Você está na página 1de 16

MESTRANDOS:

CARLOS HENRIQUE T. DE FREITAS


GLADISTON DOS ANJOS ALMEIDA
Paul-Michel Foucault foi um filósofo e professor de
História dos Sistemas do pensamento do Collège de
France, entre 1970 e 1984. Seu trabalho envolveu
uma arqueologia do saber, da experiência literária
e da análise do discurso, bem como as relações de
poder e as instituições governamentais. Nasceu em
outubro de 1926, em Poitiers, na França, e faleceu
em junho de 1984, em Paris.

Em sua obra, “Vigiar e punir”, na qual trata do


panoptismo (cap. 3), Foucault analisa o poder
disciplinar na sociedade moderna, tratando das
formas de pensamento como relações de poder,
que geram coerção e imposição.
As medidas impostas em uma cidade atingida pela peste no fim do
séc. XVII:

 Espaço recortado, imóvel, fixado. Cada qual se prende a seu


lugar. E caso se mexa, corre perigo de vida, por contágio ou por
punição. (p. 173)

 Cada um trancado em sua gaiola, cada um à sua janela,


respondendo a seu nome e se mostrando quando perguntado, é
a grande revista dos mortos e dos vivos. (p. 174)

 “Esse espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus


pontos, [...] isso tudo constitui um modelo compacto do
dispositivo disciplinar. A ordem responde á peste. (p. 174-175)
 O grande fechamento por um lado; o bom
treinamento por outro. A lepra e sua divisão; a
peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra,
analisada e repartida. (p. 175)

 Para fazer funcionar segundo a pura teoria os


direitos e as leis, os juristas se punham
imaginariamente no estado da natureza; para
ver funcionar suas disciplinas perfeitas, os
governantes sonhavam com o estado de peste.
(p. 176)
 O Pan-óptico no Dicionário Aurélio:
1. Que permite uma visão total: construção pan-óptica.

 O conceito de Bentham:
na periferia uma construção
em anel; no centro, uma torre
[...] A plena luz e o olhar de
um vigia captam melhor que
a sombra, que finalmente
protegia. (p. 177)
 Cada um, em seu lugar, está bem trancado em sua cela
de onde é visto de frente pelo vigia; mas os muros
laterais impedem que entre em contato com seus
companheiros. É visto, mas não vê; objeto de uma
informação, nunca sujeito de uma comunicação. (p.
177)

 Induzir no detento um estado consciente e permanente


de visibilidade que assegura o funcionamento
automático do poder. Fazer com que a vigilância seja
permanente em seus efeitos, mesmo se é
descontinuada em sua ação. (p. 177-178)
 O panóptico é uma máquina
de dissociar o par ver-ser
visto: no anel periférico, se
é totalmente visto, sem
nunca se ver; na torre
central, vê se tudo, sem
nunca ser visto. (p. 178)

 Uma sujeição real nasce


mecanicamente de uma
relação fictícia. (p. 178)
 Bentham colocou o princípio de
que o poder deveria ser visível e
inverificável. (p. 178)

 ... É o diagrama de um mecanismo


de poder levado à sua forma ideal
(p. 181)

 O esquema panóptico é um
intensificador para qualquer
aparelho de poder [...] É uma
maneira de obter poder. (p. 182)
 As disciplinas funcionam cada vez mais como técnicas que
fabricam indivíduos úteis. (p. 185)

 Em uma palavra, as disciplinas são o conjunto das minúsculas


invenções técnicas que permitiram fazer crescer a extensão útil
das multiplicidades, fazendo diminuir os inconvenientes do
poder que, justamente para torná-las úteis, deve regê-las. (p.
193)

 A disciplina não pode se identificar com uma instituição nem


com um aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade
para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de
instrumentos, de técnicas, de procedimentos, níveis de
aplicação, de alvos; (p. 189)
 Disciplina-bloco e Disciplina-mecanismo.

 Evolução história de uma “Sociedade Disciplinar”

 1) Inversão funcional das disciplinas

 2) A ramificação dos mecanismos disciplinares

 3) A estatização dos mecanismos de disciplina


 Pode-se então falar, em suma, da formação de uma
sociedade disciplinar nesse movimento que vai das
disciplinas fechadas, espécie de quarentena social, até
o mecanismo indefinidamente generalizável do
panoptismo. (p. 189)

 A Antiguidade foi uma civilização do espetáculo [...] a


idade moderna coloca o problema ao contrário:
Proporcionar a um pequeno número, ou mesmo a um
só, a visão instantânea de uma grande multidão (p. 190)
 1) As disciplinas substituem o velho princípio retirada-
violência que regia a economia do poder pelo princípio
suavidade-produção-lucro. Devem ser tomadas como
técnicas que permitem ajustar, segundo esse princípio, a
multiplicidade dos homens e a multiplicação dos
aparelhos de produção. (p. 192)

 2) O que generaliza então o poder de punir, não é a


consciência universal da lei em cada um dos sujeitos de
direito, é a extensão regular, é a trama infinitamente
cerrada dos processos panópticos (p. 196)
3) Duplo processo, portanto:
arrancada epistemológica a partir
de um afinamento das relações de
poder; multiplicação dos efeitos de
poder graças à formação e
acumulação de novos
conhecimentos. (p. 196-197)
Devemos ainda nos admirar que a prisão se pareça com as
fábricas, com as escolas, com os quartéis, com os hospitais,
e todos se pareçam com as prisões? (p. 199)
FOUCAULT, Michel. O panoptismo. In: ______. Vigiar e punir.
9. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. cap. 3, p. 173-199.

PAN-ÓPTICO. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo


Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.11. Curitiba: Positivo,
c2004. 1 CD-ROM.

Você também pode gostar