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CASAMENTO CAIPIRA

SCRIPT E ORIENTAÇÃO: Prof. Solange da Cruz Battirola.


Personagens: Noivo, noiva, pai da noiva, xerife, padre; vários casais. 1. Os pares,
de braços dados, entram em fila, dão uma volta no salão, e param próximo a
mesa/altar. Ordem da entrada: NOIVA COM SUA MÃE – PADRE – NOIVO....
TODOS COM SUAS FALAS
MÃE PUXA A NOIVA PARA A FRENTE E CONVERSAM:
Mãe da noiva: Eu falei, Chiquinha, pro cê num piscá prece moço. Prá piscá pra
argum rapaiz bunito da cidade. Agora que o seu pai viu, vai fazê ocê casá cum
esse bocó.
Noiva: Mais mãe, eu tava piscano pro rapais rico, mais o pai tava bêbado e achô
qui era pra o outro. E outra coisa, mãe, o moço bunito não tava nem aí cumigo.
CHEGA O PADRE: - A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr'ela, pessoar!!!
- Cadê o noivo ??? - diz o padre.
NOIVA - Ai mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (e, simulando um
desmaio, é acudida pela mãe e madrinha)
- Pai da noiva faz um sinal p/ o delegado, cochicha com ele e...
DELEGADO - Pera aí seu padre; eu já vô buscá ele. (e sai acompanhado por dois
ajudantes, armados de espingarda e cassetetes)
-Entra o noivo encurralado pelo delegado, que permanece no altar, grande parte
da cerimônia, atrás do noivo, para que ele não fuja.
Padre: Bem, quero fazê logo este casamento, onde é qui tão us noivo?
Mãe da noiva: Padre Romão, pera um bocadinho que meu marido foi buscá
aquele cachorro sarnento do Zé do Brejo nu buteco do seu Janjão.
O NOIVO E O PAI DA NOIVA DISCUTINDO:
Noivo: Óia aqui seu Chico Facão, já falei mais de mir veiz: Eu num vô casá ca
Chiquinha não. Num tô perparado. E o meu porquinho ainda num ingordô.
Pai da noiva: Ceis vão casá sim, já tem tudo pronto, num mandei ocê piscá pra
minha fia, que que é uma moça di respeito.
Noivo: Mas eu num pisquei pra sua fia. É que ela tava mexeno muito co zóio e eu
fui ajudá ela tirá o cisco qui entrô. Num é memo Chiquinha?
Noiva: O que? Ocê pára di bestera, Zé do Brejo, óia lá o qui vai fala! Óia lá heim!
Pai da noiva: (Junta o noivo pelo braço) Fala qui num vai casá, Zé do Brejo, fala!
Mãe do noivo: Chico Facão, larga meu fio, qui eu criei ele tão bem pra casá com
essa feiosa qui nem lava os pé pra durmi.
Noiva: É Mintira, é mintira. A sinhora, dono Binidita, tá levantano farso di mim.
Mãe do noivo: Sua galinha d’angola da cara pintadinha. Assanhada! Não é
verdade Mariquinha
Irmã do noivo (Mariquinha): É isso memo mãe, não deixe barato, Ela só que a
herança dele. Sua zóio arregalado!
Noiva: É mintira pessoar. Ele não têm dinheiro nenhum e além di tudu, é muito
feio. Parece um galo di briga arrepiado!
A NOIVA CHORA:
Irmã do noivo: Fica queta minina, que feia é ocê e a sua famia intera.
Mãe da noiva: Sua faladeira, sua fifi fofoqueira ocê tá falano mar da minha
princesa?
Pai da noiva: (BATE PALMAS E DIZ) Vamo acabá logo cum essa baruiera e casá
os dois!
Padre: Vamo começá o casamento logo, qui eu tenho qui eu tô cum fome.
Silêncio pessoar!
Noiva: (PÕE AS MÃOS PARA O CÉU E AGRADECE) Até qui enfim vô disincaiá.
Qui belezura! Brigado, Santo Antonho!
Padre: Zé do Brejo, oce aceita casá com Chiquinha?
Noivo: É, num tem outro jeito memo. Então eu caso.
Padre: E ocê Chiquinha, aceita casá co seu Zé do Brejo?
Noiva: Craro, eu num sô troxa,
Pai da Noiva: Casa esses dois logo, Padre Romão, antes que o noivo fuja!
Padre: Então ceis tão casados!
Noivo e Noiva: Amém seu Padre!
A NOIVA CHORA:
Mãe da noiva: Não chora não! Despois eu insino pro ocê como é que se induca
uma sogra!
Padre: (Irritado) Fiquem quietas, vamo fazê logo esse casamento. Dona
Chiquinha, aceita Seu Zé do Brejo como seu marido, na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro sumitério?
Noiva: (sorridente) É craro qui sim, seu padre...
O NOIVO SE AFASTA COM MEDO. BUSCAM ELE PARA O CASÓRIO.
Padre: Senhor Zé do Brejo, aceita dona Chiquinha como sua esposa, na alegria e
na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte leve argum dos dois pro
sumitério?
O NOIVO OLHA O PAI DA NOIVA, ELE ARREGALA OS OLHOS AMEAÇANDO-
O, A SEGUIR, O NOIVO OLHA PARA A MÃE DA NOIVA. ELA PÕE A MÃO NA
CINTURA E BATE O PÉ.
Noivo: Sim, seu Padre. ë com todo o gosto
Padre: Intão não tem mais jeito, ocêis já Estão casado! I nada di beijá a noiva, pra
módi não escandalizá ninguém!
A MÃE DA NOIVA DESMAIA.
O PAI DA NOIVA SOCORRE.
Pai da noiva: Januária. Ô meu Deus, será qui ela vai morrê bem agora?
A MÃE DA NOIVA SE LEVANTA SE ABANANDO.
Mãe da noiva: Ai, Ô calor! (abana-se com as mãos)
Mãe do noivo: Num tô gostano disso!
Irmã do noivo: Liga não, mãe, é frescura dessa véia. Ela tá é quereno tomá meu
marido!
Mãe do noivo: (Puxa o marido pelo braço) Pára di oiá pra ela, seu véio
assanhado!
OS NOIVOS SE ABRANÇAM E CONVIDAM O POVO PARA A FESTANÇA. (O
padre dança com a irmã do noivo, seguem os pais e todos as duplas)
Noivo: E agora, pessoar, Vamos pras festança. Todo mundo dançano.
Noiva: Viva Santo Antonho! (três vezes)
TODOS: Viva
NARRADOR:
- BOA NOITE, PESSOAR ! HOJE É UM GRANDE DIA, FINALMENTE A SINHÁ MARIA
DAS JACA VAI CONSEGUIR REALIZAR SEU SONHO DE CASAR-SE COM O SINHÔ ZÉ
DOS CABRITOS.
 - VAMOS CHAMAR AGORA O CARÍSSIMO REVERENDO JOÃO MELÃO PARA DAR
INÍCIO AO CASÓRIO.
 - AGORA OS PAIS DO NOIVO SINHÔ RIZAL E SINHA BALENA .
 - E LÁ VEM ELE, O NOIVO ZÉ DOS CABRITOS.
 - AGORA A SINHÁ MARIA JANJÃO, MÃE DA NOIVA.
 - LÁ VEM ELA SINHÁ MARIA DAS JACA, A NOIVINHA COM SEU PAI, O SINHÔ
CHICO.
 - MUITO  BEM, PODEMOS COMEÇAR.
 
 PADRE:
- POVO DO ARRAIÁ DE NOVA ARGOS, ESTAMOS AQUI FINALMENTE
ALEGRÍSSIMOS, PARA CELEBRAR O CASÓRIO DA SINHÁ MARIA DA JACA COM O
SAFADO, QUE DIZÊ, COM O SINHÔ ZÉ DOS CABRITOS.
 PAI DA NOIVA:
- Ô SEU PADRE, VAMO LOGO COM ISSO, NÓIS JÁ TENTAMO FAZER ESSE CASÓRIO
UMAS SEIS VEIZ E O DANADO FOGE.
 DELEGADO:
- É MAIS DESSA VEIZ, ELE NÃO VAI FUGIR NÃO. TÔ AQUI PRA GARANTI A
FELICIDADE DA OIVA, QUE POR SINAR É UMA FRO DE FORMUSURA.
 MÃE DA NOIVA:
- QUE ISSO DELEGADO! MINHA FIA É UMA DONZELA DE RESPEITIO.
 PAI DO NOIVO:
- VAMO PARÁ COM ESSA EMBROMAÇÃO. DISPOIS OCEIS FALA QUE O CASÓRIO
NUM SAI PRO MODE QUI MEU FIO FOGE.
 NOIVA:
- UAI, PAI! CADÊ MEU NOIVINHO?
- AI, AI, AI, MÃE O ZÉ FUGIU TRAVEIS.
 TODOS:
- ALÁ ELE, PEGA, PEGA O NOIVO FUJÃO.

 NOIVO:
- UAI! BEM! PRU MODE QUE EU TENHO UM AMOR MUITO GRANDE PUR OCÊ.
 PADRE:
- EI, EI, VAMO ACABÁ LOGO COM ESSE TREM.
- SE ALGUÉM TIVÉ ARGUM IMPEDIMENTO CONTRA ESSE RAI DESSE CASÓRIO,
FALA AGORA OU INTÃO NUM FALÁ NUNCA MAIS.
AMANTE DO NOIVO:
- EU!!! UFA!! PENSEI QUE NÃO FOSSE CHEGAR MINHA VEIS DE FALÁ.! QUAIS QUE
EU FUIMBORA. (CALA A BOCA MENINO, DEIXA EU TRATÁ DO SEU FUTURO)
- Ô SEU PADRE, ESSE MENINO É FIO DESSE SEM VERGONHA AÍ! ELE PROMETEU
CASÁ CUMIGO PRIMEIRO! TEM PENA PADRE! - ARRESORVE ESSE CASO! CUMÉ
QUE EU VÔ CUIDAR DESSE MININO SOZINHA?
 MÃE DA NOIVA:
- SEU DELEGADO! TIRA JÁ ESSE TRANBOIO DAQUI. ESSE MININO É FIO DO ZÉ DA
ESQUINA.
- ELA TÁ MENTINDO!!! PRENDE ELA.
 PADRE:
- INTÃO VAMO LOGO QUESSE CASÓRIO!!
- SINHO ZÉ DOS CABRITOS ACEITA ESSA MUIÉ PRA TODA A SUA VIDA.
 NOIVO:
- PRA DIZÊ A VERDADE NUM ACEITO NÃO.
- QUER DIZÊ ACEITO, ACEITO NUM TEM OUTRO JEITO MERMO.
 PADRE:
- SINHÁ MARIA DA JACA, OCÊ QUER VIVÊ O RESTO DA VIDA COM ESSE COISA AÍ?
 NOIVA:
- CRARO QUE QUERO, TÔ ESPERANDO ISSO HÁ TANTO TEMPO.
 PADRE:
- PODE PONHÁ AS ALIANÇA. INTÃO EM NOME DO CRAVO E DO MANJERICÃO,
CASO ESSE DOIS NO DIA DE SÃO JOÃO!
- VIVA OS NOIVOS!!!
- UFA! AGORA CEIS TÁ CASADO. PODE CAIR NA DANÇA.
 TODOS COMEÇAM A QUADRILHA.
Passos de uma quadrilha junina:

1. CAMINHO DA FESTA: os noivos ficam na frente da fila. Os pares ficam de braços


dados, as damas à esquerda dos cavalheiros. Os pares entram.

2. ANARRIÊ: as damas e os cavalheiros se separam formando duas colunas.

3. OS CAVALHEIROS CUMPRIMENTAM AS DAMAS: eles se aproximam das


damas cumprimentando-as. Flexionam o tronco, mantendo a cabeça erguida e voltam a
seus lugares caminhando de costas.

4. AS DAMAS CUMPRIMENTAM OS CAVALHEIROS: agora é a vez das damas


irem até os cavalheiros e cumprimentá-los. Elas também voltam de costas para os seus
lugares.

5. SAUDAÇÃO GERAL: tanto as damas como os cavalheiros andam para a frente e se


cumprimentam.

6. BALANCE: damas e cavalheiros balançam os braços naturalmente.

7. PREPARAR PARA O GALOPE: a noiva e o noivo se encontram e saem de mãos


dadas para o alto pulando de lado até o final da fila. Todos os casais fazem assim até os
noivos voltarem a ser os primeiros, continue de olho nos passos de quadrilha.

8. OLHA O TÚNEL: as damas de frente para os cavalheiros elevam os braços para cima
e de mãos dadas fazem o túnel. Os primeiros a passar pelo túnel são os noivos e os
outros vão em seguida e formam os pares para começar a formar a roda.

9. OLHA O GRANDE PASSEIO: começam a formar a roda as damas para o lado de


dentro.

10. DAMAS AO CENTRO: as damas formam a roda e giram e os cavalheiros também.


11. COROA DE ROSAS: os cavalheiros, de mãos dadas, erguem os braços na vertical
sobre a cabeça das damas, como se as coroassem. Depois abaixam os braços passando-
os pela frente, até a altura da cintura, girando para a esquerda ou para direita.

12. DESCOROAR: os cavalheiros tiram os braços e formam a roda.

13. DAMAS PROCURAM SEUS CAVALHEIROS: os cavalheiros param e as damas


continuam rodando até encontrar o seu par, parando a esquerda do seu cavalheiro.

14. CARACOL: as damas e os cavalheiros formam uma grande roda. A noiva solta uma
das mãos do noivo e vai puxando os outros para dentro da roda. Todos devem estar de
mãos dadas, formando o caracol. Chegando ao centro, a noiva faz o caminho de volta.
Formando novamente a grande roda.

15. CAMINHO DA ROÇA: um anda atrás do outro com as mãos para trás e o corpo um
pouco curvado para a frente.

16. OLHA A CHUVA: todos dão meia-volta (viram para o outro lado) e colocam a mão
na cabeça.

17. JÁ PASSOU: todos dão meia-volta novamente e dizem “ahhhh”.

18. OLHA A COBRA: todos pulam, gritam e dão meia-volta.

19. JÁ MATARAM: todos dão meia-volta novamente e dizem aaahh.

20. A PONTE QUEBROU: todos dão meia-volta novamente.

21. JÁ CONSERTOU: voltam a dançar no outro sentido e dizem ah.

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