Você está na página 1de 4

SEM BRINCADEIRA E SEM ESCOLA

Autor: Luiz Carlos Menezes

Personagens:

Professora
Palhaço
Patrão
Maria
Elisa
Pedro
Joãozinho
Policial
Conselheira Tutelar
Crianças trabalhadoras

Prólogo
Música triste de fundo, entra de uma em uma, as crianças trabalhadoras, simulando em
pantomima algum tipo de trabalho, como: Lavador de carro, flanelinha, vendedor de balas no
sinal, servente de pedreiro, babá, lavadeira, empregada doméstica, etc. todos congelam em
uma posição que identifique o seu trabalho. Música triste sai e entra uma música de circo de
fundo para a entrada do palhaço, que entra em cena como se tivesse apresentando um
espetáculo.

PALHAÇO: Senhoras e senhores! Jovens e crianças! Vai começar um verdadeiro espetáculo!

PROFESSORA: Pode parar! Pode parar! Pode parar! Que espetáculo que nada seu palhaço! Isso
é uma pouca vergonha!

PALHAÇO: (para o público) Ué! Será que ela estar falando da minha roupa?

PROFESSORA: Claro que não! Estou falando dessas crianças aí, que ao invés de estarem na
escola estudando, estão é aí, tra-ba-lhan-do!

PALHAÇO: Olha dona professora, minha mamãe me falou que trabalhar é uma atitude muito
bonita!

PROFESSORA: E ela não estar errada, porém... elas até podem ajudar os pais em algumas
atividades em casa, mas não podem trabalhar como um adulto trabalha. Se as crianças não
estudarem não poderão um dia se formarem, terem uma profissão e realizarem seus sonhos!

PALHAÇO: (coçando a cabeça) Ir... não entendi?

PROFESSORA: Então presta atenção nessa situação (Duas crianças descongelam e começa um
diálogo)

MARIA: Eliza qual é o seu maior sonho?

1
ELIZA: Ah Maria eu queria tanto um dia ser médica, para cuidar todas as crianças doentes... e
você?

MARIA: Bem... eu queria ser professora, para ensinar as crianças a lerem e se tornarem
pessoas inteligentes...

ELIZA: Poxa! Mas a gente tem que trabalhar, não temos tempo para ir para escola!

MARIA: (triste) Verdade Eliza...

PROFESSORA: Tá vendo só palhaço? Se as crianças estão trabalhando ao invés de estarem


estudando, não poderão um dia serem o que tanto sonham.

PALHAÇO: (Triste) Que pena professora, mas é a pura verdade.

PROFESSORA: E não para por aí não, observa essa outra situação...


(Descongelam dois garotos trabalhadores e iniciam um diálogo)

JOÃOZINHO: Ô Pedro, do que você mais gosta de brincar ein?

PEDRO: Bem, eu gosto de soltar pipas, nada mais emocionante de que levantar elas bem alto
no céu!

JOÃOZINHO: legal mesmo! Mas eu já gosto de jogar bola, quando eu crescer eu quero ser um
craque de futebol... que nem o Neymar!
(os dois voltam a congelar)

PALHAÇO: (Voltando para a cena) Sabe o que eu acabei de perceber também professora?

PROFESSORA: O que palhaço?

PALHAÇO: Se as crianças estão sempre trabalhando, não terão tempo para brincar e se
divertirem também!

PROFESSORA: Isso mesmo palhaço, uma criança sem brincadeira e sem escola, é uma criança
sem infância!

PALHAÇO: Ah! Mas isso não pode ficar assim não! Deixa comigo professora, que já resolvo essa
questão! (puxa de um saco um pó “mágico” e sai jogando nas crianças que vão despertando,
entra uma musica alegre, todos cantam, brincam e dançam. A professora entrega livros e
ensina as crianças, o palhaço também entra na diversão, quando de repente ouve-se uma voz
grossa e forte interrompendo a brincadeira, entra em cena o patrão com o semblante sério,
mandando que as crianças voltem ao trabalho)

PATRÃO: Parem com isso agora! Eu exijo que todos voltem a trabalhar, nada de brincadeira e
nada de estudar! (música triste, as crianças abaixam as cabeças e congelam trabalhando
novamente como antes)

2
PALHAÇO: (Se jogando ao chão chorando) Buá! Buá! Buá!

PROFESSORA: Calma palhaço!

PALHAÇO: E agora professora? Quem irá ajudar essas crianças?

PROFESSORA: Acho que sei quem poderá nos ajudar!

PALHAÇO: (parando o choro instantaneamente) É mesmo? Quem?

PROFESSORA: O ECA!

PALHAÇO: (fazendo caretas) Eca? Eca?

PROFESSORA: Sim, O Estatuto da criança e do Adolescente!


(música de impacto. Entram uma conselheira tutelar e um policial que param olhando o patrão
de frente)

PROFESSORA: A Conselheiro Tutelar, que em alguns casos anda acompanhado de um policial,


são eles que com base no ECA, atendem crianças e adolescentes que têm os seus direitos
violados.

POLICIAL: Bonito ein! Então é o senhor que fica colocando essas crianças para trabalharem de
forma cri-mi-no-sa! (Segurando o patrão com as mãos para trás)

PATRÃO: Criminosa por que seu policial?

CONSELHEIRA TUTELAR: No Artigo 60, do Estatuto da Criança e adolescente, o ECA: É proibido


qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos. E o senhor estar violando o direito dessas crianças!

PATRÃO: Para aí dona conselheira tutelar, que história é essa de ECA?

CONSELHEIRA TUTELAR: O ECA é considerado um marco na proteção da infância e tem como


base a proteção integral da infância e a garantia de seus direitos, reforçando a ideia de
“prioridade absoluta”, inspirado pela Constituição Federal de 1988.

PATRÃO: Nossa! Eu não sabia que colocar as crianças para trabalharem era tão errado...

POLICIAL: Pois agora o senhor já estar sabendo! Pode ir circulando e não volte a errar de novo!

PATRÃO: Pode deixar seu policial, que prometo nunca mais obrigar nenhuma criança a
trabalhar... Com licencinha... (sai de cena todo desconfiado)

CONSELHEIRA: E vocês crianças vamos ser felizes com muitas brincadeiras e com o prazer de ir
à escola!
(As crianças descongelam felizes. Algumas vão até a frente do palco e falam para o público)

3
CRIANÇA 1: De acordo com o ECA, é considerada criança a pessoa com idade inferior a 12 anos
e adolescente aquela entre 12 e 18 anos.

CRIANÇA 2: Toda criança e adolescente tem direito à vida e à saúde, à liberdade, respeito e
dignidade.

CRIANÇA 3: Como também, à família, à educação, cultura, esporte e lazer, entre outros
direitos.

CRIANÇA 4: E o trabalho infantil prejudica o desenvolvimento das crianças!

CRIANÇA 5: É muito triste, muito cedo, é muito covarde, cortar infâncias pela metade!

CRIANÇA 6: Criança não deve trabalhar, infância é para sonhar!

CRIANÇA 7: Criança tem que estudar e brincar!

CRIANÇA 8: Por que criança, merece ser criança!

TODOS: Diga não ao trabalho infantil!


(Entra a música “Criança não trabalha” – Palavra Cantada, todos cantam e dançam a
coreografia da música)

MÚSICA:
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha
1, 2 feijão com arroz
3, 4 feijão no prato
5, 6 tudo outra vez
Lápis, caderno, chiclete, pião
Sol, bicicleta, skate, calção
Esconderijo, avião, correria, tambor
Gritaria, jardim, confusão
Bola, pelúcia, merenda, crayon
Banho de rio, banho de mar, pula-cela, bombom
Tanque de areia, gnomo, sereia
Pirata, baleia, manteiga no pão
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha, criança dá trabalho!

FIM!

Você também pode gostar