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Martha Medeiros
Autor desconhecido
Diz a Madame de Stael que os primeiros amores não são os mais fortes
porque nascem simplesmente da necessidade de amar. Assim é comigo;
mas, além dessa, há uma razão capital, e é que tu não te pareces nada
com as mulheres vulgares que tenho conhecido. Espírito e coração como
o teu são prendas raras; alma tão boa e tão elevada, sensibilidade tão
melindrosa, razão tão recta não são bens que a natureza espalhasse às
mãos cheias (…). Tu pertences ao pequeno número de mulheres que
ainda sabem amar, sentir, e pensar. Como te não amaria eu? Além disso
tens para mim um dote que realça os mais: sofreste. É minha ambição
dizer à tua grande alma desanimada: «levanta-te, crê e ama: aqui está
uma alma que te compreende e te ama também».
A responsabilidade de fazer-te feliz é decerto melindrosa; mas eu aceito-
a com alegria, e estou certo que saberei desempenhar este agradável
encargo. Olha, querida; também eu tenho pressentimento acerca da
minha felicidade; mas que é isto senão o justo receio de quem não foi
ainda completamente feliz?
Obrigado pela flor que mandaste; dei-lhe dois beijos como se fosse a ti
mesma, pois que apesar de seca e sem perfume, trouxe-me ela um pouco
de tua alma. Sábado é o dia da minha ida; faltam poucos dias e está tão
longe! Mas que fazer? A resignação é necessária para quem está à porta
do paraíso; não afrontemos o destino que é tão bom conosco. (…)
Depois… depois querida, queimaremos o Mundo, porque só é
verdadeiramente senhor do Mundo quem está acima das suas glórias
fofas e das suas ambições estéreis. Estamos ambos neste caso; amamo-
nos; e eu vivo e morro por ti.
Machado de Assis, em Carta a Carolina de Novais (1869).
NORDESTE: AQUI É MEU LUGAR (Carlinhos Cordel)
Bumba-meu-boi, capoeira
Vou falar do meu lugar Essa dança brasileira
Terra de cabra da peste Querida em todo lugar.
Terra de homem valente Tem baião e tem forró
Do sertão e do agreste Pra dançar agarradinho
Terra do mandacaru Tem maracatu, congada
Do nosso maracatu Tem o cavalo-marinho
Meu lugar é o Nordeste! Festa junina animada
Meu Nordeste tem riquezas Pra toda rapaziada
Só encontradas aqui Namorar um “bucadinho”.
Sua música, sua dança
Sua gente que sorri Nossa culinária é rica
Nosso povo tem bravura Em tradição e sabor
Tem tradição, tem cultura Tem cuscuz, tem macaxeira
Da Bahia ao Piauí. Que têm um grande valor
Tem o xinxim de galinha
A nossa música é linda Rapadura com farinha
Temos coco e embolada Tudo feito com amor.
Aboio e banda de pife Do bode tem a buchada
Poesia improvisada Carne de sol com pirão
Axé, repente, baião O mocotó, a rabada
O forró do Gonzagão O bobó de camarão
Que faz a maior noitada. Bredo no coco, paçoca
Frevo, xote e xaxado Vatapá e tapioca
Violeiro, canturia Venha provar o qu’é bão.
O martelo agalopado
O cordel e a poesia Temos doce bem gostoso
O cantador de viola Como o Bolo de Fubá
Fazendo versos na hora A cocada, a rapadura
Pra nos trazer alegria. O quindim e o mungunzá
Temos Beijinho de coco
Nossa dança é muito rica Que deixa qualquer um loco
É bastante popular Venha aqui saborear.
Tem ciranda, afoxé As festas do meu Nordeste
Para quem quiser dançar Têm alegria e calor
O carnaval de Olinda, Do poder da oração.
De Recife e Salvador Piauí da Pré-História
Em Natal o “Carnatal” Bahia do candomblé
Em Fortaleza o “Fortal” Paraíba das cachaças
Micaretas de valor. Em Sergipe eu boto fé
Pernambuco tem o frevo
Quando chega o São João Alagoas tem segredo
A "disputa" é pra valer Vá descobrir o que é.
A "Capital do Forró"
Todos querem conhecer Maranhão é o estado
Caruaru tem beleza Pra dançar bumba-meu-boi
Campina Grande destreza Ceará do “Padim Ciço”
Para o forró não morrer. Só conhece quem já foi
Terra de Alceu Valença No Rio Grande do Norte
E de Jackson do Pandeiro A cultura é muito forte
Terra de Luís Gonzaga Vá! Não deixe pra depois.
Esse grande brasileiro Essa terra é muito boa
A terra de Elba Ramalho Dela ninguém me separa
E também de Zé Ramalho Tem tudo pra se viver
Famosos no mundo inteiro. Uma culinária rara
Uma beleza campestre
A terra de Virgulino Só deixo o meu Nordeste
O famoso Lampião No último pau-de-arara.
A terra de Vitalino
Rei do barro feito à mão
A terra do “Padim Ciço”
Dos milagres, “dos bendito”