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PERSONAGENS:
LAURA - ALICE
MONIQUE - CAROL
AMANADA - LORENA
MARIANA – MARIANA
JULIANA – ANA
CENA 1
Sofia: Calma meninas! Nem posso me arrumar direito, me ajudem a arrumar meu laço.
Monique: Bora maninha! Esse ano a festa vai ser muito legal. Terão muitas apresentações
especiais.
Sofia: Hummmmmmmmmm! Pois vou lhes contar! Espiem só! A festa deste ano vai
homenagear uma família encantadora, e que não é só encantadora pelas suas formosuras não,
viu! Essa família traz consigo um legado muito rico do seu patriarca e com eles um instrumento
musical encantado. E foi através dele, da perseverança de toda uma geração e desse
instrumento encantado, que hoje a festa vai homenageá-los. Sabem que instrumento é esse?
Sofia: Não, não! Embora esses instrumentos não serão dispensados nessa história para um
bom forrozin. Mas estou falando mesmo é da RABECA! ( Som de rabeca)
Sofia: A rabeca é um instrumento que parece com um violão, mas não é um violão, parece um
violino, mas não é um violino, uma rabeca parece assim... com uma rabeca mesmo. Dizem que
veio lá das arábias e ela tem de três a quatro cordas, tem um sonzinho gostoso pra danado.
Bom, mas é isso que eu sei. Obrigado por me ajudar a amarrar o meu laço! Vamos andando
que estou louca para chegar logo também.
Monique: Mas espera ai! Você falou do instrumento, mas não nos falou da família, que família
é essa? Todos tocam rabeca?
Laura: Isso mesmo Sófia! Você não nos falou da família que será homenageada este ano!
Sófia: Ah espertas! Isso mostra que estavam prestando a atenção em tudo que eu estava
falando. (para o público) e espero que vocês também. Bom o nome desta família se chama
SALUSTIANO! FAMILÍA SALUSTIANO! E como já havia falado, tudo começou com uma RABECA
ENCANTADA, adquirida por Seu João.
Sofia: Vovô me contou! Das histórias lá de Aliança! Deixa-me lhes contar um tiquinho do que
eu sei...
(João Salustiano pai de Mestre Salustiano, entra em cena e conta sua história como uma
lembrança imaginada por Sofia)
João Salustiano - Meu nome é João Salustiano Soares, nasci em 1919, no dia 19, mês de São
João. Me casei em 1945, no dia de Reis. E no dia 12 de novembro nasceu Manoel, mais
conhecido com MESTRE SALU, personagem principal dessa história. Mas antes disso quero
contar para vocês a história da rabeca encantada. Ninguém na minha família sabia tocar não.
Começou comigo. Perto de onde eu morava, veio um colega e disse para mim. Arreparem só
como começa essa história.
Amigo – João, eu tenho uma rabeca aqui que Zé Aive deixou pra mim quando morreu, tu quer
comprar?
Amigo –Um cinto? Um cinto João...! Fechado então! Me dá o cinturão pra cá que eu te dou a
rabeca.
João Salustiano – e aqui estou eu com a calça caindo e uma rabeca na mão. Quando cheguei
em casa, meu pai foi logo dizendo:
João – Sei não pai, mas vou aprender. - Deixei a bichinha da rabeca no cantinho lá no quarto e
uma semana depois o administrador do engenho em que eu trabalhava me chamou para dar
uns treinos. Ele não sabia de muita coisa não, mas era um bom afinador, e daí lá vai... não parei
mais. até para buscar uma cabra no mato eu levava a rabeca. Aí Mãe dizia:
João – eu pegava a rabeca escondida de mãe, saia de casa e ia tocando até onde a cabra
estava. Amarrava a corda da bichinha na minha cintura, que as mãos já estavam ocupadas
tocando a rabeca, e levava a cabra de volta para casa tocando, a cabrinha chega vinha alegre.
Daí quando foi no mês de Santana eu decidir ir para o cavalo-marinho. Cheguei em casa e falei
logo com o pai.
(para o pai)
(para a plateia) eu fui, toquei, e no final eles ainda me deram oito contos de reis... E assim eu
fui crescendo, e me desenvolvendo, aprendi forró, Cavalo-marinho, coco, o que aparecesse eu
tocava, até para mamulengo eu toque. Toquei até no meu casamento.
2. Coreografia (som de pisada do cavalo marinho) Ballet Nível 1 – música: A Arte da rabeca
- 1: 3m e 11s
CENA 3
Sofia: Bom, mas... Seu João ele deu o ponta pé inicial para toda essa façanha, agora quem
bateu o pé mesmo e continuou o legado de Seu João com Rabeca foi, Manoel!
Rafinha: Oxé! Vocês estão aí sentadas, não vão para festa, não?
Laura: E nós não queremos chegar na festa sem ao menos saber quem são essas pessoas tão
ilustres.
Juliana: Adoro um dedinho de prosa! História é comigo mesmo, adoro ficar informada de tudo,
vou até fazer um story, deixa eu colocar um filtro pra gente ficar mais bonita ainda, espia pra cá
(faz uma self com todas), Lacrou.
Amanda: Também quero saber, conta tudo, é morador novo, fofoca é comigo mesmo!
Sofia: Sentem aí que já estou chegando na melhor parte. Estava falando de Seu João
Salustiano, pai de Manoel Salustiano!
Sofia: Calma meninas, estou contando a história da Família Salustiano, homenageados da Festa
da cidade deste ano. E tudo começou com uma Rabeca, adquirida por Seu João, pai de Manoel,
de quem eu vou falar agora.
(todas se sentam, deitam-se, acomodam-se e começam a ouvir a história que Sófia passa a
contar – fundo da cena Sófia contando a história)
Mestre Salu – Meu nome é Manoel Salustiano Soares, mais conhecido como Mestre Salu, Nasci
em Aliança, em 12 de novembro de 1945. Painho trabalhava no canavial e além de tudo ainda
arrumava tempo para tocar rabeca, ele tocava num Cavalo-Marinho. Não, não! Não é do
bichinho que eu to falando não, Cavalo-Marinho também é o nome de uma brincadeira que
tem música, poesia, dança e teatro. Ah! E uma tuia de personagem. Bastava painho soltar uma
nota na rabeca que eu já saia dançando, tocando e cantando. E desde pequeno eu insistia para
que ele me levasse para o Cavalo-Marinho.
Mestre Salu – E eu ia esperando então... até que um certo dia chegou um moço me perguntado
se eu conhecia João Salustiano
(som de cavalgada)
Moço – pois me leve até ele, que eu quero chamá-lo para tocar comigo lá no cavalo-marinho.
Mestre Salu – Vixi que sorte! Apoi peça a ele para me levar também. Num brinca menino no
cavalo-marinho, num brinca?
Mestre Salu – Então o senhor peça a ele, e eu levo o senhor onde ele tá
(música de cavalo-marinho)
Mestre Salu - A primeira vez que meu pai me levou para olhar um cavalo-marinho, eu tava com
5 anos de idade. Quando o homem do Cavalo-marinho botava a máscara na cara, para bota
um personagem, eu me imprensava para cima do meu pai, Pai não podia nem tocar. Eu tinha
muito medo. Aí pai dizia:
João Salustiano – Deixe de ser besta, rapaz, isso faz medo a ninguém!? Isso é uma máscara!
Mestre Salu – Meu pai também tocava no mamulengo. Um dia meu pai me levou para uma
apresentação. Olhe... eu de tudo eu tinha medo; até dos bonecos tinha medo também. (rindo)
Espia só! Mas curioso do jeito que eu sou eu ficava vendo como tudo acontecia, como o
homem movimentava os bonecos, como ele botava voz nos bonecos, tudinho eu olhava e
assim fui tomando gosto pela coisa e fiquei interessado por tudo o que pai fazia. Pai foi vendo
que eu tinha gosto pelas coisas. No tempo da gente lá no interior, tinha pastoril, cavalo-
marinho, ciranda, coco, reisado, fandango, mamulengo, maracatu, isso era a diversão que nós
tínhamos.
(desce vara com tecido montando uma empanada para apresentação de mamulengo)
TEATRO DE BONECOS
Boneco Mateus - Boa tarde para quem chegou! Boa tarde para quem tá de chegada! boa tarde
para os dor de barriga! boa tarde para os barriga inchada! Ahraiiiii! Vai começar é a presepada,
agora primeiro que tudo, segundo que nada. Alguém aqui já me conhece, já sabe meu nome?
(público responde) Pra quem não me conhece eu sou Mateus, Mateus da lelé bicuda, morador
da volta funda, rezador de costela, benzedor de cacunda e eu to aqui pra fazer, acontecer,
abençoar e bendizer o povo desse lugar... Eu vou chamar agora um amigo meu, que ta
procurando um negócio aí e ele vai se apresentar para vocês...
(Música)
Boneco Benidito – Senhores, senhoras, senhorites, a todo pessoá presente, muito boa tarde!
(espera o público responder) aqui quem se apresenta sou eu, sou benidito, bendito, grito,
bacurau, da silva, babau, da no oco, da no pau, da serra do berdo erga, enverga, mas não
quebra, esticou, enrolou, trançou, namorou, beijou, abraçou, chipou. Rapaz eu to aqui
procurando onde fica uma festa que vão homenagear um povo bonito pra danado, lá da
cidade tabajara, é aqui? (deixa o público responder) Oi tocadooorrrr!
Tocador – Oiiiiiii
(música do boi – boi dança e sai de cena e sai de cena com benidito)
Mestre Salu – Mar pai, eu gostei foi muito de me apresentar, um dia eu quero ser artista,
tocador de rabeca, cantor e tudo mais. Eu posso pai?
João Salustiano – Eita danou-se! (rir) Pode sim Salu, pode sim, se tu quer mesmo isso é só
treinar bem muito e ter muita paciência.
Mestre Salu – Eu quero ter paciência pai, como faz? Me ensina, me ensina.
João Salu – Primeiro eu te mostro a dança, depois eu te ensino a tocar e a paciência tu vais
aprendendo com o tempo.
Sofia – Salu ficou tão, mais tão feliz, que acreditou que ia ser um grande artista e saiu contando
para os quatro cantos, o sucesso que iria fazer por esse mundo a fora.
Mestre Salu – Eu vou ser um artista daqueles que se apresenta para mais de um trilhão de
pessoa, Pernambuco todinho vai me conhecer, o povo vai dizer: “olha, olha, lá vem Salu! O
maior artista de todos os tempos.” Eu vou até para Paraíba, Caruaru, vai contando... pra
Nazaré... (sai de cena)
CENA 6
Sofia – Salu passou a treinar bem muito, mas bem muito mesmo.
Sofia – E foi assim que Salu recebeu o convite para ser o Arlequim do cavalo marinho, lá ele
passou por tudo o que for personagem, depois de Arlequim, foi dama, galante de trás, galante
da frente, é... mané do baile, Catirina, até chegar em Mateus, um dos personagens principais.
Sofia – Eh! E agora ele tinha aprendido a dividir tudo o que ele sabia com os seus amigos,
assim, acabou conhecendo outros ritmos como o Maracatu, o côco e a ciranda.
CENA 7
Rafinha – Olhem a esposa do prefeito e suas filhas estão passando, acho que a festa já vai
começar.
(para a esposa do prefeito e suas filhas) bege rabeca (1.imagem – cidade do interior)
Lurdes – Vejam só como estão informadas! De certo, já ouviram falar do Mestre Salu
Sofia – Ah sim! Estava justamente contando as meninas a história de Manuel Salustiano, filho
de João Salustiano. Mas não cheguei na parte em que ele se tornou mestre não.
Lurdes – Essas minhas filhas são loucas por uma história, mas até eu fiquei curiosa também.
Conta Sofia.
Todas – Contaaaaaa!!!!!!!
Sofia – Virou Mestre, MESTRE SALU! Por toda sua dedicação e paciência.
CENA 8
Rosa – E a rabeca?
Lurdes – Ah dessa parte eu sei, Salu ainda tinha um grande caminho pela frente e decidiu se
mudar, foi quando recebeu a rabeca de presente do seu pai.
João Salustiano – Vá com Deus meu filho (entrega a rabeca a Mestre Salu e se abraçam)
Lurdes – Ele se mudou para Olinda e acabou se transformando no rabequeiro mais famoso do
Brasil. Salu mostrou para o mundo inteiro a música do cavalo marinho e de outros ritmos e
brincadeiras trazida dos canaviais
CENA 9
Após a coreografia de caboclinho - (imagens de Mestre Salustiano, ou vídeo, sua família, Cavalo
Marinho) bege
Alice Gabrielle - Tamanha era relação do mestre Salustiano com as manifestações populares
que, além de brincante, ele se transformou também em agente político.
David - Hoje Mestre Salu virou um mito eternizado em expressões e lembranças dos seus
herdeiros, nas cores, nos sons e nos movimentos dos 15 filhos brincantes que fizeram – e
fazem – da Cidade Tabajara, em Olinda, o terreiro e palco da continuação de uma perene
brincadeira popular.
CENA 10
Mariana - ficou para os filhos a tarefa de levar adiante a história de dedicação e entrega à
cultura, a grande fonte de renda da prole.
Tereza - Como o ditado afirma, quem sai aos seus não degenera, na Cidade Tabajara todo
mundo seguiu a vida de artista. Gente que no Natal e no Carnaval se veste de mantos e
adornos brilhosos, de alegria e deslumbre, definida por Ariano Suassuna, de “uma grande
demonstração de generosidade e grandeza”.
Alice Gabrielle - Cada um no seu ofício, eles fazem uma zoada boa
CENA 11
(entram todos os atores, um por um, cada um cita um nome da Família Salustiano)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
Isabela – Gilson Salustiano
(música de rabeca)
(música de rabeca)
(música de rabeca)
Cecília – João , Gabriel , João Pedro Salustiano. Salu vive no coração da Cultura Popular
Brasileira.....
(música de rabeca)
(música de rabeca)