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As HISTORIAS BOAS NOS CONVIDAM a entrar no papel de outras pessoas, passo cru
cial na aquisição da perspectiva moral. Histórias sobre a amizade exigem que se
adote a perspectiva de amigo, da solidariedade com o outro.
Amizade é mais que afinidade e envolve mais que afeição. As exigências da
amizade - franqueza, sinceridade, aceitar com a mesma seriedade as críticas e os
elogios do amigo, lealdade incondicional e auxílio a ponto do sacrifício - são
estímulos poderosos para o amadurecimento moral e o enobrecimento.
A amizade genuína requer tempo, esforço e trabalho para ser mantida.
A amizade é algo profundo. De fato, é uma forma de amor.
A M I ZA D E
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AssiM COMO A C ORAGEM toma posição pelo outro em situações de perigo, a com
paixão toma posição com o outro em horas de infortúnio. É uma disposição ativa
para a amizade e a participação, é a vontade de estar ao lado do outro, trazendo
consolo e apoio na tristeza e na aflição.
As sementes da compaixão estão plantadas na própria natureza dos seres
humanos. "Existe alguma benevolência, ainda que pequena, incutida em nosso
peito, uma centelha de amizade pela espécie humana, uma partícula da pomba
branca convivendo em nossa estrutura com os elementos do lobo e da serpente",
disse David Hume. Seu contemporâneo Jean-Jacques Rousseau concorda: "com
paixão é um sentimento natural que, por moderar a violência do amor a si mesmo
no indivíduo, contribui para a preservação de toda a espécie. É a compaixão que
nos impele, sem refletir, a levar alívio aos que sofrem".
Como se pode cultivar a compaixão natural da criança? H istórias e provér
bios úteis são inúmeros. O passo principal é impedir que a animosidade e o pre
conceito prej udiquem o crescimento natural da virtude. Os "ismos" sectários são
os maiores obstáculos: racismo, sexismo e outros.
C O M P A I XÃ O 77
VELHAS ÁRVORES
Olavo Bilac (1865-1918)
A PESSOA CORAJOSA NÃO É a que jamais tem medo. O grande romancista america
no Herman Melville ilustra isso com perfeição na passagem de Moby Dick em que
Starbuck, capitão do Pequod, se dirige à tripulação: "Não quero no meu barco
nenhum homem que não tenha medo de baleia. "
A natureza contagiante de uma atitude corajosa por parte de alguém pode
inspirar um grupo inteiro. É a chave da coragem inspirada por Horácio na ponte
e por Henrique V em Agincourt. Foi a chave para a coragem demonstrada por
aqueles que, em silêncio, suportaram insultos ao se unir a Gandhi e a Martin
Luther King Jr. , em atos de protesto pacífico, para despertar a consciência pública
contra a inj ustiça.
C O RA G E M 333
PROCURA-SE
Ernest Shackleton
Sir Emest Shackleton (1 874-1922}, explorador inglês da Antdrtica, colocou este anún
cio nos jornais de Londres em 1900, quando preparava a Expedição Antdrtica Na
cional (que não chegou a alcançar o Pólo Sul}. A propósito da procura de voluntdrios,
Shackleton disse mais tarde que "a julgar pelo volume de respostas, parecia que todos
os homens da Inglaterra estavam decididos a me acompanhar':
SoNETO INGLÊS N° 2
Manuel Bandeira (1886- 1968)
O DrscíPULO HoNESTo
Lenda judaica
(RS)
Honestidade
POR QUE ALGUÉM QUERERIA SER DESONESTO? É uma questão provocativa com que o
satírico irlandês Jonathan Swift confronta o leitor em "A viagem a Houyhnhnms",
nas Viagem de Gulliver. Os houyhnhnms são criaturas tão racionais que acham a
desonestidade incompreensível. Como um deles explica a Gulliver, "o uso da fala
é para as pessoas se entenderem e para receber informação sobre os fatos; se alguém
dissesse a coisa que não é (a esquisita locução dos houyhnhnms para se referir à
curiosa prática de dizer mentiras) , essas finalidades não são cumpridas".
A desonestidade não teria papel nenhum a desempenhar num mundo que
reverencia a realidade e é habitado por criaturas totalmente racionais. Os seres
humanos, porém, não são totalmente racionais, como Swift adorava apontar.
Os humanos, ao contrário dos houyhnhnms, abrigam um conj unto disparatado
de tendências e impulsos que não se harmonizam espontaneamente com a razão.
Os seres humanos precisam de anos, tanto de prática como de estudos, para se
tornarem pessoas íntegras e de boa vontade.
"Odeio o homem que, como o Portal da Morte, diz uma coisa mas esconde
outra em seu coração" , grita o angustiado Aquiles na Ilíada de Homero. Disse
profeta Jeremias: "Percorram as ruas de Jerusalém, procurem e observem! Procu
rem nas praças, vejam se encontram um homem justo e que busque a verdade. "
É a honestidade que o filósofo Diógenes procurou e m Atenas e Corinto, numa
imagem perene: "Com lampião e lanterna, à luz do sol, procurei um homem
honesto, mas nenhum pude encontrar", conforme uma narrativa do século XVII .
O LIVRO DAS VIRT U D ES
Um pastor levava o rebanho para fora da aldeia. Um dia quis pregar uma peça nos
vizinhos.
- Um lobo! Um lobo! Socorro! Ele vai comer minhas ovelhas!
Os vizinhos largaram o trabalho e saíram correndo para o campo para socor
rer o menino. Mas ele estava às gargalhadas. Não havia lobo nenhum.
Outra vez ele fez a mesma brincadeira e todo mundo veio aj udar. E ele
caçoou de todos.
Mas um dia o lobo apareceu mesmo e começou a atacar as ovelhas. Morren
do de medo, o menino saiu correndo.
- Um lobo! Um lobo! Socorro!
Os vizinhos ouviram mas acharam que era caçoada. Ninguém socorreu e o
pastor perdeu todo o rebanho.
(LRM)
Lealdade
S ONETO DE FIDELIDADE
Vinicius de Moraes (1913-1980)
A TARTARUGA E A LEBRE
Esopo
(LRM)
Ü CORVO E O VASO
Esopo
O corvo estava morrendo de sede. Viu um vaso que tinha tão pouca água que o
bico não alcançava. Tentou derrubar o vaso com as asas mas era muito pesado.
Tentou quebrar com o bico e as garras mas era muito duro.
O corvo, com medo de morrer de sede tão perto da água, teve uma idéia
brilhante. Pegou umas pedrinhas e foi jogando dentro do vaso. A água subiu e ele
pôde beber.
(LRM)
Resp onsabilidade
A CIGARRA E A FORMIGA
La Fontaine (1621-1695)
Tradução de Bocage (I 765-1805)