Você está na página 1de 25

Rede Globo de Televisão

Central Globo de Produção Capítulo 81

Salve Jorge

Novela de Glória Perez

Direção
Luciano Sabino, Alexandre Klemperer,
Adriano Mello, João Paulo Jabur
e João Boltshauser

Direção Geral
Marcos Schechtman
Fred Mayrink

Núcleo
Marcos Schechtman

Personagens deste capítulo

ADAM EKRAN MARINA VANÚBIA


AMANDA ÉRICA MORENA
ANTONIA GALEGO MUSTAFÁ
ARTURO HELÔ PESCOÇO
AYLA IRINA RAISSA
AYSHA ISAURINHA RAQUEL
BARROS JOYCE ROSÂNGELA
BERNA LENA RUSSO
BIANCA LEONOR STÊNIO
CARLOS LÍVIA WALESKA
CELSO LUCIMAR WANDA
DEBORAH LURDINHA ZYAN
DELZUITE MAITÊ
DIVA MÁRCIA

Participação Especial:
SEQUESTRADA 1 e 2
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 1

CENA 1. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


JOYCE DIANTE DE HELÔ.
JOYCE — São duas garotas, doutora. Diz que viram a Jessica no
banheiro e falaram com ela.

HELÔ — Manda entrar. (TOM) Joyce, já despachou as intima-


ções?

JOYCE — Tudo certinho já.


JAYCE SAI. O CELULAR DE HELÔ TOCA. ELA ATENDE, DE SACO CHEIO.
HELÔ — (CEL) Fala Stênio, eu tô ocupadíssima agora.
EDIÇÃO: FAVOR ALTERAR DIÁLOGOS COM STÊNIO EM SEU ESCRITÓRIO.
STÊNIO — (CEL) Escuta por favor, Helô. Ó, tá o maior clima lá
em casa. O Mustafá vai embora e eu acho que ele não
quer que a Berna vá junto. Ela tá chorando por todos os
cantos lá!

HELÔ — (CEL) Peraí, você tá interrompendo o meu trabalho


pra resolver os problemas conjugais da Berna e do Mus-
tafá, Stênio?

STÊNIO — (CEL) Me escuta, Helô: custa você dizer pro Mustafá


que você não pode garantir essa história ai do trafico de
pessoas? Que essa história da Aysha talvez não sela lá...

HELÔ — (CEL, CORTA, SEM PACIÊNCIA) Pára, pára! Não


continua que suborno por telefone também é crime! Já
desliguei (DELIGA).
JOYCE ENTRA ACOMPANHANDO MÁRCIA E ÉRICA.
JOYCE — Doutora, chegaram.

HELÔ — Oi, gente... E ai? Sentem, por favor.


ÉRICA E MÁRCIA SE ACOMODAM. JOYCE TAMBÉM JÁ ASSUME SEU
POSTO.
HELÔ — Então vocês viram a Jessica no banheiro?

ÉRICA — É, foi tudo muito rápido, mas a gente até conversou


com ela.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 2

HELÔ — Vocês conheciam a Jessica?

MÁRCIA — Não.

HELÔ — A gente nunca tia visto ela antes.

MÁRCIA — A gente reconheceu pela foto mesmo do jornal.

HELÔ — Jo, falando em foto, pede pro Barro conseguir as fo-


tos do desfile de ontem. Todas que ele encontrar, por fa-
vor. (P/ÉRICA E MÁRCIA) Gente, como é que foi esse
encontro?
INSERIR FLASH BACK DA CENA EM QUE ÉRICA E MÁRCIA ENCONTRARAM
COM JESSICA NO BANHEIRO.
ÉRICA — Na verdade a gente nem tinha reparado muito nela. A
gente já tava no banheiro e na hora que faltou o papel to-
alha foi que a gente percebeu ela ali. Eu tinha, emprestei
pra ela. Vi que ela tava ali com um borradinho no canto
do olho... ela: “ah deve ser rímel”... e despejou as coisas
da bolsa pra procurar, sabe quando a gente não encontra
alguma coisa na bolsa?

HELÔ — A bolsa era grande?

ÉRICA — Não. Era pequena.

MÁRCIA — Tipo bolsa de festa, sabe?

HELÔ — E vocês lembram da hora? Isso foi muito tempo antes


do alarme ter tocado? Vocês conseguem lembrar?

ÉRICA — Não lembro... talvez uma hora antes. É difícil, né?


Porque quando a gente tá em festa não presta muita a-
tenção na hora/

MÁRCIA — (LEMBRA) Mais tem a foto!

ÉRICA — Sim, a foto...

MÁRCIA — A gente tirou uma foto antes com o desfile de fundo.


(ENTREGA O CELULAR PRA HELÔ) Aqui, ó.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 3

HELÔ — (EXAMINA A FOTO) Ah tem a hora aqui, ó: nove e


trinta (P/JOY0CE) Anotou ai? (DEVOLVE O
CELULAR) Obrigada. (TOM) O alarme foi tocado por
volta das dez então temos meia-hora aqui. Essa morte
aconteceu nesse período de meia-hora. Quer dizer: vo-
cês estiveram com ela meia-hora antes de morrer.

MÁRCIA — (ARREPIADA) Nossa!

ÉRICA — Será?

HELÔ — Vocês tem certeza de que não tinha mais ninguém


dentro daquele banheiro?

MÁRCIA — Eu não vi mais ninguém lá.

ÉRICA — Não tinha... até porque aquele banheiro era meio na


contra mão. Tinha um outro banheiro muito mais visível,
perto das pessoas...

MÁRCIA — Mas quando a gente entrou tava saindo uma moça...


INSETIR FLASH BACK DA CENA EM QUE MÁRCIA E ÉRICA DERAM COM
RAQUEL SAINDO DO BANHEIRO.
MÁRCIA — Aquela namorada do Élcio, a Raquel.

ÉRICA — Verdade, eu esbarrei nela. Ela é de uma família co-


nhecida a Flores Galvão.

HELÔ — Raquel...
CORTE PARA:

CENA 2. MANSÃO FLORES GALVÃO. SALA. INT. DIA.


RAQUEL REAGINDO DIANTE DE LEONOR E EMILY.
RAQUEL — Eu na delegacia... por quê?

LEONOR — A Helô quer que você passe lá. Ela disse até que vai
mandar uma intimação, mas se você puder passar lá an-
tes... (TOM) Deve ser aquela história de ontem. O inci-
dente com aquela moça.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 4

RAQUELA — Mas é que eu posso tar envolvida nisso, dona Leonor?


Eu nem conhecia a menina. Aliás: a Aída que deu de ca-
ra com ela caída no banheiro, não fui eu.

LEONOR — Formalidade, não é Raquel?


CARLOS E AMANDA VEM DESCENDO DA ESCADA. RAQUEL APANHA O
CELULAR E VAI PRA UM CANTO.
AMANDA — Eu vou fazer a reserva, amor. Essa é uma data super
especial pra gente. É aniversário de namoro e aniversário
de namoro é uma data especial. A gente comemora há
tantos anos!

CARLOS — Tá bom... faz lá.


ELE VAI SAINDO. AMANHA O ACOMPANHA ATÉ A PORTA.
AMANDA — Então a gente sai daqui as nove, não esquece, tá? bei-
jo, mô.

LEONOR — Aniversário de namoro, é?

AMANDA — Seguindo os seus conselhos, dona Leonor: ignorando


os boatos e as provocações. Eu não vou entregar meu
marido de bandeira pra ela não.

LEONOR — Eu soube do vinho que você “sem querer” despejou


no vestido dela.

AMANDA — Eu ignoro as provocações dele agora as dele não tem


porquê ignorar.
RAQUEL VOLTA.
RAQUEL — Olha tão dizendo que foi droga que matou a menina.
Será que a Helô quer que eu diga alguma coisa? Será que
ela tá querendo saber se eu vi alguma droga rolando por
lá?

LEONOR — Ao invés de ficar fazendo especulações no que você


pode ajudar, vai logo lá!

RAQUEL — Quer saber? Eu vou.


CORTE PARA:
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 5

CENA 3. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


BARROS DIANTE DE HELÔ.
HELÔ — Raciocina comigo, Barro: a foto foi batidas nove e
meia, as dez horas a Aída encontrou o corpo, certo? En-
tão essa morte aconteceu logo depois que aquelas duas
saíram do banheiro... até porque a Jessica não ia ficar
meia-hora se olhando no espelho...

BARROS — A não ser que ela quisesse mesmo usar drogas.

HELÔ — Vamos supor que ela tivesse com uma seringa dentro
da bolsa... cadê a seringa? Cadê a seringa que tinha que
tar ali do lado do corpo, cadê?

BARROS — Doutora, fazendo um pouco o papel de advogado do


diabo: e se alguém tivesse tirado essa seringa de lá? Tal-
vez um amigo dela... um organizador do evento.

HELÔ — Talvez alguém tenha entrado lá antes da Aída, é isso?

BARROS — Tudo é possível.

HELÔ — Eu entrei no banheiro, vi ela ali caída, mas tava todo


mundo tão focado nela que eu realmente não percebi. Eu
não percebi se tava faltando torneira, entendeu?

BARROS — Eu também não reparei nada suspeito, doutora. Nada


incomum.

HELÔ — Tem alguma coisa que não se encaixa nessa história.


CORTE PARA:

CENA 4. CASA DE MORENA. SALA. INT. DIA.


MORENA ALI NA MESA, PENSATIVA, AINDA MUITO ABALADA. LUCIMAR
ENTRA DA RUA.
LUCIMAR — Pô Morena, nem foi no enterro, filha? Fiquei te espe-
rando lá.

MORENA — Não quis ver não, mãe.


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 6

LUCIMAR — Aquela musa do desfile... a famosa Lívia Marini, né?


Ela tava lá. (T) Achei tão bacana, sabe? Ela mandou uma
coroa de flores bonita... pediu seu telefone. Eu dei.

MORENA — Ela tá querendo falar comigo.

LUCIMAR — Gostei dela. Simpática. (TOM) Achei bacana ela ter


ido porque ela nem conhecia a Jessica. Foi por quê? Por-
que a Jéssica morreu no evento que ela tava fazendo. a-
chei bacana. E o Russo e a Wanda também tavam bem
tristes.

MORENA — (DISFARÇA ÓDIO) Tavam mermo.

LUCIMAR — (CABREIRA) Droga é uma coisa muito perigosa, né


filha?
A PARTIR DAQUI RITMO NO DIÁLOGO.
MORENA — (FIRME) A Jessica não usava droga, mãe!

LUCIMAR — Que isso, Morena? Não sou eu que tô falando foi a


perícia que disse!

MORENA — Eu tô falando que ela nunca usou. Eu tava com ela


eu sei!
MORENA SOBE CORRENDO PRA O QUARTO.
LUCIMAR — Que isso, Morena? Tá possuída de novo?
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 5. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


HELÔ, JOYCE E BARROS TRABALHANDO. RAQUEL ENTRA.
RAQUEL — Com licença.

HELÔ — Raquel!

RAQUEL — Eu soube que você tava querendo falar comigo. A-


conteceu alguma coisa? É por causa da garota de ontem?

HELÔ — Eu tenho umas perguntinhas pra fazer. Tudo bem?


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 7

RAQUEL — Eu tô um pouco tensa com essa história. Eu nem co-


nhecia essa moça, Helô. Nem a vi no desfile...

HELÔ — Não fique! (TOM) Teve uma hora que você tava sa-
indo do banheiro e duas garotas esbarraram em você.
Lembra?

RAQUEL — Lembro. Mas o que tem elas?

HELÔ — Quando você entrou no banheiro, tinha mais alguém


lá dentro?

RAQUEL — (CONVICTA) Não.

HELÔ — Você tem certeza?

RAQUEL — Absoluta. Não tinha ninguém... (MEIO


CONSTRANGIDA) até porque eu aproveitei que não ti-
nha ninguém e resolvi... eu resolvi tirar umas fotos mi-
nhas... coisa boba/

HELÔ — Fotos? Cê tem essas fotos ai?

RAQUEL — Ah meu Deus, você não vai querer ver isso, né?

HELÔ — Prometo que não vou publicar... por favor, me mostra


essas fotos!
RAQUEL RETIRA O CELULAR DA BOLSA E ENTREGA-O COM A FOTO JÁ
ABERTA PRA HELÔ.
RAQUEL — (CONSTRANGIDA) É de brincadeira, hem...
HELÔ VÊ A FOTO PELO CELULAR. ELA DÁ UM ZOOM E VÊ QUE NA
IMÁGEM A TORNEIRA DA PIA ESTÁ EM SEU DEVIDO LUGAR.
HELÔ — Barros, vem cá vê isso!

RAQUEL — Helô, você não vai mostrar minha foto pro moço... ah
meu Deus...

BARROS — (P/RAQUEL) Com licença.


HELÔ MOSTRA A FOTO PRA BARROS.
HELÔ — Barros, olha isso: a bancada está intacta nessa foto.
Não tem nenhuma torneira arrancada!
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 8

BARROS APANHA O CELULAR. VAI EXAMINAR MAIS DE PERTO. HELÔ


PERCEBE QUE DESVENDAR ESSA MORTE SERÁ MAIS DIFICIL DO QUE ELA
IMAGINAVA.
CORTE PARA:

1º INTERVALO

CENA 6. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


CONT. IMEDIATA. OS MESMOS DA CENA ATERIOR. JÁ EBRE EM HELÔ,
REAGINDO.
HELÔ — Não era esse o motivo da interdição do banheiro: tor-
neiras arrancadas?
BARROS AINDA EXAMINANDO A FOTO NO CELULAR.
BARROS — Tô cabreiro. (DEVOLVE O CEL.) D. Raquel.

RAQUEL — (GUARDA O CEL.) Obrigada.


HELÔ FAZ SINAL PRA BARROS E DEPOIS PARTE PRA ALGUMAS
ANOTAÇÕES. CLIMA TENSO.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 7. ALEMÃO. RUA. EXT. DIA.


MOVIMENTAÇÃO. RUSSO VEM AVANÇANDO EM DIREÇÃO À CASA DE
MORENA.
CORTA EM DESCONTÍNUIDADE PARA:

CENA 8. BOTECO DA DIVA. INT. DIA.


DIVA FAZENDO ANOTAÇÕES ATRÁS DO BALCÃO. MARIA VANÚBIA DO
OUTRO LADO COMENDO ALGUMA COISA. ELA VÊ RUSSO PASSANDO EM
FRENTE O BAR. CHAMA-O.
M VANÚBIA — Russo. Não esqueceu de mim não, né?

RUSSO — Pode deixar que eu já te registrei, garota.

M VANÚBIA — Então registra de novo, ó... (MOSTRA-SE)


RUSSO SAI.
DIVA — Maria Vanúbia tua cara nem arde, hem. Toma tento,
mulher!
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 9

M VANÚBIA — Que foi, hem d. Diva? Só a Morena pode se dar bem


aqui, é? (TOM) E outra: ele tá precisando de uma artista
no café dele/
LURDINHA QUE TAVA PASSANDO EM FRENTE AO BAR E ESCUTOU NÃO SE
SEGURA E ENTRA JÁ GRITANDO.
LURDINHA — E desde quando piriguete é artista?

M VANÚBIA — Qual é seu problema comigo, hem água de salsicha?


Quel é?

LURDINHA — Que quê é, garota?

DIVA — (INTERVÉM, IRRITADA) Olha aqui se vocês que-


rem se pegar, vão se pegar lá fora. Eu já falei que não
quero quinzumba no meu bar!

LURDINHA — Aqui recalque bate e volta, tá bom minha filha?


MARIA VANÚBIA MANDA BEIJINHO E SAI, SÍNICA E REBOLANDO.
LURDINHA FICA ALI INDGNADA.
CORTE PARA:

CENA 9. CASA DE DELZUITE. SALA. INT. DIA.


DELZUITE TRABALHANDO NA COZINHA E PESCOÇO ESPARRAMADO NO
SOFÁ.
DELZUITE — Tu acredita que aquela vadia teve coragem de se ofe-
recer pro homi da Lucimar? Na cara da Diva da Lurdi-
nha pra fubazada toda escutar!

PESCOÇO — (CABREIRO) Foi é? Maria Vanúbia?

DELZUITE — Ela merma: Maria Vaníbia. (TOM) Mas eu cansei de


falar isso!

PESCOÇO — Não precisa nem falar mais nada que eu já sei. Pô,
que vagabunda! Eu não te falei? Não te disse que aquilo
ali não prestava, não te falei? (T) Nem toca no nome
dessa vagabunda aqui dentro que já me dá gastura... eu
hem.
PESCOÇO SE LEVANTA.
DELZUITE — Vai aonde?
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 10

PESCOÇO — (DISFARÇA) Vou ali comprar um cimento pro pu-


xadinho. Cê não pediu?

DELZUITE — Então passa naquela loja que eu te falei que tem o


cimento mais barato.

PESCOÇO — Vou passar lá é agora.

DELZUITE — Não esquece não.


PESCOÇO SAI. DELZUITE CONTINUA ALI TRABALHANDO.
CORTA PARA:

CENA 10. ELEMÃO. LAGE. EXT. DIA.


O SOL RACHANDO. MARIA VANÚBIA APENAS DE BIQUINE PREPARANDO
O CREME PRA SE BRONZEAR. PESCOÇO APARECE NA LAGE AO LADO.
PESCOÇO — Ô criança.

M VANÚBIA — Que cê quer?

PESCOÇO — É verdade que tu ta indo embora com o turco da d.


Lucimar?

M VANÚBIA — Vamo ver até quando o turco é da d. Lucimar.

PESCOÇO — Não vai fazer isso não!

M VANÚBIA — Tu me deixa em paz, hem Pescoço.

PESCOÇO — Péra ai... vamo trocar ideia!


MARIA VANÚBIA VIRA-SE PRA ELE.
M VANÚBIA — Vamo. No próximo baile tu deixa Delzuite na mesa e
vem dançar comigo. Ai a gente conversa. Enquanto isso
tu some da minha vida.
PESCOÇO FICA COM CARA DE TACHO.
CORTE PARA:

CENA 11. CASA DE MORENA. SALA. INT. DIA.


MORENA VEM DESCENDO AS ESCADAS. ELA OLHA NA COZINHA PRA VER
SE NÃO TEM NINGUÉM. REVELAMOS ATRÁS DELA QUE RUSSO
ENCONTRA-SE PARADO NA PORTA. MORENA VIRA-SE PRA ELE,
ASSUSTADA. CLIMA TENSO. OS DOIS SE ENCARAM POR UNS INSTANTES.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 11

MORENA — Cadê minha mãe?

RUSSO — Ainda não voltou.

MORENA — Como é que tu entrou aqui? Ela te deu a chave?

RUSSO — (FAZ QUE SIM) Pra você ver...

MORENA — Cês mataram a Jessica.

RUSSO — Não foi por falta de aviso. Vocês abusaram da sorte.


Taí o resultado: estragaram a festa da Lívia Marini.

MORENA — O que cês fizeram com ela? Como foi?

RUSSO — Foi o que você viu.

MORENA — Cê acha que nada vai te acontecer, né Russo?

RUSSO — (SÍNICO) Vai... ai que medo!

MORENA — Um dia a casa cai.

RUSSO — Pois é, a da Jessica já caiu.


RUSSO APANHA UMA REVISTA E SE ACOMODA NO SOFÁ.
SONORIZAÇÃO: O CELULAR DE MORENA TOCA.
RUSSO APANHA O CELULAR PRIMEIRO, IDÊNTIFICA QUEM ESTÁ LIGANDO
E SÓ ENTÃO ENTREGA O CEL. PRA MORENA.
MORENA — (CEL) Alô.

LÍVIA — (OFF) Morena?


CORTE EM DESCONTÍNUIDADE PARA:

CENA 12. HOTEL. SUÍTE DE LUXO. INT. DIA.


LÍVIA E WANDA. LÍVIA AO CELULAR COM MORENA. EDIÇÃO: FAVOR
ALTERNAR DIÁLOGOS.
LÍVIA — (CEL) Aqui é Lívia.

MORENA — (CEL) Eu sei.

LÍVIA — (CEL) Você poderia vir até aqui pra conversar comi-
go hoje mais tarde? (T) Não, é aqui no hotel mesmo. É,
mais resguardado. Depois de tudo o que aconteceu on-
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 12

tem nós temos que tomar muito cuidado. Se expor o mí-


nimo possível.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 13. CASA DE MORENA. SALA. INT. DIA.


MORENA AO CELULAR.
MORENA — (CEL) Posso sim. Te encontro ai então. Beijo
(DESLIGA).

RUSSO — Vai aonde?

MORENA — Não te interessa.


RUSSO A ENCARA, AMEAÇADOR.
MORENA — Eu vou na casa da família da Jessica, era a mãe dela
no telefone.

RUSSO — (SÍNICO) Vai sim, ela deve tar precisando muito de


você.
MORENA APANHA SUAS COISAS E SAI. RUSSO FICA ALI, AR SACANA.
CORTE PARA:

CENA 14. HOTEL. SUÍTE DE LUXO. INT. DIA.


WANDA AJEITANDO A ROUPA DE FRENTE PRO ESPELHO. LÍVIA VEM DO
INTERIRO DA SUÍTE TRAZENDO CONSIGO A SANDALHA QUE USOU NO
CAPÍTULO ANTERIOR. ELA ENTREGA A SANDALHA PRA WANDA.
LÍVIA — Joga fora, queima, destrói completamente isso.

WANDA — Dá um pena!

LÍVIA — Vou passar logo na delegacia antes que chegue algu-


ma intimação pra mim. Aquela meninas subiram aqui e é
claro que a Morena vai contar isso pra delegada. Mas eu
vou contar primeiro.

WANDA — Então acho melhor você se apressar. (TOM) Lívia,


vem cá, o que você vai fazer pra segurar a Morena, hem?

LÍVIA — Deixa a Morena comigo. Eu sei como controlar. Esse


pedaço é meu. (T) Eu preciso agora que você suma junto
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 13

com esse sapato. Nem de longe a Morena pode saber que


você está aqui.

WANDA — Não, eu tenho que ligar pra Istambul pra falar com a
Irina.

LÍVIA — Se for ficar mais um tempo aqui não atenda nem tele-
fone nem a porta.
LÍVIA APANHA SUAS COISAS E SAI. WANDA FICA ALI A ADMIRAR A
SANDALHA.
CORTE PARA:

CENA 15. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


HELÔ, JOYCE E BARROS OLHAM NO MONITOR DO COMPUTADOR A FOTO
QUE RAQUEL TIROU NO CELULAR.
HELÔ — Mal contada. Tá muito mal contada essa história.

JOYCE — Tá mesmo. Com a dose que acharam no corpo daque-


la menina só ela querendo se matar mesmo.

HELÔ — Ninguém antes de se matar arranca torneira de pia.


(CONVICTA) Tinha mais alguém naquele banheiro.
LÍVIA ENTRA.
LÍVIA — Posso entrar?

HELÔ — Lívia, que bom que você chegou. Eu tô tentando


montar um quebra-cabeça aqui.

LÍVIA — Estou a disposição caso você precise de alguma in-


formação sobre a noite de ontem. Que coisa terrível que
aconteceu!

HELÔ — Cê mandou interditar o banheiro então você foi a ul-


tima pessoa que entrou ali... a ultima pessoa oficial que
entrou naquele banheiro.

LÍVIA — Eu não vi nada. Só vi o estrago daquela pia e chamei


o rapaz pra ele interditar o banheiro. Eu estava subindo
pra encontrar essas meninas no meu quarto, inclusive eu
deixei as meninas lá.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 14

HELÔ — No seu quarto? Isso você não tinha me contado.

LÍVIA — É nós subimos pra falar sobre uma campanha e eu


pedi que elas esperassem lá.

HELÔ — No meio do desfile você subiu pra falar sobre uma


campanha?

LÍVIA — Não exatamente. Deixa eu te explicar como funciona


esse ramo: Quando eu faço esse tipo de evento eu con-
trato um fotografo que fica ali de plantão caso eu encon-
tre uma carinha especial. E ele montou um set dentro do
meu quarto. E as meninas subiram pra isso...
LÍVIA CONTINUA A FALAR FORA DE ÁUDIO. HELÔ ATENTA A TUDO.
CORTE PARA:

CENA 16.APTO DE STÊNIO. QUARTO. INT. DIA.


MUSTAFÁ TERMINA DE ARRUMAR SUAS MALAS. BERNA ENTRA.
BERNA — Mustafá?

MUSTAFÁ — Não me peça pra mudar de ideia, Berna.

BERNA — Não faz isso, Mustafá. Você tá mandando nosso ca-


samento pras águas.

MUSTAFÁ — Eu estou cansado das suas desculpas, das suas hesita-


ções. Quando toda essa história da adoção de Aysha es-
tiver esclarecida nós conversamos.

BERNA — Então eu vou com você pra Istambul/

MUSTAFÁ — (CORTA) Não, não... você fica!

BERNA — (VAI ABRAÇAR) Mustafá!

MUSTAFÁ — (RECUSA) Não, não, não! Não quero abraços... não


quero desculpas. Eu não quero ouvir você me falar dos
seus sentimentos, da sua vontade de ser mãe. (T) Seus
sentimentos não justificam tudo.

BERNA — Trinta anos não terminam assim!


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 15

MUSTAFÁ — Você fez terminar/

BERNA — (CORTA, IMPLORA) Por favor!!/

MUSTAFÁ — Berna, eu te disse que a única coisa que nos afastaria


era a mentira. Você mentiu pra mim. Mentiu muito/ ago-
ra eu preciso ir.

BERNA — (SEGURA-O, COMEÇA A CHORAR) Não faz isso,


não faz isso, Mustafá!/

MUSTAFÁ — (FIRME) Não insista!

BERNA — Você não pode sair assim. Eu não mereço isso!

MUSTAFÁ — Quem não merece o que você fez sou eu. (T) Eu não
mereço o que você fez, Berna. Você traiu a minha confi-
ança.

BERNA — Eu errei. Pronto, eu errei, eu admito! Eu omiti uma


coisa que eu não devia ter omitido. Mas isso é motivo
pra você me enxergar como se eu fosse uma desconheci-
da? Mustafá, são trinta anos de convivência e um erro e
um erro... apenas um erro durante todo esse tempo!
(TOM) Você não pagou o suborno, mas eu paguei. Eu
não devia ter pago! Eu não devia... mas eu paguei!

MUSTAFÁ — E continua tentando tapar esse erro com um monte de


mentiras.

BERNA — O que mais você quer que eu confesse?

MUSTAFÁ — Não sei. (T) Mas você sabe.


MUSTAFÁ APANHA SUAS MALAS E SAI. DEIXANDO BERNA ALI, AFLITA.
BERNA — Mustafá!!
BERNA VAI ATRÁS DELE.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 17. APTO DE STÊNIO. SALA. INT. DIA.


MUSTAFÁ JÁ ABRINDO A PORTA PRA SAIR. BERNA VEM DESCENDO AS
ESCADAS AS PRESSAS.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 16

BERNA — Mustafá! Mustafá!


MUSTAFÁ SAI E BATE A PORTA. BERNA FICA ALI NA PORTA UNS
INTANTES. ELA SE ENCOSTA NA PORTA E VAI ESCORREGANDO ATÉ
CHEGAR AO CHÃO, AOS PRANTOS. TEMPO NA TRISTEZA DE BERNA.
CORTE PARA:

2º INTERVALO

CENA 18. ESCRITÓRIO DE STÊNIO. INT. DIA.


STÊNIO TRABALHANDO EM SUA MESA. A SECRETÁRIA LENA ENTRA
ACOMPANHANDO MUSTAFÁ.
LENA — Dr. Stênio...

STÊNIO — ô Mustafá!
STÊNIO LEVANTA-SE PRA CUMPRIMENTAR O AMIGO.
MUSTAFÁ — Estou embarcando.

STÊNIO — ô meu amigo, não faça isso!

MUSTAFÁ — Estou sufocado. Não estou conseguindo nem olhar


pra Berna... não consigo falar com ela. Preciso ficar so-
zinho.

STÊNIO — Conseguiu passagem?

MUSTAFÁ — Não. Vou fazer uma reserva quando chegar no hotel.

STÊNIO — No hotel? Pô Mustafá!

MUSTAFÁ — por favor, não se preocupe! Eu não quero dar traba-


lho. Prefiro que você tome conta de Berna e de Aysha.
Eu fiz uma reserva naquele hotel do evento de ontem.
Quando eu chegar no quarto faço a reserva da passagem.

STÊNIO — A Lena pode fazer isso por você. (P/LENA) Lena,


por favor...

MUSTAFÁ — Não precisa...

LENA — Eu faço essa reserva pro senhor, seu Mustafá!


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 17

MUSTAFÁ — Não precisa, eu não quero dar trabalho...

STÊNIO — Não é trabalho/

MUSTAFÁ — (CONT.) Eu só vim aqui pra te dar uma satisfação,


você merece.

STÊNIO — Tá bom... vamo que eu te acompanho.


OS DOIS VÃO SAINDO. DEBORAH VEM DO INTERIOR DO ESCRITÓRIO.
DEBORAH — O Mustafá?

LENA — A chapa ta quente. Os turcos se separaram!

DEBORAH — Quê?

LENA — Pois é.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 19. APTO DE STÊNIO. QUARTO. INT. DIA.


JÁ ABRE EM AYSHA REAGINDO DIANTE DE BERNA.
AYSHA — Como assim? O babisco voltou pra Istambul?!

BERNA — Não sei, Aysha... negócios. Ele precisava resolver uns


negócios.

AYSHA — Mas que negócios?! Ele falou com o Murat hoje de


manha. O Murat disse que tava tudo bem na loja. Como
assim?!

BERNA — Aysha não me pergunte coisas que eu não sei! Foi o


que ele disse: negócios!

AYSHA — Por que você não foi com ele? Você nunca deixou o
babisco viajar sozinho!

BERNA — hala hala! (SAI CHORANDO)


AYSHA FICA INTRIGADA.
CORTE PARA:

CENA 20. DELEGACIA. SALA DE HELÔ. INT. DIA.


OS MESMOS DA CENA 15. LÍVIA CONTINUA A FALAR.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 18

LÍVIA — o Fotógrafo não estava. Eu pedi que elas esperassem


porque eu ia descer e pedir que elas subissem. Foi nessa
passagem que eu entrei no banheiro.

HELÔ — E?

LÍVIA — E quando eu entrei, vi as torneiras arrancadas. Por


sorte estava passando o rapaz da limpeza e eu pedi a ele
que interditasse o banheiro.

HELÔ — Estranho!Tudo mundo estranho. (P/JOYCE) Jo, eu


quero ouvir também a Wanda e aquele senhor o Russo.

LÍVIA — Quem são?

HELÔ — Wanda é a pessoa que contratou ela pra trabalhar lá


fora e Russo é o gerente do café onde ela trabalhava.
CORTE PARA:

CENA 21. HOTEL. CORREDOR. INT. DIA.


CLIMA TENSO. A PORTA DO ELEVADOR SE ABRE E MUSTAFÁ SAI DO
INTERIOR DESTE. ELE PROCURA SEU QUARTO E VAI PRA OUTRO LADO DO
CORREDOR. WANDA VEM SAINDO DA SUÍTE DE LÍVIA, FALANDO AO
CELULAR.
WANDA — (CEL) Irina.
CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 22. BOATE. SALÃO. INT. DIA.


ADAM FAZ ANOTAÇÕES NUM CANTO; WALESKA TRABALHA LIMPANDO A
BOATE E IRINA NO CAIXA FALANDO AO CELULAR COM WANDA.
IRINA — (CEL) E ai, Wanda? Como é que foi o desfile?
(REAGE) Morreu?!
WALESKA REAGE, VAI ATÉ IRINA NO CAIXA.
IRINA — (CONT. AO CEL) Sim, entendi... (P/WALESKA)
Quê cê tá fazendo ai parada? Continua limpando!

WALESKA — Quem foi que morreu?

IRINA — (CHAMA) Adam.


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 19

WALESKA — Quem foi que morreu, Irina? Fala!


ADAM CHEGA NO CAIXA.
ADAM — Sim senhora.

IRINA — Manda o Galego levar a Waleska.

WALESKA — Mas eu não terminei a limpeza.

IRINA — Sai da minha frente. Eu não vou repetir, garota. Vai!


ADAM ACOMPANHA WALESKA ATÁ A SAÍDA.
WALESKA — Adam, fica de olho nela porque ela falou que morreu
alguém.

ADAM — Quem morreu?


GALEGO CHEGA E PEGA WALESKA PELO BRAÇO. A LEVA.
GALEGO — Vem.
ADAM FICA ALI TENTANDO OUVIR A CONVERSA DE IRINA.
IRINA — (CEL) Mas será que eu digo isso aqui ou é melhor
não falar nada? (T) Tá. Então eu vou esperar a chefa de-
cidir, ta bom?
CORTA PARA:

CENA 23. ALOJAMENTO. INT. DIA.


AS TRAFICADAS TODAS NAQUELA SITUAÇÃO ROTINEIRA DE QUANDO
NÃO ESTÃO TRABALHANDO. ROSÂNGELA PENSANDO NA VIDA, NUM
CANTO. WALESKA ENTRA, AFLITA.
WALESKA — Aconteceu alguma coisa no Brasil.

ROLÂNGELA — o quê?

WALESKA — Morreu alguém.

ROSÂNGELA — Quem morreu?

WALESKA — Não sei. A Irina não quis falar o nome!

ROSÂNGELA — E por que você tá desse jeito? Nem sabe quem foi!

WALESKA — Eu tenho medo que tenha sido uma das meninas!


SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 20

ROSÂNGELA — Waleska, se tivesse estourado algum saquinho daque-


les dentro delas elas já tinham morrido faz tempo! Há
semanas e não hoje!

TRAFICADA 1 — Pode ser alguém lá da quadrilha deles.

TRAFICADA 2 — pode ser o Russo.

WALESKA — O Russo ia ser bom demais pra ser verdade. (T) Pra
você não né, Rosângela?

ROSÂNGELA — Por que eu ia querer que ele morresse?

WALESKA — (INDIGNADA) “Por que” Rosângela?!

ROSÂNGELA — A quadrilha não ia acabar por causa disso, Waleska.


(TOM) Com ele, pelo menos, eu estou construindo uma
ponte.
AS OUTRAS TRAFICADAS SE ESPANTAM AO OUVIR O QUE ROSÂNGELA
ESTÁ DIZENDO.
ROSÂNGELA — (CONT.) Quer dizer: construindo não. Eu já construí.

WALESKA — (PERDENDO A PACIÊNCIA) Você não me provoca


hoje, tá? Eu tô sem paciência e não vai prestar!

ROSÂNGELA — Vocês ainda vão me ver sair daqui.


TODAS RIEM DA CARA DELA: “AH TÁ BOM...”.
WALESKA — Atrás do caixa?

ROSÂNGELA — Não interessa por onde seja. Eu vou tar livre pra ir pra
onde eu quiser.

WALESKA — É. Tô pagando pra ver.


WALESKA DISPERSA, PREOCUPADA. ROSÂNGELA CONTINUA ALI,
ALTIVA.
CORTE PARA:

CENA 24. ORLA DA PRAIA. SALÇADÃO. EXT. DIA.


BIANCA E MAITÊ CAMINHAM PELA ORLA DA PRAIA.
BIANCA — Eu vi nos jornais hoje. Que horror! Ainda bem que eu
sai daquela festa pra não ver isso.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 21

MAITÊ — Eu estranhei, viu? Você é sempre a ultima a sair das


festas. Você não ficou nem até o final do desfile, Bia!

BIANCA — Me deu uma preguiça daquelas pessoas. Aqueles


mesmos assuntos...

MAITÊ — Aquela caverna devia ser muito animada... ui!

BIANCA — (FRANCA) Eu acho que essa temporada na Capadó-


cia pesou mais em mim do que eu achei que tinha pesa-
do, sabia? Tô com uma dificuldade pra me adaptar a essa
vida. Você não tem ideia!

MAITÊ — Teve noticias de lá?

BIANCA — (FAZ QUE NÃO) Mas tá cedo ainda, né? (T) Eu dei-
xei lá um envelope com o endereço daqui.

MAITÊ — Então você tá achando que ele vem atrás de você.


Você tá apostando nisso?

BIANCA — Ele é doido por mim, Maitê. Eu não sei...

MAITÊ — Entendi tudo! T-U-D-O! TUDO!

BIANCA — Eu acho que aqui pode ser mais fácil pra nós dois.

MAITÊ — Mas é claro...


CORTA PARA:

CENA 25. FRENTE DA CAVERNA DE ZYAH. EXT. DIA.


ZYAH PARADO ALI A PENSAR NA VIDA ENQUANTO SEGURA NAS MAÕS O
ENVELOPE DEIXADO POR BIANCA. INSTANTES. EKRAN VEM DO INTERIOR
DA CAVERNA E JÁ PERGUNTA:
EKRAN — Que isso, babisco?

ZYAH — (HESITA) Um endereço.

EKRAN — De quem?

ZYAN — A gente não vai precisar..


ZYAN RASGA O ENVELOPE E JOGA OS PEDAÇOS NO AR.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 22

ZYAN — Vamos... Ayla está esperando.


ZYAN APANHA O MENINO NO COLO E OS DOIS SAEM.
CORTE PARA:

CENA 26. RESTAURANTE. INT. DIA.


AYLA TRABALHANDO. INSTANTES. ZYAN E EKRAN ENTRAM. AYLA PARA
O QUE ESTÁ FAZENDO E VAI DAR UM BEIJO EM ZYAN. EKRAN ADMIRA OS
DOIS, FELIZ. AYLA TERMINA O BEIJO E OLHA PRA O MENINO.
AYLA — Ekran, que saudade de você! (ABRAÇO). Como es-
tão as coisas?

EKRAN — Tá bem.

AYLA — Tá com fome?

EKRAN — Tô.

AYLA — Você quer um waffle? Quer um chai também? Acabei


de servir.
O MENINO FAZ QUE SIM. AYLA VAI PEGAR PRA ELE.
SONOPLASTIA: MÚSICA.
CORTA PARA:

CENA 27. RIO DE JANEIRO. STOCK SHOTS. EXT. DIA.

CENA 28. HOTEL. SUÍTE DE ANTONIA. INT. DIA.


CARLOS E ANTONIA.
CARLOS — Você ligou lá?

ANTONIA — O seu Arturo disse que tão em casa.

CARLOS — Onde vai ser a visita?

ANTONIA — Eu preferia que fosse num lugar neutro, mas o juiz


marcou lá no play. (T) Até isso ele consegue!

CARLOS — E quem que vai acompanhar?

ANTONIA — Dona Isaurinha.

CARLOS — Presta atenção, Antonia: você vai conseguir virar esse


jogo, entendeu? Você vai conseguir.
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 23

OS DOIS SE ABRAÇAM. CARLOS CARINHOSO.


CORTE PARA:

CENA 29. APTO DE ARTURO. SALA. INT. DIA.


CELSO E ARTURO. ARTURO ACONSELHA O FILHO.
ARTURO — Pára de dar murro em ponta de faca, filho! Vai ficar
ai subindo pelas paredes? Deixa acontecer essa visita de
uma vez e pronto! Você já ganhou a guarda da menina.
Isso tá de bom tamanho.

CELSO — Cadê a Raissa, pai?

ARTURO — Tá no quarto se arrumando.


CELSO SE DIRIGE PARA O INTERIOR DO CENÁRIO.
CORTE PARA:

CENA 30. APTO DE ARTURO. QUARTO. INT. DIA.


RAISSA ARRUMA SUA MOCHILINHA PRO COLÉGIO EM CIMA DA CAMA.
CELSO ENTRA.
CELSO — Filha, você lembra de tudo o que eu te falei. Não vai
acreditar nas coisas que a sua mãe vai falar pra você.

RAISSA — O quê?

CELSO — Filha, eu conheço sua mãe. Ela vai falar que te ama;
vai falar que tá com saudade de você, que não consegue
viver sem você, mas é mentira, filha! Tudo mentira! Se
isso que ela diz fosse verdade ela taria aqui, com a gente.
Entendeu?
RAISSA FAZ QUE SIM. CELSO A ABRAÇA. ISAURINHA ENTRA.
ISAURINHA — (P/RAISSA) Está pronta? Vamos?

CELSO — Ela chegou?

ISAURINHA — tá lá em baixo. (TOM) Celso, por favor, não torne as


coisas mais difíceis do que já estão.

CELSO — Filha, lembra do que o papai te falou, tá? Não acredi-


ta em nada que ela falar, nada! (BEIJA) te amo!
(ABRAÇA FORTE).
SALVE JORGE Capítulo 81 Pag.: 24

ISAURINHA — Vamos, Raissa.


ISAURINHA APANHA A MOCHILA DA MENINA E AS DUAS SAEM. CARLOS
FICA ALI, PENSATIVO. CLIMA TRISTE.
CORTE PARA:

CENA 31. SAGUÃO DO PRÉDIO DE ARTURO. EXT. DIA.


ANTONIA ESPERA SENTADA POR RAISSA. TEMPO.
CORTE PARA:

CENA 32. HOTEL. SUÍTE DE LUXO. INT. DIA.


ABRE EM LÍVIA ABRINDO A PORTA PARA MORENA. AS DUAS SE
ENTREOLHAM. LÍVIA SORRI, FALTA.
CORTA.

FIM

Você também pode gostar