Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Personagens:
ATO 1
LANCELOT -‐ Diga homem, não aguento tanta curiosidade. Mas afinal o que é que tanto lhe aflige?
ARTHUR -‐ Fale baixo Lancelot é uma questão de vida ou morte.
ARTHUR -‐ Não é esta a tragédia. Você sabe muito bem que dinheiro nunca me faltou.
LANCELOT -‐ Então o que poderia ser? Um homem rico bem sucedido, bem casado, poderia estar alarmado
ARTHUR – Não, nem me lembrava mais deles. Só ficarão prontos amanhã. O que me desespera é o motivo
LANCELOT -‐ Então me esclareça e logo saberei avaliar a gravidade e juntos arrumaremos uma solução.
ARTHUR -‐ Não tenho certeza se minha mulher me ama.
LANCELOTE -‐ Como pode ser isso? Você desconfia de alguém?
ARTHUR -‐ Este é o ponto Lancelot. Giovana como você bem sabe, sempre foi uma mulher distinta, séria e
LANCELOT -‐ Então quem é a pessoa? Onde ela anda se encontrando? Pela nossa amizade, se você não tem
culhão eu mato o cara! (Lancelot tira uma pistola). Cadê o canalha? Cadê o canalha? Eu é que não tenho
ARTHUR -‐ Não é nada disso, Lancelot! Guarde esta pistola seu louco... O problema é o seguinte: não acho
que exista um terceiro na estória... ainda. Só acho que ela não me ama mais. (Chora).
LANCELOT-‐ Pare com isso Arthur, que paranoia. Se não há outro, também é obvio que não há corno,
ARTHUR -‐ Você não me entende Lancelot eu amo a Giovana e quero ser correspondido. Há dias que não
conversamos como antigamente. Conversávamos até altas horas da madrugada. Dormíamos de conchinha e
hoje ela dorme vendo TV no sofá da sala. Eu quero saber o que se passa na cabeça desta mulher. Quando
pergunto se me ama, ela responde : “Que pergunta Arthur.” Só vejo uma solução.
ARTHUR – Você, Lancelot, é o meu melhor amigo. Eu já pensei em tudo. Se você me pedisse ajuda, saiba que
ARTHUR -‐ E eu já não disse que não existe mais ninguém? Como eu posso dizer isto sem rodeios... Lancelot,
ARTHUR -‐ Entendeu sim. Você vai dizer que está loucamente apaixonado por ela.
LANCELOT -‐ Justamente. Por que eu diria à mulher do meu melhor amigo que estou apaixonado por ela?
ARTHUR -‐ Porque é a reação dela que nos interessa. Se ela me contar o que houve, saberei que ela me ama.
ARTHUR -‐ Daí sei lá, nem cogitei esta possibilidade mas devemos estar preparados para o pior.
LANCELOT -‐ Como seu amigo devo alertá-‐lo que você começa a delirar.
ARTHUR -‐ Eu já disse que faria tudo para ajudar um amigo. Ainda mais um grande amigo.
LANCELOT -‐ Mas tudo tem limite. Se eu aceitar fazer o que você me pede deixaremos de ser amigos.
ARTHUR -‐ Eu já pensei em tudo. Vou dizer a Giovana, que vou viajar por uma semana. Neste tempo você irá
todos os dias a minha casa para fazê-‐la companhia. Depois no fim do dia virá até este hotel onde estarei
hospedado para me contar seus progressos. Devemos analisar, todos os movimentos e palavras desta
mulher só assim saberei a verdade dos seus sentimentos. Você, Lancelot, é o único no mundo que pode me
ajudar. Confio em você como confio em mim mesmo. (Lancelot reflete).
LANCELOT -‐ Me convenceu amigo, mas saiba que esta missão me é desgostosa. Porém se é para te aliviar
CENA 2 (Entram Meduza e Giovana que conversam no hall do hotel)
GIOVANA -‐ É bom vê-‐la depois de tanto tempo, querida amiga Meduza !
MEDUZA -‐ Tantas tristezas pelas quais venho passando... Ouvi-‐la, querida Giovana, é um analgésico para as
minhas dores.
GIOVANA -‐ Insisto que você deveria se hospedar em minha casa.
GIOVANA -‐ De qualquer forma quero te ver todos os dias na sua estadia na cidade. Agora me conte o que foi
que te aconteceu. Como uma mulher experiente como você foi cair num golpe destes?
MEDUZA -‐ Conheci um homem na capital, que me pareceu muito distinto. Um belo homem que logo soube
ser rico como eu. Um criado dele veio e me disse que o tal senhor mesmo sem me conhecer havia se
apaixonado pelos meus olhos e me convidava para jantar em sua casa. Depois deste dia começamos a
namorar. Oferecia-‐me tudo e dizia que eu podia usar tudo o que era dele. Seu carro ou qualquer pertence
de que eu precisasse. Até um dia em que chorando veio me pedir um dinheiro emprestado.
MEDUZA -‐ Uma fortuna amiga. Chorava, dizia ser caso de vida ou morte e que me pagaria o quanto antes. Se
preciso fosse venderia a sua casa. Emprestei-‐lhe ao tal quantia e ele então parou de me receber e nunca
mais me procurou. Quando por insistência eu invadia a sua casa para cobrar-‐lhe a quantia, ele dava
desculpas e prometia me pagar. Passaram-‐se meses e ele sumiu de vez.
GIOVANA -‐ Pobre amiga. Você nunca mais teve notícias dele?
MEDUZA -‐ Não. Muitas vezes eu o procurei, mas ele mandava os criados dizerem que não estava. E quando
por algum motivo era obrigado a me receber, o fazia com uma frieza sem precedentes.
GIOVANA -‐ Pobre amiga. Pois saiba que farei tudo o que estiver em meu alcance para ajudá-‐la amiga
JULIETA -‐ Ela disse que só está para as amigas. O senhor além de marido é também amiga?
ARTHUR -‐ Claro que não sua petulante. Vá logo! Desde quando está casa virou uma quadra?
ARTHUR -‐ Cada um aqui age como se existisse uma rivalidade entre mim e minha esposa. Eu sou do mesmo
time que dona Giovana. Nós nos casamos por amor... recíproco.
JULIETA -‐ (À parte) São estes casamentos que estão fadados ao fracasso.
ARTHUR -‐ Espera aí, cadê o Cinuca? (Julieta sai). Cinuca! Cinuca! (Cinuca que é um pouco tonto, permanece
atrás do patrão, até que este se vira e encontra o funcionário). Cinuca, eu estou te chamando!
ARTHUR -‐ Estou bem servido de funcionários: a cozinheira uma porta e o caseiro, não se sabe se é débil ou
somente surdo.
ARTHUR -‐ Como são as coisas aqui em casa quando estou ausente, Cinuca?
ARTHUR -‐ Mas por acaso você sabe se alguém anda visitando ou ligando para dona Giovana? (Cinuca faz
sinal de não ter ouvido). Você tem ouvido alguma conversa suspeita da patroa ?
CINUCA -‐ Claro que não Seu Arthur se alguém fizesse isso no mesmo instante eu ligava para o senhor no seu
CINUCA -‐ Foi o senhor mesmo que me orientou para isso.
ARTHUR -‐ Ótimo. Tem certeza? Você tem olhado debaixo dos tapetes, (Arthur faz movimentos como se
procurasse alguém), dentro dos armários, atrás das cortinas. (Cinuca imita o patrão). Isso Cinuca cão de
guarda.
ARTHUR -‐ Todo cuidado é pouco o inimigo pode estar em todo lugar a qualquer momento.
ARTHUR -‐ Sei Cinuca, estou indo viajar e quero que você tome conta aqui de casa. Quero essa sua atenção
ARTHUR -‐ Se aparecer alguém jogue primeiro os cachorros em cima e bata. Só depois pergunte quem é.
CINUCA -‐ É... É bom a Europa. Vai de vião ou barco?
CINUCA -‐ Ah, de barco...Bom. (Entra Giovana). Com licença Seu Arthur. Pode deixar que na sua ausência vai
ARTHUR -‐ Estou. Uma viagem urgente querida por isso nem te chamei tive um problema com um negócio na
capital. Mas em uma semana eu volto. (Giovana dá de ombros). Se você quiser eu nem viajo. Você quer que
GIOVANA -‐ Que pergunta Arthur... Mas afinal que negócios tão urgentes são estes?
ARTHUR -‐ Nada sério. Vou aproveitar para visitar a minha tia Peta. Sabe quem é ela?
GIOVANA -‐ Sei a amiga da sua mãe, sua segunda mãe. Quero conhecê-‐la um dia.
MÉDICO -‐ Arthur você anda tomando os remédios que eu te receitei?
MÉDICO -‐ (Em tom de ameaça). Tem que tomar Arthur. Tem de fazer exercícios. O senhor está fazendo os
abdominais? As caminhadas? Não pode beber Arthur. Chega de cerveja. Você tá fumando, Arthur? Não
pode. Olha a barriga, Arthur. Como vai a dieta? (toda a vez que Arthur tenta responder o médico fala em
cima). Verdura é bom. Que mais? Legumes são bons e os remédios, Arthur tem de tomar todos...
MÉDICO -‐ Bom não tá, né Arthur. Alguém que está bom vem ao médico? Não vem.
MÉDICO -‐ Vai saber... Você está fazendo as caminhadas, os abdominais e os legumes? Tem de comer seis
ARTHUR -‐ Então é só continuar com isso tudo que eu me curo?
MÉDICO -‐ Cura! (o médico ri). Você tem antecedentes de infarto na família? É bom tirar umas férias.
ARTHUR -‐ É isto mesmo que eu já fiz. Estou de férias.
MÉDICO -‐ Vou ser franco com você, Arthur. (médico vê os exames). Aiaiaiai! Aiaiaia!
MÉDICO -‐ Em hipótese nenhuma você pode ter uma notícia que te emocione ou aborreça. Entendido, eu te
recomendo férias totais. Daqui a uma semana você me volte aqui. (Arthur vai saindo). Lembre-‐se Arthur,
nada de abalos emocionais, pode ser fatal. Tenho de ser franco com você: Arthur, se você quer viver não se
emocione.
ARTHUR -‐ E essa agora... Não posso me emocionar pois corro risco de... (Faz um gesto de morrer com as
mãos). Ah Giovana! Quando eu a conheci ela era doida por mim. Onde eu ia ela queria me seguir. Tinha um
ciúme incontrolável, bastava eu olhar para o lado que ela me repreendia. Só que hoje tudo está diferente.
Ela não sorri mais, não sai do quarto e no entanto ainda é tão jovem. Será que ela está apaixonada por
outro? Será que ela não me ama mais. O que teria eu mudado que não lhe agrado mais? Mas vejam se não é
o meu bom amigo Carlos que vem lá. (Entra Carlos). Salve, Carlos! Há quanto tempo não nos vemos, mano
velho!
ARTHUR -‐ Mas que desânimo é esse? Isto lá é maneira de cumprimentar um amigo antigo.
CARLOS -‐ Me desculpe, Arthur. Você bem o sabe ser muito querido por mim. Como muitas vezes já
demonstrei. Acontece que se triste assim me encontro, é porque sofri um golpe terrível tanto no coração
CARLOS -‐ Como que não é, me escute e você mesmo me dirá se não é a coisa mais triste que pode acontecer
a um homem.
ARTHUR -‐ (À parte). O doutor foi bem claro não posso me emocionar ou... (faz um gesto de morrer com as
mãos). Carlos foi bom ter notícias suas. (Faz um gesto de morrer com as mãos).
CARLOS -‐ (Com água nos olhos). É impossível quem não chore ao escutar a minha estória.
ARTHUR -‐ Pois então te faço um bem em não ouvi-‐la.
CARLOS -‐ Mas Arthur você é meu amigo e não tem interesse em ouvir meus lamentos?
ARTHUR -‐ Justamente por ser seu amigo não quero que você recorde fatos tristes da vida. Bola pra frente,
Carlos. Adeus.
ARTHUR-‐ E eu pior. (Arthur se comove). Está bem dividamos então este seu lamento. Mas depois de havê-‐lo
CARLOS -‐ Nada do que você tenha para me contar, vai te abalar depois de ouvir os meus problemas: estava
eu na capital, quando num desses locais bem frequentados pela sociedade uma linda mulher trocou olhares
comigo. Uma amiga sua depois veio ter comigo e disse que a mulher que se chama Meduza...
CARLOS -‐ Disse-‐me que sua amiga Meduza estava apaixonada por mim. Eu lhe respondi que era recíproco.
Então Meduza me convidou para jantar em sua casa. Era um lugar maravilhoso com muitos funcionários.
Um luxo só. Ela me convidou para lá dormir. Depois disso começamos a namorar e ela fazia amor comigo
com muita paixão. Fui convencido de que realmente a linda jovem me amava. Dizia-‐me que tudo que ela
possuía era nosso e que eu podia usufruir de seu carro suas coisas o que eu tivesse vontade. Um certo dia
quando cheguei em sua casa ela chorava com o rosto virado para o sofá. Depois de eu ter muito insistido ela
me contou do que se tratava. Disse-‐me que seu irmão precisava fazer uma operação em uma outra cidade e
ela precisava enviar-‐lhe o dinheiro o quanto antes pois ele corria o risco de vida. Era um irmão ainda mais
jovem do que ela. Meduza disse que não havia tempo de levantar tal quantia. Quando me ofereci para
ajudá-‐la ela me garantiu que me restituiria o dinheiro o quanto antes. Disse que colocaria a própria casa
como garantia, no que eu estúpido disse não ser necessário. É claro que eu não imaginava que uma cirurgia
fosse custar tanto. Depois que lhe emprestei o dinheiro ela nunca mais me recebeu. Inventava desculpas,
até que um dia sumiu. (Arthur que se mantivera em silêncio toda a narrativa, ri). Do que é que você ri? Seu
malvado.
ARTHUR -‐ Me desculpe Carlos. Bem sei que sua estória é triste. Porém para mim que não sou o protagonista
CARLOS -‐ Espere que tua vez chega meu caro, qual é o homem que nunca foi enganado? Só espero que você
não saia por aí contando o quão Carlos é pateta e ingênuo. Adeus e boa sorte.
ARTHUR -‐ Deixa só o Lancelot saber dessa. E eu com medo de me emocionar. Pobre Carlos. (Sai).
ATO 2
JULIETA -‐ Deve ter ido ao boteco beber. É só o patrão viajar que esses peões relaxam, viu dona Giovana?
GIOVANA -‐ Vi o que? Você é outra que vive saindo e atrasando serviço. Diga a ele que tem uma lâmpada
queimada no meu quarto para ele trocar. Não gosto que o Cinuca fique saindo quando o Arthur viaja. É
JULIETA -‐ (irônica). Realmente patroa é sempre bom ter um homem por perto. (CAMPAINHA).
GIOVANA -‐ Tá vendo, quem será neste horário? A cidade anda muito perigosa.
GIOVANA -‐ Talvez possa ser uma amiga minha que está na cidade. Vai abrir a porta. (Julieta sai). Ou pode ser
o tonto do Cinuca que não levou a chave. (Entram Julieta e Lancelot).
JULIETA -‐ Eu disse que o patrão viajou, viu dona Giovana? (Julieta fica no canto do palco espiando os dois).
LANCELOT -‐ Eu disse à criada, que já que estava aqui não custava nada ser elegante e vir cumprimentá-‐la.
GIOVANNA -‐ Olá Lancelot. O Arthur não te disse que ia viajar?
LANCELOT -‐ O Arthur não me conta tudo e tão pouco eu conto tudo ao Arthur.
GIOVANA -‐ Sabe Lancelot, você é o amigo do Arthur que eu mais gosto.
JULIETA -‐ To indo, patroa. (saindo). Vou perder a melhor parte. (sai).
LANCELOT -‐ Quantas vezes já não lhe disse para me chamar de Lance.
GIOVANA -‐ Você nunca me disse. (Silêncio). Você sai muito... Né, Lance?
LANCELOT -‐ Ah! Sim, mas também depende muito da época em que me encontro. Quando tenho algum
LANCELOT -‐ (Começa a se exibir). Sou um levantador de peso. Este também é um dos motivos pelos quais
LANCELOT -‐ Como todos sabem que eu sou um campeão me desafiam nas boates e em festas. Pois muitos
desconhecem que além de campeão de halterofilismo sou também campeão em luta livre.
LANCELOT – Sim, ontem mesmo fui a uma festa. Três sujeitos, quer dizer cinco sujeitos, ou sete não mais me
lembro, ao perceberem o sucesso que eu fazia com as garotas, tentaram me agredir. Como os insultos no
começo eram verbais e eu como cavalheiro que sou me mantive em silêncio. Eles pegaram cadeiras e
garrafas e partiram em minha direção: (ao mesmo tempo que Lancelot narra ele também demonstra com
gestos a estória), caí de voadora em cima dos dois primeiros,quebrei o braço de mais três. Do décimo eu
arranquei a sua cabeça fora e dos outros quatro eu dei uns tapas na orelha e fiz eles comerem as garrafas.
LANCELOT -‐ (Se aproxima de Giovana). Que perfume delicioso. (Giovana se esquiva).
LANCELOT -‐ O que me interessa está nesta cidade, nesta casa.
GIOVANA -‐ Eu fiz vários cursos. (Lancelot permanece mudo olhando para Giovana). Quando o Arthur está
perto você mal fala comigo e hoje está todo prestativo. Que curioso.
LANCELOT -‐ É. Me sinto bem hoje. Como no começo de primavera.
GIOVANA -‐ Nossa que calor! Deixa eu ver onde está o café, e dispensar a Julieta que já esta tarde. Não se
CENA 2 (Lancelot fica só e começa a tirar as roupas enquanto fala)
LANCELOT -‐ Não acredito que foi tão rápido. Pobre Arthur. Como será que ele receberá a notícia de que sua
esposa em minutos se põe disponível para outro homem. (Fica só de cueca ao mesmo tempo em que entra
Cinuca embriagado).
CINUCA -‐ Veio roubar o Seu Arthur? Se deu mal filho. Pois o cão de guarda está solto e é mordedor. Au! Au!
Au!
LANCELOT -‐ Calma que você não entendeu foi nada. Eu sou visita.
LANCELOT -‐ Vai dormir! Se eu perco a calma... (Cinuca avança para Lancelot). Eu tava brincando, eu sou
amigo do patrão. Calma não vai me machucar. Socorro! Giovana!
CENA 3 (Hotel, entra Meduza que está próxima ao balcão da recepção, onde tem um funcionário do hotel)
MEDUZA -‐ Terei de inventar uma outra estória para a minha amiga Giovana. Não vai ser fácil tirar-‐lhe
dinheiro agora que sei que este Lancelot é conhecido dela e do marido. O melhor é esquecer o golpe e
voltar para a capital. (Entra Arthur, que não percebe Meduza e começa a ler um jornal). Mas espere vejam é
um senhor com ares de ingênuo e bobalhão. Veste-‐se e porta-‐se ricamente. Talvez a semana não esteja de
todo perdida. (vai até Arthur). Com licença, você não é o Jaime?
MEDUZA -‐ Oh sim, vim da capital para visitar uma amiga que não vejo há anos. Tanto tempo que ela casou-‐
ARTHUR -‐ E a senhora com certeza é casada. O seu marido deve com certeza estar lhe acompanhando.
ARTHUR -‐ Me desculpe mas tenho que resolver um contra tempo. A senhora está hospedada no hotel?
MEDUZA -‐Quem sabe eu não deixo a chave do meu quarto para você ver a vista mais tarde.
LANCELOT -‐ Isto aqui é a surra que eu levei do seu funcionário. Contratou aquele jagunço no presídio?
ARTHUR – Nossa! Desculpe Lance, eu esqueci de orientar Cinuca direito.
LANCELOT -‐ Orientar direito... mas você deu é sorte e ele me pegou de surpresa. Porque se tivesse sido de
ARTHUR – Porém, foi bom saber que em minha ausência, aquele cão de guarda quase te matou. Mostra que
ele realmente protege o lar. Mas me diga você começou a seduzir Giovana?
LANCELOT -‐ Nem deu tempo: cheguei e ela com a outra empregada foram buscar um café e o caminhão do
seu criado me atropelou e fim da estória. Aiii! Aiaiai! Aiaiaiai!
ARTHUR -‐ Eu vou ligar agora mesmo e falar com o Cinuca e você volta hoje lá.
LANCELOT -‐ Volto nada. Eu tentei, vimos que estávamos errado e chega.
ARTHUR -‐ Lancelot meu amigo, eu não ando bem de saúde e como já lhe disse, eu preciso saber a verdade.
Eu vou te dar todas as dicas. Te direi tudo que ela gosta e você verá como ela vai cair direitinho.
penduricalho. Terceiro mencione que você gosta de óperas, esta é uma de suas paixões. Em absoluto
mencione política. Leve flores campestres e pães de queijo. E por último declame algum poema...
LANCELOT -‐ Mas isto tudo eu já o faço e com muita competência diga-‐se de passagem.
ARTHUR -‐ Por isto você é o homem ideal. E ainda mais é o meu melhor amigo.
LANCELOT -‐ Por isso mesmo é que não continuarei com esta... Como direi, estupidez.(Arthur chora).
ARTHUR -‐ Pobre de mim, como vim a ser tão apaixonado por uma mulher. Não consigo mais comer, nem
dormir com esta dúvida que me atormenta minuto após minuto.
LANCELOT -‐ Está bem Arthur você me convenceu. Eu volto lá, mas é bom aquele caminhão não estar mais lá.
ARTHUR -‐ Ótimo, agora vamos tomar uma cerveja e eu te conto de uma gostosa aqui do hotel que eu vou
comer!
ARTHUR -‐ Entre 20 e 35. Uma delícia. Nossa você já almoçou? (saem).
conversei a pouco. Diga que eu estou no quarto 32, esperando por ele.
FUNCIONÁRIO -‐ Digo sim senhora. Quarto 32, seu Fernando.(Sai Meduza, black-‐out).
JULIETA -‐ Como você é um panaca, Cinuca! Confundir o Seu Lancelot, melhor amigo do patrão com um
inimigo.
JULIETA -‐ Olha e se continuar surdo nem tem mais conversa.
CINUCA -‐ E eu Julieta, também sou um panaca. Imagina que confundi o Seu Lancelot, melhor amigo do
patrão com um assaltante. Mas o patrão já me ligou das Europa e disse que se o cabra voltar é para tratá-‐lo
super bem.
JULIETA -‐ Tem um remédio que é super bom para desobstruir os ouvidos e fazer a pessoa ficar mais sabida.
Diz na televisão que acelera o raciocínio do sujeito. Quem toma começa a fazer tudo mais depressa, lê mais
depressa, pensa mais depressa. (Julieta faz gestos e linguagem surdo e mudo). Têm-‐êm um re-‐e-‐mé-‐di-‐o
bom pa-‐ra de-‐e-‐su-‐bs-‐truir os ouvidos. (mostra a Cinuca um frasco). Diz aqui na bula que desentope tudo
desde intestino até nariz. Vai tomando aos pouquinhos. (sai, campainha).
CINUCA -‐ Deve ser o seu Lancelot, vou abrir a porta. (Entra Lancelot, com um terno colorido, flores
campestres e um embrulho de pães de queijo). O doutor o senhor me desculpa de ontem. (Começa a tirar o
pó e abanar Lancelot). Entra doutor sinta-‐se na sua própria casa. Tome este refresco. (dá o frasco de
remédio a Lancelot). Eu ganhei, deve ser uma pinguinha da boa.Mas eu estou parando de beber viu doutor.
LANCELOT -‐ Uma cachacinha vem bem a calhar. (toma o frasco de remédio num só gole). E marvada. (Entra
Giovana).
LANCELOT -‐ Imagine a cidade anda muito violenta. Eu não quis fazer mal ao seu criado por isso achei melhor
GIOVANA -‐ Eu soube que o Cinuca foi estúpido com você.
LANCELOT -‐ Eu é que fui gentil em demasia, deixei que ele gritasse um pouco. Mas é porque notei que ele é
LANCELOT -‐ Trouxe umas lembranças para você Giovana. (Lancelot lhe entrega os pães de queijo e as flores).
GIOVANA – Ah, que gentil, Lancelot. Posso te fazer uma pergunta?
LANCELOT -‐ Eu também Giovana, me desculpe se tomei algumas liberdades. Não sei onde eu estava com a
cabeça...
GIOVANA -‐ Eu gostei, Lancelot. Fiquei pensando em você hoje o dia todo.
GIOVANA -‐ Sei que eu não devia. Eu nunca fui muito simpática com você, né? Mas era insegurança minha. E
agora que você esta me tratando desta forma tão gentil acho que podemos ser grandes amigos.
GIOVANA -‐ Vou lá dentro guardar isso e já volto. (sai).
com o meu melhor amigo. Aiaiaiai! Aiaiaia! (Põe a mão na barriga). Essa cachaça que o criado me deu bateu
GIOVANA -‐ Nossa Lancelot que cara de sofrimento. É assim tão ruim vir me visitar.
LANCELOT -‐ É que eu.... (Põe a mão na barriga e sente muitas dores).
GIOVANA -‐ O que Lancelot. O que é que você sente? Me diz.
GIOVANA -‐ Se foi algo que eu disse, Lancelot eu não sei o que dizer. (Tenta beijá-‐lo, e ele se esquiva).
LANCELOT -‐ Tenho de ir embora. Depois nos falamos. (Sai, entra Julieta).
GIOVANA -‐ Que homem singular. Desconfio que ele esta com segundas intenções em relação a mim. O que
GIOVANA -‐ Ah minha fiel criada em ti eu posso confiar. Acho que estou amando.
GIOVANA -‐ O que eu posso fazer se o coração segue caminhos que nem sempre são agradáveis e fáceis. Oh!
Lancelot, como ele é forte e honrado. Será que ele está também interessado?
JULIETA -‐ Creio que sim madame. Que outra coisa o traria de volta aqui depois da surra do Cinuca? Mas se a
senhora está realmente interessada, aconselho-‐te a encontrá-‐lo em outro lugar que não está casa. Os
vizinhos logo já vão comentar. Ainda mais com o terno discreto que ele estava.
GIOVANA -‐ E trouxe pães de queijo e flores campestres as que eu mais gosto. Que homem... Enxerga o
fundão da minha alma. Sabe meus gostos. (suspira). Mas você tem razão Julieta vou lhe escrever uma carta,
marcando um encontro no Hotel em que Meduza está hospedada, que você entregará a ele. Vamos. (saem
as duas).
FUNCIONÁRIO -‐ Aqui, pronto. Está tudo bem com o nosso serviço, senhor?
FUNCIONÁRIO -‐ Ótimo, minha obrigação é atender bem os hóspedes. (entra Meduza).
MEDUZA -‐ O que houve, é que eu estou esperando o Seu Fernando, e nada dele aparecer.
FUNCIONÁRIO -‐ Deve ter ido comprar um presente para a senhora e já, já deve estar de volta.
MEDUZA – Olha, eu colaboro com um café e você colabora dizendo que, assim que o ver, que eu o aguardo
FUNCIONÁRIO -‐ Pode deixar madame, minha função é atender bem os hóspedes. (Entra Carlos).
CARLOS -‐ Ah! Férias tão merecidas, o que eu preciso é relaxar. Para ver se eu esqueço daquela vigarista. O
pouco de dinheiro que me sobrou não deu para ir muito longe. Mas eu estou achando este hotel um harém,
para todos os lados que se olhe, há uma turista bonitinha sonhando com uma aventura. (Entra Julieta de
chinela). Veja esta aí toda à vontade deve ter vindo de longe para relaxar aqui no hotel. Quem sabe não é
uma gringa? Uma italiana, ou argentina. (Julieta que ao passar em direção a recepção nota os olhares de
Carlos o cumprimenta).
CARLOS -‐ Oi. (ela vai até o balcão). Dizem que essas gringas latinas são quentíssimas. (continua a olhar
FUNCIONÁRIO -‐ Desculpe, não tem nenhum hóspede Lancelot no hotel.
JULIETA -‐ Só que eu fui na casa dele e me disseram que ele tava aqui.
JULIETA -‐ Eu tenho que entregar está carta senão minha patroa vai ficar louca da vida.
JULIETA -‐ Sinto eu. Pode deixar que eu mesma acho ele. (sai, Carlos vai até a recepção).
JULIETA -‐ Aí está você, Seu Lancelot eu tive de atravessar a cidade toda para achá-‐lo.
LANCELOT -‐ Você é a criada de Giovana. Como me achou aqui? (Pausa, Julieta fica olhando Lancelot com
JULIETA -‐ Na sua casa, me disseram que o senhor estava aqui no hotel. Tome, trouxe uma carta de madame
LANCELOT -‐ (Lendo). Mas que versos lindos. Como ela escreve com formosura. Que mulher encantadora!
Mas o que? Diz que virá me encontrar às três horas? Mas são cinco para às três.
JULIETA -‐ Mas eu perdi um tempão atrás do senhor. Primeiro fui ao seu escritório. Me disseram que é raro o
senhor por lá aparecer. Depois sua casa, onde fui informada que o senhor estava aqui no hotel.
JULIETA -‐ E agora se me dá licença eu tenho de ir almoçar, que ninguém é de ferro. (sai).
LANCELOT -‐ E agora,estou me apaixonando pela mulher do meu amigo. Tenho de comunicar a Arthur o que
LANCELOT -‐ Eu vim mas creio que este não é um bom lugar para nos encontrarmos.
GIOVANA -‐ Eu penso o contrário, adoro aqui. Além do que Lancelot, não é o lugar em si, e sim a companhia.
LANCELOT – Sim, mas existem os lugares certos para cada encontro.
GIOVANA -‐ Por que é que você está agindo estranho comigo?
LANCELOT -‐ E de que maneira eu poderia tratar a esposa de meu melhor amigo?
GIOVANA -‐ Eu admiro muito essa sua fidelidade, Lance. Mas certas coisas acontecem e ninguém tem culpa.
mas...
LANCELOT -‐ Isto está sendo difícil para mim... Há quanto tempo eu venho desejando este instante.
LANCELOT -‐ Vamos para outro lugar, há muita gente olhando.
MEDUZA -‐ Pode entrar a porta está aberta. (Entra Carlos, Meduza tem no corpo um robe e serve champanhe
em duas taças, ela está de costas e ainda não viu Carlos). Você deve estar se perguntando como uma garota
de juízo pode chamar um desconhecido para o seu quarto? Mas acredite eu senti uma coisa muito forte
quando te vi lá embaixo e... (Ela vira-‐se os dois se surpreendem ).
MEDUZA -‐ Eu é que te pergunto? Mas como é que você vai assim invadindo o meu quarto?
CARLOS -‐ Eu? Ora vamos... Segui as instruções do porteiro. Pensei que você fosse outra pessoa. Mas
MEDUZA -‐ Mas isto é um tremendo mal entendido, não era por você que eu esperava.
CARLOS -‐ Sei. Não precisa se desculpar. Te vendo hoje, eu te perdoo pelo passado. Você continua
espetacular.
MEDUZA -‐ Que delírio é este? (Carlos avança para cima de Meduza, ela se esquiva). Endoideceu? Saia já do
meu quarto se não eu chamo a segurança. Quer dizer a polícia. Eu estou falando sério. Aquele funcionário
MEDUZA -‐ Que estúpido! Era de outro que eu falava. De certo se confundiu.
você começar a me pagar o que me deve senão sou eu quem vai chamar a polícia.
MEDUZA -‐ Ai! Estou morrendo de medo! O frouxo agora virou valente, é?
CARLOS -‐ Não é preciso muita força nem coragem, para bater em mulher.
MEDUZA -‐ (Que se amedronta). Eu precisava do dinheiro para salvar a vida do meu irmão. Não fiquei com
seu dinheiro. E eu gostava de você. Era louca por você, se é o que você quer saber. Mas hoje não sou mais.
CARLOS -‐ Sei, você é louca pelo primeiro cara com pinta de rico que você viu no hotel. Com certeza já deve
MEDUZA -‐ Eu já disse que o dinheiro era para o meu irmão.
CARLOS -‐ Que irmão? Você nem deve ter irmão. Quanto menos família e se tivesse eles teriam vergonha da
MEDUZA -‐ Você está alterado. Eu já disse que terminou. Não te devo satisfações.
MEDUZA -‐ Quando eu tiver, eu te pago. Está satisfeito?
CARLOS -‐ Eu vou é receber o que é meu por direito e é agora. (avança para agarrar Meduza).
MEDUZA -‐ Por que é que você não dá o fora? Não me atrapalhe mais; e eu também não me meto na sua
vida, combinado? (Carlos chora). Ah,não! Eu não suporto ver homem chorando... Carlos o problema é
CARLOS -‐ Não estou querendo a sua compaixão e sim meu dinheiro de volta. Meduza ainda nos veremos e
você vai pagar caro pelo que me fez. Ninguém ri de mim. (sai).
MEDUZA -‐ (Só). Que otário esse Carlos. É, mas este funcionário ainda vai amargar esta brincadeira. Que má
ATO 3
ARTHUR -‐ Então você está me dizendo que Giovana é louca por mim. Repita. Quero saber de tudo.
ARTHUR -‐ (Sorridente). Mas eu quero ouvir de novo, e de novo, e de novo... (suspira).
LANCELOT -‐ Fiz tudo o que você e eu combinamos. Tratei-‐a de maneira a transparecer segundas intenções,
que com certeza ela notou, porém o coração de Giovana é seu e de ninguém mais...
LANCELOT -‐ Quando eu tentava falar sobre nós, ela mencionava você.
LANCELOT -‐ Gritava que a casa sem você era uma tristeza e tinha até saudades das brigas.
ARTHUR -‐ Você não está inventando tudo isso, está Lancelot?
ARTHUR -‐ Sabe Lancelot, agora posso te contar meus exames. Meus exames não são nada otimistas.
ARTHUR -‐ Agora não mais. A dúvida que me perseguia era o motivo pelo qual meu coração estava doente.
Acredito que o doutor se surpreenderá com a minha melhora. Lancelot, estou arrependido por ter feito você
passar por isso. Como posso ter incertezas com relação à tão bondosa criatura? Por que fazer com um amigo
o que eu não gostaria que ele fizesse comigo? Agora tudo é mais claro. Como enxergamos coisas onde não
há. Como duvidamos das pessoas que nos amam e só querem a nossa felicidade e nosso bem.
ARTHUR – Espere, quero lhe mostrar algo. (Pega um caderno). Veja são poesias que fiz para Giovana.
(Lancelot as lê). Que dia calmo é o de hoje. Tenho vontade de cantar. Vou fazer a mala e voltar para casa.
LANCELOT -‐ E eu para a minha. Afinal tenho de dormir um pouco. (Saem).
CARLOS -‐ Bem agora que eu já curado, voltando a ter gosto e vontade pela vida, eis que esta bandida surge
na minha frente e me trás de volta toda a dor da doença. Recordando este passado que vem de novo
LANCELOT -‐ Olá amigo Carlos. Quais as novas que me conta. Divirta-‐me com assuntos agradáveis, pois de
CARLOS -‐ O que dirá de mim então Lancelot... O caso é que possuo bom humor e otimista sou. Mas com
certeza seu caso é uma festa em comparação ao meu coração duas vezes dilacerado pela mesma mulher.
LANCELOT -‐ Pois começa a se tornar familiar ambas as situações.
LANCELOT -‐ Se fui, foi por mim mesmo. Não Carlos, falemos a verdade. Pelo menos a ti que é um grande
LANCELOT -‐ Eu sofro. Eu sofro. Temo que não Carlos, eu e a pobre mulher estamos enganando um pobre
marido.
na terra vive um amor correspondido? É o que lhe pergunto. Este é o mal da civilização, as pessoas quando
estão felizes querem estragar tudo. Imaginam que sua felicidade provém de alguma força maligna que deva
ser evitada e o sofrimento perecer. Ou ainda imaginam-‐se tão poderosos que tentam conquistar outros
LANCELOT -‐ Não é nem em um, nem em outro terreno que me encontro. Carlos, para a minha felicidade se
CARLOS -‐ O conselho que te dou é vá, e seja feliz. Se você pelo que eu entendi ama esta dona e ela te ama,
se vocês se separarem, não será uma ofensa só a vocês, mas a todos nós que lutamos por amor.
LANCELOT -‐ Carlos eu estou falando da mulher do meu amigo Arthur!(Carlos ri compulsivamente). Do que é
que você ri? Isto é trágico e não cômico. Que conselho você me dá agora?
CARLOS -‐ O mesmo. Meu caro o amor é prioridade. Nós vivemos para ele. É o que de mais maravilhoso pode
existir.
CARLOS -‐ Mas me diga há quanto tempo, você e a bela Giovana escondem este amor do mundo?
LANCELOT -‐ Não há muito e confesso que Arthur tem um pouco de culpa na estória.
LANCELOT -‐ Pelo contrário, nunca vi homem mais apaixonado. Tantas eram as dúvidas se Giovana o amava
na mesma intensidade que a dele que pediu a mim, seu melhor amigo que a seduzisse. O resto você já
conhece.
CARLOS -‐ Sendo assim,o melhor é você esperar para ver o que acontece. Como falamos a pouco, as pessoas
se aventuram e depois retornam ainda mais felizes para os seus amantes, após os terem enganado. Mas se
uma prova de quão importante é uma amizade ao ser humano. Pobre é o homem desprezado, porém pobre
do homem que não possui amigos. Vou agora mesmo dizer a Giovana que está tudo terminado. (sai).
CENA 3 (Piscina do hotel, Arthur e Meduza conversam animadamente e não notam a presença de Carlos que
MEDUZA -‐ Que cor de céu! É raro termos um sol assim na capital.
ARTHUR -‐ É... Hoje parece um daqueles dias onde tudo está às mil maravilhas. Tudo vai se tornando ainda
melhor. Nos dá um otimismo em relação à vida. Tal qual nos descreve o poeta Homero. Quando o guerreiro
Ulisses passa uma temporada com a deusa Calipso numa ilha. Todos os dias são inesquecíveis.
MEDUZA -‐ Mas se o senhor Fernando conhece bem, mitologia.... Quando Ulisses viveu com Calipso os seus
pensamentos estavam em Ítaca, mais precisamente na sua amada Penélope...
MEDUZA -‐ E para onde estavam os olhos do guerreiro Ulisses?
ARTHUR -‐ Para guerra! Para a guerra e suas conquistas. Esses dias, sabe, eu estava me sentindo tão só.
MEDUZA -‐ Você deve estar de gozação. Que bem é este?
MEDUZA -‐ Amizade. (Fica desapontada). Achei que pudesse ser outra coisa.
ARTHUR -‐ Você pelo visto não considera a amizade, algo único e transformador da humanidade?
MEDUZA -‐ Eu penso que a amizade é um bem precioso, lógico. Porém há outras relações que priorizo.
ARTHUR -‐ Sim mas o amor nos faz sofrer, em quanto a amizade só nos dá alegria.
ARTHUR -‐ Não se pode... Se me permite dizer, Meduza, confiar plenamente na pessoa amada em quanto nos
amigos verdadeiros, eles são mais fiéis a nós, do que nós mesmos.
MEDUZA -‐ Talvez você tenha razão. Porém os nossos amigos por melhor que sejam não nos podem fornecer
ARTHUR -‐ Mas nos guiam para a direção correta, para onde sofreremos menos.
MEDUZA -‐ Fernando, você começa a dizer bobagens. Nossos amigos estão sempre do nosso lado e por
conseguinte contra a pessoa que amamos. Logo estão contra nós mesmos, isso porque nós, os apaixonados,
estamos sempre também a favor de quem amamos, mesmo quando nos prejudicamos. Percebe? Agora seja
meu amigo e me aguarde aqui, vou buscar um protetor. (sai).
CARLOS -‐ Quer dizer que as coisas vão indo de bem a melhor, para o meu amigo Arthur?
ARTHUR -‐ Então você estava aí escondido ouvindo minhas conversas. Admito sim que eu sou um homem
bem feliz. Se é difícil para você Carlos... Aceitar que nem todos são infelizes com falta de sorte como você...
CARLOS -‐ Está bem, eu sou um azarado. Um pobre coitado sem dinheiro e desprezado. Mas te digo que se
ARTHUR -‐ Como? Se todos concordam que feliz é o homem que ama e é amado, que tem amigos fiéis e
CARLOS -‐ Em absoluto. Deixe-‐me prosseguir: o segundo sobre amigos fiéis é meia verdade, e terceiro sobre
ARTHUR -‐ Acho bom você me explicar o que quer dizer este monte de bobagens que você diz. Pois eu posso
provar o contrário. Se você pensa que sou um ingênuo como você que é enganado pela primeira gostosinha
CARLOS -‐ Pois saiba você também que a mesma gostosinha que me enganou lhe enganava a pouco.
CARLOS – Sim, mas nem é deste engano que eu te dizia e sim de um outro bem mais grave.
ARTHUR -‐ Se você quer saber nem me importo se esta sem vergonha me dava um golpe agora a pouco. Eu
da minha parte, também só queria um pouco de lazer. E depois amo outra, a minha mulher.
CARLOS -‐ Pois é dela mesmo que eu estou falando. Como eu disse a pouco, sobre seus amigos, que era meia
verdade a fidelidade deles. Arthur, eu como seu amigo devo lhe dizer.
ARTHUR -‐ Não me amole com seus problemas, Carlos. Hoje é um dia muito especial... Espera aí, o que é que
tem a Giovana?
ARTHUR -‐ Impossível. Você mente, Carlos. Você sempre com inveja dos outros seu mentiroso, intrigueiro.
CARLOS – Claro, assim te disse Lancelot, não é mesmo? E você ingênuo não vê que sua mulher e seu amigo
Lancelot o traem e que a gatinha que você flertava a pouco, é a mesma que me enganou?
CARLOS -‐ Porém o meu dever de amigo está feito, eu te preveni. Agora tome uma atitude.
ARTHUR -‐ Eu mato os dois. Mas como você soube?
CARLOS -‐ Próprio Lancelot me contou. Disse também que pretendem fugir com o seu dinheiro.
ARTHUR -‐ Me ajude a desmascarar estes bandidos, pois eu só acreditarei vendo.
CARLOS -‐ Prometo te ajudar, tenho até um plano, porém você deve me prometer que também me ajuda
ARTHUR -‐ É lógico meu amigo. Oh! Que revelação, meu melhor amigo e minha mulher. Carlos, de agora em
diante você é meu melhor amigo, mas eu tenho de ver esta traição com os meus próprios olhos. (Saem).
CINUCA -‐ Eu vim atrás do meu patrãozinho. Eu não sabia que as Europa era tão perto assim. Achava que
tinha de ir de vião. Mas que lugar granfino. E aquele ali será que é europeu? Será que fala em brasileiro?(Vai
CINUCA -‐ Vim buscar as malas do patrão, Seu Arthur.
FUNCIONÁRIO -‐ É o quarto 33, Seu Arthur já me havia dito que você viria. Tome a chave. Eu te ajudaria, mas
CENA 6
CARLOS -‐ Pronto o plano está feito, Arthur foi comprar as coisas necessárias. Agora tenho de imaginar como
farei para me vingar de Meduza. Mas vejam é Lancelot que ali vem. Bravo Lancelot, como andam as coisas?
LANCELOT -‐ Carlos, refleti muito e voltei para contar a Arthur toda a verdade.
CARLOS -‐ Mas que tolo é você, vai contar justo agora, que Arthur arrumou outra e nem mais se lembra da
antiga Giovana.
CARLOS -‐ Lancelot, o nosso amigo conheceu uma jovenzinha aqui mesmo neste hotel. Se chama Meduza.
Nunca vi Arthur tão feliz, é Meduza pra cá, Meduza pra lá. No fundo acho que ele só se envolve com
CARLOS -‐ Você já deve ter ouvido ele falar dela?
CARLOS -‐ Vá Lancelot saia daqui e fuja com Giovana enquanto é tempo. Desapareça por um tempo e quando
vocês reaparecerem, Arthur vai estar casado com esta Meduzinha e até lhe agradecerá.
LANCELOT -‐ É isso mesmo que eu vou fazer. Vou fugir com ela ainda hoje.
CARLOS -‐ Eu até te emprestaria um dinheiro, mas sabe como eu ando caído...
CARLOS -‐ Leve o dinheiro de Arthur. Afinal para que servem os amigos.
LANCELOT -‐ Você tem razão, para que servem os amigos. Nos vemos depois. (sai).
CINUCA -‐ Dá licença Seu Arthur! Ué não tem ninguém no quarto. Mas que quartão este? Na minha terra, isto
aqui é uma casa para 15 pessoas morar. Mais os agregados. Ali dá uma sala com TV, uma cozinha, os
quartos...... Mas que bagunça que o patrão deixou. Tudo esparramado. (vê as roupas de Arthur). Olha cada
roupa grã fina do patrão. (começa a vestir um terno de Arthur, finge que fala com alguém) Eu deixei o carro
ali faz favor de guardar, pegue as minhas malas e me traga algo pra tomar. Tem um peão lá na vila onde eu
moro que diz, que é só a gente botar roupa de rico que a gente vira um rico. To achando que é verdade. Se o
cabra põe roupa de soldado sai matando. Se põe farda de policia sai batendo, se recebe um cargo público sai
roubando. Se começa a assistir novela então, não quero nem pensar no que é que vira. Aposto que se eu
tivesse umas roupas dessa ia surgir mulher de tudo que é lugar. (Finge que fala ao celular) Mande transferir
oitocentos do banco das Europa... (entra Meduza) Como? Claro, oitocentos mil, imagine oitocentos
MEDUZA -‐ Eu sou o que você quiser que eu seja.
MEDUZA -‐ Então você não é um homem poderoso acostumado a mandar? Vamos ver se eu obedeço meu
mestre.
CINUCA -‐ Vou começar a mandar. (à parte). O que uma roupinha diferente não faz. Fica de quatro.
(Conforme Cinuca vai ordenando Meduza vai obedecendo, sempre feliz). Agora late.
CINUCA -‐ Agora abana o rabinho. Isso! Agora me lambe. Isso! Chora, isso! Rola.
CINUCA -‐ Acende a luz que eu quero te ver. (Meduza acende, se assusta).
CINUCA -‐ Como quem sou eu? Não está vendo a roupa?
MEDUZA -‐ (Se envergonha) Mas eu achei que fosse outra pessoa.
CINUCA -‐ Mas pra sua sorte sou eu. Vamos de quatro. Que eu sou patrão e estou mandando. (Meduza
obedece). Late! Que eu estou mandando. (Meduza obedece). Não é das mais bonitas mas por hoje serve.
MEDUZA -‐ Ou! Au! (Cinuca bate com um sinto em Meduza enquanto ela continua latindo).
ARTHUR -‐ Mas o que é que esta acontecendo aqui? Cinuca? (Meduza terrivelmente constrangida). E o que
CINUCA -‐ (Se recompondo). Me desculpe Seu Arthur. (Começa a tirar o terno). Vim pegar as malas que o
senhor mandou e essa louca aí, entrou aqui e me obrigou a vestir este terno.
ARTHUR -‐ É o meu criado. Quem você achou que fosse? (Meduza se levanta).
MEDUZA -‐ Isso não vai ficar assim. Vai ter troco. (Sai).
ARTHUR -‐ (Para Cinuca). Leve as malas para o carro. O que é que você esta rindo?
CINUCA -‐ Nada não Seu Arthur, é que a doida achou que eu era patrão...
ARTHUR -‐ Vai logo. (Ri e sai atrás de Meduza, Cinuca pega as malas e sai).
GIOVANA -‐ Julieta, sei que nos conhecemos a pouco tempo. Mas como não encontro ninguém mais a quem
contar vou desabafar com você mesmo. Julieta vou fugir com Lancelot. (Julieta desmaia). Julieta o que
JULIETA – Patroa, fugir assim com um sujeito tão sem futuro como o Seu Lancelot. Sendo que o Seu Arthur é
GIOVANA -‐ Eu sei disso. É uma decisão difícil mas devo fazê-‐la. Foi algo que refleti muito. Não é empolgação
passageira.
JULIETA -‐ Refletiu em um dia só. Ainda mais o Seu Lancelot é o melhor amigo do patrão.
GIOVANA -‐ Nem me lembre deste detalhe. Você acha que o Arthur vai sofrer muito?
JULIETA -‐ E quando vai ser isso? Para onde vocês vão?
GIOVANA -‐ O quanto antes. Vamos para a Bahia, morar na praia.
GIOVANA -‐ É vamos morar na praia e dormir todos os dias ouvindo o mar e vendo a lua, as estrelas...
(suspira). Ah Julieta, como estou apaixonada! Como fui tão cega este tempo todo e não notar um homem
tão apaixonante.
JULIETA -‐ Mudando um pouquinho a conversa. A senhora sabe do Cinuca? Ele saiu com o carro e disse que ia
JULIETA -‐ A senhora quer que eu leve alguma carta para o seu Lancelot?
GIOVANA -‐ Não pode deixar, que eu agora tenho o telefone dele e o e-‐mail também. Vou lá para dentro
ligar. (Sai).
JULIETA -‐ Já sei o que eu vou fazer para ficar com este lindo do Lance! Vou me disfarçar de patroa e quando
ele vier para buscá-‐la, sou eu quem ele vai levar. (Campainha). Será que é outro amigo do patrão ou é ele
mesmo? (Suspira). Ah! Lancelot! (Vai abrir a porta, entra Arthur disfarçado de tia velha e Cinuca carregando
uma mala).
ARTHUR – Ah, que bela casa que o meu sobrinho Arthur mora! (Para Julieta). Você deve ser a esposa do
meu sobrinho. Ele me disse que você anda muito só e quer que eu lhe faça companhia enquanto ele estiver
JULIETA -‐ Não sou eu não. (Entra Giovana, que não reconhece o marido disfarçado).
ARTHUR -‐ Esta deve ser a criada. (Para Giovana). Oi benzinho, leve minhas coisas para o quarto de hóspede,
sim.
ARTHUR -‐ Nossa que moça bronca! (Para Julieta). Ela é de confiança?
JULIETA -‐ A senhora está fazendo confusão ela é a patroa e eu sou a criada. (Arthur finge um embaraço).
ARTHUR -‐ O mundo contemporâneo anda tão trocado que fiz confusão. Me desculpe, então você é a esposa
GIOVANA -‐ Agora o Arthur pôs alguém pra me vigiar. Era melhor um detetive particular.
ARTHUR -‐ Mas que bobagem minha sobrinha. Eu era a melhor amiga da mãe dele. Vi este menino nascer e
crescer e agora que estou de volta do estrangeiro, é bom saber como vão as coisas. Ele nunca falou de mim
JULIETA -‐ (Para a patroa). Calma dona Giovana, senão ela desconfia.
GIOVANA -‐ (Baixo). Bem lembrado. (Para Arthur). Eu estou brincando, tia Peta! Vou lhe mostrar a casa e
depois tomaremos chá da tarde. É tão bom ter alguém com quem conversar, eu ando tão só. Julieta leve as
ARTHUR -‐ Mas me diga, minha filha, você recebe muitas visitas? Deve haver um batalhão de homens,
GIOVANA -‐ Que isso, tia Peta! Já tive dias melhores na faculdade.
ARTHUR -‐ Que isso agora que é uma Balzaquiana, as coisas devem ter melhorado? Você pode me contar
GIOVANA -‐ Que pergunta tia Peta. (Olha as horas). Tia Peta eu tenho que visitar uma amiga que está me
esperando, mas volto para almoçar... Quer dizer jantar com a senhora.
ARTHUR -‐ É claro que não, estou brincando. Vai minha querida, eu também vou descansar para de noite.(Sai
Giovana, Cinuca leva as malas de tia Peta com Julieta).
Cena 10
CARLOS -‐ (Que ri ao ver o amigo disfarçado). Arthur é você eu quase não te reconheço.
ARTHUR -‐ É melhor você estar certo, Carlos, pois eu estou me sentindo péssimo nesta situação toda.
CARLOS -‐ É claro que estou. Depois do jantar eles vão escapar.
CARLOS -‐ Porque Giovana não quer que ninguém a veja saindo com as malas. E porque ela foi agora ao
Carlos – Bem, vamos lá para dentro planejar tudo. (saem os dois).
ATO 4
Cena 1 (frente da casa de Arthur,noite. Julieta está com roupas de Giovana e uma mala. Aguarda ansiosa por
Lancelot)
JULIETA -‐ Minha patroa distrai a tia Peta lá dentro da casa e quando der por si verá que eu fui mais rápida e
escapei com o herói. Mas vejam, é Lancelot que vem vindo. (Entra Lancelot).
LANCELOT -‐ Amor desculpe se demorei queria ter certeza de que ninguém a seguia. Vamos que a Bahia nos
espera. Trouxe o dinheiro? (Julieta faz sim com a cabeça). Está uma noite escura, mal se vê a rua. Você está
diferente amor... Quase que não a reconheço. Se não fossem suas roupas. Você está tão linda, aliás nunca te
vi tão linda. (Beijam-‐se). Nossa! Que loucura,vamos depressa. Aproveitemos a escuridão. (Saem).
CARLOS -‐ Eu os vi, foram naquela direção, abaixe-‐se não deixe que te vejam. E agora você começa a
GIOVANA -‐ Que carros são esses correndo tanto esta hora? Aquela velha atrasou minha vida. Será que
Lancelot desistiu? O celular dele está desligado. Droga! Mas afinal o que eu estou fazendo? Fugindo com um
dinheiro que nem é meu. Com o melhor amigo do meu marido. Pobre Arthur. Será que realmente eu estou
TIA PETA -‐ Oi! Você poderia me dar uma informação? Sabe onde é a casa do meu sobrinho Arthur?
TIA PETA -‐ Ai,graças... Peguei o voo do corujão, que é mais em conta.
TIA PETA -‐ Tia Peta, sou a segunda mãe do Arthurzinho. Mas espere que eu estou te reconhecendo. Você é
TIA PETA -‐ Sim. Achou que eu tinha morrido? Ou o Arthur nunca falou de mim antes?
GIOVANA -‐ Então a outra... Mas é claro, bem que estava tão parecida com alguém. Ou Arthur! Então ele
GIOVANA -‐ Nada. Vou te levar lá para dentro. No quarto de hóspedes. O Arthur não deve demorar. (Saem).
Cena 4 (Interior da casa de Arthur, entra Cinuca que vê tia Peta)
CINUCA -‐ O senhor falando assim, fica mesmo parecendo uma tia velha. Tá perfeito. Foi o que eu disse lá no
hotel, aquela biscate quando me viu com roupa de patrão, achou que eu fosse um. Se eu não soubesse que
é o senhor jurava que é a tia velha. (Ri). Como o senhor ficou feio. (funga). Até o cheiro de queijo da velha o
senhor tá cheirando, quer dizer fedendo. Nossa! Tira um pouco essa roupa Seu Arthur. (Vai pra cima de tia
Peta e inutilmente tenta retirar o disfarce). Grudô. O senhor encarnou na tia velha.
TIA PETA -‐ Claro que sou, quem você achou que fosse? Uma princesa?
CINUCA -‐ Então danou-‐se. O Seu Arthur sabe que a senhora chegou?
TIA PETA -‐ Já há tempos estou para vir. Mas confesso que é uma surpresa. E o que você tem com isso seu
criado petulante. Eu sou uma senhora bem moderna mas deixe só o Arthur saber que você quis abusar de
mim.
CINUCA-‐ Ih! Danou-‐se. (Parte pra cima de tia Peta e bate nela, até que ela desmaia). Pronto vou levar a
velha, vai que dona Giovana descobre que o Seu Arthur não é a tia velha. Por pouco ele não é
Cena 5 (Entram Carlos e Arthur, este ainda disfarçado, com Lancelot e Julieta encapuzados)
CARLOS -‐ Pegamos os dois. Agora você me acredita ou não?
ARTHUR -‐ (Chuta Lancelot). Tratante, como você faz isso com um amigo tão antigo e fiel como eu? Como?
Vamos matá-‐los.
LANCELOT -‐ (Que ainda crê que foi pego com Giovana). Me desculpe Arthur! Por eu fugir com esta sua
ARTHUR -‐ (Que ri aliviado). Perdoar eu te dou até a minha benção.
ARTHUR -‐ Entrou lá pra cozinha. Ficou constrangida, coitada. (Lancelot vai atrás de Julieta).
ARTHUR -‐ Como você é tonto, Carlos. O tempo todo ele estava atrás era da criada. Que até que é
CARLOS -‐ Alguma coisa não está certa. Vou lá ver isso direito. (Sai, volta Giovana).
GIOVANA -‐ Então a senhora está aí, tia Peta. (Giovana começa a chorar).
ARTHUR -‐ Mas é claro que ele é ciumento! Casado com uma mulher bela como você.
GIOVANA -‐ Acontece que eu não sou mais bela do que ele é. O Arthur é lindo.
GIOVANA -‐ Por que até hoje a tarde eu estava apaixonada pelo amigo dele, Lancelot.
GIOVANA -‐ Nós íamos fugir eu e Lancelot. Mas ele fugiu com a criada antes.
GIOVANA -‐ Não. Você me disse que eu podia confiar em você, tia. Que você era descolada!
ARTHUR -‐ Você esta me dizendo que ama, ama Arthur de verdade?
ARTHUR -‐ (muda a voz). Acontece que eu não confio mais em você. (Giovana não encara Arthur, talvez ela
GIOVANA -‐ Arthur eu estou envergonhada e não peço que você me perdoe. Vou embora desta casa. (Entra
Meduza).
MEDUZA -‐ Oi Giovana! Toquei, toquei, toquei a campainha, mas ninguém atendeu e como a porta estava
aberta eu entrei. (Vê Arthur). Fernando, o que você esta fazendo aqui? Na casa da minha amiga?
GIOVANA -‐ Então é este o Fernando que você me disse? Ele é meu marido. (Entra Carlos).
CARLOS -‐ Eu ouvi tudo. Suas ordinárias que só sabem é assaltar os homens.
GIOVANA -‐ Do que é que você esta falando seu vândalo?
CARLOS -‐ E você não ia fugir com o Lancelot e levar o dinheiro do Arthur?
ARTHUR -‐ Carlos seu bocó, a Giovana é dez vezes mais rica do que eu. Então por que ela levaria o meu
LANCELOT -‐ Arthur eu tenho uma coisa para te confessar.
ARTHUR -‐ Eu já sei de tudo, este intrigueiro do Carlos já havia me contado.
LANCELOT -‐ Eu quero te comunicar que vou me casar com Julieta.
ARTHUR -‐ E eu que não vou me separar de Giovana.
GIOVANA -‐ Quer dizer que é só eu me distrair um instante, que você já estava me traindo com a minha
amiga!
ARTHUR -‐ E você com o meu amigo! (Entram Cinuca e Tia Peta). Tia Peta?
CARLOS -‐ Então tudo acaba bem e eu? Quando vou ter o meu dinheiro de volta? (vai falar com Meduza,
enquanto discutem baixo, Lancelot e Julieta se beijam e o mesmo se dá com Cinuca e tia Peta).
ARTHUR -‐ Mas afinal, por que é que você vem me tratando tão estranhamente?
PANO