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2.2.

Conceitos essenciais:

Energia Solar: Através da luz ou do calor do Sol, pode ser transformada através de dois
métodos dis ntos: solar fotovoltaico e solar térmico.

Regiões com elevados valores de insolação média anual e de radiação solar global,
como o interior sul de Portugal con nental.

Portugal é um dos países da Europa com maior insolação média anual.

Insolação: a quan dade da radiação solar recebida à super cie terrestre varia ao longo do dia,
do ano e de lugar para lugar.

Quanto maior a insolação, menor será a quan dade de radiação solar perdida na
atmosfera, sendo então maior a quan dade de energia recebida à super cie terrestre;

Quanto menor a insolação, por exemplo, quando o céu está nublado (maiores as
perdas, de radiação solar, na atmosfera por absorção, reflexão e difusão), menor a radiação
solar recebida no lugar.

Radiação solar: energia que é emi da pelo Sol, em ondas eletromagné cas de onda curta.

Espetro eletromagné co: conjunto de todas as radiações emi das pelo Sol, em vários
comprimentos de onda, desde as ondas de rádio (longo comprimento de onda), até aos raios
gama (pequeno comprimento de onda).

Comprimento de onda: distância entre duas cristas ou dois vales consecu vos de uma onda
eletromagné ca. (…) Quanto menor for o comprimento de onda, maior será a frequência e a
capacidade energé ca da radiação solar.

Constante Solar: Quan dade média de energia solar recebida no limite exterior da atmosfera,
por unidade de super cie, na perpendicular com os raios solares. (…)

Radiação Solar Global: Quan dade de radiação solar que, depois da ação dos processos
atmosféricos, a nge a super cie terrestre. É cons tuída por duas componentes: a Radiação
Solar Direta, que a nge diretamente o planeta, e a Radiação Solar Difusa, que chega à
super cie terrestre depois de um processo de dispersão em várias direções.

Absorção: Processo de retenção da radiação solar pelos gases, nuvens e par culas sólidas em
suspensão na atmosfera através do qual a radiação é conver da em calor, fazendo elevar a
temperatura, especialmente no solo.

Reflexão: Processo de reenvio de parte da radiação solar incidente para o Espaço, por ação das
nuvens e da super cie terrestre, que varia de acordo com o albedo das várias super cies.

Albedo: Porção de energia radiante refle da por uma determinada super cie em
relação ao total que sobre ele incide, permi ndo determinar o poder de reflexão dessa
super cie bem como a intensidade a que esta aquece quando exposta à radiação solar.

Difusão: Processo de dispersão da radiação solar em várias direções, por ação de par culas
difusoras, nomeadamente, os aerossóis e as moléculas dos gases atmosféricos.

Radiação Terrestre: Energia calorifica emi da pela Terra para a atmosfera sob a forma de
radiação de longo comprimento de onda (radiação infravermelha).

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Gases de Efeito de Estufa (GEE): Gases presentes na atmosfera que apresentam uma elevada
capacidade de absorção e reflexão da radiação de longo comprimento de onda emi da pela
Terra (radiação infravermelha). Os principais GEE são o vapor de água, dióxido de carbono,
metano, óxido nitroso, ozono, clorofluorcarbonetos e hidroclorofluorcarbonetos.

Efeito de estufa: Processo atmosférico natural que consiste na retenção da energia calorifica
emi da pela Terra por determinados gases (GEE) e aerossóis presentes na atmosfera,
provocando o seu aquecimento.

Calor Convec vo: Processo de transferência de calor a par r do movimento de fluídos líquidos
ou gasosos. No sistema Terra-atmosfera, o calor da baixa Troposfera, transmi do pela radiação
terrestre por condução, é por sua vez, transferido ver calmente por convecção para a
atmosfera.

Calor Latente: Quan dade de energia térmica que um corpo absorve ou cede enquanto muda
de estado sica, a uma temperatura constante. No sistema Terra-atmosfera, o calor consumido
na evaporação da água e na evapotranspiração é transportado pelo vapor de água para a
atmosfera e, posteriormente, libertado com a condensação do vapor de água, através das
go culas que formam as nuvens.

Ângulo de incidência: Valor do ângulo formado pelos raios solares quando incidem sobre o
plano tangente à super cie terrestre. Este ângulo varia ao longo do dia, do ano e do lugar para
lugar, de acordo com a altura do Sol acima da linha do horizonte.

Movimento de translação: Movimento que a Terra realiza em torno do Sol, durante,


aproximadamente 365 dias (5horas, 48 minutos e 47,46 segundos), descrevendo uma órbitra
elíp ca deste movimento, a distância entre a Terra e o Sol varia ao longo do ano. É máxima no
afélio (janeiro) e a mínima no periélio (julho).

Movimento Anual Aparente do Sol: Trajetória que o Sol parece descrever ao longo do ano
entre o trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, em consequência do movimento de
translação da Terra e da inclinação do eixo terrestre.

Sols cio: Instante em que o sol, no seu movimento aparente passa no plano dos trópicos
(Câncer e Capricórnio), onde incide perpendicularmente. Ocorre duas vezes por ano, em julho
e em dezembro.

Equinócio: Instante em que o sol, no seu movimento anual aparente, passa no plano do
equador, onde incide com ver calidade máxima. Ocorre duas vezes por ano, em março e em
setembro.

Zénite: Ponto intercetado por um eixo ver cal, traçado a par r da cabeça do observador, que
se prolonga até à atmosfera terrestre.

Dia Natural: Período em que o Sol se encontra acima da linha do horizonte, ou seja, entre o
nascer e o pôr do sol.

Insolação: Número de horas, num determinado intervalo de tempo, em que a radiação solar
chega à super cie da Terra sem interferência das nuvens, ou seja, em que o Sol se encontra
descoberto.

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Nebulosidade: Porção de céu coberta por nuvens num determinado momento e numa
localização específica. A avaliação da nebulosidade é feita dividindo o céu em setores para
aferir quantos deles se encontram encobertos.

Vertentes Soalheiras: Encostas com maior exposição aos raios solares. No Hemisfério Norte,
para os lugares com la tude superior a 23⁰ 27’, as vertentes soalheiras encontram-se viradas a
Sul. O inverso acontece no hemisfério sul.

Vertentes Umbrias: Vertentes menos expostas aos raios solares. aos raios solares. No
Hemisfério Norte, para os lugares com la tude superior a 23⁰ 27’, as vertentes umbrias
encontram-se viradas a Norte. O inverso acontece no hemisfério sul.

Temperatura Média: Valor médio das temperaturas registadas durante o dia, o mês ou o ano.

Amplitude Térmica: Diferença entre os valores máximo e mínimo de temperatura.

Normais Climatológicas: Valor médio de um determinado elemento climá co (temperatura,


precipitação, pressão atmosférica, etc.) ao longo de um período fixo de anos (normalmente 30
anos) para um determinado local, região, país ou área geográfica.

Gradiente Térmico: Processo que descreve a taxa de variação da temperatura numa determina
área.

Regime Térmico: Variação habitual da temperatura de um dado lugar ao longo do ano,


permi ndo a obtenção de um padrão de variação anual da temperatura para esse lugar.

Isotérmicas: Linhas que, num mapa, unem pontos com igual valor de temperatura.

2.2.1. A ação da atmosfera sobre a radiação solar

A principal fonte de energia da Terra é o Sol. Sem a energia enviada pelo Sol, o nosso
planeta seria gelado e não teria vida.

A energia solar é, assim, o motor que põe em funcionamento todos os fenómenos


sicos e químicos à super cie da Terra. A energia solar radiante chega até nós sob a forma de
ondas eletromagné cas, com diferentes comprimentos de onda, que no seu conjunto
formam o espetro.

No espetro eletromagné co solar podem dis nguir-se, entre outros, três pos de
radiação com diferentes comprimentos de onda:

• os raios ultravioleta, de pequeno comprimento de onda;

• os ralos luminosos ou a luz visível, de maior comprimento de onda;

• os ralos Infravermelhos, com comprimento de onda superior aos anteriores.

A quan dade de energia solar recebida no limite superior da atmosfera, numa


super cie de 1 cm², exposta perpendicularmente aos raios solares, durante um minuto,
designa-se por constante solar e o seu valor médio é de 2 cal/cm²/m.

Contudo, nem toda a energia recebida no limite superior da atmosfera chega à


super cie terrestre, dependendo da espessura da atmosfera atravessada, da concentração de
determinados gases e par culas e das condições meteorológicas.

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A atmosfera, camada
gasosa que envolve e protege a
Terra, é cons tuída por uma
mistura complexa de gases. Até
cerca de 80 km de al tude, os
gases que compõem esta
camada têm uma concentração
mais ou menos constante:
• 78% de azoto;

• 21% de oxigénio;

• 1%de gases raros: ex.: vapor


de água, dióxido de carbono,
ozono, metano, árgon, hélio.

Figura 1 - Espectro Eletromagné co (solar) fig.1.

A concentração dos gases raros é muito variável. Por exemplo, em áreas densamente
urbanizadas, a concentração de dióxido de carbono aumenta. Da mesma forma, próximo de
espelhos de água, ou em áreas muito arborizadas, a concentração de vapor de água também
tende a aumentar.

A atmosfera contém também par culas microscópicas em suspensão, os aerossóis,


cons tuídas por cristais de sal, poeiras minerais, pólenes, micro-organismos ou
hidrocarbonetos.

À medida que a al tude aumenta, a composição da atmosfera toma-se mais rarefeita.


Tendo por base a variação da temperatura com a al tude, dis nguem-se, na estrutura ver cal
da atmosfera, quatro camadas térmicas (fig. 2).

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A modificação da radiação solar, ao atravessar a atmosfera, deve-se a três processos:

Absorção - o ozono, que absorve radiações de pequeno


comprimento de onda, nomeadamente ultravioletas; - o vapor de
água, o dióxido de carbono e as par culas sólidas e líquidas em
suspensão, que absorvem radiações de grande comprimento de
onda, nomeadamente infravermelhos.

Reflexão - A fração de radiação refle da, em relação a


Incidente, designa-se albedo.

O albedo varia em função de vários fatores:


nebulosidade, obliquidade dos raios solares, cor das
super cies (as cores claras refletem e as cores
escuras absorvem).

Difusão - A radiação solar é redistribuída em várias direções,


devido à presença de aerossóis. de moléculas de gases e de nuvens.
Uma parte da radiação difusa consegue chegar á super cie terrestre.

Da radiação solar que incide no limite superior da atmosfera Figura 2A - Albedo em


só 51% a nge a super cie terrestre. Desta, 25% incide sob a forma diferentes pos de
de radiação solar direta e 26% sob a forma de radiação solar difusa
(fig. 3). O somatório destas duas frações de energia cons tui a radiação solar global ou total.

Figura 3 –
Radiação solar
incidente e a
radiação solar
global.

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A Terra não acumula a energia solar que recebe e, por isso, a sua temperatura
mantém-se constante. De facto, a Terra perde uma quan dade de energia equivalente a qua
recebe, mantendo-se, assim, em equilíbrio térmico.

A energia solar que chega à super cie terrestre, sob a forma de radiações de pequeno
comprimento de onda e de radiações de luz visível, é conver da em energia calorifica
(radiações de grande comprimento de onda, infravermelhos), sendo libertada para a atmosfera
- radiação terrestre - onde é absorvida por alguns gases, nomeadamente vapor de água e
dióxido de carbono, contribuindo, dessa forma para o aquecimento da troposfera (fig. 3A).

Figura 3A

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O vapor de água e o dióxido de carbono desempenham um papel fundamental no
aquecimento da troposfera, devolvendo a Terra uma parte da energia que esta refle u e
mantendo-a a uma temperatura mais ou menos constante. Esta função da atmosfera que se
designa por efeito de estufa, evita a perda de calor para as camadas altas da atmosfera e o
intenso arrefecimento noturno (fig. 4A).

Como consequência da a vidade humana, tem vindo a aumentar na atmosfera a


concentração de gases, como o dióxido de carbono ou o vapor de água, responsáveis pela
intensificação do efeito de estufa, de que decorre o aumento da temperatura, responsável
pelas alterações climá cas (fig. 4B).

2.2.2. A variação da radiação solar

A intensidade da radiação solar, na super cie terrestre, é variável para o mesmo lugar e
de lugar para lugar, ao longo do dia e ao longo do ano. Esta variação depende de varies fatores:

• inclinação dos raios solares (ângulo formado pelos raios solares com a ver cal do
lugar - quanto maior for a inclinação dos raios solares, maior é a super cie que recebe a
radiação, do que resulta uma menor quan dade de energia recebida por unidade de
super cie. Também, quanto maior for a inclinação dos raios solares, maior é a espessura da
camada atmosférica atravessada, o que vai refle r numa maior perda energé ca pelos
processos de absorção, reflexão e difusão (fig. 5).

Relação entre o ângulo de incidência dos raios solares e a extensão da área recetora.

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Relação entre o ângulo de incidência dos raios solares e a espessura de massa atmosférica.

Devido à esfericidade da Terra, os raios solares a ngem a super cie com diferente
inclinação, aumentando do Equador para os polos, isto é, com o aumento dos valores de
la tude (fig. 6).

0 aumento da inclinação dos raios solares com o aumento da la tude traduz-se numa
maior super cie de receção dos mesmos e numa maior espessura da atmosfera atravessada,
de que resulta a diminuição da energia recebida à super cie.

• A insolação, corresponde ao período em que o Sol se encontra descoberto e


exprime-se, geralmente, em número de horas por dia ou por ano. Cons tui outro fator que
condiciona a variação da intensidade da radiação solar recebida. Quando o céu este limpo, sem
nebulosidade, a radiação solar recebida pela super cie é maior, já que os processos de perda
de energia por absorção, reflexão ou difusão diminuem.

Distribuição da radiação solar global média na Europa (média anual do período 1994-2016

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• 0 relevo também interfere na radiação solar recebida, quer como consequência da
al tude quer como consequência da orientação do relevo (fig. 7).

Figura 7 – O relevo e a radiação solar

Quanto maior for a al tude dos lugares, maior é a quan dade de radiação solar
recebida, uma vez que a massa atmosférica atravessada é menor e, portanto, as perdas de
energia são menores. Este fenómeno é ainda reforçado pelo facto de, com a al tude, o ar se
tornar progressivamente mais rarefeito, registando-se, portanto, menor concentração de
par culas e de gases, nomeadamente os que são especialmente responsáveis pela absorção da
radiação.

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A orientação das vertentes montanhosas também condiciona a receção de radiação
solar. As vertentes voltadas a sul (situação a ser considerada nos lugares do Hemisfério Norte,
com la tudes superiores a 23° 27' N) encontram-se expostas ao Sol — vertentes soalheiras
recebendo radiação solar durante mais tempo. O contrário acontece nas vertentes umbrias,
expostas a norte, as quais ou não recebem radiação solar ou recebem-na por períodos de
tempo mais curtos do que na situação anterior.

Variação diurna da radiação solar

A intensidade da radiação solar que a nge a super cie terrestre varia ao longo do dia
natural, uma vez que a inclinação dos raios solares também varia (fig. 8).

Ao nascer do Sol, a ngindo os raios solares a super cie terrestre, regista-se a maior
inclinação dos mesmos, a qual vai diminuindo até ao momento em que o Sol a nge a sua
altura máxima, para, a par r dai, se observar a situação inversa. Assim, os períodos em que se
verifica a maior inclinação correspondem as menores quan dades de energia recebida por

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unidade de super cie, como consequência da maior espessura de massa atmosférica
atravessada e da maior super cie de receção de energia. No momento, em que o Sol a nge a
sua altura máxima, a super cie recetora de energia é menor, assim como a camada da
atmosfera atravessada também é menor, pelo que aumenta a quan dade de energia recebida.

A variação anual da radiação solar

Ao longo do ano também se verifica uma variação da intensidade da radiação solar


recebida, como resultado do movimento de translação da Terra e da inclinação do seu eixo
rela vamente ao plano da eclíp ca, responsáveis pela variação da duração dos dias e das
noites e pela variação da inclinação dos raios solares, de lugar para lugar. Neste trajeto anual
assinalam-se quatro datas importantes: sols cio de inverno, sols cio de verão, equinócio de
primavera e equinócio de outono (fig. 9).

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Movimento anual aparente do sol.

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