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Pense e Anote

Algumas noções
sobre ar
comprimido

Ponto de orvalho (dew point )

O ar atmosférico contém umidade, fato extremamente relevante


quando do estudo de sua compressão.
Quando dois ou mais gases, sob a forma de mis-
tura, estão confinados em um mesmo ambiente,
Lei de Dalton
vale a Lei de Dalton. À mistura mencionada apli-
A pressão total dessa mistura de gases é igual à soma das
ca-se também a Lei de Amagat. pressões parciais de cada um desses gases, entendendo-se
O quadro a seguir mostra composição aproxi- como pressão parcial de um gás aquela pressão que cada
gás exerceria se estivesse, sozinho, no ambiente mencionado,
mada em percentual de volume e percentual de
podendo-se escrever Ptotal mistura de gases = PG1 + PG2 + PG3
massa do ar seco, isto é, sem umidade. +..., caso o ambiente contenha os gases G1, G2, G3, ...

Lei de Amagat
Componente % em volume % em massa
O volume de uma mistura
Nitrogênio 78,09 75,51 de gases é igual à soma dos
Oxigênio 20,95 23,15 volumes parciais que cada
Argônio 0,93 1,28 constituinte ocuparia se cada
Dióxido de carbono* 0,03 0,046 um estivesse submetido
Neônio 0,0018 0,00125 à pressão total da mistura
Hélio 0,00052 0,000072 e à temperatura da mistura.
Metano 0,00015 0,000094
Criptônio 0,0001 0,00029
Monóxido de carbono* 0,00001 0,00002
Óxidos nitrosos* 0,00005 0,00008 A composição do quadro ao lado
Hidrogênio 0,00005 0,0000035 é praticamente a mesma desde a
Ozônio* 0,00004 0,000007 pressão atuante ao nível do mar
Xenônio 0,000008 0,000036 até cerca de 20km de altitude.
Dióxido de nitrogênio 0,0000001 0,0000002 Além do apresentado, o ar pode
Iodo 2 x 10–11 1 x 10–10 conter partículas dispersas, tais
Radônio 6 x 10–18 5 x 10–17 como poeira etc.

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Supondo que o ar seco, em um determinado ambiente, tem uma
pressão (Par seco), que resulta da soma das pressões parciais de todos os
gases mencionados e que, ainda, nesse ambiente, existe um certo grau
Pense e de umidade, podemos concluir que a Par úmido = Par seco + Pvapor d’água, sen-
Anote do que essa Pvapor d’água representa a pressão parcial do vapor d’água, ou
seja, é a pressão que o vapor d’água exerceria se estivesse, sozinho, no
ambiente em questão.
Por outro lado, a Pvapor d’água existente no ar atmosférico, em uma deter-
minada temperatura, pode variar desde 0 (zero) até um valor máximo que
promove a saturação da água e a sua precipitação, valor conhecido por Pres-
são de Saturação (Psat) da água, a qual depende da temperatura em que o
ambiente em estudo se encontra.
Por outro lado, ao contrário do expos-
to anteriormente, se em um determina-
do ambiente a temperatura cai continua-
Para uma dada temperatura (ambiente)
mente, mantendo-se constante a pressão
existe sempre uma Pressão de Saturação (Psat ) correspondente.
do ar atmosférico e com isso a pressão
Assim, se o ar existente em um ambiente recebe, continuamente,
parcial do vapor d’água (Pvapor d’água), quan-
uma certa quantidade de água, esta pode, de início, se
vaporizar, misturando-se a todos os demais componentes do ar. do for atingida a temperatura de satura-
Porém, atingida a pressão de vaporização (Psat ) para a ção para a pressão parcial mencionada, a
temperatura desse ambiente, a água em excesso passa do água em excesso condensa-se, dizendo-se
estado gasoso para o líquido, precipitando-se por condensação.
então que foi atingido o Ponto de orva-
lho (dew point).

Umidade absoluta e relativa


FIGURA 12

UMIDADE NO AR SATURADO
g/m 3
10,0
Exemplo do exposto anteriormente
Se, em uma sala de 20m3, o ar atmosférico 5,0

está a uma pressão de 1,033kgf/cm2 e o ar


2,0
seco a uma pressão de 1,020kgf/cm2, temos:
1,0
Par úmido = Par seco + Pvapor d’água
0,5

O que permite escrever:


g/m3

Pvapor d’água = Par úmido – Par seco 0,2 200

0,10 100
Pvapor d’água = 1,033 – 1,020 = 0,013kgf/cm2 0,08 80
0,06 60
0,05 50
Enfatizando o discutido até então, P vapor d’água = 0,04 40
0,03 30
0,013kgf/cm2 representa a pressão que o vapor
0,02 20
d’água apresentaria se, sozinho, ocupasse o
0,01 10
volume total da sala mencionada (20m3). -60 o -40 o -20 o 0o 20 o 40 o 60 o

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Assim, pelo exposto até aqui, o vapor d’água está presente no ar at-
mosférico numa pressão muito baixa, e sua condição (saturado ou supe-
raquecido) é função da temperatura ambiente.
Dessa forma, para a pressão do vapor d’água no problema anterior, a
temperatura de vaporização/condensação fornecida por uma tabela de
propriedades do vapor saturado é de 10ºC e o significado disso pode ser
exposto da seguinte forma:

1
Se o ar atmosférico está a 10ºC, o vapor presente nele
está na condição de vapor saturado. Nessa situação, o ar
atmosférico não tem condições de absorver mais vapor
d’água e qualquer resfriamento provoca condensação de
parte do vapor d’água presente no ar atmosférico.

2
Se o ar atmosférico está a 25ºC, o vapor d’água
presente nele está superaquecido e sua condensação só
ocorrerá se a temperatura cair, atingindo 10ºC.
Essa temperatura é designada de Ponto de orvalho.

3
Da mesma forma, nessa temperatura de 25ºC e pressão
parcial do vapor d’água de 0,013kgf/cm2, o ar
atmosférico pode absorver mais vapor d’água. Essa
situação dá origem ao conceito de umidade relativa
como sendo a relação entre a massa de vapor d’água
presente no ar atmosférico e a massa de vapor d’água
máxima que poderia ser admitida por ele na
temperatura em questão, no caso 25ºC.

Na situação em estudo, definimos também o termo umidade abso-


luta como sendo a relação entre a massa de vapor d’água presente no ar
atmosférico e a massa de ar seco correspondente.

Temperatura de bulbo
úmido e bulbo seco
Outros conceitos importantes são os de temperatura de bulbo úmido
e temperatura de bulbo seco.
A Figura 13, na página ao lado, esclarece esse conceito.

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No esquema da Figura 13, o ar atmosférico é soprado com uma veloci-
dade definida ao longo da tubulação, na qual dois termômetros, um deles
colocado em algodão umedecido, registram as temperaturas observadas.
Pense e FIGURA 13

Anote TEMPERATURA BULBO SECO/BULBO ÚMIDO

TBS TBU
1 2

Ar

Algodão

1 TERMÔMETRO
DE BULBO SECO
Registra a temperatura
do bulbo seco (TBS). No termômetro (2), à medida que o ar
atmosférico passa, parte da água contida
no algodão é evaporada, removendo calor
2 TERMÔMETRO nas proximidades do bulbo do termômetro.
DE BULBO ÚMIDO Essa nova temperatura, menor que a
Registra a temperatura temperatura de bulbo seco, denomina-se
de bulbo úmido (TBU). temperatura de bulbo úmido (TBU).

Carta psicrométrica
Conhecidas as temperaturas TBS e TBU, que são facilmente determinadas,
temos em uma carta psicrométrica:
Os valores da umidade absoluta.
Os valores da umidade relativa.
Os valores do ponto do orvalho.

Esses valores são necessários para a definição das condições de opera-


ção dos sistemas de ar condicionado.
A carta psicrométrica, mencionada anteriormente, orienta-nos com
relação a diversos processos existentes.
Apresentamos a seguir uma carta psicrométrica em que, a título ilus-
trativo, posicionamos, com auxílio de TBS = 30ºC e TBU = 25ºC, o ponto
A, para em seguida determinarmos os valores da umidade absoluta e re-
lativa, no caso 21g de vapor/kg de ar seco e 68%, respectivamente.

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FIGURA 14

CARTA PSICROMÉTRICA

Gramas de vapor por quilograma de ar seco


Umidade absoluta
A

TO – Temperatura orvalho

Calor total = kcal/kg ar seco

Temperatura de bulbo seco – Graus Celsius

Em condicionamento de ar, a partir de uma situação bem conhecida,


como a representada pelo ponto A do exemplo anterior, introduzimos
alterações no meio ambiente, como resfriamento, umidificação etc. a fim
de atingir uma nova condição que desejamos para esse mesmo meio que
estamos representando pelo ponto B.
Alguns exemplos:
FIGURA 15

AQUECIMENTO SEM ALTERAÇÃO DA UMIDADE

PTO A PTO B

40 o C
TBS
Gramas de vapor por quilograma de ar seco

30 o C

TBS
25 o C 27 o C

23 o C 23 o C
PO
Serpentina de aquecimento A B

Calor total = kcal/kg ar seco


TBS – Temperatura bulbo seco
TBU – Temperatura bulbo úmido
TO – Temperatura orvalho

Temperatura de bulbo seco – Graus Celsius

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FIGURA 16

RESFRIAMENTO SEM ALTERAÇÃO DA UMIDADE

PTO A PTO B
TBS
Pense e Anote 40 o C

31 o C
TBS
26 o C
23 o C

Gramas de vapor por quilograma de ar seco


20 o C 20 o C
PO

Serpentina de resfriamento

B A

Calor total = kcal/kg ar seco

Temperatura de bulbo seco – Graus Celsius

FIGURA 17

RESFRIAMENTO E UMIDIFICAÇÃO POR SPRAY D’ÁGUA

PTO A PTO B
TBS
35 o C

TBU
26 o C
26 oC 24 o C
23 o C
Gramas de vapor por quilograma de ar seco

20 o C
PO

Spray
A

Calor total = kcal/kg ar seco

Temperatura de bulbo seco – Graus Celsius

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A presença de umidade na compressão
do ar pode acarretar:
Destruição do filme de lubrificação entre duas
superfícies em atrito, ocasionando desgaste prematuro.
Acúmulo de água, prejudicando o funcionamento
de válvulas automáticas, do cilindro pneumático etc.
Funcionamento insatisfatório e grande manutenção
em sistemas de instrumentação.
Má qualidade de trabalhos em equipamentos que
usam ar para pulverização (principalmente pintura).
Ocorrência de ferrugem em superfícies limpas com
jatos de areia.

A carta psicrométrica orienta-nos (com relação ao comportamento do


ar e em termos de umidade) durante a compressão, possibilitando a cor-
reção necessária para eliminação da umidade.
O estudo em questão torna-se necessário principalmente quando o ar
é utilizado como fonte de energia (air power), situação em que ele deve
estar absolutamente seco.
Considerando que algumas funções só são executadas pelo ar (como
pintura industrial e jateamento de superfícies), as vantagens da sua utili-
zação podem ser resumidas como segue:

✔ Menor relação peso/potência das


ferramentas e maior rendimento humano.
✔ Segurança para o operador pela não-
utilização de sistemas elétricos.
✔ Partida rápida com alto torque.
✔ Reversão de rotação.
✔ Aceitação de sobrecarga sem queimar
ou esquentar.
✔ Alta pressão com mínimo de variação
de potência e rpm.

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