Você está na página 1de 5

Palácio de São Lourenço

O Palácio de São Lourenço é um palácio e uma fortaleza. Constitui-se num conjunto


monumental originalmente com a dupla função de fortificação e paço, considerado como o
melhor e mais imponente exemplar de arquitetura civil e militar da ilha da Madeira.
Compreende a Fortaleza de São Lourenço, iniciada na primeira metade do século XVI e
concluída na época da Dinastia Filipina, e o Palácio propriamente dito, incluindo os salões
do pavimento nobre que datam do último quartel do século XVIII e os jardins interiores.
Este ilustre Palácio encontra-se localizado na Avenida Zarco, na freguesia da Sé, no centro
histórico da cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira.
No século XVI, a cidade do Funchal estava sujeito a frequentes ataques de pirataria e a
outras depredações vindas do Oceano, assim surgiu a necessidade de se proteger destas
devastadoras invasões marítimas. Com efeito, na primeira metade desse século foi iniciada a
construção desta fortaleza, numa zona estratégica de defesa da ilha, com o intuito de vigiar e
controlar o porto, a alfândega de todas as embarcações que por ali perto passassem de forma
a, em caso necessário, antecipar a defensão da ilha. Sofrido o ataque pelos corsários
franceses em 1566, é alvo de melhoramentos e ampliações, sob a vigência do Governo
Filipino de Espanha. Posteriormente, havia de se tornar na residência dos capitães-
donatários, passando a ter definitivamente uma função residencial, que se sobrepôs à sua
função defensiva. A sua designação surge da decoração do Baluarte Central Norte com a
imagem de São Lourenço, cujo nome viria a estender-se a toda a fortaleza. Em 1836, estas
duas áreas que a constituíam foram separadas: O Palácio passou a ser a residência oficial do
Governador Civil e a Fortaleza ficou a cargo do Governador Militar, sendo a sede do
Quartel-General da Zona Militar da Madeira. Em 1943, foi classificado como Monumento
Nacional e desde 1976 é a residência oficial do Representante da República.
A visita de estudo deu início na própria entrada do palácio, com a Porta de armas. Há
várias décadas, foi decidido estabelecer uma entrada única e encerrar a porta principal da
fortaleza, que remonta ao início do século XVII e está localizada no Baluarte Norte, com
acesso pelo atual Largo da Restauração. No início dos anos 90, o então Ministro da
República cedeu temporariamente à instituição militar o espaço interior do Baluarte Norte
para a instalação de uma exposição, cedência que se mantém no presente.
Ao entrarmos, situamo-nos no pátio interior ou pátio central. Neste são visíveis as
intervenções realizadas neste Monumento ao longo dos séculos, sendo possível encontrar
vestígios das diferentes épocas da sua construção. A balaustrada em cantaria vermelha é
ainda da residência construída no século XV por João Gonçalves da Câmara, 2º capitão-
donatário do Funchal, filho do descobridor da Madeira, João Gonçalves Zarco. O pavimento
do pátio adapta o conhecido padrão “mar largo” da calçada portuguesa, construído com
calhau rolado regional. Na área oeste é onde se encontra o andar nobre, que foi construído no
século XVIII e a escadaria, no século seguinte. Neste ficaram o “palácio do governo” e a
residência privada do governador civil, hoje residência oficial do Representante da
República. Na área leste, na altura entregue ao governador militar, está atualmente o
Comando da Zona Militar da Madeira, sendo a residência do Comandante da Zona Militar da
Madeira.
Em seguida, a professora passou a explicar que a escadaria conduz ao palácio e dava
acesso ao andar nobre, edificado em finais do século XVII. Já no andar nobre, entramos na
sala dos retratos, sendo a sala de entrada desde o início do século XIX. Começamos por
analisar os quadros ali pendurados, nomeadamente os de João Gonçalves Zarco, o de seu
filho João Gonçalves da Câmara e o de José Silvestre Ribeiro, que foi um dos governadores
e conselheiro da Madeira e que se destacou por ter prestados diversos serviços ao
arquipélago, nomeadamente, promoveu obras públicas e procurou minorar os efeitos da
grave crise económica e social que afetou a Madeira em meados do século XIX. Este seu
retrato fora pintada por Max Römer e a professora acrescentou que, também na entrada da
nossa escola, o Liceu Jaime Moniz, e na cantina existem quadros deste artista. Relativamente
ao mobiliário, destaca-se um armário de dois corpos, que a professora referiu que também
seria possível observar um armário deste género no Museu Quinta das Cruzes e que poderia
ser conhecido tipo “caixa de açúcar”, provavelmente do século XVII/XVIII em que o açúcar
era proveniente do Brasil e em que eram utilizadas madeiras especiais. Posteriormente essas
caixas foram transformadas nestes armários para neles guardarem objetos, ou, por exemplo,
produtos cirílicos. Destacam-se também dois cadeirões de braço de estilo D.João V, (um
maior que o outro) em que um foi possivelmente construído aquando da visita do Rei
D.Carlos e da Rainha D.Amélia a este palácio, onde ficaram hospedados. Observamos, duas
arcas de viagem, possivelmente do século XVII, de origem indiana; uma mesa e uma caixa
de ébano, datável do século XIX e de origem francesa; taralhas em couro policromado e com
pragaria; cadeiras estilo «chipandelle», também podendo ser encontradas no Museu Quinta
das Cruzes e que são uma cópia do estilo inglês e por fim, duas colunas de estilo barroco.
Seguimos para o salão de baile ou salão nobre, que fora utilizado em bailes, concertos e
cerimónias solenes. (Aqui, a docente contou-nos que um dos Governadores, José Silvestre
proibiu os concertos e bailes devido ao falecimento da sua filha.) Na altura da visita do rei
D.Carlos e a rainha D.Amélia, em 1901, esta transformou-se na sala do trono, ou seja, era
nesta sala que recebiam as personalidades regionais que os iam cumprimentar. Nesta sala
tomaram posse os Governos da Região Autónoma da Madeira entre 1976 (ano da
implantação da autonomia) e 2004. Desde 1993, aqui se realizam as cerimónias anuais de
condecoração de personalidades madeirenses, por delegação do Presidente da República. A
nível de peças de decoração, pudemos observar 3 espelhos (estilo Luís XV); um conjunto de
mesas, canapés e cadeiras (estilo Luís XVI), que não são originárias deste palácio, mas sim
do Palácio da Calçada; um relógio de porcelana de «Sèvres»; quadros com a temática
naturalista, possivelmente pintados por estudantes de arte. A decoração do teto em estuque
dourado ostenta as armas reais portuguesas, em que o símbolo dos Descobrimentos
portugueses, a esfera armilar substituiu a coroa real após a instauração da República em
1910.
Saindo deste amplo salão passamos por um passadiço que nos permitiu chegar ao torreão sul,
construído no século XVI e mais tarde, no século XVIII foi aumentado, coberto e construída
a passagem com a finalidade de ligar o Torreão ao piso superior do Palácio. Aqui encontra-
se o que se assemelhava a uma “casinha de prazer”, que permitia ver qual o barco que se
aproximava de maneira a identificar se era uma ameaça ou não.
Em seguida, entramos na Sala Vermelha, sala esta onde se faziam os banquetes em que
participavam personalidades nacionais e também estrangeiras. O governador encomendou a
Max Römer em 1939 a pintural mural desta sala, recorrendo a motivos que se assemelham
com o mobiliário francês em estilo “Boulle”, datados do século XIX. Analisamos as pinturas
que representam os reis de Portugal absolutistas, nomeadamente D.Pedro III, D.João V e
D.José. O mobiliário é oriundo das reservas do Palácio Nacional da Ajuda. Algumas das
peças como o espelho fazem parte de um quarto de dormir e aqui se encontra parte
significativa da coleção de porcelana, maioritariamente porcelana chinesa, encomendada da
“Companhia das Índias”. Atendendo às suas características decorativas e à função das peças
(um espelho de vestir, uma secretária-escrevaninha, etc) considero que estas vieram de um
Palácio real.
Seguimos para a Sala Verde ou “Império”, totalmente remodelada entre 1938 e 1941. As
telas pintadas nos painéis do teto foram pintadas, nessa época, por Max Römer, que recorreu
a motivos alegóricos da temática regional, como a riqueza das flores, produtos da terra e
mares madeirenses. Na gravura, estão figurados o descobridor João Gonçalves Zarco, o
Infante D.Henrique (administrador das ilhas e pertencia a ordem de Cristo), Cristóvão
Colombo e outras figuras vestidas com trajes regionais, encontramos também um ilhéu de
Nossa Senhora da Conceição (que depois se vai unir à pontinha); temáticas ligadas à flora
madeirense e produtos como o vinho, a cana-de-açúcar, etc; conseguimos, também, observar
a importância do mar, sempre ligado à mitologia greco-romana . As paredes e o teto
apresentam-se ornamentados a estuque dourado, as partes douradas do centro de mesa e os
três candelabros são feitas em bronze dourado, trabalho francês do século XIX, demonstram
a predominância de peças “Império” folheadas a mogno. Merecem também destaque o tapete
de Arraiolos e o conjunto de peças em porcelana de «Sèvres» e as duas travessas em
porcelana chinesa de encomenda, dita da Companhia das Índias, do tipo "folha de tabaco".
Posteriormente falamos da Sala do Baluarte (à qual não foi possível entrarmos), construída
na altura do andar nobre. Ficamos a saber que tem uma grande mesa, onde Marcelo Caetano
escreveu parte das suas memórias antes de ser exilado para o Brasil. A sala serviu de quarto
de dormir ao rei D.Carlos e a rainha D.Amélia durante a sua visita entre 22 e 25 de junho de
1901. Das peças expostas, destacam-se duas telas de temática marinha do pintor João Vaz,
que tinha tendência pictórica para o naturalismo.
Da sala de Audiências do Representante da República salienta-se a secretária “Luís XV”
com aplicações de bronze dourado e o conjunto de canapé e “fauteils” que integravam já a
decoração do Palácio em 1901. Nesta sala, encontramos em lugar de destaque, o retrato de
D.João VI, datado de 1819.
A passagem para os jardins é feita pela galeria que acompanha exteriormente a janela tripla
da Sala Verde. Nesta destacam-se as pinturas de autores que trataram a temática madeirense,
das quais salienta a aguarela de Alberto Souza representando a Sé do Funchal, datada de
1934 e duas estatuetas uma das quais figurando uma menina, executada em terracota
bronzeada, e a outros três meninos, em madeira bronzeada.
O Baluarte Noroeste, ajardinado no século XIX, é hoje também designado por “jardim do
lago”. O Baluarte Norte, denominado no século XIX, “Baluarte do Castanheiro” devido à
árvore que ali crescia, mantém a antiga rampa de acesso e o piso lajeado. Em 1915, o cunhal
norte do baluarte foi amputado para abertura do primeiro troço de uma Avenida funchalense,
denominada Avenida Arriaga.
Já no Jardim/ Painel de São Lourenço, analisamos o painel de azulejos em que está
representado São Lourenço. Este painel foi executado na Fábrica de Cerâmica Constância
nos finais dos anos 30 do século XX. Vimos que em 1970, o Governador Sobral
construiu/mandou construir a estancaria que podemos visitar e a varanda da residência.
Na “Gruta”, a professora explicou que esta fortaleza foi atacada por corsários franceses,
capitaneados por Bertrand de Montluc, no século XVI e por isso este espaço circular
abobadado é o único vestígio do torreão com quatro pisos construído no século XVI,
correspondendo ao piso térreo do torreão noroeste desse mesmo século. Esta foi decorada
com frisos de azulejos azuis e amarelos (que também podemos encontrar na Igreja de São
João Evangelista) , datáveis do século XVII. Foi recuperada entre 1998 e 1999 e em 2003 os
frisos de azulejos foram restaurados.

Você também pode gostar