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Pense e Anote

Instalação,
operação e
manutenção de
compressores

Introdução

N este tópico, alguns aspectos relativos à instalação, operação e ma-


nutenção de compressores em geral serão abordados. Nosso objetivo é:

Dar ao profissional de manutenção uma


visão geral do comportamento esperado
para esses equipamentos.

Dar condições a esse mesmo profissional


de observar desvios que exigem sua
análise e intervenção com a adoção das
medidas necessárias para solucioná-los.
Dar condições ao profissional de discutir
irregularidades operacionais com os
profissionais da área competente,
profissionais de projeto, outros
profissionais de manutenção e mesmo
com o fabricante do equipamento.

Os fabricantes, normalmente, fornecem documentos


(databooks) e catálogos que, além de fornecerem dados
importantes dos equipamentos envolvidos, orientam o
usuário no que diz respeito aos aspectos relativos à
instalação, operação e manutenção. Essa documentação
atua como um guia para o profissional de manutenção
e, sempre que necessário, deve ser consultada.

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Recebimento e estocagem
de compressores
Ao saírem das instalações do fabricante, os compressores são devidamente
Pense e embalados após terem sido protegidos, particularmente contra a corro-
Anote são. Essa proteção, entretanto, pode não ser suficiente para assegurar a
inexistência de danos após longos períodos de armazenamento nas insta-
lações (almoxarifados) do usuário.
De um modo geral, além dos cuidados descritos pelo fabricante do
compressor e do acionador/redutor correspondente:

O local de armazenamento deve ser seco e limpo.


O posicionamento de equipamentos e componentes deve
permitir inspeções periódicas.
O posicionamento deve permitir, também, a restauração
de películas protetoras danificadas, quando necessária.
As embalagens originais, normalmente confeccionadas de modo a
evitar o aparecimento de empenos e distorções em componentes de um
modo geral, dentro do possível, devem ser preservadas, em particular
quando o tempo de estocagem for muito longo.

Instalação
Em princípio, tanto quanto possível, os compressores de ar comprimido
são instalados próximos aos pontos de consumo, desde que o ar captado
seja suficientemente limpo. Com esse procedimento, evita-se o custo de
extensas tubulações de descarga que, adicionalmente, introduzem perdas
de carga e agregam, por esse motivo, mais custos desnecessários à ativi-
dade de geração do ar comprimido mencionado.
No caso de compressores de gás, situação em que as tubulações de
sucção também devem ser consideradas, eles são instalados entre os pon-
tos de captação e consumo do gás processado, dentro de um arranjo
(layout) que leva em conta o custo das tubulações de sucção e descarga.
Por outro lado, os compressores, de um modo geral, são equipamentos
vitais ao processo produtivo, razão pela qual uma combinação adequada
de supervisão e monitoração é fundamental para assegurar uma continui-
dade operacional satisfatória.
Dessa forma, o posicionamento final dos compressores deve levar em
consideração os aspectos anteriormente mencionados, ou seja:
Permitir fácil inspeção e manutenção.
No caso de compressão de ar, o filtro de sucção deve estar posicionado
de modo a captar ar livre de partículas sólidas, gases, vapores d’água etc.

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A base de concreto e a base metálica (baseplate),, posicionada sobre
aquela, são destinadas a suportar o peso do compressor e o do acionador
correspondente. Devem ser rígidas e projetadas de modo a:

Garantir o permanente funcionamento dos equipamentos,


sem afetar os alinhamentos deles.
Evitar a transmissão de vibrações para outros equipamentos.
Evitar a absorção de vibrações geradas por equipamentos
vizinhos.

Os chumbadores,, elementos de fixação da base metálica na base de


concreto, também são importantes. Além do adequado dimensionamen-
to que é função dos esforços previstos, o emprego de uma luva metálica,
como mostrada na Figura 87, é conveniente para assegurar alguma mobi-
lidade lateral para o chumbador por ocasião da sua fixação.
Esse arranjo facilita a centralização dele e evita o aparecimento de fol-
gas indesejáveis entre o chumbador e a lateral de concreto que o abriga e
que podem ser capazes de provocar vibrações mecânicas não previstas,
caso a luva metálica não seja utilizada.
FIGURA 87

BASE DE COMPRESSOR/CHUMBADORES

Base metálica

4”máx. altura
(base plate x
base concreto)

Grouting 15 x D mín.

Bloco de apoio 2 x D mín.


D
Luva

Barra de
reforço

Parafuso
de fixação

Base de
concreto

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No tocante às tubulações de sucção e descarga, sua fixação no compres-
sor não deve, de forma alguma, introduzir esforços excessivos acima dos
previstos na norma utilizada para a especificação/projeto desse equipa-
Pense e mento.
Anote Normalmente, por ocasião da fixação dessas tubulações, o compres-
sor é isolado do acionador pela remoção do acoplamento, e dois relógios
comparadores, posicionados a 90º um do outro, são utilizados para regis-
trar o efeito da fixação mencionada.
Os valores máximos a serem observados dependem da natureza e da
dimensão do acoplamento e não devem ser superiores aos indicados pe-
los fabricantes, ou seja, 0,05mm, na maioria dos casos.

Linhas acessórias de óleo,


ar comprimido e outras que
se situam junto aos compressores
devem estar dispostas
de modo a evitar dificuldades
de operação, inspeção e
manutenção dos compressores.

FIGURA 88

FIXAÇÃO DE TUBULAÇÕES/USO DE RELÓGIOS COMPARADORES

Quando a ligação entre o acionador e o compressor for feita pelo uso


de um acoplamento, este componente deve ter uma dimensão que per-
mita não apenas a absorção do desalinhamento porventura existente en-
tre os equipamentos mencionados, mas também, pela sua remoção, o
estabelecimento de facilidades de manutenção, como, por exemplo, a
remoção de internos do compressor e, se necessário, do acionador cor-
respondente.

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Entretanto, comprimentos excessivos para o acoplamento, geradores
das facilidades mencionadas, podem, em contrapartida, agregar esforços
adicionais aos mancais que podem comprometer a vida útil deles.
Inúmeros são os acoplamentos disponíveis no mercado:

Desde os rígidos, que não permitem nenhum


tipo de movimento relativo entre os eixos acoplados.
Até os flexíveis, que apresentam várias
configurações, possibilitando deslocamentos
relativos entre os eixos acoplados.

Esses deslocamentos relativos variam:


De conformidade com o modelo do acoplamento apresentado.
De acordo com suas características construtivas.
De conformidade com o comprimento do espaçador, muitas vezes
apresentado nos catálogos pela designação DBSE.

Os acoplamentos rígidos, normalmente representados por abraçadei-


ras ou um par de flanges fixados um ao outro por parafusos, não permi-
tem nenhum movimento relativo entre o compressor e o seu acionador
após o acoplamento deles.
FIGURA 89

ACOPLAMENTO RÍGIDO

Engrenagem de
acionamento do giro lento

Parafuso do acoplamento

Acoplamento
forjado no eixo

Acoplamento
(metade)

Parafuso pressão

Massa de
balanceamento Porca de trava

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Os acoplamentos flexíveis permitem, por ocasião da montagem, desa-
linhamentos entre eixo acionado e acionador. São classificados em radial
ou paralelo e angular ou axial.
Por outro lado, dependendo dos elementos que o constituem, podem ser:
Tipo grade/ranhura (tipo FALK).
Pense e Anote Engrenagens.
Diafragma.
De um elemento flexível, como poliuretano, por exemplo.
Porém, se o acoplamento é constituído por apenas um elemento flexí-
vel, admite apenas desalinhamentos angulares ou axiais entre os eixos, não
absorvendo, nessas situações, movimentos relativos radiais ou paralelos.
Com dois elementos flexíveis, admitem todos os desalinhamentos
mencionados, os quais, para acoplamentos de diafragma ou de engre-
nagens, podem ser considerados como 0,05mm/m (0,05mm por metro
de espaçador).
FIGURA 90

DESALINHAMENTO RADIAL OU PARALELO

Desalinhamento paralelo (ou radial)

Motor
Compressor

FIGURA 91

DESALINHAMENTO ANGULAR OU AXIAL


ⴤ = Desalinhamento
angular (ou axial)

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FIGURA 92

ACOPLAMENTOS FLEXÍVEIS

A – TIPO GRADE/RANHURA

B – TIPO ENGRENAGENS

Espaçador

C – TIPO DIAFRAGMA

Guardas

Diafragmas

Espaçador

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A execução do alinhamento é orientada por documento expedido (da-
tabook) e fornecido pelo fabricante, podendo, ainda, ser encontrada tam-
bém em artigos específicos ou mesmo livros disponíveis no mercado.
Pense e Quando o acionamento do compressor é feito por correias, dispensan-
Anote do dessa forma o uso de acoplamentos, um cuidado especial deve ser
tomado com relação ao alinhamento das polias, ou seja, sua correta fixa-
ção nos eixos correspondentes, e ao tensionamento das correias.
Na hipótese de ocorrência das irregularidades mencionadas, a trans-
missão de torque será irregular, dando origem a vibrações e configurando
uma pequena vida útil à correia, o que compromete a disponibilidade do
compressor para as atividades de processo.
A tensão das correias é verificada pressionando-se com o polegar, indi-
vidualmente, cada uma delas. O deslocamento sofrido por todas as cor-
reias deve ser o mesmo, e o valor desse deslocamento deve ser compatí-
vel com o indicado pelo fabricante, dado que consta do databook dos equi-
pamentos.
Se necessário, o tensionamento das correias é ajustado por dispositivo
esticador situado no acionador, o qual permite, por uso de parafusos ou
outros dispositivos, afastá-lo do compressor.
FIGURA 93

VERIFICAÇÃO DO TENSIONAMENTO DAS CORREIAS

Espaço
aproximado 1/4”

FIGURA 94

DISPOSITIVOS DE TENSIONAMENTO DE CORREIAS

YY

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Por ocasião da montagem dos equipamentos nas unidades de proces-
so ou utilidades, deve-se observar o interno das tubulações envolvidas.
Qualquer partícula estranha existente na tubulação de sucção (como restos
de material de soldagem, por exemplo) danifica componentes do compres-
sor, exigindo reparos que muitas vezes implicam sua substituição.
Da mesma forma, materiais estranhos presentes na tubulação de descarga
dos compressores podem ser levados para equipamentos dispostos após o
compressor, como trocadores de calor, vasos de pressão etc., danificando-os.
Independente do cuidado tomado quanto à limpeza das tubulações de suc-
ção e descarga, filtros temporários devem ser montados na sucção dos com-
pressores de modo a promover a retenção das partículas mencionadas.
Esses filtros devem considerar, na maioria dos casos, malhas da ordem
de 230 mícrons. Para compressores mais sensíveis à sujeira, como os com-
pressores centrífugos especiais, conforme o definido pela norma API 672
e os alternativos não lubrificados, malhas ainda mais finas, da ordem de
140 mícrons, devem ser usadas. Todo filtro temporário, instalado na suc-
ção do compressor, deve comportar uma medição diferencial da pressão,
como mostra a Figura 95. Esse instrumento tem por objetivo acompanhar
o acúmulo de sujeira nesses dispositivos.
A remoção para limpeza do filtro deve ser feita toda vez que o diferen-
cial de pressão indicar uma queda da ordem de 5% da pressão de descar-
ga do filtro. Por outro lado, a remoção definitiva do filtro só deve ser feita
após a constatação da inexistência de sujeira após inúmeras horas de
operação (mínimo de 12 horas).
Na seqüência, são fornecidas instruções específicas sobre a confecção
e a instalação dos filtros temporários mencionados.
FIGURA 95

FILTROS TEMPORÁRIOS – CONFIGURAÇÃO

Fluxo

Solda
Ponto de solda H

C B
W A

Chanfro de 45o – solda

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FIGURA 96

FILTROS TEMPORÁRIOS – INSTALAÇÃO

Pense e
Anote Manômetro

Fluxo

INSTALAÇÃO TÍPICA DE FILTRO

FIGURA 97

FILTROS TEMPORÁRIOS –
DIÂMETRO DO FILTRO X DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO
CHAPA PERFURADA
Diâmetro
nominal A* B* C* D H L N T W MAX. DIFERENTIAL PRESS ON FILTER
do tubo 14 GA 16 GA 14 GA 16 GA
Aço Aço Aço- Aço-
inoxdável inoxdável carbono carbono

24 27 1/4 19 9 1/2 1 3/4 24 47 7 5/16 3/4 70 55 55 45

20 25 15 3/4 7 7/8 1 3/4 21 39 1/4 6 5/16 3/4 85 65 65 50

18 21 14 1/8 7 1/16 1 3/4 19 35 6 5/16 3/4 95 70 70 60

16 18 1/2 12 1/2 6 1/4 1 3/4 18 31 5 1/4 3/4 105 80 80 65

14 16 1/4 10 7/8 5 7/16 1 3/4 16 26 1/2 5 1/4 3/4 120 90 90 75

12 15 9 7/8 4 15/16 1 5/8 16 24 1/4 4 1/4 1/2 130 100 100 80

10 12 3/4 8 1/4 4 1/8 1 5/8 14 1/2 20 1/4 4 1/4 1/2 160 120 120 100

8 10 5/8 6 5/8 3 5/16 1 5/8 12 1/2 16 1/4 3 1/4 1/2 200 150 150 120

6 8 1/2 4 3/4 2 3/8 1 5/8 11 1/2 13 2 3/16 1/2 250 190 190 160

4 6 3/16 3 1 1/2 1 5/8 8 1/2 9 1 1/8 1/4 325 245 245 230

3 5 2 1/8 1 1/16 1 3/8 7 1/2 7 1/2 1 1/8 1/4 400 325 325 300

2 1/2 4 1/8 1 5/8 13/16 1 1/4 6 1/2 6 1/4 0 1/8 1/4 500 400 400 350

2 3 5/8 1 7/16 13/16 1 6 5 0 1/8 1/4 600 500 500 425

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FIGURA 98

FILTROS TEMPORÁRIOS – JUNTA TIPO ANEL

Altura da junta tipo anel deve ser


suficiente para dar espaço entre os
flanges maior que a dimensão do filtro T

Conforme diâmetro do alongamento do anel

T 1/8

FIGURA 99

FILTROS TEMPORÁRIOS –
JUNTA PARA FLANGES PLANOS OU COM RESSALTO

Espessura final não menor


que a espessura do tubo usado

1/8

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Teste de performance –
Avaliação do compressor
A seleção incorreta do equipamento, problema normalmente vinculado
aos órgãos de projeto ou ao fabricante, dá origem a irregularidades de
performance e podem comprometer os objetivos maiores da empresa,
Pense e Anote particularmente no que diz respeito às metas de produção.
Na situação mencionada, conduzido pelo fabricante do equipamento
ou não, um teste de performance se faz necessário. Esse teste, preferenci-
almente, deve ser levado a efeito com a utilização do fluido de trabalho
exatamente como especificado na folha de dados (datasheet), isto é:

Mesma composição molecular.


Mesmas condições de sucção no que diz respeito à temperatura
e à pressão de trabalho.
Deve-se, ainda, observar o estabelecimento nas condições de teste, da
mesma rotação de trabalho prevista no referido documento.

Na impossibilidade de testar o equipamento com o próprio fluido es-


pecificado na folha de dados, um outro fluido, ou mesmo ar, pode ser
utilizado como fluido de teste, desde que o seu peso molecular seja per-
feitamente conhecido e permita – mesmo que seja com rotação mais bai-
xa – operar com o desenvolvimento de uma potência compatível com o
acionador existente.
Nessa situação, isto é, ao utilizar um fluido diferente do fluido de tra-
balho, por ocasião do teste, torna-se necessário o uso de expressões ma-
temáticas que permitam fazer as correções necessárias e possibilitem a
comparação dos resultados obtidos com aqueles que retratam o verda-
deiro fluido, operando segundo as condições da folha de dados.
Por ocasião do teste de performance no campo, observa-se também o
comportamento mecânico do equipamento mediante:

Uma avaliação das vibrações máximas verificadas nos mancais.


Temperatura do óleo na entrada e saída dos mancais.
Atuação dos dispositivos de proteção.
Entrada da bomba auxiliar por simulação de baixa pressão do óleo
de lubrificação etc.

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