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Distribuição da radiação solar em Portugal Energia fotovoltaica: Conversão da radiação solar diretamente em corrente elétrica através

dos materiais semicondutores que constituem as células solares ou fotovoltaicas (ex. silício).
O excedente produzido pode ser vendido à rede elétrica.
Conceitos:
Energia térmica ativa: Captação da energia contida na radiação eletromagnética e posterior
Vertentes soalheiras: Encostas com maior exposição aos raios solares. No hemisfério norte, conversão em energia térmica, através da tecnologia dos coletores solares.
para os lugares com latitude superior a 23⁰ 27', as vertentes soalheiras encontram-se viradas a
sul. O inverso acontece no hemisfério sul. Energia térmica passiva: Tipo de energia que permite o aquecimento/arrefecimento dos
edifícios sem recurso a sistemas mecânicos ou elétricos. O princípio básico é a adaptação da
Vertentes umbrias: Vertentes menos expostas aos raios solares. No hemisfério norte, para os construção ao clima, de forma a otimizar os processos de retenção de calor no inverno e
lugares com latitude superior a 23⁰ 27', as vertentes umbrias estão viradas a norte. O inverso arrefecimento no verão.
acontece no hemisfério sul.
Turismo: Deslocação nacional ou internacional de indivíduos para lugares diferentes da sua
Temperatura média: Valor médio das temperaturas registadas durante o dia, o mês ou o ano. área de residência, por um período inferior a um ano, tendo como motivação férias, lazer,
negócios ou outros não remunerados. É um dos setores mais relevantes da economia mundial,
Temperatura média mensal (TMM): não só pela população que movimenta, mas também pela riqueza que gera.
𝑑𝑖𝑎 1 + 𝑑𝑖𝑎 2 + 𝑑𝑖𝑎 3 + 𝑑𝑖𝑎 4 + 𝑑𝑖𝑎 5 (… ) + 𝑑𝑖𝑎 29 + 𝑑𝑖𝑎 30 + 𝑑𝑖𝑎 31
𝑇𝑀𝑀 𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜 =
31
Turismo balnear: Modalidade de turismo dominante em Portugal, que se desenvolve no
Temperatura média anual (TMA): litoral, associada ao sol e à praia.
𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝑓𝑒𝑣𝑒𝑟𝑒𝑖𝑟𝑜 + 𝑚𝑎𝑟ç𝑜 + 𝑎𝑏𝑟𝑖𝑙 + 𝑚𝑎𝑖𝑜 + 𝑗𝑢𝑛ℎ𝑜 + 𝑗𝑢𝑙ℎ𝑜 + 𝑎𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜 + 𝑠𝑒𝑡𝑒𝑚𝑏𝑟𝑜 + 𝑜𝑢𝑡𝑢𝑏𝑟𝑜 + 𝑛𝑜𝑣𝑒𝑚𝑏𝑟𝑜 + 𝑑𝑒𝑧𝑒𝑚𝑏𝑟𝑜
𝑇𝑀𝐴 2021 =
12 A distribuição geográfica da radiação solar
Amplitude térmica: Diferença entre valores máximo e mínimo de temperatura. A radiação solar recebida à superfície da Terra varia ao longo do dia e do ano, mas também
de lugar para lugar, quer em termos de duração quer em termos de intensidade. Tal como
Amplitude térmica anual (ATA): Diferença entre o mês mais quente e o mês mais frio, referido anteriormente, os valores mais elevados são registados na região intertropical,
ocorrido durante um ano. diminuindo à medida que aumenta a latitude.
Amplitude térmica mensal (ATM): Diferença entre o dia mais quente e o dia mais frio, Em Portugal, devido à sua localização geográfica nas latitudes médias do hemisfério norte,
ocorrida durante um mês. entre os 320 38' N (limite norte de Portugal continental) e os 420 09' N (Funchal), a trajetória
aparente do Sol nunca atinge o zénite do lugar, contudo, é um dos países da Europa que
Amplitude térmica diária (ATD): Diferença entre a temperatura mais elevada e a apresentam valores mais elevados de radiação solar por unidade de superfície (fig. 12),
temperatura mais frio, ocorrida durante um dia. especialmente no verão. Nesta época do ano, como o ângulo de incidência dos raios solares é
maior no hemisfério norte, a altura do Sol em Portugal apresenta os valores mais elevados de
Normais climatológicas: Valor médio de um determinado elemento climático (temperatura, todo o ano, e os dias têm maior duração, facto que aumenta o tempo de exposição aos raios
precipitação, pressão atmosférica, etc.) ao longo de um período fixo de anos (normalmente, solares.
30 anos) para um determinado local, região, país ou área geográfica.

Gradiente térmico: Processo que descreve a taxa de variação da temperatura numa


determinada área.

Regime térmico: Variação habitual da temperatura de um dado lugar ao longo do ano,


permitindo a obtenção de um padrão de variação anual da temperatura para esse lugar.

Isotérmicas: Linhas que, num mapa, unem pontos com igual valor de temperatura.

Calor específico: Variação térmica de uma substância ao receber uma determinada


quantidade de calor, expressa em cal/g ºC (quantidade de calor que deve ser fornecido para
que 1 g de substância tenha a sua temperatura elevada a 1 ºC. Comparando o calor especifico
da água (1 cal/g ºC) e da areia (2 cal/g ºC) conclui-se que a quantidade de energia necessária
para aquecer a areia é menor e, por isso, o seu aquecimento é mais rápido. Assim, os oceanos
aquecem e arrefecem mais lentamente do que o continente devido ao calor especifico
elevado da água.
Isto acontece porque, enquanto o calor absorvido pelos oceanos é transferido até grandes
profundidades, a transmissão de calor num solo limita-se a uma camada de poucos
centímetros. Assim, no inverno, como o oceano ainda se encontra em arrefecimento,
apresenta uma temperatura mais elevada do que o continente, cujo arrefecimento se deu
mais rápido, o que vai aquecer as regiões do litoral. No verão, acontece o inverso, e
frescando as temperaturas nos lugares junto ao mar.

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A radiação solar global recebida no território nacional reflete-se nos valores da insolação
média anual do país, que regista um número médio anual de horas de sol variável entre 2200
e 3000, no continente, e cerca de 1700 nos Açores, e 2600 na Madeira (quadro 2).

A distribuição geográfica dos valores de radiação solar global e de insolação em Portugal,


independentemente das variações sazonais entre os meses de verão e de inverno, revela
contrastes espaciais significativos (figs. 13 a 17).

A análise da cartografia representada nas últimas páginas permite concluir que os valores da
radiação solar global à superfície apresentam, de uma forma geral, os seguintes contrastes
espaciais:

— Aumentam de norte para sul, mais precisamente de noroeste para sudeste. Os valores mais
elevados registam-se a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, com destaque para o
interior alentejano, o Algarve e o arquipélago da Madeira. Já os valores mais reduzidos
pertencem às montanhas minhotas (fig. 18);
— Aumentam do litoral para o interior;
— Diminuem à medida que aumenta a altitude dos lugares, registando-se os valores mais
baixos nas áreas de montanha;
— Variam entre arquipélagos, destacando-se o arquipélago da Madeira, que apresenta valores
de radiação solar e de insolação mais elevados.

Fatores condicionantes da variabilidade da radiação solar em Portugal


Os principais fatores climáticos que intervêm na distribuição geográfica da radiação solar e,
consequentemente, da insolação no território nacional são:
— A latitude;
— A proximidade/afastamento do mar;
— O relevo.

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Latitude podendo atingir o ponto de saturação, a partir do qual se desencadeia a condensação
consequente formação de nuvens. que diminuem os quantitativos de insolação e de radiação
A latitude é o principal fator interveniente na variação da radiação solar e da insolação entre solar à superfície.
o Norte e o Sul do país (doc. 1). Quanto à orientação do relevo, como à latitude de Portugal o Sol executa o seu movimento
anual aparente a sul. são as vertentes voltadas para sul. designadas por vertentes soalheiras,
as que recebem a radiação solar com maior ângulo de incidência e. como tal. as que registam
maior insolação. pelo contrário, as vertentes voltadas a norte. denominadas vertentes
umbrias. como estão menos expostas aos raios solares. têm mais horas de sombra, o que
implica uma menor insolação (fig. 20).

Na sequência do movimento anual aparente do Sol. quer o ângulo de incidência dos raios
solares quer a duração do dia natural são maiores no Sul, o que justifica os valores de
insolação e de radiação solar mais elevados.

O Norte do país, como é mais frequentemente afetado pela passagem de perturbações


frontais da frente polar, regista um maior índice de nebulosidade e, consequentemente. Uma Os contrastes estacionais da temperatura em Portugal
diminuição de insolação e de radiação solar.
A variabilidade sazonal e espacial da temperatura no território nacional está diretamente
A latitude também ajuda a explicar as diferenças significativas de radiação solar entre os relacionada com os valores da insolação e da radiação solar global do país.
arquipélagos dos Açores e da Madeira. Como as ilhas madeirenses se localizam a menor
latitude. recebem os raios solares com menor inclinação, especialmente na vertente sul,
registando valores que, mesmo no inverno. são superiores aos observados nos Açores. Por
outro lado, a localização atlântica das ilhas açorianas, numa zona de confrontação de massas
de ar com características distintas. contribui para que o arquipélago esteja, grande parte do
tempo, sujeito a nebulosidade de origem frontal. logo o baixo nível de insolação nesta região
insular (fig. 19).

Proximidade/Afastamento do mar

A variação dos valores de insolação e de radiação solar no sentido litoral-interior deve-se,


essencialmente, a fenómenos atmosféricos como a nebulosidade, o nevoeiro e a precipitação.
Assim, no litoral do país, especialmente a norte do cabo Carvoeiro, a proximidade do mar, a
maior fonte de vapor de água disponível, origina a ocorrência de períodos de maior
nebulosidade, uma maior frequência de nevoeiros e neblinas, bem como uma maior humidade
atmosférica. A conjugação destes fatores reduz a incidência da radiação solar, devido à maior
prevalência dos processos atmosféricos de absorção, reflexão e difusão e, consequentemente,
o número de horas de céu a descoberto.

O relevo

Os valores de insolação e de radiação solar são ainda influenciados pelo relevo,


nomeadamente, pela ação da altitude e da exposição das vertentes aos raios solares. No
primeiro caso. quanto maior for a altitude dos lugares, maior é a nebulosidade. devido a um
processo de elevação forçada das massas de ar ao longo das vertentes expostas ao vento,
designado por nebulosidade orográfica. Ao subir. o ar arrefece, aumenta a humidade relativa.

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Variabilidade espacial
A temperatura média anual varia entre
6 e 9 °C nas terras altas do Interior
Norte e Centro e valores superiores a
16 °C no Sul do país.
Variabilidade sazonal
As temperaturas médias mensais são mais elevadas nos meses de
verão e mais baixas nos meses de inverno.

Fig. Temperatura média mensal em Portugal continental –


IPMA.

Fig. Distribuição da temperatura média


anual em Portugal continental.Fonte:
Instituto Português do Mar e da Atmosfera

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Os fatores condicionantes da variação da temperatura

A radiação solar é o principal motor do aquecimento da Terra, pelo que os contrastes na


distribuição da temperatura resultam da influência dos mesmos fatores que intervêm na
variação da insolação e da radiação solar global.

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Latitude Proximidade/ afastamento do mar

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Altitude

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Relevo - Orientação das montanhas em relação à linha de costa

Relevo - Exposição solar das vertentes

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Madeira
 Relevo
- Altitude: a temperatura diminui das áreas centrais, mais altas, para a faixa
costeira.
- Exposição geográfica das vertentes: a orientação este-oeste do relevo, opõe as
vertentes viradas a norte (umbrias e expostas aos ventos húmidos) às vertentes viradas
a sul (soalheiras e abrigadas dos ventos húmidos), originando variações regionais
significativas da temperatura.

AÇORES

 Relevo
- Altitude: a temperatura aumenta das áreas centrais das ilhas, de maior altitude,
para as terras baixas da periferia.

 Correntes marítimas - influência moderadora da corrente quente do Golfo, que


ameniza a temperatura do ar das
áreas em contacto com o oceano. Temperatura média anual no arquipélago da Madeira.

A localização atlântica dos arquipélagos dos Açores e da Madeira acentua a influência do


oceano sobre a temperatura do ar destas regiões, originando amplitudes térmicas anuais
pouco significativas.

Temperatura média anual no arquipélago dos Açores Temperaturas médias mensais em algumas estações climatológicas insulares, com base nas normais climatológicas de 1971-2000 – IPMA

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Os fatores de variação da temperatura nos arquipélagos dos Açores e da Madeira A localização geográfica de Portugal confere-lhe, tal como vimos anteriormente, grandes
potencialidades para o aproveitamento económico da radiação solar. Com um número médio
A localização atlântica dos arquipélagos dos Açores e da Madeira acentua a influência do anual de horas de sol que, no continente, varia entre 2200 e 3000, sobressai como um dos
oceano sobre a temperatura do ar destas regiões, originando amplitudes térmicas anuais países da Europa com valores mais elevados de radiação solar por unidade de superfície, logo
pouco significativas. com melhores condições para aproveitamento deste recurso.

No caso do arquipélago dos Açores, as temperaturas aumentam das áreas centrais das ilhas, De entre as muitas alternativas de produção energética, a energia solar constitui a fonte de
que correspondem às áreas de maior altitude, para as terras baixas da periferia (fig. 40). energia mais abundante de Portugal. Para além das vantagens ao nível da redução da
Aqui, as temperaturas médias anuais variam entre os 16 e os 18 oc, recebendo a influência dependência energética do país face ao estrangeiro, com repercussões diretas no saldo da
moderadora da corrente quente do Golfo, que origina temperaturas médias da água do mar a balança comercial portuguesa, a aposta na energia solar é um dos caminhos para o país
oscilar entre os 16 oc no inverno e 20,5 oc no verão, refletindo na temperatura do ar das assegurar os compromissos internacionais em matéria de redução das emissões de gases de
áreas em contacto com o oceano. efeito de estufa. Contudo, apesar dos avanços significativos ao longo dos últimos anos ao
nível do aproveitamento da energia solar, esta representa ainda uma percentagem muito
No arquipélago da Madeira, as variações sazonais da temperatura são ainda menos reduzida no total de eletricidade produzida através de fontes renováveis (figs. 42 e 43).
expressivas, originando uma fraca amplitude térmica anual.
Em termos de aproveitamento energético, a radiação solar pode ser utilizada na produção de
No caso da ilha da Madeira, a maior desta região insular, a distribuição geográfica das diferentes formas de energia:
temperaturas médias põe em evidência contrastes significativos que se devem, por um lado, à
influência da altitude e, por outro, à orientação do relevo. - Energia fotovoltaica;
- Energia térmica ativa;
Os desníveis altimétricos da ilha traduzem-se num aumento da temperatura média anual das - Energia térmica passiva.
áreas centrais, de maior altitude, para a faixa costeira da ilha. No interior montanhoso, as
temperaturas médias podem descer abaixo dos 10 ⁰c, enquanto nas terras mais baixas da orla A par das potencialidades energéticas, a valorização económica da radiação solar passa
costeira podem superar os 20 ⁰c. Os contrastes térmicos da ilha são ainda influenciados pela também pela aposta no turismo, que se tem vindo a afirmar um setor estratégico para a
orientação este-oeste do relevo, que opõe as vertentes umbrias às soalheiras. Assim, a costa dinamização da economia nacional e diminuição das assimetrias regionais.
norte da ilha, para além de receber os raios solares com maior inclinação, está mais exposta
aos ventos húmidos de norte (alíseos), o que a torna mais fresca e húmida do que a costa sul.
Aqui, as vertentes, por se encontrarem voltadas a sul, estão mais abrigadas da ação dos
ventos e recebem os raios solares com um maior ângulo de incidência, o que justifica que as
temperaturas médias mais elevadas ocorram nesta parte da ilha (fig. 41)

A valorização económica da radiação solar

"A quantidade total de energia solar incidente na Terra excede em muito as atuais e
previstas necessidades energéticas mundiais. Se aproveitada adequadamente, essa
fonte de energia tem o potencial de satisfazer todas as necessidades futuras de energia.
No século XXI, espera-se que a energia solar se torne cada vez mais atrativa como fonte
de energia renovável, devido ao seu suprimento inesgotável e ao seu caráter não po-
luente, em forte contraste com os finitos combustíveis fósseis.
https://wvrw.dgeggov.pt/Iconsult.5fev 2021 1. "

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O aproveitamento energético " Documento 4
Números da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) mostram que no final de 2019
A energia fotovoltaica estavam instalados em Portugal
828 megawatts (MW) de capacidade fotovoltaica. O dobro de há cinco anos, altura em que a
Apesar de Portugal ser dos países com maior potencial para o aproveitamento da energia produção se fixou em 418 MW.
solar, o seu desempenho ao nível do aproveitamento desta fonte de energia é largamente Quase metade da produção nacional está no Alentejo, onde a energia solar já representa 12%
ultrapassado por países situados a latitudes mais elevadas e, como tal, com uma de toda a eletricidade consumida
disponibilidade natural de radiação solar muito inferior. É o caso da Alemanha, que na região. Em 2019, só o Alentejo, concentrou 46% de toda a produção solar fotovoltaica em
ocupa a liderança do continente em termos de capacidade fotovoltaica instalada (fig. 44) Portugal.
Fonte; Semanário Expresso, 2020-02-03"

A energia fotovoltaica tem inúmeras aplicações: fornecimento de eletricidade a lugares


remotos, sem ligação à rede elétrica pública; alimentação de sistemas autónomos (sistemas
de telecomunicações, sinalização, iluminação pública, bombagem de água para rega, etc.):
fornecimento de energia a veículos, autoconsumo das habitações, etc. Atualmente, há cada
vez mais edifícios que adotam sistemas elétricos integrados, que lhes permitem gerar energia
elétrica, tanto para uso doméstico como comercial, através de um sistema de painéis
fotovoltaicos ligados à rede elétrica de distribuição.

As vantagens deste tipo de energia são várias e, de uma forma geral, sobrepõem-se às
limitações (docs. 5 e 6).

A produção de energia fotovoltaica apresenta um potencial mais elevado nas regiões do Sul de
Portugal continental (fig. 45), especialmente no Algarve e no interior alentejano, uma vez
que, tal como referido anteriormente, são as regiões que detêm valores mais elevados de
Não obstante o atraso considerável em relação a outros países europeus e a prevalência das radiação solar e de insolação. O Alentejo, em particular, tem sido palco de grandes
energias hídrica e eólica na investimentos no âmbito da criação de centrais fotovoltaicas de grande dimensão. Só em 2019
produção de eletricidade através de fontes renováveis, Portugal tem realizado avanços muito entraram em funcionamento 19 novas centrais fotovoltaicas no Sul do país, a maior das quais
significativos no aproveitamento no concelho de Alcoutim, uma das maiores da Europa (fig. 46).
da energia solar. Nos últimos anos, o país duplicou a produção de energia solar fotovoltaica
(doc. 4). No espaço de cinco anos, Estes projetos, não obstante os impactes paisagísticos que apresentam, dado consumirem
Portugal duplicou a produção de energia solar muitos hectares de território, assumem uma importância vital no quadro da política
energética nacional. Por outro lado, ao contribuírem para a criação de emprego, para fixação
de população e de novas atividades económicas, têm um papel de grande relevo na
revitalização social e económica das regiões mais deprimidas do país, como é o caso do
interior alentejano.

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A energia térmica ativa

A energia solar térmica é outra das formas de aproveitamento energético da radiação solar.
Enquanto os sistemas fotovoltaicos convertem diretamente a radiação solar em eletricidade,
a energia solar térmica usa coletores para converter a luz solar em energia térmica, utilizada,
essencialmente, para aquecimento (fig. 47). As aplicações mais comuns da energia, solar
térmica são na produção de água quente sanitária para uso doméstico, no aquecimento de
piscinas, no aquecimento/arrefecimento do ar ambiente dos edifícios e em processos de
refrigeração industrial.

As potencialidades deste tipo de energia, quer do ponto de vista ambiental quer como
poupança energética e económica, transformam a energia solar térmica numa das mais
vantajosas e atrativas formas de energia renovável. Contudo, há ainda alguns
constrangimentos que contribuem para a fraca expressão do mercado solar térmico nacional
(docs. 7 e 8).

Em Portugal, o mercado da energia solar térmica encontra-se em crescimento, facto para o


qual contribuem os sistemas de apoio criados pelo Governo e os novos regulamentos sobre o
sistema de certificação energética e comportamento térmico dos edifícios, que incluem a
obrigatoriedade de instalação de energia solar térmica em todos os novos edifícios
residenciais (fig. 47 ). Contudo, o aproveitamento deste tipo de energia no território nacional
é ainda muito reduzido, comparativamente com países europeus, que têm uma
disponibilidade de radiação solar muito inferior, como é o caso da Alemanha, que representa
36% da capacidade solar térmica instalada da União Europeia (quadro 6 e fig. 48)

A energia solar térmica apresenta, à semelhança da fotovoltaica, maior potencial de


aproveitamento no Sul de Portugal continental, com destaque para alguns concelhos da raia
alentejana e do litoral algarvio (fig. 48 ), dado o elevado número de horas de sol a descoberto
nestas regiões do país.

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A energia térmica passiva

Para além do aproveitamento térmico e do aproveitamento fotovoltaico, a energia solar


também pode ser aproveitada de forma passiva, que prevê o aquecimento ou arrefecimento
dos edifícios sem recurso a sistemas mecânicos ou elétricos (fig. 49). O princípio básico reside
no conceito de arquitetura bioclimática, cujo objetivo principal é promover uma maior
eficiência energética dos edifícios e o conforto térmico para os utilizadores, através de
estratégias ao nível da conceção e construção dos edifícios que tenham em conta as
condições climáticas do local (doc. 9).

O setor do turismo tem vindo a reforçar, ano após ano, o seu papel estratégico na economia
nacional, com receitas que ascenderam, em 2019, a 8,7% do PIB nacional, reforçando a sua
posição de principal setor exportador da economia portuguesa (fig. 50).

A coroar as potencialidades turísticas do país está o clima de Portugal, com temperaturas


amenas no inverno, verões quentes, longos, secos e luminosos, precipitação concentrada nos
meses de inverno e valores de insolação dos mais elevados da Europa. Estas características
climáticas, associadas a um extenso litoral, com vastas praias de areias brancas e águas
Atendendo a que uma parte significativa da energia consumida pelos edifícios de habitação ou tépidas, transformaram o turismo balnear na principal modalidade turística do país, foco de
empresariais se destina a sistemas de climatização, as práticas de aproveitamento passivo da atração de milhares de turistas que todos os anos elegem Portugal como destino de férias.
energia solar podem contribuir para uma redução substancial dos consumos energéticos.
Quando aliados a sistemas ativos de aproveitamento da energia solar — fotovoltaicos e As principais regiões turísticas do país, atendendo ao número
térmicos —, os ganhos são ainda mais significativos, não só em termos económicos mas anual de hóspedes que recebem, são, por ordem de
ambientais. importância, a Área Metropolitana de Lisboa, a Região Norte
e o Algarve (fig. 51), com o sol e o mar a liderarem os
O aproveitamento turístico produtos turísticos com maior procura.
Mais uma vez, o sol continua a afirmar-se como um recurso
O passado de conquistas, a riqueza histórica e cultural, a diversidade paisagística, o clima estratégico para a economia portuguesa, neste caso, ao
temperado mediterrâneo e a hospitalidade do povo lusitano são alguns dos fatores que serviço do turismo (fig. 52).
justificam a expansão da indústria do turismo em Portugal, que se transformou num destino
turístico por excelência e um dos mais competitivos a nível mundial.

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Apesar de o turismo balnear continuar a predominar no leque de opções dos turistas,
recentemente, outros produtos turísticos têm emergido, com destaque para o turismo em
espaço rural, resultante da procura de um maior contacto com a Natureza e com os valores,
costumes e tradições das comunidades rurais. Esta tendência crescente de diversificação da
oferta turística tem permitido atenuar os efeitos da sazonalidade do turismo português,
dominado pelo turismo balnear, e pode constituir uma mais-valia para diminuir as assimetrias
regionais entre o litoral e o interior.

Apesar de o turismo balnear continuar a predominar no leque de opções dos turistas,


recentemente, outros produtos turísticos têm emergido, com destaque para o turismo em
espaço rural, resultante da procura de um maior contacto com a Natureza e com os valores,
costumes e tradições das comunidades rurais. Esta tendência crescente de diversificação da
oferta turística tem permitido atenuar os efeitos da sazonalidade do turismo português,
dominado pelo turismo balnear, e pode constituir uma mais-valia para diminuir as assimetrias
regionais entre o litoral e o interior.

A estratégia para o turismo em Portugal — a Estratégia Turismo 2027 — assenta em


pressupostos de sustentabilidade económica, ambiental e social, o que passa pelo
desenvolvimento de novos produtos turísticos alternativos à tríade "sol, praia e mar",
associados a experiências turísticas personalizadas e diferenciadoras, capazes de chegar a
todo o país e durante todo ano, reduzindo o índice de sazonalidade. Assim, de norte a sul do
país, têm-se multiplicado os trilhos para passeios pedestres, os cruzeiros pelo Douro, entre
paisagens de socalcos, vinhas e amendoeiras em flor. Cresceram as atividades ligadas ao
turismo de aventura, gastronómico e ao enoturismo, bem como as experiências relacionadas
com a saúde e o termalismo, que permitiram reavivar a procura ancestral pelas estâncias de
águas termais e dinamizar socioeconomicamente as regiões onde estas se inserem.

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