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Morte e Vida Severina

João Cabral de Melo Neto

• Ou "Auto de Natal Pernambucano"


• Narrativo + lírico
• Versos heptassílabos
• No começo sempre vê mortes severas, mas no final acontece algo diferente, uma vida severa

• Obra:
• O retirante explica ao leitor quem é e a que vai
• Seu nome é Severino de Maria, do finado Zacarias, da serra da Costela → há muitos Severinos na região, e ele não
possui sobrenome, por isso coloca o nome da sua mãe, mas há muitas Marias, então coloca o nome do seu pai, mas
também há muitos Severinos da Maria de Zacarias, então ele também coloca, na tentativa de se individualizar, seu
local de origem
-porém, quanto mais tenta se individualizar, mais se generaliza
• Ele também tenta se apresentar fisicamente, porém acaba dizendo que todos os Severinos são iguais
• Severinos tem:
• Cabeça grande
• Ventre crescido
• Pernas finas
• Também fala como a mesma morte se estende a todos → "mesma morte severina" → morte de velhice antes dos 30 → de emboscada
antes dos 20 → de fome um pouco por dia → de fraqueza e doença, eles podem morrer a qualquer momento, até antes de nascer
• O Severino narrador é o que estará caminhando, para que o leitor o identifique
• Ele quer ir para Recife procurando melhor condições de vida → o rio Capibaribe é o seu único guia na jornada

• Encontra dois homens carregando um defunto numa rede, aos gritos de "ó irmãos das almas! Irmão das almas! Não fui eu quem matei
não!"
• Encontra-se com a morte
• Severino procura entender quem era o morto
• Seu nome era Severino Lavrador
• Ele vinha de uma região seca
• Foi uma morta matada, com uma bala
• Haviam balas perdidas na região em que ele morava
• Ele tinha um pequeno pedaço de terra, que não valia muito e que queria expandir
• Ele iria ser enterrado no cemitério de Torres
• Severino os ajuda a levar o cadáver

• O retirante tem medo de se extraviar por seu guia, o rio Capibaribe


• Antes de sair, ele aprendeu as ladainhas que devia rezar até alcançar o mar
• Ele passa por áreas abandonadas
• Fala da seca e da morte
• Ele achou que não iria se perder ao seguir o Capibaribe, mas em vários locais ele havia secado fazendo-o se perder
• Obs.: J. Cabral tem um poema sobre a morte dos rios
• Ele começa a ouvir uma cantoria

• Na casa a que o retirante chega estão cantando excelências para um defunto, enquanto um homem, do lado de fora, vai parodiando as
palavras dos cantadores
• Novamente se encontra com a morte (mais um Severino)
• O homem parodiando as ladainhas acaba dizendo "dize que levas somente coisas de não: fome, sede, provação."

• Cansado de viagem o retirante pensa em interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho ali onde se encontra
• Ele só viu a morte até então, e o que não era morte era vida severina
• Ele está considerando suicídio, pois ele irá morrer de qualquer jeito, então porque não encurtar o caminho
• Mas ele também quer arranjar trabalho para conseguir dinheiro para comer
• Ele vê uma mulher que parece ser bem de vida

• Dirige-se à mulher na janela que, depois, descobre tratar-se de quem se saberá


• Pergunta a mulher por trabalho e ela pergunte o que ele pode fazer
• Ele responde que pode trabalhar na terra, mas lá isso pouco adianta
• Ele segue dando opções, mas continuam sendo opções que não adiantam
• No final ele conclui que o que fazia lá era trabalhar com qualquer coisa e comer o que tiver
• A mulher então pergunta se ele sabe rezar, cantar, velar mortos → ou seja, o único trabalho envolvia os mortos, pois era o
que mais acontecia
• A mulher trabalhava com a morte, ela planejava para as famílias como velar o morto → rezadora titular
• Severino pergunta se isso da dinheiro, ela responde que não há do que reclamar
• Ele pergunta se não há outra forma de trabalhar, mas ela responde que não
• Pois o lucro dessas profissões é garantido

• O retirante chega à zona da mata, que o faz pensar, outra vez, em interromper a viagem
• Cogita permanecer naquela terra, pois ela era doce e parecia estar vazia
• Ele diz que ele não iria precisar trabalhar todos os dias → ele acha que a vida na região é boa
• Mas então ele assiste um enterro de um trabalhador e acaba escutando o que seus amigos falavam dele
• Eles falam que ele brigou por terra, mas acabou ficando com a micharia da terra do túmulo → essa seria a sua
roça, pequena mas sua → ele praticamente havia vivido como um escravo → seu primeiro sapato foi o de seu
enterro

• O retirante resolve apressar os passo para chegar logo ao Recife


• Severino apressa os passos para chegar ao seu objetivo
• Ele só quer ir para Recife tentando fugir da velhice precoce dos 30 anos
• Mas ele repara que em todo lugar é a mesma vida severina
• Mas ainda cogita que no Recife irá ser diferente

• Chegando ao Recife, o retirante senta-se para descansar ao pé de um muro alto e caiado e ouve, sem ser notado, a conversa de dois
coveiros
• Ele chegou ao Recife
• Coveiros acham que precisam de um aumento
• A avenida do centro os coveiros trabalham menos e ganham mais gorjetas → é a área onde os ricos são enterrados
• As outras áreas são mais movimentadas e ganham menos
• Até na morte a uma divisão social entre pobres e ricos
• Um dos coveiros não entende como "essa gente do sertão" vem para o litoral basicamente para morrer em meio a lama e aos
siris → "seria mais rápido e também muito mais barato que os sacudissem de qualquer ponte dentro do rio e da morte"
• E o povo que vem pensando morrer de velhice está seguindo o caminho de seu próprio enterro
• Severino volta a pensar no suicídio

• O retirante aproxima-se de um dos cais de Capibaribe


• Ele sabe que indo a Recife não iria mudar muita coisa, mas esperava uma pequena melhora
• Depois de ter escutado os coveiros ele considera o suicídio para abreviar a sua vida

• Aproxima-se do retirante o morador de um dos mocambos que existem entre o cais e a água do rio
• Severino começa a conversar com seu José, mestre carpina
• Severino pergunta se o rio é fundo, José estranha a pergunta mas responde que acha que sim
• Severino segue lhe perguntando coisas depressivas, seu José diz que o mar daquela conversa deveria ser combatido
• Severino fica tipo, qual o sentido se sempre acabaremos na miséria
• Mas o mestre carpina diz que não se pode desistir
• Severino o pergunta se vale a pena viver de migalhas
• José simplesmente diz que vale a pena viver
"_Seu José, mestre carpina, que diferença faria se em vez de continuar tomasse a melhor saída: a de saltar,
numa noite, fora da ponte e da vida?" → pergunta que fica sem resposta
• Uma mulher, da porta de onde saiu o homem, anuncia-lhe o que se verá
• A mulher chega e diz a José que seu filho nasceu e que ele está ali conversando → isso acontece antes de seu José responder
a pergunta feita por Severino

• Aparecem e se aproximam da casa do homem vizinhos, amigos, duas ciganas, etc


• O dia parecer feliz com o nascimento da criança

• Começam a chegar pessoas trazendo presentes para o recém-nascido


• São presentes muito simples, de coração, humildes,...

• Falam as duas ciganas que haviam aparecido com os vizinhos


• Uma delas anuncia que ela irão ler o futuro
• Uma das ciganas diz que a criança irá aprender a fazer as coisas dali mesmo, que será capaz de farejar comida
• A outra diz que ele não irá somente pescar, e sua vida não será tão ruim, e que irá trabalhar numa fábrica, cheio de graxa (o
que é considerado melhor), ela também o vê se mudando para um local melhor

• Falam os vizinhos, amigos, pessoas que vieram com presentes, etc


• As pessoas falam pequenos elogios para os pais

• O carpina com o retirante que esteve de fora, sem tomar parte de nada
• Seu José então diz que não sabe a resposta para a pergunta de Severino:
"_Severino, retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida; nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga é difícil defender só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é esta que se vê, Severina mas se responder não pude à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva." → o nascimento da criança/seu filho → a vida vale a pena ser defendida
• Seu José tem um discurso sempre pró-vida
• Tem uma construção bíblica do natal, do nascimento de Jesus
"e não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar o seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que
ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida; como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida Severina." →
convencer que a vida ainda vale a pena

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