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Jêje

A palavra JEJE vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Portanto, não existe e
nunca existiu nenhuma Nação Jêje, em termos políticos. O que é chamado de Nação Jêje é o
candomblé formado pelos povos Fons vindo da região de Daomé e pelos povos Mahins. Jêje era o
nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os
Mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá
ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das
origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o
fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos Fons). O Abomey ficava no oeste,
enquanto Axantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jêje.
A palavra Daomé tem dois significados: Um está relacionado com um certo Rei Ramilé que se
transformava em serpente e morreu na terra de Dan. Daí ficou "Dan Imé" ou "Daomé", ou seja,
aquele que morreu na Terra da Serpente. Segundo as pesquisas, o trono desse rei era sustentado
por serpentes de cobre cujas cabeças formavam os pés que iam até a terra. Esse seria um dos
significados encontrados: Dan = "serpente sagrada" e Homé = "a terra de Dan", ou seja, Daomé =
"a terra da serpente sagrada". Acredita-se ainda que o culto à Dan é oriundo do antigo Egito. Ali
começou o verdadeiro culto à serpente, onde os Faraós usavam seus anéis e coroas com figuras
de cobra. Encontramos também Cleópatra com a figura da cobra confeccionada em platina,
prata, ouro e muitos outros adornos femininos. Então, posso dizer que este culto veio descendo
do Egito até Daomé.

A palavra Vodou é de origem Ewe/Fon e significa Força Divina, Espírito, Força Espiritual. É
usada pela Nação Jêje para designar seus deuses e ancestrais divinizados. No século XVIII o rei
Agajá consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando um “Sistema Espiritual dos
Voduns”. Isso gerou uma enorme variação do termo, devido a quantidade de dialetos usados por
esses clãs e aldeias, que somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam. Essa
diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de pesquisadores que buscavam na
África, conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodun.
Quando foi estabelecido o grande reino de Daomé, lá não existia o culto de Voduns. Nessa
época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater
os problemas que o atormentava. Mandou chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse
consultasse os oráculos. A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e
construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos
mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito. No período da escravidão, muitos
daomeanos foram levados para o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns.
Os Voduns cultuados no Brasil são originário da África, suas práticas e tradições se mantiveram
intacta como era no Daomé (atual Benin) desde o começo dos tempos. A nação Jêje sofreu por
alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informações. Os mais antigos preferiram
levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no
Brasil. Dos filhos de Jêje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram
de Nação e outros resolveram pesquisar suas origens e resgatar o culto da Nação Jêje. A Nação
Jêje voltou a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, podemos encontrar kwes e
pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na “própria carne” a passar
seus conhecimentos e não deixar que a Nação venha a sofrer novos abalos ou quedas.
A diferença entre Voduns e Orixás, dá-se basicamente em Vodun é Vodun, Orixá é Orixá. Oyá
não é Vodun Jô, Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, e assim por diante.
Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodun, mas isso não os
transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos.
Esses Orixás são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação
nenhuma em relação aos dois deuses (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também
encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jêje, não mudamos os nomes dos Orixás.
Para nós Oyá, Yansã são conhecida exatamente como Oyá, Yansã. Já os Voduns em templos de
Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodun Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata
recebe o nome de Omolu, etc. Essa diferença também é registrada na Nigéria, então, não é uma
atitude iniciada aqui no Brasil.
Os Voduns são agrupados por famílias: Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso, que se
subdividem em linhagens. A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha
paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de
irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdivide-se em
famílias.
No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são interligados entre
si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de
da casa. São em torno de 450 Voduns, alguns cultuados no Brasil outros não. Com o resgate existe
a possibilidade de ampliar o culto e voltar a reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido
a falta de informações, assim como admitir em nos templos existentes, esses Voduns
encontrados.
O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que
somente alguns Voduns tiveram domínio nacional.

Os Voduns Cultuados no Brasil

Dan Representa a serpente, o arco-íris.


Togun Guerreiro. Ligação com o ferro e tecnologia.
Tobossi Representação infantil, feminina.
Hevioso Ligado aos trovões, a justiça.
Sogbô Representação feminina dos raios.
Aziri_tobossi Representa a mãe dos oceanos.
Mawu_lisa Deus Supremo.
Mami Wata Representa a beleza, vive nas águas doces.
Yewá Simboliza a pureza e a beleza.
Tohossou Protetor dos deficientes físicos e mentais.
Sakpata Ligação com a doença e a cura.
Aveji Da Deusa das tempestades e dos ventos.
Hohos Protetor das crianças nascidas gêmeas.
Nohe Aikunguman Deusa da terra.
Mavu e Lissa Deuses da riqueza
Nana A mãe universal, senhora da lama.
Eku e Avun Deus da morte, da feitiçaria e da clarividência.

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