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A Voz do Silêncio

Personagens

Narrador 1 Guarda 1 Euterpe (Musa da


Narrador 2 Guarda 2 música)
Narrador 3 Esfinge Melpômene (Musa da
Eco Dionísio Tragédia)
Cassandra Baquitas de Dionísio Talia (Musa da
Penélope (Baquita 1, 2 e Comedia)
Aquiles Apresentadora) Terpsicore (Musa da
Andrômeda Calíope (Musa da Dança)
Velho Sábio Sabedoria)

CENA 1

Narrador 1: A história que vamos contar, vocês nunca ouviram falar.

Narrador 2: Sendo assim uma nova versão, dessa esplendida criação.

Narrador 3: A primeira vista, começamos com o fim da protagonista.

Narrador 1: Mas não se assustem, para ela haverá um recomeço.

Narrador 2: Mas como tudo na vida, isso tem um preço.

Narrador 3: Nossa pequena Eco com um fardo nasceu e, somente ouvindo e nunca
falando, ela sobreviveu.

Narrador 1: Em seu coração havia muito sofrimento e, nem mesmo seus nobres amigos
acalmavam seu tormento.

*Música de apresentação da Eco*

(Eco entra durante a música e se encaminha para a estrada, colocando sua cabeça no
chão)
CENA 2

Penélope: ...E quando entrei no salão das moças, adivinhem quem estava lá??

Andrômeda: Hhmm... Você conheceu alguma deusa? Athena? Perséfone? Hera?

Penélope: Mas é claro... que não! Até parece que uma delas ia aparecer na cidade de
Ciro assim do nada. O que vi diante dos meus olhos, foi mais chocante que ver um Deus!

Andrômeda: Fala logo!!

Penélope: Eu vi...

Aquiles: Ai não...

Penélope: O Aquiles!! Vestido de mulher e tudo!! Diz ele que era uma missão especial,
mas vai saber né...

Aquiles: Você que nem comece tá? Era sim uma missão extremamente importante e
secreta, você quase me fez perder o disfarce.

Andrômeda: Mas que tipo de missão é essa que você teve que se vestir de mulher?

Aquiles: Se tem o nome de secreta no meio, eu não tenho que me explicar.

Penélope: Sei não viu...

Aquiles: Cassandra, a Penélope tá implicando comigo de novo! Cassandra? Ôô


Cassandra??

Cassandra: Hã, o que foi? Falaram comigo?

Aquiles: Tá no mundinho da lua de novo é? Pensando num guerreiro novo? Quem é o


felizardo? É o Ulisses de Troia? Porque se for, aquele cara não presta viu, mas isso é só
coisa que eu ouvi tá? Não que eu esteja queimando ele pra ficar com você ou algo assim. Ai
Penélope!

Cassandra: Será que o casalzinho pode parar de se implicar um instante por favor? O
assunto é outro. Eu estou apenas preocupada. Apenas isso.
Andrômeda: Com o quê Cass?

Cassandra: Não com o que, mas com quem. A Eco anda meio estranha sabe. Ela
aparenta estar mais triste que o normal, mais reclusa. Vocês não notaram?

Aquiles: Ah, você sabe, a Eco é bem... a Eco. Ela sempre foi assim, sem falar muito.

Cassandra: Há há, muito piadista você. Já pensou em fazer Comédia, seu idiota?

Penélope: Convenhamos, se o Aquiles pensar, já é um avanço.

Cassandra: Vocês não entenderam, o que eu quero dizer é que a Eco tá mais estranha
que o normal!

Todos: Aahh tá!! Por que não disse logo?

Cassandra: Eu desisto de vocês, que belos amigos vocês são! Quer saber, eu vou até a
casa dela!

Andrômeda: Acho que não vai ser preciso. Aquele pontinho na estrada não parece com
ela?

Cassandra: Não parece, É ELA!!

Aquiles: E LÁ VEM UMA CARROÇA! MEU ZEUS!!

Cassandra: ECO! ECO, SAI DAÍ!! Gente, ela não tá ouvindo, vamos até lá!

(Cassandra vai na frente e puxa a Eco)

Cassandra: Eco! Você tá bem? Está machucada?

Penélope: Você não viu a carroça chegando, garota? Poderia ter se machucado feio... ou
pior!

Cassandra: Ah não ser que... O que você pretendia com isso Eco?

Andrômeda: Olha, no momento não importa exatamente o que você pretendia fazer
estando daquele jeito no meio estrada. Mas é nítido para todos aqui que tem algo te
incomodando, você nunca teve um comportamento desse tipo. E como é difícil você nos
explicar algo assim através das suas mimicas de sempre, podemos simplesmente leva-la em
alguém que possa nos ajudar a te entender e talvez te ajudar no seu, seja lá qual for,
“probleminha”.

Penélope: Como assim doida? Explica isso melhor?

Andrômeda: Digamos que eu conheço alguém que possa nos ajudar. Na verdade eu
nunca o vi, nem conversei com ele. Também não sei se ele é mesmo real. Mas o Perseu,
meu ex namorado, disse que o pai dele ia muito na casa desse cara. Ele o chamava de “O
grande Velho Sábio”, ou algo assim. Se quiserem, podemos tentar.

Cassandra: Eu não vejo uma ideia melhor que essa e, dada a situação em que estamos
agora, acho necessário sim. O que você acha Eco? Está confortável de ir?

Aquiles: Ótimo! Todos estão de acordo, vamos logo que eu estou com fome!

Penélope: Aquiles...

Aquiles: Sim meu mel?

Penélope: Só... cala sua boca vai. Calado você é um poeta.

(Música – Aquiles e Penélope)

CENA 3

Aquiles: Estamos chegando? Minhas pernas estão doendo. Por que esse cara tinha que
morar tão longe??

Penélope: Hummmmmm não é você o grande guerreiro forte e másculo?

Aquiles: Euu.. é ... sim sou...

Andrômeda: Pelo o que me lembro das instruções do Perseu, estamos chegando sim. É
logo depois daquelas árvores.

Cassandra: Não são árvores, são... pessoas?

Guarda 1: Alto! Quem se atreve a tentar entrar na loja do grande Velho Sábio?

Penélope: Loja? Ah pronto, estamos procurando um velho vidente de araque por acaso?
Guarda 2: Parem aí mesmo ou vamos atacar! Não ousem dar mais nenhum passo.
Pessoas que insultam a sabedoria e figura do grande Velho Sábio não merecem passar!

Aquiles: Parabéns Penélope, você é um gênio mesmo! Não está facilitando em nada.

Penélope: Então faz melhor!

Aquiles: Ora suaaaaa....

Penélope: Fala, agora fala.

Aquiles: Linda! Eu ia dizer linda

Cassandra: Esses dois não estão ajudando em nada, Andrômeda. Para mim, se tem
guardas, quer dizer que tem algo importante depois daquelas portas. E precisamos descobrir
o que tem lá, pelo bem da nossa Eco. Uma de vocês tem alguma ideia?

(Eco cutuca as meninas e aponta, sorrindo, para a Penélope)

Andrômeda: O que Eco? Aah! Garota, você é incrível!

Cassandra: Ei, casal, venham aqui um pouquinho. Olha, desse jeito não vamos chegar a
lugar nenhum. Mas, para a nossa felicidade, enquanto os dois pombinhos discutiam aí, a
Eco teve uma brilhante ideia.

Aquiles: Perfeito, qual é o plano? Querem que eu apague os dois bocós ali?

Andrômeda: Quase, precisamos de uma distração pra isso, uma isca. E decidimos que
será a Penélope.

Penélope: EU??? Por que eu? Vai você!

Cassandra: Não foi a Andrômeda que insultou o Velho Sábio. Vamos lá Penélope, ajuda
a gente, por favor.

Penélope: Tá, tá. O que tenho que fazer?

Cassandra: O negócio é o seguinte...

Guarda 1: Ei vocês! Vou repetir mais uma vez, vão embora! Não queremos estranhos
mal educados e cochichadores aqui!
Guarda 2: Vocês insultam a nobreza do grande Velho Sábio! Saiam ou vamos atacar!!

Penélope: Vejam bem, meus queridos. Não acham que começamos com o pé esquerdo,
não? Peço desculpas se insultei vosso grande Senhor Idoso Sábio. Que tal conversarmos
novamente? Pra gente se conhecer melhor, talvez sair e tomar uma cidra. O que me dizem?

Guarda 2: Não vamos sair de nossos postos, somos guardas! E temos uma importante
missão!

Guarda 1: Além do mais, o que você acha que isso é? Um baile de máscaras?

Penélope: Bem que poderia ser, eu mesma adoraria sair pra curtir! Vocês sabem dançar?
Eu sei, querem ver?

Guardas 1 e 2: Não!

Penélope: Já que insistem. Solta o som, Bardo! (MÚSICA)

Andrômeda: Eu não acredito que está funcionando. Ou eles estão adorando ou estão
completamente traumatizados.

Cassandra: Como eles estão não importa, o que importa é que está funcionando e eles
estão distraídos. Vamos logo com isso, meus olhos estão doendo. A flexibilidade e o ritmo
dela estão me traumatizando.

(Os quatro apagam os guardas e arrastam eles para fora da cena)

Aquiles: Conseguimos! Nem acredito que a ideia da Eco funcionou. Mas parabéns
meninas, excelente trabalho Penélope, você dança muito. Que tal se a gente sair pra tomar
aquela cidra depois que isso tudo acabar?

Penélope: Pensarei no seu caso com carinho.

Aquiles: Mesmo??

Penélope: Não.

Andrômeda: Vamos casal, precisamos entrar.

Penélope: Meus deuses, mas isso aqui é um completo muquifo!


Aquiles: Maravilha!! Viemos parar em um mausoléu! Tanto trabalho pra nada!

Cassandra: Parem de reclamar, nós vamos encontrar o Velho Sábio. Mas dessa vez sem
desrespeita-lo.

(O Velho Sábio aparece através de uma bombinha de fumaça.)

Velho Sábio: Cof cof cof! Pelos deuses, acho que foi muito dessa vez. Bem vindos! Bem
vindos à minha loja mágica!!

Andrômeda: Aahh! Velho Sábio, ainda bem que você é real! Viemos atrás de sua grande
sabedoria, precisamos da sua ajuda, senhor.

Velho Sábio: Já sei o que vocês vieram fazer aqui. Vieram atrás de uma solução para a
sua amiga.

Aquiles: Como você sabe?! Viu em sua bola de cristal?

Velho Sábio: Não garoto, mesmo sendo cego, consigo enxergar muito além. Aliás, onde
está a Sônia, minha bengala? Sônia! Aqui garota, pspspsps.

Penélope: Eu não disse? Ele é doido...e cego!

Velho Sábio: Achei! Que estranho, você parece meio macia, Sônia.

Penélope: Estão vendo? Ele é doido mesmo, vamos embora antes que mais alguém
enlouqueça.

(Ele toca o braço da Andrômeda por engano. Eco acha a bengala e entrega a ele.)

Cassandra: Espera aí gente, não sejam mal-educados. Velho sábio, você pode mesmo
nos ajudar?

Velho Sábio: Mas é claro minha criança! Eu sei que estão aqui porque descobriram que
sua amiga Eco é vítima de uma maldição-

Todos: Maldição??!!!

Velho Sábio: E que está prestes a morrer-


Todos: Morrer???

Velho Sábio: E estão aqui para ajudá-la!

Aquiles: Ajudá-la?? AAIII!!

(As meninas batem nele.)

Cassandra: Como assim prestes a morrer? Por que?? Eco, você nunca tentou nos avisar
sobre algo assim!!

Andrômeda: Calma Cassandra. Isso é verdade?

(Eco confirma.)

Cassandra: Caramba, isso explica muita coisa. Nos fale mais Velho Sábio, podemos
reverter essa maldição?

Música
ZEUS! QUE CRIANÇAS LENTAS!
VOU CONTAR UMA HISTÓRIA, ENTÃO FIQUEM BEM ATENTAS!
EMÍLIA ERA UMA HUMANA, BELA COMO AFRODITE
POSSUIA UM LINDO DOM, QUE CHAMAVA ATENÇÃO
INTELIGENTE COMO ATHENA E NOBRE COMO ARTEMIS
ERA MUITO ADMIRAVEL EM TUDO O QUE FAZIA
PARECIA UM ROUXINOL, CANTANDO AO ESCLARECER
APOLO SE APAIXONOU E UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR COMEÇOU A
FLORESCER

FRUTO DESSE AMOR, SURGIU A PEQUENA ECO

MAS NÃO PENSEM QUE TUDO FICOU LINDO ASSIM,


O CIÚME E A INVEJA SE DISPERTARAM E OS PROBLEMAS COMEÇARAM

AFRODITE AO DESCOBRIR A NOVA PAIXÃO DE APOLO


DECIDIU SE VINGAR DA JOVEM E SEU BEBE

EMÍLIA NÃO SUPORTOU, NO PARTO FALECEU


A PEQUENA ECO ENTRETANTO, SEM VOZ ENTÃO NASCEU

APOLO DESAMPARADO, SEM SABER O QUE FAZER


BARGANHOU COM AFRODITE PARA A MALDIÇÃO DESFAZER

Cassandra: E qual é??!

Velho Sábio: A Eco deve recuperar sua voz antes de completar 16 anos, senão
conseguir, ela morrerá!

Cassandra: Mas isso é daqui a dois dias!! Nós não temos tempo a perder!! O senhor
pode nos ajudar?

Velho Sábio: Eu não. Sou apenas um velho que sabe de tudo.

Penélope: É um fofoqueiro então.

Velho Sábio: Mas nós sabemos quem pode ajudar!!

Andrômeda: Nós...quem?

Velho Sábio: Eu e a Sônia, claro! Moramos juntos há anos!

Aquiles: Que ótimo, ele fala com a bengala! Desculpa a intromissão, seu senhor Idoso
Sábio, mas estamos com pressa aqui. Quem pode ajudar a Eco?

Velho Sábio: Hahaha! As Musas, meu jovem rapaz! Elas já conviveram com Apolo, se
tem alguém que sabe, são as belas Musas!

(O Velho Sábio confunde o Aquiles com a Andrômeda.)

Andrômeda: Eu sou a Andrômeda.

Velho Sábio: Como eu dizia, minha jovem, as Musas vão saber exatamente o que fazer,
eu as conheço. Onde é que foram parar meus papeis? Ah, achei!! Só um instante crianças.
Pronto, basta seguirem esse mapa, que tudo ficará bem.

Cassandra: Nós agradecemos muito, Velho Sábio. Por que não vem conosco? Para
esticar as pernas, tomar um ar fresco. Aqui parece meio sufocante.

Velho Sábio: Agradeço sua oferta, mas não podemos sair. Eu sou um mago minha
querida, se eu ou a Sônia colocarmos os pés fora da Loja Mágica, ela irá desaparecer, eu
deixarei de existir, assim como todo o conhecimento desse lindo lugar.
Andrômeda: Ahn... Lindo??

Velho Sábio: O conhecimento que possuímos dentro de nós, é a coisa mais linda que
você pode encontrar meu jovem rapaz.

Andrômeda: Eu sou a Andrômeda, uma garota. Você é cego por acaso?

Velho Sábio: Exatamente o que eu disse, jovem garota. O que disse Sônia? Ah sim, eu
concordo, vou falar com ela. Escute aqui pequena Eco, eu sei que você está hesitante, por
isso não direi clichês como: “Seja forte”. Mas “seja forte” kkkkk não calma, parei. Se você
veio até mim, quer dizer que existem pessoas que gostam de você, que confiam em você e
que acreditam na sua melodia. Vejo que há dias em que você odeia ser você, dias em que
você quer desaparecer, está tudo bem. Todos tem medo de algo. Irei te dar uma dica certo?
Faça uma porta imaginária no seu coração, se você abrir essa porta e entrar, verá que todas
as respostas estão bem aí no fundo. Então você dará a si o seu melhor. Agora vão, meus
jovens, eu e a Sônia temos muito o que fazer. Adeus!

(O Velho Sábio desaparece através de outra bombinha de fumaça.)

Andrômeda: Isso foi...profundo. Uau.

Aquiles: Na hora que ele começa a falar algo que realmente preste, ele vai embora.

(Eco conversa com Cassandra.)

Cassandra: Você está certa, Eco. Vamos embora pessoal, já sabemos o que fazer e onde
ir. Precisamos nos apressar, temos só dois dias pra salvar nossa amiga.

CENA 4

Narrador 1: Eco estava tão ansiosa e também muito nervosa.

Narrador 2: Não aguentava a emoção, cada vez mais forte palpitava seu coração, que ao
mesmo tempo a fazia estremecer como um enorme vulcão, em uma densa erupção.

Narrador 3: Sabia que aquele era o seu destino, com um único dever, continuar
seguindo.

Narrador 1: Na suas mãos e de seus amigos, nem todos unidos estariam grandes
decisões, tomadas em pensamentos sinceros e fatais conclusões.
Narrador 2: A única certeza que tinha esta mocinha, é que ali não pararia, pois aonde ela
fosse a maldição a seguiria e se voltasse atrás sem concluir, morreria.

Narrador 3: Então com tamanha coragem sem saber das desvantagens, continuou a
seguir sendo forte, sem desistir, nesta longa jornada com surpresas na caminhada.

Narrador 2: Agora meus amigos vamos todos observar, a terrível coincidência que
temerão só de escutar.

Aquiles: Aqui tá meio escuro né? Mal sei onde estou pisando. Ai!! Acho que chutei uma
pedra.

Andrômeda: É claro que está escuro bobão, ainda é madrugada. Cassandra, esse é
mesmo o caminho certo? E se o Velho Sábio desenhou um mapa que vai nos levar direto
pro Tártaro??

Penélope: Ai meu calcanhar! Aquiles, se foi você que me chutou eu vou te bater viu??

Cassandra: Silêncio pessoal, tenho certeza que estamos chegando. AAHHH!!!!

Todos: AAHHH!!!!

Esfinge: Uuaahh! Como ousam me acordar do meu sono da beleza?

Andrômeda: Olha-

Esfinge: Vocês aí, parem onde estão. Daqui ninguém passa. Saiam logo, vocês humanos
fedidos e imundos estão me atrapalhando.

Aquiles: Ei! Eu tomei banho ontem, não sou imundo!

Penélope: Ô meu senhor, quer dizer senhora, não sei. Quem é você?

Esfinge: Eu? Sou a grandiosíssima, primeiríssima e única, ESFINGE!

Música da Esfinge
Se pensam em mim?
Sei que sou a mais bela
Charmosa e provocante
Meu brilho é mais intenso
Que a estrela mais brilhante
As deusas me invejam
Pois sou tão elegante
Sou a mais valiosa
Tão forte e importante
Poder tenho de sobra
Sou ágil como cobra
Meu veneno e mais sagaz
Forte e voraz

Não me passe para trás


Pois morta estarás
Ninguém brinca comigo
Não queira um inimigo
Posso ser mais cruel
Amarga feito fél
Respostas posso dar
Com um preço a pagar
E assim um acordo comigo terás HAHAHAHA
Diga meu bem , o que queres, só eu posso dar.

Penélope: Não brinca.

Esfinge: A própria, darling! Eu sei, sou incrível, podem me admirar a vontade, mas
passar? Jamais! Agora que me viram, deem meia volta e desapareçam!

Andrômeda: Nós precisamos passar-

Esfinge: Eu já disse que não! Acham que é assim tão fácil? Vocês vem até mim e
simplesmente querem passar sem sair ilesos? Saibam que estou morta de fome, se não
forem embora, eu vou devorar um por um! Começando por você!

Aquiles: Eu não, devora a Penélope primeiro. Ela tem gosto de...de...frango!

Penélope: O único frangote aqui é você, seu medroso!!

Cassandra: Senhor, quer dizer, senhora Esfinge. Viemos aqui pois sabíamos que a
senhora é muito famosa pelo seu charme, sua beleza e, claro, sua inteligência.
Andrômeda: Isso! A Eco aqui, estava me contando que até a própria Afrodite te inveja.
Porque o senhor, quer dizer, a senhora é muito forte e sagaz. Olhando pessoalmente,
podemos ter certeza! Que belas vestes, senhora Esfinge!

Esfinge: Finalmente humanas que apreciam e sabem reconhecer a verdadeira beleza!


Vocês três me interessam, já esse casal de quinta...o que tenho a ver?

Aquiles e Penélope: Não somos um casal!! (Aquiles) Ainda (Penélope bate no Aquiles)

Esfinge: Que seja, me poupem dos seus dramas românticos. Me digam, o que desejam,
queridas? Aposto que não estão aqui somente para me admirar, não sou idiota.

Cassandra: Bom, precisamos encontrar as Musas. Elas irão quebrar a maldição da nossa
amiga Eco. Para isso, precisamos passar. Por favor, nos deixe passar.

Esfinge: Comovente sua história, quase me fez chorar. Para mostrar o quanto sou
benevolente, vou deixar que passem.

Aquiles: Opa, obrigado dona Esfinge.

Esfinge: Ei, ei, ei, não tão rápido rapaz. Deixarei que passem, sob uma condição. Vocês
terão que adivinhar três enigmas meus. Se acertarem, vocês passam sem nenhum arranhão,
mas, se caso errarem, eu irei devorar todos vocês! Como eu disse, estou morta de fome e
esse corpo esbelto não se mantem apenas de sol, brisa e água fresca. Então, vocês aceitam?

Aquiles: Claro que sim! Vai, pode mandar dona Esfinge, eu mato esses enigmas no
peito!

Esfinge: O que é? O que é? Foi feito para andar, mas não se mexe?

Aquiles: Desisto, vamos morrer meninas, é isso. Foi bom conhecer cada uma de vocês,
menos você, Penélope. Não sentirei sua falta. Mentira, eu te amo meu mel. A gente não
pode morrer sem viver nossa história de amor. (Penélope dá um tapa e fala para ele se
recompor)

Penélope: Larga de ser emocionado.

Andrômeda: Pelos deuses Aquiles! Fica calado ao menos um pouco. Olha e aprende
com a Eco!
Esfinge: Eu sabia que não seriam inteligentes o bastante para resolver meus enigmas.
Agora vou devorar vocês!!

Penélope: Espera!! Eu sei essa. É a rua!!

Esfinge: Resposta correta. Essa foi só o começo, vocês não acertam a próxima. Você
está em um quarto escuro, com uma vela e uma lareira. Qual você acende primeiro?

Andrômeda: Nenhum dos dois. Você acende um fósforo primeiro, acha que somos
burras?

Esfinge: Sendo sincera, achei sim. Principalmente esse troglodita que carregam com
vocês, ele não tem a classe e nem as habilidades de uma lady semideusa, como essa garota
muda aí tem! De toda forma, vocês acertaram. Farei meu último enigma e garanto que
vocês não irão acertar! Qual é o lugar mais quente da sala?
Aquiles: Ah mas assim sem nem um mapa da sala? Não tem janelas, porta...?

(Caos e discussão com todos falando juntos. Eco chama a atenção no meio deles
com a mão levantada.)

Penélope: Perdão Eco, pode falar.

Aquiles: O que é isso? Explica melhor. Isso é latim?

Andrômeda: Faz de novo, mais devagar.

Cassandra: AHH! Entendi! Ela quer dizer que o lugar mais quente da sala é o canto,
porque ele tem 90°! Perfeito Eco, conseguimos graças a você!!

Esfinge: Resposta correta. Infelizmente, eu jogo limpo. Vocês venceram, ganharam o


direito de passar ilesos. Mas! Não pensem que eu esquecerei essa humilhação, estão fritos
se nos encontrarmos de novo!! Agora vão antes que eu mude de ideia!

Cassandra: Claro, nós vamos agora mesmo senhor, quer dizer, senhora Esfinge!
Obrigada!!

CENA 5

Baquita Apresentadora: Sejam bem vindos a mais uma edição, ao vivo, do melhor
programa de talentos do mundo! Apresento a vocês, THE B FACTOR!! Estrelando como
jurado, o queridinho dos artistas, o número um das festas, o mais bacana do Olimpo...
DIONÍSIO!!!

Todos: Evoéeeeee...

*Música do Dionísio*

Eu sou o deus do vinho


Eu sou deus da arte
Para me conquistar terá que se esforçar
Sou sincero e muito rígido
Vejo através da clareza percebendo tudo nítido

Eu sou o deus do vinho


Mas não me invoco atoa
Sou o mais sóbrio aqui
Sou eu que vou decidir

Eu sou o deus da arte


Não me venha só cantar
Que não vai me convencer
Para ganhar espaço aqui
Você precisa me surpreender

Eu sou o deus do vinho


Mas não me invoco atoa
Sou o mais sóbrio aqui
Sou eu que vou decidir

Dionísio: EVOÉ!!!

Baquitas: Evoé!!

Baquita Apresentadora: Para aqueles que acabaram de sintonizar no canal Lusíadas,


permita-me explicar as regras do programa. Nosso magnifico Dionísio é o jurado da edição,
os participantes deverão vir, um por um e mostrar suas habilidades artísticas para ele. Seja
canto, dança, comédia ou qualquer outra habilidade que ele possua. Como podem ver
existem três botões, que serão utilizados por nosso jurado. Senhor Dionísio, poderia
explicar para o público como eles funcionam?

Dionísio: Mas é claro, minha querida Baquita. A situação é a seguinte, depois que eu
assistir o que o participante tem a oferecer, irei apertar um dos botões aqui. Se eu apertar o
botão verde, significa que o participante passou para a próxima fase, caso a apresentação
seja horrível e não valha o meu tempo, apertarei o botão vermelho. Existe também esse
botão dourado aqui, que leva o participante direto para a final. No entanto, ele quase nunca
é utilizado, ninguém é capaz de me surpreender.

Baquita Apresentadora: É isso mesmo que vocês ouviram pessoal, o botão dourado é um
evento raríssimo nesse programa. Dionísio, por ser esse galã fanfarrão e já ter visto os
melhores e mais complexos espetáculos do mundo inteiro, é um cara difícil de conquistar e
de impressionar. Obrigada pela esplêndida explicação senhor D. E que entrem os três
participantes do dia! O que será que eles tem a oferecer?

(Todos entram confusos.)

Andrômeda: Onde viemos parar?

Penélope: Eu não sei, mas estou a-do-ran-do isso tudo.

Cassandra: Eu também não sei, mas vamos entrar na onda. São três participantes, então
temos três chances de ganhar isso e encontrar as Musas logo. Eu vou lá.

Penélope: Arrasa amiga!!

Andrômeda: Manda ver Cass!!

Baquita Apresentadora: E aqui está ela, nossa primeira participante!

Dionísio: Qual é o seu nome, meu anjo?

Cassandra: Cassandra.

Dionísio: Que nome mais lindo, digno de uma princesa. Me diga, o que vai me mostrar
hoje?

Cassandra: Éé...eu vou cantar.

Dionísio: Ah que novidade, teremos mais uma cantora!! Me impressione garota!

(Cassandra começa a cantar e recebe um botão vermelho na metade da música.)

Canção da Cassandra

Me dói olhar para você, assim sempre tão distante


Será que você não percebe ou não quer perceber?
Eu sempre estive aqui, eu sempre te amei
Seus lábios tão mudos, seu olhar tão vago me dizem o que eu já sei

Larguei de beber e deixei meus velhos hábitos


Abandonei meu tear porque me lembrava você
Peguei minha harpa e me pus a cantar, só para você (2x)

Dionísio: Ok pode parar, já tenho minha opinião. Você tem timbre garota, sua voz é boa,
mas já vi melhores. Além de que você errou muitas notas e saiu do ritmo. É totalmente
visível que você está nervosa e isso lhe atrapalhou muito. Se não estivesse assim, talvez eu
teria lhe ouvido até o final. Não leve essa crítica para o lado pessoal, você ainda tem
chances de se tornar uma cantora, claro, se você se esforçar muito para isso. Até a próxima
princesa e bola pra frente. Uma salva de palmas para ela pessoal! EVOÉ!!

Baquitas: EVOÉ!!

Baquita Apresentadora: Uau, começamos com a corda toda, hoje nosso jurado está bem
crítico. Senhor Dionísio, tem algo a acrescentar para o público?

Dionísio: Tenho sim Baquita... Estou com muita sede. Alguém pode me trazer mais
vinho, por favor?? Perfeito, obrigado Baquita. Agora sim podemos prosseguir!!

Baquita Apresentadora: Quem sabe faz ao vivo! E vamos para a nossa próxima
participante!

(Eco se aproxima do meio do palco, quando ela se prepara, Dionísio aperta o botão
vermelho.)

Baquita Apresentadora: Um botão vermelho logo de cara!! Por essa ninguém esperava,
não é mesmo? Pode nos explicar o porquê dessa reação tão fervorosa, sr. D?

Dionísio: Claro, claro. Escute bem, menina, espero que não chore por causa disso, mas
você ainda não está preparada. Como um crítico com muitos anos de experiência, posso
dizer que existe um enorme talento aí dentro de você. Existe a chama de um artista em seu
coração, no entanto, você está hesitando. Eu já julguei desde pobres camponeses até
grandes reis e o que fez eles ganharem ou não um botão verde foi exatamente a confiança
em si mesmos. Quem sabe na próxima. Como forma de consolo, eu proponho uma salva de
palmas! EVOÉ!!
Baquita Apresentadora: São tantas emoções vividas que vamos precisar de um rápido
comercial para recuperar o fôlego. Voltamos no próximo bloco, com o último participante
do dia. Esse é o The B Factor!!

Dionísio: Baquitas!!

Baquita Apresentadora: É pra já, sr. D! Meninas!

Comercial do Velho sábio


Na minha loja têm , o que que têm? (VELHO)
Não têm leite de cabras , mas tem unha encravada
Não têm fermento líquido que pinga só em pó
Não têm gotas de encanto que atraem até os anjos
Não têm a luz do lumos que acende no escuro
Não há nada que você queer , Mas tem o que você precisa.

O que você precisa irá encontrar


Basta a minha loja visitar
Tudo que busca está bem aqui
Sou um velho sábio disposto a sorrir
Comigo e a sonia você vai encontrar
O que tanto busca com fé a encontrar (VELHO)

Na minha loja têm, o que têm? (VELHO)


Aquí não há ratos , mas em tudo há buracos
Aquí não têm azeite mas tem muita latas verdes
Aquí não têm poções mas têm guardas anões
Aquí não é um circo mas do nada irá sorrir
Aquí não têm magia mas há a resposta para sua alegría .

Então venha sem se preocupar


O que precisa irá encontrar
Venha com confiança aquí se encontra a esperança
Venha não seja infeliz o que queremos é te deixar feliz
Venha não se engane mais na nossa loja de tudo é capaz
Basta ir e acreditar e assim sua paz encontrará
Com o velho sábio e a soniaaaa satisfeito e contente irão ficaaaar VENHAAAA.
(TODOS)

Andrômeda: Caramba, esse Dionísio não tá pra brincadeira.


Penélope: Para mim ele é um sem educação, nem um pouco crítico. Ignorou total vocês
duas. Quem ele pensa que é? Eu vou lá dar uns bons tapas no lindo rostinho dele!

Cassandra: Calma Penélope, não vai adiantar fazermos algo sem pensar, só temos mais
uma chance. Não podemos desperdiçar assim. A questão é: quem vai?

(As meninas começam a discutir e se distraem, não vendo que o programa já


voltou.)

Baquita Apresentadora: The B Factor está de volta, ao vivo diretamente do canal


Lusíadas!! No último bloco, nosso querido jurado apertou o botão vermelho duas vezes.
Será que dessa vez veremos um botão verde ou o dia será um completo mar vermelho? Sr.
D, o que o senhor espera ver para mudar as correntes dessa maré vermelha?

Dionísio: Sinceramente, eu espero ser surpreendido. Inclusive, vamos logo com isso,
meu vinho está fermentando com essa demora toda!

(Enquanto as três ainda discutem. Aquiles conversa com a Eco, a única que
percebeu a volta do intervalo.)

Aquiles: Eco, tive uma ideia. Olhe e observe a esperteza do pai.

Baquita Apresentadora: E vamos para o nosso último participante do dia, pode entrar!

Andrômeda: Desde quando? O que ele pensa que tá fazendo ali??!

Penélope: Estamos perdidas, isso sim.

Dionísio: Qual é o seu nome, rapaz?

Aquiles: Aquiles, o melhor de toda a Grécia.

Dionísio: Pois bem, veremos.

(Aquiles se prepara todo e simplesmente faz uma dança de tapas e pontapés, estilo
country *Cena do marinheiro em shalala*, após segundos de silêncio e choque,
Dionísio aperta o botão dourado.)

(MÚSICAS AQUILES)
Eu sei que sou o lindo
Mais belo impossível
Meu charme só encanta

Te faço delirar com tanta beleza


Eu sei que sou o máximo
Só respiro e já arraso

Palpito os corações
Com as minhas atraentes canções
As donzelas me cortejam
Para elas sou a mais pura realeza

Já enfrentei vários vilões


Desde esfinge até guardas anões
Sou grande o invencível
Mais charmoso, impossível (2x)

Baquita Apresentadora: Temos um botão dourado inédito!!!

Dionísio: Hahahaha! Magnifico Aquiles, simplesmente inovador! Você realmente é um


abençoado dos deuses! Eu proponho um brinde em sua homenagem! Desde o começo
roubou a cena e mostrou ser diferente.

Aquiles: Obrigado, Sr. D.

Dionísio: Durante tantos anos, assistindo e julgando tantos artistas de alto nível, eu
estava simplesmente cansado de tanta seriedade. Tudo que eu queria era dar boas risadas e
me divertir um pouco, você me proporcionou isso, Aquiles. Não basta um artista dar seu
sangue, suor e lágrimas para sua arte, não basta somente ser talentoso e esforçado. O bom
humor, a comédia e o clima de alegria também são fundamentais na vida de um artista. Se
deseja seguir o caminho das artes, aqui vai um conselho meu: Os amigos e amores te
abandonam um dia, a Arte nunca vai te abandonar, você é que pode abandoná-la, mas
apenas quando perceber que não consegue viver sem ela é que nascerá um verdadeiro
artista vindo de dentro para fora. Vamos comemorar, EVOÉ!!!

Baquita Apresentadora: E é com esse clima de festa e botão dourado, que nós
encerramos o programa de hoje. Tenham todos uma excelente noite e até o próximo THE B
FACTOR, com o grande Dionísio!!

CENA 6

Andrômeda: Eu não sei vocês, mas estou muito cansada, andamos o dia todo. Podemos
fazer uma pausa?
Cassandra: Podemos sim, eu ia comentar isso agora, estamos bem seguros e perto de
encontrar as Musas, faremos nosso acampamento aqui mesmo, a vegetação vai nos cobrir
de predadores. Vamos fazer uma fogueira, comer e nos preparar pra dormir. Eco, me ajuda
com a comida?

Aquiles: Andrômeda, me ajuda com a fogueira?

Penélope: Penélope? Sim, Penélope, o que deseja? Pode me ajudar a arrumar os sacos de
dormir? Mas é claro Penélope, você é adorável. Ah, obrigada Penélope, você também é.

Cassandra: O que você tá fazendo?

Penélope: Nada demais, só me convidando para fazer algo, já que todo mundo está
ocupado. Agora se me dão licença, eu estou ocupada comigo mesma. Já estou indo
Penélope!

Cassandra: Ah, já vai se deitar Eco? E o jantar? Está muito cansada? Entendi, tudo bem,
boa noite querida.

(Um por um deseja boa noite a ela. Eco apenas finge dormir.)

Aquiles: Falta muito pra gente chegar? Estou começando a me preocupar, amanhã é o
aniversário dela, não é?

Penélope: Sim. Mas acho que vamos conseguir, temos nos dado bem nos desafios que
aparecem.

Andrômeda: Pra ser sincera, no primeiro desafio até que fomos bem, mas nessa segunda
tivemos foi sorte de ter um idiota como o Aquiles para salvar nossa pele. Não sei se vamos
ter toda essa sorte amanhã, com as Musas. Elas são AS Musas.

Cassandra: Não seja tão pessimista, eu confio que somos capazes, também confio na
Eco.

Andrômeda: Não sei se ela confia.

Aquiles: Na gente?

Andrômeda: Não, nela mesma. Vocês viram o quanto ela ficou abalada com a crítica do
Dionísio? Se eu fosse ela, teria chorado na hora.
Cassandra: Ela parece mesmo insegura e triste. Vamos todos tratar ela muito bem
amanhã, sem piadinhas ouviu Aquiles? Vamos fazer ela se sentir mais amada do que já é.

Penélope: Apoio total essa ideia, mas agora eu preciso dormir para manter minha beleza.
Vocês também precisam, para não parecerem múmias amanhã. Boa noite.

(Todos vão dormir. Narradores entram em cena.)

Narrador 1: Tão triste e desapontada Eco pensa ser o fim da jornada, a quem tinha tanta
esperança surgiu uma enorme insegurança, e as perguntas frequentes em sua cabeça a fazia
sentir uma grande tristeza.

Narrador 2: “Para que cheguei até aqui? E porque sempre continuei a insistir? Sem
sequer desistir se não posso ao menos acreditar em mim, e por alguns instantes a minha voz
talvez sair.”

Narrador 1: “Mas a ninguém eu posso certamente culpar, pois aqui estão vocês a tentar
me ajudar, mas eu só queria poder falar e enfim dessa maldição me salvar, e com vocês em
vida aqui poder estar.”

Narrador 2: Eco sentia medo mas sem desespero começou a contar com o seu próprio
jeito, sua história se pois a revelar, uma história de coração, dolorida e movimentada como
um completo turbilhão.

Narrador 1: Um, dois, três, essa história real começa sem "Era uma vez".

(As luzes se apagam e eles saem de cena. Eco está de pé quando as luzes voltam.)

Eco: Eu nasci com uma maldição e, sim, eu sempre soube, também sabia que desde o
início eu iria morrer por essa maldição. No começo me questionei porque isso aconteceu
comigo. Eu não tenho que carregar o fardo dos meus pais, nenhuma criança tem, além de
que eles foram tão vítimas quanto eu fui. Cresci em um inverno rigoroso, completamente
sozinha e perdida, tentando encontrar um motivo bom pra ter nascido. Mas eu sobrevivi a
esse inverno rigoroso, eu cresci, como um Narciso... e encontrei amigos! Eu me agarrei a
chance que eles me deram de viver e ser feliz, mas isso não é suficiente. Eu não posso me
expressar como quero. Atualmente meu coração já não acelera quando ouço música, tento
continuar mas parece que o tempo parou. E essa foi minha primeira morte. Eu tento fugir
disso mas é como andar em círculos, e o meu choro é apenas um grito silencioso. Vocês me
questionam: qual é a sensação disso, Eco? A sensação disso é como estar afundando
lentamente em um profundo oceano, escuro e sem som e você não sabe nadar. Já ouvi dizer
que a vida é cheia de paradoxos e que tudo que você tem que fazer é se acostumar com essa
maratona. As pessoas me dizem: você acha que o mundo é duro apenas com você? Ele é
duro com todo mundo!! Essas palavras podem até consolar alguém, mas não a mim!
Mesmo o caminho sendo difícil e assustador, eu não vou desistir mais, eu vou retribuir o
amor dos meus amigos e mostrar que a voz do silêncio não é a minha voz! Eu tenho voz!!
Nós vamos conseguir, eu vou conseguir e, assim, vou finalmente sentir o calor do sol
aquecer o inverno que habita o meu coração.

CENA 7

(Música das Musas)

Eu sou a Tália musa da comedia irmã da Melpomene comigo não tem tragédia
Eu sou a Melpomene musa da Tragédia irmã da Tália comigo não tem comédia
Eu sou Tepscore musa da dança, danço o tempo todo por isso não tenho pança
Eu sou Euterpe musa da música me chamam de lerda porem.... espera porque que a
gente tá fazendo isso mesmo?
(ai todo mundo revira o olho tipo saco cheio disso)
Eu sou Caliope musa do conhecimento também sou a mais velha por isso mando aqui
dentro

(Calíope e Terpsicore em cena)

Terpsicore: E agora, a posição de saudação ao sol.

Calíope: Terpsicore, dá para fazer menos barulho? Parece um rinoceronte com dor de
barriga.

Terpsicore: Eu... tenho... que me esticar...*Suspiro de sofrimento* muito bem. Senão a


minha dança...não vai ficar boa. Calíope, você pode empurrar minhas costas, por favor?

Calíope: Tá, tá. Mas faça menos barulho, vamos aproveitar essa manhã de silêncio
enquanto aquelas duas ainda não acordaram.

(Euterpe entra confusa.)

Euterpe: Quem foi que pegou a minha flauta? Como vou treinar sem ela?

Terpsicore: E lá se vai o silêncio. Eu vou meditar.


Calíope: Euterpe querida, você deve ter esquecido novamente onde guardou ela. Logo
você acha, enquanto isso treine em outro instrumento, você é a Musa da Música, afinal.

Euterpe: Eu sou, mas preciso da minha flauta. O que você iria achar se um de seus
manuscritos sumisse?

Calíope: Excelente ponto.

Terpsicore: Você já perguntou para as gêmeas?

Euterpe: Não, quando acordei elas já tinham saído.

Calíope: Certo, temos um problema. Quando elas acordam, acaba a paz desse templo,
com elas acordadas e em silêncio absoluto, significa que estão tramando algo ou que já
fizeram. Melpômene, Talia, venham já aqui!!!

(Elas entram rindo e escondendo algo.)

Talia: Ei, não grite. Não é você que ama o silêncio?

Melpômene: O que foi dessa vez? Juro que não fiz nada.

Calíope: Vocês viram a flauta da Euterpe?

Euterpe: Eu sei que vocês pegaram ela! Deixei em cima da mesinha do meu quarto e ela
não está lá. Confesse Talia!

Talia: Eu? Eu sou a Melpômene. Ela é a Talia.

Melpômene: Ela está mentindo pra você! Eu sou a Melpômene, e foi a Talia que roubou
sua flauta!

Calíope: Não importa qual foi, devolvam a flauta da sua irmã agora ou vou por vocês de
castigo fazendo meditação com a Terpsicore!!

Melpômene e Talia: NÃO!!! TUDO MENOS ISSO!!

(Discussão entre elas.)

Calíope: Silêncio meninas! Tem alguém vindo, hajam naturalmente.


(Jovens entram batendo.)

Terpsicore: Bem vindos! Bem vindos ao nosso templo!

Calíope: O que traz vocês a nossa pacifica e humilde residência?

Aquíles: As pernas... (toma porrada)

Penélope: Caramba, que templão vocês tem!! Olha Aquiles, cabe a nossa cabana aqui
umas 6 vezes!

Aquiles: Verdade e ainda sobra muito espaço!

Andrômeda: Ué, vocês são mesmo um casal??

Penélope: Talvez no futuro.

Aquiles: Num futuro bem próximo.

Cassandra: Tenham modos pessoal. Olá senhora Musa...

Melpômene: Ih ah lá, te chamou de velha. Hahahaha

Talia: Errada ela não tá. Hahahaha

Cassandra: Não foi a minha intenção, desculpe.

Calíope: Não se preocupe com elas. Elas ainda são novas demais.

Penélope: Cadê as outras quatro Musas??

Calíope: Infelizmente tivemos cortes de verba e elas não puderam estar presentes.

Terpsicore: O que vocês desejam vindo aqui?

Cassandra: Ah sim, estamos aqui porque o Velho Sábio nos disse que poderiam nos
ajudar. Nossa amiga Eco

Euterpe: Eco? Você disse Eco? É aquela lá da maldição da Afrodite??

Aquiles: Vocês conhecem ela?


Euterpe: Claro, o pai dela esteve aqui 16 anos atrás, disse que algum dia ela iria nos
procurar. Só não esperava que fosse nos quarenta do segundo tempo, ela ainda tá viva?

Andrômeda: Vivíssima.

Talia: Por enquanto né?

Melpômene: Ei, eu ia dizer isso!!

Calíope: Meninas, vocês não estão ajudando em nada.

Terpsicore: Não vamos nos desesperar, por favor, não chore Eco. Veremos o que
podemos fazer por você, não é Calíope?

Calíope: Claro, vocês podem nos dar uns minutinhos, nós Musas, precisamos conversar.

Cassandra: Sim, sim. Conversem o tempo que precisarem. Vamos esperar ali.

Euterpe: E então, o que vamos fazer?

Melpômene: Nada, essa garota está fadada a morte! É praticamente impossível ela
sobreviver.

Talia: Acho ela uma gracinha. Quem sabe ela não consegue.

Terpsicore: Não vamos saber até ela tentar. Pelo menos podemos relatar o resultado para
Apolo, seja lá qual ele for.

Calíope: Ela é filha de Apolo, se nem assim conseguir, podemos nos aposentar para
sempre.

Aquiles: Sabia que dá pra ouvir a reunião silenciosa de vocês?

Penélope: Vão ou não vão ajudar? Achei que vocês eram as sabe tudo. Não podemos
perder mais tempo.

Calíope: Ah sim, desculpe pela bagunça. Temos sim a solução. Vocês só precisam de
uma música.

Euterpe: Música sempre resolve tudo!


Terpsicore: Óbvio que não, a dança resolve tudo.

Euterpe: E por um acaso existe dança sem música?

Penélope: Tô vendo que de Musas, vocês só tem o nome.

Andrômeda: Vou ter que concordar.

Cassandra: Que tipo de música? Só precisamos cantar e a maldição é quebrada?

Talia: Quem disse que vocês vão cantar?

Andrômeda: Então vocês vão cantar?

Melpômene: Eu não, eu escrevo tragédias, não canções!

Calíope: Acalmem-se pessoal. Deixe-me explicar melhor, para que a Eco quebre a
maldição, é necessária uma canção. E você sabe exatamente o que estou falando Eco. Você
é filha de Apolo, entendeu? Os filhos de Apolo são excelentes curandeiros, bem como são
ótimos artistas.

Aquiles: Entendi essa parte, mas não entendi como que ELA vai cantar, se ela não tem
voz?!

Euterpe: A voz não vem necessariamente das cordas vocais. Para alguém como nós e a
Eco, isso vai muito além da compreensão de vocês, humanos. Você entende não é?

Talia: Você precisa ser otimista, Eco.

Melpômene: Caso contrário vai morrer dentro de poucas horas.

Talia: Isso foi muito grosseiro, irmã.

Melpômene: O que?? Você também pensou isso!

Talia: Mas quem falou foi você!

Melpômene: Ah, agora eu sou culpada por estar certa de que ela vai morrer?

Talia: Pelos deuses! Você é tão trágica e dramática!!


Melpômene: Por que será que sou a musa da tragédia mesmo? Vai lá criar mais uma de
suas péssimas piadas teatrais, musinha da comédia!

Talia: Quer saber? Vou mesmo. Ao menos o meu público me dá valor. Boa sorte Eco,
gostaria de ficar e ver você cantar, mas preciso sair e encontrar uma gêmea nova!

Melpômene: Ótimo! Não preciso de você.

Terpsicore: E em 3...2...1...já!

Melpômene: Talia!!! Volta aqui!!!

(Talia sai do palco e Melpômene segue ela.)

Euterpe: Essas duas viu, não conseguem viver separadas.

Andrômeda: Olha, conheço um casal que brigam pior que elas e não se desgrudam de
jeito nenhum.

Calíope: Sinto muito pelas minhas irmãs, elas estão entrando na adolescência.

Cassandra: Não sabia que vocês passavam por isso. Mas não importa agora, o que vai
ser da Eco?

Euterpe: Já demos a resposta, ela precisa cantar. Acredite garota, vocês subestimam
demais a amiga de vocês. Só porque ela “é muda”, não quer dizer que ela seja uma incapaz.

Terpsicore: Ela é uma semideusa! Os semideuses tem capacidades extraordinárias que


vocês nem imaginam.

Calíope: Elas estão certas. Durante todo o caminho que fizeram até aqui, enfrentando
desafios, ela demonstrou inúmeras capacidades, ela é esperta, inteligente, gentil, esforçada
e muito resiliente. Falta somente uma coisa, mas acho que você já encontrou não é? Você
encontrou sua autoconfiança. Não fuja de si novamente, essa é sua oportunidade de ser
livre. Nos mostre o que sabe fazer.

(Ela tenta uma vez, duas vezes, recebe frases positivas. Eco faz mais uma tentativa
e assim consegue.)

Música da Eco
Não conseguia acreditar
Mas agora vejo que é real
Enfim estou aqui
Com meus amigos eu consegui
Havia pensado em desistir mas meu coração quis insistir
Pois um sonho só se faz real se realmente acreditaaaar
Muitas provas no caminho tentará te parar
Mas só pense no seu destino não chegou no seu lugar
E se o medo vier tentar acredite em você
E ele irá desapareceeer
Não conseguia acreditar
Mas agora posso cantar
A maldição se quebrou
Meu sonho se realizou
Tantas palavras pra falar
Mas não preciso me esforçar
O meu coração já disse tudo sem calar
Pois aqui estou enfim cheguei no meu lugar
Jamais desista e acredita
Pois seu sonho pode se realizar
E como eu chegar no seu lugaaar
Enfim no meu lugar .

Todos: ECO!!!

(Seus amigos correm até ela felizes e as luzes se apagam.)

FIM

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