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CURITIBA
2010
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CURITIBA
2010
3
AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................07
1.1 OBJETIVOS.................................................................................................08
1.1.1 Objetivos gerais......................................................................................08
1.1.2 Objetivos específicos..............................................................................08
1.2 REVISÃO LITERÁRIA.................................................................................09
1.2.1 Sobre performance musical....................................................................09
1.2.2 Análise e interpretação de uma obra musical.........................................11
1.2.3 Análises musicais...................................................................................12
1.2.3.1 Harmonia...........................................................................................12
1.2.3.2 Forma e estrutura..............................................................................14
1.2.3.3 Fraseologia e rítmica.........................................................................15
2 ANÁLISE MUSICAL DA OBRA “PRIMEIRO CADERNO DA KARINA”...18
2.1 ATIREI UM PAU NO GATO.........................................................................18
2.1.1 Harmonia.................................................................................................18
2.1.2 Forma e estrutura....................................................................................23
2.1.3 Fraseologia e rítmica...............................................................................24
2.2 CAI, CAI, BALÃO.........................................................................................27
2.2.1 Harmonia................................................................................................27
2.2.2 Forma e estrutura...................................................................................31
2.2.3 Fraseologia e rítmica..............................................................................32
2.3 RODA COTIA..............................................................................................38
2.3.1 Harmonia................................................................................................38
2.3.2 Forma e estrutura...................................................................................47
2.3.3 Fraseologia e rítmica..............................................................................48
2.4 TIRI LA-LA-LA.............................................................................................54
2.4.1 Harmonia................................................................................................54
2.4.2 Forma e estrutura...................................................................................60
2.4.3 Fraseologia e rítmica..............................................................................62
2.5 – CIRANDA, CIRANDINHA.........................................................................67
2.5.1 Harmonia................................................................................................67
2.5.2 Forma e estrutura...................................................................................75
2.5.3 Fraseologia e rítmica..............................................................................77
2.6 TERESINHA DE JESUS.............................................................................81
2.6.1 Harmonia................................................................................................81
2.6.2 Forma e estrutura...................................................................................91
2.6.3 Fraseologia e rítmica..............................................................................93
2.7 FRÈRE JACQUES.....................................................................................100
2.7.1 Harmonia...............................................................................................100
2.7.2 Forma e estrutura..................................................................................110
2.7.3 Fraseologia e rítmica.............................................................................112
2.8 FUKS DU HAST.........................................................................................120
2.8.1 Harmonia...............................................................................................120
2.8.2 Forma e estrutura..................................................................................124
2.8.3 Fraseologia e rítmica.............................................................................126
2.9 A. A. KOTKI DWA......................................................................................129
2.9.1 Harmonia...............................................................................................129
6
ANEXOS......................................................................................................186
7
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - OBJETIVOS
Realizar a análise musical da obra “Primeiro Caderno da Karina” sob cinco focos:
harmonia, forma, estrutura, fraseologia e rítmica.
Identificar os elementos característicos da escrita musical do compositor através
das análises supracitadas.
9
Dentre as várias artes que fazem parte do universo do ser humano, a música
é uma das únicas em que a obra não se completa apenas com o trabalho do seu
autor. Uma partitura musical contém apenas a representação simbólica daquilo que
o compositor espera ser o resultado artístico, sendo necessária a presença de um
segundo elemento, o intérprete1, para que a obra de arte realmente aconteça.
Portanto, a música difere um pouco das outras artes, em principal das artes visuais,
onde o trabalho realizado pelo autor (um pintor ou um escultor, por exemplo)
representa o resultado final da obra, sem a necessidade de um elemento
intermediário. A necessidade do intérprete na realização de uma obra musical é
responsável por uma série de diferenças entre a composição da mesma e sua
execução. Historicamente, o violoncelista e regente Nikolaus Harnoncourt (1998)
divide em dois períodos a notação musical:
1
Dentre as diversas possibilidades de definição para a palavra “intérprete” na música, neste caso,
refere-se à figura do instrumentista ou cantor (intérprete de um texto musical).
10
compositores tenderam, com o passar do tempo, a diminuir cada vez mais essa
série de diferenças entre a composição e sua execução, tentando o máximo possível
a chegar ao resultado artístico das outras artes como pintura e escultura, por
exemplo, onde o produto final pensado pelo autor é o resultado mais próximo do
definitivo da obra de arte. Um exemplo disso pode ser observado na peça nº147 do
Mikrokosmos vol. VI2, para piano, de Béla Bartok, onde a duração total da obra é
indicada pelo compositor na partitura, restringindo as liberdades do intérprete
relacionadas ao andamento. O compositor foco deste trabalho, Henrique de Curitiba,
assim descreve sua visão a respeito da relação entre compositor e intérprete e sobre
a tendência de aproximação entre composição e execução de uma obra musical:
Embora compositores tenham tentado cada vez mais essa aproximação entre
obra e execução, na prática é impossível eliminar todas as diferenças entre esses
termos, ou seja, a obra tocada uma segunda vez se diferenciará, de alguma forma,
da tocada pela primeira vez3. Assim sendo, a interpretação é parte necessária da
obra musical, cabendo ao intérprete a responsabilidade de transformar a notação
musical em música propriamente dita. O finado pianista Luis Thomaszeck (1950 –
1978) referiu-se da seguinte forma:
2
BARTOK, Bèla. Mikrokosmos Vol. VI. Boosey y Hawkes. 1987. Pg.2.
3
Não se leva em consideração, nesse caso, a música feita para aparelhos eletrônicos.
4
Cópia de texto original datilografado. Sem data de edição.
11
compositor, o que significa dizer que quanto mais profundo for o entendimento da
notação musical da obra, maior é a possibilidade de o intérprete realizar uma
execução “adequada” dessa obra.
Ian Bent (1987) define análise musical como sendo a resolução de uma
estrutura musical em elementos constituintes relativamente mais simples, e a
investigação da função desses elementos dentro dessa estrutura 5. Alguns dos
principais elementos em questão são: harmonia, melodia, ritmo, forma, estrutura e
timbre6. Assim como a transformação da notação musical em música, a análise
musical é passível de várias interpretações possíveis para a mesma notação
musical, o que permite dizer que o analista musical interfere tanto quanto o
intérprete na obra musical, porém, as interferências são de diferentes naturezas
(teoria e prática). Nicholas Cook (1994. Pg. 1) expressa essa idéia da seguinte
forma: “...when you analyze a piece of music you are in effect recreating it for
yourself; you end up with the same sense of possession that a composer feels for a
piece he has written”. Isso significa dizer que a análise de uma obra musical é, de
fato, uma atividade musical que acaba tendo uma influência pessoal no resultado, se
aproximando, em essência, da interpretação musical e fornecendo subsídios para
essa última.
Para Ian Bent (1987), a frase “análise musical”, em um sentido geral, abrange
um número grande de atividades, sendo que algumas dessas atividades
fundamentalmente representam diferentes visões sobre a natureza da música, o
papel da música na vida humana e o papel do intelecto humano que diz respeito à
música7. Alguns desses aspectos da natureza da música dizem respeito à sua
construção e são abordados no presente trabalho, entre eles harmonia, forma,
estrutura, fraseologia e rítmica.
5
Texto original: “Musical analysis is the resolution of a musical structure into relatively simpler
constituent elements, and the investigation of the functions of those elements within that structure.”
(BENT, 1987, Pg 1).
6
Além da análise musical da obra (partitura), existem outros tipos de análise, que são aquelas que
dizem respeito ao estilo de época, relação com as outras artes, entre outros.
7
Texto original: “The phrase „musical analysis‟, taken in a general sense, embraces a large number of
diverse activities. Some of these are mutually exclusive: they represent fundamentally different views
of the nature of music, music´s role in human life, and the role f the human intellect with regard to
music.” (BENT, 1987, Pg 1).
12
1.2.3.1 – Harmonia.
8
CHIAMULERA, 2009, pg. 11.
9
DUNSBY, 1995, pg. 83.
13
porque o animal humano tem uma certa genética, uma certa conformação psíquica e
precisa da frase, da tonalidade (em uma nova concepção), auditivamente cheia de
novidades agradáveis ao ouvido”10. A análise harmônica de “Primeiro Caderno da
Karina” tem como uma das finalidades a procura de caminhos para o entendimento
da nova concepção de tonalidade à qual o compositor se refere, utilizando para isso
a relação entre sua escrita harmônica e os conceitos da harmonia tonal, bem como
da harmonia utilizada por compositores do século XX.
10
(Henrique Morozowicz apud PROSSER in NETO, 2004, pg. 185).
11
MED, 1996, pg 11.
12
Ibid, pg 11.
14
13
Texto original: “... the three basic form-building processes were proposed as „recurrence‟, „contrast‟
and „variation‟, expressible as AA, AB and AA‟. Formal analysis is concerned with the recognition of
these three processes and the description of works in terms of them.” (BENT, 1987, Pg. 88).
14 th
Texto original: “During the late 18th century and the 19 , music theorists defined certain structural
patterns – not genres or species such as concerto or minuet, but more widely applicable processes of
formal construction common to many genres and species, and now often called formal models. These
are in turn reducible to two fundamental patterns: AB and ABA” (BENT, 1987, Pg . 88).
15
estrutura musical diz respeito aos processos de construção propostos por Bent,
enquanto que a forma vem a ser o resultado da combinação desses processos de
construção. Resumidamente, estrutura é a construção interna da obra, enquanto que
a forma é a organização da estrutura a nível externo. Uma forma rondó, por
exemplo, é denominada pela estrutura ABACADA, enquanto que um rondó-sonata é
denominado pela estrutura ABACAB‟A.15
15
BENT, 1987, Pg. 88.
16
Texto original: “Riemann´s theory of phrase structure rests on the postulate that the pattern weak-
strong is the „sole basis for all musical construction‟ (1895 – 1901, i, 1962). This fundamental unit is
termed the Motiv. It is fundamental because it represents a single unit of energy passing from growth
to decay by way of a central stress point”. (BENT, 1987, pg. 90)
16
17
Symmetry-disturbing processes (BENT, 1987, pg. 91)
17
Med (1996) define ritmo como sendo a ordem e proporção em que estão
dispostos os sons que constituem a melodia e a harmonia 18. Em outras palavras,
ritmo está relacionado com a disposição dos sons e pausas em relação a um
conjunto de pulsações de padrão, geralmente, constante19. Assim sendo, a análise
rítmica das peças de “Primeiro Caderno da Karina” visa identificar os padrões
rítmicos que compõem cada uma das 12 melodias folclóricas, bem como a relação
rítmica existente na estrutura harmônica que sustenta cada uma dessas melodias,
ou seja, a análise rítmica engloba as características do ritmo presentes na melodia e
na harmonia, visando entender o panorama rítmico geral de cada uma das peças do
ciclo.
18
MED, Bohumil. Teoria da Música. Ed. Musimed. Brasilia, 1996. Pg. 11.
19
A partir do final do século XIX e inicio do século XX, a padronização do ritmo em uma determinada
obra começou a sofrer modificações. Uma das obras que destacam essa idéia é a Le Sacre du
Printemps (1913), de Igor Stravinsky (1882 - 1971)
18
Figura 1a - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um pau no gato. Clave inferior, compassos 1 a 4.
Figura 1b - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um pau no gato. Clave inferior, compassos 9 a 13.
Figura 2 - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um pau no gato. Compassos 1 e 2, notas
selecionadas entre os clusters na clave de fá.
21
Texto original: “El sonido o sonidos añadidos son elementos modificadores pegados al acorde, de
claros poderes direccionales y, como modificaciones de color, varían la textura más que la función de
la estructura básica” (PERSICHETTI, 1985, pg. 111)
20
Essa é apenas uma das possibilidades harmônicas tonais que se pode obter
através da fragmentação das notas duplas que compõem o acompanhamento dessa
obra, não impedindo a existência de uma margem para outras interpretações
harmônicas igualmente válidas. Um exemplo disso pode ser percebido no compasso
quatro, ao se valorizar a nota mi ao invés de ré no segundo grupo, mudando a
função harmônica do acorde de I6 para vi43 gerando uma cadência suspensiva (V –
vi) no lugar da perfeita (V – I). Isso ocorre devido ao fato de o acorde gerado ser,
nessa ocasião, si – mi – sol ao invés de si – ré – sol. Ainda no primeiro compasso,
podem-se considerar, no acompanhamento, as notas lá e ré, que somadas à nota dó
da linha melódica geram um acorde de sétima da dominante, que também é uma
possibilidade harmônica para o primeiro compasso da obra em questão. Segue
abaixo algumas das possibilidades harmônicas, para os oito primeiros compassos, a
partir do método de fragmentação aqui utilizado:
Figura 4 - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um pau no gato. Compassos 9 – 18. Possibilidade
harmônica a partir das notas selecionadas do acompanhamento e da linha melódica da seção B.
fazemos música porque o animal humano tem uma certa genética, uma certa
conformação psíquica e precisa da frase, da tonalidade (em uma nova concepção),
auditivamente cheia de novidades agradáveis ao ouvido” (MOROZOWICZ, apud
PROSSER in NETO, 2004). Certamente o acompanhamento dessa melodia
folclórica, tão singela e conhecida, usado pelo compositor pode produzir as
novidades auditivas na qual o compositor se refere.
2.1.2 – Forma e estrutura: A peça foi composta sob uma forma seccionada
em estrutura binária, com a melodia folclórica sendo acompanhada por uma base
essencialmente harmônico-rítmica, em uma tessitura homofônica. Sua estrutura
consiste em duas seções que constituem a exposição da melodia e sua repetição,
sendo que o elemento característico que diferencia as duas seções é o
deslocamento rítmico, entre melodia e acompanhamento, sendo o acompanhamento
de ritmo tético na primeira seção e acéfalo na segunda. A primeira seção consiste
dos oito primeiros compassos da obra onde a melodia é exposta, finalizando com
um acorde vi através de uma cadência plagal onde vi adquire função temporária de
tônica, nos compassos 7 e 8. A segunda seção consiste dos dez compassos
restantes onde a melodia é re-exposta com uma disposição rítmica diferente da
utilizada na exposição, além de algumas variações nos mini-clusters do
acompanhamento que indicam uma pequena alteração na função harmônica dos
mesmos em determinados compassos, o que significa dizer que a harmonia é outro
elemento de diferenciação entre as seções. No fim da peça (compassos 16 a 18) o
compositor utiliza de uma tessitura relativamente mais polifônica ao fazer um cânone
da melodia correspondente ao último verso da canção (“do berrão que o gato deu”),
finalizando a obra com um ataque de um acorde em quartas sobre a nota mi (como
pode ser observado na figura 4 acima).
Figura 5 - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um Pau no Gato. Primeiro período em duas frases
musicais (compassos 1 – 8).
Figura 6 - Primeiro Caderno da Karina nº 1: Atirei um pau no gato. Compassos 9 – 18. Segundo
período.
22
Inciso fraseológico vem a ser o menor elemento musical, presente na obra, que serve de base para
a construção da fraseologia musical da mesma. Pode ser um intervalo melódico, uma célula rítmica
ou outro elemento musical que possua essa característica.
26
Figura 7b - Primeiro Caderno da Karina nº1: Atirei um pau no gato Compassos 9 – 13. Deslocamento
rítmico da melodia sobre a disposição tética do acompanhamento durante a seção B.
Como pode ser observado na figura acima, na segunda frase o elemento que
sofre deslocamento rítmico é a melodia, enquanto que o acompanhamento aparece
agora de forma tética, dando a sensação de que a melodia estaria acontecendo “fora
do ritmo”. O que requer atenção aqui é que, em ambas as seções, a disposição
vertical de melodia e acompanhamento é exatamente a mesma por praticamente
toda a obra (exceção ao primeiro e aos dois últimos compassos da melodia), sendo
que a maneira como ambas estão dispostas dentro do compasso faz com que soem
diferentes entre si. O comum dessa melodia (original folclórico) é que a mesma se
encontre em estado tético, como o que acontece durante o primeiro período,
fazendo com que a síncope do acompanhamento crie um balanço de fácil
entendimento rítmico para o ouvido cerebral devido ao fato de que a melodia se
encontra escrita como usualmente costuma-se cantá-la. Porém, durante o segundo
período ela aparece de forma anacrústica, com uma colcheia de adiantamento, ou
seja, a melodia inicia na última colcheia do compasso anterior ao invés de iniciar na
cabeça do compasso como ocorre na exposição. Isso faz com que o ritmo do
acompanhamento, aparentemente igual, cause um deslocamento no resultado final
do ritmo entre melodia e acompanhamento, como mostraram as figuras 7a e 7b.
27
Figura 8 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 1 – 10. Seção A.
28
Figura 9 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 13 – 22. Seção B.
harmonia (a partir dos acordes escritos na clave de sol) sugere, em relação com
essa mesma melodia, mi menor como tônica: i (compassos 13 a 16) – iv (compassos
17 a 19, aonde o primeiro grau vem acrescido da sétima menor (ré) e o quarto grau
de nona no compasso 17 e de nona e décima primeira (si e ré) nos compassos 18 e
19), seqüência essa que segue até o momento em que a melodia muda de tom e
passa para o soprano, iniciando a breve passagem contrapontística já mencionada.
Assim sendo, o que ocorre em questões de harmonia é o choque de intenções
modais diferentes entre melodia e acompanhamento. Além disso, há a diferença de
intenções modais e tonais entre as seções A e B, que provoca um contraste de uma
seção para a outra.
Dessa forma, observa-se que em uma obra bastante curta é possível se obter
diversos efeitos apenas com o artifício de sobreposição de modos diferentes, sendo
que o compositor utilizou os dois compassos finais (como mostra a figura 10) para
ratificar ainda mais essa sobreposição modal. Durante quase toda a seção A o
acompanhamento é formado por um acorde de tônica com quarta (fá – sib – dó),
cuja resolução natural da quarta indo para a terça só ocorre nesses dois compassos
finais, justificando, por fim, um caráter de harmonia tonal. Porém, simultaneamente
na clave superior, há um acorde (em segunda inversão) formado sobre o primeiro
grau com a quarta aumentada característico do modo lídio, que faz com que
novamente o caráter de interposição modal fique claro. Ainda, é observável que o
mini cluster – intervalo de segunda dentro do acorde no acompanhamento – é um
elemento causador de tensão harmônica, bem como elemento diferenciador modal
da obra, a partir das notas sib – dó (jônio) e si – dó (lídio).
Figura 10 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 11 e 12, utilizados apenas
para a coda da obra.
30
Figura 11a - excerto de Chopin: Noturno op.15 nº3 em sol menor. Compassos 150 – 152.
Figura 11b - excerto de Chopin: Noturno op.27 nº1 em dó sustenido menor. Compassos 99 – 101.
31
2.2.2 – Forma e estrutura: “Cai, cai, balão” foi escrita sobre uma forma em
estrutura ternária simples, cujo acompanhamento é caracterizado pelo ritmo acéfalo,
em caráter de contratempo. Sua estrutura é parecida com a aria da capo, com um
artifício diferente: o compositor escreveu separadamente dois compassos para o
final e os colocou logo após a barra de repetição da primeira seção (nos compassos
11 e 12) sob a indicação “só para o fim” (figura 11), onde normalmente haveria a
indicação “D.C. al fine” no final da segunda seção e a palavra “fine” indicada no final
da seção A.
Figura 12 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 6 – 16, com a coda
interposta entre as seções A e B.
Figura 13 - Primeiro Caderno da Karina nº 2: Cai, cai, balão. Compassos 1 – 10, primeiro período
dividido em duas frases de 5 compassos.
Essa divisão de frases em cinco compassos produz um efeito que só pode ser
percebido no momento em que houver a execução do ritornelo da seção A: a grande
pausa entre o final do compasso 10 e o início do compasso 1 é a indicação de que a
melodia começa, de forma acéfala, na anacruse do segundo compasso, sendo que,
inicialmente, a impressão que se tem é de que a melodia começa com a tradicional
anacruse do primeiro compasso. O recurso da repetição foi utilizado como forma de
expor mais claramente a construção da primeira frase em cinco compassos, uma
vez que, durante a exposição, as pausas de semínima e colcheia do primeiro
compasso não podem ser percebidas devido ao fato de o material sonoro ainda não
ter se iniciado (a não ser que já se conheça a partitura da peça).
33
Figura 14 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 1 – 9, clave superior.
Figura 16 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 13 – 22, segundo período dividido em duas frases de
cinco compassos.
35
Figura 17a - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 2 – 4, clave inferior. Célula
rítmica inicial.
Figura 17b - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 6 – 7, clave inferior. Célula
rítmica por diminuição.
Para deixar mais claro o que ocorre, é de bom cunho que aqui se exponha
uma relação entre a primeira célula rítmica e uma hipotética segunda célula rítmica
uniformemente diminuída da primeira, como mostra a figura abaixo:
Figura 19 - Relação hipotética de diminuição entre a célula rítmica original dos compassos 2 – 4 (linha
superior) e aquela dos compassos 6 – 7 (alterada).
primeira. Assim sendo, é mais correto afirmar que a segunda célula é uma
diminuição à metade da primeira com um deslocamento de ¼ de tempo para frente,
em vez da afirmação anterior de que a primeira célula seria uma aumentação da
segunda com deslocamento de ½ tempo para trás. Segundo o compositor Edino
Krieger, a obra de Henrique de Curitiba “é bem humorada na expressão de certos
condimentos brejeiros da rítmica brasileira” (KRIEGER, apud PROSSER in NETO,
2004, Pg. 184). Esse comentário que parece se aplicar ao fenômeno rítmico que
ocorre nesta obra justamente pelo fato de haver essa síncope rítmica responsável
pelo efeito que ocorre na primeira seção, gerando um balanço no acompanhamento
melódico.
Figura 20 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 16 – 18. Deslocamento de
célula rítmica acéfala (c. 16) para tética (c. 18).
Figura 21 - Primeiro Caderno da Karina nº2: Cai, cai, balão. Compassos 13 – 17, aumento seqüente
de ataques acordais no entre os compassos 14 – 17.
Figura 22 - Primeiro Caderno da Karina nº 3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8, clave superior. Melodia
da canção folclórica.
23
VARGAS, Túlio. Porta Retratos: Henrique Morozowicz. Gazeta do Povo, Curitiba, v.70, nº 21485,
pg. 8, 18 jun. 1988.
39
Figura 23 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8, contraponto da melodia.
Figura 24 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8, clave superior,
possibilidades harmônicas comumente usadas para essa melodia folclórica.
Figura 25 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8, clave inferior.
Contraponto da melodia.
Figura 26 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda cotia. Compassos 1 – 8, clave inferior.
Possibilidades harmônicas da contra-melodia.
Figura 28 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8: esquema harmônico da
seção A a partir da análise vertical das notas de maior duração dos compassos.
Figura 30 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 9 – 18, clave inferior.
Contramelodia.
Figura 31 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 9 – 18. Seção B. Harmonização
vertical.
Figura 32 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 19 – 28. Seção A'.
Figura 33 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 24 – 28. Esquema harmônico
da coda.
47
“Roda Cotia” foi escrita em uma estrutura ternária do tipo ABA', com uma
coda adicional de quatro compassos. A seção A expõe a melodia folclórica na clave
superior com um acompanhamento polifônico na clave inferior que percorrem os oito
primeiros compassos da obra, tendo um sinal de repetição no final do compasso oito
(vide figura 27). Após a exposição da melodia folclórica tem início a seção B, desde
o compasso 9 logo após a barra de repetição até o compasso 18, contendo material
musical utilizado na seção anterior (vide figura 29). O desenho melódico da clave
inferior é similar (como já foi previamente observado) ao da primeira seção e serve
como base para o material da clave superior, que contém a variação característica
da seção, presente nos compassos 15 e 17. O caráter da variação será analisado
24
Gonzaga, Maria Clara de Almeida. Música cênica para piano: Cinco peças brasileiras. Dissertação
de Mestrado pela Universidade de Campinas UNICAMP. 2002. Pgs 114 – 115
48
posteriormente, uma vez que o mesmo possui sua base em aspectos principalmente
rítmicos.
Figura 34 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 1 – 8. Divisão fraseológica da
seção A.
49
25
CHIAMULERA, Salete. Caderno de Trabalho (Análise Musical). 2009. Pg. 16
50
Figura 35 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 9 – 18. Inciso melódico na
seção B.
Figura 36 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 24 – 28. Inciso melódico na
coda.
51
Figura 37 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 9 – 18. Divisão fraseológica da
seção B.
26
RIEMANN, apud BENT, 1987 pg. 91
53
Figura 38 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Roda Cotia. Compassos 19 – 28. Divisão fraseológica da
seção A'.
2.4 – TIRI-LA-LA-LA
Figura 39 - Primeiro Caderno da Karina nº4: Tiri-la-la-la. Compassos 1 – 9, clave superior. Melodia
folclórica.
proposta na figura 39 não pode ser necessariamente tomada como real. Ao se unir a
melodia folclórica com o acompanhamento da clave inferior, constata-se que as
combinações entre as vozes levam a acordes cuja relação harmônica é mais
distante de dó maior do que a observada na melodia:
estaria nessa tonalidade. A segunda frase é a responsável por fazer validar essa
segunda hipótese devido à localização do acorde de si bemol maior entre dó maior
(compasso 7) e a nota dó (compasso 9). A relação entre esses acordes sugere a
relação cadencial V – IV – V na frase conseqüente, o que explica a possibilidade de
um centro tonal em fá maior. A figura abaixo apresenta um possível harmônico
esquema da seção A:
Figura 42 - Primeiro Caderno da Karina nº4: Tiri-la-la-la. Compassos 10 – 17. Esquema harmônico
tonal da seção B.
28
Local onde a nota si bemol aparece pela primeira vez no compasso.
58
Figura 43 - Primeiro Caderno da Karina nº3: Tiri-la-la-la. Compassos 18 – 21. Esquemático harmônico
tonal da coda.
A coda é o único trecho da peça que não possui, em seu todo, características
tonais de fá maior: no compasso 20 o acorde é formado a partir das notas láb – dó –
ré – fá# (com omissão da terça). O acorde em questão é um acorde de sexta
aumentada (estilo francês), em terceira inversão, que serve indiretamente como
subdominante de dó maior, através da função de dominante da dominante, conforme
diz Piston (1991):
29
Piston cita em seu livro quatro tipos de acordes de sexta aumentada: italiana, francesa, alemã e
suíça. No caso em questão, os três acordes referidos pelo compositor são o de sexta aumentada
italiana, francesa e alemã.
59
Figura 44 - diferentes resoluções de um acorde de sexta aumentada, bem como uma transposição
enarmônica na terceira linha para fins de notas atrativas.
30
PENALVA, apud NETO, 2004.
31
KRIEGER, apud NETO, 2004.
32
PENALVA, apud NETO, 2004.
61
34
BENT (1991, pg 90 – 91) diz que, na frase musical, uma unidade de energia (chamada por ele de
motivo) passa de um crescimento para um decaimento por meio de um ponto central de tensão
harmônica. A fase crescente da melodia é o que RIEMANN (apud BENT, 1991) chama de
64
Figura 49 - Primeiro Caderno da Karina nº4: Tiri-la-la-la. Célula rítmica do inciso fraseológico.
A coda, por sua vez, é formada de uma pequena frase, de quatro compassos
apenas, cujo acompanhamento em forma de acordes a diferencia das seções A e B.
Como mostrada na figura 43, a harmonia formada pelos acordes indicam uma
relação de tensão e relaxamento que sugerem as duas frases mostradas na figura
abaixo:
Figura 51 – Primeiro Caderno da Karina nº4: Tiri-la-la-la. Compassos 18 – 21. Esquema fraseológico
da coda.
Como já foi dito anteriormente, a coda é o único local da obra que não possui,
em seu todo, relações tonais de fá maior, sendo essas mais tendentes a lá menor
(tônica relativa de dó maior). Portanto, a relação harmônica de antecedente e
conseqüente pode ser estabelecida com foco em lá menor, cabendo aqui dizer que a
coda é o único trecho da obra onde se pode fazer uma análise fraseológica
baseando-se na harmonia, devido à estrutura fortemente homofônica nesse último
trecho da peça. Na figura 51, as ligaduras inferiores representam as duas pequenas
sub-frases que compõem a frase apresentada através da ligadura superior. O
acorde de sexta aumentada do compasso 20 possui uma não usual função de
dominante, cuja resolução ocorre no compasso 21 indica o final da frase. O acorde
de lá menor com sétima em terceira inversão presente nos compassos 19 e 21
indicam, como dito anteriormente, duas funções diferentes: passagem (compasso
19) e tônica (compasso 21), o que possibilita dizer que a função subdominante
representa o antecedente, enquanto que a tônica (antecedida pela sexta aumentada
com função de dominante) representa o conseqüente. Esta é uma coda
67
Figura 52 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 2 – 9, clave superior.
Melodia folclórica.
Figura 53 - Primeiro Caderno da Karina nº4: Ciranda, cirandinha. Compassos 2 – 9, clave superior.
Proposta de harmonização tonal simples da melodia folclórica.
Figura 54 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 1 – 11. Primeiro
período.38
Nota-se, através da figura 54, que são raros os momentos em que se pode
extrair no primeiro período um acorde com características tonais, ou seja, um acorde
formado por terças sobrepostas. O final da segunda frase (segundo tempo do
compasso 8 e primeiro tempo do compasso 9) é o único local do período onde um
acorde dessa natureza de fato aparece, fazendo com que a possibilidade de uma
harmonia tonal seja remota. O que parece sustentar esse “momento tonal” na obra
são os cromatismos, presentes em ambas as vozes, que dão um aspecto de notas
sensíveis, como mostra a figura abaixo:
36
KOELLREUTTER, 1996, pg. 28.
37
KOELLREUTTER, 1996, pg. 30.
38
No compasso 11, clave superior, a última colcheia corresponde, na verdade, à nota ré 3 – anacruse
do segundo período – ao invés da pausa de colcheia colocada na figura 54. Modificou-se apenas
para fins de clareza ilustrativa dos objetivos da figura.
69
Figura 56 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 1 – 5. Primeira frase.
Figura 57 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 6 – 11. Estruturas de
quartas no primeiro período.39
Figura 58 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 9 – 11, clave inferior.
39
Omitiu-se, assim como na figura 54, a nota melódica anacruse do segundo período para fins de
clareza ilustrativa dos objetivos da figura.
72
por trechos atonais e tonais, como também modais. O segundo período possui
exatamente a mesma melodia do primeiro, dividido igualmente em antecedente e
conseqüente, porém com acompanhamento diferente daquele utilizado pelo
compositor no primeiro período da seção:
Figura 59 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 12 – 21. Segundo
período.
Figura 60a - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 12 – 15, clave
superior. Frase antecedente.
73
Figura 60b - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 12 – 16, clave inferior.
Frase antecedente.
Figura 61a - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 7 – 11, clave inferior.
40
Característica observável, também, na segunda peça do ciclo “Cai, cai, balão”.
74
Figura 61b - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 17 – 21, clave inferior.
Essa pequena diferença de meio tom entre o início da cada uma das
estruturas da figura 61 é suficiente para causar uma mudança no resultado
harmônico final: a última nota da melodia forma (início do compasso 19) um acorde
por quartas ao invés de um por terças como o de mi menor do início do compasso 9,
fazendo com que agora não haja uma estrutura tonal como anteriormente. Apesar
das diferenças, ambas as estruturas culminam na nota dupla fá – sol (observável na
figura 61) que acaba por criar uma sensação de unidade na estrutura harmônica,
uma vez que essa nota dupla é responsável por conduzir a harmonia de volta ao
início da melodia. Assim sendo, esse intervalo de segunda maior 41 acaba por
assumir extrema importância no direcionamento da obra, uma vez que o mesmo se
encontra em todas as anacruses dos inícios de período (com exceção da anacruse
inicial).
41
Intervalo característico do “mini-cluster”.
75
Figura 62 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 21 – 23. Coda.
Assim sendo, o que se apresenta nessa obra é uma estrutura interna AA‟
(variação) – representada pelos dois períodos existentes dentro da seção – contida
dentro de uma estrutura externa AA (recorrência) representada pelos sinais de
repetição. O que diferencia as diferentes partes da estrutura interna são os
diferentes acompanhamentos da melodia folclórica que tornam os períodos
similares, porém diferentes. Já as grandes partes (seções) são diferenciadas pelos
“arredores” da repetição, ou seja, o compasso 1 e as casas 1 e 2 da repetição, que
76
Figura 63a - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 1 – 5. Início da seção
A1.
Figura 63b - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 21 e retorno ao
compasso 2 – 5. Início da seção A2.
As figuras 63a e 63b mostram como seria a leitura se a repetição fosse escrita
por extenso, com as semelhanças e diferenças entre si. A figura 63c abaixo mostra o
final da seção A2 a partir do mesmo compasso 21, expondo a diferença entre o a
repetição da seção e o fim da mesma:
Figura 63c - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 21 – 23. Seção A2.
Coda.
Uma vez que o conteúdo dos períodos um e dois é o mesmo dentro dos
sinais de repetição, essas pequenas diferenças de casa 1 e casa 2, que tornam as
77
grandes seções brevemente diferentes entre si, não impõem um caráter de variação
entre as seções, chegando-se à conclusão da estrutura AA coda para esta obra.
Figura 64 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 1 – 11. Primeiro período
dividido em duas frases (representadas pelas grades ligaduras).
42
Como no caso de “Cai, cai, balão”.
43
O número do compasso está designado conforme a edição pertencente à Biblioteca Renée
Devrainne Frank SEEC, cujo primeiro compasso é preenchido na escrita com pausas antes do início
musical propriamente dito, conforme a figura 64.
78
Figura 65 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Hipótese de início anacrústico
(fazendo com que o primeiro período corresponda aos compassos 1 a 10 ao invés de 1 a 11).
Figura 66 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 1 – 11. Intervalos de
terça no primeiro período.
Figura 68 - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 7 – 11, clave inferior.
Figura 69a - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 12 – 16, clave inferior.
Acompanhamento melódico, cujo trecho marcado com colchete representa a valorização do intervalo
de segunda.
81
Figura 69b - Primeiro Caderno da Karina nº5: Ciranda, cirandinha. Compassos 17 – 21, clave inferior.
Acompanhamento melódico, cujo trecho marcado com colchete representa a valorização do intervalo
de quarta.
Figura 70a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 9, clave inferior.
Melodia da canção folclórica.
Embora a melodia, que está escrita no modo eólio de ré, não possua a nota
sensível característica da tonalidade de ré menor, ainda assim é possível associá-la
a essa tonalidade, para isso utilizando o artifício de denominar determinadas notas
como sendo não pertencentes ao acorde, conforme a figura 70b:
Figura 70b - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 9, clave inferior.
Progressão harmônica simples da melodia folclórica.
compassos (2 – 8), essas duas vozes caminham ora em direções opostas e ora
paralelas, sempre iguais ritmicamente e com início acéfalo, conforme a figura 71:
Figura 71 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 8, clave superior.
Acompanhamento da melodia (clave inferior).
duplas em questão, mas convém aqui utilizá-los por questões de afinidade com a
tonalidade de ré menor. O resultado harmônico sugerido é mostrado na figura
abaixo:
Figura 72 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 2 – 5, clave superior.
Harmonia sugerida pelos intervalos entre as notas das mínimas.
Figura 74a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 6 – 8, clave superior.
Acompanhamento da melodia folclórica.
tonalmente definida, sem contar que a simultaneidade exata das notas da melodia
com as do acompanhamento levaria, em três dos quatro casos da figura 74b, na
formação de clusters.
Figura 75a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Mudança no acompanhamento
melódico entre os compassos 6 e 8.
Figura 75b - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 6 – 8. Deslocamento
horizontal da progressão harmônica sugerida na figura 70b.
Figura 76 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 9 – 11. Coda.
Figura 78 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 9 – 11. Simplificação da
direção melódica das vozes na coda.
44
Essa mesma característica pode ser observada nos clusters do acompanhamento da primeira peça
do ciclo, “Atirei um pau no gato”, que camuflam as notas da harmonia mais comum para aquela
melodia folclórica.
92
determinada nota com acidente ou sem, sendo que todos esses elementos também
são encontrados em uma coda de apenas três compassos. A estrutura contém todas
as características presentes em uma peça regida pelo sistema tonal: começo, meio
e fim.
Figura 80a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 11. Possibilidade
de seção dividida em três partes.
Figura 80b - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 11. Possibilidade
de seção dividida em duas partes.
Figura 81 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 11, clave inferior.
Melodia folclórica dividida em duas frases (compassos 1 – 5 e compassos 6 – 11, respectivamente).
45
Poderiam ser excetuados os dois primeiros tempos do primeiro compasso, pois se compõem
apenas de pausas e, com a ausência de um sinal de repetição, se tornam existencialmente
irrelevantes. Porém, por motivos da edição da Biblioteca Renée Devrainne Frank SEEC é
conveniente considerar os dois tempos em questão como componentes da obra.
95
A figura acima deixa mais clara a presença de uma constância rítmica tanto
entre as sub-frases como entre os fragmentos fraseológicos que compõem o
acompanhamento. Pode-se também observar uma similaridade entre as células
rítmica das sub-frases e dos fragmentos fraseológicos: grande parte da célula
rítmica das sub-frases tem relação de diminuição com a célula rítmica dos
fragmentos fraseológicos, o que mostra um padrão entre as mesmas. A figura
abaixo apresenta essa relação de diminuição.
Figura 84a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Célula rítmica da primeira sub-
frase.
Figura 84b - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Variação na célula rítmica
principal.
Figura 85 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 6 – 9. Segunda frase.
pode, de fato, ser considerada como inciso fraseológico da obra, visto que essa
célula rítmica compõe praticamente todos os compassos da peça.
Figura 86a - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 3, clave inferior.
Figura 86b - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 1 – 3, clave inferior.
Inciso fraseológico, representado pela ligadura de frase.
Figura 88 - Primeiro Caderno da Karina nº6: Terezinha de Jesus. Compassos 9 – 11. Fraseologia da
coda.
Na figura 88, o trecho sublinhado com a letra “a” mostra a estrutura rítmica do
par de unidades de motivo (zweitaktgruppe), presente em trecho melódico da coda
(voz superior). A letra “b” representa a estrutura rítmica, na voz inferior, padrão do
acompanhamento entre os compassos 2 e 5, unido agora à melodia sem estar
deslocado ritmicamente em relação à ela como o que ocorreu entre os referidos
compassos 2 e 5. A letra “c” representa o elemento de variação rítmica entre as
frases antecedente e conseqüente da melodia folclórica. Nota-se na coda uma
síntese dos principais elementos formadores da melodia e do acompanhamento,
revelando mais uma vez a importância do ritmo na formação não só da melodia,
como também do acompanhamento, uma vez que a célula rítmica do
acompanhamento é, durante a melodia, deslocada em relação à mesma, enquanto
que na coda não há deslocamento. Uma vez mais nota-se a característica do
compositor Henrique de Curitiba de unir diversos elementos em um pequeno
100
Figura 90 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 8. Melodia folclórica com
acompanhamento homofônico.
102
Figura 91a - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 4. Esquema harmônico.
46
PERSICHETTI, 1985, pg. 12 – 13.
104
Figura 91b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 4. Classificação dos
acordes consonantes e dissonantes dos compassos um a quatro. Ambiente dissonante.
Figura 92b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 5 – 6. Acordes formados a
partir das notas do acompanhamento e melodia.
Figura 92c - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 7 – 8. Blocos harmônicos
do acompanhamento melódico.
A figura acima (92c) chama atenção ao fato que os dois últimos compassos
terminam com um acorde de tônica relativa de fá maior, ou seja, um grau bastante
próximo à tônica. Dessa forma, obtém-se um ciclo harmônico que inicia na tônica
107
(compasso 1), passa por uma seção com caráter de dominante (compassos 3 e 4) e
segue até descansar em um acorde simples de tônica relativa (compasso 8), cujo
caminho harmônico pode ser indiretamente definido pelos graus I – V – vi, formando
uma cadência de engano. Após todas as observações, nota-se que o
acompanhamento por segundas é responsável pela sensação de tensão harmônica
do trecho, que acaba por induzir indiretamente a presença de uma função harmônica
tonal de dominante. Dessa mesma forma, o acompanhamento por quartas no
compasso oito acaba por “aliviar” a tensão harmônica gerada pelos acordes de
segundas, gerando uma sensação de relaxamento, ou seja, de volta à tônica (que,
no caso, é a tônica relativa), como mostra a figura abaixo:
Figura 93 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 8. Panorama harmônico
tonal.
Figura 95a - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 12 – 15.
Los acordes por quartas justas son ambíguos devido a que, como todos los
acordes contruídos com intervalos eqüidistantes (acordes de séptima
disminuída o triadas aumentadas), cualquier miembro del acorde puede
funcionar como fundamental. La indiferencia a la tonalidad de estas
armonías que carecen de fundamental pone el peso de la verificación tonal
sobre la parte com línea melódica más activa. (PERSICHETTI, 1985, pg.
96).
mais ativa, ou seja, a tônica final (igual nos últimos acordes dos dois compassos)
passa a ser fá devido à sua característica melódica na passagem. Dessa forma, a
peça se encerra harmonicamente com mais uma pequena ambigüidade que,
surpreendentemente, pende para a tônica como acorde final, fechando um ciclo
harmônico de início e fim na tônica que sustenta o caráter tonal da obra.
48
Quite apart from the universality of the basic models , there are many
difficulties in determining criteria for their recognition. For some analysts,
identity or non-identity is determined by thematic character; for other, by key
scheme; for other, by length of units. Thus, for Dahlhaus (RiemannL 12,
1967), the prime conditions of the two-part Liedform |:A:||:B:| are, first, that
the first part ends on a half-close in the tonic or a full close in a related key,
and, second, that the parts are melodically different (…) For Scholes („Form‟,
Oxford Companion to Music, 1938, 10/1970), binary form rests on the key
scheme |: tonic-dominant (or relative major) :||: dominant (or relative major)-
tonic:| and on the absence of „strong contrast‟ in thematic material. (BENT,
1987, pg. 89).
48
BENT (1987) cita dois modelos estruturais como sendo fundamentais na construção da forma:
binário – AB – e ternário – ABA. (BENT, 1987, pg. 88)
111
Figura 96 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 4 (primeiro sistema) e
compassos 9 – 11 (segundo sistema). Inicio das seções.
De acordo com Dahlhaus (apud BENT, 1987), uma das condições para que a
forma AB ocorra é a diferenciação melódica entre as duas seções; segundo
Scholees (apud BENT, 1987), a forma AB segue uma determinada seqüência de
tonalidade entre as seções (|: tônica - dominante (ou relativa):||: dominante (ou
relativa) – tônica:|). Ao se observar a figura 96, nota-se um elevado grau de
similaridade entre o início da linha melódica das duas seções, cuja continuação
melódica é idêntica em ambas (figura 96b), mantendo-se diferentes apenas pelo
caráter do material acompanhante à melodia. O fator diferencial entre os inícios de
ambas as seções é o número de compassos da frase – quatro no início da primeira
seção e três no início da segunda – mas não chega a comprometer o caráter de
semelhança entre eles. Além disso, a relação tonal supracitada por Scholes não
ocorre nesta peça (ocorre um padrão tonal parecido com |:tônica:||:tônica:| como
visto durante a análise harmônica), se tornando dois motivos aparentemente
suficientes para denominar o padrão entre as seções como sendo de variação, e
não contraste. Dessa forma, conclui-se que o padrão estrutural que mais se encaixa
para o material da peça é AA‟ e não AB.
112
Figura 96b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 5 – 8 (primeiro Sistema) e
compassos 12 – 15 (segundo sistema).
Figura 97 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 8, clave superior. Divisão
fraseológica da melodia folclórica.
Ainda que a célula rítmica principal não seja a inicial, as duas frases,
antecedente e conseqüente, apresentam, em sua totalidade, um padrão rítmico de
49
Apenas para fins de facilitar o estudo rítmico-melódico, considerar-se-á, neste caso, o compasso
2/2 como tendo quatro tempos com o valor de uma semínima, ou seja, um 4/4.
114
Figura 99 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 8, clave superior. Inciso
fraseológico da melodia folclórica.
Figura 100a - Compassos 1 – 4 da melodia folclórica simplificada às notas dos tempos 1 e 3 (primeiro
sistema) e tempos 1,2 e 3 (segundo sistema).
Figura 100b - Compassos 5 - 8 melodia folclórica simplificada às notas dos tempos 1 e 3 (primeiro
sistema) e uma segunda simplificação às notas dos tempos 1,2 e 3 dos compassos 5 e 6e tempos 1 e
3 dos compassos 7 e 8 (segundo sistema). Presença do inciso melódico (sublinhado).
Figura 101a - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 1 – 4, clave inferior. Inciso
fraseológico, em seqüência, no acompanhamento.
Figura 101b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 5 – 8, clave inferior.
Acompanhamento melódico.
Figura 102a - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 9 – 15. Segunda seção,
antecedente (9 – 11) e conseqüente (12 – 15).
Figura 102b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 9 – 15, somente a linha
melódica.
Figura 103 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Comparação entre as melodias da
primeira seção (primeiro sistema) e segunda seção (segundo sistema).
Figura 104 - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compasso 9 – 11. Presença do inciso
fraseológico na construção polifônica.
Figura 104b - Primeiro Caderno da Karina nº7: Frère Jacques. Compassos 12 – 15. Presença do
inciso fraseológico na frase conseqüente da seção B.
50
Título traduzido na partitura: “Raposa malandra, você roubou o ganso.”
121
Figura 107a - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du hast. Compassos 1 – 7. Melodia com
simplificação do acompanhamento às suas notas
Figura 107b - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 7, possibilidade
harmônica.
polifonia da peça, o que acarreta uma vez mais em uma ambigüidade harmônica
característica na escrita do compositor.
Para finalizar, um breve estudo dos compassos 8 e 9, que formam uma coda.
A coda de “Fuks du hast” apresenta um material de estrutura homofônica
contrastante à polifonia da seção que antecede a mesma 51. A melodia é bastante
singela e de caráter rítmico e marcial, com acompanhamento em notas duplas de
segunda e quarta:
Figura 108 - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 8 – 9.Coda.
Figura 109 - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Possibilidades harmônicas na coda.
Tônica (primeiro sistema) e tônica relativa (segundo sistema).
52
BENT, 1987, pg. 88.
125
Figura 110 - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Divisão estrutural.
Figura 111 - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 7, clave superior. Divisão
fraseológica.
A frase antecedente possui uma unidade rítmica principal, que vem a ser a
célula rítmica do primeiro compasso, que pode ser dividida em duas partes
correspondentes aos tempos 1 – 2 e 3 – 4, respectivamente. A primeira parte é
idêntica nos três compassos, enquanto que ocorre, na segunda parte dos
compassos (tempos 3 – 4), uma característica de elongação no tempo 3 (compasso
2) e tempos 3 – 4 (compasso 3) que cria o aspecto de contraste dentro da estrutura
rítmica da frase, conforme mostra a figura 112a:
Figura 112a - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 3, clave superior.
Divisão rítmica da frase antecedente.
Figura 112b - Primeiro Caderno da Karina : Fuks du Hast. Compassos 4 – 7, clave superior. Divisão
rítmica da frase conseqüente.
Figura 112c - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 7, clave inferior. Divisão
rítmica no acompanhamento.
Figura 113a - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 7, clave superior. Inciso
fraseológico.
Figura 113b - Primeiro Caderno da Karina nº8: Fuks du Hast. Compassos 1 – 7. Intervalos de
segunda destacados pela articulação.
Figura 114a - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8, clave superior.
Melodia folclórica com harmonização elementar.
Figura 114b - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8, clave inferior.
Acompanhamento melódico.
53
Titulo traduzido na partitura: “Era uma vez dois gatinhos.”
130
Figura 115a - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 4. Possibilidade
harmônica.
Figura 115b - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Acordes com sons adicionais nos
compassos 1 – 455.
54
PERSICHETTI, 1985.
55
O acorde do primeiro tempo dos compassos 3 e 5 são, na estrutura de tríade, acordes com sétima
e quinta omitida, escritos alteradamente na figura em sua forma completa.
131
Figura 115c - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 4. Formações de
quartas nos acordes com sons adicionais.
Figura 116 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 5 – 6. Possibilidade
harmônica.
Figura 117 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 7 – 8 (casa 1).
Harmonização.
Essa breve tonicização do quarto grau durante o compasso 8 (casa 1), acaba
por tornar ainda mais ambígua a harmonia dos quatro compassos iniciais da peça.
Segundo Persichetti (1985), o acorde por quartas justas, devido à sua indiferença
tonal pela formação em intervalos eqüidistantes, revela sua nota fundamental
através da linha melódica mais ativa56, o que revelaria a nota lá como fundamental
do primeiro acorde do primeiro compasso devido à sua presença na melodia
folclórica. Porém, durante a tonicização do quarto grau no compasso 8 (casa 1), há
uma linha melódica cromática descendente que culmina, na volta ao primeiro
compasso, na nota si, o que possibilita considerá-la como fundamental do primeiro
acorde por quartas da peça. Dessa forma, há duas possibilidades de fundamental no
primeiro acorde, o que modificaria sua função harmônica, gerando duas
possibilidades:
56
(PERSICHETTI, 1985, pg. 96)
133
Figura 118 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8, esquema harmônico
em função da tônica melódica ré maior.
Figura 119 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compasso 8 (casa 2). Desfecho
harmônico em uma dominante individual.
57
MOROZOWICZ, apud PROSSER in NETO, 1994, pg. 185.
135
Figura 120a - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8 (casa 1). Seção A1.
136
Figura 120b - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8 (casa 2). Seção A2.
Figura 120c - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. Kotki dwa. Compassos 1 – 8 (casa 1). Divisão
seccional da seção A1.
Figura 121 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Divisão fraseológica.
58
Esse é um aspecto de semelhança com a peça “Ciranda, cirandinha”, com a diferença de que nesta
o padrão interno é de contraste, e naquela, de variação.
138
observar na figura 121. Quando a análise passa ao âmbito da peça como um todo, a
diferença entre as frases antecedente e conseqüente passa a ser, além da melodia,
a mesma que difere os acompanhamentos das sub-seções A1 e A2. Um dos
aspectos que chamam a atenção é, na frase antecedente, a presença do elemento
ostinato tanto na melodia quanto no acompanhamento (figura 122a), fazendo com
que fique mais expressivo o contraste entre antecedente e conseqüente na melodia.
Figura 122a - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. Kotki dwa. Compassos 1 – 4. Ostinato
fraseológico no antecedente.
Figura 122b - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 5 – 8 (casa 1). Contraste
no conseqüente.
Figura 123 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8 (casa 1). Inciso
melódico e células rítmicas na melodia.
Figura 124 - Primeiro Caderno da Karina nº9: A. a. kotki dwa. Compassos 1 – 8 (casa 1). Variação e
recorrência rítmica nas seções A1 e A2.
140
59
Titulo traduzido na partitura: “Gato, gato...ei seu gato”.
141
Figura 126 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8. Harmonia e
contraponto.
Figura 127 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8, clave
superior. Pontos rítmicos harmônicos.
60
Elisão harmônica ocorre quando uma função é suprimida. Ex: uma seqüência de dominantes
individuais por ciclos de quinta como V/vi – V/ii – V/V, que ocorre nos compassos 2,3 e 4 da peça
Liebestraume nº3 de Franz Liszt, onde todas as tônicas são suprimidas.
61
Mesmo recurso de alteração optativa utilizado em “Terezinha de Jesus” (compasso 9).
143
Figura 128 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16. Harmonia e
contraponto.
Figura 129 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16, clave
superior. Pontos rítmicos harmônicos.
Figura 130 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 15 – 16.
Ornamentações e harmonia.
Figura 131 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8. Seção A.
Figura 132 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16. Seção A‟.
62
Em “A. a. Kotki Dwa”, a barra de repetição transforma as duas seções iguais em tamanho e em
estrutura interna, o que caracteriza o modelo estrutural de recorrência AA.
147
Figura 133 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8, clave
superior. Fraseologia da seção A.
Figura 134a - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 4, clave
superior. Construção fraseológica do antecedente.
Figura 134b - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 5 – 8, clave
superior. Construção fraseológica do conseqüente.
63
Grupo motívico de dois compassos.
148
Figura 135 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8, clave
superior. Construção fraseológica do período.
Na figura acima:
Figura 136 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8, clave inferior.
Melodia contrapontística.
64
Refere-se ao elemento como c e não como (b‟‟)‟ devido a sua inexistência na melodia folclórica,
sendo que os demais elementos estão presentes diretamente na melodia.
150
Figura 137 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8. Relações de
contraponto entre as vozes na seção A.
Figura 138 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16, clave
inferior. Melodia contrapontística.
haja uma diferença no ultimo tempo da célula b‟‟ (compasso 16), considera-se igual
à célula do compasso 8 (voz superior), visto que as funções rítmicas e melódicas
entre a melodia nesses dois compassos é semelhante 65. Afora as naturais
diferenciações melódicas entre as linhas melódicas inferiores das seções, em
especial a alteração opcional na voz inferior do compasso 15, a principal diferença
entre as seções se encontra na disposição vertical entre as vozes, mostrada na
figura abaixo:
Figura 139 - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16. Relação de
contraponto entre as vozes na seção A‟.
65
Ambas as células representam o ritmo final da frase, cuja transformação de mínima (compasso 8)
para semínima (compasso 16) não altera a intenção rítmica entre ambas. Dessa forma, dado que a
célula da clave inferior (compasso 16) é idêntica ritmicamente à da voz superior, a função permanece
a mesma, ou seja, a célula rítmica b‟‟.
152
Figura 140a - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 1 – 8. Inciso
fraseológico no contraponto.
Figura 140b - Primeiro Caderno da Karina nº10: Mietze, mietze, katze. Compassos 9 – 16. Inciso
fraseológico no contraponto.
66
Vide a peça “Cai, cai, balão”, segunda o ciclo aqui analisado.
154
Figura 141b - Primeiro Caderno da Karina nº 11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 6, clave
superior. Melodia folclórica.
67
Título traduzido na partitura: “Tinha um gatinho na cerca”.
68
Novamente, segundo SCHOEMBERG (1922), existem casos em que basta a citação I – V – I para
fixar a tonalidade.
155
Figura 142 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 6.
Encadeamento harmônico da melodia.
Figura 143 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compasso 3. Ambigüidade
harmônica.
são pertencentes ao acorde de tônica com sétima maior adicional, não deixando
dúvidas a respeito do resultado harmônico geral do compasso. Como se pode
observar nessa exposição melódica, apenas a observação do comportamento
vertical das vozes não é suficiente para definir com precisão o caminho harmônico
da melodia, é necessária também uma análise horizontal para melhor compreender
determinados trechos onde a harmonia não aparece de forma tão clara. A
ambigüidade é um dos fatores característicos da harmonia do século XX, como pode
ser observado no trecho abaixo, extraído do livro “Armonia del siglo XX” de Vincent
Persichetti:
69
Vide, por exemplo, o parte dedicada ao contraponto no tratado “ Le Institutioni Harmoniche” (1558)
de Gioseffo Zarlino. Vide também “Gradus ad Parnassum” de Johann Fux (1725).
157
Figura 144 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 12, clave
superior.
Figura 145 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 7 – 12. Harmonia
nos compassos 7 – 12.
Figura 146 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 12. Harmonia
em blocos de acordes.
Figura 147 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 7 – 14. Melodia com
variação e coda.
70
A nomenclatura em algarismos romanos corresponde àquelas presentes nas figuras 142 e 145.
159
2.11.2 – Forma e estrutura: “Wlas kotek na plotek” é mais uma das peças
deste ciclo com um padrão estrutural de recorrência (AA). Há a exata repetição dos
compassos 1 – 12 que não deixam dúvida quanto a isso. Uma análise mais interna
revela um padrão diferente daquele entre os referidos compassos. Como foi
observado no item anterior, a melodia folclórica é exposta e re-exposta de maneira
diferente, o que presume um caráter de variação e não de recorrência. Dessa forma,
divide-se a seção A (compassos 1 – 12) em suas subseções menores de seis
compassos cada, que contêm a melodia e sua variação, conforme mostra a figura
abaixo:
Figura 148 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 12. Divisão
seccional.
de oito compassos de Riemann (apud BENT, 1987, pg. 91). Na divisão de oito
compassos, há um par de motivos (zweitaktgruppe) que se agrupam em níveis
fraseológico-estruturais de quatro (halbsatz) e oito (periode) compassos72. Na
divisão fraseológica da melodia folclórica aqui em questão, a proporção é defasada
devido ao número ímpar (três) de compassos formando halbsatz (antecedente) e
nachtsatz (conseqüente). Como será visto na figura a seguir, o período de seis
compassos é divido em antecedente e conseqüente de três compassos cada, cujos
motivos contrastantes dividem-se em um grupo de 2 compassos e outro de um
(“eintaktgruppe”), respectivamente.
Figura 150 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas Kotek na plotec. Compassos 1 – 6, clave inferior.
Linha melódica no baixo.
72
Vide: BENT, Ian. Analysis. W. W. Norton Company, NY, 1987, pg 91).
161
Figura 151 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 6. Polifonia
entre a voz melódica e as notas acentuadas do acompanhamento.
Figura 152 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 7 – 12, clave
superior. Divisão fraseológica da melodia com variação.
73
Valsa e mazurca foram dois gêneros musicais explorados instrumentalmente pelo compositor
Fryderyk Chopin, cuja nacionalidade representa a descendência de Henrique Morozowicz, revelando
um aspecto de influência do primeiro no segundo.
162
Figura 153 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 7 – 12. Quartas
paralelas no acompanhamento melódico.
de terça o elemento que pode ser considerado como célula de inciso fraseológico,
visto que o mesmo aparece basicamente em toda a parte melódica da peça, como
mostra a figura abaixo:
Figura 154 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 14. Inciso
melódico na obra.
Figura 155 - Primeiro Caderno da Karina nº11: Wlas kotek na plotek. Compassos 1 – 12, clave
superior. Relação entre ritmo e inciso fraseológico na seção A.
Conclui-se, por fim, que a rítmica da peça está inteiramente relacionada com
o inciso fraseológico da mesma, mostrando mútua presença na variação estilística
do duplo caráter de dança, principal elemento de contraste existente em uma peça
cujo modelo de recorrência AA domina a construção estrutural da mesma.
Figura 156 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 1 – 4. Introdução.
74
Tradução escrita na partitura: Hop, hop, os cavalos à galope.
165
Figura 157 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Seção A.
Harmonização.
Figura 158 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Contraste
entre tonalidade e politonalidade.
Figura 159 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 13 – 21.
Politonalidade e tonalidade na seção A‟.
75
Esse esquema harmônico foi usado pelos compositores do século XVIII, principalmente, para a
diferenciação harmônica entre exposição e re-exposição temática na forma sonata, por exemplo.
168
Figura 160 - relação indireta de dominante entre sol bemol maior com sétima e fá maior.
Conclui-se, então, que “Hop, hop, hop galop” apresenta uma ambigüidade
harmônica (elemento característico da nova concepção de tonalidade do
compositor76) a partir do uso do politonalismo, cujo contraste com trechos de
tonalidade singular reforçam os caminhos oblíquos percorridos pela harmonia.
76
MOROZOWICZ, apud PROSSER in NETO, 1994, pg. 185
169
Figura 161 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Elemento de
variação seccional nos compassos 11 – 12.
77
Aspectos formais e estruturais, no geral, são modelos fixos no sentido de que, uma vez compostos,
não são passíveis de variação. A repetição indicada pelo compositor torna a estrutura variável quanto
ao número de compassos existente na mesma, de acordo com a quantidade de vezes que o trecho
será repetido pelo intérprete.
170
Figura 162 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 13 – 21. Elementos
de variação na seção A‟.
Por fim, conclui-se que o modelo estrutural obra é o de AA‟, ou seja, uma
estrutura de variação. Outro fator diferenciador na estrutura dessa peça é a
presença de um material de introdução, ao invés do comumente usado material da
coda. Como elemento de novidade presente nessa peça, tem-se a variação
estrutural no aspecto de duração seccional, como já foi supramencionado.
Figura 163 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 1 – 2, clave inferior.
Subdivisões da célula rítmica principal.
tempos fortes, enquanto que em A2/B2 as notas duplas o fazem, havendo, então,
uma relação de alternância entre os compassos 1 e 2. As subdivisões da célula
rítmica da figura 163 compreendem grande parte da construção do
acompanhamento melódico, sendo considerado elemento de suma importância da
composição.
Figura 164 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Rítmica na
seção A.
Figura 165 - Primeiro Caderno da Karina nº12: hop, hop, hop galop. Compasso 21 (repetição).
Rítmica.
Figura 166 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 21. Elementos
rítmicos na melodia folclórica.
Da figura 166, conclui-se que a melodia apresenta uma rítmica não complexa
– formada apenas por dois elementos, A e B – trabalhados de forma melódica em
alternância de pentacordes ascendentes, descendentes e tríades.
78
Devido à repetição contínua dos compassos 11 – 12, o resultado fraseológico do período não
corresponde ao modelo proposto por Hugo Riemann devido ao aumento do número de compassos
devido à referida repetição. Apenas para fins de estudo da fraseologia, considera-se a ausência da
repetição no trecho em questão.
173
Figura 167 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Divisão
fraseológica da melodia folclórica na seção A.
Figura 168a - Primeiro Caderno da Karina nº12: hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 8. Contraste na
frase antecedente da melodia folclórica.
Figura 168b - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 9 – 12. Contraste
na frase conseqüente da melodia folclórica.
Figura 169 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 13 – 21. Divisão
fraseológica da seção A‟.
Figura 170 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 13 – 21. Inciso
79
fraseológico na melodia da seção A‟.
Figura 171 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 1 – 4. Elementos do
inciso na introdução.
79
O inciso é equivalente na melodia da seção A. Optou-se pela demonstração na seção A‟ devido ao
compasso final adicional.
176
Figura 172 - Primeiro Caderno da Karina nº12: Hop, hop, hop galop. Compassos 5 – 12. Inciso
fraseológico no acompanhamento melódico.
3 - CONCLUSÕES
84
PERSICHETTI, 1985, pg. 111.
179
cria alguma forma de tensão na estrutura harmônica, fazendo com que a melodia
folclórica soe de forma incomum e nova aos ouvidos acostumados com a harmonia
tradicional dessas canções.
85
PERSICHETTI, 1985. Pg. 96.
180
86
Ibid. Pg 96.
87
MOROZOWICZ, apud PROSSER in NETO, 1994, pg 185.
88
GONZAGA, Maria Clara de Almeida. Musica Cênica para Piano: Cinco Peças Brasileiras.
Dissertação de Mestrado pela Universidade de Campinas – UNICAMP, sob orientação do prof. Dr.
Mauricy Martin. 2002.
181
A forma parece ser o mais importante na obra desse músico que, com seu
extraordinário poder de síntese, apresenta uma produção que funde o
compositor brasileiro com suas raízes eslavas; é significativa a sua
contribuição para o repertório pianístico de uma maneira muito pessoal, já
que o piano era o seu instrumento. (CARNEIRO, Gyovana. In Vino Veritas:
89
A viagem musical de Henrique de Curitiba, 2008, pg.232).
89
Disponível em: http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/RevistaCientifica3/22_Gyovana_Carneiro.pdf.
90
BENT, 1987, pg. 88.
91
Disponível em: http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/deloise_lima.pdf
182
92
Apud BENT, 1987.
183
REFERÊNCIAS
ANEXOS
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