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A Iniciação no Jeje 

Mahi
Maio 30, 2011 por Hùngbónò Charles

De um modo geral, a iniciação no Jeje é mais complicada do que a iniciação da Nação Ketu,

a começar pelo tempo de reclusão dos neófitos que no passado durava até um ano. Hoje,

devido ao ritmo de nossas vidas, este tempo caiu para seis meses. Três meses a vodunsi fica

dentro do Hundeme (quarto de santo) e os outros três meses fora dele, mas ainda na roça.

Durante seu período de iniciação a Vodunsi passará por várias etapas, entre as quais pode-

se citar Sakpokàn ou Sarakpokàn, Vivauê, Kán, Duká, Zò, Sanjebé, Grá (ou Grã), etc. Dentre

estes os de maior destaque o Sakpokàn e o Grá.

A iniciação no Jeje Mahi sempre contece com formação de “barcos” ou “ahamas”, pois pela

tradição nunca se recolhe uma única pessoa e nem barcos com números pares de

componentes, levando ao entendimento de que sempre que houver iniciação deve-se ter no

mínimo três Vodunsis em processo, na roça. Em geral cada sacerdote ou sacerdotisa Jeje

Mahi, durante seu comando, não recolhem muitos barcos; a quantidade controlável de filhos

de santo é muito importante, pois há um ditado que diz “é melhor ter poucos filhos bons a

muitos ruins”. Na Casa das Minas também não é diferente.

A iniciação da Vodunsi começa com a filha “bolando” (caindo) aos pés da arvore consagrada

a seu Vodun (atinsá), e ali ela permanecerá desacordada durante sete dias e sete noites.

Dizem que já houve casos de vodunsis consagradas a voduns aquáticos que ficaram esse

período na água. A ordem das vodunsis no barco se dá pela ordem conforme elas

vão “bolando” nos atinsás, assim teremos:

 A primeira será Dofona (o) ( Dòfònun)


 A segunda será Dofonotinha (o) (Dòfònuntín)
 A terceira será Fomo (Fòmò ou Yòmò)
 A quarta será Fomotinha (o) (Fòmòtín)
 A quinta será Gamo (Gàmò)
 A sexta será Gamotinha (o) (Gàmòtín)
 A sétima será Vimo (Vimun)
 E ainda pode-se seguir vimotinho, dimu, dimutinho, etc.

Durante o tempo que a Vodunsi permanecer debaixo do atinsá de seu Vodun, será cuidada

pelos Ogãs e Ekedjis. Neste período, a mãe de santo (ou pai) é proibida de ir ver a filha. Isso

por que a(o) zeladora(o) pode sentir pena da Vodunsi e de certa forma pode querer ajudá-la,

afim de aliviá-la de seu estado. Acabando os sete dias, a vodunsi ainda desfalecida será

levada pelos ogans até o zelador, no Hundeme, para que este inicie a feitura. O momento

em que a vodunsi acorda do desfalecimento é considerado como um renascimento, após

passar pela morte ritual e acordar numa nova vida, agora como Vodunsi, um compromisso
que deverá carregar consigo por toda sua vida. A partir daí a vodunsi passará por processos

de limpezas, descarregos, banhos de ervas, ebós, e durante uma semana deverá descansar

até o dia do Sakpokàn ou Sarakpokàn. O Sakpokàn é uma cerimônia que acontece sete dias

após o inicio dos rituais de feitura, quartorze dias após o “bolar”, na qual a vodunsi dança

manifestada com seu Vodun. A dança é desajeitada e desordenada. O Sakpokàn também

representa a despedida da Vodunsi de seus familiares que forem assistir ao ritual, que só

verão a vodunsi novamente meses depois, no “dia do nome”. No dia do Sakpokàn a Vodunsi

será raspada e catulada. Das etapas de iniciação que a nova Vodunsi deve passar, a mais

intrigante e misteriosa é o Grá.

O Grá

O Grá é uma divindade ou entidade violenta e agressiva que se manifesta na Vodunsi apenas

na sua iniciação, durante três dias, e próximo ao “dia do nome”. O principal objetivo do Grá

é matar o(a) zelador (a) que deverá permanecer escondido nos aposentos da casa durante

os três dias em que o Grá estiver manifestado. O Grá é acompanhado pelos Ogans, Ekedis e

algumas Vodunsis antigas que farão com que ele realize algumas penitências, fazendo-o

cansar. Há um número certo de pessoas que poderão acompanhar o Grá que durante estes

três dias ficará solto pelo pátio da roça comendo tudo que encontrar como folhas de árvores

e frutos caídos, motivos estes que exigem que a roça seja grande e com bastante árvores.

As pessoas que acompanham o Grá, assim como ele mesmo, carregam um porrete com o

qual ele tenta agredir as pessoas e realiza sua penitência, que tem como objetivo levar todo

mal e toda energia negativa da Vodunsi, e também o objetivo principal de cansar o Grá para

que ele não cause tanto transtorno. Durante os dias de penitência, os acompanhantes

entoam certas cantigas específicas. Após os três dias procurando o(a) zelador(a), o Grá tem

o encontro tão esperado, que acontecerá no Agbasá (salão de dança). Ao som de paó e

adahun, o Grá entra pela porta principal do Agbasá  e se deparara com o(a) zelador(a), que

estará sentado(a) em uma cadeira esperando por ele, partindo pra cima do mesmo

para matá-lo. Neste instante todo cuidado é pouco, pois o Grá pode ferir o(a) zelador(a).

Quando o Grá adentra o Agbasá, os Ogans correm para tirar-lhe o porrete que ele luta para

não entregar. É um momento de extase. Nesse instante os tambores tocam com mais força e

o(a) zelador(a), então nervoso e sem poder sair da cadeira, entoa uma cantiga e a Vodunsi

cai desfalecida no chão e logo em seguida é pega pelo Vodun. É um alivio total e o ritual do

Grá chegou ao fim. A quem diga que o Grá é um Erê malvado, outros dizem que é o Exu do

Vodun, outros ainda dizem que é o lado negativo do Vodun ou mesmo da própria Vodunsi,

um lado animalesco e primitivo seu, que está no seu inconsciente, que manifestou-se em seu

renascimento e que foi mandado embora para sempre. O Grá despeja pra fora toda raiva e o

ódio da Vodunsi. Como se depois do Grá não houvesse mais ódio, raiva, rancor dentro da
Vodunsi, somente o que é bom e benéfico. Significa que a Vodunsi nunca mais sentirá fome,

nunca mais vai dormir no relento, nunca mais irá confrontar ou agredirá seu(a) zelador(a),

fisicamente ou com palavras, pois o Grá levou isso com ele. O ritual do Grá envolve muitas

simbologias e interpretações que pelas leis do Jeje não poderei citá-las aqui.

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O Dia do Nome

O Dia do Nome é um dia muito especial, com cerimônia pública (Zandró) no Jeje Mahi. O

Vodum manifestar-se-á em sua Vodunsi e vai dançar na sala. Antigamente, uma única

pessoa era escolhida para tomar o nome particular (Hún ìn) do Vodun de todas no “barco”,

sendo considerado(a) padrinho ou madrinha do “barco”. Hoje geralmente são escolhidos

mais de uma pessoa para esta tarefa. Após este dia, a iniciante agora sim é uma Vodunsi.

As vodunsis sempre usam seus nomes religiosos, determinado por sua posição no barco e

seu vodum, assim poderemos ter, por exemplo, Dofona Ongorensi (feita de Gbesén),

Dofonotinha Sogbosi (feita de Sògbò), Fomo Togbosi (feita de Aziri Togbosi), Fomutinha

Òsúnsi (feita de Osún), Gamo Lokosi (feita de Loko), e assim por diante. Se a Vodunsi atingir

um grau sacerdotal apenas acrescentará a frente de seu nome, o cargo, desta forma: Mègitó

Dofona Ongorensi, Doné Dofonotinha Sogbosi, Gaiaku Gamo Lokosi.

Os Voduns de Jeje Mahi
Junho 12, 2011 por Hùngbónò Charles
Os Seguimentos da Nação Jeje
A Nação Jeje compreende as culturas de diversos povos, tais quais os Fons, Ewes, Adjas,

Minas, Popos, Gans, etc. Estes povos tinham e tem em comum sua forma de religião: o culto

ao Vodun. Mas a diversidade no culto varia de povo para povo, de seguimento para

seguimento. Estes povos habitavam o antigo reino de Dahomey, Dahomé ou Daomé, situado

onde hoje é o Benin, mantendo proximidades com a Nigéria, onde situam-se os povos

yorubás, e que mantém em suas regiões fronteiristas, uma mescla de seus cultos, fazendo

com que os “jejis” adotassem alguns orixás em seu panteão (voduns nagôs como Oyá, Òsún,

Yemanjá), assim como os nagôs adotaram alguns voduns em seu panteão (Oxumaré, por

exemplo). Os povos da capital de Dahomey (Abomey ou Abomé) eram pricipalmente os

Adjas. Por volta de 1650, os Adjas conseguiram dominar os Fons, e o rei Hwegbajá (1645-

1685) declarou-se rei de seu território comum. Tendo estabelecido sua capital em Abamey,

Hwegbajá e seus sucessores conseguiram estabelecer um Estado altamente centralizado com

base no culto da realeza (Voduns Reais) estruturado em sacrifícios (incluindo sacrifícios

humanos) aos antepassados do monarca. Toda a terra era propriedade direta do rei, que

coletava tributos de todas as colheitas obtidas. Logo este povo entraria em confronto com
vários outros, alguns pertencentes à própria origem “jeji” (daomeana) como os povos de

Aladá, Mahi, Uidá, e outros povos de origem yorubá, tais como o Reino de Oyó, que acabou

vencendo os daomeanos. Economicamente, entretanto, Hwegbajá e seus sucessores

lucraram principalmente com o tráfico de escravos e relações com os escravistas

estabelecidos na costa. Como os reis do Daomé envolveram-se em guerras para expandir

seu território, e começaram a utilizar rifles e outras armas de fogo compradas aos

europeus em troca dos prisioneiros, que foram vendidos como escravos nas Américas.

No Brasil, chegaram principalmente os Minas (povos da Costa da Mina, de origem Mina e

Popo), os Mahis (povos camponeses de origem Fon, Ewe e Gan), os Savalus (também de

origem Fon, Ewe), povos de Aladá, Uidá e os próprios Adjas. Esses diferentes povos de

diferentes línguas e costumes estabeleceram seu culto no Brasil, sob o nome de Nação Jeje,

baseando-se no culto aos Voduns e formando várias ramificações, dentre as quais se

destacam:

 Jeje Dahomey:  é a forma de culto estabelecida pelos povos adjas, seu culto baseia-se
principalmente na reverência aos Voduns Reais (dirigentes do Dahomey), Voduns da
família de Hevioso (voduns do trovão, juntamente com os tòvoduns ou voduns
aquáticos) e Voduns da família de Dan (serpentes). Os dirigentes do Dahomey tinham
um conflito quanto ao culto de Sakpata, que tinha os títulos de Jòholú (“Rei das Joias”,
aludindo ao fato de ser o dono das chagas) e Ayinon (“Dono da Terra”), títulos estes
que o rei também possuia, o que levou ao culto de Sakpata ter sido banido da capital e
não existir no Jeje Dahomey. Orixás/Voduns Nagôs, não são cultuados nesta
ramificação. O terreiro que representa esta nação é o Terreiro do Pinho (Hunkpame
Dahomey) situado em Maragojipe na Bahia. As línguas faladas são o adjagbé e o
ewegbé.
 Jeje Mina: o Jeje Mina tem seu culto voltado à adoração real dos voduns de Abomey.
Isso porque a fundadora deste culto (presente unicamente na Casa das Minas, pois nas
demais casas de Tambor de Mina, o culto é Mina Jeje-Nagô, com influências yorubás)
era a Rainha Nã Agontimé. “Adandozan também é retratado como incompetente –
como comandante e guerreiro – e como um traidor da família real, pois teria vendido
sua madrasta, a rainha Nã Agontimé, aos traficantes de escravos. Pesquisas
realizadas por Pierre Verger sugerem que Nã Agontimé teria sido enviada como
escrava a São Luis do Maranhão – onde foi renomeada como Maria Jesuína – e seria a
fundadora da célebre Casa das Minas”. Pierre Verger ainda cita: “A Casa das Minas teria
sido fundada pela rainha Nã Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida
como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Dahomey após o falecimento
do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo
chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi
encontrada.” A Casa das Minas cultua os Voduns dirigentes e nobres do Dahomey,
inclusive Zomadonu, que é chefe da Casa da Minas, juntamente com Nochê Naé, a
ancestral mítica da família Real.
 Jeje Mahi:  Os Povos Mahi eram camponeses, tinham seu culto voltado, principalmente
a Dan Gbé Sén (Bessém, este termo significa “adorar a vida” e dangbésén significa
“serpente que adora a vida”) e aos voduns de sua família, e também aos voduns da
família de Hevioso ou Kaviono, e os voduns da família de Sakpata. Voduns reais e
Eguns não são cultuados. Tem influências nagôs e em seu panteão adotou-se alguns
Orixás, formando a família Nagô-Vodun, formada principalmente por Ogun ou Gú, Odé,
Oyá, Òsún e Yemanjá. O culto trazido pela africana conhecida como Ludovina Pessoa,
natural de Mahi, iniciada para o vodun nagô Ogun, que foi escolhida pelos voduns para
fundar três templos na Bahia. Ela fundou o “Zoogodo Bogun Malé Hundo”, mais
conhecido como “Terreiro do Bogun”, consagrado a Hevioso e o “Zoogodo Bogun Sejá
Hundê”, mais conhecido como “Kwê Sejá Hundê”, consagrado a Bessém. O templo que
seria consagrado a Azansú Sakpata não chegou a ser fundado. Dizem os antigos que o
Ogun de Ludovina se chamava “Ogun Rainha” ou “Ogun da Rainha”, podendo supor que
ela seria uma integrante da família real ou mesmo uma rainha do território Mahi. No
Rio de Janeiro, o Kpo Dagbá é o grande representante desta nação, fundado pela
africana da cidade de Aladá, Gaiaku Rosena, iniciada para o vodun Bessém.
 Jeje Modubi:  O Jeje Modubi tinha como representante o “Bitedô” e a chamada “Roça
de Cima”, ambos liderados por Tixareme e também por Ludovina Pessoa. O que difere o
Modubi do Mahi, é que no Modubi o culto a eguns é muito presente e no Jeje Mahi isso
é quizila.
 Jeje Savalu:  Com forte influência yorubá em seu culto.

Os Voduns de Jeje Mahi

Em Jeje Mahi se cultuam Voduns, cujas origens e características se assemelham aos orixás

Yorubás, e alguns tiveram origem de culto dos mesmos (um exemplo é Gú que tem origem

de culto do orixá Ogum). Voduns que tiveram vida terrena e que possuem sepulturas – como

os reais de Dahomey – e Eguns (akútùtós) não são cultuados em Jeji Mahi. A causa disto é

que Gbesén (Bessém), o dono da Nação, ser um vodum estreitamente ligado à vida e à

renovação.

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Os voduns do Jeje Mahi seguem  uma divisão por famílias ou panteões, cujos principais são:

 Panteão da Serpente (Dan): Neste panteão agrupam-se todos os “Voduns


Serpentes”, estão ligados diretamente ao movimento, a vida, a renovação e a
adivinhação. Alguns voduns Dan: Gbesén, Dangbala, Áidò Wèdò, Frekwen ou
Kwenkwen, Dan Ikó, Dan Xwevé, Dan Akasú, Dan Jikún ou Ojikún, Azannadô ou
Zoonodô (que está ligado também a Hevioso), Aziri ou Azli.
 Panteão do Trovão (Hevioso): Neta família agrupam-se os Voduns Kavionos, ligados
ao fogo, à justiça, e ao raio, e também os voduns do oceano (Tòvodum) que mantêm
estreitas ligações com os Voduns Kavionos. O Panteão é liderado pelo vodum Sogbo. Os
Voduns Kavionos: Sògbò, Gbadé, Akarumbé, Adeen, Kposu, Averekete, Lissá, Agbé
Tayó (vodun do aceano), Djó e Agbé Hunnòn (avejidá), Loko.
 Panteão da Terra (Sakpata): Neste panteão se agrupam os voduns da terra, das
riquezas e das doenças, ligados a vida e a morte. Azansu é o lider do Panteão. Alguns
voduns do Panteão: Azansú (Sakpata), Ewá, Parará ou Pararalibu, Avimadje, Agué,
Ayizan, Nanã, Agbé Gèlèdè e Abè Afefè (Avejidá). Kposu está ligado a Sakpata, embora
seja de Hevioso.
 Nagô-Vodum: Esses voduns são na verdade orixás, pois são de origem nagô. Os
principais são: Gú (Ogum), Odé, Oyá, Oxun, e Yemanjá. No Bogun, pode-se encontrar
o culto a Logun Edé.
 Guardiões: Responsáveis pela defesa e fiscalização da casa, como Sòhòkwe, Legba e
mesmo Ogun. Legbá por suas diversas funções está ligado aos diversos panteões.
 Muitas famílias menores foram absorvidas pelas maiores, assim podemos notar que
Avejidá foi dividida entre Sakpata e Hevioso.
 Azli Togbosi é a grande mãe das águas do Jeje Mahi e está ligada a todos os voduns,
por ser considerada a mãe de muitos deles.

Os voduns do Jeje Mahi seguem uma divisão por famílias ou


panteões, cujos principais são:
 

Panteão da Serpente (Dan): Neste panteão agrupam-se todos os “Voduns


Serpentes”, estão ligados diretamente ao movimento, a vida, a renovação e
a adivinhação. Alguns voduns Dan: Gbesén, Dangbala, Áidò Wèdò,
Frekwen ou Kwenkwen, Dan Ikó, Dan Xwevé, Dan Akasú, Dan Jikún ou
Ojikún, Azannadô ou Zoonodô (que está ligado também a Hevioso), Aziri
ou Azli.
Panteão do Trovão (Hevioso): Neta família agrupam-se os Voduns
Kavionos, ligados ao fogo, à justiça, e ao raio, e também os voduns do
oceano (Tòvodum) que mantêm estreitas ligações com os Voduns
Kavionos. O Panteão é liderado pelo vodum Sogbo. Os Voduns Kavionos:
Sògbò, Gbadé, Akarumbé, Adeen, Kposu, Averekete, Lissá, Agbé Tayó
(vodun do aceano), Djó e Agbé Hunnòn (avejidá), Loko.
Panteão da Terra (Sakpata): Neste panteão se agrupam os voduns da terra,
das riquezas e das doenças, ligados a vida e a morte. Azansu é o lider do
Panteão. Alguns voduns do Panteão: Azansú (Sakpata), Ewá, Parará ou
Pararalibu, Avimadje, Agué, Ayizan, Nanã, Agbé Gèlèdè e Abè Afefè
(Avejidá). Kposu está ligado a Sakpata, embora seja de Hevioso.
Nagô-Vodum: Esses voduns são na verdade orixás, pois são de origem
nagô. Os principais são: Gú (Ogum), Odé, Oyá, Oxun, e Yemanjá. No
Bogun, pode-se encontrar o culto a Logun Edé.
Guardiões: Responsáveis pela defesa e fiscalização da casa, como Sòhòkwe,
Legba e mesmo Ogun. Legbá por suas diversas funções está ligado aos
diversos panteões.
Muitas famílias menores foram absorvidas pelas maiores, assim podemos
notar que Avejidá foi dividida entre Sakpata e Hevioso.

Aziri Togbosi, Azli Togbosi ou Aziri Tobôssi (onde Tògbosì: Tò


– água; gbo – grande quantidade; sì – esposa, senhora) é a
maior e mais importante mãe das águas do Jeje Mahi, é uma
divindade ligada às águas profundas, sejam elas doces ou
salgadas, e tem estreitas ligações com a mãe nagô Yemanjá.
Veste branco e adorna o pescoço com pérolas, considerada
como a mãe de muitos Voduns.
 
Naê Aziri, Aziri Tolá ou Azli é uma mãe das águas
correspondente a Òsún, ligada às águas doces e considerada
uma mãe velha. Seguindo a variação podemos encontrar
diferentes variações do nome como Aziri Kaia ou Togbosi
Kaia (nome como Aziri Tobôssi é conhecida no Jeje Savalu),
mas lembramo-nos que no Jeje não existem qualidades de
Voduns, assim sendo, cada nome designa apenas um vodun
ou é variação de um mesmo nome. Assim Aziri Tobôssi e Aziri
Tolá são as correspondentes, respectivamente, de Yemanjá e
Osun. Ainda quanto a Aziri Tobossi, ela pode ser tanto de
água doce como salgada dependendo do seu Hún in (nome
particular do Vodun).
 

Gu é a denominação fon do vodun senhor da guerra, da metalurgia, da


cirurgia e das escarificações, que tem origem de culto do orixá yorubá
Ogun. O culto de Gu foi introduzido no atual sul do Benin no final do século
XVII por ferreiros e cirurgiões iorubás, e se tornou bastante popular,
sendo cultuado nos templos e conventos de praticamente todos os demais
voduns, além de ter os seus próprios. O emblema principal de Gu é o
gubassá, que é uma adaga metálica adornada com desenhos místicos,
utilizada em diversos rituais, incluindo o culto de Fá, para abrir caminho
para o mundo dos espíritos. O gubassá é também conhecido e utilizado no
vodu haitiano. Em segundo plano fica o gudaglô, menor que o gubassá e
que Gu utiliza para defender seus filhos dos inimigos. Na iconografia fon, o
vodun Gu é representado portando estes dois sabres, o gubassá na mão
direita e o gudaglô na mão esquerda. Gu é o Vodum do ferro e da guerra,
que dá ao homem a sua tecnologia. Ele não aceita a cumplicidade com o
mal, por isso é capaz de destruir todos os culpados por atos infames e
criminosos. Esta personalidade de Gu é expressa pelos Fons como “da Gu
do”(Gu castiga, Gu mata). A ferramenta divina em forma de espada. É a
divindade do ferro, da guerra e das cirurgias. Representa uma das
principais forças de auxilio ao homem – ele é a própria força. Não é o ferro
em si, mas sua propriedade de cortar.
Ewá é um vodum feminino da família de Sakpata. Filha de Aido Wedo e
Dambala, irmã de Boçalabê nasceu para ser o símbolo da pureza e da
beleza dos deuses. Do nascimento a fase adulta Yewa viveu na família de
Dan onde representava a faixa branca do arco-íris onde também mora
Ojiku. Recebeu de Aido Wedo o poder da vidência, da riqueza, e todos os
corais que existiam no mar que ela pegava com seu arpão. A beleza física
de Ewá encantava a todos que olhassem em seus olhos, mas essa nunca se
encantava com ninguém pois era o símbolo da virgindade e da pureza.
Muitos homens se apaixonaram por ela e todos foram punidos pelos
deuses pois sabiam que era proibido amar a grande Virgem. Ojiku ou Dan
Jikun é um Vodum Dan que sempre é muito confundido com Yewa, assim
como Boçalabê que é sua irmã. Ojiku é considerado a Cobra branca e
Boçalabê é uma Vodum das água doces, muito confundida com Oxum. Para
muitos Ewá é também representada pela figura de uma serpente.
Sakpatá. De dupla etnia viveu com os Nagôs (Yorubá) onde é conhecido
como Sapanná, e recebe os títulos de Obaluaiye ou Omolu. Azansú foi o
responsável por trazer algumas divindades Yorubás para a Tradição Mahi.
É o vodun Rei da Terra (Ayinon) senhor das doenças, da vida e da morte, é
o chefe da familia Sakpata. Azansu significa “homem da esteira” onde
“azan=esteira” e “su=homem”, mas pode significar também “homem de
palha”. Seu domínio sobre o mundo dos mortos é íntegro, sendo ele o
senhor do desencarne. É o deus da humildade, regendo todos os
desprovidos de riqueza porém ricos de espírito. Seu poder é muito
presente na sociedade e dentro do candomblé muitos são seus mistérios e
mitos. Para os mais antigos, pronunciar seu nome sem tocar o chão é um
sinal de desrespeito, podendo causar a fúria dessa divindade. Dentro das
casas de Jeje, os vòdúns da família Sakpata são responsáveis pela doutrina
e por toda a organização do ásé. São eles que normalmente cobram o
neófito caso aja de forma incoerente as regras. Sua mãe é Nanã Buruku,
que o abandonou logo após o nascimento, tendo sido encontrado e criado
por Yemanjá. Azansu está ligado a Ewá, sua companheira. É irmão de
Bessém e Loko, e também de Agué. Ayinon significa “dono da terra” e é o
nome pelo qual este vodum é reverenciado.
Dans são os símbolos da continuidade. Simbolizam também a força vital, o
movimento, tudo o que é prolongado. Sustenta a Terra e impede que se
desintegre ou saia de órbita. Vivem no arco-íris. Nos arcos-íris da lua e do
sol também encontramos Voduns Dan. Dan serve de protetor e auxiliar a
outros voduns, em especial a Hevioso. No Brasil encontramos cerca de 40
Voduns Dans, na África encontramos muito mais que isso. Essa família é
muito grande. O Dangbê é a serpente sagrada que representa o espírito de
Vodum Dan. Dan é um Vodum muito exigente em seus preceitos, muito
orgulhoso e teimoso. Quando tratado corretamente, dá tudo aos seus filhos
e a casa de santo, mas se tratado de maneira errada ou se for esquecido
castiga severamente. Vodum Dan é muito fiel a casa e a mãe/pai de santo
que o fez. Dan tanto pode ser um Vodum masculino quanto pode ser um
Vodum feminino, porém para tratá-lo, fazê-lo ou assentá-lo temos que
cuidar sempre do casal. Como dizem os antigos “cobra não anda sozinha,
seu parceiro está sempre por perto”. Ao se iniciar um filho de Dan,
preceitos são feitos para que esse Vodum venha sempre em forma humana
e nunca em forma de serpente, pois entendemos que na forma humana ele
é menos perigoso e entende melhor os homens, podendo assim atender
suas necessidades e supri-las. Na forma de serpente torna-se muito
perigoso. De modo geral os filhos de Dan são muito chegados a doenças,
principalmente de olhos. São pessoas vaidosas, ambiciosas, “perigosas”,
espertas e inteligentes. São muito dedicados ao santo e dificilmente saem
da casa onde foram feitos. Vestem branco em sua grande maioria. Alguns
usam cor verde bem clarinho, prateado, ou tecido liso com o arco-íris
estampado. Seus fios de conta variam de acordo com cada Vodum, não
existe um modelo padrão. A cor representativa da maioria dos Dans é o
verde e o amarelo. Sua louvação principal é: Aho bo boy = “Salve o rei
cobra” ( Hho = rei, bo boy = Dans, serpentes, cobras). Os símbolos de Dan
são: o arco-íris, a serpente pithon, o traken ou draka, patokwe, o dahun, a
takara. E o assôm. Seu principal atinsá dentro de uma casa de Santo é
denominado Dan-gbi, que é onde o arco-íris se encontra com a terra
(“panela lendária do tesouro!”). Dan usa muitos brajás feitos de búzios. As
aigri (escrementos de Dan) são importantíssimas em seus assentamentos e
atinsás. No Brasil as Voduncis iniciadas para Dan recebem o cargo ilustre
de Megitó (Nação Jeje-mahi).
Dambala e Aido Wedo (Dàngbála e Áidòwèdó) – Para alguns é uma unica
divindade andrógina (Dambala é macho, Aido Wedo é femea, imagem de
Dambala refletida na água formando o arco-iris), sendo Dambala
representado pela serpente e Aido Wedo pelo arco-íris, são muito
importantes no Vodu Haitiano. Dambala e Aido Wedo foram quem
auxiliou Nanã Buruku na tarefa de criar o mundo (mito do povo Fon):
segundo a narração Dambala levava Nanã nas costas enquanto ela criava a
terra, a flora, os minerais e os animais, depois ele deu uma volta ao redor
da Terra fazendo ela girar.
Bessém (Gbèsén) – Rei das tradições Maxi no Brasil, vodun da fecundidade
e da vida, seu assento (assen) é o Dangbe, moticulo de barro com uma
panela de barro em cima ornamento com cacos de louça de cor branca.
Vodun adorado pelos Maxí como seu Ako vodun (Vodun Principal).
Representado pela Piton sagrada. OUTROS:

 -Frekwen: Feminina, guardiã do arco-íris em volta do sol. Também


conhecida como Frekenda. Representada pelas cobras venenosas.
Vodun feminino da família DAN, seria se não a parte feminina de
Bessén mais ligada as águas, gosta de receber suas oferendas nas
nascentes de água nos altos de montanhas, seu encanto é a serpente
albina de cor branca e amarela, os antigos dizem que ela é a própria
serpente albina, trate-se de um vodun muito encantado, domina o arco-
íris em torno do sol, tem forte ligação com Yewá e Azansú, suas cores
são o amarelo rajado de verde e vermelho ou as sete cores do arco-íris
em missangas transparentes, gosta muito de brajás.
 -Bosalabe: Toquem feminina, irmã gêmea de Bosuko e irmã de Yewá.
Muito alegre e faceira vive nas águas doces. É conhecida também como
Vodum Bossá.
 -Bosuko: Masculino, toquem e gêmeo de Bossá.
 -Ojiku ou Dan Jikun: Junto com Yewá, vive na parte branca do arco-íris
e no arco-íris da lua. É quem trás as chuvas e é uma das esposas de
Bessém.
 -Dan-Ko ou Dan Ikó: Ligada e confundida com Oxalá.
 

Kavionos (Badé, Acrolombé, Adeen, Averekete)


 
Badé – Vodun jovem, guerreiro e brigão. Habita os vulcões e é um vodum
ligado ao fogo, assim como Sògbò. suas cores variam entre vermelho,
branco, amarelo e azul. Também está ligado ao céu e à chuva.
Adeen – É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que
fulminam. Sua saudação é: – Ahunevi anabahanlan! (não mate as pessoas).
Só se manifesta quando o céu está escurecido. Adeen carrega um raio e
suas cores representativas são o vermelho e branco além do rosa, roxo e
azul. Está ligada as divindades da guerra e do vento, assim como a Oyá.
Governa os rêlampagos.
Acrolombé – Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, e faz
os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo.
Quando está calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons
movimentos financeiros. Racha as testas de suas vítimas.
Averekete – É um vodum da ligação entre os voduns kavionos e os voduns
aquáticos, filho de Sogbo com Naé Agbé (em outros mitos filho de Sogbo
com Naeté).

Categorias Hevioso
Sogbò, considerado o rei coroado da Nação Jeje no Brasil, é o chefe do
Panteão de Hevioso. Vodum justiceiro que governa os vulcões e o fogo.
Sògbò é quem trás os demais voduns do trovão e é o pai de muitos deles.
Suas cores são o vermelho e o branco. O dia da semana é a quarta-feira, dia
em que se reverenciam os voduns kavionos. Seu símbolo é o sokpe, um
machado simples de uma lâmina. Na Africa Sògbò também refere-se a um
vodum feminino. muitos filhos de Sògbò se dizem filhos de Sángò, e
também no Benin há sacerdotes que consideram que Sògbò é mesmo
Xangô. É conhecido pelos mahis com a denominação de Sògbò Adan, ou
seja: Corajoso Sògbò, diferenciando-o. Quando Sógbó dança com seu
sokpè, imita os raios caindo sobre a terra, em ligeiras quebradas na dança.
O que é exemplificado por esta toada muito conhecida nos candomblés de
Jeje Mahi no Brasil:
“Sógbó Adan tá nu sá gba owè,
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa na quebra da dança,
Sógbó Adan tá nu sá gba o.
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa, na quebra.
Averekete, Logun Edé e Ajaunsi – diferenciação
Avlekete ou Averekete é um vodun ligado à pesca e a caça, erroneamente
comparado ao orixá Logun Edé e a um outro vodun chamado Ajaunsi.
Estas divindades são bem diferentes uma da outra, sendo sincretizados,
talvez, pela característica de ambos serem ligados a caça e a pesca, mas a
cosmogonia deles é bem diferente. Logun Edé é um orixá de Ijexá filho de
Oxun e Odé, ligado a caça e a pesca, um dos mais belos Orixás, pois assim
também a beleza é uma característica de seus pais. Suas cores são o azul
turquesa e o amarelo ouro e tem como símbolos a balança, o ofá, o abebè e
o cavalo marinho. Averekete nasceu da união do vodun Sogbo com Naeté
(em outros mitos com Naé Agbé), tornando-se então um elo entre os
voduns do céu (jí-voduns) e os voduns do oceano (tó-voduns). Desempenha
a função de mensageiro entre estes voduns. É visto como um vodun jovem,
com idade semelhante a de um adolescente. Vive na beira do mar e tem
como símbolos o machado simples, o anzol e o punhal. Suas cores são o
azul, o vermelho e o branco. Na Casa das Minas é usado o termo tóquen
( tóqüen ) ou toqueno (toqüeno) para designar Averekete e outros voduns
jovens tidos como adolescentes. No Jeje Mahi, Averekete pertence a família
dos Voduns Kavionos (ou Hevioso), visto como o filho mais jovem de
Sogbo.
Ajaunsi é um vodun masculino, pertencente ao panteão da terra e
extremamente coligado ao universo das Naés (mães d’água). É um exímio
caçador e pescador, e vive na beira dos rios acompanhando as Naés. Rege
os animais que vivem tanto na terra quanto na água, tais como répteis,
anfíbios e alguns pássaros. Divindade da juventude e da alegria, representa
a inocência e a pureza, protegendo as pessoas durante a fase jovem.
Responsável por todo o aprendizado das crianças, desde fala até mesmo o
andar. Suas cores variam entre o azul, o verde e o amarelo.

Nagô-Vodun Oyá e Aveji Da


Oyá, também conhecida como Iansã pelos candomblés de Ketu, é uma
guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do
dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras,
seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na
mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma,
passou a identificar-se muito mais com todas as atividades relacionadas
com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os
afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Oyá é a
mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento.
Um Vodun Nagô para o Jeje Mahi, senhora da ventania e da tempestade.
Oyá está ligada a outras mulheres guerreiras, voduns conhecidas como
Aveji Da, ligadas aos ventos, furacões e aos Akututus (Eguns).
Aveji Da – São voduns femininos da família Hevioso ou Sakpata, cada uma
com sua responsabilidade e regência. As Aveji Da da família Hevioso são
divindades relacionadas aos fenômenos da natureza tais como chuvas,
tempestades, tufões e furacões. São guerreiras ou caçadoras, cujo poder é
imenso e temperamento forte. São quentes e irriquietas, estando ligadas as
alturas, nuvens e astros. Estão juntas com os Kavionos, julgando a
humanidade e castigando quando se faz necessário. Tem certa importância
sobre o processo financeiro da sociedade, dividindo com Sogbo o domínio
do elemento fogo. Estão sempre dispostas a guerrear pelas casas onde são
cultuadas, sendo de extrema importância na batalha contra queimações e
inimigos ocultos ou assumidos.
A principal Aveji Da do panteão do trovão é Vodun Djó, divindade
responsável por fertilizar e esfriar a terra através da chuva. Segundo os
ítàns, vodun Djó teria o poder de se transformar em animal, assim como
Oyá. Veste vermelho e usa adornos cobreados. As Aveji Da do panteão da
Sakpata seriam coligadas ao domínio dos mortos, possuindo todas ligações
com os ancestrais, sejam masculinos ou femininos. Elas ficam juntos com
os Sakpatás, ajudando a cuidar dos enfermos e dando auxilio no
desencarne. Tem como principal função sondar o funcionamento das
Casas e quando veem algo de errado cobrar, muito das vezes fechando-os.
A principal Avejidá da família Sakpata é Agbé Gèlèdè, senhora dos mortos
e do culto aos Akututos (ègún). Agbé Gèlèdè teria o poder e a importância
de Oyá Igbale dos cultos iorubás, sendo invocada em síhúns, ègbós e
limpezas nas quais seja necessária sua presença. Representa o desencarne
e a aceitação do espírito para com sua morte, sendo responsável pelo envio
dos espíritos desencarnados para o òrún. As Aveji Da são extremamente
poderosas e independente da família com a qual é associada, possui grande
importância para os kwês e adeptos do culto. Representam a liberdade, a
batalha cotidiana e a força de vontade. Podemos citar ainda Agbé Afefé
ligada a alegria e a felicidade, também aos mortos, seu símbolo são as
flores as quais ofertamos a nossos entes queridos, que representam toda
felicidade que passaram em suas vidas. Agbé Huno, a Aveji Da guerreira e
da tempestade.

Cargos no Jeje Mahi
maio 14, 2011Hùngbónò CharlesDeixe um comentárioGo to comments

Sacerdotais:
Vodunnon: Sacerdote do culto ao Vodun.
Toy Vodunnon: Sacerdote dos cultos de Mina Jeje (Tambor de Mina)
Nochê: Sacerdotisa dos cultos de Mina Jeje (Tambor de Mina)
Hundeva (rundêvá) – sacerdote responsável pelas cerimônias de nahunos (iniciação).
Grafa-se: Hùndévà.
Bakonnon:   Sacerdote de Fá, adivinhador.
Hùngbónò:  Sacerdote do culto ao Vodun, preferencialmente aquele cujo Vodun é um Nagô.
Pode designar o filho mais velho de uma casa de santo, neste caso segue o feminino
Hùngbòna.
Gaiaku: Título sacerdotal, designa a pessoa cujo Vodun é um Nagô e/ou que tenha iniciado
pelo menos um filho para um Vodun Nagô. No Sejá Hundê é o título de todas as
sacerdotisas.
Doné: Título dado às sacerdotisas cujo Vodun pertence à familia de Hevioso e/ou que tenha
iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. No Bogun é o título de todas as
sacerdotisas. Grafa-se: Donὲ, em fongbé.
Doté:  Título dado aos sacerdotes cujo Vodun pertence à familia de Hevioso e/ou que tenha
iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. Grafa-se: Dotὲ, em fongbé.
Megitó: Título sacerdotal, designa a pessoa cujo Vodun pertence à família de Dan e/ou que
tenha iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. Alguns definem que todo(a)
sacerdote(a) que tenha iniciado filhos pode ser denominado Megitó. Grafa-se: Mεjitɔ́, em
fongbé.
Obs: Uma mesma pessoa pode usar os vários títulos, por exemplo, um mesmo sacerdote
será Doté para seus filhos iniciados para Hevioso e Megitó para seus filhos iniciados para
Dan, embora prevaleça o título cabível para seu Vodun.

Rodantes:
Vodunsi:  filha ou filho de santo que vira com o Vodun, corresponde a Iyawô do Ketu.
Etemi: significa “meu mais velho”, é a vodunsi que completou 7 anos de feitura, o mesmo
que egbomi no Ketu.
Hunsó (runsó): mãe pequena. Grafa-se: Hùnsɔ̀. (pronuncia: Runsó)
Se grafarmos Hùnsò (pronuncia: Runsô) Teremos a tradução: Hùn = Vodún + Sò = Raio. Ou
seja, diríamos Vodún do Raio. Um adjetivo para o vodún Sògbò.
Dehe (deré): vodunsi responsável por todos os atins mágicos usados nos rituais. Grafa-se:
Dεlὲ. (pronuncia: Deré) * No Fongbé a letra “L” tem som de “R”.
Dehe-vitu (deré vitu): cargo que substitui a mãe-pequena. Grafa-se: Dεlὲ vitù.
Abose (abôssé): Responsável pelos carregos e segurança da casa, normalmente é dado a um
filho de Gu, pois o vodum também toma cargo.
Ekedjis:
Gonzegan: Ekedji responsável pelo Grá.
Dogan (dôgan): pessoa responsável pela comida dos voduns. Esse cargo pode ser ocupado
tanto por uma ekedji como por um vodunsi.
Nandevó: Ekeji responsável pelas roupas utilizadas pelos voduns, geralmente
são pertencentes ao vodun Lissá.
Nandokpé: Responsável pela limpeza dos assentamentos e pedras dos
voduns. (Não confundir com Nadopé  – despedida dos voduns jeje-mina).
Ogãs:
Pegigan: Responsável por todos os pejis da casa, é quem sacrifica os animais de 4
pata. Grafa-se: Kpεjígán. Significa: Kpεjí = sobre o altar + Gán = senhor. Trazendo a idéia
de ”Senhor que zela o altar”. Ou ainda: Kpεn = pedra + Jí = verbo gerar + Gán = senhor.
Trazendo idéia de “O senhor que gera (ou dá a vida) à pedra”.
Bagigan: Ogam responsável pelas folhas. Grafa-se como: Agbajìgán. Agbajì = pátio + Gán =
senhor. Ou seja: o senhor que cuida ou zela do pátio, que por coincidência é onde estão
plantadas as folhas.
Gaimpê: É responsável pelo suporte nas funções de iniciação e pode também ser o
“separador de cabeças”. O que imola os animais ritualisticamente. Acompanha a mãe ou pai
de santo em todos os rituais de preparação de um barco.
Iniciação no Jeje Mahi
maio 30, 2011Hùngbónò Charles1 comentário

De um modo geral, a iniciação no Jeje é mais complicada do que a iniciação da Nação Ketu,
a começar pelo tempo de reclusão dos neófitos que no passado durava até um ano. Hoje,
devido ao ritmo de nossas vidas, este tempo caiu para seis meses. Três meses a vodunsi fica
dentro do Hundeme (quarto de santo) e os outros três meses fora dele, mas ainda na roça.
Durante seu período de iniciação a Vodunsi passará por várias etapas, entre as quais pode-
se citar Sakpokàn ou Sarakpokàn, Vivauê, Kán, Duká, Zò, Sanjebé, Grá (ou Grã), etc. Dentre
estes os de maior destaque o Sakpokàn e o Grá. A iniciação no Jeje Mahi sempre contece
com formação de “barcos” ou “ahamas”, pela tradição nunca se recolhe uma única pessoa e
nem barcos com números pares de componentes, levando ao entendimento de que sempre
que houver iniciação deve-se ter no mínimo três Vodunsis em processo na roça. Em geral
cada sacerdote ou sacerdotisa Jeje Mahi, durante seu comando, não recolhem muitos
barcos; a quantidade controlável de filhos de santo é muito importante, pois há um ditado
que diz “é melhor ter poucos filhos bons a muitos ruins”. Na Casa das Minas também não é
diferente. A iniciação da Vodunsi começa com a filha “bolando” (caindo) aos pés da arvore
(atinsá) consagrada a seu Vodun, e ali ela permanecerá desacordada durante sete dias e
sete noites. Dizem que já houve casos de vodunsis consagradas a voduns aquáticos que
ficaram esse período na água. A ordem das vodunsis no barco se dá pela ordem conforme
elas vão ”bolando” nos atinsás, assim teremos: A primeira será Dofona (o) ( Dòfònun) A
segunda será Dofonotinha (o) (Dòfònuntín) A terceira será Fomo (Fòmò ou Yòmò) A terceira
será Fomotinha (o) (Fòmòtín) A quinta será Gamo (Gàmò) A sexta será Gamotinha (o)
(Gàmòtín) A sétima será Vimo (Vimun) Durante o tempo que a Vodunsi permanecer debaixo
do atinsá de seu Vodun, será cuidada pelos Ogãs e Ekedjis. Neste período, a mãe de santo
(ou pai) é proibida de ir ver a filha. Isso por que a(o) zeladora(o) pode sentir pena da
Vodunsi e de certa forma pode querer ajudá-la, afim de aliviá-la de seu estado. Acabando os
sete dias, a vodunsi ainda desfalecida será levada pelos ogans até o zelador no Hundeme
para que este inicie a feitura. O momento em que a vodunsi acorda do desfalecimento é
considerado como um renascimento, após passar pela morte ritual e acordar numa nova
vida, agora como Vodunsi, um compromisso que deverá carregar consigo por toda sua vida.
A partir daí a vodunsi passará por processos de limpezas, descarregos, banhos de ervas,
ebós, e durante uma semana deverá descansar até o dia do Sakpokàn ou Sarakpokàn. O
Sakpokàn é uma cerimônia que acontece sete dias após o inicio dos rituais de feitura,
quartorze dias após o “bolar” na qual a vodunsi dança manifestada com seu Vodun. A dança
é desajeitada e desordenada. O Sakpokàn também representa a despedida da Vodunsi de
seus familiares que forem assistir ao ritual, que só verão a vodunsi novamente meses depois
no “dia do nome”. No dia do Sakpokàn a Vodunsi será raspada e catulada. Das etapas de
iniciação que a nova Vodunsi deve passar, a mais intrigante e misteriosa é o Grá. O Grá O
Grá é uma divindade ou entidade violenta e agressiva que se manifesta na Vodunsi apenas
na sua iniciação durante três dias e próximo ao “dia do nome”. O principal objetivo do Grá é
matar o(a) zelador (a) que deverá permanecer escondido nos aposentos da casa durante os
três dias em que o Grá estiver manifestado. O Grá é acompanhado pelos Ogans, Ekedis e
algumas Vodunsis antigas que farão com que ele realize algumas penitências, fazendo-o
cansar. Há um número certo de pessoas que poderão acompanhar o Grá que durante estes
três dias ficará solto pelo pátio da roça comendo tudo que encontrar como folhas de árvores
e frutos caídos, motivos estes que exigem que a roça seja grande e com bastante árvores.
As pessoas que acompanham o Grá, assim como ele mesmo, carregam um porrete com o
qual ele tenta agredir as pessoas e realiza sua penitência, que tem como objetivo levar todo
mal e toda energia negativa da Vodunsi, e também o objetivo principal de cansar o Grá para
que ele não cause tanto transtorno. Durante os dias de penitência, os acompanhantes
entoam certas cântigas específicas. Após os três dias procurando o(a) zelador(a), o Grá tem
o encontro tão esperado, que acontecerá no Agbasá (salão de dança). Ao som de paó e
adahun, o Grá entra pela porta principal do Agbasá e se deparara com o(a) zelador(a), que
estará sentado(a) em uma cadeira esperando por ele, partindo pra cima do mesmo para
matá-lo. Neste instante todo cuidado é pouco, pois o Grá pode ferir o(a) zelador(a). Quando
o Grá adentra o Agbasá, os Ogans correm para tirar-lhe o porrete que ele luta para não
entregar. É um momento de extase. Nesse instante os tambores tocam com mais força e
o(a) zelador(a), então nervoso e sem poder sair da cadeira, entoa uma cantiga e a Vodunsi
cai desfalecida no chão e logo em seguida é pega pelo Vodun. É um alivio total e o ritual do
Grá chegou ao fim. A quem diga que o Grá é um Erê malvado, outros dizem que é o Exu do
Vodun, outros ainda dizem que é o lado negativo do Vodun ou mesmo da própria Vodunsi,
um lado animalesco e primitivo seu, que está no seu inconsciente, que manifestou-se em seu
renascimento e que foi mandado embora para sempre. O Grá despeja pra fora toda raiva e o
ódio da Vodunsi. Como se depois do Grá não houvesse mais ódio, raiva, rancor dentro da
Vodunsi, somente o que é bom e benéfico. Significa que a Vodunsi nunca mais sentirá fome,
nunca vai dormirá no relento, nunca mais irá confrontar ou agredirá seu(a) zelador(a),
fisicamente ou com palavras, pois o Grá levou isso com ele. O ritual do Grá envolve muitas
simbologias e interpretações que pelas leis do Jeje não poderei citá-las aqui. O Dia do Nome
O Dia do Nome é um dia muito especial, com cerimônia pública (Zandró) no Jeje Mahi. O
Vodum manifestar-se-á em sua Vodunsi e vai dançar na sala. Antigamente, uma única
pessoa era escolhida para tomar o nome particular (Hún ìn) do Vodun de todas no “barco”,
sendo considerado(a) padrinho ou madrinha do “barco”. Hoje geralmente são escolhidos
mais de uma pessoa para esta tarefa. Após este dia, a iniciante agora sim é uma Vodunsi.

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Categorias:Jeje Mahi

Aziri; Aziri Togbosi


maio 21, 2011Hùngbónò Charles2 comentários
Aziri Togbosi, Azli Togbosi ou Aziri Tobôssi (onde Tògbosì: Tò – água; gbo – grande
quantidade; sì – esposa, senhora) é a maior e mais importante mãe das águas do Jeje Mahi,
é uma divindade ligada às águas profundas, sejam elas doces ou salgadas, e tem estreitas
ligações com a mãe nagô Yemanjá. Veste branco e adorna o pescoço com pérolas,
considerada como a mãe de muitos Voduns, a ela é consagrada uma Obrigação todo ano no
Hunkpame Ayiono Huntoloji da saudosa e reverenciada Gaiaku Luiza de Oyá, assim como no
Sejá Hunde e aqui em nosso terreiro.

Naê Aziri, Aziri Tolá ou Azli é uma mãe das águas correspondente a Òsún, ligada às águas
doces e considerada uma mãe velha.

Seguindo a variação podemos encontrar diferentes variações do nome como Aziri Kaia ou
Togbosi Kaia (nome como Aziri Tobôssi é conhecida no Jeje Savalu), mas lembramo-nos
que no Jeje não existem qualidades de Voduns, assim sendo, cada nome designa
apenas um vodun ou é variação de um mesmo nome. Assim Aziri Tobôssi e Aziri Tolá
são as correspondentes, respectivamente, de Yemanjá e Osun.
Ainda quanto a Aziri Tobossi, ela pode ser tanto de água doce como salgada dependendo do
seu Hún in (nome particular do Vodun)

Categorias:Jeje Mahi

Cargos no Jeje Mahi
maio 14, 2011Hùngbónò Charles7 comentários

Sacerdotais:
Vodunnon: Sacerdote do culto ao Vodun.
Toy Vodunnon: Sacerdote dos cultos de Mina Jeje (Tambor de Mina)
Nochê: Sacerdotisa dos cultos de Mina Jeje (Tambor de Mina)
Hundeva (rundêvá) – sacerdote responsável pelas cerimônias de nahunos (iniciação).
Grafa-se: Hùndévà.
Bakonnon:   Sacerdote de Fá, adivinhador.
Hùngbónò:  Sacerdote do culto ao Vodun, preferencialmente aquele cujo Vodun é um Nagô.
Pode designar o filho mais velho de uma casa de santo, neste caso segue o feminino
Hùngbòna.
Gaiaku: Título sacerdotal, designa a pessoa cujo Vodun é um Nagô e/ou que tenha iniciado
pelo menos um filho para um Vodun Nagô. No Sejá Hundê é o título de todas as
sacerdotisas.
Doné: Título dado às sacerdotisas cujo Vodun pertence à familia de Hevioso e/ou que tenha
iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. No Bogun é o título de todas as
sacerdotisas. Grafa-se: Donὲ, em fongbé.
Doté:  Título dado aos sacerdotes cujo Vodun pertence à familia de Hevioso e/ou que tenha
iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. Grafa-se: Dotὲ, em fongbé.
Megitó: Título sacerdotal, designa a pessoa cujo Vodun pertence à família de Dan e/ou que
tenha iniciado pelo menos um filho para um Vodun desta família. Alguns definem que todo(a)
sacerdote(a) que tenha iniciado filhos pode ser denominado Megitó. Grafa-se: Mεjitɔ́, em
fongbé.
Obs: Uma mesma pessoa pode usar os vários títulos, por exemplo, um mesmo sacerdote
será Doté para seus filhos iniciados para Hevioso e Megitó para seus filhos iniciados para
Dan, embora prevaleça o título cabível para seu Vodun.

Rodantes:
Vodunsi:  filha ou filho de santo que vira com o Vodun, corresponde a Iyawô do Ketu.
Etemi: significa “meu mais velho”, é a vodunsi que completou 7 anos de feitura, o mesmo
que egbomi no Ketu.
Hunsó (runsó): mãe pequena. Grafa-se: Hùnsɔ̀. (pronuncia: Runsó)
Se grafarmos Hùnsò (pronuncia: Runsô) Teremos a tradução: Hùn = Vodún + Sò = Raio. Ou
seja, diríamos Vodún do Raio. Um adjetivo para o vodún Sògbò.
Dehe (deré): vodunsi responsável por todos os atins mágicos usados nos rituais. Grafa-se:
Dεlὲ. (pronuncia: Deré) * No Fongbé a letra “L” tem som de “R”.
Dehe-vitu (deré vitu): cargo que substitui a mãe-pequena. Grafa-se: Dεlὲ vitù.
Abose (abôssé): Responsável pelos carregos e segurança da casa, normalmente é dado a um
filho de Gu, pois o vodum também toma cargo.
Ekedjis:
Gonzegan: Ekedji responsável pelo Grá.
Dogan (dôgan): pessoa responsável pela comida dos voduns. Esse cargo pode ser ocupado
tanto por uma ekedji como por um vodunsi.
Nandevó: Ekeji responsável pelas roupas utilizadas pelos voduns, geralmente
são pertencentes ao vodun Lissá.
Nandokpé: Responsável pela limpeza dos assentamentos e pedras dos
voduns. (Não confundir com Nadopé  – despedida dos voduns jeje-mina).
Ogãs:
Pegigan: Responsável por todos os pejis da casa, é quem sacrifica os animais de 4
pata. Grafa-se: Kpεjígán. Significa: Kpεjí = sobre o altar + Gán = senhor. Trazendo a idéia
de ”Senhor que zela o altar”. Ou ainda: Kpεn = pedra + Jí = verbo gerar + Gán = senhor.
Trazendo idéia de “O senhor que gera (ou dá a vida) à pedra”.
Bagigan: Ogam responsável pelas folhas. Grafa-se como: Agbajìgán. Agbajì = pátio + Gán =
senhor. Ou seja: o senhor que cuida ou zela do pátio, que por coincidência é onde estão
plantadas as folhas.
Gaimpê: É responsável pelo suporte nas funções de iniciação e pode também ser o
“separador de cabeças”. O que imola os animais ritualisticamente. Acompanha a mãe ou pai
de santo em todos os rituais de preparação de um barco.
Gankutó: Responsável pelo Gã, instrumento de metal que tem a mesma importância que os
atabaques. É utilizado em todas as cerimônias. É o Gankutó quem entoa os cânticos em
todas as funções da Casa. “O malvado que nos faz dançar”
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Sojatin: Responsável pelos cuidados específicos dos Atinsas – as árvores sagradas. Pode


também ser o conhecedor das folhas.
Abasa (abassá): Responsável pela sala (barracão). Todos os preceitos de sala são feitos por
ele. Cabe também a ele receber e acomodar as visitas. Grafa-se: Agbásà. Significa: pátio ou
área externa. O ‘Gàn’ (senhor) que realiza esta atribuição é o Agbásàgán. Na língua Fongbé
se utiliza a forma ‘Gán’. Possivelmente a palavra Ogan foi assimilada no Brasil da língua
Anágò que grafa: Ògá. E que faz alusão ao mesmo cargo.
Hun to (rum tó): dono do tambor. Responsável pelos atabaques, cantigas e rezas. Grafa-se:
Gánhǔntɔ́. (pronuncia: Gan run tó) Vale lembrar que Hǔn significa: tambor largo e Tɔ́
significa: proprietário. Considerando que Gán=senhor, temos: “O senhor proprietário do
tambor”.
Rundevá, Rundeví, Seneví : Títulos dados em hierarquia para os ogans tocadores de
atabaque (Rum, Rumpi, Lé).
kajèkaji: neófito, não iniciado, o mesmo que abiã no Ketu.
Categorias:Jeje Mahi

O Jeje Mahi
maio 10, 2011Hùngbónò Charles1 comentário

PARÉS, Luis Nicolau. A formação do candomblé:  história e ritual da nação jeje na Bahia.
Campinas: Editora da Unicamp, 2006.
A literatura sobre os candomblés brasileiros enfatizou a análise do culto dos orixás, dos
povos iorubá-falantes, dos terreiros nagôs. Essa tendência, observada desde Nina Rodrigues,
se consolidou com os trabalhos de Pierre Verger e de outros autores. O livro de Luis Nicolau
Parés analisa o culto dos voduns, dos povos gbe-falantes, dos terreiros jejes. O autor
pretende inverter a ênfase no binômio nagô-jeje.

O livro pode ser dividido em duas partes. Os quatro primeiros capítulos estabelecem um
panorama macro-histórico que analisa o processo de formação da etnicidade jeje, da África
até a Bahia, e destaca a importância dos cultos de voduns na formação do candomblé
brasileiro. Os quatro capítulos seguintes se dedicam à micro-história de dois terreiros jejes
baianos (o Bogum de Salvador e o Seja Hundé de Cachoeira) e procuram fazer uma
etnografia do panteão e do ritual vodum. Entre a macro e a micro história, o autor analisa a
articulação das identidades, das dinâmicas associativas e das relações de poder, tripé
fundamental para entendermos o processo de colonização do Atlântico e seus
desdobramentos contemporâneos. Parés enquadra seu estudo entre a história e a
antropologia da religião afro-brasileira, estabelecendo um cruzamento crítico na utilização de
fontes escritas e orais.

A etnicidade jeje é entendida por meio de uma perspectiva relacional e multidimensional,


constituída historicamente por influência do contexto africano, da ação dos europeus e de
acordo com as diferenças regionais brasileiras. Destaca três elementos na constituição dessa
identidade: as zonas ou portos de embarque na África, a referência a uma área geográfica
comum e relativamente estável de moradia e as semelhanças lingüístico-culturais.

Reconstituídas as migrações dos povos adjas-ewés, o autor adota a expressão de Hounkpati


Capo de uma área gbe falante. O termo “gbe” significa língua para um conjunto de povos (no
norte do atual Togo, República do Benim e sudoeste da Nigéria), que chama de voduns as
divindades que cultua. A área do vodum praticamente coincide com a área gbe e foi
submetida ou sofreu influência do reino do Daomé a partir do século XVIII. Com a
consolidação e centralização política do Daomé houve um processo de miscigenação entre os
povos da área gbe, além da assimilação de diversos cultos com a imposição de um modelo
hegemônico e hierárquico de instituição religiosa. Esse processo seria uma das razões para a
assimilação da nação jeje como identidade coletiva no Brasil.
Na Bahia dos séculos XVIII e XIX os negros desenvolveram estratégias de identidade; o
termo jeje foi assimilado para o relacionamento com a sociedade escravista e para o diálogo
interafricano, enquanto que as subnações(mahis, savalus, agonlins, mundubis etc.) foram
utilizadas no âmbito interno dos gbe-falantes. O autor entende que o etnônimo idjè ou o
topônimo Adjadché foi transformado pelos comerciantes baianos em jeje e passou a
denominar uma pluralidade de povos adjas, enquanto que no Benim manteve-se restrito aos
guns do reino de Porto Novo.
O conceito de nação, que está na base da construção das identidades e etnicidades afro-
ameríndias, é um fato colonial, mesmo que utilize elementos autóctones para a definição das
mesmas. A perspectiva relacional, multidimensional ou dialógica utilizada no livro pode
encobrir esse fato. As “nações” deveriam estimular ou criar antagonismos entre os diferentes
grupos autóctones, abrindo caminho para as mediações européias. O destaque das
semelhanças lingüístico-culturais entre povos tão diversos, homogeneizados pelo culto aos
voduns e pela generalização gbe-falantes, e a construção de uma trajetória histórica linear,
das migrações de Oduduwa até a Bahia, permitem uma naturalização da identidade, sua
territorialização e a legitimação de mediações políticas, econômicas e culturais por meio de
determinadas lideranças. Os processos de domínio podem ser dialéticos, mas não dialógicos.
A motivação do termo jeje é político-econômica e é nessa chave que o conceito pode ser
desconstruído. Mesmo relativizando o termo jeje, Parés acaba por adotá-lo, resignificando-o
e reinventando-o.
As dinâmicas associativas também foram processos privilegiados para a construção dessas
identidades. O autor destaca as irmandades católicas, os batuques e os candomblés. Ele
entende que a estrutura social e ritual das organizações religiosas afro-brasileiras se tornou
cada vez mais complexa e descreve os seguintes momentos: atividades individualizadas e
independentes representativas de fragmentos de cultura religiosa; formação das primeiras
congregações religiosas de caráter familiar ou doméstico; surgimento de congregações
extra-familiares. Esta evolução estaria marcada pela ampliação das divindades cultuadas,
pela estabilidade espacial e do calendário litúrgico e pela consolidação do complexo assento-
ebó.
É no contexto das irmandades que a eficácia das denominações dos negros se revela. Sua
função era estabelecer antagonismos entre os africanos e os crioulos, entre os boçais e os
ladinos, e entre as diferentes “nações” africanas. Essa construção fica evidente nas posições
das autoridades baianas frente aos folguedos dos escravos. Segundo o conde dos Arcos,
“esses ‘ajuntamentos’ que reagrupavam os escravos por nações contribuíam para a sua
divisão interna, separando os diversos grupos étnicos”, e, para o conde da Ponte, a “festa
contribuía para a elaboração de tensões” (apud Parés, [?] p. 129). Parés contrasta a postura
tolerante do primeiro com a repressiva do segundo; interessa-me destacar o fundo comum
dessas posições: as “nações”, construídas no contexto do tráfico de escravos, passam a ter
uma correlação com as práticas sociais e com as dinâmicas associativas; a “nação” inventada
se transforma em “nação” vivida.

Outra contribuição de A formação do candomblé é repensar o binômio assimilação-


resistência, indicando que esses elementos são tendências complementares e não
antagônicas. Parés indica, por meio da análise do jornal O Alabama, as relações estreitas
entre a polícia, membros do exército e alguns dirigentes dos candomblés, além da
importância das congregações religiosas como fonte de votos, principalmente para os
conservadores. No século XX, o autor destaca como principais períodos de ressurgimento do
candomblé os anos 1930 e 1970, o primeiro relacionado a Vargas e ao Estado Novo, o
segundo à ditadura militar e a Antônio Carlos Magalhães. Mesmo assim, termina por adotar a
idéia de resistência assumida pela nova historiografia: “No contexto dos africanos e afro-
descendentes no Brasil, o campo da religião, das crenças e das práticas rituais associadas ao
mundo invisível parece ter sido o domínio por excelência da resistência cultural” (p. 95).
No final do capítulo 4 apresenta-nos uma das motivações centrais do seu trabalho: inverter a
ênfase no binômio jeje-nagô, “questionando a tradicional interpretação vigente nos estudos
afro-baianos que têm privilegiado o pólo nagô” (p. 157). O autor analisa as dinâmicas
associativas e identitárias na Bahia e na África, no final do século XIX, o destacamento da
tradição nagô-ketu no candomblé baiano e o papel dos intelectuais nesse processo.

Do ponto de vista macro-histórico, não são analisadas as disputas entre a França e a


Inglaterra em relação às áreas de influência no Rio de Janeiro, Bahia e África ocidental.
Durante o século XVIII os ingleses apoiaram os comerciantes baianos e o rei do Daomé,
muitas vezes em detrimento de Portugal. A partir do século XIX, a Inglaterra favoreceu a
centralização política no Rio de Janeiro e as elites econômicas do sudeste brasileiro. Os
baianos se opuseram à esse projeto de independência e a política de combate ao tráfico de
escravos acirrou a posição anti-britânica. Ora, a disputa colonial franco-inglesa fortaleceu o
antagonismo entre nagôs (iorubá-falantes, que cultuam os orixás) e o Benim, e entre jejes
(gbe-falantes, que cultuam os voduns) e a Nigéria [?]. Há, portanto, na Bahia, a rejeição ao
vínculo jeje britânico e a valorização do vínculo nagô francês. Esse nagocentrismo foi
reafirmado nos momentos de embate entre o nacionalismo brasileiro e o regionalismo
baiano: final do século XIX (fim legal da escravidão e advento da República); entre as
décadas de 30 e 50 do século XX; e durante a ditadura militar. O que me parece curiosíssimo
é o fato de Luis Nicolau Parés ser catalão e ter se formado na Universidade de Londres [?].
Estabelecido o panorama macro-histórico, Parés passa a analisar os terreiros jejes baianos.
O Bogum, do candomblé jeje-mahi, teve sua origem entre o final do século XVIII e o início
do XIX. Em uma das tradições orais, é associado a escravos mahis aquilombados; em outra
versão, aparece associado a Joaquim Jeje, que participou da revolta dos malês e havia
adotado o islamismo sem abrir mão do culto dos voduns. Em Cachoeira, a tradição oral
também associa o surgimento dos candomblés a antigos quilombos, indicando a
possibilidade de terem sido a base para a formação das congregações afro-brasileiras e de
sua complexidade organizacional. Sobre o candomblé da Roça de Cima, onde depois foi
criado o Seja Hundé, Parés destaca o papel de duas pessoas: Ludovina Pessoa e Zé do
Brechó. Ludovina, de origem africana, foi uma das mais importantes mães-de-santo do
candomblé; possuía uma rede de relações que se estabelecia entre o Recôncavo, Salvador e
a África (fisicamente ou espiritualmente, dizia-se que vinha todo ano da África). Zé do
Brechó era um crioulo politicamente influente, conhecedor das práticas religiosas e
proprietário de terras; fazia parte de uma elite negra nascente, que se fortalecia com o fim
da escravidão. Concluindo o estudo sobre esses terreiros, Parés observa que a etimologia
dos mesmos “parece refletir hibridismos étnicos havidos na fundação dos terreiros” (p. 204).
Os terreiros jejes valorizam os vínculos de parentesco para reforçar suas estruturas de
poder. Parés mostra que a morte de uma mãe-de-santo muitas vezes levava a conflitos
internos na disputa pelo poder no terreiro. É interessante observar que o mesmo processo
acontecia nas sucessões dinásticas africanas. Portanto, é preciso analisar o sentido das
identidades, as dinâmicas associativas e as relações de poder na perspectiva das sociedades
africanas ou afro-brasileiras: como elas se apropriam das identidades e reconfiguram os
dispostivos de domínio? A rede social que ligava os terreiros à sociedade também foi um
elemento fundamental para a consolidação de suas lideranças. Nesse momento, fica patente
a necessidade de se cruzar a macro e a micro-história.

Dentre as transformações observadas atualmente nos candomblés jejes, Parés destaca: a


migração de certas lideranças e a criação de novos terreiros no sul do Brasil; a busca
pela pureza africana e as viagens parainiciação na África; o predomínio de líderes brancos,
principalmente homossexuais; a alteração em aspectos litúrgicos; o problema da terra.
Parés retoma a tese que rompe com a idéia de invenção local do candomblé e entende que
os cultos de vodum na África deram origem ao modelo organizacional que foi replicado para
os outros grupos étnicos e suas divindades particulares. Segundo o autor, a justaposição de
várias divindades num mesmo templo e a organização seriada do ritual, que caracterizam o
candomblé contemporâneo, vêm da tradição vodum da área gbe desde pelo menos o século
XVIII. Ao mesmo tempo, a diversidade local das divindades, de seus atributos, gênero e
funções levam ao questionamento da própria idéia de um panteão, ou panteões jejes. A
mesma complexidade se revela na hora de estabelecer uma liturgia jeje: “(…) a diferente
origem étnica e afiliação religiosa dos agentes sociais responsáveis pela transferência
transatlântica estaria na base de certas variações regionais brasileiras. Esse fato vem
salientar que, mesmo dentro da tradição jeje, havia já uma heterogeneidade de práticas
religiosas, até agora pouco conhecida” (p. 355).

Os “jejes” não se deixam fixar em uma nação, etnia, tradição, ou matriz africana. A
historicidade dessa identidade deve ser analisada na longa duração do colonialismo ou na
particularidade de suas apropriações históricas. Quando Parés se debruça sistematicamente
sobre essas dinâmicas históricas, particularmente as políticas, ameaça romper com a
naturalização da identidade e da matriz africana. Mas seu ponto de partida, o nagocentrismo,
e o ponto de chegada, o candomblé jeje, dependem da construção dessa etnicidade. A
ambivalência em relação ao termo “jeje” representa o problema central do livro e das
relações entre as ciências humanas e as sociedades afro-ameríndias: como descolonizar a
relação com as sociedades negras e suas manifestações culturais, econômicas e políticas?
Esse é o desafio enfrentado por Luis Nicolau Parés
A memória do primeiro Candomblé da Nação Jeje Mahi no Rio de Janeiro, ficou registrada
pelo saudoso professor, babalorixá e Oluwo Agenor Miranda Rocha (1994: 32) em seus mais
de 90 anos de idade:
“As comunidades Jeje encontradas no Rio de Janeiro à época eram as de Rozena de Bessein
(azinossibale); a de Domotinha de Oiá (Vodun Zevode) e a de Natalina de Oxum. Todas
também no centro da cidade, região da Saúde.
A vinda para o Rio de Janeiro, de Tata Fomotinho, que aqui vai fundar seu terreiro e originar
uma extensa linhagem, somente vai ocorrer muito mais tarde, por volta de 1950.” Cita José
Flávio Pessoa de Barros (1999: 31).
O saudoso Pai Agenor, como era conhecido em todo os candomblés do Brasil, teve o
privilégio de presenciar todo este fato, pois fora iniciado por mãe Aninha, a época de Oba
Sanyia. Anteriormente a fundação do Terreiro da Cruz Santa do Opo Afonjá, em Salvador,
Bahia, Aninha tinha casa da nação Ketu no bairro da Saúde, e onde tinha por filho-de-santo
o saudoso João Alabá de Omolú, que tinha terreiro na rua Barão de São Felix, e que foi Pai-
de-santo da famosa Tia Ciata de Oxum e de Maria Adamastor, que foi a 1º Mestre-sala
mulher quando se introduziu Mestre-Sala e Porta-Bandeira em ranchos na formação do que
hoje conhecemos como Escola de Samba. João Alabá foi sucessor de Aninha, porém, mais
tarde a roça foi transferida para o bairro de Coelho da Rocha na Baixada Fluminense, onde
até hoje se situa o Opo Afonjá do Rio de Janeiro (Nação Ketu).
Pai Agenor deixa claro que à partir da segunda metade do 19° século, ou seja: Desde o início
do Jeje no Rio existiam 3 casas de Jeje Mahi no Rio de Janeiro.
Sabemos que Natalina de Oxum foi iniciada por Mèjitò Adelaide (Domotinha de Oya), ambas
naturais da Bahia, e que Mèjitò foi herdeira do Kpo Dagba, a “matriz”, o terreiro da africana
Gayaku Rosena (natural de Allada), o qual mais tarde foi transferido para o bairro de
Piedade, próximo a Cavalcante, à época de Egbomi Dila que foi filha de Mèjitò por
falecimento de Mãe Aninha que foi quem lhe tirou a mão ritualística de seu, então, finado
pai-de-santo o africano Cipriano Abedé de Ogun. Abedé, na época, tinha terreiro de Nagô na
rua João Caetano, e título de Doutor em Ciências Ocultas expedido por uma universidade
Norte-Americana, sendo muito respeitado pelas autoridades.

Categorias:Jeje Mahi

Vodun nagô Ogun – Gú


maio 6, 2011Hùngbónò CharlesDeixe um comentário
Gu é a denominação fon do vodun senhor da guerra,
da metalurgia, da cirurgia e das escarificações, que tem origem de culto do orixá yorubá
Ogun. O culto de Gu foi introduzido no atual sul do Benin no final do século XVII por ferreiros
e cirurgiões iorubás, e se tornou bastante popular, sendo cultuado nos templos e conventos
de praticamente todos os demais voduns, além de ter os seus próprios. O emblema principal
de Gu é o gubassá, que é uma adaga metálica adornada com desenhos místicos, utilizada
em diversos rituais, incluindo o culto de Fá, para abrir caminho para o mundo dos espíritos.
O gubassá é também conhecido e utilizado no vodu haitiano. Em segundo plano fica o
gudaglô, menor que o gubassá e que Gu utiliza para defender seus filhos dos inimigos. Na
iconografia fon, o vodun Gu é representado portando estes dois sabres, o gubassá na mão
direita e o gudaglô na mão esquerda.
Gu é o Vodum do ferro e da guerra, que dá ao homem a sua tecnologia. Ele não aceita a
cumplicidade com o mal, por isso é capaz de destruir todos os culpados por atos infames
e criminosos.Esta personalidade de Gu é expressa pelos Fons como “da Gu do”(Gu
castiga,Gu mata).
A ferramenta divina em forma de espada. É a divindade do ferro, da guerra e das cirurgias.
Representa uma das principais forças de auxilio ao homem – ele é a própria força. Não é o
ferro em si, mas sua propriedade de cortar.
Categorias:Nagô-Vodun

Vodun Ewá, a senhora da pureza


maio 5, 2011Hùngbónò Charles4 comentários
Ewá é um vodum feminino da família de Sakpata. Filha de Aido Wedo e Dambala, irmã de
Boçalabê nasceu para ser o símbolo da pureza e da beleza dos deuses. Do nascimento a fase
adulta Yewa viveu na família de Dan onde representava a faixa branca do arco-íris onde
também mora Ojiku. Recebeu de Aido Wedo o poder da vidência, da riqueza, e todos os
corais que existiam no mar que ela pegava com seu arpão.

A beleza física de Ewá encantava a todos que olhassem em seus olhos, mas essa nunca se
encantava com ninguém pois era o símbolo da virgindade e da pureza. Muitos homens se
apaixonaram por ela e todos foram punidos pelos deuses pois sabiam que era proibido amar
a grande Virgem.

Ewá adorava ver o por do sol e sempre saía a passear pelos campos floridos acompanhada
por dois bravos guardiões que não permitiam que ninguém se aproximasse dela. Era um
casal de gansos branco, lindos e majestosos. Certo dia, estava Ewá a apreciar o por do sol,
quando uma galinha, se aproveitando da distração dos gansos, aproximou-se e ciscou muita
terra sobre as vestes brancas de Ewá, essa se enfureceu e amaldiçoou a galinha e daí para
frente nunca mais quis ver uma em sua frente como também resolveu mudar suas roupas
para as cores do por do sol.

Certo dia, Yewa avistou um belo homem, um guerreiro e se encantou por ele.

Ewá enfrentou e desafiou todos os deuses por amor a esse homem e teve como castigo o
exílio. Foi expulsa da família de Dan e considerada a cobra má. Durante seu exílio, Ewá teve
que fugir e esconder-se da fúrias dos deuses.
Em sua primeira fuga, Ewá contou com a ajuda de um grande caçador e guerreiro, Odé, que
a escondeu nas profundeza das matas escuras, em terras yorubanas.

Vendo-se em um lugar sombrio e sem recursos de sobrevivência a sua disposição, Ewá


aceitou um ofá que Odé ofereceu-lhe. Aprendeu a caçar junto com ele e com os demais
caçadores.

A beleza de Ewá encantava e perturbava Odé e aos demais que viviam nas matas, pois eles
sabiam que não podiam se apaixonar por ela, temiam a fúrias dos deuses. Odé então, fez
para Ewá uma coroa de dans e folhas de palmeiras desfiadas. Mandou que ela a coloca-se,
assim ninguém se aproximaria dela com medo das dans e as folhas desfiadas da palmeira
esconderiam sua beleza contagiante. Ewá gostou do presente pois viu nesse, a possibilidade
de esconder-se dos deuses e livrar-se de sua fúria.

Com o uso dessa coroa Ewá pode sair da escuridão das matas e ir apreciar o que mais ela
amava e representava … o por do sol. Faltava-lhe seus guardiões, pediu ajuda a Odé e esse
caçou para ela um casal de gansos negros, pois foram os únicos que encontrara. E assim,
Yewa passou a ver e a viver o por do sol novamente em seu exílio.

Passado um tempo, Azansu foi aos deuses pedir por sua amada Ewá que já tinha sido por
demais castigada. Depois de muitos pedidos e oferendas aos deuses, esses concederam a
Azansu a guarda de Ewá que deveria morar com ele. Azansu embrenhou-se nas matas a
procura de sua querida e a encontrou junto a Odé.

Como agradecimento por tudo que fez por Ewá, Azansu deu a Odé um par de chifres e o
poder de chamá-lo e aos espíritos da caça quando assim precisasse.

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Ewá foi morar no reino dos mortos junto com Azansu e com esse passou a exigir o
cumprimento da moral e dos bons costumes. Em sua nova morada Ewá recebeu o
caracolo/aracolê onde guarda os segredos dos ancestrais e os invoca quando é necessário, e
o eruxim com o qual espanta os Akututos (eguns) para o caminho de Oyá. Sempre que
possível, Ewá engana Iku (a morte) e salva uma vida.

Ewá é um Vodum raríssimo de ser encontrado na cabeça de alguém. A feitura de Ewá deve
ser sempre em cabeças de virgens e nunca em homens.

Por ter o poder da vidência, Ewá tem o poder de nos livrar do “olho grande” e das invejas.
Quem sabe cuidar desse Vodum, se livra facilmente dos invejosos.

Encontramos Ewá tanto nas águas quanto nas matas e mundos subterrâneos (aquático e
terrestre), mas seu local preferido é sempre o horizonte, onde o por do sol faz o encontro
dos dois mundos e o céu se encontra com a terra, “Isso é Ewá” dizem os antigos.

Ojiku ou Dan Jikun é um Vodum Dan que sempre é muito confundido com Yewa, assim como
Boçalabê que é sua irmã. Ojiku é considerado a Cobra branca e Boçalabê é uma Vodum das
água doces, muito confundida com Oxum.
Para muitos Ewá é também representada pela figura de uma serpente

Categorias:Sakpata

Azansu, o senhor da terra


maio 5, 2011Hùngbónò Charles2 comentários
Divindade Jeje também conhecido como Sakpatá. De dupla etnia viveu com os Nagôs
(Yorubá) onde é conhecido como Sapanná, e recebe os títulos de Obaluaiye ou Omolu.
Azansú foi o responsável por trazer algumas divindades Yorubás para a Tradição Mahi. É o
vodun Rei da Terra (Ayinon) senhor das doenças, da vida e da morte, é o chefe da familia
Sakpata. Azansu significa “homem da esteira” onde “azan=esteira” e “su=homem”, mas
pode significar também “homem de palha”.

Seu domínio sobre o mundo dos mortos é íntegro, sendo ele o senhor do desencarne. É o
deus da humildade, regendo todos os desprovidos de riqueza porém ricos de espírito. Seu
poder é muito presente na sociedade e dentro do candomblé muitos são seus mistérios e
mitos. Para os mais antigos, pronunciar seu nome sem tocar o chão é um sinal de
desrespeito, podendo causar a fúria dessa divindade. Dentro das casas de Jeje, os vòdúns da
família Sakpata são responsáveis pela doutrina e por toda a organização do ásé. São eles
que normalmente cobram o neófito caso aja de forma incoerente as regras.

Sua mãe é Nanã Buruku, que o abandonou logo após o nascimento, tendo sido encontrado e
criado por Yemanjá. Azansu está ligado a Ewá, sua companheira. É irmão de Bessém e Loko,
e também  de Agué.

Ayinon significa “dono da terra” e é o nome pelo qual este vodum é reverenciado.

Categorias:Sakpata

Dan
maio 3, 2011Hùngbónò Charles3 comentários
Dans são os símbolos da continuidade. Simbolizam também a força vital, o movimento, tudo
o que é prolongado. Sustenta a Terra e impede que se desintegre ou saia de órbita. Vivem
no arco-íris. Nos arcos-íris da lua e do sol também encontramos Voduns Dan. Dan seve de
protetor e auxiliar a outros voduns, em especial a Hevioso. No Brasil encontramos cerca de
40 Voduns Dans, na África encontramos muito mais que isso. Essa família é muito grande. O
Dangbê é a serpente sagrada que representa o espírito de Vodum Dan. Dan é um Vodum
muito exigente em seus preceitos, muito orgulhoso e teimoso. Quando tratado corretamente,
dá tudo aos seus filhos e a casa de santo, mas se tratado de maneira errada ou se for
esquecido castiga severamente. Vodum Dan é muito fiel a casa e a mãe/pai de santo que o
fez. Dan tanto pode ser um Vodum masculino quanto pode ser um Vodum feminino, porém
para tratá-lo, fazê-lo ou assentá-lo temos que cuidar sempre do casal. Como dizem os
antigos “cobra não anda sozinha, seu parceiro está sempre por perto”. Ao se iniciar um filho
de Dan, preceitos são feitos para que esse Vodum venha sempre em forma humana e nunca
em forma de serpente, pois entendemos que na forma humana ele é menos perigoso e
entende melhor os homens, podendo assim atender suas necessidades e suprí-las. Na forma
de serpente torna-se muito perigoso. De modo geral os filhos de Dan são muito chegados a
doenças, principalmente de olhos. São pessoas vaidosas, ambiciosas, “perigosas”, espertas e
inteligentes. São muito dedicados ao santo e dificilmente saem da casa onde foram feitos.
Vestem branco em sua grande maioria. Alguns usam cor verde bem clarinho, prateado, ou
tecido liso com o arco-íris estampado. Seus fios de conta variam de acordo com cada Vodum,
não existe um modelo padrão. A cor representativa da maioria dos Dans é o verde e o
amarelo. Sua louvação principal é: Aho bo boy = “Salve o rei cobra” ( Hho = rei, bo boy =
Dans, serpentes, cobras). Os símbolos de Dan são: o arco-íris, a serpente pithon, o traken
ou draka, patokwe, o dahun, a takara. E o assôm. Seu principal atinsá dentro de uma casa
de Santo é denominado Dan-gbi, que é onde o arco-íris se encontra com a terra (“panela
lendária do tesouro!”). Dan usa muitos brajás feitos de búzios. As aigri (escrementos de
Dan) são importantíssimas em seus assentamentos e atinsás. No Brasil as Voduncis iniciadas
para Dan recebem o cargo ilustre de Megitó (Nação Jeje-mahi).

Dambala e Aido Wedo (Dàngbála e Áidòwèdó)

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Para alguns é uma unica divindade andrógina (Dambala é macho, Aido Wedo é femea,
imagem de Dambala refletida na agua formando o arco-iris), sendo Dambala representado
pela serpente e Aido Wedo pelo arco-íris, são muito importantes no Vodu Haitiano. Dambala
e Aido Wedo foram quem auxiliou Nanã Buruku na tarefa de criar o mundo (mito do povo
Fon): segundo a narração Dambala levava Nanã nas costas enquanto ela criava a terra, a
flora, os minerais e os animais, depois ele deu uma volta ao redor da Terra fazendo ela girar.

Bessém (Gbèsén)

Rei das tradições Maxi no Brasil, vodun da fecundidade e da vida, seu assento (assen) é o
Dangbe, moticulo de barro com uma panela de barro em cima ornamento com cacos de
louça de cor branca. Vodun adorado pelos Maxí como seu Ako vodun (Vodun Principal).
Representado pela Piton sagrada.
OUTROS
-Frekwen: Feminina, guardiã do arco-íris em volta do sol. Também conhecida como
Frekenda. Representada pelas cobras venenosas.
-Bosalabe: Toquem feminina, irmã gêmea de Bosuko e irmã de Yewá. Muito alegre e faceira
vive nas águas doces. É conhecida também como Vodum Bossá.
-Bosuko: Masculino, toquem e gêmeo de Bossá.
-Ojiku ou Dan Jikun: Junto com Yewá, vive na parte branca do arco-íris e no arco-íris da
lua. É quem trás as chuvas e é uma das esposas de Bessém.
-Dan-Ko ou Dan Ikó: Ligada e confundida com Oxalá.
Categorias:Dan

Sògbò
maio 3, 2011Hùngbónò Charles2 comentários

Sogbò, considerado o rei coroado da Nação Jeje no Brasil, é o chefe do Panteão de Hevioso.
Vodum justiceiro que governa os vulcões e o fogo. Sògbò é quem trás os demais voduns do
trovão e é o pai de muitos deles. Suas cores são o vermelho e o branco. O dia da semana é
a quarta-feira, dia em que se reverenciam os voduns kavionos. Seu símbolo é o sokpe, um
machado simples de uma lâmina. Na Africa Sògbò também refere-se a um vodum feminino.
muitos filhos de Sògbò se dizem filhos de Sángò, e também no Benin há sacerdotes que
consideram que Sògbò é mesmo Xangô. É conhecido pelos mahis com a denominação de
Sògbò Adan, ou seja: Corajoso Sògbò, diferenciando-o. Quando Sógbó  dança com seu
sokpè, imita os ráios caindo sobre a terra, em ligeiras quebradas na dança. O que é
exemplificado por esta toada muito conhecida nos candomblés de Jeje Mahi no Brasil:

“Sógbó Adan tá nu sá gba owè,


A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa na quebra da dança,
Sógbó Adan tá nu sá gba o.
A cabeça do corajoso Sógbó vai até a coxa, na quebra.
 COMIDA DE SANTO

 COMIDAS DE SANTO / EBÓS


 SETEMBRO 6, 2008 CAROL WALENT 157 COMENTÁRIOS

 ” Certo que os Orixás Comem o que os homens comem, porém, recebem a seus
pés, nos terreiros onde os modos de preparar, ao lado dos saberes: Palavras de
encantamento (fó), rezas (ádùrà), evocações (oriki) e cantigas (orin); ligadas a
estórias sagradas (itans), são elementos essenciais e vitais para a transmissão
do axé.”  1
 São alimentos votivos preparados ritualmente e oferecidos aos orixás, aos quais
necessitam de suas vibrações para a manutenção da própria força
dinâmica. Algumas comidas são preparadas com a carne dos animais
sacrificados ritualmente, outras como o peixe, camarão, verduras, legumes,
farinhas, etc., muitas são bem temperadas, levando sal (menos de Oxalá), louro e
etc., e algumas ainda levam mel.
 A grande maioria das comidas salgadas é feita no azeite de dendê, ou frita nele. 
As comidas votivas provém na maioria, da culinária africana, algumas
conservando-se exatamente iguais, outras sofrendo algumas modificações. Na
umbanda, e mesmo em alguns cultos tradicionais os orixás comem frutas, as
comidas variam muito de culto para culto. De modo geral porém, as principais,
nos candomblés (algumas adotadas pela umbanda).
 As comidas não são oferecidas todas de uma vez, sendo feitas algumas em certas
festas, outras depois. Todas as semanas as comidas, bebidas, etc., são renovadas
em dias certos, cada orixá te o seu , no candomblé após o término de xiré são
distribuídas aos assistentes.
 Nos templos de umbanda diferentemente do candomblé, as comidas são dadas
aos guias incorporados, e eles mesmos consomem.
 Portanto são comidas feitas com condimentos que os médiuns estão
acostumados a comer. Geralmente é dada em dias de festas ou acontecimento
especial de cada templo.
 – OBS.: “As comidas votivas não contém pimenta.”
 Dividir o alimento com os deuses é ter a insigne hora de comer com eles,
garantindo, dessa forma, a presença dos Orixás em nossas vidas e da refeição em
nossa mesa.

 Publicidade

 Ao preparar as comidas de santo, deve-se observar os tabus de cada um deles.


Por exemplo, o azeite de dendê nunca deve ser oferecido a Oxalá, o mel é
proibido a Oxossi, o carneiro não pode sequer entrar em uma casa consagrada a
Iansã etc. Os filhos de santo devem observar todas as quizilas dos seus Orixás e,
sendo parte do Orixá, também não podem consumi-las.
 A ijoyé encarregada de preparar as comidas dos Orixás é a Ìyá Basé, um cargo
outorgado apenas a mulheres de grande sabedoria e respeito junto à comunidade.
Ela é a mãe que conhece todos os segredos da cozinha e que sabe que o principal
ingrediente para uma boa comida de santo, capaz de alcançar as mais altas
dádivas, é o amor.


 O que é um Ebó?
São rituais que visam corrigir várias deficiências na vida de um ser humano
(saúde, amor, prosperidade, trabalho profissional, equilíbrio, harmonia
familiar, etc.) A composição de cada Ebó depende da sua finalidade, e os seus
componentes vão desde bebidas a frutas, folhas, velas, adornos, alimentos
secos, mel, óleo de palma, louças, artefactos de barro ou ágata., etc..
 O que é uma Oferenda?
Chamamos oferendas aos rituais compostos de frutas, alimentos, carnes,
bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferecer aos Orixás, como
uma súplica para se alcançar uma graça, bem como para homenagear e cultuar
um Orixá, de forma a fortalecer o nosso vínculo com o mesmo.

 Cada Orixá tem os seus respectivos alimentos, as suas flores, as suas cores, as
suas bebidas e a sua forma particular de culto, orações e invocações.
 Conselhos: Ao fazer um Trabalho/Ebó, além da fé você deve:
1. Só utilizar material novo.
2. Nunca substituir um material por outro.
3. Usar somente o que a receita pede.
4. Ao fazer o trabalho, mantenha o pensamento firme no que você realmente
deseja.
 Atenção: Nunca faça um Trabalho/Ebó para desejar o mal de alguém, pois um
pensamento negativo atrai para si essa má vibração. E, sempre que tiver o seu
desejo realizado, lembre-se de agradecer, dessa forma, um universo de boas
energias passará a “conspirar” por si.
 Anú ncios
 DENUNCIAR ESTE ANÚNCIO

 O primeiro Orixá cultuado também é o primeiro a comer, Exu ele come tudo que
a nossa boca come, as oferendas dadas ele mais comumente são os padês a base
de farinha de mandioca branca (paki), combinada com azeite de dendê ou  mel
de abelha, água, bebida alcoólica e acaçá vermelho feito com farinha de milho
amarelo e enrolado em folha de bananeira. em algumas ocasiões também são
utilizados pimenta, cebola, bife e moedas nas oferendas a este Orixá.
 Nas oferendas a Ogum são dados inhame (isu) assado com azeite de dendê e
feijoada.
 Oxossi come axoxó feito com milho vermelho (àgbado) cozido decorado com
fatias de coco. Ele também aprecia frutas e feijão fradinho torrado. As comidas
devem ser colocadas sob o telhado ou aos pés de uma árvore.
 A oferenda dada a  Obaluaiê é a pipoca. Utilizando areia da praia para estourá-
las e enfeitando com fatias de coco.
 Oxumare prefere que sejam dados em oferenda a ele, bata doce amassada e
modelada em forma de cobra  e também farofa de farinha de milho com ovos,
camarões e dendê.
 Ossaim prefere acaçá, feijão (ewa), milho vermelho (àgbado), farofa e fumo de
corda.
 O acarajé de forma arredondada com dendê é a oferenda consagrada a  Iansã,
mas também é do agrado de Obá.
 Obá também tem preferência por um bolinho de nome abará que consiste em
uma massa de feijão fradinho temperado  com dendê enrolado em folha de
bananeira e cozido em banho-maria.
 O omolocum, feijão fradinho cozido com cebola, camarões e azeite de oliva e
decorado com ovos cozidos e descascados é de Oxum.
 Iemanjá prefere peixe de água salgada, regados ao azeite e assados, milho
branco cozido e temperado com camarões, cebola e azeite doce, manjar com
leite de coco e acaçá.
 A Nanã é oferecido efó, mungunzá, sarapatel, feijão com coco e pirão com
batata roxa.
 O amalá pertence a Xangô. O amalá (pirão de inhame) deve untar o fundo da
gamela e sobre ele é colocado o caruru decorado com pedaços de carne,
camarões, acarajé e quiabo (ilá), doze unidades de cada e enfeitado com um
orobô. É válido lembrar que a oferenda deve ser servida quente.
 Oxalufã só aceita comidas brancas e tem preferência por milho branco cozido e
sem tempero.

 Anú ncios
 DENUNCIAR ESTE ANÚNCIO

 O inhame pilado é oferenda de  Oxaguiã.


 As comidas oferecidas a Orixás Funfun (brancos), devem ser sempre colocadas
sempre louças brancas.2

ORIXÁS PRATOS

Tudo branco, Ebô de milho branco sem sal, (canjica branca), clara de ovos, Acaçá
OXALÁ branco, rodelas de inhame cozido com mel, ebo e Eko

Inhame, feijoada (em algumas nações), fígado, coração de boi, feijão fradinho, feijão
OGUM preto, bagre com molho de camarão, Eko, e Asoso.
Amalá, acarajé longos, rabada com camarão seco, cebola ralada, quiabos e azeite de
XANGÔ dendê, caruru e Eko.

Aberem, pipocas, feijão preto, feijão fradinho, bisteca de porco, ewa dudu, buruku e
OBALUAIE Eko.

Aberem, pipocas, feijão preto, feijão fradinho, bisteca de porco, ewa dudu, buruku e
OMULÚ Eko.

Axoxó (milho de canjica vermelha cozida com mel enfeitado com fatias de coco),
OXOSSI frutas, espiga de milho cozido, pamonha, olelé-ewa-akará e Eko.

Ebô de milho branco com azeite doce ou mel, peixe cozido com pirão de farinha de
mandioca, arroz cozido doce enfeitado com fatias de maça, manjar de maizena, canjica
cozida branca e refogada com camarões e cebola com azeite de oliva, peixe de água
YEMANJÁ salgada, ebo pupá, Eko e acaçá.

OXUM Omolocum, xinxim de galinha, ipeté, ovos cozidos, milho com coco e Eko.

Acarajé redondo frito no dendê, rodelas de inhame cozido refogado com dendê e
IANSA cebola, amalá, feijão fradinho e Eko.

Acaçá, arroz, inhame, feijão fradinho, omolocum de feijão branco enfeitado com ovos
cozidos cortados ao meio; efó, mungunzá, sarapatel, feijão com coco, Eko e pirão com
NANÃ batata roxa.

Aberem, feijão com milho, feijão fradinho com ovos, inhame, Eko, gaari pupa ni eyin
OXUMARE adie, etc.

OSSAIM Feijão preto, farofa, mel, acaçá, Eko, ewa Osain e fumo.

OBÁ Acarajé, amalá, abará, ovos e Eko.

LOGUM EDÉ Axoxo, omolucum, inhame, Eko, etc.

Pipocas, farofa de farinha de dendê, farinha com pinga, farinha com mel, bife no azeite
de dendê, bofe, fígado, coração de boi, acaçá amarelo, carne assada, vinho, mel, Eko e
EXU Gaari Pupa.

 1 (Vilson Caetano de Souza Junior)


 2 (L.Candomblé A Panela do Segredo-Comida de Santo-298)
 NAÇÃO JEJE MAHI
 Origem da palavra JEJE
 A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro.
Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos. O
que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da
região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma
pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os
mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul.
 O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se
cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga
dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo
neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto
Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje.
 Origem da palavra DAHOMÉ
 A palavra DAHOMÉ, tem dois significados: Um está relacionado com um certo
Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou
"Dan Imé" ou "Dahomé", ou seja, aquele que morreu na Terra da Serpente.
Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado por serpentes de cobre
cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. Esse seria um dos
significados encontrados: Dan = "serpente sagrada" e Homé = "a terra de Dan",
ou seja, Dahomé = "a terra da serpente sagrada".
 Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali começou o
verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com
figuras de cobra. Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra
confeccionada em platina, prata, ouro e muitos outros adornos femininos. Então,
posso dizer que este culto veio descendo do Egito até Dahomé.
 Dialetos falados
 Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis,
Gans, Agonis, Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma
tribo só, ou seja, todas eram Jeje, o que foge evidentemente às leis da lingüística
- muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos
Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas - Gans ou Agonis,
Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande
confusão com essa língua.
 Os primeiros no Brasil
 Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do
Maranhão e de São Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira
de São Félix. Também ali, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de
São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira de São Félix (Bahia), o Amazonas e
bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde encontram-se evidências
desta cultura.
 Classificação dos Voduns
 Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só
cresceram no antigo Dahomé. Muitos desses Voduns não se fundiram com os
orixás nagos e desapareceram totalmente. O culto da serpente Dãng-bi é um
exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e
foi até as Antilhas.
 Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a
classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns
Azanssu, Nanã e Becém. Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da
nata da terra. Este é um vodun que nasce em cima da terra. É o vodun protetor
da Azan, onde Azan quer dizer "esteira", em Jeje. Achamos em outro dialeto
Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o
Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko.
 Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso, também
está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a gameleira branca,
que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos são chamados de
Lokoses. Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é
encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó.
Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade
com o Orixá em Yorubá, Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do
trovão que seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite.
 Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são as Aziris
ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim
Aziritobosse. Estou falando do Jeje de um modo geral, não especificamente do
Mahin, mas das famílias que englobam o Mahin e também outras famílias Jeje.
Como relatei, Jeje era um apelido dado pelos yorubás. Na verdade, esta família,
ou seja, nós que pertencemos a esta nação deveríamos ser classificados de povo
Ewe, que seria o mais certo. Ewe-Fon seria a nossa verdadeira denominação.
Nós seríamos povos Ewe ou povos Fons.
 Então, se fôssemos pensar em alguma possibilidade de mudança, nós iríamos
nos chamar, ao invés de nação Jeje, de nação Ewe-Fon. Somente assim
estaríamos fazendo jus ao que é encontrado em solo africano. Jeje é então um
apelido, mas assim ficamos para todas as nossas gerações classificados como
povo Jeje, em respeito aos nossos antepassados. Continuando com algumas
nomenclaturas da palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de candomblé da nação
Jeje chama-se Kwe = "casa". A casa matricial em Cachoeira de São Félix
chama-se Kwe Ceja Undé. Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas,
dentro de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios.
 Depende das matas, das cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também
tem a ver com os animais. Existem até cultos com os animais tais como, o
leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são identificados com os
voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande fazenda onde
fica o Kwe chama-se Runpame, que quer dizer "fazenda" na língua Ewe-Fon.
Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé,
Runpame. No Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e
Tobosses e vários Voduns onde a "sacerdotisa" é chamada Noche e o cargo
masculino, Toivoduno.
 Os fundadores
 Voltando a falar sobre "Kwe Ceja Undé", esta casa como é chamada em
Cachoeira de São Félix de "Roça de Baixo" foi fundada por escravos como
Manoel Ventura, Tixerem, Zé do Brechó e Ludovina Pessoa. Ludovina Pessoa
era esposa de Manoel Ventura, que no caso africano é o dono da terra. Eles eram
donos do sítio e foram os fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe ainda seria
chamada de Pozerren, que vem de Kipó, "pantera". Darei um pequeno relatório
dos criadores do Pozerren Tixarene que seria o primeiro Pejigan da roça; e
Ludovina, pessoa que seria a primeira Gaiacú.
 A roça de cima que também é em Cachoeira é oriunda do Jeje Dahomé, ou seja,
uma outra forma de Jeje. Estou falando do Mahin, que era comandada por Sinhá
Romana que vinha a ser "Irmã de santo" de Ludovina Pessoa (esta última mais
tarde assumiria o cargo de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura). Mas, pela ordem
temos Manoel Ventura, que seria o fundador, depois viria Sinhá Pararase, Sinhá
Balle e atualmente Gamo Loko-se. O Kwe Ceja Undé encontra-se em
controvérsia, ou seja, Gamo Loko-se é escolhida por Sinhá Pararase para ser a
verdadeira herdeira do trono e Gaiacú Agué-se, que seria Elisa Gonçalves de
Souza, vem a ser a dona da terra atualmente.
 Ela pertence a família Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores
da Kwe Ceja Undé. Aqui, no Rio de Janeiro, saindo de Cachoeira de São Félix,
Tatá Fomutinho deu obrigação com Maria Angorense, conhecida como Kisinbi
Kisinbi. Uma das curiosidades encontradas durante minha pesquisa sobre Jeje é
o que chamamos de Deká, que na verdade vem do termo idecar, do termo fon
iidecar, que quer dizer "transmissão de segredo". Esse ritual é feito quando uma
Gaiacú passa os segredos da nação Jeje para futura Gaiacú pois, na nação Jeje
não se tem notícias, que possa ter havido "Pai de santo". O cargo de sacerdotisa
ou "Mãe de santo" era exclusivamente das mulheres. Só as mulheres poderiam
ser Gaiacús.
 Ogans
 Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o
primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer "Senhor que zela pelo
altar sagrado", porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o
Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run,
Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também
outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
 Podemos ver que a nação Jeje é muito particular em suas propriedades. É uma
nação que vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes
profundas em solo africano e trazida de forma fiel pelos negros ao Brasil.
 Mina Jeje
 Em 1796, foi fundado no Maranhão o culto Mina Jeje pelos negros fons vindos
de Abomey, a então capital de Dahomé, como relatei anteriormente, atual
República Popular de Benin. A família real Fon trouxe consigo o culto de suas
divindades ancestrais, chamados Vodunse, principalmente, o culto à Dan ou o
culto da Serpente Sagrada. Uma grande Noche ou Sacerdotisa, posteriormente,
foi Mãe Andresa, última princesa de linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e
morreu em 1954, com 104 anos de vida.
 Aqui, alguns nomes dos Deuses Voduns:
 *Ayzan - Vodun da nata da terra
 *Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso
 *Aguê - Vodun da folhagem
 *Loko - Vodun do tempo
 Curiosidades
 *A primeira Casa Jeje no Rio de Janeiro foi, em 1848, de D. Rozena, cuja filha
de santo foi D. Adelaide Santos
 *Ekede - termo Jeje
 *Done - cargo feminino na casa Jeje, similar à Yalorixá
 *Doté - cargo ilustre do filho de Sogbô
 Os vodunses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da
família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté, e do sexo
feminino, de Doné.
 Os cumprimentos ou pedidos de bençãos entre os iniciados da família de Dan
seria "Megitó Benoí?" Resposta: "Benoí"; e aos iniciados da família Kaviuno, ou
seja, Doté e Doné seria "DotéAo?" Resposta: "Aótin".
 O termo usado "Okolofé", cuja resposta é "OlorunKolofé" vem da fusão das
Nações de Jeje e de Ketu.
 Algumas palavras do dialeto ewe:
 *esin = água
 *atinçá = árvore
 *agrusa = porco
 *kpo = pote
 *zó ou izó = fogo
 *avun = cachorro
 *nivu = bezerro
 *bakuxé = parto de barro
 *kuentó = kuentó
 *yan = fio de contas
 *vodun-se = filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje
 *yawo = filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu
 *muzenza = filho do vodun ou iniciados da Nação Angola
 *tó = banho
 *zandro = cerimônia Jeje
 *sidagã = auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba
 *zerrin = ritual fúnebre Jeje
 *sarapocã = cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação
do(a) iniciado(a) no Jeje
 *sabaji = quarto sagrado onde fica os assentos dos Voduns
 *runjebe = colar de contas usado após 07(sete) anos de iniciação
 *runbono = primeiro filho iniciado na Casa Jeje
 *rundeme = quarto onde fica os Voduns
 *ronco = quarto sagrado de iniciação
 *bejereçu = cerimônia de matança
 Esta é uma homenagem a todos os povos Jejes.
 Arró-bo-boí!
 A Iniciação no Jeje Mahi
 De um modo geral, a iniciação no Jeje é mais complicada do que a iniciação da
Nação Ketu, a começar pelo tempo de reclusão dos neófitos que no passado
durava até um ano. Hoje, devido ao ritmo de nossas vidas, este tempo caiu para
seis meses. Três meses a vodunsi fica dentro do Hundeme (quarto de santo) e os
outros três meses fora dele, mas ainda na roça. Durante seu período de iniciação
a Vodunsi passará por várias etapas, entre as quais pode-se citar Sakpokàn ou
Sarakpokàn, Vivauê, Kán, Duká, Zò, Sanjebé, Grá (ou Grã), etc. Dentre estes os
de maior destaque o Sakpokàn e o Grá.
 A iniciação no Jeje Mahi sempre contece com formação de “barcos” ou
“ahamas”, pois pela tradição nunca se recolhe uma única pessoa e nem barcos
com números pares de componentes, levando ao entendimento de que sempre
que houver iniciação deve-se ter no mínimo três Vodunsis em processo, na roça.
Em geral cada sacerdote ou sacerdotisa Jeje Mahi, durante seu comando, não
recolhem muitos barcos; a quantidade controlável de filhos de santo é muito
importante, pois há um ditado que diz “é melhor ter poucos filhos bons a muitos
ruins”. Na Casa das Minas também não é diferente.
 A iniciação da Vodunsi começa com a filha “bolando” (caindo) aos pés da
arvore consagrada a seu Vodun (atinsá), e ali ela permanecerá desacordada
durante sete dias e sete noites. Dizem que já houve casos de vodunsis
consagradas a voduns aquáticos que ficaram esse período na água. A ordem das
vodunsis no barco se dá pela ordem conforme elas vão “bolando” nos atinsás,
assim teremos:
 A primeira será Dofona (o) ( Dòfònun)
 A segunda será Dofonotinha (o) (Dòfònuntín)
 A terceira será Fomo (Fòmò ou Yòmò)
 A quarta será Fomotinha (o) (Fòmòtín)
 A quinta será Gamo (Gàmò)
 A sexta será Gamotinha (o) (Gàmòtín)
 A sétima será Vimo (Vimun)
 E ainda pode-se seguir vimotinho, dimu, dimutinho, etc.
 Durante o tempo que a Vodunsi permanecer debaixo do atinsá de seu Vodun,
será cuidada pelos Ogãs e Ekedjis. Neste período, a mãe de santo (ou pai) é
proibida de ir ver a filha. Isso por que a(o) zeladora(o) pode sentir pena da
Vodunsi e de certa forma pode querer ajudá-la, afim de aliviá-la de seu estado.
Acabando os sete dias, a vodunsi ainda desfalecida será levada pelos ogans até o
zelador, no Hundeme, para que este inicie a feitura. O momento em que a
vodunsi acorda do desfalecimento é considerado como um renascimento, após
passar pela morte ritual e acordar numa nova vida, agora como Vodunsi, um
compromisso que deverá carregar consigo por toda sua vida.
 A partir daí a vodunsi passará por processos de limpezas, descarregos, banhos de
ervas, ebós, e durante uma semana deverá descansar até o dia do Sakpokàn ou
Sarakpokàn. O Sakpokàn é uma cerimônia que acontece sete dias após o inicio
dos rituais de feitura, quartorze dias após o “bolar”, na qual a vodunsi dança
manifestada com seu Vodun. A dança é desajeitada e desordenada. O Sakpokàn
também representa a despedida da Vodunsi de seus familiares que forem assistir
ao ritual, que só verão a vodunsi novamente meses depois, no “dia do nome”.
No dia do Sakpokàn a Vodunsi será raspada e catulada. Das etapas de iniciação
que a nova Vodunsi deve passar, a mais intrigante e misteriosa é o Grá.
 O Grá
 O Grá é uma divindade ou entidade violenta e agressiva que se manifesta na
Vodunsi apenas na sua iniciação, durante três dias, e próximo ao “dia do nome”.
O principal objetivo do Grá é matar o(a) zelador (a) que deverá permanecer
escondido nos aposentos da casa durante os três dias em que o Grá estiver
manifestado. O Grá é acompanhado pelos Ogans, Ekedis e algumas Vodunsis
antigas que farão com que ele realize algumas penitências, fazendo-o cansar. Há
um número certo de pessoas que poderão acompanhar o Grá que durante estes
três dias ficará solto pelo pátio da roça comendo tudo que encontrar como folhas
de árvores e frutos caídos, motivos estes que exigem que a roça seja grande e
com bastante árvores.
 As pessoas que acompanham o Grá, assim como ele mesmo, carregam um
porrete com o qual ele tenta agredir as pessoas e realiza sua penitência, que tem
como objetivo levar todo mal e toda energia negativa da Vodunsi, e também o
objetivo principal de cansar o Grá para que ele não cause tanto transtorno.
Durante os dias de penitência, os acompanhantes entoam certas cantigas
específicas. Após os três dias procurando o(a) zelador(a), o Grá tem o encontro
tão esperado, que acontecerá no Agbasá (salão de dança).Ao som de paó e
adahun, o Grá entra pela porta principal do Agbasá e se deparara com o(a)
zelador(a), que estará sentado(a) em uma cadeira esperando por ele, partindo pra
cima do mesmo para matá-lo. Neste instante todo cuidado é pouco, pois o Grá
pode ferir o(a) zelador(a).
 Quando o Grá adentra o Agbasá, os Ogans correm para tirar-lhe o porrete que
ele luta para não entregar. É um momento de extase. Nesse instante os tambores
tocam com mais força e o(a) zelador(a), então nervoso e sem poder sair da
cadeira, entoa uma cantiga e a Vodunsi cai desfalecida no chão e logo em
seguida é pega pelo Vodun. É um alivio total e o ritual do Grá chegou ao fim. A
quem diga que o Grá é um Erê malvado, outros dizem que é o Exu do Vodun,
outros ainda dizem que é o lado negativo do Vodun ou mesmo da própria
Vodunsi, um lado animalesco e primitivo seu, que está no seu inconsciente, que
manifestou-se em seu renascimento e que foi mandado embora para sempre. O
Grá despeja pra fora toda raiva e o ódio da Vodunsi.
 Como se depois do Grá não houvesse mais ódio, raiva, rancor dentro da
Vodunsi, somente o que é bom e benéfico. Significa que a Vodunsi nunca mais
sentirá fome, nunca mais vai dormir no relento, nunca mais irá confrontar ou
agredirá seu(a) zelador(a), fisicamente ou com palavras, pois o Grá levou isso
com ele. O ritual do Grá envolve muitas simbologias e interpretações que pelas
leis do Jeje não poderei citá-las aqui
 .
 O Dia do Nome
 O Dia do Nome é um dia muito especial, com cerimônia pública (Zandró) no
Jeje Mahi. O Vodum manifestar-se-á em sua Vodunsi e vai dançar na sala.
Antigamente, uma única pessoa era escolhida para tomar o nome particular (Hún
ìn) do Vodun de todas no “barco”, sendo considerado(a) padrinho ou madrinha
do “barco”. Hoje geralmente são escolhidos mais de uma pessoa para esta tarefa.
Após este dia, a iniciante agora sim é uma Vodunsi.
 As vodunsis sempre usam seus nomes religiosos, determinado por sua posição
no barco e seu vodum, assim poderemos ter, por exemplo, Dofona Ongorensi
(feita de Gbesén), Dofonotinha Sogbosi (feita de Sògbò), Fomo Togbosi (feita
de Aziri Togbosi), Fomutinha Òsúnsi (feita de Osún), Gamo Lokosi (feita de
Loko), e assim por diante. Se a Vodunsi atingir um grau sacerdotal apenas
acrescentará a frente de seu nome, o cargo, desta forma: Mègitó Dofona
Ongorensi, Doné Dofonotinha Sogbosi, Gaiaku Gamo Lokosi.
 Os Voduns de Jeje Mahi
 Em Jeje Mahi se cultuam Voduns, cujas origens e características se assemelham
aos orixás Yorubás, e alguns tiveram origem de culto dos mesmos (um exemplo
é Gú que tem origem de culto do orixá Ogum). Voduns que tiveram vida terrena
e que possuem sepulturas – como os reais de Dahomey – e Eguns (akútùtós) não
são cultuados em Jeji Mahi. A causa disto é que Gbesén (Bessém), o dono da
Nação, ser um vodum estreitamente ligado à vida e à renovação.
 Os voduns do Jeje Mahi seguem uma divisão por famílias ou panteões, cujos
principais são:
 Panteão da Serpente (Dan): Neste panteão agrupam-se todos os “Voduns
Serpentes”, estão ligados diretamente ao movimento, a vida, a renovação e a
adivinhação. Alguns voduns Dan: Gbesén, Dangbala, Áidò Wèdò, Frekwen,
Dan Ikó, Dan Xwevé, Dan Akasú, Dan Jikún, etc.
 Panteão do Trovão (Hevioso): Neta família agrupam-se os Voduns Kavionos,
ligados ao fogo, à justiça, e ao raio, e também os voduns do oceano (Tòvodum)
que mantêm estreitas ligações com os Voduns Kavionos. O Panteão é liderado
pelo vodum Sogbo. Os Voduns Kavionos: Sògbò, Gbadé, Acrolombé, Adeen,
Kposu, Averekete, Lissá. Os Tòvoduns: Agbe Hou, Naeté, Aziri Tobosi, Aziri
Tolá, Goheji, Abê, Sayô.
 Panteão da Terra (Sakpata): Neste panteão se agrupam os voduns da terra e das
doenças, da vida e da morte. Azansu é o lider do Panteão. Alguns voduns do
Panteão: Azansu (Sakpata), Ewá, Parará, Avimadje, Agué, Loko, Ayizan,
Erzuliê, Nanã. Kposu está ligado a Sakpata, embora seja de Hevioso e Avimadje
também está relacionado a ambos os panteões.
 Nagô-Vodum: Esses voduns são na verdade orixás, pois são de origem nagô. Os
principais são: Gú (Ogum), Odé, Oyá, Oxun, Obá, Iemanjá, Oxaguiã e Oxalufã.
 Guardiões: Alguns voduns como Legba e Soroke são responsáveis pela defesa
do Hunkpame.
 A influência das palavras jeje na cultura afro-brasileira
 A cultura Jeje vinda do Antigo Dahomé, que antes abrangia o Togo e fazia
fronteira com o país de Gana é, sem dúvida, uma das maiores contribuições
culturais deixada pelos negros fons no Brasil. Estes povos Adjejes, como eram
chamados pelos yorubás, estabeleceram fundamentos nos seguintes lugares:
Cachoeira de São Félix, na Bahia; Recife, em Pernambuco e São Luís, no
Maranhão. Houve durante um período uma influência da cultura yorubá, daí essa
mistura passar a ser chamada de: Cultura Jeje-Nagô. Essa mistura, como
expliquei, adveio principalmente dos yorubás com várias tribos Jejes. Dentre
elas destacaram-se: tribo Gan, Fanti, Axanti, Mina e Mahin.
 Estes últimos, ou mahins, tiveram maior destaque sobre as demais culturas Jeje,
no Brasil. Estes negros falavam o dialeto ewe que, por ser marcante, influenciou
por demais a cultura yorubá e também a cultura bantu. Como exemplo, cito os
nomes que compõem um barco de yawo: Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin,
Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin. Outras palavras Jeje foram incorporadas não
só na cultura afro-brasileira como também no nosso dia-a-dia, como por
exemplo: Acassá, "faca" que no original ewe é escrita com "K" ao invés de "C".
Outra palavra Jeje que ficou no nosso cotidiano foi a palavra "tijolo" que em
ewe é Tijoló.
 A tradição jeje:
 O vodun jeje sogbô e a prova de zo
 A tradição dos povos fons que aqui no Brasil foram chamados de Adjeje ou Jeje
pelos yorubás, requer um longo confinamento quando na época de iniciação.
Essa tradição Jeje exigia de 06 (seis) meses ou até 01 (um) ano de reclusão, de
modo que o novo vodun-se aprendesse as tradições dos voduns: como cultuá-
los, manter os espaços sagrados, cuidar das árvores, saber dançar, cantar,
preparar as comidas e um artesanato básico necessário a implementos materiais
dos diferentes assentos, ferramentas e símbolos necessários ao culto.
 Para os povos Jeje, os voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na
terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. Portanto, a divindade patrona
desse culto é Dan ou a "Serpente Sagrada".
 Como disse, para o povo Jeje os Voduns são serpentes sagradas e sendo as
matas, os rios, as florestas o habitat natural das cobras e dos próprios voduns. O
ritual Jeje depende de muito verde, grandes árvores pois muitos voduns tem seus
assentos nos pés destas árvores. Outra particulariedade deste culto é de que
quando as vodun-ses estão em transe ou incorporadas com seu vodun: os olhos
permanecem abertos, ou seja, os voduns Jeje abrem os olhos, diferente dos
orixás dos yorubás, que mantem os olhos sempre fechados. É comum no culto
Jeje provar o poder dos Voduns quando estes estão incorporados em seus
iniciados. Uma destas provas é a prova chamada Prova do Zô ou Prova do Fogo
do vodun Sogbô, que governa as larvas vulcânicas e é irmão de Badé e
Acorombé, que comandam os raios e trovões.
 A seguir, descrevo uma Prova do Zô feita com uma vodunse feita para Sogbô,
um vodun que assemelha-se ao Xangô do Yorubás:
 Num determinado momento entra no salão uma panela de barro, fumegante,
exalando cheiro forte de dendê borbulhante, contendo dentro alguns pedaços de
ave sacrificada para o vodun. Sogbô adentra o salão com fúria de um raio, os
olhos bem abertos (que como expliquei é costume dos voduns) e tomando a
iniciativa vai até a panela, onde mergulha as mãos por algum tempo. Em
seguida, exibe para todos os pedaços da ave. É um momento de profunda
emoção gerando grande comoção por parte dos outros iniciados que respondem
aquele ato entrando em estado de transe com seus voduns.
 Para os fons e ewes, a palavra Nanã ou Nàná é empregada para se chamar de
mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou seja, a palavra Nanã significa:
"Respeitável Senhora". Nanã está associada à terra, à água e à lama. Os pântanos
e as águas lodosas são o seu domínio. Como relatei no começo, é a mais antiga
das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de Loko ou Irokô,
Omolu e Oxumare ou Becém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério da
vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro. Daí, não usar
lâminas em seu culto.
 BECÉM
 O culto à serpente remonta desde o início dos séculos. Os romanos e os gregos já
prestavam culto à cobra, sendo os povos que mais difundiram em séculos
passados este culto. No Egito, a serpente era venerada e encarregada de proteger
locais e moradias. Cleópatra era uma sacerdotisa do culto à serpente. Todos os
seus pertences e adornos eram em formatos de cobras e similares. Este culto
correu através do Rio Nilo as diversas regiões africanas. No Antigo Dahomé,
este culto se intensificou e lá Dan, como é chamada a Serpente Sagrada,
transformou-se no maior símbolo de culto daquele povo, também sendo
chamado pelo nome de vodun-becém. Já os yorubás chamaram esta mesma
entidade de Oxumare ou a Cobra Arco-íris; e os negros Bantos, de Angôro.
 Na verdade, aí falamos de uma só divindade com vários nomes dependendo da
região em que é cultuada. Mas, Oxumare, como é mais popularmente conhecido
no Brasil, é o Orixá que determina o movimento contínuo, simbolizado pela
serpente que morde a própria cauda e enrola-se em volta da terra para impedí-la
de se desgovernar. Se Oxumare perder-se a força, a Terra vagaria solta pelo
espaço em uma rota a seguir, sendo o fim do nosso Planeta. É o orixá da riqueza,
um dos benefícios mais apreciados não só pelos yorubás como por todos os
povos da terra.
 Arró-bo-boí!
 Azaka ou Zaká, é um vodun masculino, raro e antigo, guardião dos juramentos e
segredos, pertence a familia de Sakpatá rei de Savalú. Considerado o Vodun da
agricultura. Vive nas partes mais escuras das florestas de Savalú, aceita suas
oferendas em grutas mais escondidas, pois gosta de silêncio, usa lança e cabaça,
caçador de extrema habilidade e conhecimento das florestas de Savalú. Tem o
título de Zuncotole (Guardião da floresta) preparou Azönwany para sucede-lo.
Azaká na floresta era chamado pelos inimigos e admiradores de "Hùndevalú"
título dado aos grandes ancestrais Caçadores-Guerreiros da antiga dinastia de
Savalú. Suas cores são o azul claro, branco, preto e vermelho. Sua saudação é
BISALO (bi-saló), cuja resposta é “Lo (ló)”. Suas ervas são as mesmas de
Sakpata, Azaká também desempenha um grande papel na verdadeira iniciação
de um Vodunsi Jêje pelo fato de todo o processo de iniciação ser consagrado a
ele através de preceitos e juramentos de feitura, tem ligação com Intôto e a mãe
das 09 Dans . :
 Este grande vodun é um dos mais importantes para nós Jêje, as histórias contam
que ele teria sido o 1º Rei da Nação, mas renunciou ao poder e a “coroa” por
votos de humildade entregando o reinado a seu irmão Besen, mas ainda sim ele é
um dos Reis da nação, trata-se também de um vodun muito perigoso e exigente,
os historiadores revelam que o primeiro terreiro da nação Jêje no Brasil tinha
Azansu como patrono, fato comprovado por um registro na prefeitura de
salvador de uma ferrovia construída sobre algumas residências e no qual relatava
a demolição de terreiro de candomblé no qual tinha até o nome não identificado
mas que possuía a palavra Azansu entre meios, não se tem maiores informações
de quando e quem fundou ou a que cidadão(a) presidia o terreiro, nosso Rei
gosta muito de laguibás e brajás, tem ligação com todos os demais voduns, suas
cores são o branco e preto ou branco, preto e vermelho ou branco, preto e
amarelo, suas derivações... Azönwani, Sakpatá, Parará, Lepon, Azönce, Intôto,
Avimaje. :
 Adangbé, Dan Gbèsén ou Besén é um dos voduns patronos da nação Jêje, É o
vodun da riqueza, representado pelo DRACKAR "Símbolo da nação Jêje que é
02 cobras dividindo uma lança. Ascende ao céu na forma de arco-íris, sendo
chamado de Dan Ayidohwedo. Ele é um Ayi-vodun, ainda que possa ser
associado aos Ji-vodun, semea as chuvas benfazejas, O culto de Dan é originário
do província Mahi, no planalto ao noroeste de Abomey e de fato, pode ser
considerado o Tô-vodun, divindade nacional dos Mahis. O vodun Dan
corresponde a uma família completa, onde existem 41 aspectos masculinos e
femininos da divindade. reza os itans que a coroa da nação pertencia de primeira
a Azansu que passou a Besén o reinado soberano por votos de humildade e
reclusão, mas ainda sim responde no Pantheon como tambem um dos Reis,
Besén gosta de muitos brajás e laguidibás, suas cores são amarelo e preto, verde
e amarelo, as vezes leva o vermelho, tambem ás 07 cores do Arco-íris, tem
ligação com todos os voduns por ser o Rei da nação.
 Vodun Agé ou Agüé como é mais conhecido, tem grande importância não só na
nossa nação bem como nas outras, pois ele é o senhor de todas as folhagens e
florestas, dono do Ewe Eje, pois sem as folhas não há axé, não ha nação, não há
nada, carrega cabaças onde guarda suas porções de encantamentos e segredos de
axé, o que o torna tambem um grande feitiçeiro, conheçido no Ketú como
Ossain, e no Angola como Katendê, Vodun Agé tem forte ligação com Azansu,
Loko e Azanadô, como todos os voduns gosta de Brajás e Laguidibás, suas cores
são o verde rajado de branco, verde puro, verde, branco e vermelho ou verde e
vermelho.








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