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Roteiro 1 ano

Cena I – Música melancólica (lamento sertanejo) com teor nordestino; personagens entram em
cena para mostrar as dificuldades passadas no sertão nordestino (fome, seca, falta de
oportunidade de trabalho, morte).

Cena II – Severino entra no meio do palco e fala: “O meu nome é Severino, um nome muito
comum ao se comparar aos demais meninos. Posso dizer que sou Severino de Maria, essa que
também não tem muita referência a não ser que seja associada ao finado que trabalhava numa
alvenaria. Então, devo dizer que sou Severino de Maria do finado Zacarias? Vim lá Da serra da
costela, limites da Paraíba, nordestino com muito orgulho eu diria.

Como então dizer quem falo ora Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino de Maria, cujo
finado marido Zacarias trabalhava numa alvenaria, vivendo na mesma serra magra e ossuda
em que eu vivia. Se somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida, morremos de morte igual,
morte Severina.

Que é a morte que morre de velhice antes dos trinta, de tanto trabalhar para sustentar vossa
família. Mas para que me conheçam melhor vossas senhorias, passo a ser Severino em que em
vossa presença emigra.”

Cena III* - Início da saída do litoral. – Diálogo.

Conversam sobre sua partida após Severino falar sobre as dificuldades e seu pensamento de

Realmente sair do sertão.

Diálogo:

Severino — Ô, mainha, desses tempos pra cá o solo já não dá mais sustento, seco e sem vida,
como vamos viver?

Maria — Ô, meu filho, não faço ideia! O dinheiro está acabando e a seca só piora.

Severino — O jeito é que eu parta e vá para o litoral em busca de um emprego. Eu mando a


maior parte do que conseguir para a senhora

Maria — Pois irei com você, meu filho.

Severino — Eu não deixaria a senhora trabalhar, o melhor é que fique aqui e eu vá sozinho.
Prometo que logo voltarei!

Maria — Me prometa que irá tomar cuidado, eu sentirei sua falta.

— Quebra de tempo —

• Nesta noite, Severino arruma sua trouxa para partir


Cena IV – Pela manhã, ao descer a serra, encontra outros retirantes em seu caminho e
pergunta a eles:

Severino — Pra onde cês vão?

Lucca — Tamo indo pro litoral e ocê?

Severino — Tô indo pra lá também, a seca tá matando, não consigo sustento aqui.

Os retirantes continuam sua jornada, deparando-se com seca e fome – início de uma dança a
favor da seca. (sexteto com música lágrimas do nordeste)

Cena V – Bala perdida. Severino nessa hora já está sozinho, longe dos retirantes. Ao caminhar,
ele encontra dois homens carregando um defunto numa rede, clamando a Deus.

Homem I — Ô, meu senhor, num fui eu que o matei – Disse com semblante assustado.
Severino — Quem está descarregando embrulhado nessa rede?

Homem I — Ninguém que valha a pena falar, um qualquer.

Severino — D’onde tu é?

Homem II — Somos de onde a caatinga é mais seca.

Severino — E do que ele morreu, foi matado ou de morte morrida?

Homem I — Rapaz, essa morte foi feita numa emboscada.

Severino — E essa morte matada, foi de bala ou de faca?

Homem II — Essa morte foi de bala, mas o boato é de que foi perdida.

• Severino, nesse momento encara sua primeira morte.

Cena VI – Severino continua seu caminho quando para em um pequeno vilarejo. Cansado
da viagem, Severino a interrompe a fim de ter um descanso.

(sem narração, cena visual) – Ele se dirige a uma mulher em frente a uma casa que depois
descobre tratar-se de uma rezadeira.

Severino — Bom dia, minha senhora! Sabe me dizer se é possível algum trabalho encontrar?

Rezadeira — Aqui trabalho nunca falta para quem sabe trabalhar. O Que fazia em tua terra?

Severino — Sempre fui agricultor de terra ruim, não há espécie de terra que eu não possa
cultivar.

Rezadeira — Oxe, mas isso aqui de nada adianta. Mas me diga, o que mais fazia por lá?
Severino — Sei combater quiçá que pelo caminho dei fim.

Rezadeira — Mas aqui essas são as únicas plantas que a terra dá. Retirante, sabe rezar, enterrar
mortos e cantar excelências?

Severino — Já velei muitos defuntos, na serra a coisa é vulgar, mas não sei as rezas, sei
somente acompanhar.

Severino — Mas agora quero saber, dona. Quais os trabalhos que dão por aqui?
Rezadeira — Como aqui a morte é tanta, vivo a aqui de a morte ajudar. Aqui na região muitos
vêm me procurar, para rezar aos entes queridos que tiveram que enterrar. As profissões daqui
são as que a morte dá.

Cena VIII – conversa dos coveiros (narração visual) – Severino continua seu caminho, para
atravessar o rio quando escuta a conversa de dois coveiros.

Coveiro 1- e (nome do coveiro 2), tô doido para manter meu emprego fixo do outro lado do rio
Coveiro 2- mas por que homem?

Coveiro 1- a moço é que do lado de lá até os enterros são mais finos, aqui quando um morre
nem o nome lembra, já que todos são Severinos

Cena IX (cena narrada) - *Severino ao atravessar o rio, percebe que nada é como ele gostaria
que fosse ou imaginava, se decepcionando muito e perdendo a esperança totalmente.*

(ecoa a voz de Severino falando enquanto ele olha para o rio)

Pensamento de Severino-Já não mais esperava muita coisa, digo a Vossas Senhorias. O motivo
de minha partida não foi por cobiça, mas pela vontade de me manter, essa que era precisa.
Precisei me armar e prevenir da velhice antes dos trinta. Não senti a diferencia entre agreste e
caatinga, essa que era mínima, a diferença é só a terra, que pode variar entre seca e macia. O
melhor seria acabar com a ladainha, estreitar os laços e deixar a linha mais fina, afinal, que mal
que isso me causaria? De tempos em tempos a terra se renova, posso dizer então que também
chegou a minha hora?

Cena XI– Um homem chega perto de Severino

— Seu José, mestre Carpina que habita este lamaçal. Diga-me, alguma vez esperou por uma
resposta Divina?

José — Mais do que se é possível contar nos dedos. Como acha que um velho dessa idade não
passou por desafios que o quase fizera perder a vida?

José — Quem não está apto a enfrentar desafios na vida deveria aprender a como se lidar com
tudo aquilo que o mundo cria. Sejam bons ou ruins, nada mais passa de um aprendizado
necessário para que tenhamos orgulho no fim.

José — Severino, não tema! Desça daí e desfrute até mesmo dos obstáculos que em seu
caminho são colocados. A vida é sobre isso; vitórias e derrotas, tristeza e alegria, trabalho, e
por fim euforia.

• Após a grande reflexão do homem, Severino percebe que ainda não é sua hora.
Mesmo com seus medos e dúvidas, deve continuar e seguir o roteiro de sua vida, com
seus altos e baixos e maestria.

Cena final (nascimento do bebê) – José e Severino partem para cidade, onde vem um alvoroço
e ciganas passarem com presentes.

(Dança das ciganas com música bamboleo)

Ato 2

As ciganas entram quando uma mulher chega e fala com José.


Mulher- José, José! Não sabes da notícia? Seu filho veio ao mundo.

José e Severino partem para o meio da confusão e vem as ciganas fazerem um cortejo ao bebê
com diversos presentes.

Cigana 1- o nascimento de uma criatura indefesa nos faz ver a vida com um pouco mais de
beleza.

Cigana 2- minha pobreza é tanta ao ponto de nada ter a oferecer, mas trouxe o leite que deixo
para teu filho amamentar.

Cigana 1- atenção! Somos ciganas vindas do Egito e vamos logo dizer o que vimos para essas
crianças.

Cigana 1- Para que n achem que só terá tristeza, a vitória virá e essa criança sairá daqui da
pobreza e viverá de forma abundante.

José- Entendeu, Severino, a mensagem que quis te passar? Para sua pergunta não tenho
resposta, mas se quiseres saber, a vida é cheia de desafios, mas também de espetáculos.

Severino fica sozinho no meio do palco e fala:

— E vossas senhorias, o sentido da vida é muito mais profundo do que eu sabia,mas mesmo
com suas dificuldade eu digo, vale a pena viver essa vida Severina.

(Dança final)

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