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Técnico em contabilidade 3º Módulo 1

Cenário da Contabilidade ,a Cultura Brasileira e a


Internacionalização

É gratificante falar sobre contabilidade. Muito mais ainda quando por


presunção se conclui que as pessoas que sejam profissionais éticos,
compromissados com as normas e princípios estabelecidos, cumpridores das
disposições; que praticam com transparência e qualidade os serviços
contratados
Os contabilistas, fizerem desse mercado profissional um diferencial para
demonstrar competências e habilidades.
Contabilistas ou não, na exata medida em que a globalização da economia
impõe o crescimento das classes profissionais. Com efeito, o entendimento e
o cumprimento do regramento internacional em contabilidade é parte do
cenário no qual o Brasil está inserido e, portanto, obrigado ao atendimento
das disposições estabelecidas, independente dos argumentos ou limitações
suscitadas. A mesma conclusão se aplica quanto ao cumprimento das
Obrigações Acessórias.
Os fundamentos dessa ciência, quanto mais estudamos sua história e a
evolução, mais nos convencem a importância dos arqueólogos; profissionais
que se preocupam em levantar ou provar a origem deste ou daquele fato.
Certamente, um retrospecto junto aos arqueólogos possibilita concluir o
quanto é antiga a profissão de Contador e o processo da gestão
empresarial por meio da escrituração contábil. A Contabilidade está para
a empresa, seja de grande ou pequeno porte, na mesma importância com
que o plano de voo serve ao Comandante de um Boeing 747.
Assim é a Contabilidade em relação aos controles e continuidade da
própria empresa. Sem receio quanto a equívocos podemos concluir que tanto
o histórico quanto à evolução da contabilidade passaram por etapas até atingir
o ano de 1494, quando se tem notícias, surgiu então às primeiras normas
sobre a escrituração mercantil. Muito provavelmente, preocupado com a
desordem e o descontrole nas finanças ou informações corporativas,
Frei Lucca Pacciolo apresentou e propôs o emprego do Método das
Partidas Dobradas, que consiste numa regra básica: “a cada débito
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corresponde a um crédito ou vice-versa”. O problema é que no Brasil,


admitidas às exceções, brincamos de fazer contabilidade. Assim, no ano de
1494, talvez tentando controlar, organizar, orientar e padronizar os
processos administrativos, Frei Lucca Pacciolo, com autoridade, escreveu a
sua “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita e o
Tratactus 11º”, que cuida da parte relativa à contabilidade, tornando-se dessa
forma, portanto, o propulsor do “Método das Partidas Dobradas”. Em 1840,
se formou uma corrente com os maiores discípulos daquela metodologia, no
sentido de elevar a contabilidade como ciência; resultando desse movimento, o
surgimento de novas escolas, doutrinas; entre elas, doutrina contista,
controlista, aziendalista, personalística e patrimonialista, todas
assimiladas na formação profissional dos contabilistas. Desde então a
ciência da contabilidade tem sido entendida e difundida pelos estudiosos, como
processo, ferramenta, instrumento de gestão empresarial; muito embora nem
sempre praticada com submissão àquelas finalidades.
Os Contadores brasileiros precisam avaliar ou entender o cenário da atividade
profissional. A contabilidade é única; universal. Na verdade, não se pode
afastar a conclusão de que a Contabilidade é uma ciência social, com
fundamental importância na vida econômica das nações, das empresas,
das pessoas naturais. Mesmo nas economias pouco desenvolvidas ou então
nas empresas de pequeno porte é necessário manter o controle dos gastos,
despesas, receitas, dívidas, patrimônio, negociações, posicionamento
sobre fatos ou tendências do mercado, refletindo-os sempre que possível
a realidade corporativa.
É papel da Contabilidade, realizar controles ou então evidenciar os desvios
verificados em relação aos objetivos pretendidos pelos gestores, sob pena de
não se contemplar o fundamento básico da “essência sobre a forma”, regra
indissociável em contabilidade internacional.
E quando Pacciolo vislumbrou a necessidade pela adoção de processos
administrativos padronizados, feito por meio do Método das Partidas
Dobradas, deve ter concluído que a saúde da corporação à qual servia não
estava satisfatória e que um instrumento de controle precisava ser adotado:
escrituração e demonstrações contábeis submissas ao regramento legal
com observância aos princípios e valores éticos e morais. Então, para
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combater a enfermidade que se aflorava na instituição, entendeu como


necessário adotar uma forma de escrituração racional e capaz de manter sob
controle não apenas o foco principal da sua preocupação, como também e
fundamentalmente, as ocorrências adjacentes e implicações sobre o combate
das causas. Portanto, pode-se afirmar que a contabilidade é antídoto à
saúde financeira de qualquer empresa, independente do porte ou
formatação jurídica. Acontece que no Brasil essa afirmativa jamais foi
verdadeira ou recorrente.
.Todavia, é importante destacar que a contabilidade não apenas deve cumprir
as suas atribuições enquanto ciência, como, também, as demonstrações
elaboradas com base nos registros precisam traduzir transparência e serem
utilizadas no processo da gestão corporativa, porquanto vetores de atos
econômicos, realidade operacional e norte corporativo. Nesse particular, os
Contabilistas, os empresários e usuários devem estar sincronizados sobre
providências e procedimentos que devem ser adotados ao realinhamento dos
eventuais desvios. Aqui se enquadra, portanto, o regramento da
contabilidade internacional, na medida em que empresários ou
investidores baseados em outros países, não familiarizados com os
padrões locais, precisam conhecer e avaliar o que está acontecendo com
suas corporações; não apenas conforme os procedimentos a que estão
sujeitas e sim, segundo uma linguagem, padrões ou exigências globalizados.
Claro que grande desafio, enquanto profissionais de Contabilidade, não está
incurso em como transformar balanços reportados em reais a balanços que
precisam ser demonstrados, analisados ou compreendidos em outras
unidades monetárias, por exemplo, marco, dólar, euro, peso, porquanto isso
seria reportar uma demonstração contábil brasileira em outra moeda qualquer
requisitada. A grande barreira a ser superada nesse particular é a temática
da questão cultural; quebras de paradigmas ou de procedimentos praticados
ao longo das últimas quatro décadas, onde contabilistas e empresários
laboraram práticas contrárias aos mais elementares preceitos da ciência,
atropelando princípios e regras estabelecidas, valendo-se da chamada Lei de
Gerson para locupletamento ilícito. Corroborando as exposições, basta
analisar os vários pronunciamentos exarados pelo CPC, ao todo 48
orientações técnicas até agora, para concluir a direção do enquadramento
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contabilístico, sobre assuntos tidos irrelevantes para alguns, porém, que foram
normatizados em face de novas exigências que se refere à necessidade da
harmonização aos padrões internacionais; agora já regulamentada no Brasil
por força da Lei nº. 11.638/07, assim como por manifestações do CPC e pela
própria Resolução CFC nº. 1.255/09, inclusive temática das principais
divergências nos critérios de reconhecimento e mensuração em determinados
tópicos, cujos capítulos reproduzidos e organizados contemplam o fechamento
das abordagens acadêmicas no particular da disciplina. Antes, porém,
necessário uma reflexão e posicionamento acerca dos seguintes
aspectos conceituais: a. Em face da presunção quanto aos objetivos que
nortearam Lucca Pacciolo acerca do “Método das Partidas Dobradas” e a
realidade do cenário praticado por profissionais brasileiros, a que se atribui
esse distanciamento entre causas e consequências; entre o criador e a criatura
materializada?
Qual o impacto e as implicações de um novo ordenamento contábil sobre a
cultura contabilística do profissional brasileiro e as suas consequências para os
clientes usuários de tais serviços?
Qual a importância dos CPCs nesse cenário e de que forma contribuirão para
massificação do novo ordenamento contábil cobrado em face da globalização
das IFRS?
Qual o efeito das Obrigações Acessórias sobre a cultura exercitada pelos
Contabilistas brasileiros?
Os contabilistas brasileiros estão preparados para tamanha evolução cultural?
Em caso de resposta negativa identifique os momentos ou fases da formação
pessoal e profissional em que as falhas se mostram mais acentuadas?
O desenvolvimento tecnológico acentuado na área das comunicações; o
avanço nos meios dos transportes e o crescimento do comércio internacional
fortaleceram a interdependência entre diversas nações, trazendo o fenômeno
da globalização dos mercados, aproximando cada vez o mundo nas últimas
décadas. A Contabilidade é a principal linguagem dos negócios e, conforme
destacado esse processo de comunicação é dificultado pela existência de
diferenças internacionais no financial reporting.
Como minimizar a questão das diferenças internacionais?
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.É verdade que o termo harmonização tem sido algumas vezes associado


incorretamente com “padronização” de normas contábeis. Harmonização é um
processo que busca preservar as particularidades inerentes a cada país,
mas que permita também reconciliar os sistemas contábeis com outros países
de modo a melhorar a troca de informações a serem interpretadas e
compreendidas; enquanto padronização é um processo de uniformização
de critérios, não admitindo flexibilização.
Vantagens e desvantagens da harmonização contábil
internacional
Alguns países, por diversas razões, não possuem um padrão próprio de
sistemas contábeis, nem uma estruturasistema legal (leis ou regulamentos),
nem organismos profissionais de classe suficientemente fortes que possam
influir na elaboração de normas contábeis necessárias. Para países com tais
características, torna-se mais fácil a implementação de normas contábeis
internacionais que facilitem o processo de harmonização, porque os
ajustes necessários para reconciliação são significativamente menores e,
portanto, nesses casos, é uma vantagem. Outra vantagem que pode ser
destacada para empresas, principalmente de países emergentes que estão à
busca de recursos de investidores estrangeiros, é a possibilidade de
apresentar suas demonstrações contábeis em linguagem inteligível
(normas internacionais).
Com razoável margem de segurança, tenderão a levar vantagem
comparativamente às empresas que venham a apresentar relatórios
contábeis em moeda de seu país de origem. Por outro lado, para as
empresas multinacionais uma nítida vantagem proporcionada pela
harmonização contábil internacional é a redução de custos para gerenciar
sistemas contábeis diferenciados em diferentes países. Também é
facilitada a tarefa de elaboração de demonstrações contábeis
consolidadas da matriz e de todas as suas subsidiárias no exterior, que
atualmente requerem ajustes por divergências de critérios contábeis. A
harmonização contábil internacional também deverá contribuir para a
realização de trabalhos de auditoria mediante redução de custos. Há que
se considerar, entretanto, algumas dificuldades de natureza prática e
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operacional que são extremamente importantes no processo de harmonização


contábil internacional. Primeiramente, a busca da harmonização contábil em
termos mundiais passa obrigatoriamente por uma discussão mais aprofundada
sobre harmonização de currículos básicos de cursos de ciências contábeis,
tarefa que vem sendo desenvolvida pela IFAC e outros órgãos regionais. Uma
questão atrelada ao currículo mínimo é o processo de credenciamento de
contadores e auditores para atuação em outros países, facilitando assim
um intercâmbio técnico-profissional. Porém, a legislação trabalhista de
caráter protecionista e nacionalista também tem dificultado essa integração.
Outra questão é de natureza mais complexa. Vimos que em muitos países
emergentes e também em países desenvolvidos a contabilidade é fortemente
atrelada à tributação, ou seja, as normas fiscais ditam critérios de avaliação,
apropriação e classificação contábeis. Como é impossível imaginar-se uma
harmonização de normas fiscais e, também, como elas são totalmente
diferentes entre si, a única alternativa viável seria a mudança de sistema legal,
subtraindo a autoridade para emitir normas contábeis, o que não é muito
razoável se esperar que aconteça. Nos países fortemente legalistas, a
dificuldade para harmonização é maior. Nobes e Parker (2002),
corroborados por Saudagaran (2004), também reforçam um obstáculo
relacionado com a ausência de entidades ou organismos profissionais de
contadores suficientemente fortes ou capazes de influenciar
positivamente o processo de harmonização contábil internacional em
diversos países. Isto significa que os organismos como IASB, que
normalmente atuam por intermédio de organismos profissionais nacionais de
cada país, podem não ter eficácia ou ter dificuldades na sua implementação.
Além disso, tais autores destacam ainda a questão do “nacionalismo”
exacerbado como um fator político ou uma barreira a ser ultrapassada, como,
por exemplo, a aceitação de padrões contábeis adotados por outros países
pode parecer “perda de soberania ou autoridade”. Comentários do tipo “só
porque é bom nos Estados Unidos da América, por exemplo, não significa que
é bom para o Brasil”.
Organismos mundiais e regionais responsáveis pela internacionalização da
contabilidade A busca de uma harmonização contábil internacional tem
envolvido iniciativas de diversos organismos em nível mundial, bem como
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esforços de algumas entidades profissionais de classe, de âmbito regional,


conforme descreveremos a seguir.
The International Accounting Standards Board — IASB O IASB teve como seu
antecessor o Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (IASC) (1973-
2001). O IASC foi criado em 1973 por ocasião do Congresso Internacional de
Contadores em Melbourne (Austrália), sendo fundado pelos seguintes países:
Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Grã-
Bretanha, Irlanda e Estados Unidos da América. O IASB é um órgão
independente do setor privado que se destina ao estudo de padrões
contábeis, com sede em Londres, Grã-Bretanha. E formado por um
Conselho de Membros, constituído por representantes de mais de 140
entidades profissionais de todo o mundo, inclusive o Brasil, representado pelo
Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e Conselho Federal de
Contabilidade. De acordo com a sua constituição, o IASB tem os seguintes
objetivos:
a) Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas
contábeis globais de qualidade, inteligíveis, exeqüíveis, que exijam
informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas
demonstrações contábeis e em outros relatórios financeiros, para ajudar os
participantes do mercado de capital e outros usuários em todo o mundo a
tomar decisões econômicas;
b) Promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas; e
c) Promover a convergência entre normas contábeis locais e Normas
Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. É importante enfatizar que
seus pronunciamentos técnicos não têm caráter de compulsoriedade, mas, sim,
uma referência técnica facultativa para facilitar a interpretação mais
harmonizada das informações contábeis por parte dos investidores, de
autoridades e de alguns agentes econômicos em geral.
Um dos principais benefícios esperados pelo IASB é de que seja viabilizada
a comparabilidade das informações contábeis produzidas pelas empresas
situadas em países distintos, permitindo, assim, a compreensão e interpretação
de dados gerados por entidades de diferentes economias e tradições.
Conforme mencionado anteriormente, críticas a esse processo de
harmonização dizem respeito a questões de soberania nacional, politização da
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Contabilidade e sobrecarga de normas. Nessa linha de raciocínio, a União


Européia já aprovou decisão no sentido de que todas as empresas sediadas
nos países-membros deverão apresentar demonstrações contábeis
consolidadas, a partir de 2005, com base nas normas internacionais de
contabilidade do IASB. Importante enfatizar que a Bolsa de Valores de Nova
York também aprovou medida semelhante, permitindo que empresas
estrangeiras interessadas em ter suas ações negociadas naquela Bolsa
apresentem demonstrações contábeis elaboradas com base nas normas
internacionais de contabilidade do IASB, a partir de 2005.
Quanto à sua estrutura, o IASB é subordinado à Fundação IASC, entidade sem
fins lucrativos, com sede em Delaware, Estados Unidos da América, conta com
19 (dezenove) curadores, que indicam os membros do colegiado do IASB, do
colegiado de interpretações e do conselho assessor de padrões. Os curadores
são escolhidos por sua representatividade dos mercados de capital do mundo
inteiro, além de apresentarem diversidade de histórico geográfico e
profissional. Por esse motivo, sua escolha leva em consideração a origem
continental, a fim de garantir uma base internacional. Essa composição é feita
da seguinte forma:
a) Seis curadores nomeados da América do Norte;
b) Seis curadores nomeados da Europa;
c) Quatro curadores nomeados da região Ásia/Pacífico; e
d) Três curadores nomeados de qualquer outra área, desde que haja equilíbrio
geográfico global. O Colegiado de Normas Internacionais de Contabilidade,
composto por 14 membros, é nomeado pelos curadores. Desses membros, 12
são membros em tempo integral e 2 membros em tempo parcial. Os membros
devem ser pessoas que reúnam a melhor combinação disponível de
conhecimento técnico e experiência vivenciada das condições
mercadológicas e dos negócios internacionais relevantes, para contribuir
com o desenvolvimento de normas contábeis globais, de alta qualidade.
Os membros do colegiado dividem-se em:
a) cinco membros, no mínimo, devem ter histórico como auditores praticantes;
b) três, no mínimo, na elaboração de demonstrações contábeis;
c) três, no mínimo, devem ter sido usuários de demonstrações contábeis; e
d) um, no mínimo, deve ter histórico acadêmico.
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The International Federation of Accountants — IFAC


Trata-se de uma organização mundial que representa a profissão contábil. E
de natureza não governamental, sem fins lucrativos e não política, sediada em
Nova York (Estados Unidos da América), com participação de 157 membros,
representando 118 países e quase 2,5 milhões de Contadores. O Brasil é
representado pelo Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A IFAC foi fundada formalmente em
1977 (Munique/Alemanha) por ocasião do 11º Congresso Internacional de
Contadores, sucedendo ao International Coordination Committee for
Accountancy Profession ou Comitê de Coordenação Internacional para a
Profissão Contábil. Sua missão é a de estreitar o relacionamento da
profissão contábil em nível mundial, atendendo à demanda de interesse
público, contribuir para o desenvolvimento da economia internacional,
estabelecendo e promovendo aderência à elevada qualidade técnica dos
padrões profissionais (além de buscar convergência internacional desses
padrões) e, finalmente, representar a profissão em assuntos de interesse
público. O Congresso Internacional de Contadores é organizado e
coordenado pelo IFAC.
O IFAC publica padrões profissionais e guias de recomendação por intermédio
de seus comitês, a saber:
a) Comitê de Padrões de Auditoria Tem por finalidade normatizar padrões de
auditoria, de controle de qualidade, de segurança da informação e serviços
correlatos ao trabalho de auditoria, bem como contribuir para a uniformidade
das práticas profissionais em nível mundial. A publicação mais notória deste
Comitê é o International Standards of Auditing, que tem servido de modelo para
muitos países, inclusive o Brasil, no estabelecimento de procedimentos de
auditoria.
b) Comitê de Educação Tem por finalidade atuar conjuntamente como agente
catalizador junto a países desenvolvidos ou em desenvolvimento ou naqueles
cujas economias se encontrem em fase de transição para aperfeiçoamento da
educação na área contábil, por intermédio de programas ou estabelecimento
de padrões ou guias de recomendação. A publicação mais importante deste
Comitê é o International Education Standards, onde se busca estabelecer
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elementos essenciais para o ensino da Contabilidade, tanto em nível de pré-


qualificação ou pós-qualificação.
c) Comitê de Ética Tem por finalidade estabelecer o Código de Ética para
Contadores, em nível global, que sirva de modelo para que órgãos profissionais
de classe em cada país possam editar seus códigos de ética.
d) Comitê de Contadores Profissionais para o Gerenciamento dos Negócios
Referido Comitê sucede ao Comitê de Contabilidade Financeira e Gerencial e
tem por finalidade orientar contadores em matéria de gerenciamento de
atividades, tais como: ABM, Balanced Scorecard, orçamento, governança
corporativa, finanças corporativas, gestão de custos, capital intelectual, entre
outros. O documento publicado mais conhecido é o Pronunciamento
Internacional sobre Prática de Contabilidade Gerencial, que focaliza técnicas
para gerenciamento e controle das organizações.
e) Comitê do Setor Público Este Comitê é o responsável pela edição dos
padrões contábeis internacionais do setor público, incluindo aspectos de
auditoria para os governos locais, regionais e nacional. Provavelmente, dentre
os inúmeros órgãos profissionais mundiais e regionais da área contábil, é um
dos únicos voltados, em especial, para a área pública.
f) Comitê de Auditores Transnacionais Trata-se de Comitê executivo,
dedicado a identificar problemas na prática de auditoria, tais como controle
de qualidade, práticas de auditoria, independência, treinamento e
desenvolvimento e, finalmente, atuar de forma interativa entre firmas de
auditoria multinacionais e reguladores internacionais com relação à qualidade
dos trabalhos de auditoria e transparência dos atos.
United Nations (Nações Unidas)
No início da década de 70, as Nações Unidas despertaram para a importância
da contabilidade e dos relatórios financeiros ao analisar o impacto da atuação
das empresas multinacionais em nível mundial, principalmente nos países em
desenvolvimento. Para melhor monitorar as atividades dessas companhias,
sugeriu-se a criação de um Grupo de Especialistas em padrões
internacionais de contabilidade e relatórios financeiros. Referido Grupo,
criado em 1976, mas com atuação efetiva a partir do início da década de 80,
tinha os seguintes objetivos:
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a. Examinar as práticas de financial reporting das multinacionais, requeridas


em diferentes países;
b. Identificar divergências e avaliar propostas para aperfeiçoamento do financial
reporting;
c. Recomendar um conjunto de informações mínimas a serem evidenciadas
pelas multinacionais e suas subsidiárias; e finalmente,
d. Contribuir para o processo de harmonização contábil internacional.
Entretanto, o trabalho do referido Grupo “não deslanchou” por algumas razões,
tais como: a) Questionamento e reação de alguns países que não caberia às
Nações Unidas definir padrões contábeis internacionais, que caberia a
organismos ou entidades de natureza privada culados à profissão contábil; b)
As Nações Unidas tinham interesse em obter informações das multinacionais,
principalmente em países onde foram instaladas suas subsidiárias (muitas
delas em países emergentes). Mas foram solenemente “boicotadas” pelos
países desenvolvidos; e c) Nenhuma comissão ou grupo técnico que venha a
discutir matéria contábil, sem a presença dos Estados Unidos da América é
representativa. Em 1986, os Estados Unidos da América deixaram de participar
das reuniões do ISAR (Grupo de Trabalho Intergovernamental de Especialistas
em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios).
Segundo os norte-americanos, discussões que envolvam contabilidade e
demonstrações financeiras estão cobertas por organismos como o IASC
(atual IASB), enquanto a harmonização dos padrões estaria melhor nas
mãos de grupos menores, como Organização de Cooperação Econômica e
Desenvolvimento (OECD). O ISAR mantém secretaria geral na ONU, sob os
auspícios da United Nations Conference on Trade and Development
(UNCTAD), desenvolvendo duas atividades básicas: a primeira, assistência
técnica, inclusive com apoio financeiro em matéria contábil,
principalmente a países emergentes ou a países com problemas de
transição econômica. E a segunda, exame e discussão de temas
contábeis atuais em conferência anual com participação de mais de 50
(cinqüenta) países. Alguns temas discutidos recentemente dizem respeito à
contabilidade ambiental, contabilidade de pequenas e médias empresas,
responsabilidade de auditores.
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IOSCO – Organização Mundial das Comissões de Valores


Mobiliários
A IOSCO não é exatamente um órgão voltado especificamente para
questões contábeis ou de normatização de padrões . Conta com a
participação de mais de 115 (cento e quinze) órgãos reguladores, semelhantes
a nossa Comissão de Valores Mobiliários e abrange mais de 85% do
movimento global do mercado de capitais do mundo. Seus principais
objetivos são:
a) Cooperar para a promoção de altos padrões de regulamentação do
mercado de capitais, de modo a refletir um mercado justo, eficiente e
sadio;
b) Promover troca de informações ou outras experiências para o
desenvolvimento do mercado de capitais “domésticos”;
c) Estabelecer padrões e efetivo monitoramento de transações
internacionais, envolvendo títulos; e
d) Promover a integridade do mercado, mediante uma rigorosa aplicação
de padrões regulatórios. Face ao exposto, pode-se depreender que nos
objetivos da IOSCO a contabilidade e a evidenciação de informações
representam um dos principais instrumentos para o monitoramento do
mercado, para que ele atue de forma justa, eficiente e íntegra. A IOSCO, em
sua reunião anual de 1995 (Tóquio), endossou a obrigatoriedade de adoção
das normas internacionais de contabilidade editadas pelo IASB pelas
companhias que transacionam no mercado de capitais. Tal procedimento,
aparentemente, facilitou empresas que pretendiam entrar no mercado norte-
americano, cujas Bolsas têm exigido demonstrações contábeis elaboradas com
base no USGAAP ou com saldos reconciliados para adoção do USGAAP. A
CVM brasileira, por intermédio da Superintendência de Normas Contábeis, tem
participado regularmente das reuniões periódicas, realizadas pela IOSCO. 10
2.9 Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica A OECD foi
criada em 1960, mediante a adesão de 20 países-membros (são membros
fundadores: Austria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia,
Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha,
Suécia, Suíça, Turquia, Grã-Bretanha e Estados Unidos da América) e é
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também conhecido como o “Clube dos Ricos”. Atualmente são 30 países-


membros (os 20 anteriores mais Austrália, Nova Zelândia, Japão, Polônia,
República Checa, Finlândia, Hungria, Coréia, México e Eslováquia), que são
responsáveis pela produção de mais de dois terços do PIB mundial. Entretanto,
a OECD argumenta que qualquer país é bem-vindo, desde que comprometido
com práticas democráticas e economia de mercado. Mantém ativo intercâmbio
com 70 outros países, entidades não governamentais e a sociedade civil. Suas
publicações abrangem questões econômicas e sociais, tais como
macroeconomia, comércio, educação e ciência. A OECD também possui seu
Grupo de Trabalho de Padrões Contábeis, que apóia esforços de entidades
regionais, nacionais e internacionais para promover a harmonização contábil e
atua como uma espécie de fórum de debates para troca de opiniões com as
Nações Unidas, no que diz respeito a matéria contábil e relatórios financeiros.
Porém, os trabalhos deste Grupo não são largamente conhecidos. Conforme
Belkaoui (2000), um trabalho denominado “Guia para Empresas Multinacionais”
(subtítulo Evidenciação de Informações) foi publicado em 1976 pela OECD,
sugerindo que as empresas multinacionais deveriam evidenciar, no mínimo, as
seguintes informações:
a) As empresas devem publicar com razoável regularidade, mas no mínimo
anualmente, demonstrações contábeis e informações pertinentes, relacionadas
com as atividades da empresa;
b) A estrutura da empresa, mostrando o nome e a localização da companhia
controladora, suas principais afiliadas (subsidiárias), percentual de
participação, direta e indireta, em tais companhias, incluindo participações
envolvidas;
c) As áreas geográficas, onde as operações são realizadas e as principais
atividades praticadas pela controladora e suas principais controladas;
d) O resultado das operações e vendas, por área geográfica, e a receita
operacional bruta nas atividades da empresa como um todo;
e) Novos investimentos de capital relevantes, por área geográfica e, se
praticável, por linha de negócios da empresa como um todo;
f) Uma demonstração de origens e aplicações de recursos por empresa como
um todo; g) Número médio de empregados em cada área geográfica;
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h) Gastos com pesquisa e desenvolvimento incorridos pela empresa como um


todo;
i) As políticas adotadas pela empresa com preço de transferência intragrupos;
j) Políticas contábeis, incluindo relacionadas com consolidação de
demonstrações contábeis. Entretanto, conforme dito anteriormente, trata-se de
sugestão e a evidenciação acima é voluntária, embora possa influenciar as
empresas mais politicamente sensíveis à transparência. Atualmente, a
OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico )
mais conhecida pela sua atuação na área de tributação, inclusive pela
utilização de recomendações em nível de convênios e outros acordos
bilaterais.
Ler:https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/ocde.htm (A OCDE
constitui uma organização voltada ao desenvolvimento econômico e à
busca do bem-estar social por meio da cooperação entre seus países-
membros)
Comunidade Econômica Européia A Comunidade Econômica Européia, atual
União Européia, tem suas raízes na década de 50, após a destruição parcial da
Europa, provocada pelas duas guerras mundiais. De fato, os países europeus
sentiram a necessidade de maior integração e fortalecimento, tanto no
campo econômico como campo político, mediante atuação como um bloco
único, que pudesse amenizar suas dificuldades individuais e, de certa forma,
fazer frente ao poderio econômico cada vez mais acentuado dos Estados
Unidos da América. Dois tratados ou tentativas de integração são lembrados
por Saudagaran (2004) e Choi e Muelier (1998): a) Tratado de Paris (1952) ou
The European Coal and Steel Community,que veio a permitir livre trânsito e
fluxo de mão-de-obra e de capital entre as indústrias de carvão e aço da
Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália, França e Alemanha; e b) Tratado de
Roma (1957), que foi assinado pelos mesmos seis países, criando a
Comunidade Econômica Européia e é considerado o marco inicial do
surgimento do atual bloco econômico, conhecido hoje como União Européia.
Durante os anos que se seguiram, outros países foram admitidos no grupo
(Dinamarca, Irlanda, Grã-Bretanha, Grécia, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça,
Finlândia, Austria). O Tratado de Roma proporcionou livre movimentaçãode
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mão-de-obra, capital, bens e serviços entre os países-membros da


“comunidade”

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