MAHI - BOGUM E VODUN TOBOSSI - A INICIAÇÃO NO JEJE
MAHI///OYÊ, OYÈ OU IPÒ É UM CARGO RITUALÍSTICO NA CULTURA JEJE-NAGÔ/// ALFABETO FON - LINGUA FON Publicado por CENTRO ESPIRITA SÃO JORGE em 22 março 2013 às 23:58 em SOMOS ESPIRITAS AZIRI TOGBOSI - VODUN Back to SOMOS ESPIRITAS AZIRI TOGBOSI - VODUN Discussions
A formação do candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia.
Campinas: Editora da Unicamp, 2006. A literatura sobre os candomblés brasileiros enfatizou a análise do culto dos orixás, dos povos iorubá-falantes, dos terreiros nagôs. Essa tendência, observada desde Nina Rodrigues, se consolidou com os trabalhos de Pierre Verger e de outros autores. O livro de Luis Nicolau Parés analisa o culto dos voduns, dos povos gbe- falantes, dos terreiros jejes. O autor pretende inverter a ênfase no binômio nagô-jeje. O livro pode ser dividido em duas partes. Os quatro primeiros capítulos estabelecem um panorama macro-histórico que analisa o processo de formação da etnicidade jeje, da África até a Bahia, e destaca a importância dos cultos de voduns na formação do candomblé brasileiro. Os quatro capítulos seguintes se dedicam à micro-história de dois terreiros jejes baianos (o Bogum de Salvador e o Seja Hundé de Cachoeira) e procuram fazer uma etnografia do panteão e do ritual vodum. Entre a macro e a micro história, o autor analisa a articulação das identidades, das dinâmicas associativas e das relações de poder, tripé fundamental para entendermos o processo de colonização do Atlântico e seus desdobramentos contemporâneos. Parés enquadra seu estudo entre a história e a antropologia da religião afro-brasileira, estabelecendo um cruzamento crítico na utilização de fontes escritas e orais. A etnicidade jeje é entendida por meio de uma perspectiva relacional e multidimensional, constituída historicamente por influência do contexto africano, da ação dos europeus e de acordo com as diferenças regionais brasileiras. Destaca três elementos na constituição dessa identidade: as zonas ou portos de embarque na África, a referência a uma área geográfica comum e relativamente estável de moradia e as semelhanças lingüístico-culturais. Reconstituídas as migrações dos povos adjas-ewés, o autor adota a expressão de Hounkpati Capo de uma área gbe falante. O termo “gbe” significa língua para um conjunto de povos (no norte do atual Togo, República do Benim e sudoeste da Nigéria), que chama de voduns as divindades que cultua. A área do vodum praticamente coincide com a área gbe e foi submetida ou sofreu influência do reino do Daomé a partir do século XVIII. Com a consolidação e centralização política do Daomé houve um processo de miscigenação entre os povos da área gbe, além da assimilação de diversos cultos com a imposição de um modelo hegemônico e hierárquico de instituição religiosa. Esse processo seria uma das razões para a assimilação da nação jeje como identidade coletiva no Brasil. Na Bahia dos séculos XVIII e XIX os negros desenvolveram estratégias de identidade; o termo jeje foi assimilado para o relacionamento com a sociedade escravista e para o diálogo interafricano, enquanto que as subnações(mahis, savalus, agonlins, mundubis etc.) foram utilizadas no âmbito interno dos gbe-falantes. O autor entende que o etnônimo idjè ou o topônimo Adjadché foi transformado pelos comerciantes baianos em jeje e passou a denominar uma pluralidade de povos adjas, enquanto que no Benim manteve-se restrito aos guns do reino de Porto Novo. O conceito de nação, que está na base da construção das identidades e etnicidades afro-ameríndias, é um fato colonial, mesmo que utilize elementos autóctones para a definição das mesmas. A perspectiva relacional, multidimensional ou dialógica utilizada no livro pode encobrir esse fato. As “nações” deveriam estimular ou criar antagonismos entre os diferentes grupos autóctones, abrindo caminho para as mediações européias. O destaque das semelhanças lingüístico-culturais entre povos tão diversos, homogeneizados pelo culto aos voduns e pela generalização gbe-falantes, e a construção de uma trajetória histórica linear, das migrações de Oduduwa até a Bahia, permitem uma naturalização da identidade, sua territorialização e a legitimação de mediações políticas, econômicas e culturais por meio de determinadas lideranças. Os processos de domínio podem ser dialéticos, mas não dialógicos. A motivação do termo jeje é político-econômica e é nessa chave que o conceito pode ser desconstruído. Mesmo relativizando o termo jeje, Parés acaba por adotá-lo, resignificando-o e reinventando-o. As dinâmicas associativas também foram processos privilegiados para a construção dessas identidades. O autor destaca as irmandades católicas, os batuques e os candomblés. Ele entende que a estrutura social e ritual das organizações religiosas afro- brasileiras se tornou cada vez mais complexa e descreve os seguintes momentos: atividades individualizadas e independentes representativas de fragmentos de cultura religiosa; formação das primeiras congregações religiosas de caráter familiar ou doméstico; surgimento de congregações extra-familiares. Esta evolução estaria marcada pela ampliação das divindades cultuadas, pela estabilidade espacial e do calendário litúrgico e pela consolidação do complexo assento-ebó. É no contexto das irmandades que a eficácia das denominações dos negros se revela. Sua função era estabelecer antagonismos entre os africanos e os crioulos, entre os boçais e os ladinos, e entre as diferentes “nações” africanas. Essa construção fica evidente nas posições das autoridades baianas frente aos folguedos dos escravos. Segundo o conde dos Arcos, “esses ‘ajuntamentos’ que reagrupavam os escravos por nações contribuíam para a sua divisão interna, separando os diversos grupos étnicos”, e, para o conde da Ponte, a “festa contribuía para a elaboração de tensões” (apud Parés, [?] p. 129). Parés contrasta a postura tolerante do primeiro com a repressiva do segundo; interessa-me destacar o fundo comum dessas posições: as “nações”, construídas no contexto do tráfico de escravos, passam a ter uma correlação com as práticas sociais e com as dinâmicas associativas; a “nação” inventada se transforma em “nação” vivida. Outra contribuição de A formação do candomblé é repensar o binômio assimilação-resistência, indicando que esses elementos são tendências complementares e não antagônicas. Parés indica, por meio da análise do jornal O Alabama, as relações estreitas entre a polícia, membros do exército e alguns dirigentes dos candomblés, além da importância das congregações religiosas como fonte de votos, principalmente para os conservadores. No século XX, o autor destaca como principais períodos de ressurgimento do candomblé os anos 1930 e 1970, o primeiro relacionado a Vargas e ao Estado Novo, o segundo à ditadura militar e a Antônio Carlos Magalhães. Mesmo assim, termina por adotar a idéia de resistência assumida pela nova historiografia: “No contexto dos africanos e afro-descendentes no Brasil, o campo da religião, das crenças e das práticas rituais associadas ao mundo invisível parece ter sido o domínio por excelência da resistência cultural” (p. 95). No final do capítulo 4 apresenta-nos uma das motivações centrais do seu trabalho: inverter a ênfase no binômio jeje-nagô, “questionando a tradicional interpretação vigente nos estudos afro- baianos que têm privilegiado o pólo nagô” (p. 157). O autor analisa as dinâmicas associativas e identitárias na Bahia e na África, no final do século XIX, o destacamento da tradição nagô-ketu no candomblé baiano e o papel dos intelectuais nesse processo. Do ponto de vista macro-histórico, não são analisadas as disputas entre a França e a Inglaterra em relação às áreas de influência no Rio de Janeiro, Bahia e África ocidental. Durante o século XVIII os ingleses apoiaram os comerciantes baianos e o rei do Daomé, muitas vezes em detrimento de Portugal. A partir do século XIX, a Inglaterra favoreceu a centralização política no Rio de Janeiro e as elites econômicas do sudeste brasileiro. Os baianos se opuseram à esse projeto de independência e a política de combate ao tráfico de escravos acirrou a posição anti-britânica. Ora, a disputa colonial franco-inglesa fortaleceu o antagonismo entre nagôs (iorubá- falantes, que cultuam os orixás) e o Benim, e entre jejes (gbe- falantes, que cultuam os voduns) e a Nigéria [?]. Há, portanto, na Bahia, a rejeição ao vínculo jeje britânico e a valorização do vínculo nagô francês. Esse nagocentrismo foi reafirmado nos momentos de embate entre o nacionalismo brasileiro e o regionalismo baiano: final do século XIX (fim legal da escravidão e advento da República); entre as décadas de 30 e 50 do século XX; e durante a ditadura militar. O que me parece curiosíssimo é o fato de Luis Nicolau Parés ser catalão e ter se formado na Universidade de Londres [?]. Estabelecido o panorama macro-histórico, Parés passa a analisar os terreiros jejes baianos. O Bogum, do candomblé jeje-mahi, teve sua origem entre o final do século XVIII e o início do XIX. Em uma das tradições orais, é associado a escravos mahis aquilombados; em outra versão, aparece associado a Joaquim Jeje, que participou da revolta dos malês e havia adotado o islamismo sem abrir mão do culto dos voduns. Em Cachoeira, a tradição oral também associa o surgimento dos candomblés a antigos quilombos, indicando a possibilidade de terem sido a base para a formação das congregações afro-brasileiras e de sua complexidade organizacional. Sobre o candomblé da Roça de Cima, onde depois foi criado o Seja Hundé, Parés destaca o papel de duas pessoas: Ludovina Pessoa e Zé do Brechó. Ludovina, de origem africana, foi uma das mais importantes mães-de-santo do candomblé; possuía uma rede de relações que se estabelecia entre o Recôncavo, Salvador e a África (fisicamente ou espiritualmente, dizia-se que vinha todo ano da África). Zé do Brechó era um crioulo politicamente influente, conhecedor das práticas religiosas e proprietário de terras; fazia parte de uma elite negra nascente, que se fortalecia com o fim da escravidão. Concluindo o estudo sobre esses terreiros, Parés observa que a etimologia dos mesmos “parece refletir hibridismos étnicos havidos na fundação dos terreiros” (p. 204). Os terreiros jejes valorizam os vínculos de parentesco para reforçar suas estruturas de poder. Parés mostra que a morte de uma mãe- de-santo muitas vezes levava a conflitos internos na disputa pelo poder no terreiro. É interessante observar que o mesmo processo acontecia nas sucessões dinásticas africanas. Portanto, é preciso analisar o sentido das identidades, as dinâmicas associativas e as relações de poder na perspectiva das sociedades africanas ou afro- brasileiras: como elas se apropriam das identidades e reconfiguram os dispostivos de domínio? A rede social que ligava os terreiros à sociedade também foi um elemento fundamental para a consolidação de suas lideranças. Nesse momento, fica patente a necessidade de se cruzar a macro e a micro-história. Dentre as transformações observadas atualmente nos candomblés jejes, Parés destaca: a migração de certas lideranças e a criação de novos terreiros no sul do Brasil; a busca pela pureza africana e as viagens parainiciação na África; o predomínio de líderes brancos, principalmente homossexuais; a alteração em aspectos litúrgicos; o problema da terra. Parés retoma a tese que rompe com a idéia de invenção local do candomblé e entende que os cultos de vodum na África deram origem ao modelo organizacional que foi replicado para os outros grupos étnicos e suas divindades particulares. Segundo o autor, a justaposição de várias divindades num mesmo templo e a organização seriada do ritual, que caracterizam o candomblé contemporâneo, vêm da tradição vodum da área gbe desde pelo menos o século XVIII. Ao mesmo tempo, a diversidade local das divindades, de seus atributos, gênero e funções levam ao questionamento da própria idéia de um panteão, ou panteões jejes. A mesma complexidade se revela na hora de estabelecer uma liturgia jeje: “(…) a diferente origem étnica e afiliação religiosa dos agentes sociais responsáveis pela transferência transatlântica estaria na base de certas variações regionais brasileiras. Esse fato vem salientar que, mesmo dentro da tradição jeje, havia já uma heterogeneidade de práticas religiosas, até agora pouco conhecida” (p. 355). Os “jejes” não se deixam fixar em uma nação, etnia, tradição, ou matriz africana. A historicidade dessa identidade deve ser analisada na longa duração do colonialismo ou na particularidade de suas apropriações históricas. Quando Parés se debruça sistematicamente sobre essas dinâmicas históricas, particularmente as políticas, ameaça romper com a naturalização da identidade e da matriz africana. Mas seu ponto de partida, o nagocentrismo, e o ponto de chegada, o candomblé jeje, dependem da construção dessa etnicidade. A ambivalência em relação ao termo “jeje” representa o problema central do livro e das relações entre as ciências humanas e as sociedades afro-ameríndias: como descolonizar a relação com as sociedades negras e suas manifestações culturais, econômicas e políticas? Esse é o desafio enfrentado por Luis Nicolau Parés A memória do primeiro Candomblé da Nação Jeje Mahi no Rio de Janeiro, ficou registrada pelo saudoso professor, babalorixá e Oluwo Agenor Miranda Rocha (1994: 32) em seus mais de 90 anos de idade: “As comunidades Jeje encontradas no Rio de Janeiro à época eram as de Rozena de Bessein (azinossibale); a de Domotinha de Oiá (Vodun Zevode) e a de Natalina de Oxum. Todas também no centro da cidade, região da Saúde. A vinda para o Rio de Janeiro, de Tata Fomotinho, que aqui vai fundar seu terreiro e originar uma extensa linhagem, somente vai ocorrer muito mais tarde, por volta de 1950.” Cita José Flávio Pessoa de Barros (1999: 31). O saudoso Pai Agenor, como era conhecido em todo os candomblés do Brasil, teve o privilégio de presenciar todo este fato, pois fora iniciado por mãe Aninha, a época de Oba Sanyia. Anteriormente a fundação do Terreiro da Cruz Santa do Opo Afonjá, em Salvador, Bahia, Aninha tinha casa da nação Ketu no bairro da Saúde, e onde tinha por filho-de-santo o saudoso João Alabá de Omolú, que tinha terreiro na rua Barão de São Felix, e que foi Pai- de-santo da famosa Tia Ciata de Oxum e de Maria Adamastor, que foi a 1º Mestre-sala mulher quando se introduziu Mestre-Sala e Porta-Bandeira em ranchos na formação do que hoje conhecemos como Escola de Samba. João Alabá foi sucessor de Aninha, porém, mais tarde a roça foi transferida para o bairro de Coelho da Rocha na Baixada Fluminense, onde até hoje se situa o Opo Afonjá do Rio de Janeiro (Nação Ketu). Pai Agenor deixa claro que à partir da segunda metade do 19° século, ou seja: Desde o início do Jeje no Rio existiam 3 casas de Jeje Mahi no Rio de Janeiro. Sabemos que Natalina de Oxum foi iniciada por Mèjitò Adelaide (Domotinha de Oya), ambas naturais da Bahia, e que Mèjitò foi herdeira do Kpo Dagba, a “matriz”, o terreiro da africana Gayaku Rosena (natural de Allada), o qual mais tarde foi transferido para o bairro de Piedade, próximo a Cavalcante, à época de Egbomi Dila que foi filha de Mèjitò por falecimento de Mãe Aninha que foi quem lhe tirou a mão ritualística de seu, então, finado pai-de-santo o africano Cipriano Abedé de Ogun. Abedé, na época, tinha terreiro de Nagô na rua João Caetano, e título de Doutor em Ciências Ocultas expedido por uma universidade Norte-Americana, sendo muito respeitado pelas autoridades. A Nação Jeje compreende as culturas de diversos povos, tais quais os Fons, Ewes, Adjas, Minas, Popos, Gans, etc. Estes povos tinham e tem em comum sua forma de religião: o culto ao Vodun. Mas a diversidade no culto varia de povo para povo, de seguimento para seguimento. Estes povos habitavam o antigo reino de Dahomey, Dahomé ou Daomé, situado onde hoje é o Benin, mantendo proximidades com a Nigéria, onde situam-se os povos yorubás, e que mantém em suas regiões fronteiristas, uma mescla de seus cultos, fazendo com que os “jejis” adotassem alguns orixás em seu panteão (voduns nagôs como Oyá, Òsún, Yemanjá), assim como os nagôs adotaram alguns voduns em seu panteão (Oxumaré, por exemplo). Os povos da capital de Dahomey (Abomey ou Abomé) eram pricipalmente os Adjas. Por volta de 1650, os Adjas conseguiram dominar os Fons, e o rei Hwegbajá (1645- 1685) declarou-se rei de seu território comum. Tendo estabelecido sua capital emAbamey, Hwegbajá e seus sucessores conseguiram estabelecer um Estado altamente centralizado com base no culto da realeza (Voduns Reais) estruturado em sacrifícios (incluindo sacrifícios humanos) aos antepassados do monarca. Toda a terra era propriedade direta do rei, que coletava tributos de todas as colheitas obtidas. Logo este povo entraria em confronto com vários outros, alguns pertencentes à própria origem “jeji” (daomeana) como os povos de Aladá, Mahi, Uidá, e outros povos de origem yorubá, tais como o Reino de Oyó, que acabou vencendo os daomeanos. Economicamente, entretanto, Hwegbajá e seus sucessores lucraram principalmente com o tráfico de escravos e relações com os escravistas estabelecidos na costa. Como os reis do Daomé envolveram-se em guerras para expandir seu território, e começaram a utilizar rifles e outras armas de fogo compradas aos europeus em troca dos prisioneiros, que foram vendidos como escravos nas Américas. No Brasil, chegaram principalmente os Minas (povos da Costa da Mina, de origem Mina e Popo), os Mahis (povos camponeses de origem Fon, Ewe e Gan), os Savalus (também de origem Fon, Ewe), povos de Aladá, Uidá e os próprios Adjas. Esses diferentes povos de diferentes línguas e costumes estabeleceram seu culto no Brasil, sob o nome de Nação Jeje, baseando-se no culto aos Voduns e formando várias ramificações, dentre as quais se destacam: Jeje Dahomey: é a forma de culto estabelecida pelos povos adjas, seu culto baseia-se principalmente na reverência aos Voduns Reais (dirigentes do Dahomey), Voduns da família de Hevioso (voduns do trovão, juntamente com os tòvoduns ou voduns aquáticos) e Voduns da família de Dan (serpentes). Os dirigentes do Dahomey tinham um conflito quanto ao culto de Sakpata, que tinha os títulos de Jòholú (“Rei das Joias”, aludindo ao fato de ser o dono das chagas) e Ayinon (“Dono da Terra”), títulos estes que o rei também possuia, o que levou ao culto de Sakpata ter sido banido da capital e não existir no Jeje Dahomey. Orixás/Voduns Nagôs, não são cultuados nesta ramificação. O terreiro que representa esta nação é o Terreiro do Pinho (Hunkpame Dahomey) situado em Maragojipe na Bahia. As línguas faladas são o adjagbé e o ewegbé. Jeje Mina: o Jeje Mina tem seu culto voltado à adoração real dos voduns de Abomey. Isso porque a fundadora deste culto (presente unicamente na Casa das Minas, pois nas demais casas de Tambor de Mina, o culto é Mina Jeje-Nagô, com influências yorubás) era a Rainha Nã Agontimé. “Adandozan também é retratado como incompetente – como comandante e guerreiro – e como um traidor da família real, pois teria vendido sua madrasta, a rainha Nã Agontimé, aos traficantes de escravos. Pesquisas realizadas por Pierre Verger sugerem que Nã Agontimé teria sido enviada como escrava a São Luis do Maranhão - onde foi renomeada como Maria Jesuína – e seria a fundadora da célebre Casa das Minas”. Pierre Verger ainda cita: “A Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nã Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Dahomey após o falecimento do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada.” A Casa das Minas cultua os Voduns dirigentes e nobres do Dahomey, inclusive Zomadonu, que é chefe da Casa da Minas, juntamente com Nochê Naé, a ancestral mítica da família Real. Jeje Mahi: Os Povos Mahi eram camponeses, tinham seu culto voltado, principalmente a Dan Gbé Sén (Bessém, este termo significa “adorar a vida” e dangbésén significa “serpente que adora a vida”) e aos voduns de sua família, e também aos voduns da família de Hevioso ou Kaviono, e os voduns da família de Sakpata. Voduns reais e Eguns não são cultuados. Tem influências nagôs e em seu panteão adotou-se alguns Orixás, formando a família Nagô-Vodun, formada principalmente por Ogun ou Gú, Odé, Oyá, Òsún e Yemanjá. O culto trazido pela africana conhecida como Ludovina Pessoa, natural de Mahi, iniciada para o vodun nagô Ogun, que foi escolhida pelos voduns para fundar três templos na Bahia. Ela fundou o “Zoogodo Bogun Malé Hundo”, mais conhecido como “Terreiro do Bogun”, consagrado a Hevioso e o “Zoogodo Bogun Sejá Hundê”, mais conhecido como “Kwê Sejá Hundê”, consagrado a Bessém. O templo que seria consagrado a Azansú Sakpata não chegou a ser fundado. Dizem os antigos que o Ogun de Ludovina se chamava “Ogun Rainha” ou “Ogun da Rainha”, podendo supor que ela seria uma integrante da família real ou mesmo uma rainha do território Mahi. No Rio de Janeiro, o Kpo Dagbá é o grande representante desta nação, fundado pela africana da cidade de Aladá, Gaiaku Rosena, iniciada para o vodun Bessém. Jeje Modubi: O Jeje Modubi tinha como representante o “Bitedô” e a chamada “Roça de Cima”, ambos liderados por Tixareme e também por Ludovina Pessoa. O que difere o Modubi do Mahi, é que no Modubi o culto a eguns é muito presente e no Jeje Mahi isso é quizila. Jeje Savalu: Com forte influência yorubá em seu culto. Os Voduns de Jeje Mahi Em Jeje Mahi se cultuam Voduns, cujas origens e características se assemelham aos orixás Yorubás, e alguns tiveram origem de culto dos mesmos (um exemplo é Gú que tem origem de culto do orixá Ogum). Voduns que tiveram vida terrena e que possuem sepulturas – como os reais de Dahomey – e Eguns (akútùtós) não são cultuados em Jeji Mahi. A causa disto é que Gbesén (Bessém), o dono da Nação, ser um vodum estreitamente ligado à vida e à renovação. Os voduns do Jeje Mahi seguem uma divisão por famílias ou panteões, cujos principais são: Curtir Compartilhar Exibições: 536 Respostas a este tópico
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JORGE em 22 março 2013 at 23:59 Panteão da Serpente (Dan): Neste panteão agrupam-se todos os “Voduns Serpentes”, estão ligados diretamente ao movimento, a vida, a renovação e a adivinhação. Alguns voduns Dan: Gbesén, Dangbala, Áidò Wèdò, Frekwen ou Kwenkwen, Dan Ikó, Dan Xwevé, Dan Akasú, Dan Jikún ou Ojikún, Azannadô ou Zoonodô (que está ligado também a Hevioso), Aziri ou Azli. Panteão do Trovão (Hevioso): Neta família agrupam-se os Voduns Kavionos, ligados ao fogo, à justiça, e ao raio, e também os voduns do oceano (Tòvodum) que mantêm estreitas ligações com os Voduns Kavionos. O Panteão é liderado pelo vodum Sogbo. Os Voduns Kavionos: Sògbò, Gbadé, Akarumbé, Adeen, Kposu, Averekete, Lissá, Agbé Tayó (vodun do aceano), Djó e Agbé Hunnòn (avejidá), Loko. Panteão da Terra (Sakpata): Neste panteão se agrupam os voduns da terra, das riquezas e das doenças, ligados a vida e a morte. Azansu é o lider do Panteão. Alguns voduns do Panteão: Azansú (Sakpata), Ewá, Parará ou Pararalibu, Avimadje, Agué, Ayizan, Nanã, Agbé Gèlèdè e Abè Afefè (Avejidá). Kposu está ligado a Sakpata, embora seja de Hevioso. Nagô-Vodum: Esses voduns são na verdade orixás, pois são de origem nagô. Os principais são: Gú (Ogum), Odé, Oyá, Oxun, e Yemanjá. No Bogun, pode-se encontrar o culto a Logun Edé. Guardiões: Responsáveis pela defesa e fiscalização da casa, como Sòhòkwe, Legba e mesmo Ogun. Legbá por suas diversas funções está ligado aos diversos panteões. Muitas famílias menores foram absorvidas pelas maiores, assim podemos notar que Avejidá foi dividida entre Sakpata e Hevioso. Azli Togbosi é a grande mãe das águas do Jeje Mahi e está ligada a todos os voduns, por ser considerada a mãe de muitos deles. Vodun Tobossi pertence a cultura Jejê a nação do Candomblé. As Tobossis são Voduns infantis , femininas, de energia mais pura que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60. Conta-se que as Tobossis gostavam de brincar. Brincavam como todas crianças e falavam em dialeto africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los. Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade. Dizia-se que elas só vinham três vezes por ano, quando tinha festas grandes, que duravam vários dias. A chefe das Voduns Tobossis é Nochê Naé, a grande matriarca da família Davice, ancestral da família real de Dahome, é considerada a mãe de TODOS os Voduns. As Tobossis têm cânticos próprios,dançavam na sala grande ou no quintal, sem os tambores e, como todas as crianças, adoravam ganhar presentes e brincarem com bonecas e panelinhas. Comiam comidas igual às nossas, junto com todos e tinham o costume de dar doces e comidas às pessoas. Sentavam-se em esteiras. Pela manhã, tomavam banho, comiam e depois dançavam. Gostavam de dançar no quintal, em volta do pá de ginja delas. Por serem crianças puras, tinham mais afinidade com o corpo permitindo assim, uma ligação mais direta que os Voduns, que são adultos. Não tinham falhas, não se irritavam. Seu papel no culto era só "brincadeira". Eram espíritos perfeitos e mais elevados. Os Voduns podem ter falhas, as meninas não. Passavam até nove dias incorporadas em suas gonjaí, diferente dos Voduns que deixavam as filhas muito cansadas. Tinham um tratamento melhor do que o dos Voduns por serem mais delicadas, porém os Voduns são mais importantes por terem mais obrigações. Podemos observar similaridade entre as Tobossis do Mina Jeje e os Erês dos Candomblés da Bahia e dos Xangôs de Pernambuco, pelo comportamento infantil. No entanto, os Erês apresentam-se tanto com características femininas quanto masculinas e as Tobossis são, exclusivamente, femininas, dengosas e mimadas. .O Engenho Velho da Federação possui, aproximadamente, entre 80 mil a 90 mil habitantes, caracterizados na sua grande maioria como afrodescendentes. Este bairro é considerado como “Quilombo Urbano”. O fato de o Engenho Velho ter em seu território, vários terreiros de candomblé, contribuiu para isto. Comenta-se que este bairro foi resultado de escravos fugitivos, vindos de um engenho na sua proximidade. Sem dúvidas, o Terreiro do Bogum, entre outros, em função da sua história de resistência, deve ter contribuído para a caracterização deste bairro como um quilombo. O Jeje Informa-nos Nicolau Parés do papel desempenhado pelo Jeje no Candomblé. Relata Félix Ayoh’omidire, em ÀKỌGBÀDÙN – ABC da língua, cultura e civilização iorubanas [1], que “a tão procurada etimologia do etinônimo ‘jeje’… só sobreviveu aqui no Brasil, onde se usa como uma referência para a tradição de Candomblé ewe-fon”. A palavra ‘jeje’ não vem de “àjèjì”, termo iorubano que significa ‘estrangeiro’. O termo ‘jeje’ vem, seguramente, deste oríkì orílè de ìran àjèjè que é uma das linhagens originais que ocuparam a área central da atual República do Benin (antigo Daomé), fruto das primeiras migrações de núcleos iorubanos, que se instalaram no espaço que se estende até Tado, na atual República de Togo. Segundo ele, os fons foram os últimos a chegar ao espaço geográfico na área que constitui a região central da República de Benin. Além de incorporem a sua língua e cultura, agregaram muitos elementos significativos desenvolvidos pelos seus vizinhos. Ainda explica Félix, que “um exemplo disso é a presença de muitos voduns que são os paralelos de alguns orixás iorubás, voduns esses cujos nomes ainda refletem a sua origem iorubá. Por exemplo, o vodum Legba é o mesmo Exù Ẹlégbara; enquanto o Ṣàngó dos iorubanos virou Hevioso”. Quanto ao sistema de adivinhação, embora seja chamado de Ifá entre os iorubanos, “é conhecido simplesmente como Fá entre os ewe-fon”. Em relação ao azeite de dendê, elemento fundamental da culinária religiosa, em especial na Bahia, foram os Aresas os introdutores da técnica de extração do dendê naquela região. Quanto aos jeje, afirma o autor, são conhecidos em Cuba como arará, termo cuja origem ainda “não foi desvendada pelos historiadores até o momento atual”. Concluindo, afirma Félix: “a minha tese a respeito da origem dos jeje é que esse povo estava com maior freqüência na sua identidade de ajeje aqui no Brasil, como isso acontece ainda hoje, em meios ioruba-africano… muitas pessoas só preferem citar seu oríle em vez de dar o seu nome próprio ou nome de família”. O “Jeje”, é assim que o povo se refere, com carinho e reconhecimento, ao Zoogodô Bogum Malê Rundó, instalado no “fim de linha” do Engenho Velho da Federação. Parés testemunha o dinamismo de seus sacerdotes e sacerdotisas, no enriquecimento do patrimônio cultural religioso negro. Atores da resistência deste “modo particular de rezar”, adoçavam este “bom combate” com atos de dignidade. A comunidade do Bogum expõe a sua particularidade dizendo-se único, embora haja a consciência de íntimas ligações com o jeje- marrim de Cachoeira, a Roça de Cima. Esta Roça seria a continuidade do Candomblé do Bitedô ou Oba Têdô, localizada na Recuada. Ligado a este templo estaria o sacerdote Kixareme ou Tixarene e a venerável sacerdotisa Ludovina Pessoa da Irmandade da Boa Morte e elo de ligação entre Cachoeira e Bogum. D. Ludovina seria a iniciadora do clã feminino do Bogum, através da realização dos processos iniciáticos de Maria Emiliana da Piedade, mãe carnal de Maria Luisa Piedade, a venerável Maria Ogorensi ou Angorensi, fundadora do Seja Hundé em Cachoeira, Terreiro contemporâneo da Roça de Cima onde, segundo comenta-se, reduto de concentração jeje, após a extinção da Roça de Cima. Maria Romana Moreira, iniciada por Ogorensi, conhecida como Romaninha de Possu Betá Poji, desempenhou importante papel tanto em Cachoeira quanto no Bogum, onde assumira o papel de Deré, o segundo cargo jeje mais elevado, tendo apenas como superior o cargo de Doné, no Bogum, ou Gaiaku, em Cachoeira. A ocupação deste posto se efetivou antes da ascensão de Maria Valentina dos Anjos, a sempre lembrada Doné Runhó, na direção máxima do Bogum. Este vínculo entre o Bogum e os terreiros jeje- marim de Cachoeira recebe, por vezes, contestações, dividindo opiniões. Alguns mencionam o fato de Ludovina Pessoa ter sido a primeira mãe-de-santo do jeje-marrim, fato que alguns do Bogum contestam, alegando que esta era apenas uma das antigas amigas da Casa. Lidamos com a falta de registros seguros, o que nos impede de uma posição consolidada, mas podemos optar que, provavelmente, Ludovina seria fundadora da Roça de Cima, em 1860, e teria ligações com o Bogum, no mínimo, como uma figura relevante, ou seja, muito mais que “uma amiga da casa”. Alguns mantêm a opinião que ela fora “uma antiga Mãe de santo jeje”. Ao que parece, após o tempo de Ludovina, houvera uma marcante interrupção nas atividades do Terreiro, surgindo na memória coletiva o prenome Valentina e a identificação do seu vodum Adaen, como autoridade máxima, dissera certa feita Doné Runhó a pesquisadores do Ceao. Doné Nicinha comandou o Bogum de 1978 a 1994. O CLÃ Dos anos 30 aos anos 50 comenta-se o sacerdócio da Doné Emiliana da Piedade, vodunsi de Ágüe. Seguida por Maria Romana Moreira, Romaninha de Pó, na condição de Deré, assumindo por um breve período os destinos do Bogum, entre 1953 a 1956, fato que não conta com a unanimidade. A partir de Valentina Maria dos Anjos, a famosa Mãe Runhó, consagrada a Sogbo Adan, de 1960 a 1975, a linha sucessora parece clara e sem contestações. Segue-se o período glorioso de Evangelista dos Anjos Costa, Lokossi, a sempre lembrada Mãe Nicinha, de Loko. Sua regência, mantendo as tradições mais caras do Bogum, estendeu-se de 1978 a 1994. Chegamos aos dias atuais e à escolha da seguidora de Mãe Nicinha, cujos feitos memoráveis foram a reforma do espaço sagrado do seu templo e a solicitação da inclusão do Artigo 27o na Constituição Baiana. Os búzios, exaltados pelo Oluwó Agenor Miranda, em 30 de maio de 2002, indicou o nome de Zaildes Iracema de Mello, hieronímio Nandoji, uma filha de Azonsu, conhecida por Mãe Índia, neta da venerável Runhó, assumindo o cargo em 11 de agosto de 2003, com 36 anos de idade e no vigor da sua juventude. Realizou a ampliação e reformas do sítio religioso do Bogum, (a primeira reforma fora feita na gestão de Gilberto Gil à frente da Fundação Gregório de Mattos e a segunda reforma na gestão do prefeito Antonio Imbassay). A biografia religiosa de Mãe Índia, ou Nandoji Índia, começa com a sua iniciação pelas mãos de Doné Nicinha, tendo como pai pequeno o humbono Pai Vicente do Matatu, um grande sacerdote do rito jeje, iniciado na vida religiosa por Maria Romana. Nandoji Índia seria a primeira na ordem iniciática, com a titulação de dofona do seu barco. Filha de uma família que manteve as tradições jeje, tem como pais dona Antonia Firmina de Melo e o sempre lembrado, pelos seus profundos conhecimentos das tradições religiosas jeje, Amâncio Melo. Dedica-se atualmente à vida sacerdotal, já inaugurando alguns barcos (em torno de três). É difícil elaborar uma listagem completa dos iniciados no Bogum, porém julgamos serem muitos. Calcula-se em, no mínimo, 60 a 100 barcos somando-se os de Doné Runhó, Mãe Nicinha, Emiliana de Ágüe, Romaninha de Pó e Valentina. Nandoji Índia é a atual dirigente do Bogum. Foto: Arlindo Felix As Divindades O Zoogodô Bogum Malê Rundó possui no seu quadro de divindades, dentre outras, os seus patronos – os voduns Bafono Deca e Ajonsu ou Azonsu -, regendo os destinos e cumeeira. A divindade máxima é Mawu-Lissa, Olissassa, Olissá, Olissasi. As suas festas realizam-se ao fim do ano, após o Ossé de Lissa- ritual restrito aos seus iniciados- e são muito concorridas. O Bogum também realiza a sua missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em louvor a São Bartolomeu e São Jerônimo. O primeiro dava nome a sua associação civil, com o título de Sociedade Fiéis de São Bartolomeu do Terreiro do Bogum. Fundada em 1937, esta sociedade, na década de 1970, teve o privilégio de ser dirigida por Edvaldo dos Santos Costa, destacado ogã da casa, filho consangüíneo de Mãe Nicinha, que teve como mérito maior a reestruturação da entidade, com seus estatutos publicados no Diário Oficial em 16 de outubro de 1977. Esta organização, representativa da atividade civil do terreiro, ficou inativa até 1983, quando, sob a presidência do Sr. Lídio Pereira dos Santos, venerável ogã da Casa e decano querido e respeitado, retomou suas atividades. Atualmente, a organização civil sofre mais uma reformulação sendo que, em assembléia, foi inaugurada uma nova entidade com o nome de Associação dos Fiéis Jeje Mahin, numa postura de desvincular o terreiro de laços com o catolicismo. Embora se tenha alterado a denominação, as relações com a Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos ainda permanecem. Os fiéis, ao chegarem à área da Avenida Vasco da Gama, em frente ao Terreiro da Casa Branca, vindos da missa, visitam este terreiro e em procissão, sobem a íngreme Ladeira do Bogum, com fogos e cânticos e contornam, no Largo das Palmeiras, o busto de Mãe Runhó, instalado pela prefeita Lídice da Mata. Vão em direção às portas do terreiro, onde incorporam os voduns e entram no templo, saudados pelos tambores, e no seu interior realizam-se as danças sagradas. As festas, na tradição jeje do Bogum, têm os voduns Gum (Gu), Agangatolu, Ágüe e Logunedé; voduns da família dos Kavionô ou Kavionus: Sobô ou Sogbo, Pó ou Kpó, Badé, Adaen ou Adan, Ajiripapô ou Ajiribabô, Afonjá; o vodum Aziri ou Aziritobossi; o vodum Hoho ou Ibejes, o vodum Ajonsu, com festa dedicada ao patrono da Casa e de Mãe Índia; além de Nanã. A 31 de dezembro acontecem as obrigações do Sé ou ossé de Lissa, onde se realiza a purificação dos assentamentos da entidade maior, que alguns chamam de “Águas de Oxalá”. Os ritos festivos se realizam nos meses de janeiro e fevereiro, sendo que neste, realiza-se o Olugbajé, a grande festa de Ajonsu, Omolu com um banquete comunal. O Bogum também cultua os Caboclos, no seu dia festivo e cívico, o Dois de Julho. No repertório de atividades rituais vale destacar o zandró (a vigília sacra jeje) com procissões internas e ofertórios instalados aos pés das árvores sagradas, o boitá. Durante os dias do ano o Bogum realiza obrigações dos seus iniciados e rituais propiciatórios, dentre outros eventos comunitários em favor da população do bairro do Engenho Velho da Federação, além de atendimento aos que necessitam dos seus poderes religiosos. Oferendas são realizadas pelo povo do Bogum, preferencialmente em árvores, no mar e fontes, no Dique do Tororó e, outrora, no Parque São Bartolomeu, por sua ligação com a entidade católica reverenciada pelo jeje. O rito fúnebre da liturgia jeje é o zelim, zerrim ou sirrum, que equivale ao axexé da organização religiosa nagô e ao macondo da nação angola. Esta celebração é privativa aos falecidos de posição hierárquica elevada, sendo que na ocasião se homenageia personalidades ilustres falecidas de outras nações. Os ritos fúnebres do Bogum, a exemplo de outras casas, são realizados com cuidados e rigor, obedecendo as interdições decorrentes deste rito. Um exemplar da divindade Loko, cultuada no Bogum. Foto: Xando Pereira Fitolatria O Terreiro do Bogum está intimamente associado às árvores. Assim é que a Gameleira (Fícus doliaria), representa uma divindade, uma hierofania do vodum Loko, a exemplo de um exemplar localizado no Caminho de São Lázaro, na Federação. O exemplar anterior foi destruído, segundo dizem por ação de adversários religiosos do Candomblé ou simplesmente vândalos, ou fieis que colocavam velas na proximidade desta árvore. Outros atribuem a sua destruição a uma espécie de auto-combustão.
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JORGE em 22 março 2013 at 23:59 Conta-se da vinculação do Bogum com o Gantois através do fato de uma avó de Mãe Menininha, conhecida como Salakó, ter plantado naquele terreiro uma árvore consagrada a Azanodô. O crescimento urbano, descontrolado, tem vitimado o “espaço floresta” dos Candomblés e o Bogum também tem sido vítima. A árvore-sacrário, vodum Azonodô, que habitava próximo ao terreiro tombou em 1979, de acordo com Jheová de Carvalho. Segundo ele, por ações de vândalos que a envenenaram sistematicamente até a sua morte. Dizem que ela teria gemido ao tombar. No Bogum junto à casa de Omolu encontra-se uma árvore de Loko, objeto de culto, além de uma jaqueira, também sagrada. Existe ainda um bilreiro sagrado. Encontramos uma acácia consagrada a Azonodô. Como elemento do reino vegetal, podemos ver as janelas e portas decoradas com mariô ( folhas desfiadas de palmeiras) relacionado ao vodum Gu. Respeito e Admiração As autoridades religiosas do Bogum gozam do respeito da comunidade do povo-de-santo. São citados em reconhecimento os nomes das Donés Emiliana, Ruinhó, Nicinha e Índia, inclui-se a Deré Romaninha de Pó, ekede Santa e os huntós ou ogãs Manoel da Silva, Romão, Amâncio de Melo, Edvaldo, Duarte, Lídio, Sargento Celestino, Gilberto Roque, Antonio Jorge, Jackson, Ailton, Luizinho, Tico, dentre muitos outros. As suas festas são freqüentadas por centenas e centenas de amigos, simpatizantes e admiradores. O Bogum convive harmoniosamente com os templos vizinhos, a exemplo do Ilê Obá do Cobre, Tanuri Junçara, Casa Branca, Odé Mirim, Unzó Oquinin Bamborucema, Terreiro de Oxumaré, Terreiro do Gantois e outros distantes, incluindo os localizados em outros Estados em especial os do Maranhão (também reduto jeje) e os do Rio de Janeiro. Do ponto de vista internacional existem laços com o Benim e Haiti. Citada em inúmeras obras, a comunidade jeje do Bogum recebe um bom conceito por suas práticas litúrgicas na etnografia dos cultos afro-brasileiros. O Zoogodô Bogum Malê Rundó resiste ao tempo e aos desafios através do empenho da Nandoji Índia na manutenção das regras que sempre caracterizaram o povo do Bogum, educando os seus fiéis com valores elevados da sua história e digna resistência...... A palavra “ajoié” é correspondente feminino de ogan pois, a palavra ekedi, ou ekejí, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje. Portanto, o correspondente yorubá de ekedi é ajoié, onde a palavra ajoié significa “mãe que o orixá escolheu e confirmou”....yarobá já é um termo usado somente no asé Gantois para a ajoie [ekedi] Assim como os demais oloyés, uma ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão. Deve ser sempre chamada de “mãe”, por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogans devem ser seguidos pelas ajoiés. Em dias de festa, uma ajoié deverá vestir-se com seus trajes rituais, seus fios de contas, um ojá na cabeça e trazendo no ombro sua inseparável toalha, sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também símbolo do óyé, ou cargo que ocupa. A toalha de uma ajoié destina-se, entre outras coisas, a enxugar o rosto dos omo-orixás manifestados. Uma ajoié ainda é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os omo-orixás nos dias de festas, como também, pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nestes dias. Mas, a tarefa de uma ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, roupas e outras coisas. Uma ajoié também é porta-voz do orixá em terra. É ela que em muitas das vezes transmite ao Babalorixá ou Yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa. existem na casa o cargo de YATENIN:é a primeira ekedi ;os olhos do sacerdote SIDAGÃ:é a segunda ekedi ;é responsavel por vestir os voduns e cuidar de eleguá DARAZAN SURGE A PRIMEIRA EKEDJI Olissá criou a d’angola , quando habitantes de uma aldeia estavam sendo assombrados por Ikú , que por ordem do grande rei pegaram uma galinha preta e pintaram com efun , e quando Ikú viu aquele animal estranho fugiu assustado e nunca mais voltou. Aziri pegou então a d’angola que passou a ser um animal sagrado e fez dela seu primeiro Yao. Até que um dia Aziri resolveu fazer em sua mucama e assim foi criado o primeiro vodunci que mais tarde se tornaria uma sacerdotiza. Vendo que a noticia se espalhara depressa e que os outros voduns fariam o mesmo Aziri resolveu fazer uma reunião e consultou Orunmilá que convidou todos os voduns . Chegando a reunião Orunmilá ordenou que cada vodun escolhesse ainda no ventre da mãe uma criança para que ela fosse o sacerdote do vodun e que não virasse com nada . Já que se na terra fariam vduncis e mais tarde seriam sacerdotes quem zelaria por eles , se todos virassem com vodun quem olharia pela casa de santo por tudo , quem zelaria por eles voduns quando viessem no ori dos vodunces. Assim surgiu a primeira ekedji do ventre de uma mucama de Aziri. OYE Oye é uma posição sacerdotal nos candomblés de nação, pessoas são escolhidas para exercer determinadas funções para o bom andamento da casa religiosa. Aqueles que possuem oye são chamados ” oloye masculino ” e ” ajoye feminino”. Essas pessoas serão adosu ou não , recebem o cargo na confirmação ou em sua iniciação de acordo com sua capacidade. Essas pessoas não adosu são os verdadeiros ogan e ekedi que nascem com os sete anos como reza a tradição, há casas que raspam para esses cargos, porém, esses iniciados não possuem status dos antigos e devem contar seu tempo de iniciação tal qual um ìyáwò, portanto não é de bom senso raspar e sim confirmar, destarte, afirmar que não existe ogans e ekedis para divindades como caboclos, baianos, exus, etc. Todos oye são para os òrìsà. Os títulos keto correspondem, sobretudo à estrutura da casa com seus fundamentos, por exemplo: o àtà – culmiera, ise (àsè opa) – ilê Omolu e família, ibo, etc. A palavra oloye significa Ol = aquele que possui, oye um titulo e ajoye também, as ekedjis são chamadas assim nas casas grandes ou ìyákoroba. A palavra oloye segundo mãe Stella do Afonja pode ser traduzido como conselheiro, que está registrado em seu ultimo ensaio Meu Tempo é Agora. Observe agora alguns ipò e oye das casas antigas e de algumas casas novas sérias atuais que respeitam a tradição afro-brasileira: Ìyálòrìsà ou ìyálàsè: Possui as mesmas funções sendo que a segunda responde na ausência da primeira, quando há as duas na casa, geralmente a ìyálàsè torna – se a segunda. Com o falecimento da ìyálòrìsà ela é pretendente a assumir seu lugar, e se for o caso receberia a mesma cuia da falecida. Esse oye só recebe- se no odun meje, ou seja, nos sete anos, é uma posição de adosu e não de alguém confirmado/a ou uma ekedji. Ajibona: Mãe criadeira, escolhida pela ìyálòrìsà para criar ìyáwò. Posteriormente esse filho fica responsável em zelar pelo òrìsà de sua mãe criadeira quando este se manifesta. No culto lesse Orumila chama-se ojubona e é um cago masculino cuja função é ensinar o futuro Omo -Ifa. Ìyá Egbe: Mãe da comunidade tem as mesmas responsabilidades da ìyá kékeré Ilè, ou seja, da mãe pequena da casa. Geralmente são escolhidas entre as egbomi mais antigas da casa e são até mais antigas do que a própria ìyálòrìsà devido à antiguidade da casa. Lembrando que òrìsà não tem idade é inexistente, quem tem idade são as pessoas. Ìyàmorò: Aquela que dança com a cuia no ritual do Ipade. Casas sem ibós, sem arvores, não devem possuir esse oye, sobretudo as que não rodam Ipade. Não existe ìyámorò de Ogún, Osòósí, Oyá, etc. As Iyamoro cuidam dos Esa (falecidos iniciados na casa com postos) e Ìyámi Osoronga. Ìyá: Mãe. Um: Que pega. Oro: Obrigação. Oye só recebido nos sete anos. Ìyádagan : Auxiliar direta da ìyámorò. Não existe Dagan para o orisa é desnecessário explicar. É oye dado aos sete anos também. Ajiumida : Posto do culto de Oyá. A= aquela Ji = que acorda um = pega = ida = a Cargos Ipos e oyes da nação ketu e subdivisões nagôs:
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JORGE em 23 março 2013 at 0:00 Ogan ( Ogá em ioruba), protetores civis do terreiro antigamente, hoje passa a exercer funções religiosas também. Entre os Ogans destacamos certas funções importantes e de mando dentro do terreiro, juntos com os sacerdotes (as) eles administram os terreiros. Alagbe : Chefe da comunidade (morada), o onilu é o escolhido para tocar o atabaque denominado run, possui seu otun Alagbe e seu Osi alagbe que tocam os outros atabaques e cantam os candomblés. Pejigan : Zeladores do peji e responsáveis pelo ilê òrìsà. Posto da etnia ketu e não jeje como se equivocam alguns desinformados. Asogun : Sacrifica os animais de quatro pés (eranko) a priori, e os outros também quando não há na casa seu otun e seu osi responsáveis para isso. Posto proveniente do culto de Ogún na África e sua comunidade, portanto não é de bom senso haver Asoguns de outros òrìsà e sim somente filho de Ogún é fato a condição de supremacia que esse orisa possui sobre os obés sendo ele mesmo olobé, ou seja, o dono da faca e louvado antes de qualquer sacrifício para quem procede corretamente. Olobé : Que vem a ser um epíteto de Esu é comum chamar Adébo a esse oye, possui as mesmas determinações se for feito os atos referentes a Esu dessa condição sacerdotal. Sarapegbe : Era quem transmitia as decisões da comunidade, comunicando entre os terreiros, as festas e obrigações que seriam realizadas. Fazia os convites. Sara= o que corre, pé= e comunica, egbe = as coisas da comunidade, geralmente esse posto era dado aos filhos de Ogún. Hoje esta esquecida, sobretudo nas grandes cidades. Apeja: Esquecido no Brasil por não haver sacrifícios de cães selvagens como na África. Elemaso (Elemaxó): Oye referente à casa de Osalá, é um titulo do próprio Osalá como conta seu mito, há oye no culto para situações que envolvem seu culto como o de baba mi oro, faz-se necessário que o titulares sejam de Osalá. Suas atuações não se limitam apenas a cerimônia do pilão como muita gente pensa. Akirijebó : Pessoas que freqüentam varias casas e não se fixam em nenhuma antigamente eram chamadas de akirijebó, também é um oye da maior importância relacionado a entregas de ebós em locais determinados. Eperin : Posto dado aos filhos do orisa Osòósí, (determinado Osòósí) e refere-se ao seu culto especifico nas casas antigas de candomblé. Ojú Oba : Posto dado às pessoas de Sàngó, seu representante maior foi nosso saudoso Pierre Fatumbi Verger que tinha esse Oye no Àsè do Opo Afonjá. Ë necessário que a casa pertença a Sàngó até mesmo para formar os outros Oye referentes à situação da casa, como mogba, maye, etc. Oju Ilê : O grande anfitrião da religião, sobretudo nas festas onde ficam encarregados de receber os visitantes e acomoda-los, quando se faz necessário ele ajuda em tudo dentro da casa na ausência dos outros Oye. O oye de Iya Efun : É dado às pessoas de Osala e não muito longe para as de Iemanjá. O posto de Dagan: É dadas às pessoas filhas de Oyá independente de ser mulher ou homen, como explicou para mim, o Ogan Agba Gilberto. Há um outro posto relacionado ao ritual de Ipade chamado de Agaba Injena e para finalizar vamos esclarecer o posto de Ekeji (lê-se Ekedi). Ekeji nada mais é que um numeral e significa, portanto segundo/a, ela auxilia a todos e na ausência das outras ajoiyes ela assume, algumas se destacam e são chamadas carinhosamente de mães, não só pelo filho do orisa que a suspendeu como por toda a comunidade. As ekedi são confirmadas para casa de axé ou para o orisa que a suspendeu e se for o caso dela ser ekedi do orisa do sacerdote, ele não poderá por a mão e sim seu zelador, não pode o orisa confirmar ou raspar ninguém, o orisa não vem para o aye para isso é desnecessário explicar um assunto tão falado já . As Ekedi podem ser: Iyalaso: Cuida das roupas, Iyale, mãe da casa, auxiliar direta da Iyalorisa e Iya Kekere, Dejó (Dere em jeje), as mais antigas, Ekedi é o Ipo (cargo), depois vem o Oye específico as condições de cada uma..... A Iniciação no Jeje Mahi///Oyê, oyè ou ipò é um cargo ritualístico na cultura Jeje-Nagô/// ALFABETO FON - lingua fon (jeje
De um modo geral, a iniciação no Jeje é mais complicada do
que a iniciação da Nação Ketu, a começar pelo tempo de reclusão dos neófitos que no passado durava até um ano. Hoje, devido ao ritmo de nossas vidas, este tempo caiu para seis meses. Três meses a vodunsi fica dentro do Hundeme (quarto de santo) e os outros três meses fora dele, mas ainda na roça. Durante seu período de iniciação a Vodunsi passará por várias etapas, entre as quais pode-se citar Sakpokàn ou Sarakpokàn, Vivauê, Kán, Duká, Zò, Sanjebé, Grá (ou Grã), etc. Dentre estes os de maior destaque o Sakpokàn e o Grá. A iniciação no Jeje Mahi sempre contece com formação de “barcos” ou “ahamas”, pois pela tradição nunca se recolhe uma única pessoa e nem barcos com números pares de componentes, levando ao entendimento de que sempre que houver iniciação deve-se ter no mínimo três Vodunsis em processo, na roça. Em geral cada sacerdote ou sacerdotisa Jeje Mahi, durante seu comando, não recolhem muitos barcos; a quantidade controlável de filhos de santo é muito importante, pois há um ditado que diz “é melhor ter poucos filhos bons a muitos ruins”. Na Casa das Minas também não é diferente. A iniciação da Vodunsi começa com a filha “bolando” (caindo) aos pés da arvore consagrada a seu Vodun (atinsá), e ali ela permanecerá desacordada durante sete dias e sete noites. Dizem que já houve casos de vodunsis consagradas a voduns aquáticos que ficaram esse período na água. A ordem das vodunsis no barco se dá pela ordem conforme elas vão ”bolando” nos atinsás, assim teremos: A primeira será Dofona (o) ( Dòfònun) A segunda será Dofonotinha (o) (Dòfònuntín) A terceira será Fomo (Fòmò ou Yòmò) A quarta será Fomotinha (o) (Fòmòtín) A quinta será Gamo (Gàmò) A sexta será Gamotinha (o) (Gàmòtín) A sétima será Vimo (Vimun) E ainda pode-se seguir vimotinho, dimu, dimutinho, etc. Durante o tempo que a Vodunsi permanecer debaixo do atinsá de seu Vodun, será cuidada pelos Ogãs e Ekedjis. Neste período, a mãe de santo (ou pai) é proibida de ir ver a filha. Isso por que a(o) zeladora(o) pode sentir pena da Vodunsi e de certa forma pode querer ajudá-la, afim de aliviá- la de seu estado. Acabando os sete dias, a vodunsi ainda desfalecida será levada pelos ogans até o zelador, no Hundeme, para que este inicie a feitura. O momento em que a vodunsi acorda do desfalecimento é considerado como um renascimento, após passar pela morte ritual e acordar numa nova vida, agora como Vodunsi, um compromisso que deverá carregar consigo por toda sua vida. A partir daí a vodunsi passará por processos de limpezas, descarregos, banhos de ervas, ebós, e durante uma semana deverá descansar até o dia do Sakpokàn ou Sarakpokàn. O Sakpokàn é uma cerimônia que acontece sete dias após o inicio dos rituais de feitura, quartorze dias após o “bolar”, na qual a vodunsi dança manifestada com seu Vodun. A dança é desajeitada e desordenada. O Sakpokàn também representa a despedida da Vodunsi de seus familiares que forem assistir ao ritual, que só verão a vodunsi novamente meses depois, no “dia do nome”. No dia do Sakpokàn a Vodunsi será raspada e catulada. Das etapas de iniciação que a nova Vodunsi deve passar, a mais intrigante e misteriosa é o Grá. O Grá O Grá é uma divindade ou entidade violenta e agressiva que se manifesta na Vodunsi apenas na sua iniciação, durante três dias, e próximo ao “dia do nome”. O principal objetivo do Grá é matar o(a) zelador (a) que deverá permanecer escondido nos aposentos da casa durante os três dias em que o Grá estiver manifestado. O Grá é acompanhado pelos Ogans, Ekedis e algumas Vodunsis antigas que farão com que ele realize algumas penitências, fazendo-o cansar. Há um número certo de pessoas que poderão acompanhar o Grá que durante estes três dias ficará solto pelo pátio da roça comendo tudo que encontrar como folhas de árvores e frutos caídos, motivos estes que exigem que a roça seja grande e com bastante árvores. As pessoas que acompanham o Grá, assim como ele mesmo, carregam um porrete com o qual ele tenta agredir as pessoas e realiza sua penitência, que tem como objetivo levar todo mal e toda energia negativa da Vodunsi, e também o objetivo principal de cansar o Grá para que ele não cause tanto transtorno. Durante os dias de penitência, os acompanhantes entoam certas cantigas específicas. Após os três dias procurando o(a) zelador(a), o Grá tem o encontro tão esperado, que acontecerá no Agbasá (salão de dança). Ao som de paó e adahun, o Grá entra pela porta principal do Agbasá e se deparara com o(a) zelador(a), que estará sentado(a) em uma cadeira esperando por ele, partindo pra cima do mesmo para matá-lo. Neste instante todo cuidado é pouco, pois o Grá pode ferir o(a) zelador(a). Quando o Grá adentra o Agbasá, os Ogans correm para tirar- lhe o porrete que ele luta para não entregar. É um momento de extase. Nesse instante os tambores tocam com mais força e o(a) zelador(a), então nervoso e sem poder sair da cadeira, entoa uma cantiga e a Vodunsi cai desfalecida no chão e logo em seguida é pega pelo Vodun. É um alivio total e o ritual do Grá chegou ao fim. A quem diga que o Grá é um Erê malvado, outros dizem que é o Exu do Vodun, outros ainda dizem que é o lado negativo do Vodun ou mesmo da própria Vodunsi, um lado animalesco e primitivo seu, que está no seu inconsciente, que manifestou-se em seu renascimento e que foi mandado embora para sempre. O Grá despeja pra fora toda raiva e o ódio da Vodunsi. Como se depois do Grá não houvesse mais ódio, raiva, rancor dentro da Vodunsi, somente o que é bom e benéfico. Significa que a Vodunsi nunca mais sentirá fome, nunca mais vai dormir no relento, nunca mais irá confrontar ou agredirá seu(a) zelador(a), fisicamente ou com palavras, pois o Grá levou isso com ele. O ritual do Grá envolve muitas simbologias e interpretações que pelas leis do Jeje não poderei citá-las aqui. O Dia do Nome O Dia do Nome é um dia muito especial, com cerimônia pública (Zandró) no Jeje Mahi. O Vodum manifestar-se-á em sua Vodunsi e vai dançar na sala. Antigamente, uma única pessoa era escolhida para tomar o nome particular (Hún ìn) do Vodun de todas no “barco”, sendo considerado(a) padrinho ou madrinha do “barco”. Hoje geralmente são escolhidos mais de uma pessoa para esta tarefa. Após este dia, a iniciante agora sim é uma Vodunsi. As vodunsis sempre usam seus nomes religiosos, determinado por sua posição no barco e seu vodum, assim poderemos ter, por exemplo, Dofona Ongorensi (feita de Gbesén), Dofonotinha Sogbosi (feita de Sògbò), Fomo Togbosi (feita de Aziri Togbosi), Fomutinha Òsúnsi (feita de Osún), Gamo Lokosi (feita de Loko), e assim por diante. Se a Vodunsi atingir um grau sacerdotal apenas acrescentará a frente de seu nome, o cargo, desta forma: Mègitó Dofona Ongorensi, Doné Dofonotinha Sogbosi, Gaiaku Gamo Lokosi.
Oyê, oyè ou ipò é um cargo ritualístico na cultura Jeje-
Nagô
Oyê, oyè ou ipò é um cargo ritualístico na cultura Jeje-Nagô. É
outorgado por um sacerdote do candomblé, babalorixá ou iyalorixá a um elegun, geralmente na obrigação ou depois do odu ejé. É chamado de Àwon Ipò Òrìsà e Deka no candomblé de angola. Neste ritual complexo e exaustivo, tem início até mais de um ano retroativo, pois é necessário a construção de um ile axé com a preparação devida de onile, fundação de um peji e vários outros assentamentos de orixás, iniciação ritual dos atabaques, Agogô, adjá etc.No dia propriamente dito da entrega do Oyê, um grande cabaça denominada de igbá, também chamada de cuia de axé é recheada com vários objetos sagrados, que o novo sacerdote vai utilizar durante muito tempo de sua vida sacerdotal, até mesmo na sua ultima obrigação chamada de axexê, contendo obi, orobô, aridan, ekodidé, navalha, faca, tesoura, efun, limo da costa e o importante fio de conta mais cobiçado do povo nagô o Humgebê. Sob o igbá encontra-se um opon merindilogun, “Peneira de palha” ornada com búzio e palha da costa, onde está depositado o mais precioso e poderoso instrumento de consulta aos Deuses africanos, chamado de merindilogun. A entrega da cuia de axé geralmente é feita no barracão na presença de todos presentes, logo em seguida o orixá do novo sacerdote responde, confirmando à aceitação, todavia o mesmo é submetido a teste de aprendizado tendo que jogar os búzios na presença dos sacerdotes mais velhos, inclusive de outros terreiros. Finalmente Mara Costa, o vídeo da sua Ordenação para achólupêle - soldados, guerreirosagrusa - porcoAhougan - sacerdote feito de Vodumahuan - guerra, batalhaAyidohwedo ( aidô-ruêdo) - ARCO-ÍRISaigry (aigri) - pedras que representam o excremento de Dan e são deixadas por ele no chão, à sua passagem; dizem que elas valem peso de ouro. Um mito nos conta que os excrementos de Dan transformam os grãos de milho em búzios.aikungumã - terra (aiye)akututos - ancestrais, egungumarã-sêssê - ÁLCOOLason (assôm) - chocalho feito com uma cabaça e com as vertebras de cobra.atinçá - arvores, folhasAvun - cachorro Bakonos - sacerdote de Fabakuxé - prato de barrobejereçu cerimônia de matançabò - cabra ou cabritoBochiô - forma, escultura catraio - galinha da angolacó - barro dahun - conjunto de 3 tambores brancos paramentados com rafia lilás.Dan Wedo - Deus do arco-iris, arco-irisDegi - arDjenukom - céu (orum)djóom - ventoDjidji (djídjí) - abaixardjizônukon - tempestadeDuwe - dança eché - passaroEku - Deus da Morteekúchomê - cemiterioesin - águaEkùs - alma, egumEte - queezim - agua Gan guhi (gam gurri) - amolar a facaGuhê - solGuhê-du - sol negroGuhemê - meio-dia humahuan - campo de batalha (guerra)Humahuane - guerra, campo de batalhahou - marHusi - cauda Ifé (ifé) - amorIku - morteIwa (iuá) - ajoelhar jeçuçu - docejevivi - salgadajo - deixarJohon - vento yan - fio de contas Lam (lãm) - animal, carne Mikan - salve!Moli (môli) - argolas, aros Na - uma (artigo)Nhû - corpo físiconivu - bezerro Oku - morto, cadáverôtan - lago, lagoa Kanlin (canlim) - animalklamklam - borboleta (pronuncia-se kunlamkunlam)Klamklamle - borboletaskôkôlo - galinhaKolomen (côlômem) - armadilhakpame - doentes, enfermoskpe-izó - pedra de fogokpo - potekuentó - kuentó ronco - quarto sagrado de iniciaçãorunbono - primeiro filho iniciado na Casa Jejerundeme - quarto onde fica os Vodunsrunjebe - colar de contas sagrado de jeje dado na iniciação sabaji - quarto sagrado onde fica os assentos dos Vodunssarapocã - cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a) no Jejesidagã - auxiliar da Dagã na Cerimônia a LegbaSofo - sacerdotisa feita de Vodumsum - lua takara - arma que Dan tras nas mãos, parecendo um pequena espada, com feitio próprio.tó - banhotódôum - rioTouboumé - reinotraken ou draka - ferramenta pequena que Dan tras nas mãos uhui - peixe Vodunos - sacerdotesvodunsis - feitos de Voduns (yao) zandro - cerimônia Jejezerrin - ritual fúnebre Jejezó ou izó - fogo esin = água atinçá = árvore agrusa = porco kpo = pote zó ou izó = fogo avun = cachorro nivu = bezerro bakuxé = parto de barro kuentó = kuentó yan = fio de contas vodun-se = filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje yawo = filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu muzenza = filho do vodun ou iniciados da Nação Angola tó = banho zandro = cerimônia Jeje sidagã = auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba zerrin = ritual fúnebre Jeje sarapocã = cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a) no Jeje sabaji = quarto sagrado onde fica os assentos dos Voduns runjebe = colar de contas usado após 07(sete) anos de iniciação runbono = primeiro filho iniciado na Casa Jeje rundeme = quarto onde fica os Voduns ronco = quarto sagrado de iniciação bejereçu = cerimônia de matança Narruno = cerimônia de matança