FeCEESP - Feira de Ciências das Escolas Estaduais de São Paulo
COPED - Coordenadoria Pedagógica
Categoria: Ciências Humanas
E. E. JOSÉ AUGUSTO RIBEIRO–ASSIS-SP
“Tá de Chico?” “Choveu na horta?” “Tá naqueles dias?” A relevância da
discussão sobre os tabus menstruais e os impactos de políticas públicas para o cuidado e a dignidade da mulher no âmbito da educação básica com as estudantes da E.E. José Augusto Ribeiro. SIQUEIRA, Mirian Paula Pinheiro; SOUZA, Karen Cristina Soares; ROSA, Ingrid Priscila Pereira INTRODUÇÃO Falar em questão menstrual não deveria causar tanto constrangimento e/ou ser alvo de tanta desinformação, uma vez que menstruar é algo biológico. No entanto, em pleno século XXI a questão menstrual é ainda tabu e um mecanismo excludente. Essa exclusão/ausência do público feminino se revela em vários contextos e espaços sociais, como a escola por conta da dificuldade de compra do item básico de higiene intima,- absorvente-, resultando em muitas perdas para as meninas. Dessa maneira, o presente trabalho Figura 1: Alunas Karen e Mirian aplicando o questionário com as estudantes teve como objetivo investigar as implicações, bem como buscar soluções para diminuir os impactos causados pelo referido fenômeno RESULTADOS natural ás estudantes, buscando parcerias com o poder público para a implementação de um projeto de lei que garantisse o direito da A análise dos gráficos sinalizam resultados significativos, dignidade menstrual, além de dialogarem com uma importante primeiramente, no que diz respeito às questões econômicas das demanda de grupos feministas que é a igualdade de condições no estudantes o que refletem diretamente no poder de compra acerca que tange a aprendizagem entre homens e mulheres. de itens que deveriam ser essenciais, mas que nesses contextos se tornam supérfluos e, portanto, dispensáveis, como os absorventes. QUESTÃO PROBLEMA Essa carência resulta na ausência das estudantes no ambiente De que maneira as ausências relacionadas à menstruação e a falta escolar em dias que estão menstruadas comprometendo suas do item básico da higiene feminina- o absorvente podem impactar aprendizagens fato que reafirma uma condição de vulnerabilidade, significativamente na aprendizagem das estudantes da escola EE exclusão e desigualdade que além de histórica, se revela prejudicial José Augusto Ribeiro? às mulheres. JUSTIFICATIVA O presente trabalho se justifica primeiramente por procurar responder a um questionamento e demandada das estudantes da escola E.E José Augusto Ribeiro sobre de como ainda é tabu falar sobre tal tema, seja nos âmbitos escolares e/ou domésticos e a dificuldade de acesso ao item básico de higiene íntima e saúde - o absorvente . Tal fato resulta em ausências de muitas das alunas nas Gráfico 2:Você já deixou de ir à atividades escolares durante o período menstrual prejudicando suas Gráfico 1: Qual a renda da sua família?(soma de todos os salários ou benefícios que vocês recebem? escola, ou deixou de realizar alguma atividade por estar menstruada? aprendizagens e vida social. A demanda apontada justificou a necessidade de proposição de ações que considerasse, por exemplo, CONSIDERAÇÕES FINAIS a implementação de um projeto de lei que realizasse a distribuição O desenvolvimento do projeto nos revelou a importância de de absorventes de maneira gratuita, acolhedora e de compreender de que maneira a pobreza íntima no que diz respeito ações formativas que resultassem para as estudantes em ao ciclo menstrual influencia a presença/ausência das estudantes no apropriação de conceitos importantes como Dignidade, ambiente escolar, da ótica de que essa problemática se desdobra Empoderamento e Sororidade. Gestado em nossa unidade escola as em muitos prejuízos e tabus para as alunas. Afinal, estar ausente da ações de mobilização propostas no projeto geram transformação escola pode refletir em perdas significativas de horas de estudo e social para além dos muros da escola reverberando em relevância consequentemente de apropriação de conhecimento, além de o para todas as mulheres em situação de vulnerabilidade social, menstruar por si só, gerar uma série de desconforto do ponto de econômica e racial da cidade de Assis. vista de se poder falar sobre essa temática de maneira clara e aberta, fato que reforça tabus, estereótipos e disparidades em METODOLOGIA termos de alocação desse sujeito nos diversos âmbitos sociais. Como metodologia, o trabalho se pautou na leitura, pesquisa e Concluímos ainda que somente uma educação transformadora discussão sobre o referencial bibliográfico relativo ao tema do resulta em práticas capazes de nos levar cada dia mais a contribuir projeto (livros, relatórios, acervos virtuais). no intuito de construir uma sociedade mais igualitária e justa para Em seguida foi essencial análise de dados sobre frequência das todos, mulheres ou homens. estudantes, os quais nortearam a etapa subsequente de elaboração e aplicação do formulário. Este instrumento analítico foi aplicado e REFERENCIAL TEÓRICO disponibilizado de forma on-line, via Google Forms por meio do ADICHIE, Chimamanda N. Sejamos Todos Feministas. São aplicativo WhatsApp, envolvendo as estudantes dos 7º, 8º, 9º anos Paulo: Companhia das Letras, 2014. do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio da escola José ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Para educar crianças feministas. Augusto Ribeiro. Por meio dos dados obtidos através do estudo Companhia das Letras,2017. frequências das alunas e do formulário delineou-se um problema. HOOKS, Bell. Erguer a voz. pensar como feminista, pensar Após esse diagnóstico, buscaram-se parcerias com o Poder Público como negra. Trad.Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: da cidade de Assis e por meio da Câmara Municipal para apresentar Elefante.2019. a proposta da elaboração de um Projeto de Lei que realizasse a SILVEIRA, Maria Lúcia da. Apontamentos-para-uma-trajetória- distribuição de absorventes de maneira gratuita para as mulheres de teórica-do feminismo. Disponível em baixa renda do Município, bem como parcerias com a Fema – https://casperlibero.edu.br/wp- Fundação Educacional do Município de Assis para desenvolver ciclos content/uploads/2015/08/Apontamentos-para-uma- de palestras com os estudantes. trajet%C3%B3ria-te%C3%B3rica-do-feminismo.pdf.Acesso em 16/05/2021 SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar?. 1. ed. Trad. Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010. UNICEF, Pobreza Menstrual no Brasil; desigualdades e violações de direitos: In Relatório.
A priorização da educação na primeira infância para implementação de uma sociedade (verdadeiramente) livre, justa e solidária: oportunizando que cada um possa buscar a sua melhor versão