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Centro de Interesse – Vozes do Nordeste

Turmas – Todos os 5º anos


Local – Teatro do Villa
Cenografia – Professora Carla
Produção – Marta, Ana, Fernando e Vania

Cena 01
Abertura – Instrumental da música Asa Branca. Solo de Camila.
Alunos – Miguel, Sofia Pedroza (Instrumentos: teclado e violão)
(Podemos acrescentar mais alunos de inclusão se as outras turmas
tiverem).
Luz cênica só nos alunos.
Blackout
Cena 02
Entram 4 alunos um de cada turma para recitar o cordel sobre o Centro de
Interesse, visão mais ampla do projeto.
(Construir o cordel e anexar...)
Blackout
Cena 03
Turma B - Entram 4 crianças Nordestinas (um representante de cada
turma) para conversarem sobre o Nordeste e suas riquezas.
Aluno 01 Zé – Gente boa, ocês estão preparando para ver neste espetáculo
grandes coisas sobre nossa região?
Aluno 2 Severino (gaguejando) – Oxente, e vai ser assim tão grandioso, é?
Pensei que fosse coisinha simples.
Aluno 03 Tina – Mas rapaz, cê tá sabendo é de nada, véi! Este projeto trouxe
uma visão massa do nosso Nordeste. A gente gostou e está amando tudo
isso... Eu vou é viajar pra conhecer os estados que não fui ainda.
Aluno 04 Chiquinha – É, Tina... Podemos falar com nossos pais, aliás você
podia me chamar, né? Iria de boa, viu fia? Sem problema e meus pais iriam
adorar que a gente viajasse juntos.
Aluno 01 Zé - Acho melhor ocês pararem de ficar no trelele e começar a
chamar as apresentações porque aqui hoje vai ser muito show, viu galera?
Severino – Iniciamos homenageando aquele estado, capital que temos orgulho
de fazer parte.
Tina – Ai gente, eu amo...
Chiquinha – Ahhh, eu também!
Zé - Salvador, Bahia
Território africano
Baiano sou eu, é você, somos nós
Uma voz de tambor
Tina - Oxente, cê num' tá vendo
Que a gente é nordeste, cabra da peste?
Sai daí batucador, quem foi seu mestre?
Capoeira?
Severino - Se plante, lá vem rasteira, pé de ladeira
Preciso da fé no Senhor do Bonfim
Pra mim, pra você, pra mim
Chiquinha - Um chinelo de couro
Uma bata, uma benção
Mais cinquenta centavos de som
Aumenta o som!
Dança com a música – Raiz de todo bem, turma C
Blackout
Cena 04
Entram um grupo da turma A para recitar uma poesia sobre o Nordeste de
Bráulio Bessa.
Sou o gibão do vaqueiro,
Sou cuscuz, sou rapadura
Sou vida difícil e dura
Sou nordeste brasileiro

Sou cantador violeiro, sou alegria ao chover


Sou doutor sem saber ler, sou rico sem ser grã-fino
Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser

Da minha cabeça chata, do meu sotaque arrastado


Do nosso solo rachado, dessa gente maltratada
Quase sempre injustiçada, acostumada a sofrer
Mesmo nesse padecer, sou feliz desde menino
Quanto mais sou nordestino, mais orgulho tenho de ser

Da terra de cultura viva, Chico Anysio, Gonzagão,


de Renato Aragão, Ariano e Patativa.
Gente boa, criativa
Isso só me dá prazer, por isso, eu tenho orgulho em dizer
Meu obrigado ao destino,
Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser.
Cena 05
Entram os personagens para chamarem as cenas de teatro.
Zé – Pessoal, eu não entendo porque as pessoas falam tanto do Nordeste e
tem tantos preconceitos, olha para o que te dizer agora:
Foi aqui que tudo começou!
Foi aqui que nossa cultura iniciou
Nossa identidade!
Foi aqui que o povo se multiplicou!
Aqui tem natureza, alegria e diversão.
Aqui a gente sorrir, mesmo daquilo que é difícil

Chiquinha – E sabe porque Chico?


Todos – Porque sabemos viver!
Severino – E se sabemos viver, sabemos prestigiar, então, vamos assistir
algumas cenas de grandes autores que se tornaram importantes da nossa
região.
Tina – E com vocês um pouco das grandes personalidades nordestinas!
Blackout
Entra em cena os alunos da turma A para representar personalidades do
Nordeste.
Após a cena, logo em seguida entram um grupo de alunos para dançar o
frevo da turma A
Blackout
Cena 06
Entram o grupo da turma B com a cena de Pedro Malasartes.
Zé: Tá linda essa homenagem, hein Tina!?
Tina: Tá linda demais, Zé. Mas e esse aí, quem é? Não lembro de ter
convidado ele. Será que foi o Severino ou a Chiquinha?
PEDRO MALASARTES: Psiu, falem baixo. Eu tô escondendo e não qiero
ser descoberto. Eu me chamo Pedro Malasartes, o mais esperto de todos
os moradores deste lugar. E vocês quem são?
Zé: Eu sou o Zé e essa aqui é a minha amiga Tina. Se você é mesmo
esperto o que tá fazendo aqui escondido, criatura? Foi pego?
PEDRO MALASARTES: Qual nada. Só tô dando um tempinho aqui para os
meus primos esquecerem que tão atrás de mim. Não sei se vocês sabem,
mas aqui eu sou o rei das artimanhas. Quer que eu conte a muita última
esperteza? Repare só... hoje é meu aniversário e adoro festa, mas tava
sem dinheiro... então resolvi fazer uma visitinha para os meus primos que
apesar de serem pão-duro não iriam me negar uma festa... bem, eles
ainda não sabiam disso, mas tavam perto de descobrir.
Chegam os primos.
PRIMO: Ó, primo Pedro! Tenho aqui uma broa fresquinha, que sinhá
assou. É tanta que vai durar a semana inteira. Quer um pedaço?
MALASARTES: Não, primo. Basta um cafezinho.
PRIMO II: Olha, Pedro, ontem mandamos matar um leitão, temos uma
porção de torresmo. Quer um pouco? Temos bastante.
MALASARTES: Não me diga isso! Tem muito mesmo?
PRIMO II: Tô dizendo, temos bastante. Você quer?
MALASARTES: Nada, primo, pode deixar. Basta um cafezinho.
PRIMO II: Ocê que sabe, mas quando quiser é só pedir.
Voltando para a cena de Zé, Tina e Malasartes.
Zé: E o que é que tem de esperteza em ficar dispensando tanta comida
assim? Ocê tá mais pra tabaréu que pra esperto!
Tina: O Zé que é tão bocó, mais tão bocó chega a ser mais esperto que
ocê, Malasartes.
Zé: Isso é verdade, quer dizer, oxe... Tu é minha amiga, Tina?
MALASARTES: Posso terminar de contar o meu causo? Depois que eles
me ofereceram tudo aquilo de delicioso... broa, torresmo, suco de laranja,
rosca, bolo de milho, tapioca, biscoito de queijo, eu parei o meu cafezinho
e disse...
Volta para a cena dos Primos com Malasartes.
MALASARTES: Primos, sabem aquelas coisas todas que vocês
ofereceram? Agora eu até quero um pouquinho, que já me cansei desse
cafezinho que tomava pra modo de esperar o pessoal chegar...
PRIMOS: Pessoal? Que pessoal?
MALASARTES: Um pessoal que eu chamei pra minha festa de aniversário
que vocês irão fazer pra mim!
PRIMO I: “Nóis” até faz a festa, mas antes a gente te pega, seu cabra...
Todos saem correndo.
MALASARTES: E aqui estou eu, já... já tô voltando pra lá pra ter minha
festa. Deixa só eles se acalmarem.
Primos aparecem.
PRIMO I: Então é aqui que ocê se escondeu. Muito espertinho mesmo!
PRIMO II: Agora nóis pega ocê!
MALASARTES: Ocês não vão atrapalhar a festa que tá pra começar, né?
Respeitem o meu aniversário... vamos lá meu povo comecem os festejos
antes que meus primos me peguem.
Dança - Turma B, som de tambores.
Cena 07
Entram o grupo da turma C com um trecho do Auto da Compadecida
CHIQUINHA – Aaaaah é agora, é agora, é agoraaa!
ZÉ – O que é agora? Deixa de suspense...
CHIQUINHA – Um clássico brasileiro com alma nordestina, Zé. Criação do
nosso mestre da dramaturgia popular, Ariano Suassuna.
ZÉ – Aaah então só pode ser O Auto da Compadecida. Amo João Grilo e
Chicó e amo as suas aventuras.
CHIQUINHA – Pois se aconchegue aí que é hora de acompanhar essa
maravilhosa estória.
Trilha do filme, surgem as personagens em cena. Veremos a cena do
julgamento.
JOÃO GRILO - (Em um grito de suplica) – Valha-me Nossa Senhora, Mãe
de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A
mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas
hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-
me Nossa Senhora, mãe de Deus de Nazaré.
DEMÔNIO - Vá vendo a falta de respeito, viu?
Surge a Compadecida.
DEMÔNIO, com raiva - Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete!
JOÃO GRILO - Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou
com o verso que eu recitei?
A COMPADECIDA - Não, João, por que eu iria me zangar? Tem umas
graças, mas isso até a torna alegre e foi coisa de que eu sempre gostei.
Quem gosta de tristeza é aquele ali (apontando para o demônio).
DEMÔNIO - Protesto.
MANUEL - Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu
velho. Discordar de minha “Mainha” é que não vou.
DEMÔNIO - Grande coisa esse chamego que ela faz para salvar todo
mundo! Termina desmoralizando tudo.
A COMPADECIDA - E para que foi que você me chamou, João?
JOÃO GRILO - É que esse filho de chocadeira quer levar a gente para o
inferno. Eu só podia me pegar com a senhora mesmo.
A COMPADECIDA - Intercedo por esses pobres que não têm ninguém por
eles, meu filho. Não os condene.
MANUEL - Que é que eu posso fazer?
A COMPADECIDA - É verdade que eles não eram dos melhores, mas você
precisa levar em conta a língua do mundo e o modo de acusar do diabo.
Quase tudo o que eles faziam era por medo.
DEMÔNIO - Medo? Medo de quê?
BISPO - Ah, de muitas coisas. Medo da morte...
PADRE - Medo do sofrimento...
SACRISTÃO - Medo da fome...
DORA – Medo de ser abandonada.
PADEIRO - Medo da solidão.
MANUEL - E é a mim que vocês vêm dizer isso, a mim que morri
abandonado até por meu pai!
A COMPADECIDA - Era preciso e eu estava a seu lado. Mas não se
esqueça da noite no jardim, do medo porque você teve de passar. Seja
então compassivo com quem é fraco.
A COMPADECIDA - Quanto a Severino e ao cabra dele...
SEVERINO – Fizemos tantas coisas ruins que não tenho dúvida da
sentença.
CANGACEIRO – Nem eu, meu capitão. Mas quem sabe a gente não tem o
perdão, né?
MANUEL - Quanto a esses, deixe comigo. Estão ambos salvos.
DEMÔNIO - É um absurdo contra o qual...
MANUEL - Contra o qual já sei que você protesta, mas não recebo seu
protesto. Você não entende nada dos planos de Deus. Severino e o
cangaceiro dele foram meros instrumentos de sua cólera.
Severino e o Cangaceiro abraçam os companheiros e saem para o
céu.
BISPO - E nós?
SACRISTÃO - Decida-se logo, por favor, porque essa ansiedade é
pior do que qualquer outra coisa.
MANUEL - Pois não. Vou então proferir a sentença.
JOÃO GRILO - Um momento, senhor. Posso dar uma palavra? Os cinco
últimos lugares do purgatório estão desocupados?
MANUEL - Estão.
JOÃO GRILO - Pegue esses cinco camaradas e bote lá.
A COMPADECIDA - É uma boa solução, meu filho. Dá para eles pagarem o
muito que fizeram e assegura a sua salvação.
MANUEL - Então está concedido.
DEMÔNIO - Não tem jeito não. Homem que mulher governa...
MANUEL - Podem ir, vocês cinco.

Os cinco se despedem comovidamente de João Grilo.

Cena 08
Entram alunos da turma C para recitar o poema do orgulho de ser
nordestino, logo após todos os alunos entram para o grande coral.

SAGA NORDESTINA.

Eu tenho orgulho de ser nordestino


do Piauí, da Paraíba ou da Bahia
de Pernambuco, do frevo e da poesia
de Sergipe, de Alagoas e do destino
do artesanato das mãos de Vitalino
e do talento de Jackson do pandeiro
porque todo nordestino é brasileiro
mas nem todo brasileiro é nordestino.

E o preconceito me segue de menino


entristece mas não fere o meu oxente
o nordestino é um povo resistente
apesar dessa aparência de franzino
a coragem quem assina é Virgulino
e a vontade vem do nosso sanfoneiro
porque todo nordestino é brasileiro
mas nem todo brasileiro é nordestino.

A seca nos transforma em peregrino


mas não há nada que abale a nossa fé
como num verso de Patativa do Assaré
acreditamos no amor do ser Divino
mesmo tratado como um povo clandestino
como um dia foi Antônio Conselheiro
porque todo nordestino é brasileiro
mas nem todo brasileiro é nordestino.

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