutura geral, dentre
os quais o despejo de esgoto e o desmatamento na calota rádio de uma estação repetidora, os
bancos de baterias a base de chumbo utilizado na alimentação de centrais telefónicas e estações
de rádio. Sobre o chumbo, sua periculosidade está em ser um metal pesado e muito tóxico para
os seres humanos e a maioria dos animais. A exposição ao chumbo pode interferir na actividade
do sistema nervoso e na formação das células vermelhas do sangue (hemácias), inibindo, desta
maneira, a transferência do oxigénio ao organismo.

O impacto mais presenciado em sistemas de telecomunicações é em relação ao consumo de


energia eléctrica. E esse consumo é incrementado principalmente pelos aparelhos de ar
condicionado. Sejam em centrais telefónicas, centros de dados ou ERBs, os sistemas de

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condicionamento de ar são os principais responsáveis pelo consumo de energia, representando
até 50% da demanda.

ERB
O sistema de telefonia celular se tornou mais do que uma tecnologia de comunicação inovadora,
ela revolucionou os hábitos pessoais e rotinas profissionais de milhões de pessoas ao redor do
mundo. O conceito da planta celular baseou-se em maior número de estações
transmissoras/receptores, possibilitando às estações móveis tornarem-se menores e menos
potentes. Com isso, os volumosos receptores foram transformados em pequenos transceptores
que cabem na palma da mão.

A transmissão se dá por meio de ondas de rádio, em faixas de frequência preestabelecidas.


Como qualquer onda de rádio, o sinal de um celular é uma onda electromagnética propagando-se
pelo espaço. No caso dos celulares, as frequências utilizadas geram ondas de pequeno
comprimento (da ordem de 30 cm ou menos). Abaixo de um metro de comprimento, as ondas
electromagnéticas já são consideradas microondas, e a irradiação dessas ondas de alta frequência
são objecto de diversos estudos ao redor do mundo.

Existe um projeto de pesquisa estabelecido pela Organização Mundial da Saúde – OMS, para
avaliar as evidências científicas existentes sobre possíveis efeitos de campos electromagnéticos à
saúde, incluindo os emitidos por celulares e suas ERBs.

Poucas pesquisas levam em conta o tipo de sinal pulsado (modulado) e situações de exposição
observadas em usuários de celulares. Um recente estudo realizado por um grupo britânico
(conhecido por “relatório Stewart”) reafirmou não haver comprovação científica que microondas
celulares causem problemas à saúde humana. Contudo, o mesmo relatório não descartou a
hipótese e fez uma série de recomendações quanto ao uso de celulares e instalações de rádio base
(como evitar as mesmas perto de escolas e creches), dentro do princípio universalmente
estabelecido denominado “princípio da precaução”.

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