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CASAMENTO CAIPIRA JUNINA SASSARICANO NA ROÇA 2024

Autor: Luiz Carlos Menezes

Tema: São João das Maravilhas

Prologo

A história começa com uma dança circular típica da Europa, especificamente da região do sul
da França. O cenário constituído de um castelo de fundo, por onde vai sair os pares da dança,
que são os convidados do aniversário de uma jovem moça (a noiva).

VOZ NARRATIVA: Quando lembramos do mês de junho,


Vem logo em nossa cabeça....
Aquele forrozinho, da quadrilha e da fogueira....
Mas antes de dessa dança ser inventar por aqui,
Já era dançada pela nobreza,
De várias regiões de Europa, ficando famosa na França,
Mas dançada de outra maneira....
(Entram 4 casais dançando a dança tradicional da franca. Após a rápida dança, o pai da
aniversariante (pai da noiva) anuncia o casamento de sua filha com um nobre pretendente de
outro reino da região)

PAI DA NOIVA: (falando com um sotaque Francês) Meus nobres convidados, agradeço por
atenderem o convite para o aniversario de minha linda filha, porém aproveito o ensejo para
revelar que essa comemoração não somente é do aniversário de Brigitte Marie, mas também
para anunciar seu casamento com o mi lorde Joseph Raimond.
(aplausos, que são interrompidos pela menina Brigitte)

NOIVA: Como é papa? Será que ouvi direito?


Pois nunca que irei casar!
Ainda mais assim desse jeito!
Pois a festa para mim acabou! Vou embora desse lugar,
Para que eu possa escolher como viver do meu jeito!
(Sai de cena correndo)

PAI DA NOIVA: Minha fille não faça isso! Vamos conversar Direito!

MÃE DA NOIVA: Cherry! Fille volte aqui....


Mari faça alguma coisa,
Não fique parado aí!

VOZ NARRATIVA: A menina Marie saiu correndo pelo bosque


Que existia aos arredores do palácio,
Mas sem querer ser achada se escondeu em um buraco,
Ela só não sabia que esse esconderijo
Era um lugar mágico,
Que fez perder as estribilhas,
Foi aí que começou sua grande viajem
Pelo são João das maravilhas!
(Durante a narrativa a noiva entra no buraco para se esconder, desaparecendo da cena. Em
outro plano aparece um plantio de milho, sendo os milhos atores congelados e no meio um
espantalho)

NOIVA: (Saindo de dentro do buraco, meio tonta olhando para o plantio de milho)

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Mon Dieu! Ondes estou?
Que lugar és esse que não sabe eu?
Será que estou sonhando?
Ou minha cabeça que bateu?

ESPANTALHO: (gargalhando) ahahahah! As duas coisas!

NOIVA: Quem falou?

ESPANTALHO: Depois de você fui eu....

NOIVA: (Se vira para o espantalho e se assusta) Aí mon Dieu! Quem é você cherry?

ESPANTALHO: Sou o quem cuida daqui,


afinal.... e você o que faz aqui?

NOIVA: Eu não sei o que aconteceu de fato....


eu lembro que estava tentando me esconder
de mon papa e mére maman e cai em um buraco....

ESPANTALHO: Hum já conheço uma história parecida!


Bem vinda a o São João das Maravilhas, minha querida!

NOIVA: São João das maravilhas?

ESPANTALHO: Sim, nunca ouviu falar?


Presta atenção que vou te explica!
(Começa uma sonoplastia de zabumba, pandeiro e sofona de fundo e ele começa a falar)
Foi assim que iniciou essa história que vou narrar,
nas festas Joaninas de várias regiões da Europa
a quadrille começou,
no mês de junho no solstício de verão,
lá na Franca a nobreza também dançou,
também tinha em Portugal
e no tempo do Brasil colônia essa dança aqui chegou,
misturou as comidas típicas
dos índios que já moravam aqui,
com o milho e a mandioca,
juntou o jeito de dançar de lá
com o jeito de dançar daqui,
e a quadrilha junina brasileira
nos arraiás passou a existir.

NOIVA: Nosso moço....


essa história me lembra de onde vim,
nas festas dançávamos em 4 pares
fazendo uns passes sincronizado,
era muito bonito de ver,
além de ser,
também muito animado.

ESPANTALHO: Como te falei antes,


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já conheço sua trajetória,
e acho que já sei de onde veio,
talvez foi de lá que começou a nossa história....
E esse seu sotaque
não me falha a memória.

NOIVA: Eu me chamo Brigitte Marie,


vim de uma região lá da Europa,
perto do Sul da França,
gosto de ser livre e também de dançar,
acho que até essa quadrille que tu falaste,
surgiu primeiro mesmo foi por lá....

ESPANTALHO: Isso mesmo menina Marie,


foi assim que tudo começou,
mas quando a quadrille chegou aqui,
em quadrilha junina se transformou,
para abrilhantar as festas dos nossos arraiás,
enfeitados de bandeirinhas,
que também tinhas,
imagens dos nossos santos Antônio, são Pedro e são João,
além das comidas típicas da nossa região,
tudo a luz da fogueira que é acendida como forma de agradecimento
pela colheita e também a são João!

NOIVA: Nossa cherry, que coisa mais bonita,


chega enche o coração,
me ajude mon mour,
a conhecer esse São João!

ESPANTALHO E MILHOS: (Sonoplastia instrumental de forro de fundo. Os atores milhos fazem


um circulo em volta da noiva formulando uma coreografia, junto ao espantalho falam juntos)
Menina da fala bonita,
perdida nesse sertão,
se queres conhecer nossa festa,
nossa cultura e tradição,
siga por aquele caminho (Apontam todos na mesma direção)
que encontrarás o maravilhoso são João....
(saem de cena. A noiva acena se despedindo e sai de cena pelo lado oposto deles. Em seguida
entra o noivo tocando um solo de sofona “Asa Branca”, ele senta em um toco tocando, a noiva
aparece por atras dele e fica admirando-o tocar, quando o mesmo percebe que estar sendo
observado olha de uma vez para ela se alevantado, ela tenta correr com vergonha do mesmo e
ele faz sua fala)

NOIVO: Espere moça,


não precisa ficar com medo de mim
(Ela para e se vira de frente para o noivo. Sonoplastia instrumental romântica de fundo para a
narração entrar)

VOZ NARRATIVA: Bem no meio da peleja,


um encontro aconteceu,
e numa troca de olhar
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até a alma estremeceu,
o dois tremeram de emoção,
batendo forte o coração
um amor enfloresceu!

NOIVO: (se aproximando dela) Desde aqui cheguei senti um perfume no ar,
me arrepiou toda a pele,
quando eu estava a sofonar,
me diga formosa donzela,
além de flor tão singela,
como posso te chamar?

NOIVA: Eu me chamo Bregitti Marie,


sinto um sufoco no peito apertando o coração,
to até envergonhada pois nunca senti isso não,
diga pra mim cherry, como o cavalheiriii se chama?

NOIVO: Eu me chamo João, João do milharal,


(se aproxima ainda mais e pega em suas mãos)
sou eu que planto os milhos
que são servidos no nosso arraial,
e deles que maínha faz a pamonha, o milho cosido, a canjica ou o curau.

NOIVA: Me si bucú, agora fiquei mais encantada por esse são João,
ainda mais que encontrei um de carne osso,
e ta pegando na minha mão....

NOIVO: (soltando envergonhado a mão dela)


vos mecê fala engraçada,
nunca vi ninguém por essas bandas
com esse sotaque não....

NOIVA: Não sou daqui não, sou de outra região,


mas isso não importa nessa hora,
te conto tudo em outra ocasião....
(ela que se aproxima dele agora pegando nas mãos)
pra mim só me interessa agora
é conhecer as maravilhas do são João!

NOIVO: Eita que é pra já, matutei inté uma ideia....


.... oia, posso te levar pra ser minha noiva na quadrilha
para juntos nós dançar,
vou te mostrar o são João mas arretado do mundo,
garanto que vai se maravilhar!
Mas só te peço uma coisa em troca....
(Ele solta as mãos dela e vira de costa como se tivesse com vergonha de dizer. Ela se vira
também de costa ansiosa)

NOIVA: (Virando para ele, que ainda continua de costas, ela fecha os olhos fazendo um
biquinho de beijo e fala) Ohhhh mona muor, já posso até adivinha....

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NOIVO: (Virando para ela e fala inocentemente)
queria falar assim que nem vos mecê fala,
parece inté música nos meus ovridos
tu podes umas palavras me ensinar?

NOIVA: (Sem graça) ah é só isso cherry, posso até já começar....


repete comigo: Mona mour.... becibocú.... Bonjour, Au revoir, Salut, champanhe, manáge
atroar.... (ele vai repetindo de forma engraçada para a plateia, quando ouve-se gritos em off,
entram em cena discutindo os pais do noivo)

MÃE DO NOIVO: Oia Joca Sebo, se eu não fizer os quitutes do arraiá a tempo
o pau vai te achar!
esses mio já eram pra ta tudo desbuiado
e só agora que tu foi buscar!

PAI DO NOIVO: Te acalma Maria Espriquinina!


que o Joãozim vai me ajudar....
tenho até que passar o sebo no pau, (pausa, a mulher olha para ele com mais raiva)
pros cabras subir nele e a prenda tentar ganhar....

NOIVO: (Para a noiva) Se avexe não meu bicibocú, é o painho e a maínha ,


eles tão aperriado assim por causa dos preparativos do arraiá....

PAI DO NOIVO: (Fala para mãe) Olha só Esprequinina, onde esse fi de rapariga ta!
Nós aperriado em aprontar as coisa pra festa de são joão
e o joazin ta é de convecê com um rabo de saia, ta nem aí pra nos ajudar!

MÃE DO NOIVO: João fi du cão! Tu tomas tento menino!

NOIVO: Painho, maínha não se apoquente não!


Vim pra cá com minha sofona
pra mode ensaiar,
E tu sabes maínha,
que hoje a noite vou tocar no arraiá,
acabei conhecendo a Marie
e aproveitei dela chamar,
pra ela ser a minha noiva da quadrilha
já que eu não tinha ainda encontrado um par....

NOIVA: (se apresentando Cordialmente) Bonjur mon Seigneur !

PAI DO NOIVO: (expressão de ofendido, puxa a sua mulher para o lado e cochicha)
Que diacho que essa moça falou?
Mas num to dizendo Maria, quanta má criação!
(Se virando para a noiva) Olhe mocinha isso que tu disse vá dizer pro seu avô!

NOIVO: (A noiva fica confusa e corre para os braços do noivo)


Se acarmem pessoá,
num carece de fazer confusão,
Brigitte Marie é de outro lugar,
num fala bem nossa língua não!

MÃE DO NOIVO: Vixe mas olha só Zé, que coisa mais xique!
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nosso fio conheceu foi rabo de saia la da zoropa,
O bixim num é fraco não....
Mas já que ta tudo entendido agora,
Avia cambada! Vamo logo terminar o serviço
que já ta passando da hora!
(Música animada de fundo, eles saem discutido e falando todos ao mesmo tempo sobre os
preparativos da festa. Entra a narração fazendo a passagem de cena e ambiente, enquanto
figurantes começam a ornamentar o cenário do arraial)

VOZ NARRATIVA: Nessa mistura de encanto e devoção,


A menina Marie encontrou o tal João,
que de santo não tinha nada
Mas grande era seu coração,
Grande no tamanho porém, vazio por dentro,
Mas foi a partir daquele momento,
Que encharcou-se de paixão.
Marie explodia de alegria,
Sem saber bem o que sentia,
Se era fato ou fantasia,
que queimava o coração....
Foi chegado o dia, para a alegria do povão,
Tudo enfeitado com bandeirinhas,
fogueiras e balão,
pois iria começar,
o lindo arraiá,
Do maravilhoso São João!
(Entra em cena o Padre anunciando o início do arraial e a entrada da quadrilha)

PADRE GRITADOR: Ah boas noites povo querido,


de toda região,
Eu sou o vigário Francisco,
e a mim foi dada a missão,
De gritar nossa linda quadrilha com as benções de são João!
E para anunciar o início de nossa festa junina
Vou soltar esse balão.... (Ele solta um balão junino e continua a fala)
É no são João que começa a brincadeira,
Uma festa religiosa, europeia, portuguesa,
Mas com a alegria jamais vista no mundo
Se tornou brasileira,
Peço a atenção de todos os compadres e comadres
Presentes nesse arraiá,
Convidando ao mesmo tempo
Para a nossa quadrilha dançaaaaar!
(Música de quadrilha. Entra uma quadrilha tradicional, puxada por João e Marie vestidos de
noivos. Depois de alguns passos tradicionais o Padre gritador pede silêncio para o casamento
da quadrilha. O padre pergunta aos noivos se eles aceitam se casar, depois que eles
respondem o mesmo dar a deixa para entrada dos pais da noiva)

PADRE GRITADOR: E para finalizar, vou agora perguntar,


se tem alguém contra essa matrimonio fale agora
ou calado pode ficar!
(Entram em cena os pais da noiva)

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PAI E MÃE DA NOIVA: Brigitte Marie mon fille! (Correm até ela)

MÃE DA NOIVA: Mon fille, que estai fazendo vestida desse jeiter? Parece um vestido de
noiver?

PAI DA NOIVA: Marrie fille querrida! Como podes fairre isso com tu papá, tivemos que entrar
naquelie buracôe atrás de você cherry, depois de non aceitarre casar com mi lorde Josefh
Raimond, fugir para esse lugare e vim casar com esse poubrer guaçon! (começa a passar mal
nos braços da sua mulher)

NOIVA: Mon papá, mon maman! Não é um mariage de verdade, essa casamento e da quadrille
em celebrer a Saint Jean. (mostra uma bandeira com a imagem de são João. O pai para
instantaneamente de passar mal)

PAI DA NOIVA: Então patite filhinha, vamos voltare para nosso lugarer....

NOIVA: Mas mon papá, tenho que confessar, não quero mais voltar, conheci João tocando sua
gaita foliê, mas esse moçoi tocou no meu corraçone, com ele sim! aceitare mi casar. (Vira-se
para o noivo) Joan, quieres comigo para sempre vivrer? (O pai volta a passar mal)

NOIVA: Eita que num to acreditar,


Marie quer mermo comigo de verdade casar?
(Ela balança a cabeça afirmativamente sorrindo)

PAI DA NOIVA: (Ainda fungindo passar mal novamente) Marie isso non poder ser!

MÃE DA NOIVA: Pierre Maurice, monamu! Deixer Brigitte Marie seu destine escolher, ela só
querrê ser feliz nada podemos fazer.

PAI DA NOIVA: (emocionado. Música melancólica de fundo) Su maman estais certor minha
fille.... tome suia liberdade e seja feliz! E so posso agora te abenier, abeçoer!

PAI DO NOIVO: Eita que acho que já entendi,


(Para o noivo) Joãozim, pelo visto com a francesinha tu vai casar,
vomo logo padre Francisco,
case esses dois aí que agora que vai ficar bom nosso arraiá!
(Os noivos se organizam na frente do padre com seus pais ao lado)

PADRE: Vejam só que maravilha, parece inté conto de fada,


O pobre casando com o rico no meio da festa junina
No são João agora não farta é mais nada!
Vou parar de arrodeio e fazer logo essa união,
Caso agora seu João com dona Marie
Pedindo a intercessão,
Dos nossos santos juninos
São Pedro, santo Antônio e são João!
E viva as noivos!!!

FIM!

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