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Dialetos falados
Os povos Jêjes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axantis, Gans, Agonis,
Popós, Crus, etc. Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas
eram Jêje, o que foge evidentemente às leis da lingüística - muitas tribos falando diversos
idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo,
dos Minas - Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua das Tobossis, que a meu ver,
existe uma grande confusão com essa língua.
Os primeiros no Brasil
Os primeiros negros Jêje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São
Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira de São Félix. Também ali, há
uma grande concentração de povos Jêje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e
Cachoeira de São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram
lugares aonde se encontram evidências desta cultura.
Os fundadores
Voltando a falar sobre "Kwe Ceja Undé", esta casa como é chamada em Cachoeira de São
Félix de "Roça de Baixo" foi fundada por escravos como Manoel Ventura, Tixerem, Zé do
Brechó e Ludovina Pessoa.
Ludovina Pessoa era esposa de Manoel Ventura, que no caso africano é o dono da terra.
Eles eram donos do sítio e foram os fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe ainda seria
chamada de Pozerren, que vem de Kipó, "pantera".
Darei um pequeno relatório dos criadores do Pozerren Tixarene que seria o primeiro
Pejigan da roça; e Ludovina, pessoa que seria a primeira Gaiacú.
A roça de cima que também é em Cachoeira é oriunda do Jêje Dahomé, ou seja, uma
outra forma de Jêje. Estou falando do Mahin, que era comandada por Sinhá Romana que
vinha a ser "Irmã de santo" de Ludovina Pessoa (esta última mais tarde assumiria o cargo
de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura). Mas, pela ordem temos Manoel Ventura, que seria o
fundador, depois viria Sinhá Pararase, Sinhá Balle e atualmente Gamo Loko-se. O Kwe
Ceja Undé encontra-se em controvérsia, ou seja, Gamo Loko-se é escolhido por Sinhá
Pararase para ser a verdadeira herdeira do trono e Gaiacú Agué-se, que seria Elisa
Gonçalves de Souza, vem a ser a dona da terra atualmente. Ela pertence à família
Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores da Kwe Ceja Undé.
Aqui, no Rio de Janeiro, saindo de Cachoeira de São Félix, Tatá Fomutinho deu obrigação
com Maria Angorense, conhecida como Kisinbi-Kisinbi.
Uma das curiosidades encontradas durante minha pesquisa sobre Jêje é o que chamamos
de Deká, que na verdade vem do termo idecar, do termo fon iidecar, que quer dizer
"transmissão de segredo". Esse ritual é feito quando uma Gaiacú passa os segredos da
nação Jêje para futura Gaiacú, pois na nação Jêje não se tem notícias, que possa ter
havido "Pai de santo". O cargo de sacerdotisa ou "Mãe de santo" era exclusivamente das
mulheres. Só as mulheres poderiam ser Gaiacú’s.
Ogãs
Os cargos de Ogan na nação Jêje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan
da casa Jêje. A palavra Pejigan quer dizer "Senhor que zela pelo altar sagrado", porque
Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do
atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jêje. No Kêtu, os
atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogãs como Gaipé, Runsó, Gaitó,
Arrow, Arrontodé, etc.
Podemos ver que a nação Jêje é muito particular em suas propriedades. É uma nação que
vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes profundas em solo
africano e trazido de forma fiel pelos negros ao Brasil.
Mina Jêje
Em 1796, foi fundado no Maranhão o culto Mina Jêje pelos negros fons vindos de Abomey,
a então capital de Dahomé, como relatei anteriormente, atual República Popular de Benin.
A família real Fon trouxe consigo o culto de suas divindades ancestrais, chamados
Voduns e, principalmente, o culto a Dan ou o culto da Serpente Sagrada.
Uma grande Noche ou Sacerdotisa, posteriormente, foi Mãe Andresa, última princesa de
linhagem direta Fon que nasceu em 1850 e morreu em 1954, com 104 anos de vida.
Aqui, alguns nomes dos Deuses Voduns:
*Ayzan - Vodun da nata da terra.
*Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso.
*Aguê - Vodun da folhagem.
*Loko - Vodun do tempo.
Curiosidades
* A primeira Casa Jêje no Rio de Janeiro foi, em 1848, de Dona Rozena, cuja filha de
santo foi D. Adelaide Santos.