Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Personagens
CENA 1
Narrador 3: Nossa pequena Eco com um fardo nasceu e, somente ouvindo e nunca
falando, ela sobreviveu.
Narrador 1: Em seu coração havia muito sofrimento e, nem mesmo seus nobres amigos
acalmavam seu tormento.
(Eco entra durante a música e se encaminha para a estrada, colocando sua cabeça no
chão)
CENA 2
Penélope: ...E quando entrei no salão das moças, adivinhem quem estava lá??
Penélope: Mas é claro... que não! Até parece que uma delas ia aparecer na cidade de
Ciro assim do nada. O que vi diante dos meus olhos, foi mais chocante que ver um Deus!
Penélope: Eu vi...
Aquiles: Ai não...
Penélope: O Aquiles!! Vestido de mulher e tudo!! Diz ele que era uma missão especial,
mas vai saber né...
Aquiles: Você que nem comece tá? Era sim uma missão extremamente importante e
secreta, você quase me fez perder o disfarce.
Andrômeda: Mas que tipo de missão é essa que você teve que se vestir de mulher?
Cassandra: Será que o casalzinho pode parar de se implicar um instante por favor? O
assunto é outro. Eu estou apenas preocupada. Apenas isso.
Andrômeda: Com o quê Cass?
Cassandra: Não com o que, mas com quem. A Eco anda meio estranha sabe. Ela
aparenta estar mais triste que o normal, mais reclusa. Vocês não notaram?
Aquiles: Ah, você sabe, a Eco é bem... a Eco. Ela sempre foi assim, sem falar muito.
Cassandra: Há há, muito piadista você. Já pensou em fazer Comédia, seu idiota?
Cassandra: Vocês não entenderam, o que eu quero dizer é que a Eco tá mais estranha
que o normal!
Cassandra: Eu desisto de vocês, que belos amigos vocês são! Quer saber, eu vou até a
casa dela!
Andrômeda: Acho que não vai ser preciso. Aquele pontinho na estrada não parece com
ela?
Cassandra: ECO! ECO, SAI DAÍ!! Gente, ela não tá ouvindo, vamos até lá!
Penélope: Você não viu a carroça chegando, garota? Poderia ter se machucado feio... ou
pior!
Cassandra: Ah não ser que... O que você pretendia com isso Eco?
Andrômeda: Olha, no momento não importa exatamente o que você pretendia fazer
estando daquele jeito no meio estrada. Mas é nítido para todos aqui que tem algo te
incomodando, você nunca teve um comportamento desse tipo. E como é difícil você nos
explicar algo assim através das suas mimicas de sempre, podemos simplesmente leva-la em
alguém que possa nos ajudar a te entender e talvez te ajudar no seu, seja lá qual for,
“probleminha”.
Andrômeda: Digamos que eu conheço alguém que possa nos ajudar. Na verdade eu
nunca o vi, nem conversei com ele. Também não sei se ele é mesmo real. Mas o Perseu,
meu ex namorado, disse que o pai dele ia muito na casa desse cara. Ele o chamava de “O
grande Velho Sábio”, ou algo assim. Se quiserem, podemos tentar.
Cassandra: Eu não vejo uma ideia melhor que essa e, dada a situação em que estamos
agora, acho necessário sim. O que você acha Eco? Está confortável de ir?
Aquiles: Ótimo! Todos estão de acordo, vamos logo que eu estou com fome!
Penélope: Aquiles...
CENA 3
Aquiles: Estamos chegando? Minhas pernas estão doendo. Por que esse cara tinha que
morar tão longe??
Andrômeda: Pelo o que me lembro das instruções do Perseu, estamos chegando sim. É
logo depois daquelas árvores.
Guarda 1: Alto! Quem se atreve a tentar entrar na loja do grande Velho Sábio?
Penélope: Loja? Ah pronto, estamos procurando um velho vidente de araque por acaso?
Guarda 2: Parem aí mesmo ou vamos atacar! Não ousem dar mais nenhum passo.
Pessoas que insultam a sabedoria e figura do grande Velho Sábio não merecem passar!
Aquiles: Parabéns Penélope, você é um gênio mesmo! Não está facilitando em nada.
Cassandra: Esses dois não estão ajudando em nada, Andrômeda. Para mim, se tem
guardas, quer dizer que tem algo importante depois daquelas portas. E precisamos descobrir
o que tem lá, pelo bem da nossa Eco. Uma de vocês tem alguma ideia?
Cassandra: Ei, casal, venham aqui um pouquinho. Olha, desse jeito não vamos chegar a
lugar nenhum. Mas, para a nossa felicidade, enquanto os dois pombinhos discutiam aí, a
Eco teve uma brilhante ideia.
Aquiles: Perfeito, qual é o plano? Querem que eu apague os dois bocós ali?
Andrômeda: Quase, precisamos de uma distração pra isso, uma isca. E decidimos que
será a Penélope.
Cassandra: Não foi a Andrômeda que insultou o Velho Sábio. Vamos lá Penélope, ajuda
a gente, por favor.
Guarda 1: Ei vocês! Vou repetir mais uma vez, vão embora! Não queremos estranhos
mal educados e cochichadores aqui!
Guarda 2: Vocês insultam a nobreza do grande Velho Sábio! Saiam ou vamos atacar!!
Penélope: Vejam bem, meus queridos. Não acham que começamos com o pé esquerdo,
não? Peço desculpas se insultei vosso grande Senhor Idoso Sábio. Que tal conversarmos
novamente? Pra gente se conhecer melhor, talvez sair e tomar uma cidra. O que me dizem?
Guarda 2: Não vamos sair de nossos postos, somos guardas! E temos uma importante
missão!
Guarda 1: Além do mais, o que você acha que isso é? Um baile de máscaras?
Penélope: Bem que poderia ser, eu mesma adoraria sair pra curtir! Vocês sabem dançar?
Eu sei, querem ver?
Guardas 1 e 2: Não!
Andrômeda: Eu não acredito que está funcionando. Ou eles estão adorando ou estão
completamente traumatizados.
Cassandra: Como eles estão não importa, o que importa é que está funcionando e eles
estão distraídos. Vamos logo com isso, meus olhos estão doendo. A flexibilidade e o ritmo
dela estão me traumatizando.
Aquiles: Conseguimos! Nem acredito que a ideia da Eco funcionou. Mas parabéns
meninas, excelente trabalho Penélope, você dança muito. Que tal se a gente sair pra tomar
aquela cidra depois que isso tudo acabar?
Aquiles: Mesmo??
Penélope: Não.
Cassandra: Parem de reclamar, nós vamos encontrar o Velho Sábio. Mas dessa vez sem
desrespeita-lo.
Velho Sábio: Cof cof cof! Pelos deuses, acho que foi muito dessa vez. Bem vindos! Bem
vindos à minha loja mágica!!
Andrômeda: Aahh! Velho Sábio, ainda bem que você é real! Viemos atrás de sua grande
sabedoria, precisamos da sua ajuda, senhor.
Velho Sábio: Já sei o que vocês vieram fazer aqui. Vieram atrás de uma solução para a
sua amiga.
Velho Sábio: Não garoto, mesmo sendo cego, consigo enxergar muito além. Aliás, onde
está a Sônia, minha bengala? Sônia! Aqui garota, pspspsps.
Velho Sábio: Achei! Que estranho, você parece meio macia, Sônia.
Penélope: Estão vendo? Ele é doido mesmo, vamos embora antes que mais alguém
enlouqueça.
(Ele toca o braço da Andrômeda por engano. Eco acha a bengala e entrega a ele.)
Cassandra: Espera aí gente, não sejam mal-educados. Velho sábio, você pode mesmo
nos ajudar?
Velho Sábio: Mas é claro minha criança! Eu sei que estão aqui porque descobriram que
sua amiga Eco é vítima de uma maldição-
Todos: Maldição??!!!
Cassandra: Como assim prestes a morrer? Por que?? Eco, você nunca tentou nos avisar
sobre algo assim!!
(Eco confirma.)
Cassandra: Caramba, isso explica muita coisa. Nos fale mais Velho Sábio, podemos
reverter essa maldição?
Música
ZEUS! QUE CRIANÇAS LENTAS!
VOU CONTAR UMA HISTÓRIA, ENTÃO FIQUEM BEM ATENTAS!
EMÍLIA ERA UMA HUMANA, BELA COMO AFRODITE
POSSUIA UM LINDO DOM, QUE CHAMAVA ATENÇÃO
INTELIGENTE COMO ATHENA E NOBRE COMO ARTEMIS
ERA MUITO ADMIRAVEL EM TUDO O QUE FAZIA
PARECIA UM ROUXINOL, CANTANDO AO ESCLARECER
APOLO SE APAIXONOU E UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR COMEÇOU A
FLORESCER
Velho Sábio: A Eco deve recuperar sua voz antes de completar 16 anos, senão
conseguir, ela morrerá!
Cassandra: Mas isso é daqui a dois dias!! Nós não temos tempo a perder!! O senhor
pode nos ajudar?
Andrômeda: Nós...quem?
Aquiles: Que ótimo, ele fala com a bengala! Desculpa a intromissão, seu senhor Idoso
Sábio, mas estamos com pressa aqui. Quem pode ajudar a Eco?
Velho Sábio: Hahaha! As Musas, meu jovem rapaz! Elas já conviveram com Apolo, se
tem alguém que sabe, são as belas Musas!
Velho Sábio: Como eu dizia, minha jovem, as Musas vão saber exatamente o que fazer,
eu as conheço. Onde é que foram parar meus papeis? Ah, achei!! Só um instante crianças.
Pronto, basta seguirem esse mapa, que tudo ficará bem.
Cassandra: Nós agradecemos muito, Velho Sábio. Por que não vem conosco? Para
esticar as pernas, tomar um ar fresco. Aqui parece meio sufocante.
Velho Sábio: Agradeço sua oferta, mas não podemos sair. Eu sou um mago minha
querida, se eu ou a Sônia colocarmos os pés fora da Loja Mágica, ela irá desaparecer, eu
deixarei de existir, assim como todo o conhecimento desse lindo lugar.
Andrômeda: Ahn... Lindo??
Velho Sábio: O conhecimento que possuímos dentro de nós, é a coisa mais linda que
você pode encontrar meu jovem rapaz.
Velho Sábio: Exatamente o que eu disse, jovem garota. O que disse Sônia? Ah sim, eu
concordo, vou falar com ela. Escute aqui pequena Eco, eu sei que você está hesitante, por
isso não direi clichês como: “Seja forte”. Mas “seja forte” kkkkk não calma, parei. Se você
veio até mim, quer dizer que existem pessoas que gostam de você, que confiam em você e
que acreditam na sua melodia. Vejo que há dias em que você odeia ser você, dias em que
você quer desaparecer, está tudo bem. Todos tem medo de algo. Irei te dar uma dica certo?
Faça uma porta imaginária no seu coração, se você abrir essa porta e entrar, verá que todas
as respostas estão bem aí no fundo. Então você dará a si o seu melhor. Agora vão, meus
jovens, eu e a Sônia temos muito o que fazer. Adeus!
Aquiles: Na hora que ele começa a falar algo que realmente preste, ele vai embora.
Cassandra: Você está certa, Eco. Vamos embora pessoal, já sabemos o que fazer e onde
ir. Precisamos nos apressar, temos só dois dias pra salvar nossa amiga.
CENA 4
Narrador 2: Não aguentava a emoção, cada vez mais forte palpitava seu coração, que ao
mesmo tempo a fazia estremecer como um enorme vulcão, em uma densa erupção.
Narrador 3: Sabia que aquele era o seu destino, com um único dever, continuar
seguindo.
Narrador 1: Na suas mãos e de seus amigos, nem todos unidos estariam grandes
decisões, tomadas em pensamentos sinceros e fatais conclusões.
Narrador 2: A única certeza que tinha esta mocinha, é que ali não pararia, pois aonde ela
fosse a maldição a seguiria e se voltasse atrás sem concluir, morreria.
Narrador 3: Então com tamanha coragem sem saber das desvantagens, continuou a
seguir sendo forte, sem desistir, nesta longa jornada com surpresas na caminhada.
Narrador 2: Agora meus amigos vamos todos observar, a terrível coincidência que
temerão só de escutar.
Aquiles: Aqui tá meio escuro né? Mal sei onde estou pisando. Ai!! Acho que chutei uma
pedra.
Andrômeda: É claro que está escuro bobão, ainda é madrugada. Cassandra, esse é
mesmo o caminho certo? E se o Velho Sábio desenhou um mapa que vai nos levar direto
pro Tártaro??
Penélope: Ai meu calcanhar! Aquiles, se foi você que me chutou eu vou te bater viu??
Todos: AAHHH!!!!
Andrômeda: Olha-
Esfinge: Vocês aí, parem onde estão. Daqui ninguém passa. Saiam logo, vocês humanos
fedidos e imundos estão me atrapalhando.
Penélope: Ô meu senhor, quer dizer senhora, não sei. Quem é você?
Música da Esfinge
Se pensam em mim?
Sei que sou a mais bela
Charmosa e provocante
Meu brilho é mais intenso
Que a estrela mais brilhante
As deusas me invejam
Pois sou tão elegante
Sou a mais valiosa
Tão forte e importante
Poder tenho de sobra
Sou ágil como cobra
Meu veneno e mais sagaz
Forte e voraz
Esfinge: A própria, darling! Eu sei, sou incrível, podem me admirar a vontade, mas
passar? Jamais! Agora que me viram, deem meia volta e desapareçam!
Esfinge: Eu já disse que não! Acham que é assim tão fácil? Vocês vem até mim e
simplesmente querem passar sem sair ilesos? Saibam que estou morta de fome, se não
forem embora, eu vou devorar um por um! Começando por você!
Cassandra: Senhor, quer dizer, senhora Esfinge. Viemos aqui pois sabíamos que a
senhora é muito famosa pelo seu charme, sua beleza e, claro, sua inteligência.
Andrômeda: Isso! A Eco aqui, estava me contando que até a própria Afrodite te inveja.
Porque o senhor, quer dizer, a senhora é muito forte e sagaz. Olhando pessoalmente,
podemos ter certeza! Que belas vestes, senhora Esfinge!
Aquiles e Penélope: Não somos um casal!! (Aquiles) Ainda (Penélope bate no Aquiles)
Esfinge: Que seja, me poupem dos seus dramas românticos. Me digam, o que desejam,
queridas? Aposto que não estão aqui somente para me admirar, não sou idiota.
Cassandra: Bom, precisamos encontrar as Musas. Elas irão quebrar a maldição da nossa
amiga Eco. Para isso, precisamos passar. Por favor, nos deixe passar.
Esfinge: Comovente sua história, quase me fez chorar. Para mostrar o quanto sou
benevolente, vou deixar que passem.
Esfinge: Ei, ei, ei, não tão rápido rapaz. Deixarei que passem, sob uma condição. Vocês
terão que adivinhar três enigmas meus. Se acertarem, vocês passam sem nenhum arranhão,
mas, se caso errarem, eu irei devorar todos vocês! Como eu disse, estou morta de fome e
esse corpo esbelto não se mantem apenas de sol, brisa e água fresca. Então, vocês aceitam?
Aquiles: Claro que sim! Vai, pode mandar dona Esfinge, eu mato esses enigmas no
peito!
Esfinge: O que é? O que é? Foi feito para andar, mas não se mexe?
Aquiles: Desisto, vamos morrer meninas, é isso. Foi bom conhecer cada uma de vocês,
menos você, Penélope. Não sentirei sua falta. Mentira, eu te amo meu mel. A gente não
pode morrer sem viver nossa história de amor. (Penélope dá um tapa e fala para ele se
recompor)
Andrômeda: Pelos deuses Aquiles! Fica calado ao menos um pouco. Olha e aprende
com a Eco!
Esfinge: Eu sabia que não seriam inteligentes o bastante para resolver meus enigmas.
Agora vou devorar vocês!!
Esfinge: Resposta correta. Essa foi só o começo, vocês não acertam a próxima. Você
está em um quarto escuro, com uma vela e uma lareira. Qual você acende primeiro?
Andrômeda: Nenhum dos dois. Você acende um fósforo primeiro, acha que somos
burras?
Esfinge: Sendo sincera, achei sim. Principalmente esse troglodita que carregam com
vocês, ele não tem a classe e nem as habilidades de uma lady semideusa, como essa garota
muda aí tem! De toda forma, vocês acertaram. Farei meu último enigma e garanto que
vocês não irão acertar! Qual é o lugar mais quente da sala?
Aquiles: Ah mas assim sem nem um mapa da sala? Não tem janelas, porta...?
(Caos e discussão com todos falando juntos. Eco chama a atenção no meio deles
com a mão levantada.)
Cassandra: AHH! Entendi! Ela quer dizer que o lugar mais quente da sala é o canto,
porque ele tem 90°! Perfeito Eco, conseguimos graças a você!!
Cassandra: Claro, nós vamos agora mesmo senhor, quer dizer, senhora Esfinge!
Obrigada!!
CENA 5
Baquita Apresentadora: Sejam bem vindos a mais uma edição, ao vivo, do melhor
programa de talentos do mundo! Apresento a vocês, THE B FACTOR!! Estrelando como
jurado, o queridinho dos artistas, o número um das festas, o mais bacana do Olimpo...
DIONÍSIO!!!
Todos: Evoéeeeee...
*Música do Dionísio*
Dionísio: EVOÉ!!!
Baquitas: Evoé!!
Dionísio: Mas é claro, minha querida Baquita. A situação é a seguinte, depois que eu
assistir o que o participante tem a oferecer, irei apertar um dos botões aqui. Se eu apertar o
botão verde, significa que o participante passou para a próxima fase, caso a apresentação
seja horrível e não valha o meu tempo, apertarei o botão vermelho. Existe também esse
botão dourado aqui, que leva o participante direto para a final. No entanto, ele quase nunca
é utilizado, ninguém é capaz de me surpreender.
Baquita Apresentadora: É isso mesmo que vocês ouviram pessoal, o botão dourado é um
evento raríssimo nesse programa. Dionísio, por ser esse galã fanfarrão e já ter visto os
melhores e mais complexos espetáculos do mundo inteiro, é um cara difícil de conquistar e
de impressionar. Obrigada pela esplêndida explicação senhor D. E que entrem os três
participantes do dia! O que será que eles tem a oferecer?
Cassandra: Eu também não sei, mas vamos entrar na onda. São três participantes, então
temos três chances de ganhar isso e encontrar as Musas logo. Eu vou lá.
Cassandra: Cassandra.
Dionísio: Que nome mais lindo, digno de uma princesa. Me diga, o que vai me mostrar
hoje?
Canção da Cassandra
Dionísio: Ok pode parar, já tenho minha opinião. Você tem timbre garota, sua voz é boa,
mas já vi melhores. Além de que você errou muitas notas e saiu do ritmo. É totalmente
visível que você está nervosa e isso lhe atrapalhou muito. Se não estivesse assim, talvez eu
teria lhe ouvido até o final. Não leve essa crítica para o lado pessoal, você ainda tem
chances de se tornar uma cantora, claro, se você se esforçar muito para isso. Até a próxima
princesa e bola pra frente. Uma salva de palmas para ela pessoal! EVOÉ!!
Baquitas: EVOÉ!!
Baquita Apresentadora: Uau, começamos com a corda toda, hoje nosso jurado está bem
crítico. Senhor Dionísio, tem algo a acrescentar para o público?
Dionísio: Tenho sim Baquita... Estou com muita sede. Alguém pode me trazer mais
vinho, por favor?? Perfeito, obrigado Baquita. Agora sim podemos prosseguir!!
Baquita Apresentadora: Quem sabe faz ao vivo! E vamos para a nossa próxima
participante!
(Eco se aproxima do meio do palco, quando ela se prepara, Dionísio aperta o botão
vermelho.)
Baquita Apresentadora: Um botão vermelho logo de cara!! Por essa ninguém esperava,
não é mesmo? Pode nos explicar o porquê dessa reação tão fervorosa, sr. D?
Dionísio: Claro, claro. Escute bem, menina, espero que não chore por causa disso, mas
você ainda não está preparada. Como um crítico com muitos anos de experiência, posso
dizer que existe um enorme talento aí dentro de você. Existe a chama de um artista em seu
coração, no entanto, você está hesitando. Eu já julguei desde pobres camponeses até
grandes reis e o que fez eles ganharem ou não um botão verde foi exatamente a confiança
em si mesmos. Quem sabe na próxima. Como forma de consolo, eu proponho uma salva de
palmas! EVOÉ!!
Baquita Apresentadora: São tantas emoções vividas que vamos precisar de um rápido
comercial para recuperar o fôlego. Voltamos no próximo bloco, com o último participante
do dia. Esse é o The B Factor!!
Dionísio: Baquitas!!
Cassandra: Calma Penélope, não vai adiantar fazermos algo sem pensar, só temos mais
uma chance. Não podemos desperdiçar assim. A questão é: quem vai?
Dionísio: Sinceramente, eu espero ser surpreendido. Inclusive, vamos logo com isso,
meu vinho está fermentando com essa demora toda!
(Enquanto as três ainda discutem. Aquiles conversa com a Eco, a única que
percebeu a volta do intervalo.)
Baquita Apresentadora: E vamos para o nosso último participante do dia, pode entrar!
(Aquiles se prepara todo e simplesmente faz uma dança de tapas e pontapés, estilo
country *Cena do marinheiro em shalala*, após segundos de silêncio e choque,
Dionísio aperta o botão dourado.)
(MÚSICAS AQUILES)
Eu sei que sou o lindo
Mais belo impossível
Meu charme só encanta
Palpito os corações
Com as minhas atraentes canções
As donzelas me cortejam
Para elas sou a mais pura realeza
Dionísio: Durante tantos anos, assistindo e julgando tantos artistas de alto nível, eu
estava simplesmente cansado de tanta seriedade. Tudo que eu queria era dar boas risadas e
me divertir um pouco, você me proporcionou isso, Aquiles. Não basta um artista dar seu
sangue, suor e lágrimas para sua arte, não basta somente ser talentoso e esforçado. O bom
humor, a comédia e o clima de alegria também são fundamentais na vida de um artista. Se
deseja seguir o caminho das artes, aqui vai um conselho meu: Os amigos e amores te
abandonam um dia, a Arte nunca vai te abandonar, você é que pode abandoná-la, mas
apenas quando perceber que não consegue viver sem ela é que nascerá um verdadeiro
artista vindo de dentro para fora. Vamos comemorar, EVOÉ!!!
Baquita Apresentadora: E é com esse clima de festa e botão dourado, que nós
encerramos o programa de hoje. Tenham todos uma excelente noite e até o próximo THE B
FACTOR, com o grande Dionísio!!
CENA 6
Andrômeda: Eu não sei vocês, mas estou muito cansada, andamos o dia todo. Podemos
fazer uma pausa?
Cassandra: Podemos sim, eu ia comentar isso agora, estamos bem seguros e perto de
encontrar as Musas, faremos nosso acampamento aqui mesmo, a vegetação vai nos cobrir
de predadores. Vamos fazer uma fogueira, comer e nos preparar pra dormir. Eco, me ajuda
com a comida?
Penélope: Penélope? Sim, Penélope, o que deseja? Pode me ajudar a arrumar os sacos de
dormir? Mas é claro Penélope, você é adorável. Ah, obrigada Penélope, você também é.
Penélope: Nada demais, só me convidando para fazer algo, já que todo mundo está
ocupado. Agora se me dão licença, eu estou ocupada comigo mesma. Já estou indo
Penélope!
Cassandra: Ah, já vai se deitar Eco? E o jantar? Está muito cansada? Entendi, tudo bem,
boa noite querida.
(Um por um deseja boa noite a ela. Eco apenas finge dormir.)
Aquiles: Falta muito pra gente chegar? Estou começando a me preocupar, amanhã é o
aniversário dela, não é?
Penélope: Sim. Mas acho que vamos conseguir, temos nos dado bem nos desafios que
aparecem.
Andrômeda: Pra ser sincera, no primeiro desafio até que fomos bem, mas nessa segunda
tivemos foi sorte de ter um idiota como o Aquiles para salvar nossa pele. Não sei se vamos
ter toda essa sorte amanhã, com as Musas. Elas são AS Musas.
Cassandra: Não seja tão pessimista, eu confio que somos capazes, também confio na
Eco.
Aquiles: Na gente?
Andrômeda: Não, nela mesma. Vocês viram o quanto ela ficou abalada com a crítica do
Dionísio? Se eu fosse ela, teria chorado na hora.
Cassandra: Ela parece mesmo insegura e triste. Vamos todos tratar ela muito bem
amanhã, sem piadinhas ouviu Aquiles? Vamos fazer ela se sentir mais amada do que já é.
Penélope: Apoio total essa ideia, mas agora eu preciso dormir para manter minha beleza.
Vocês também precisam, para não parecerem múmias amanhã. Boa noite.
Narrador 1: Tão triste e desapontada Eco pensa ser o fim da jornada, a quem tinha tanta
esperança surgiu uma enorme insegurança, e as perguntas frequentes em sua cabeça a fazia
sentir uma grande tristeza.
Narrador 2: “Para que cheguei até aqui? E porque sempre continuei a insistir? Sem
sequer desistir se não posso ao menos acreditar em mim, e por alguns instantes a minha voz
talvez sair.”
Narrador 1: “Mas a ninguém eu posso certamente culpar, pois aqui estão vocês a tentar
me ajudar, mas eu só queria poder falar e enfim dessa maldição me salvar, e com vocês em
vida aqui poder estar.”
Narrador 2: Eco sentia medo mas sem desespero começou a contar com o seu próprio
jeito, sua história se pois a revelar, uma história de coração, dolorida e movimentada como
um completo turbilhão.
Narrador 1: Um, dois, três, essa história real começa sem "Era uma vez".
(As luzes se apagam e eles saem de cena. Eco está de pé quando as luzes voltam.)
Eco: Eu nasci com uma maldição e, sim, eu sempre soube, também sabia que desde o
início eu iria morrer por essa maldição. No começo me questionei porque isso aconteceu
comigo. Eu não tenho que carregar o fardo dos meus pais, nenhuma criança tem, além de
que eles foram tão vítimas quanto eu fui. Cresci em um inverno rigoroso, completamente
sozinha e perdida, tentando encontrar um motivo bom pra ter nascido. Mas eu sobrevivi a
esse inverno rigoroso, eu cresci, como um Narciso... e encontrei amigos! Eu me agarrei a
chance que eles me deram de viver e ser feliz, mas isso não é suficiente. Eu não posso me
expressar como quero. Atualmente meu coração já não acelera quando ouço música, tento
continuar mas parece que o tempo parou. E essa foi minha primeira morte. Eu tento fugir
disso mas é como andar em círculos, e o meu choro é apenas um grito silencioso. Vocês me
questionam: qual é a sensação disso, Eco? A sensação disso é como estar afundando
lentamente em um profundo oceano, escuro e sem som e você não sabe nadar. Já ouvi dizer
que a vida é cheia de paradoxos e que tudo que você tem que fazer é se acostumar com essa
maratona. As pessoas me dizem: você acha que o mundo é duro apenas com você? Ele é
duro com todo mundo!! Essas palavras podem até consolar alguém, mas não a mim!
Mesmo o caminho sendo difícil e assustador, eu não vou desistir mais, eu vou retribuir o
amor dos meus amigos e mostrar que a voz do silêncio não é a minha voz! Eu tenho voz!!
Nós vamos conseguir, eu vou conseguir e, assim, vou finalmente sentir o calor do sol
aquecer o inverno que habita o meu coração.
CENA 7
Eu sou a Tália musa da comedia irmã da Melpomene comigo não tem tragédia
Eu sou a Melpomene musa da Tragédia irmã da Tália comigo não tem comédia
Eu sou Tepscore musa da dança, danço o tempo todo por isso não tenho pança
Eu sou Euterpe musa da música me chamam de lerda porem.... espera porque que a
gente tá fazendo isso mesmo?
(ai todo mundo revira o olho tipo saco cheio disso)
Eu sou Caliope musa do conhecimento também sou a mais velha por isso mando aqui
dentro
Calíope: Terpsicore, dá para fazer menos barulho? Parece um rinoceronte com dor de
barriga.
Calíope: Tá, tá. Mas faça menos barulho, vamos aproveitar essa manhã de silêncio
enquanto aquelas duas ainda não acordaram.
Euterpe: Quem foi que pegou a minha flauta? Como vou treinar sem ela?
Euterpe: Eu sou, mas preciso da minha flauta. O que você iria achar se um de seus
manuscritos sumisse?
Calíope: Certo, temos um problema. Quando elas acordam, acaba a paz desse templo,
com elas acordadas e em silêncio absoluto, significa que estão tramando algo ou que já
fizeram. Melpômene, Talia, venham já aqui!!!
Melpômene: O que foi dessa vez? Juro que não fiz nada.
Euterpe: Eu sei que vocês pegaram ela! Deixei em cima da mesinha do meu quarto e ela
não está lá. Confesse Talia!
Melpômene: Ela está mentindo pra você! Eu sou a Melpômene, e foi a Talia que roubou
sua flauta!
Calíope: Não importa qual foi, devolvam a flauta da sua irmã agora ou vou por vocês de
castigo fazendo meditação com a Terpsicore!!
Penélope: Caramba, que templão vocês tem!! Olha Aquiles, cabe a nossa cabana aqui
umas 6 vezes!
Calíope: Não se preocupe com elas. Elas ainda são novas demais.
Calíope: Infelizmente tivemos cortes de verba e elas não puderam estar presentes.
Cassandra: Ah sim, estamos aqui porque o Velho Sábio nos disse que poderiam nos
ajudar. Nossa amiga Eco
Andrômeda: Vivíssima.
Terpsicore: Não vamos nos desesperar, por favor, não chore Eco. Veremos o que
podemos fazer por você, não é Calíope?
Calíope: Claro, vocês podem nos dar uns minutinhos, nós Musas, precisamos conversar.
Cassandra: Sim, sim. Conversem o tempo que precisarem. Vamos esperar ali.
Melpômene: Nada, essa garota está fadada a morte! É praticamente impossível ela
sobreviver.
Talia: Acho ela uma gracinha. Quem sabe ela não consegue.
Terpsicore: Não vamos saber até ela tentar. Pelo menos podemos relatar o resultado para
Apolo, seja lá qual ele for.
Calíope: Ela é filha de Apolo, se nem assim conseguir, podemos nos aposentar para
sempre.
Penélope: Vão ou não vão ajudar? Achei que vocês eram as sabe tudo. Não podemos
perder mais tempo.
Calíope: Ah sim, desculpe pela bagunça. Temos sim a solução. Vocês só precisam de
uma música.
Calíope: Acalmem-se pessoal. Deixe-me explicar melhor, para que a Eco quebre a
maldição, é necessária uma canção. E você sabe exatamente o que estou falando Eco. Você
é filha de Apolo, entendeu? Os filhos de Apolo são excelentes curandeiros, bem como são
ótimos artistas.
Aquiles: Entendi essa parte, mas não entendi como que ELA vai cantar, se ela não tem
voz?!
Euterpe: A voz não vem necessariamente das cordas vocais. Para alguém como nós e a
Eco, isso vai muito além da compreensão de vocês, humanos. Você entende não é?
Melpômene: Ah, agora eu sou culpada por estar certa de que ela vai morrer?
Talia: Quer saber? Vou mesmo. Ao menos o meu público me dá valor. Boa sorte Eco,
gostaria de ficar e ver você cantar, mas preciso sair e encontrar uma gêmea nova!
Terpsicore: E em 3...2...1...já!
Andrômeda: Olha, conheço um casal que brigam pior que elas e não se desgrudam de
jeito nenhum.
Calíope: Sinto muito pelas minhas irmãs, elas estão entrando na adolescência.
Cassandra: Não sabia que vocês passavam por isso. Mas não importa agora, o que vai
ser da Eco?
Euterpe: Já demos a resposta, ela precisa cantar. Acredite garota, vocês subestimam
demais a amiga de vocês. Só porque ela “é muda”, não quer dizer que ela seja uma incapaz.
Calíope: Elas estão certas. Durante todo o caminho que fizeram até aqui, enfrentando
desafios, ela demonstrou inúmeras capacidades, ela é esperta, inteligente, gentil, esforçada
e muito resiliente. Falta somente uma coisa, mas acho que você já encontrou não é? Você
encontrou sua autoconfiança. Não fuja de si novamente, essa é sua oportunidade de ser
livre. Nos mostre o que sabe fazer.
(Ela tenta uma vez, duas vezes, recebe frases positivas. Eco faz mais uma tentativa
e assim consegue.)
Música da Eco
Não conseguia acreditar
Mas agora vejo que é real
Enfim estou aqui
Com meus amigos eu consegui
Havia pensado em desistir mas meu coração quis insistir
Pois um sonho só se faz real se realmente acreditaaaar
Muitas provas no caminho tentará te parar
Mas só pense no seu destino não chegou no seu lugar
E se o medo vier tentar acredite em você
E ele irá desapareceeer
Não conseguia acreditar
Mas agora posso cantar
A maldição se quebrou
Meu sonho se realizou
Tantas palavras pra falar
Mas não preciso me esforçar
O meu coração já disse tudo sem calar
Pois aqui estou enfim cheguei no meu lugar
Jamais desista e acredita
Pois seu sonho pode se realizar
E como eu chegar no seu lugaaar
Enfim no meu lugar .
Todos: ECO!!!
FIM