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D I S N E Y

APRESENTA

Roteiro Teatral para Fins Educativos, baseado no Filme


Homônimo

Músicas por Alan Menken

Adaptação por Bruno Ferreira Andrade

Este Roteiro Pertence à: _____________________________________


ATO I - CENA 1

Começa a Tocar a Faixa 1 (Sons de Notre Dame - Pt.1), a


iluminação some. Essa cena se passa nas Ruas de Paris (À
Frente da Cortina) Quando a música começa, o Clopin entra e
canta, interagindo com os figurantes.

Clopin: (Cantando) Dobram os sinos, Paris despertou, ao soar


de Notre Dame…

Conforme o Clopin vai cantando, o figurante correspondente


passa de um lado ao outro do palco, e rapidamente interage com
o Clopin e com a Plateia.

Clopin: Já tem peixe fresco (Passa alguém carregando peixes de


papelão) O pão já assou (Passa alguém com pães de Papelão)ao
soar de Notre Dame! Sinos Grandes com sons trovejantes, e
Pequenos com sons de oração. Paris, são divinos, os sons, dos
seus sinos,os sons…

Para ao centro. Olha diretamente para a Plateia.

Clopin: Os Sons de Notre Dame! (Ainda cantando)

A Música Cessa.

Clopin: (Agora falando) Ouçam! Ouçam os sinos! São lindos,


não? São tantos sons coloridos, tantas mudanças de Timbre, mas
vocês sabiam que eles não tocam sozinhos?

Pierre aparece, olhando para Clopin.

Pierre: Ah, não?

Clopin: Claro que não Pierre! Venha, chegue mais perto que eu
vou te contar!

Pierre se aproxima, e Clopin passa o braço por seu ombro.

Clopin: Lá, no alto da Catedral de Notre Dame, vive um


sineiro. Uma criatura misteriosa, nunca vista antes.

Pierre: Quem é?

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Clopin: Ninguém sabe como ele foi parar lá, nem porquê toca os
sinos!

Pierre: Quem é, Clopin?

Clopin: Xiu! Levante a mão se quiser falar.

Pierre levanta a mão, e Clopin continua falando. Conforme


Clopin vai falando, Pierre fica cada vez mais inquieto, e
tenta forçar Clopin a ver sua mão levantada.

Clopin: Sua idade é desconhecida, afinal, nenhuma pessoa na


cidade sabe quando foi que os sinos começaram a tocar. Mas a
julgar pelo som que eles fazem, eles devem ser bem pesados, e
por isso, o sineiro deve ser alguém forte e… Ah, o que que
foi, Pierre?

Pierre: Fala logo quem é esse sineiro misterioso!

Clopin: Eu vou falar quando eu quiser! (Pausa de 3 segundos)


Tá, vou falar agora, mas é porquê eu quero, entendeu?

Pierre fica animado, e Clopin vai puxando ele para o canto do


palco.

Clopin: Pierre, prepare-se para ouvir a história de um homem e


de um monstro! Mas para isso, temos que voltar para 20 anos
atrás, aqui mesmo, em Paris.

Pierre e Clopin ficam de canto no palco. Alguém do outro lado,


ergue uma placa: “20 Anos Atrás…”, e o jingle de “Aos sons de
Notre Dame” (Faixa 2) toca.

Anabela, Iago, Adílio e o Barqueiro entram, visivelmente


nervosos e com pressa. Anabela está com Quasimodo nos braços.

Iago: Pegaram tudo?

Adílio: Não tinha muita coisa pra pegar, mas o que temos de
mais precioso já está aqui.

Anabela: Precisamos encontrar asilo logo, nós três podemos


aguentar, mas o bebê logo vai acordar.

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Barqueiro: Eu trouxe vocês até aqui em segurança, agora quero
minha parte.

Iago: Seja um pouco mais humano! Não está vendo que não temos
tempo para isso? A vida dessa criança está em risco!

Barqueiro: Eu sou bem humano, seu desaforado. E é por isso


mesmo que preciso botar comida na mesa.

Anabela: Vamos logo com isso. Mais fácil pagar ele logo, do
que ficar nessa discussão.

Iago: Está bem. Tome, é tudo o que tenho.

Iago entrega algumas moedas ao Barqueiro.

Barqueiro: Isso aqui não paga nem a poeira dos meus sapatos.

Iago: Eu já disse que é tudo o que eu tenho.

Adílio: Calma Iago. (se vira para o Barqueiro) Por favor,


tente compreender. Se não sairmos daqui agora, estaremos
correndo um sério perigo. Você sabe onde nos encontrar, e nós
vamos pagar. Mas meia dúzia de moedas não valem a vida de uma
criança.

Barqueiro: Ah, está bem. Mas eu vou cobrar, viu?

Anabela: Graças aos céus, agora vamos, rápido!

O Neném começa a chorar (Faixa 3)

Anabela: Ah não meu filho, por favor, pare de chorar. Desse


jeito vão nos descobrir!

Iago: Temos que ir mais rápido ainda, agora!

Começa a Faixa 4 - Sons de Notre Dame Pt.2

Clopin (Fora de Cena, cantando): Tudo começa na escuridão, sob


o cais em Notre Dame. Quatro ciganos, em forte tensão, sob o
cais de
Notre Dame!

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Surgem os soldados, que emboscam os quatro..

Mas alguém emboscou os ciganos, que tremeram ao ver esse


alguém!

Frollo Entra

Clopin: Cuja alma é dura, qual bronze que apura os sons…

Adílio: Juiz Claude Frollo!!!

Clopin: Os Sons, de Notre Dame. Frollo, o Juiz, mandou varrer


o mal dali.

Os Soldados separam os ciganos, que estão muito assustados.


Iago tenta resistir, mas é inútil. Adílio pede calma a eles,
mas é ignorado. Anabela é a única que os soldados não
conseguem prender, pois ela se recusa a soltar o bebê.

Clopin (Cantando ainda): Ele viu pecado em cada ser, exceto em


si.

Frollo: Levem essa gentalha cigana para o Palácio de Justiça.

Frollo repara que Anabela está escondendo algo

Soldado: Ei, você! (Aponta para ela) O que esconde?

Frollo: Coisas roubadas, sem dúvida. Tirem dela!

Clopin: Mas ela fugiu!

Anabela consegue se desvencilhar do soldado, e corre


desesperadamente para fora de cena. A música cessa.

Adílio: (Gritando) Corra, Anabela! Corra!

Soldado: Calado, criminoso!

Frollo: Eu vou atrás dela. Fiquem aqui, e se livrem deles.

Soldado: Sim senhor, Juiz Frollo.

Frollo sai de cena, e os Soldados conduzem Adílio e Iago.

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Adílio: Por favor, tenha piedade!

Iago: Estamos perdidos, irmão. Somente ela ainda tem chance.

Soldado: Parem de choramingar, e andem logo!

Ambos cabisbaixos, deixam o palco junto aos soldados.

ATO I - CENA 2

Anabela entra correndo em cena. As Cortinas se abrem, e se vê


a Catedral ao fundo. Ela para, ofegante, procurando algum
lugar para se esconder.

Anabela: Preciso me esconder, mas onde? (Olha para a Catedral)


A Catedral! Lá, eles podem me fornecer asilo!

Anabela corre para os portões da Catedral de Notre Dame (Que


faz parte do Cenário, ao fundo) e bate na porta.

Anabela: Santuário! Por favor, me dê asilo! Socorro!

Frollo: O Santuário de Notre Dame não tem espaço para gente


como você cigana.

Frollo entra em cena, impiedoso e com raiva. Anabela olha para


ele apavorada.

Anabela: Santuário, por favor! Eu imploro por asilo!

Anabela tenta correr, mas Frollo segura o bebê.

Frollo: Devolva isto, sua ladra!

Anabela: Meu filho!

Frollo: O quê? (Frollo se afasta, e olha para o bebê) Mas isso


não é um bebê, é um monstro!

Anabela: O único monstro aqui é você!

Frollo: Ora, sua…

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Arcediago: Pare!

O Arcediago surge do fundo da plateia, e continua seu diálogo


passando pelo corredor entre as cadeiras, indo em direção à
Frollo e Anabela.

Arcediago: O que pensa que está fazendo, Claude?

Frollo: É JUIZ Claude pra você, Arcediago. Estou prestes a


mandar estas duas criaturas profanas de volta para o lugar de
onde vieram.

Arcediago: Não permitirei que isso aconteça.

A Faixa 5 começa a tocar.

Arcediago:(Cantando) Sangue inocente você derramou nos degraus


de Notre Dame.

Frollo: Ela fugiu. Fui atrás. Não sou culpado.

Arcediago: Das mãos da mãe a criança tomou nos degraus de


Notre Dame.

Frollo: Minha consciência está limpa.

Arcediago: Você pode até iludir-se… Que não vai ter remorso
amanhã. Mas não vai conseguir desviar nem fugir desse olhar…
Profundo Olhar de Notre Dame!

Enquanto o Arcediago canta sua parte, os figurantes se


posicionam atrás do palco, e na volta das cadeiras. A Música
cessa. Conforme o coro avança, Frollo entra em pânico.

Coro crescente: Culpado! Culpado! Culpado! Culpado! CUlpado!

Frollo: E o que eu faço?

Arcediago: Pare com este reino de terror! Essa caçada aos


ciganos não tem fundamento, e está somente matando pessoas.
Machucando Paris!

Anabela: Devolva o meu filho!

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Frollo: Isso está fora de questão!

Arcediago: Frollo, você precisa…

Frollo: Eu já lhe disse, é JUIZ Frollo. Saiba os seus limites,


Arcediago. Nem mesmo um líder da igreja como você pode contra
o Ministro da Justiça. Cigana ou não, esta mulher fugiu da
Guarda, e deve ser condenada.

Arcediago: Ela fugiu para proteger o bebê!

Anabela: Não! Não me importa o meu destino. Quero que proteja


o meu filho.

Frollo: Esta criatura horrenda?

Arcediago: Você se recusa a unir esta mãe a seu filho. O


mínimo que deve fazer é cumprir o papel dela. Deverá cuidar
desta criança, como se fosse sua.

Frollo: O quê? Eu devo cuidar deste deformado? Ora, está bem.


Mas que ele more aqui, na sua igreja.

Arcediago: Aqui? Mas onde?

Frollo: Num lugar bem afastado. Como no campanário, e quem


sabe Deus escreva certo por essas linhas tortas. Coloque ele
para… Tocar os sinos da catedral. Quem sabe, um dia, ele possa
servir a mim. Ele se chamará Quasimodo - que significa “Meio
Formado”

Anabela: Seu monstro!

Frollo: Calada!

Frollo entrega a criança ao Arcediago, e se dirige a Anabela.

Frollo: Agora ande, cigana. Para o Palácio da Justiça.

Arcediago e o bebê saem em uma direção, Arcediago levemente


cabisbaixo. Frollo conduz Anabela na outra direção - ela
chora, mas ele se mantém inabalável, e com um leve sorriso.As

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cortinas se fecham. Clopin e Pierre entram em cena, quando
todos saíram, e a Faixa 6 começa a tocar, na fala de Clopin.

Clopin: (Cantando) Responda ao enigma assim que puder ao soar


de Notre Dame.

Pierre: Que enigma? Que enigma?

Clopin: Quem é o monstro? E o homem, quem é?

Pierre: Eu já não tenho mais certeza.

Clopin: Dizem os sons, sons, sons, sons, sons…

Pierre (Enquanto Clopin canta): Fenotipicamente falando, e


ressignificando a história, dá pra ter certeza de quem é,
verdadeiramente, o monstro.

Clopin: Os Sons de Notre Dame!

Passa a placa com o logotipo de “O Corcunda de Notre Dame”.


Após o cessar da música, duas últimas falas.

Pierre: Eu autorizei isso aí?

Clopin: Ah, para de graça, Pierre!

Clopin e Pierre saem de cena

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ATO II - CENA 1

Troca de Cenário: Victor, Hugo e Laverne entram, e ficam como


estátuas no cenário. Quando a cortina se abre, Quasimodo
entra, e as Gárgulas já estão lá. Há uma bancada, como se
fosse uma varanda, da qual eles olharão para Paris. Também há
uma mesa de refeições, e algumas cordas pendem do teto. Essas
são as cordas que Quasimodo usa para tocar os sinos da
Catedral.

Quasimodo: (Animado): É hoje, é hoje! O Festival dos bobos! A


Maior festa do ano! Victor, Hugo, acordem! Já está na hora!

Victor: (Boceja), na hora? Na hora de quê, Quasi?

Quasimodo: O Festival já vai começar!

Hugo: O que? O Festival? É hoje?

Quasimodo: É, é sim!

Hugo: Viva! Mal posso esperar! As brincadeiras, o confete, as


serpentinas, as fantasias. É tudo tão incrível! Se tivermos
sorte, ainda vamos poder assistir uma briga!

Victor: Vocês lembram que, no ano passado, quebraram uma Jarra


de limonada na cabeça do padeiro? Coitado…

Hugo: Ninguém mandou ele ser tão chato! Vamos ver o que vão
aprontar com ele esse ano.

Victor: Vamos ver tudo de camarote!

Quasimodo: Isso, de camarote, nós vamos! Ah, é. Nós vamos


“ver”. Só ver.

Quasi fica desanimado, se afasta da varanda, enquanto Hugo e


Victor estão olhando atentamente para baixo.

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Victor: Ué, não vai vir assistir com a gente?

Quasimodo: Ah, acho que não. Estou meio… indisposto.

Hugo: Ele deve estar doente. Sempre amou esse dia!

Laverne “descongela”

Laverne: Claro que não, seu cabeção! Se 20 anos ouvindo a sua


voz de taquara rachada nunca deixaram ele doente, não é hoje
que vai ficar!

Quasimodo: (Suspira) Olá Laverne. Tudo bem?

Laverne: Comigo, sim, Quasi. Mas e com você?

Quasimodo: É, acho que sim.

Victor: Não sabemos o que é que ele tem, Laverne. Todo ano ele
espera pelo Festival dos Tolos.

Hugo: É, ele ama assistir tudo com a gente!

Laverne: E de que adianta assistir, se ele não vai poder


participar? Ele não é de pedra como nós. Nós somos estátuas,
gostamos de ficar aqui, presas no alto do Campanário. Mas ele
é um garoto, quase um homem, e está vivendo a mesma coisa todo
dia, já faz 20 anos. Não é mesmo, Quasi?

Quasimodo: É, acho que sim.

Hugo: Ué, então por quê ele não participa?

Quasimodo: Eu adoraria! Mas, eles não me aceitariam. Eu não


sou normal.

Victor: Você nunca vai saber se não tentar. Como seus amigos e
guardiões, insistimos que vá ao Festival!

Quasimodo: Eu?

Hugo: Não, o Papa! É claro que é você!

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Victor: Será uma experiência muito educativa! Você aprenderá
sobre a cultura francesa, sobre relações sociais, e sobre a
arte de Paris.

Hugo: Vai ter Queijo, música, as namoradinhas, e essas coisas


também.

Laverne: Escute aqui, Quasi, a vida não foi feita pra ser
vista. Se ficar só observando, ela vai passar diante de seus
olhos.

Quasimodo: Mas, e quanto a vocês?

Hugo: Nós somos parte da arquitetura. Não temos nem umbigo!

Victor: Não se preocupe conosco, ficaremos bem!

Quasimodo: Obrigado pela força gente, mas vocês estão


esquecendo de um detalhe.

As gárgulas: O quê?

Quasimodo: Meu mestre Frollo. Ele nunca permitiria isso.

As gárgulas: Ah…

Victor: Quando ele diz que você está proibido de sair do


campanário, ele quer dizer… pra sempre?

Quasimodo: Para todo sempre! Ele odeia o Festival dos Tolos!Se


eu pedisse, ele ficaria furioso.

Hugo: Ah, então não pede!

Quasi, Victor e Laverne: Quê?

Hugo: Vai escondido!

Quasi, Victor e Laverne: (Exclamam)

Hugo: De fininho!

Quasimodo: Você ficou louco?

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Hugo: é só por uma tarde! Você vai de fininho, e volta de
fininho!

Quasimodo: Mas, e se ele me pegar?

Victor: Bom, é melhor pedir perdão do que pedir permissão!

Laverne: Mas você vai ter que se disfarçar, pra não ser
percebido.

Quasimodo: Não sei não, pessoal…

As Gárgulas tentam convencer Quasi por algum tempo, até que


ele irrompe. A cada frase que ele fala, as gárgulas celebram.

Quasimodo: Está bem!

Gárgulas: Hey!

Quasimodo: Eu vou tomar banho!

Gárgulas: Hey!

Quasimodo: E me trocar!

Gárgulas: Hey!

Quasimodo: Passarei pela porta e…

Frollo: Bom dia Quasimodo.

Gárgulas: Aah…

As Gárgulas saem correndo, e voltam à posição de Estátuas do


início. Frollo entra na sala, segurando uma cesta.

Quasimodo: Bo-bo-bom dia, Mestre.

Frollo: Com quem estava falando, Quasimodo?

Quasimodo: Com meus… amigos.

Frollo: Sei. E do que são feitos esses seus “amigos”,


Quasimodo?

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Quasimodo: De pedra.

Frollo levanta o queixo de Quasimodo.

Frollo: E as pedras falam, Quasimodo?

Quasimodo: Não. Não falam, Mestre.

Frollo: Isso mesmo. Você é inteligente. Agora, almoço.

Quasimodo: Sim senhor!

Quasimodo corre, e busca dois pratos e dois copos, e coloca


numa mesa, para que ele e Frollo possam comer.

Frollo: Vamos repassar o alfabeto, sim?

Quasimodo responde as perguntas tentando forçar animação, mas


fica nítido seu receio e insegurança.

Quasimodo: Claro Mestre! Eu adoraria!

Frollo: A?

Quasimodo: Abominável.

Frollo: B?

Quasimodo: Blasfêmia!

Frollo: C?

Quasimodo: Crueldade.

Frollo: D?

Quasimodo: Deplorável!

Frollo: E?

Quasimodo: Extremamente deplorável!

Frollo: Muito bom. F?

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Quasimodo: Festival!

Frollo: O quê?

As Gárgulas exclamam, Frollo olha rapidamente para elas, mas


elas viram estátuas antes que ele as veja. Ele volta seu olhar
para Quasimodo.

Frollo: O que você disse, Quasimodo?

Quasimodo: Eu disse Fraternal! É, definitivamente não disse


Festival!

As Gárgulas exclamam, e o movimento delas com Frollo se


repete. Frollo fica furioso.

Frollo: Você está pensando em ir ao Festival! É disso que


estava falando com seus amig- digo, com essas pedras! Digo,
sozinho!

Quasimodo: Não mestre! Eu não estava!

Frollo: Quasimodo, o festival é um dos eventos mais


deploráveis de toda a França. Está repleto de trombadinhas,
ladrões e golpistas! Achei que eu tivesse sido claro quando te
proibi de sair da Catedral.

Quasimodo: Mas senhor, você vai ao Festival todo ano!

Frollo: Eu ocupo um cargo público, Quasimodo. Sou Ministro da


Justiça, sou obrigado a ir. Mas não me divirto em nenhum
momento. Será que é tão difícil assim pra você entender?

Frollo bate com as mãos na mesa, assustando Quasimodo. Ele


recua um pouco, respira fundo, e volta a explicar calmamente.

Frollo: Quando sua mãe, uma cigana, te abandonou, cruel e


impiedosamente, eu te resgatei! Qualquer um no meu lugar teria
te matado! Mas eu te salvei, te dei um lar, cuidei de você. É
assim que você me agradece?

Quasimodo: Por favor mestre, me desculpe! Não quis


aborrecê-lo!

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Frollo: Meu caro Quasimodo, você não sabe como o mundo é, lá
fora. Eu sei, eu sei…

Começa a Tocar a Faixa 7, “Lá Fora”. A Iluminação reduz sua


intensidade, para enfatizar Frollo e Quasimodo.

Frollo: (Cantando): O Mundo é cruel, perverso. Eu sou seu


único amigo na cidade. Confie só em mim. Eu que o alimento,
ensino, e visto. Medo de você, nunca senti. Para protegê-lo,
eu insisto: Fique sempre aqui. Pra quê, sair?

Conforme Frollo canta, ele faz um “carinho” em Quasimodo, mas


faz questão de manter distância, e ao fim, “joga” ele para
trás, como um subordinado.

Frollo: Lembre-se do que lhe ensinei, Quasimodo. Seu aleijão…

Quasimodo: Meu Aleijão…

Frollo: É muito feio!

Quasimodo: É muito feio…

Frollo: O Mundo não tem muita pena desse crime. Você têm que
entender…

Quasimodo: O Mestre me protege

Frollo leva Quasimodo à varanda, e mostra Paris para ele


enquanto canta. Frollo canta de forma convencida e potente.
Quasimodo canta de uma forma mais arrastada, meio que sem
forças. Durante suas falas, Frollo age como uma pintura
renascentista.

Frollo: Vão tratá-lo como a um monstro.

Quasimodo: Eu sou um monstro.

Frollo: Dessas coisas é que o povo ri…

Quasimodo: Sou só um monstro…

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Frollo: Não provoque reações desagradáveis, fique aqui. Confie
em mim…

Quasimodo: Confio.

Frollo: E agradeça.

Quasimodo: Sou grato…

Frollo: Eu vou mandar, você…

Ambos: Ficar aqui.

Quasimodo: O senhor é bom mestre, perdão!

Quasimodo cai de joelhos, e Frollo se afasta dele.

Frollo: Está perdoado. mas lembre-se, Quasimodo. Este é o seu


santuário!

Frollo faz o gesto das pinturas de Da Vinci, e então sai de


cena. A Iluminação volta para Quasimodo, que se dirige ao meio
do palco.

Quasimodo: Meu santuário.(Começa a cantar, somente ele e a


plateia) Salvo entre os peitoris de pedra e o carrilhão, aqui
dentro a alegria some.Toda minha vida eu vivi na solidão, não
ter liberdade me consome. Preso aqui em cima eu vi pessoas. Eu
conheço todas pelo nome!
Toda a minha vida eu imaginei descer. Ir até lá! Passear lá!

Levanta, e traz uma expressão esperançosa. Ele olha pela


porta, para ver se Frollo ainda está olhando, e “acorda” as
gárgulas enquanto canta. Ele interage com as gárgulas, e
termina a próxima fala olhando para a cidade. As Gárgulas
admiram ele, e interagem levemente entre si.

Quasimodo: Lá fora! Como alguém comum… me dê um dia ao sol,


basta apenas um! Pra ser lembrado, se der, numa ocasião
qualquer! Se eu sair… se eu puder… quero ir aonde der!

Ele oscila entre olhar para as gárgulas, para a cidade, e para


o horizonte da plateia. Nunca de costas para os espectadores.

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Quasimodo: Lá fora vejo tecelões, moleiros e casais. Os seus
rostos mostram o que sentem! Gritam, xingam, levam suas vidas,
tão normais. Esta é a vida que me cai bem. Agora, para mim a
hora, é de enfim ver, se der, o Rio Sena e além! Cada Manhã
que houver, quero ser alguém! Que vai aonde bem quer, no meu
dia, se vier! E ele vem!

Quasimodo sobe para a parte mais alta do palco (Ou nos


pedestais das gárgulas), e canta de lá de cima. Sua voz e seus
gestos se tornam mais enérgicos. As Gárgulas celebram.

Quasimodo: Um Sequer! Digo Amém! Se estiver, tudo bem! Quando


der, vou também! Se Deus quiser!

Conforme a música se encerra, e a atenção da platéia está em


Quasimodo, as Gárgulas saem de cena, levando o cenário
consigo. Quasimodo, ao terminar seus vocais, sai de cena, e ao
encerrar da música, as luzes se apagam, para reacender
rapidamente.

ATO II - CENA 2

A iluminação reacende normalmente, e Febo entre em cena com um


mapa na mão. Há um fluxo de figurantes. Esmeralda está sentada
em um banquinho, do outro lado do palco, ao lado de Djali. Ela
tem um violão (também pode ser um pandeiro, ou flauta) em
mãos.

Febo: Não é possível! Fico fora por duas décadas e eles mudam
a cidade inteira.

Um soldado passa por Febo.

Febo: Com licença senhor, pode me dizer onde fica o Palácio da


Justiça… Eu acho que não. Vou ter que achar por conta própria.

Esmeralda começa a tocar seu instrumento, e faz carinho em


Djali depois. Uma figurante, de mãos dadas com uma criança,
passa por eles.

Figurante criança: Mamãe, olha só o show!

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Figurante: Não é um show menina, é uma cigana. Fique longe
dela: Ela pode te roubar.

As figurantes saem de Cena. Febo se aproxima de Esmeralda e


Djali, e deixa uma moeda no saco que está a frente de
Esmeralda. Eles trocam olhares, e Esmeralda agradece. Ele
volta para onde estava.

Febo: Agora vamos ver, preciso me achar com este mapa…

Um figurante surge correndo no palco.

Figurante: Esmeralda! Os guardas vem aí!

Esmeralda: Vamos Djali.

Esmeralda pega Djali no colo. Ela o entrega ao Figurante, que


sai de cena com Djali nos braços. Esmeralda se dá conta de que
está esquecendo algo.

Esmeralda: O Dinheiro!

Ela volta para pegá-lo. Antes dela pegar tudo, Os guardas


chegam.

Guarda 1: Ei, Cigana! Onde conseguiu esse dinheiro?

Esmeralda: Para sua informação, eu o ganhei trabalhando.

Guarda 2: Ciganos não trabalham, só roubam!

Esmeralda: Você deve entender bem de roubar, não é?

Guarda 1: Olha, ela parece estar nervosa. Quem sabe um tempo


no xilindró não esfria sua cabeça.

O Guarda pega Esmeralda pelo braço, mas ela revida com o


outro, e consegue fugir. Um dos Guardas vai atrás dela, mas
Febo coloca o pé na frente deles e ele cai.

Febo ri um pouco, e depois procura por Esmeralda. Ela retorna,


rapidamente, ao palco.

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Esmeralda: Pensou rápido, obrigada.

E ela sai.

Guarda 2: Vou te ensinar uma lição, camponês.

O Guarda puxa uma pequena espada, e aponta para Febo. Febo


saca uma espada muito maior.

Febo: O que dizia, tenente?

Guarda 2: Capitão Febo! É uma honra recebê-lo aqui!

Febo: Sei.

Guarda 1 (Se levantando): Em que podemos ajudar, senhor?

Febo: Preciso chegar ao Palácio de Justiça, será que você


poderia me ajudar com isso?

Guarda 1: É claro senhor, nos siga, por favor.

Guarda 2: Abram passagem para o Capitão Febo!

Eles saem do Palco. As Cortinas se fecham, e há uma mudança de


cenário - A próxima cena acontece à frente da cortina,
simplesmente.

ATO II - CENA 3

Entram em cena Guarda 1, Guarda 2 e Febo por um lado, e Frollo


pelo outro. Frollo está conversando com um figurante.

Guarda 1: Chegamos, o Palácio da Justiça.

Guarda 2: Meritíssimo!

Frollo: (Dispensa o figurante) Sim?

Guarda 2: Este é o Capitão Febo: Acabou de chegar a Paris.

Frollo: Ah sim, o novo capitão da guarda. Nos deixem a sós por


favor.

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Guarda 1: Sim, senhor.

Os dois saem. Somente Febo e Frollo se encontram em cena.

Febo: Meritíssimo, é uma honra conhecê-lo.

Febo estende sua mão, mas Frollo a abaixa, e estende sua mão
no lugar, como se quisesse que Febo a beijasse.

Frollo: Seu histórico de guerra é espetacular, Capitão. Pra um


herói como você, não espero nada menos que a perfeição.

Frollo faz menção à Febo de que beije sua mão.

Febo: O Senhor quer que eu…

Frollo acena que sim de forma impaciente, e Febo beija a mão


de Frollo com receio, e sem jeito. Assim que Frollo se vira,
Febo limpa a boca exageradamente.

Frollo: O meu último capitão da guarda foi uma… decepção.


Espero que você consiga colocar meus homens na linha.

Febo: Não tenha dúvida disso, senhor.

Frollo: Infelizmente, eu tenho. Você chegou numa hora


complicada a Paris. Será um trabalho árduo para evitar que os
fracos de espírito sejam desencaminhados.

Febo: Desencaminhados? Como assim?

Frollo: Capitão, Paris está infestada de Ciganos. Eles vivem


fora da ordem normal. Seus modos pagãos inflamam os instintos
mais baixos das pessoas. E eles devem ser detidos.

Febo: Quer dizer que fui convidado da guerra para prender


videntes e cartomantes?

Frollo: A verdadeira guerra, capitão, é justamente essa. Há 20


anos que venho lidando com os ciganos, um a um. Mas mesmo
assim, eles vêm prosperando. Acredito que tenham algum
refúgio, um lugar seguro dentro da cidade. Como se fosse um

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ninho. Eles o chamam de “Pátio dos Milagres”. Não importa com
quantos eu acabe por fora, a raíz do problema está lá dentro.

Febo: E o que faremos, senhor?

Frollo: Bom, que jeito melhor de se livrar das formigas, do


que destruindo o formigueiro. Se é que você me entende.

Febo: Entendo. Você expõe suas ideias bem vividamente.

Frollo: Fico feliz que tenha entendido. Mas por ora, devemos
ir. O dever chama. Já foi a algum festival camponês, capitão?

Febo: Não recentemente, senhor.

Frollo: Então essa experiência será… Instrutiva.

As cortinas se abrem, e Há várias pessoas, chacoalhando


bandeiras, dançando, se abraçando, balançando fitas,
badernando. Frollo e Febo se misturam à multidão.

ATO II - CENA 4

A Faixa 8 “Às Avessas - Pt.1”, começa a tocar. Na multidão,


temos figurantes, Frollo, Febo, Pierre. Clopin entra cantando
e dançando.

Clopin: (Cantando) Uma vez por ano temos diversão. Em Paris,


fazemos uma inversão! Cada um é rei, e cada Rei Bufão!

Quasimodo entra pela direita, coberto por um capuz. Ele acena


para a Plateia, para mostrar que está ali, e logo se mistura à
multidão.

Clopin: Tudo às Avessas, outra vez! Solte os Demônios que há


em você! Hoje o Juiz vai se chocar porquê! Às Avessas o Festão
dos Tolos é melhor!

Há uma coreografia simples, que todos seguem de forma


uniforme. Clopin está frente, e canta animadamente. Às vezes
segue a coreografia, às vezes fica junto da plateia. A
Multidão puxa palmas da Plateia. A Multidão se afasta e

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pessoas (figurantes) fazem truques “Malabarismo, Mortais,
contorcionismo, etc” em frente à Plateia, à cada “às Avessas”

Multidão: Às Avessas!

Clopin: Hoje tudo está hilário!

Multidão: Às Avessas!

Clopin: Pois é tudo ao contrário!Lixo é ouro, grama é jardim!


Às avessas, tudo fica assim!

A música fica somente instrumental. Clopin vê Quasimodo, e


distrai todos. Ele grita “Olhem lá! São o Juiz Frollo e o novo
Capitão da Guarda!”. Quasimodo está indo de um lado a outro do
palco, e Esmeralda no sentido contrário, com Djali no colo.
Eles se trombam, Quasimodo cai.

Esmeralda: Ei, cuidado!

Quasimodo: Não foi por querer. Desculpe!

Esmeralda: Se machucou? Deixa eu ver!

Quasimodo: Não, espera, não!

Esmeralda tira o capuz de Quasimodo, o olha durante alguns


instantes. Ele fica fascinado, pois ela não sente medo dele.

Esmeralda: Viu? Não se machucou! Tente ser um pouco mais


cuidadoso!

Quasimodo: Obrigado, eu vou tentar!

Esmeralda: A propósito, bela máscara!

Ambos se distanciam, e o Festival volta ao normal. Esmeralda


sai de cena, Quasimodo fica e começa a aprender a coreografia.

Multidão: Às Avessas!

Clopin: Tem trompetes e Tambores!

Multidão: Às Avessas!

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Clopin: Ladras e Salteadores!

Multidão e Clopin: Que vem lá de Chartres e Calais! Nosso povo


é mais festeiro, sempre em seis de janeiro, às avessas brinca
a ralé!
Clopin, interagindo com Frollo e Febo: É bom demais! Corram,
peguem um bom lugar, o mistério está no ar! É bom demais! A
Mais linda vai dançar, e a festa abrilhantar, dance Esmeralda
já!

Clopin interage com Febo e Frollo, Quasi entra na multidão.


Ele anuncia Esmeralda, e a multidão vibra. Esmeralda dança
durante a música, usando um pano como aquelas fitas de
ginástica artística. Ao fim da dança de Esmeralda, a música
cessa e todos aplaudem. Ela e Clopin agradecem os aplausos, e
saúdam um ao outro.

Esmeralda: Senhoras e Senhores, sejam muito bem vindos a 78ª


Edição do Festival dos Tolos!

Clopin: Esse ano nós temos brincadeiras exclusivas, e brindes


ainda mais especiais!

Esmeralda: Sem falar nos doces que o Padeiro preparou


especialmente pra hoje.

Clopin: Ah mas Esmeralda, e se eu não tiver dinheiro para


comprar um?

Esmeralda: Ah Clopin, você pode tentar sua sorte na Rifa do


Festival, e ganhar além dos doces, um corte de cabelo no Salão
da Cabeleireira Leila!

Clopin: E se eu for careca?

Esmeralda: Aí você ganha uma peruca igual a do Silvio Santos!

Clopin: Aí eu vi vantagem, maoê!

Frollo: Viu só capitão, que apresentação…

Febo: Fantástica!

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Frollo: Horrível.

Febo: É claro, horrível, horrorosa.

Esmeralda: Clopin, o que nós fazemos com juízes metidos?

Clopin: Essa é fácil! A Gente nomeia eles pra ministro!

A multidão faz um “Oof”

Clopin: Mas agora, vamos para o principal evento do Festival.


Agora, nós vamos nomear, o Rei dos Bobos!

Esmeralda: Os candidatos à Rei dos Bobos, por favor, subam ao


palco com suas máscaras! Quem tiver a melhor máscara, vencerá!

A Multidão começa a aplaudir, e Quasimodo fica extremamente


feliz. Ele esbarra em Frollo, que nota sua presença.

Frollo: Quasimodo? O que está fazendo aqui?

Quasimodo: Mestre! Ai não

Quasimodo sai correndo, mas encontra com os candidatos à Rei


dos Bobos.

Esmeralda: Você vai competir? Que legal! Vem, vem!

Clopin: Vamos começar!

Os candidatos se viram para a plateia.

Clopin: Muito básica, sem cor, muito pequena, você já não usou
essa ano passado? Uau, essa aqui. Eu nunca vi nada igual!
Senhores, temos um vencedor!

Todos vibram, e balões caem em cima da plateia, inclusive o


próprio Quasi. Frollo está furioso. A Faixa 9 “Às Avessas -
Pt.2” começa a tocar, e Esmeralda conduz Quasi a um palanque.

Clopin: (Cantando) Tem que ser assustador, ficar assim! Ou


igual à gárgula, que é ruim!

Hugo (Do canto do palco): Ei!

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Clopin: Para que ao trono o rei dos tolos faça Jus!

Multidão: Às avessas!

Clopin: Se você não tem beleza!

Multidão: Às avessas!

Clopin: Venha ser a nossa alteza! Hoje não tem regra, nem tem
lei! Às avessas venha ser o rei!

Clopin (Falando, durante a parte instrumental da música): E


agora, seguindo a tradição, vamos ver como é o verdadeiro
rosto do nosso rei mascarado!

A música chega ao ápice, e cessa. Esmeralda tenta tirar a “a


máscara dele”, e todos percebem que é o rosto verdadeiro dele.

Figurante 1: Não é máscara!

Figurante 2: É o rosto dele!

Figurante 3: É horrível!

Figurante 4: É o Sineiro de Notre Dame!

Todos ficam impressionados. Frollo cruza os braços, e dá um


sorriso.

Frollo: Isso vai ser ótimo de assistir.

Clopin: Ca-calma aí pessoal, sem pânico! Nós pedimos o rosto


mais feio de Paris, e aqui está ele! Não é uma máscara, mas
continua sendo um rosto! He he.

A Multidão discute entre si.

Clopin: E então? Viva Quasimodo! O Corcunda de Notre Dame, e


Rei dos Bobos deste Ano!

Febo: Viva o Rei Quasimodo!!

Esmeralda: Viva!

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A Multidão vibra! Esmeralda abraça Quasimodo.

Quasimodo: Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida!

Frollo: Chega!

A Multidão se silencia

Frollo: Senhor Trouileffou...

Clopin: Me chame de Clopin, Claudinho!

Frollo: É Claude. Juíz Claude.

Clopin: Não é não, Claudinho. Não ouviu a letra? É tudo às


avessas!

Frollo: Que seja. As regras do concurso dizem claramente que a


máscara mais feia irá ganhar. E não o rosto. Se fosse assim,
eu mesmo teria inscrito este traste. Até porquê, ao que
parece, ele não serve nem para seguir ordens.

Quasimodo murcha um pouco

Frollo: Ele não merece a coroa de rei. Exijo que o prêmio seja
entregue a mim.

Clopin: Ô Claudinho, tá certo que você é feio, mas…

Frollo: Chega de insolência. Volte a falar e te levarei ao


Palácio da Justiça como prisioneiro. Tudo que Quasimodo ganhou
deve ser passado ao meu nome. Eu sou seu mestre, ele não
deveria nem ser chamado de humano.

Esmeralda: Não se preocupe, Quasimodo. Tudo ficará bem.

Frollo: Cigana! Se afaste deste palco.

Esmeralda: Sim meritíssimo! Assim que eu ajudar esta pobre


criatura.

Frollo: Eu a proíbo!

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Esmeralda: E eu faço mesmo assim!

Esmeralda ajuda Quasimodo a descer, e a multidão fica


impressionada.

Frollo: Como se atreve a me desafiar?

Esmeralda: Maltrata este pobre rapaz como maltrata o meu povo!


Fala de Justiça e é cruel com os que mais precisam de sua
ajuda!

Frollo: Silêncio!

Esmeralda sobe ao palco, se preparando para a desaparição

Esmeralda: Justiça!

Quasimodo: Obrigado!

Esmeralda: Disponha.

Frollo: Guarde minhas palavras, cigana. Vai pagar por esta


insolência!

Esmeralda: Então parece que coroamos o tolo errado! O único


tolo que vejo aqui é você!

A Multidão vai à loucura

Frollo: Capitão Febo, prenda-a!

Febo: Pra já, senhor. Guardas!

Os guardas cercam Esmeralda, e a multidão se posiciona de


forma que seja difícil ver o que há atrás de Esmeralda.

Esmeralda: Vamos ver… Um, dois, três… Tantos guardas contra


mim? O que uma pobre moça pode fazer?

Esmeralda começa a fingir chorar, e é aplicado o Truque 01, do


Desaparecimento. Todos ficam confusos, e procuram por ela.

Esmeralda ressurge em outro lugar

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Esmeralda: Procurando alguém? Vamos, Djali.

Febo: Pessoal, todo mundo calmo! Vamos resolver essa situação


com base no diálogo e na...

Frollo: Cerquem o perímetro! Eu quero Esmeralda viva!

Clopin: Corram, todos!

Quasimodo: Oh não, tenho que voltar pro campanário!

Um pandemônio se forma, e Febo tenta em vão, acalmar a todos.


No fim das contas, só ele fica no palco. Ele vai para frente
das cortinas, que se fecham atrás dele, enquanto o cenário da
próxima cena é montado.

Febo: Comunicação. Diálogo e Comunicação. Só se eu fosse um


padre, pra conseguir com que esse povo converse. É isso! Eu
sei onde ela está!

ATO III - CENA 1

Agora, o cenário é na Catedral novamente. Porém, estamos na


parte de baixo, sem as gárgulas, com bancos e estátuas de
santos. Esmeralda entra em cena, com Djali no colo.

Esmeralda: Chegamos, Djali. Aqui, eles não podem nos pegar.

Ela se senta em um dos bancos, e coloca Djali num deles.

Esmeralda: Um bode filhote e uma moça adulta presos dentro de


uma igreja com medo de um Juíz. Parece até peça de teatro!

Ela se levanta, e começa a olhar ao redor. Febo se aproxima


dela, mas ela percebe e o ameaça com a própria espada, assim
como no filme.

Esmeralda: Você de novo!

Febo: Calma aí, eu já fiz a barba hoje!

Esmeralda: Ah é? Faltou um pedacinho.

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Febo: Eu só quero uma chance de me desculpar!

Esmeralda: Pelo quê?

Febo: Por isso!

Febo saca outra espada, e a aponta na direção de Esmeralda.

Esmeralda: Seu canalha! Filho da...

Febo: Ãn Ãn Ãn, tá na igreja!

Esmeralda: É sempre assim, charmoso, ou eu dei sorte?

Eles começam a lutar, e a Faixa 17 “Homem x Monstro” começa a


tocar.

Febo: Espadas, música, privacidade. Perfeito para um combate a


dois!

Esmeralda: Vê se fica quieto!

Esmeralda quase acerta Febo, eles se aproximam com as espadas


em confronto.

Febo: Puxa, você luta quase tão bem quanto um homem!

Esmeralda: Engraçado, eu ia dizer a mesma coisa de você!

Febo: Esse golpe foi um pouco baixo, não acha?

Esmeralda: Não, mas esse aqui é!

Ela quase acerta os países baixos de Febo, ele desvia por


pouco mas acaba levando uma no ombro. Ao cair de joelhos, ele
nota Djali, que Bali pra ele. (Sonoplastia: Faixa 10 sempre
que Djali Balir)

Febo: Olha só, não sabia que tinha um bichinho!

Esmeralda: É, e ele não lida bem com soldados!

Febo: Eu sei, eu sei. Olha, eu sou Febo. Significa, Deus do


Sol.

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Febo sorri. Esmeralda olha pra platéia e olha de volta para
Febo, com uma cara de “Sério isso?”

Febo: E você é…

Esmeralda: Isso é um interrogatório?

Febo: Eu chamo de “Apresentação”

Esmeralda: Não vai me prender?

Febo: Não enquanto estiver aqui. Não posso.

Esmeralda: Hum. Você não é como os outros soldados.

Febo: Obrigado

Ambos baixam as espadas, esmeralda mais lentamente que Febo.

Esmeralda: Então, se não está aqui pra me prender, o que quer?

Febo: Me contento com seu nome.

Esmeralda: É Esmeralda

Febo: É lindo. Pelo menos, é melhor que Febo.

Esmeralda: Qualquer coisa é melhor que Febo. Parece nome de


Xampú.

Eles riem, e Esmeralda devolve a espada de Febo. Djali começa


a balir.

Esmeralda: O que foi Djali?

Frollo: Bom trabalho Capitão Febo, agora prenda-a.

Febo: Clame Santuário! Diga!

Esmeralda: Você me enganou!

Febo: Me escute, peça por santuário.

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Frollo: Estou esperando, capitão.

Febo: Esmeralda. Confia em mim

Esmeralda (hesitante) : Santuário?

Febo: Lamento senhor, ela pediu santuário. E a regra é clara:


Não posso prender ninguém que esteja protegido pela catedral e
tenha pedido santuário. Não posso fazer nada.

Frollo: Ora, então arraste ela para fora da catedral e…

Arcediago entra em cena, e se coloca entre Esmeralda e Frollo.

Arcediago: Frollo! Você não vai tocar nela! Não se preocupe, o


ministro Frollo aprendeu, anos atrás, a respeitar a santidade
da igreja.

Frollo (raivoso): Está bem! Mas não pense que me passou para
trás. Eu sou um homem paciente, e ciganos não sobrevivem entre
quatro paredes.

Esmeralda: O que você quer dizer com isso?

Frollo: Nada! Só estou imaginando uma corda nesse lindo


pescoço.

Esmeralda: Sei muito bem o que está imaginando.

Frollo: Você é uma bruxa esperta, mas confundir minha mente


não vai funcionar.Por quê não me conta como fez aquela mágica
lá fora?

Esmeralda: Acha mesmo que aquilo foi mágica?

Frollo: Claro que foi! O seu povo sujo usa todo tipo de coisa
para sair ganhando.

Esmeralda: Se eu pudesse usar mágica, você acha que eu


deixaria meu povo passando fome?

Frollo: Mas é cla… você é esperta. Bom, você escolheu uma


magnífica prisão, mas ainda assim é uma prisão. Ponha o pé lá
fora, e será minha!

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Djali bali novamente

Frollo: Silêncio. Vamos capitão, os guardas lá fora já


formaram um cerco em volta da catedral.

Febo: Senhor…

Frollo: Agora.

Os dois saem. Frollo, nervoso, mas Febo inseguro. Quando eles


saem, Esmeralda relaxa, e se vira para o Arcediago.

Esmeralda: Droga!

Djali Bali.

Esmeralda: Não se preocupe, Djali! Se Frollo acha que pode nos


manter aqui, está muito enganado!

Arcediago: Não se precipite, criança. Você criou um grande


tumulto no festival, não seria prudente irritá-lo ainda mais.

Esmeralda: O Senhor viu o que ele fez lá? Humilhou aquele


rapaz, e o tratou como se fosse sua propriedade! Eu achei que
se uma pessoa o enfrentasse, ele… Ah, sei lá!

Esmeralda suspira, se senta ao lado de Djali, e fazendo


carinho nele, se vira para Arcediago

Esmeralda: O que eles têm contra pessoas que são diferentes?


Qual o problema em ser quem você é, sem se esconder?

Arcediago: Você não pode consertar tudo que há de errado no


mundo sozinha.

Esmeralda: Ninguém lá fora vai me ajudar, com certeza.

Arcediago: Bom, talvez alguém aqui dentro possa.

Esmeralda olha para a estátua de Maria (Ou imagem, ou arranjo


com velas), e a Faixa 11 “Salve os Proscritos” começa a tocar.

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Durante o instrumental, Arcediago sai de cena

Esmeralda (cantando): Já ouvi falar seu nome. Você vai me


atender? Eu nem sei se meu pedido, vai aqui caber! É, eu sei
que sou proscrita. Não tenho berço algum. Mas senhora tão
bendita, já não foi alguém comum?

Com a chegada do Refrão, ela para de ir em direção à imagem e


canta de frente para a plateia. Ela se mostra esperançosa,
apesar de cansada. Ela parece suplicar, mas de forma ainda
composta.

Esmeralda: Salve os proscritos, pois não tem pão. Estão


aflitos, não há compaixão! Salve o meu povo, que tem fé
servil. Salve os proscritos, o mundo é hostil!

Entram vários figurantes, pelas laterais do palco e encobrem


Esmeralda. Os figurantes cantam em coro.

Coro: Eu peço luz. Eu peço unção. Eu peço à cruz com fé e


oração. Alguém fiel, a quem amar! Eu peço ao céu para
abençoar-me. (Pode ser playback nessa parte, ou pode ser só
instrumental também).

Os figurantes todos se abaixam, ficando somente Esmeralda em


pé. A Iluminação foca nela, e ela canta como nunca.

Esmeralda: Não peço por mim, Deus me valeu! Mas há tantos, por
fim, piores que eu. Salve o meu povo, os pobres tão sós! Eu
peço a Deus, que olhe por nós. Salve os proscritos, olhe por
nós!

O coro se dispersa, todos saem de cena. Esmeralda finaliza a


canção, volta ao encontro de Djali e fica com ele. Quasimodo
entra em cena, sem perceber Esmeralda no início.

Quasimodo: Mestre Frollo? Eu terminei de limpar os sinos da


Ala Oeste, como pediu! Mestre?

Esmeralda: Quasimodo?

Quasimodo percebe Esmeralda, e fica envergonhado.

Quasimodo: Oi! É, desculpe, eu… já estou indo!

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Quasimodo sai de cena, desajeitadamente. Esmeralda vai atrás
dele.

Esmeralda: Espere! Volta aqui! Vamos Djali.

ATO III - CENA 2

Agora, a história se passa na parte superior da catedral, com


as gárgulas, a corda do sino e a varanda. Quasimodo entra em
cena correndo, em pânico, e as Gárgulas descongelam.

Laverne: Quasi! Aí está você!

Victor: Como você está? Ficamos muito preocupados, ai meu


coração, tá tudo bem?

Quasimodo: Tá, tá, tá tudo bem, tô ótimo.

Hugo: Como assim “ótimo”? Você viu o que aconteceu lá embaixo?

Quasi tenta se desvencilhar das Gárgulas, mas não consegue.

Quasimodo: Vi, mas é que, não posso falar agora! Deixa eu


passar!

Laverne: Quasi… o que você está escondendo?

Esmeralda (fora de cena): Quasimodo?

As Gárgulas olham para a porta, e ficam de queixo caído.


Quasimodo se encolhe de vergonha.

Laverne: Quasimodo? Você fez uma amiga?

Hugo: Que mané amiga, Laverne! Amigos somos nós! Ele tem uma
cresh agora!

Victor: Não é cresh, é crush!

Hugo: Ah, você me entendeu!

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Laverne: Rápido, voltem pras posições! Ela não pode nos ver!

Elas voltam para as posições, e Quasimodo tenta, em vão,


impedir.

Quasimodo: Calma pessoal, o que eu faço?

Esmeralda entra em cena

Esmeralda: Olá? Ah, você está aí.

Quasimodo: É, eu tô. Ãhn… oi.

Esmeralda: Me desculpe por hoje mais cedo. Se eu soubesse quem


era, eu nunca teria te arrastado pro concurso!

Quasimodo: N-não se preocupe, não foi culpa sua. Agora, eu


tenho umas foisas pra cazer, digo, umas coisas pra fazer e...

Esmeralda: Que lugar é esse?

Quasimodo: É… onde eu moro.

Esmeralda: Uau! Que vista! Você deve ficar um bom tempo vendo
tudo o que acontece lá em baixo!

Quasimodo: É…

Hugo chama a atenção de Quasimodo

Hugo (cochichando): Ei! Puxa assunto!

Quasimodo: Eu… também gosto de desenhar!

Esmeralda: Desenhar?

Quasimodo: É, as pessoas que eu vejo lá embaixo.

Hugo: Quer que ela pense que você é psicopata?

Laverne ou Victor (Quem estiver mais perto) cutuca Hugo, e ele


fica quieto.

Esmeralda: Eu posso ver?

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Quasimodo: Ver o quê?

Esmeralda: Seus desenhos! Posso?

Quasimodo: É Claro! Aqui!

Quasimodo pega os desenhos que têm guardado, e mostra eles


para Esmeralda.

Esmeralda: Nossa! É o Ferreiro! E o Padeiro! Tem até aquelas


crianças que jogam bola perto da fonte! Se eu desenhasse bem
assim, não iria dançar no Festival por alguns trocados.

Quasimodo: Mas você dança muito bem!

Esmeralda: É, dá pra colocar comida na mesa. Mas isso que você


faz, é arte pura! Você é incrível, Quasimodo. E tem sorte de
ter tanto espaço só pra você.

Quasimodo: Bom, não é só pra mim. Também tem as gárgulas, e


claro, os sinos! Você gostaria de vê-los?

Esmeralda: Eu adoraria!

Quasimodo: Então vamos! Vou te mostrar todos!

Esmeralda: Está bem. Fique aqui Djali!

Esmeralda e Quasimodo saem de cena. As Gárgulas descongelam.

Laverne: Tô… passada. Ele… realmente achou alguém! Achei que


depois daquele desastre que foi a coroação do Rei dos Tolos,
ele fosse chegar em casa arrasado.

Hugo: Ai, eles crescem tão rápido. Parece que foi ontem que eu
trocava as fraldas dele.

Victor: Você nunca trocou as fraldas dele.

Hugo: Mas poderia ter trocado! Quer ver, vou só te mostrar.

Victor: Não, não, não precisa.

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Laverne: Vocês viram como a amiga nova do Quasi é linda?

Victor: Ela também foi muito gentil com ele, quis ver os
desenhos e tudo!

Hugo: Ela é maravilhosa! Já considero parte da família! Aquela


de vestido também!

Victor: Como assim? Nós já estamos falando da de vestido!

Hugo: E eu tô falando daquela bigodudinha, que eles deixaram


descansando ali!

Victor: Você quer dizer… daquele bode?

Hugo: Ei! Não precisa xingar a moça, você mal conhece ela!

Laverne: Era só o que me faltava! Agora xiu, fiquem quietos,


que eles já estão voltando!

As Gárgulas congelam de novo, e Quasimodo e Esmeralda voltam.

Quasimodo: E então? O Que achou?

Esmeralda: Incrível! Eu não sabia que eram tantos Sinos!

Quasimodo: É, são muitos!Mas, normalmente, eu toco só esse


aqui. Os outros são só pra ocasiões especiais.

Quasimodo mostra a corda para Esmeralda

Esmeralda: É um trabalho muito importante, o seu. E de bônus,


ainda tem uma vista dessas! (Esmeralda se aproxima da varanda,
olhando para a outra direção, e suspira) Daqui de cima é tudo
tão pequeno. Tudo perfeito. As pessoas parecem amigáveis, e o
mundo parece justo. Como se fosse outra cidade. Nada precisa
de luta, ninguém precisa de pena.Não há sofrimento. Eu poderia
ficar aqui para sempre.

Quasimodo: Você pode!

Esmeralda (ri levemente): Não… não posso.

Quasimodo: Pode sim! Dentro da catedral, você está protegida!

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Esmeralda: Tenho proteção, mas não tenho liberdade. “Os
ciganos não sobrevivem entre quatro paredes”.

Quasimodo: Mas você não é como os outros ciganos! Eles são…


maus.

Esmeralda volta a olhar para Quasimodo, que se encolhe


levemente. Eles se aproximam, e se sentam nos banquinhos, para
conversar.

Esmeralda: Quem disse isso?

Quasimodo: Meu mestre, Frollo. Ele me criou.

Esmeralda: Como um homem tão cruel criou alguém como você?

Quasimodo: Cruel? Não, ele não é cruel, ele salvou minha vida!
Me deu uma casa, e me acolheu quando ninguém me quis. Afinal,
eu sou um monstro!

Esmeralda: Ele te disse isso?

Quasimodo: E precisa dizer? Olhe pra mim!

Esmeralda fica pensativa, e depois, dispara.

Esmeralda: Me dê sua mão.

Quasimodo: Por quê?

Esmeralda: Eu quero vê-la! (Ela pega a mão de Quasimodo, e


analisa por alguns instantes) Hum… uma longa linha da vida! E
esta linha diz que você é tímido. Olha só! Que engraçado…

Quasimodo: O quê?

Esmeralda: Eu não vejo nenhuma…

Quasimodo: Nenhuma o quê?

Esmeralda: Linha de Monstro. Nem uma linhazinha.

Quasi admira sua mão por alguns instantes.

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Esmeralda: Agora olhe pra mim. Acha que eu sou má?

Quasimodo: Não! Você é agradável, gentil e…

Esmeralda: E cigana. Agradável, gentil e cigana. Talvez,


Frollo esteja errado sobre nós dois.

Esmeralda volta a ler a mão de Quasimodo, que presta atenção


atentamente. As gárgulas descongelam, rapidamente.

Victor (cochichando): Alguém conseguiu ouvir o que ela disse?

Hugo: Ela disse que o nariz do Frollo é quadrado e que ele usa
pó de arroz.

Victor: Há! Eu sabia!

Laverne: Xiu!

Quasimodo interrompe a leitura de mãos de Esmeralda, e as


gárgulas congelam novamente.

Quasimodo: Você me ajudou. Agora é minha vez de ajudar você!

Esmeralda: Mas não tem como sair! Frollo colocou soldados em


todas as portas!

Quasimodo: Não vamos usar uma porta!

Quasimodo pega uma corda, que estava guardada.

Esmeralda: Espera… você tá pensando em descer pelas paredes?

Quasimodo: É claro! Você cuida dele (aponta para Djali) e eu


cuido de você!

Esmeralda: Ok, pode funcionar! Está pronto Djali?

Djali Bali, e Esmeralda o pega no colo. Quasimodo joga a corda


para fora de cena, e alguém fora do palco segura a corda, para
parece que eles vão descer por ela. Quasimodo “desce”
primeiro.

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Quasimodo: Não precisa ter medo!

Esmeralda: Eu não estou com medo!

Esmeralda começa a descer, e balança levemente a corda.

Esmeralda: Uou! Agora estou!

Quasi: O Segredo é não olhar para baixo!

Djali bali desesperadamente, quase gritando.

Esmeralda: Ei, calma aí! Já estamos quase chegando.

Eles continuam, e finalmente, saem de cena.

ATO III - CENA 3

Não há mudança de cenário, mas as Gárgulas descongelam.

Victor: (Exageradamente) OH! Vocês viram isso! Eles fugiram!


Agora estão livres das garras de Frollo, da repressão, livres
do mundo!

Hugo: Será que eles vão voltar?

Laverne: Ela eu não sei, mas o Quasi vai. Ele não deixaria a
gente aqui. Ou deixaria?

Victor: Laverne, não foi você que queria que ele fosse pro
festival?

Laverne: Sim, mas… uma tarde fora é uma coisa. Agora, mudar de
vida, com uma pessoa que acabou de conhecer?

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Hugo: Acho que vocês dois estão exagerando. Deve ter sido só
um passeio.

Victor: A Guarda inteira de Paris está atrás dela, e ele é o


Corcunda de Notre Dame. Que tipo de passeio é esse!

Laverne: E já está ficando tarde… será que a gente devia ir


atrás dele?

Hugo: De que jeito? Nós somos pedras! Pedras! Talvez a gente


nem seja de verdade. Talvez a gente só seja alucinação da
cabeça do Quasi. Já pararam pra pensar que ninguém além dele
sabe que nós falamos?

Victor: É, é verdade. Mas também, fica difícil se apresentar


pra alguém quando você não tem umbigo, e tem um musgo
crescendo atrás da sua orelha.

Quasimodo vai voltando pela corda

Laverne: É ele!

Victor: Viva! Você voltou?

Hugo: Ué, cadê as meninas?

Quasimodo: Meninas? Que meninas?

Laverne: Ele tá falando da Esmeralda, e do Bode dela.

Quasimodo: Ah, sim. Ela, quer dizer, eles fugiram mesmo. A


gente desceu a catedral juntos, por pouco não nos viram.

Hugo: Sério? Conta mais, conta mais!

Victor: Eu amo ouvir essas histórias!

Quasimodo se senta, e Victor e Hugo se sentam à sua frente,


para ouvir a história.

Laverne: Que coisa feia, o rapaz mal entrou em casa e vocês


dois já querem saber de tudo, seus fofoqueiros! (Laverne para,

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de braços cruzados, olhando para a platéia) Mas assim… se o
babado for forte mesmo…

Quasimodo: Hehe, pode vir Laverne!

Laverne se senta também, e as gárgulas parecem três crianças


ouvindo a história.

Quasimodo: Bom, nós estávamos descendo pela torre mais alta,


quando vimos os guardas lá no portão. Eu fiz uma manobra
incrível, com ela no colo e o Bode no colo dela. Deve ter dado
uns 3 ou 4 mortais. Daí, nós chegamos perto do chão, e eu
joguei uma pedra numa janela perto do beco, que chamou a
atenção dos guardas. Eles foram pra lá, ver o que estava
acontecendo.

Hugo: E depois?

Quasimodo: Depois, eu disse pra Esmeralda que ela tinha que


ir, enquanto eles estavam distraídos. Daí, ela disse “Venha
comigo, para o Pátio dos Milagres”, mas eu disse que não, que
o meu lugar era aqui, com vocês. Então, ela disse que iria vir
me visitar, e meu deu um… beijo!

Gárgulas: O quê?

Quasimodo: Calma, foi na bochecha. Mas ainda assim foi um


beijo. E ela também me deu isto:

Quasimodo ergue o colar que Esmeralda o deu, para que todos


vejam.

Victor: Um colar! E o que está desenhado nele?

Quasimodo: Parece algum tipo de mapa. Eu ainda não sei o que


é, exatamente, mas ela me disse que, enquanto eu estiver com
esse colar no pescoço, terei um milagre sempre que precisar.

Hugo: Nossa (Pausa) que presente mais esquisito.

Laverne: Esquisito nada! É ótimo!

Febo (Fora de cena): Ô de casa! Tem alguém aí! Esmeralda!

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Laverne: Ai não, estão atrás dela!

Hugo: Deve ser algum soldado!

Quasimodo: Se escondam, vocês! Eu cuido disso.

Victor: Toma cuidado, Quasi. Qualquer coisa, grita!

As Gárgulas voltam às suas posições. Quasimodo pega alguma


coisa para se defender. Febo entra em cena

Febo: Olá? Com licença, você viu pra onde a cigana foi? Sabe
onde ela está?

Quasimodo (Bravo): Isto aqui é um santuário! Soldados não são


bem vindos! Saia!

Febo: Espera! Eu não quero o mal dela!

Quasimodo: Fora daqui!

Febo: Eu não quero machucá-la!

Quasimodo: Não me interessa! Saia daqui agora!


Febo saca sua espada, mas Quasimodo não recua. Eles se encaram
durante alguns instantes.

Febo: Só diga a ela, que eu não quis prendê-la aqui. Foi o


único meio de salvá-la.

Quasimodo desarma levemente, e fica impressionado.

Febo: Você diria isso pra ela? Diria?

Quasimodo: Só se você sair daqui agora.

Febo: Está bem.

Febo guarda a espada, e está quase saindo de cena quando se


lembra de algo.

Febo: Ah, e diga a ela também, que ela tem sorte.

Quasimodo: Sorte? Por quê?

43
Febo: Por ter um amigo como você.

Febo sai de cena, e Quasimodo fica um tempo atônito. As


gárgulas despertam, e celebram.

Victor: Você dispensou aquele palhaço metálico com grande


coragem!

Hugo: Que cara de pau, ter vindo até aqui em cima pra pegar
sua Cresh!

Quasimodo: Quem?

Laverne: Ele tá falando da Esmeralda! Morena, olhos verdes,


trabalha com o bode, lembra?

Hugo: Eu lembro! Dá-lhe Don Juan!

Quasimodo: Don Juan? Ah, para com isso gente.

Laverne: Não seja modesto!

Quasimodo: Olha, eu sei o que estão fazendo, e eu agradeço.


Mas não vamos nos iludir. (Aponta para si mesmo) O rosto mais
feio de Paris, lembram? Acho que não sou o tipo dela.

Faixa 12 - “Luz Celestial” começa a tocar.

Quasimodo (cantando): Por tantas vezes vi. À noite, por aqui,


a alegria de um casal. Há sempre um brilho à volta dos dois. é
uma luz celestial!

As gárgulas chegam, e consolam Quasimodo

Quasimodo: Mas triste eu estou. A luz pra mim faltou. E essa


falta me faz mal. Um rosto horrível como o meu, não tem a luz
celestial!

Uma das gárgulas sai e pega papéis e lápis para todos. Todos
começam a desenhar. Quasimodo desenha um pouco, sai cantando e
“flutuando”, e volta a desenhar.

44
Quasimodo: Porém chegou um anjo, e me beijou no rosto, eu me
senti um ser normal! Eu ouso crer, que enfim, surgiu alguém
pra mim. Minha alegria é total! Já vejo um brilho angelical!

As gárgulas mostram seus desenhos. Victor e Laverne mostram


versões cartunizadas de Esmeralda, e Hugo mostra um desenho do
bode. No último verso da música, Quasimodo mostra seu desenho,
que é belíssimo.

Quasimodo: É a tal luz celestial!

Quasimodo toca o sino da catedral. “Luz Celestial” se encerra,


e a Faixa 13 - “Fogo do Inferno” começa. As cortinas fecham, e
o número de Frollo começa à frente da cortina.

ATO III - CENA 4

É mostrada uma placa: Enquanto isso, no Palácio da Justiça.


Frollo entra em cena, e começa a cantar. A Iluminação fica
nele.

Frollo (Cantando): Beata Maria, eu sou um homem justo e bom, e


por isso posso me orgulhar. Beata Maria, sei que é mais puro o
meu dom do que o da plebe fraca e tão vulgar.

Frollo tira o lenço de Esmeralda do bolso

Frollo: Me diga, Maria, por que eu a vi dançar, por que seu


olhar me incendiou? Eu sinto, e vejo, os seus cabelos a
brilhar, foi essa chama que me abrasou.

Figurantes de Capuz vermelho (Ou segurando tecidos vermelhos)


entram, no ritmo da música.

Frollo: Qual fogo, do inferno, tal fogo arde em mim! Desejo,


eterno, do mal é o estopim.

Frollo cai de joelhos, os figurantes se viram para Frollo.

Frollo: Não é a mim!

45
Coro: Mea Culpa!

Frollo: A quem culpar!

Coro: Mea Culpa!

Frollo: Foi a cigana bruxa a me enfeitiçar! Não é a mim!

Coro: Mea Culpa!

Frollo: Pois afinal!

Coro: Mea Culpa!

Frollo: Deus fez o homem bem mais fraco do que o mal!

O Coro se dispersa, e os figurantes saem de cena, chacoalhando


os tecidos vermelhos.

Frollo: Me salve Maria!Não deixe que ela lance mão, do mal que
me consome em seu ardor!Destrua Esmeralda, que ela queime em
aflição, ou que seja meu, só meu, o seu amor!

Um Guarda entra pelo canto do palco.

Guarda: Juiz Frollo, a cigana fugiu.

Frollo (Falando): O Quê?

Guarda: Ela não está na catedral, sumiu!

Frollo (Falando): Mas como? (...) Deixe pra lá, saia idiota!
Vou achá-la, vou achá-la nem que tenha que Incendiar toda a
Paris!

Frollo (Cantando): Cigana do inferno, você vai escolher. Meu


beijo, tão terno, ou no inferno arder!! Piedade dela, piedade
de mim. Mas minha será ou vai arder!

Frollo termina seus vocais, e a música se encerra.

Frollo: Me aguarde Esmeralda, me aguarde.

46
E sai, ferozmente. Clopin e Pierre entram em cena, para narrar
os acontecimentos.

Clopin: Frollo prometeu, e cumpriu. Nos dias seguintes, ele


iniciou uma perseguição por toda a cidade.

Pierre: Mais uma?

Clopin: E dessa vez, ainda mais cruel. Ele começou pelas casas
do campo. Ele batia, de porta em porta, e perguntava se as
pessoas haviam visto Esmeralda, e sempre que as pessoas
respondiam que não, ele revirava suas casas e as prendia -
estivessem elas falando a verdade, ou não.

Pierre: E por quê ninguém fazia nada?

Clopin: A maioria das pessoas tinha medo de Frollo, por ele


ser um juiz tão poderoso. As outras, estavam ocupadas fugindo
dele. Ele também ofereceu dinheiro para que os ciganos
capturados revelassem a localização de Esmeralda, uma espécie
de delação premiada, mas mesmo assim, eles não falavam nada, e
a moça continuava desaparecida.

Pierre: Então quer dizer que, mesmo presos, os ciganos


permaneciam leais à ela?

Clopin: Exatamente! Depois de prender mais de 300 pessoas em


apenas dois dias, dentre elas homens, mulheres e crianças,
Frollo tomou uma atitude desesperada.

Pierre: Ah é? E o que foi que ele fez?

Clopin: Ele começou a interrogar, em praça pública, os ciganos


que já estavam presos, na esperança de descobrir a localização
do Pátio dos Milagres. Ele era muito arrogante para
reconhecê-los, mas no terceiro dia de perseguição, Adílio e
Anabela foram interrogados.

Pierre: Adílio e Anabela? E quem são esses?

Clopin: Os ciganos que vimos no começo da história! O pai e a


mãe de Quasimodo.

Pierre: Uau!

47
Eles saem de cena

ATO IV - CENA 1

As cortinas se abrem, e o cenário é das ruas de Paris, com a


Catedral de Notre Dame ao fundo. Em cena, estão dois guardas,
que trazem Iago, Adílio e Anabela, algemados. Eles já estão
mais velhos. Alguns figurantes observam a cena, curiosos.
Frollo e Febo entram.

Guarda 1: Senhor, aqui estão eles.

Guarda 2: Os ciganos que foram condenados à prisão perpétua 20


anos atrás, como pediu.

Frollo: Excelente. Vou ser bem objetivo: Estou procurando por


uma cigana em particular: Esmeralda. Lhes ofereço 20 moedas de
prata pela localização dela.

Iago: Não conhecemos nenhuma Esmeralda seu… (Um guarda olha


para Iago, e ele murcha) meritíssimo.

Frollo: Hum… bom, de fato vocês estão presos a muito tempo,


acho que não chegaram a conhecê-la. Mas tenho certeza de que
vão saber me informar outra coisa. Eu quero a Localização do
Pátio dos Milagres.

Anabela: Nós… não sabemos.

Frollo: Não tente me enganar, sei que sabem.

Anabela: Sabíamos… a localização do Pátio muda de 5 em 5 anos,


e já faz 20 anos que estamos aqui.

Frollo: É mentira! Sei que está mentindo!

Anabela: Não! Digo a verdade, meritíssimo.

Frollo: Calada. Só fale quando eu pedir.

48
Adílio: Por favor, não faça nada com ela! Ela está falando a
verdade!

Frollo: Se estão falando a verdade, não há porque temer,


cigano.

Frollo vira as costas para eles

Frollo: Mas sei que estão mentindo. Capitão, acabe com eles.

Febo: O quê?

Anabela: Não! Por favor!

Iago: Não ouviu que ela falou a verdade?

Frollo: Vamos capitão, serão três a menos na conta.

Febo: Com todo respeito senhor, não fui treinado para matar
inocentes.

Frollo: Mas foi treinado para obedecer ordens. Acabe com eles.

Febo se aproxima de Iago, Adílio e Anabela e saca sua espada.


Ele hesita por um momento.

Febo: Não!

Ele usa a espada para cortar as cordas

Iago, Anabela e Adílio: Obrigado! Muito obrigado!

Febo: Corram! Fujam!

Os três fogem, e Frollo encara Febo.

Frollo: Me desafiando, capitão? Uma péssima decisão. A pena


para insubordinação, é a morte. Guardas!

Febo luta, durante algum tempo, mas os guardas conseguem


prendê-lo. Porém, Adílio e Iago voltam à cena e seguram os
dois guardas. Anabela vai ao socorro de Febo.

Febo: Por quê voltaram?

49
Anabela: Não poderíamos te deixar para trás! Além disso, nós
trouxemos reforços!

Frollo está se aproximando dos dois, mas Esmeralda entra em


cena e acerta a cabeça de Frollo por trás, que cai,
inconsciente.

Febo: Esmeralda!

Esmeralda: Vamos, temos que sair daqui! Eu sei um lugar que


podemos ir!

Eles saem de cena, deixando Frollo e os dois guardas caídos.


Depois de um tempo, Frollo acorda, com dor.

Frollo: Ai… onde estou… onde está o capitão? Ah, os ciganos.


Acordem, seus imbecis! Vamos continuar procurando Esmeralda.

Os três se levantam, e vão para frente da cortina, que se


fecha atrás deles. A equipe do cenário já faz a transformação
das ruas de parias para o interior da Catedral, no sótão.

Guarda 1: Senhor, nós procuramos por todo lugar. Já ateamos


fogo à 15 casas só hoje, o senhor não acha que está indo longe
demais?

Frollo: Achei que eu tivesse sido claro quando disse que a


pena por insubordinação era a morte.

Guarda 1: Foi claro, sim senhor! Muito claro!

Frollo: Ótimo. Para onde vamos agora?

Guarda 2: Já reviramos todos os bairros da cidade, ela não


está em lugar nenhum! Precisamos de uma nova estratégia, se
não quisermos ficar rodando em círculos

Frollo: Bem pensado, tenente. As portas da catedral estavam


sendo vigiadas pela guarda inteira, não havia como ela ter
escapado. A menos que… ela tivesse tido ajuda de dentro.
Vamos! Eu sei onde devemos procurar.

Eles saem de cena.

50
ATO IV - CENA 2

As cortinas se abrem, e Laverne, Hugo e Victor estão olhando


para Paris lá de cima.

Laverne: É, as coisas estão bem ruins.

Victor: Não adianta, é caso perdido! Pobre moça, tudo está


dando errado.

Laverne: Tá bom, mas não diga nada ao Quasimodo, ele já tem


muitas preocupações.

Hugo: Tem razão, é melhor aliviar. Aí vem ele!

Victor: Tá bom, então fiquem calmos. Nenhuma palavra. Duros e


frios como pedra.

Quasimodo entra em cena, preocupado

Quasimodo: Algum sinal dela?

Victor resiste um pouco, mas não muito.

Victor: Ai meu deus, está um caos! Ela pode estar em qualquer


lugar! No tronco, no calabouço, em outro país! É demais pro
meu coração!

Victor começa a chorar no ombro de Quasimodo

Laverne: Muito bem, Victor!

Quasimodo: Ele tem razão. O que eu faço?

Hugo: Porquê a preocupação? Se eu conheço a Esmeralda,ela está


15 passos à frente de Frollo e fora de perigo.

Quasimodo: Você acha isso mesmo?

Hugo: É claro!

Hugo começa a comer um sanduíche, e fala de boca cheia.

51
Hugo: Ela só está sumida porque o seu mestre enlouqueceu e
está botando fogo em casas de pessoas inocentes. Assim que as
coisas esfriarem, ela vai voltar.

Quasimodo: Como pode ter tanta certeza?

Laverne: Ué, ela gosta de você! Eu sabia que você era o nosso
bonitinho!

Hugo: Pensei que eu fosse o bonitinho!

Laverne: Não, você é o idiota que come que nem um porco!

Hugo (Ainda de boca cheia): Como assim? Não entendi. O que


você quer dizer com isso?

Laverne: Não tem com o que se preocupar Quasi!

Victor: Um cavaleiro de armadura não é o que ela quer. Esses


caras, ela pode encontrar em qualquer lugar!

Hugo: Você é único! Eu nunca vi ninguém como você!

Quasimodo: É, eu também não..

Victor (cutuca Hugo): O que o Hugo quis dizer é que você tem
uma personalidade única! É que ele não sabe usar bem as
palavras.

Hugo: Como assim, não sei usar bem as palavras?

Victor: Seu Quociente de Inteligência reflete o seu nível de


sagacidade na prática, e é de fato impressionante como ainda
está vivo.

Hugo (para Laverne): O que foi que ele disse?

Laverne: Que você é burro.

Hugo: O quê? Ah, agora eu sou o burro! Agora, eu não sirvo pra
nada. Até agora pouco era “Ain, que ótima ideia Hugo”, “Nossa
Hugo, bem pensado” mas agora, o Hugo é burro. Eu quero ver o
dia que eu for embora dessa casa, aí você vai me dar valor.

52
Victor: E pra onde é que você vai hein Hugo? Em que lugar uma
gárgula de Pedra que fede à esterco vai conseguir morar?

Hugo: É essa gárgula fedida a esterco que bota o pão na mesa


dessa casa!

Victor: Mentira! Quem bota o pão na mesa é o Quasi, a única


coisa que você bota na mesa é essa sua boca enorme pra comer o
pão que era dos outros. Você nunca ajuda ninguém!

Hugo: Ajudo sim! Tanto que sou eu quem vou ajudar o Quasi a
conquistar a Esmeralda!

Victor: Você? Você não conseguiria conquistar nem o bode dela!


Eu que vou ajudar o Quasi.

Quasimodo: Gente, na verdade eu prefiro a ajuda da Laverne

Hugo e Victor: Quieto!

Os dois começam a argumentar, até que Laverne interrompe,


gritando.

Laverne: Tão gritando por que?

Victor e Hugo ficam emburrados um com o outro, e Laverne se


acalma.

Laverne: Calma, calma aí meninos. Vamos resolver isso de uma


forma civilizada. 5 minutos de porradaria sem perder a
amizade.

Quasimodo: O quê? Não, tá ficando doida?

Laverne: Xiu, é a chance que a gente tem de se livrar deles!

Esmeralda vai entrando. Ela passa por entre as cadeiras da


plateia.

Esmeralda: Quasimodo! Quasimodo!

Quasimodo: Esmeralda? Vamos, voltem pros seus lugares!


Esmeralda!

53
Esmeralda: Quasimodo!

Quasimodo: Esmeralda, você está bem! Sabia que você voltaria!

Eles se abraçam

Esmeralda: Já fez muito por mim, meu amigo. E mais uma vez
preciso da sua ajuda!

Quasimodo: Claro, o que quiser.

Iago entra com Febo apoiado nele.

Esmeralda: Este é Febo. Ele está ferido, e é foragido assim


como eu. Não pode ir muito longe, e sei que estará a salvo
aqui. Pode escondê-lo pra mim?

Quasimodo: Vamos, por aqui.

Quasimodo vai na frente, e os outros vão atrás. Quasimodo


coloca uma almofada no chão, e Febo deita nela. Iago e
Esmeralda sentam perto dele, Quasimodo observa de certa
distância.

Febo (Cansado e fraco): Esmeralda…

Esmeralda: Shh. Ficará aqui até ter forças.

Iago: Deixamos um pouco de álcool lá fora, vou pegar para


limpar os ferimentos.

Iago sai de cena. Ele ainda não percebeu que Quasimodo está
ali.

Esmeralda: Você arriscou sua vida para salvar aquelas pessoas.


Ou é o soldado mais corajoso que já vi, ou o mais louco.

Febo: Ex-soldado, se lembra? (Grunhe de dor) Por quê será que


sempre que nos vemos, eu acabo ferido?

Esmeralda: Você teve sorte. Os guardas estavam mirando o seu


coração.

54
Febo pega a mão de Esmeralda, e coloca em seu peito.

Febo: Eu acho que eles acertaram.

Esmeralda e Frollo se olham, apaixonados. Quasimodo observa a


cena, horrorizado. O tempo para. A Luz foca em Quasimodo, e
Quasimodo pega o desenho que fez de Esmeralda. Faixa 14 (Ou
Acapella) começa.

Quasimodo (cantando): Mas triste eu estou, a luz pra mim


faltou, e essa falta me faz mal. Um rosto horrível como o meu,
não tem a luz celestial.

Ele abraça a foto, chorando. Depois de um tempo, a luz volta


ao normal, e Febo adormece. Iago entra, correndo e gritando.

Iago: Esmeralda! Esmeralda! Frollo está aí. Ele está entrando


na catedral!

Esmeralda: O Quê?

Iago: Temos que sair daqui!

Esmeralda: Certo. Quasimodo, você pode esconder Febo?

Quasimodo: Eu…

Esmeralda: Por favor!

Iago percebe quem Quasimodo realmente é. Quasimodo suspira, e


depois responde:

Quasimodo: Está bem. Agora corra!

Esmeralda: Obrigada meu amigo!

Iago: Espera. Você é Quasimodo?

Quasimodo: Eu… sou.

Iago: O Sineiro de Notre Dame. É claro! Foi aqui que Frollo te


trouxe depois de prender sua mãe.

55
Quasimodo: Você conheceu minha mãe?

Iago: É claro que conheci! Nem acredito que estou te


encontrando. Você é o filho…

Frollo (Fora de cena): Quasimodo! Onde você está?

Esmeralda: Temos que ir agora! Prometo que trarei Iago de


volta para conversar com você, Quasi. Mas agora temos que ir!

Esmeralda e Iago saem correndo, em meio a plateia. Quasimodo


fica desesperado. As gárgulas despertam rapidamente.

As Gárgulas: A Coberta! Jogue a coberta em cima dele!

Quasimodo joga a coberta em cima de Febo, e Frollo entra.

ATO IV - CENA 3

Não há mudança de cenário. As gárgulas congelam novamente.

Quasimodo: Olá mestre! E-eu não sabia que viria.

Frollo: Sempre tenho tempo para ficar com você, Quasimodo.

Os dois se olham durante algum tempo, Quasimodo bem Nervoso.


Febo se mexe, levemente. Frollo olha para o cobertor, e
Quasimodo corre para sentar a frente de Febo.

Frollo: Há alguma coisa lhe perturbando, Quasimodo?

Quasimodo: Não, não há nada.

Frollo: Há, há alguma coisa sim. Acho que está… escondendo


alguma coisa.

Quasimodo: Não, não estou, mestre.

Febo faz um grunhido de dor, e Quasimodo bate nele,


discretamente.

Febo: Ai!

Frollo: O que foi isso?

56
Quasimodo: Ai! Fui eu! Eu… mordi minha língua!

Febo boceja

Quasimodo: Cala a boca!

Frollo: O que disse?

Quasimodo: Eu disse... na minha boca! É… porquê… porquê a


língua, que eu mordi, fica na minha boca! É… não teria como eu
ter mordido a sua língua, por exemplo, né?

Frollo estranha

Frollo: Aham. Tem alguma coisa diferente aqui…

Quasimodo: Não, está tudo igual, mestre!

Frollo nota o desenho de Esmeralda no chão.

Frollo: Olha só… que desenho bonito! Nunca tinha visto antes.
Parece até com a… cigana.

Quasimodo fica assustado.

Frollo: Ah. é claro.

Frollo começa a se alterar

Frollo: Você ajudou-a a escapar! Agora, Paris está em chamas,


e a culpa é sua!

Quasimodo: Ela foi bondosa comigo, mestre.

Frollo começa a surtar

Frollo: Seu idiota! Não foi bondade, foi enganação! Ela é uma
cigana! As ciganas não são capazes de amar de verdade!
Raciocine! Pense na sua mãe!

Quasimodo (emocionado): Minha mãe…

57
Os dois estão ofegantes. Frollo se recompõe, depois de algum
tempo.

Frollo: Mas que chance uma pobre criança deformada como você
poderia ter contra a deslealdade pagã dela? Bom, não importa
Quasimodo. Esmeralda sairá de nossas vidas logo logo.

Frollo rasga o desenho de Esmeralda.

Frollo: Eu vou livrá-lo desse feitiço. Ela não vai mais


atormentá-lo.

Frollo começa a se dirigir à saída, ainda rasgando o desenho.

Quasimodo: Como assim?

Frollo: Conheço o esconderijo dela. E amanhã de manhã,


atacarei com mil homens.

Quasimodo, chocado, coloca o rosto entre as mãos. Depois de um


tempo, Febo se levanta dos cobertores.

Febo: Temos que encontrar o Pátio dos Milagres antes do


amanhecer. Se Frollo chegar lá primeiro… Você vem comigo?

Quasimodo suspira.

Quasimodo: Não posso.

Febo: Pensei que fosse amigo da Esmeralda.

Quasimodo: Frollo é meu mestre, não posso desobedecê-lo de


novo.

Febo: Ela defendeu você! Você tem um jeito estranho de


demonstrar gratidão.

Quasimodo senta de costas para Febo

Febo: Bom, eu não vou ficar aqui sentado vendo Frollo


massacrar pessoas inocentes. Faça o que achar certo!

58
Febo sai de cena, com a mão no braço machucado. Quasimodo
bufa. Laverne pigarreia, as três gárgulas querem que ele vá
com Febo.

Quasimodo: O que que é? O que vocês querem que eu faça? Querem


que eu saia e salve a moça das garras da morte, para que a
cidade toda possa me aclamar como se eu fosse um herói? Ela já
tem um cavaleiro de armadura, e não sou eu!

Victor: Quasimodo, não é a armadura que faz o herói. São suas


atitudes. O Febo sempre usou armadura, mas você só percebeu o
heroísmo dele quando ele defendeu Esmeralda.

Quasimodo: Mesmo assim, eu não sou como ele. Eu tenho medo!

Victor: Que bom! Isso significa que você é humano. Pra ser
herói, tudo bem ter medo. Desde que você enfrente.

Quasimodo se desanima.

Quasimodo: Mas eu não sei se posso fazer isso. Frollo tinha


razão. Sobre tudo! Já estou cansado de tentar ser algo que não
sou.

Quasimodo olha para sua mão.

Quasimodo: Se bem que, ela não viu nenhuma linha de monstro.

Quasimodo pega o desenho de Esmeralda do chão, e o admira por


alguns instantes. Depois, ele levanta seu colar.

Laverne: Acho que você já tomou sua decisão.

Laverne entrega uma capa para Quasimodo

Quasimodo: Eu devo estar ficando louco.

Quasimodo sai de cena, e as cortinas se fecham.

ATO V - CENA 1

Febo está entrando em cena, à frente das cortinas, quando


Quasimodo entra e o chama.

59
Quasimodo: Febo!

Febo: Aaah! Que susto!

Quasimodo: Eu vou com você!

Febo: Fico feliz que tenha mudado de ideia.

Quasimodo: Faço isso por ela, e não por você.

Febo: Sabe onde ela está?

Quasimodo: Não, mas ela disse que eu poderia encontrá-la


usando isso.

Quasimodo dá o colar para Febo

Febo: Uh, bom, bom, ótimo! O que é?

Quasimodo: Eu não sei.

Febo: Deve ser um código. Talvez seja árabe! Não, deve ser
grego…

Esmeralda (Fora de cena, um áudio, Faixa 15): “Enquanto


estiver com esse colar, terá um milagre sempre que precisar…”

Quasimodo: Deve ser um mapa!

Febo: Um mapa?

Quasimodo: Sim! Aqui tem o Rio, e aqui, a catedral. Então este


ponto deve ser o pátio dos milagres!

Febo: Não, isso não deve ser um mapa. Eu não vejo nenhum mapa
aqui!

Quasimodo: Eu moro no alto desta torre a 20 anos, sei como é a


cidade de cima!

Eles começam a discutir, e depois de um tempo, Febo


interrompe:

60
Febo: Tá bom, se você diz que é um mapa, é um mapa. Mas se
quisermos encontrar Esmeralda, precisamos trabalhar juntos.
Então… trégua?

Febo dá um tapinha gentil nas costas de Quasimodo.

Quasimodo: Trégua.

Quasimodo dá um tapa forte nas costas de Febo

Febo: Ai!

Quasimodo: Foi sem querer!

Febo: Não foi não.

Eles saem de cena.

ATO V - CENA 2

As cortinas se abrem, e Quasimodo e Febo entram, novamente. Há


um símbolo no palco, e alguns cacarecos e até um crânio
jogados aqui e ali.

Febo: É a sua primeira vez?

Quasimodo: O quê?

Febo: Saindo da torre. Digo, desde o Festival.

Quasimodo: Ah… é.

Febo: Percebi. Você deveria sair mais. Paris é uma cidade


muito bonita.

Quasimodo: Só por cima. De perto, são todos cruéis. Num


momento estão te aplaudindo, no outro falam que você é um
monstro.

Febo: Mas ficar dentro da catedral não te impediu de sofrer.

Quasimodo: Você quer me dar lição de moral?

61
Febo: Não, só estou dizendo que existem pessoas boas e ruins
em todo lugar, mas você tem que procurar por elas. Veja, se
você nunca tivesse saído do campanário, nunca teria conhecido
a Esmeralda.

Quasimodo: É… mas o campanário não é assim tão ruim. Na


verdade, é bem bonito. Os vitrais, os sinos, as gárgulas. Tudo
carrega uma história. E morando lá, eu sinto como se fosse
parte dela.

Febo: Deve ser fantástico. Mas quando pretende construir sua


própria história, ao invés de fazer parte da história alheia?

Quasimodo: Eu tenho uma história! Você que não tem uma


história!

Febo: É claro que eu tenho uma história. Eu sou um soldado,


vim da guarda real. Eu estava na guerra quando o Ministério da
Justiça me chamou para guardar a Catedral. Vi muita coisa
antes de chegar aqui. Fome, miséria, dor… luto.

Os dois param.

Quasimodo: Eu também vi tudo isso, só que não foi em uma terra


distante. Foi do meu lado, e eu nunca pude fazer nada, porque
eu mesmo vivi minha vida toda na solidão. Você não é o único
herói de guerra, mas eu sou o único ser na França trancado em
Notre Dame, abandonado pelos pais, isolado por 20 anos,
testemunha da tristeza E com essa cara horrível.

Febo pensa por um momento.

Febo: Sabe, só de você se manter bom depois de tudo isso, sua


cara nem importa mais.

Quasimodo fica surpreso. Febo olha em volta.

Febo: Veja! É o símbolo do mapa. Deve significar alguma coisa.

Quasimodo: Mas o quê?

Febo: Não sei. Posso tentar traduzir as inscrições, mas vai


levar alguns minutos.

62
Quasimodo: Vá em frente! Eu fico de guarda.

Febo começa a analisar o símbolo, enquanto Quasimodo vigia


tudo. Ele também mexe um pouco nas coisas do lugar.

Febo: Bom, se eu estiver certo, aqui diz que estamos nas


velhas catacumbas de Paris.

Quasimodo: Nas catacumbas? Você quer dizer, onde colocavam os


ossos de falecidos?

Febo: Isso. São 300 km de túneis, com os restos mortais de


mais de 6 milhões de pessoas. Algumas partes das catacumbas
são usadas de forma turística, mas há outras partes que foram
fechadas ao público, pois ninguém sabe ao certo como sair
delas.

Quasimodo: E deixa eu adivinhar: a parte em que estamos agora


é uma dessas?

Febo: Exatamente. Mas a última parte é a mais impressionante.


Aqui diz que essas catacumbas são a porta de entrada para o
Pátio dos Milagres.

Quasimodo: Ótimo! Então vamos! Tudo que eu mais quero agora é


encontrar Esmeralda e voltar para o Campanário, antes de
causar mais encrenca

Quasimodo ameaça seguir em frente, mas Frollo o faz parar.

Febo: Falando em encrenca, já deveríamos ter nos metido em


uma.

Quasimodo: Como assim?

Febo: Se essa for mesmo a entrada do pátio dos milagres, não


será tão fácil entrar. Já deveríamos ter encontrado um guarda,
uma armadilha...

As luzes se apagam

Febo: ...Ou uma emboscada.

63
As luzes se acendem, e há muitos ciganos do palco, que gritam
“Atacar!” e prendem Febo e Quasimodo. Depois deles presos,
Clopin entra.

Clopin: Ora, ora, ora, o que temos aqui?

Figurante 1: Invasores!

Figurante 2: Espiões!

Febo: Não somos espiões!

Quasimodo: Escutem!

Febo e Quasimodo são amordaçados

Clopin: Não me interrompam!

Faixa 16 - “Pátio dos Milagres” começa a tocar, e Clopin


interage com Quasimodo , Frollo, e os ciganos, que celebram!

Clopin: Foram muito espertos encontrando nosso esconderijo.


Infelizmente, não viverão para contar.

Clopin (cantando): Todos ouviram falar de um pátio, o qual a


ralé escolheu pra morar. E vocês dois já conhecem o pátio, que
é dos milagres, pois já estão lá!

Coro: Todos ficam sãos! Quem é cego, vê!

Clopin: Mas vocês, vilãos, vão morrer sem contar o que acabam
de achar!

Clopin e os ciganos começam a rodar e cantar em volta de Febo


e Quasimodo

Clopin e coro: Contra quaisquer espiões e intrusos usamos o


método de um vespão! Pois nesse pátio, que opera milagres, é
sempre um milagre sair sem caixão.

Clopin (falando): Cheguem mais perto! Boas notícias para nós!


É uma dobradinha: Dois espiões de Frollo.

Febo e Quasimodo são vaiados pelos figurantes.

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Clopin (falando): E não são espiões quaisquer! O Capitão da
Guarda, e o leal lacaio sineiro.

Clopin (cantando): E a Justiça é ágil no pátio, pois sou


promotor e juíz em um só! Sempre é um julgamento sumário,
podemos mandá-los de volta ao pó!

A Música Cessa.

Clopin: Suas últimas palavras?

Febo e Quasimodo tentam falar, mas não conseguem

Clopin: É o que todos dizem. Agora, vocês vão morrer!

Djali Bali (Fora de cena)

Clopin: Quê?

Esmeralda: Pare!

Esmeralda entra em cena, com Djali no colo. Todos abrem


passagem para ela. Toca o Jingle de Notre Dame, ou algum outro
som que simbolize a entrada dela. Esmeralda para diante dos
dois, e começa a libertá-los.

Esmeralda: Não são espiões! São meus amigos! Febo é o soldado


que salvou a família Trajin, e Quasimodo me ajudou a escapar
da catedral!

Clopin: Amigos? Ora, então por quê não disseram nada?

Quasimodo: Nós tentamos!

Febo se dirige aos ciganos.

Febo: Atenção todos! Viemos avisar que Frollo está vindo! Ele
sabe onde fica o esconderijo, e diz que vai atacar ao
amanhecer com mais de mil homens!

A Multidão exclama, preocupada

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Esmeralda: Então não temos tempo a perder, temos que evacuar
imediatamente!

Clopin: Vocês ouviram ela! Peguem suas coisas, corram!

A Multidão começa a recolher as coisas, ao fundo. Esmeralda,


Febo, Clopin e Quasimodo ficam a frente. Esmeralda abraça
Febo.

Clopin (Sem graça): Hehe… me desculpem. Mas se vocês fossem


líderes de um esconderijo secreto de fugitivos inocentes,
vocês fariam a mesma coisa. Principalmente quando vocês
disseram que queriam achar a Esmeralda. Mesmo assim, peço
desculpas. Eu sou Clopin Trouillefou.

Febo: Eu sou Febo.

Quasimodo: E eu sou Quasimodo.

Clopin: Eu sei quem você é, Quasi. Na verdade, eu tenho muito


a te contar. Mas primeiro precisamos dar um jeito de escapar
daqui.

Esmeralda: Arriscou sua vida vindo até aqui. Pode não parecer,
mas estamos gratos.

Quasimodo fica desconcertado. Febo olha para ele.

Febo: Não agradeça a mim, mas sim a Quasimodo.

Esmeralda e Quasimodo se abraçam.

Febo: Sem a ajuda dele, eu jamais teria chegado aqui.

Frollo: E nem eu!

A multidão fica em pânico, e os Guardas prendem todos, até


Djali, que bali desesperadamente.

Frollo: Após 20 anos procurando, o pátio dos milagres é meu,


afinal. Caro Quasimodo, eu sempre soube que um dia seria útil
para mim!

Quasimodo: Não!

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Esmeralda: Do que está falando?

Frollo: Ele me trouxe direto até você, querida.

Esmeralda: Mentiroso!

Ela tenta se soltar, mas não consegue.

Frollo: E olha só, quem mais eu peguei na minha rede. O


Capitão Febo, que ressuscitou dos mortos! Outro milagre, sem
dúvida.

Ele também tenta se soltar. Quase consegue, mas falha.

Frollo: Mas vou corrigir isso.

Esmeralda: Poupe o Febo, leve-me no lugar dele!

Febo: Não! Deixe-a ir, faça o que quiser comigo!

Frollo: Como vocês são nobres! Levem os dois.

Frollo se vira para a plateia

Frollo: Amanhã, faremos uma bela fogueira na praça, e todos


estão convidados a comparecer. Podem levá-los!

Os guardas levam todos, e só Quasimodo (Segurado por um


guarda) e Frollo ficam em cena.

Quasimodo: Não! Por favor, mestre. Não!

Frollo: Levem-no de volta para o Campanário, e que ele fique


lá.

Os guardas levam Quasimodo para frente das cortinas, e Frollo


sai de cena.

ATO VI - CENA 1

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As cortinas se fecham e Pierre entra, narrando.

Pierre: Quasimodo foi levado para o Campanário da Catedral, e


foi acorrentado pelos guardas de Frollo - Quasimodo até
poderia quebrar aquelas correntes, mas estava tão deprimido
que não tinha forças. Febo e os ciganos que moravam no Pátio
dos Milagres foram todos presos, inclusive o meu amigo Clopin.
Mas não foi só isso. Antes de serem levados à Prisão, eles
foram obrigados a assistir a sentença de Esmeralda. Acusada de
bruxaria, insubordinação, vandalismo e roubo, ela foi
condenada à morte. O povo, que tinha simpatizado com as
atitudes dela, estava protestando contra sua execução. Mas de
nada adiantava. Até o Arcediago, que anos atrás havia salvado
a vida de Anabela e Quasimodo, tentava convencer Frollo a
poupar a vida de Esmeralda, mas o Juíz permanecia firme em sua
decisão. Com quase todos os nossos heróis incapacitados, só
uma pessoa poderia salvar Paris desse monstro. Com a ajuda de
três gárgulas falantes, era o destino do Corcunda de Notre
Dame salvar a França.

Conforme Pierre vai narrando, os guardas vão prendendo


Quasimodo, e as gárgulas aparecem, tudo à frente da cortina.
Enquanto isso, detrás da cortina, o cenário da Execução de
Esmeralda é montado. Pierre sai de cena

ATO VI - CENA 2

Quasimodo está no campanário, acorrentado e depressivo. As


Gárgulas tentam, freneticamente, quebrar as correntes.

Hugo: No três, os três puxam. Um, dois, três!

Os três se esforçam, sem sucesso.

Laverne: Não adianta, são muito duras.

Victor: Não importa, continuem tentando!

Hugo: Vai Quasi, sai daí!

Victor: Seus amigos estão lá!

Quasimodo: É tudo culpa minha.

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Laverne: Pare de falar e quebre essas correntes!

Quasimodo: E que diferença faria?

Victor: Mas você não pode deixar Frollo vencer!

Quasimodo: Ele já venceu.

Hugo: Então está desistindo? Assim, fácil?

Laverne: Não são essas correntes que estão te prendendo,


Quasimodo. É você mesmo!

Quasimodo: Me deixem em paz!

As gárgulas ficam pasmas.

Hugo: Tá bom então, vamos deixar você em paz.

Victor: Afinal, somos feitos de pedra.

Laverne: Nós só achamos que você fosse feito de algo mais


forte.

As gárgulas saem de cena, e Quasimodo fica pensativo

Frollo (detrás da cortina) : A sentença por bruxaria, é a


fogueira.

Quasimodo lamenta, e um dos lados da cortina abre, mostrando


Frollo e Esmeralda. Esmeralda está amarrada, e Frollo está com
uma tocha na mão.

Frollo: Mas nem tudo está perdido, Esmeralda. Fique comigo, e


eu posso te livrar das chamas deste mundo e do outro.

Esmeralda: O quê?

Frollo: Escolha a mim, ou ao fogo!

Esmeralda cospe em Frollo

Esmeralda: Nunca, seu verme asqueroso!

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Frollo: Você fez sua escolha. Em nome do Ministério da
Justiça, e de Paris, eu condeno a cigana Esmeralda a morte!

Quasimodo: Não!

Quasimodo, fazendo muita força, se liberta das correntes. O


Outro lado da cortina se abre, e Quasimodo corre para o
socorro de Esmeralda. A Multidão vibra! Quasimodo dá um tapa
na mão de Frollo, e derruba a tocha de sua mão. Ele dá um soco
em Frollo, que cai, e solta Esmeralda. Ela está fraca.

Esmeralda: Quasimodo…

Quasimodo: Fique calma, eu estou aqui, tudo ficará bem!

Frollo: Guardas, prendam-no!

Quasimodo: Se afastem! Agora!

Quasimodo enfrenta os Guardas. Assustados, Os guardas recuam.


Quasimodo consegue levar Esmeralda até a sacada de Notre Dame,
na parte mais alta atrás do palco. De mãos dadas a ela, ele
ergue-a pro alto e grita:

Quasimodo: Santuário!

Multidão: AÊ!

Quasimodo: Santuário!

Multidão: AÊ!

Quasimodo: Santuário!

Frollo: Rápido, invadam a Catedral!

Um dos Guardas vai até a porta

Guarda 1: Está trancada!

Frollo: Então derrubem!

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Todos os guardas partem para a porta da Catedral, e o povo
olha, horrorizado. Um dos guardas fica para trás, e Febo
consegue pegar a chave de um dos guardas. Ele se liberta, e
fala com o povo.

Febo: Povo de Paris! O Juíz Claude Frollo vem nos maltratando


a anos. Perseguiu nosso povo, saqueou nossa cidade e agora
quer queimar pessoas inocentes! Temos que defender o que é
nosso! Por Notre Dame!

Todos: Por Notre Dame!

Os Guardas estão de um lado, e as pessoas, do outro. A Faixa 2


toca novamente, e o Povo e os Guardas disputam quem marcha e
grita mais alto no decorrer do Jingle. Frollo está atrás dos
Guardas, horrorizado, e Quasimodo e Esmeralda olham tudo de
cima. Clopin, Febo e os figurantes enfrentam os guardas de
Frollo. Djali Bali, e um guarda passa correndo, com Djali
“grudado” em sua cabeça.

Guarda 2: Alguém tira esse bode de cima de mim! Socorro!


Socorro!

Esmeralda: Temos que descer para ajudar! Ai…

Quasimodo: Você está machucada, precisa descansar.

As Gárgulas aparecem ao lado deles

Hugo: É moça, deixa que a gente cuida do resto!

Esmeralda se assusta, levemente.

Esmeralda: O que é isso? Quem são vocês?

Laverne: Somos só alguns amigos do Quasi. Olha só o que nós


achamos, meu bem, as bolinhas que você gostava de brincar
quando era criança!

Quasimodo: Laverne, agora não é a hora disso!

Victor: Mas elas não são para brincar. Veja!

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Victor acerta a cabeça de algum dos guardas, e as gárgulas
começam a atacar também. Agora, Febo, Clopin, Djali e os
Figurantes estão acabando com os guardas.

Hugo: Olha lá! Aquele ali não é o Sebo?

Quasimodo: É o Febo!

Esmeralda: E o Clopin também! Até Djali! Todos estão ajudando!


Ah…

Esmeralda sente uma forte dor de cabeça.

Quasimodo: Esmeralda?

Victor: Ela respirou a fumaça do fogo durante muito tempo. Ela


precisa de cuidados!

Quasimodo: Está bem, vou levá-la para dentro. Vamos!

Frollo: Isso está um caos! Como ele conseguiu entrar, se o


Arcediago trancou a porta? É claro! A Porta lateral!

Quasimodo e Esmeralda saem. As Gárgulas estão tão


compenetradas em acertar os guardas com as bolinhas, que nem
percebem quando Frollo sobe pela lateral da Catedral. As
cortinas se fecham.

ATO VI - CENA 3

Já na frente da cortina, Quasimodo entra e Esmeralda está


muito fraca. Ele a coloca no chão, pega uma almofada e coloca
para que ela possa se deitar.

Quasimodo: Esmeralda? Esmeralda? Não, por favor, não vá. Nós


estamos ganhando! Vamos ganhar deles! Victor, Hugo, Laverne, o
povo todo está ajudando! Por favor, responda!

Esmeralda não responde. Quasimodo chora. Frollo entra em cena,


com uma adaga em mãos. Quasimodo não olha para Frollo.

Quasimodo: Você a matou.

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Frollo: Era o meu dever. Por mais horrível que pareça. Espero
que possa me perdoar. Quasimodo, eu sei que dói. Mas chegou a
hora de acabar com seu sofrimento para sempre!

Quasimodo se vira, segura a adaga de Frollo e joga ele longe.


Frollo cai. Quasimodo aponta a adaga para Frollo.

Frollo: Espere! Quasimodo, escute…

Quasimodo: Não, escute você! A minha vida inteira você disse


que o mundo era um lugar sombrio e cruel, mas agora eu vejo
que as únicas coisas sombrias e cruéis lá fora são as pessoas
como você!

Quasimodo hesita

Quasimodo: E eu não sou uma dessas pessoas.

Quasimodo deixa a Adaga cair no chão. Frollo começa a rir.

Frollo: Tão grande, e tão burro! Quanto tempo acha que vai
levar até que matem você? Eu ainda sou o Ministro da Justiça!
Já você, não tem ninguém, seus poucos amigos logo estarão
mortos e mesmo assim, você não tem coragem para me atacar. Mas
eu devia saber que você daria sua vida para proteger aquela
cigana, da mesma forma que sua mãe deu a vida tentando te
salvar!

Quasimodo: O quê?

Frollo: É. Mas agora, eu vou fazer o que deveria ter feito a


20 anos. Afinal, você é só um monstro.

Anabela: Não!

Anabela entra em meio a plateia, seguida por Adílio.

Anabela: Ele não é um monstro. Ele é meu filho!

Frollo: Você…

Quasimodo: Mãe?

Adílio: Fique longe do meu filho!

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Quasimodo: Pai?

Frollo: Como ousam adentrar a igreja, seus ciganos sujos e…

Frollo saca outra adaga, mas Quasimodo se mete na frente de


Frollo com a primeira adaga.

Quasimodo: Como VOCÊ ousa entrar na igreja, seu monstro!

Esmeralda: Quasimodo…

Anabela: Esmeralda!

Adílio e Anabela vão cuidar de Esmeralda, que está tossindo.


Frollo e Quasimodo lutam.

Esmeralda: É o Frollo?

Adílio: É, mas não se preocupe. Meu filhão vai acabar com ele!

Anabela: Adílio!

Adílio: Desculpe…

Eles se afastam um pouco com Esmeralda, deixando Frollo e


Quasimodo lutando ao som da Faixa 17. Depois de um tempo
lutando, o Jingle de Notre Dame toca, e Frollo está perdendo a
luta.

Quasimodo: Santuário!

Quasimodo desfere um último golpe em Frollo, que cai pra fora


de cena.

Quasimodo: Eu… não tô me sentindo bem.

Febo entra em cena, a tempo de ajudar Quasimodo.

Febo: Quasimodo! Está tudo bem? O que houve?

Quasimodo vai acordando aos poucos

Quasimodo: Febo, é você? Febo!

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Ele abraça Febo, e Febo o abraça de volta, e vai se
recompondo.

Febo: Quasi! Que bom que está bem, aquilo foi incrível!

Quasimodo: Obrigado… e lá embaixo, como estão todos?

Febo: Nós vencemos, não se preocupe. Se tem uma coisa que os


franceses sabem fazer, é uma revolução.

Quasimodo e Febo se abraçam. Esmeralda se levanta, e vai ao


encontro de Quasi, para outro abraço.

Esmeralda: Quasi!

Quasimodo: Esmeralda! Você está bem!

Esmeralda: É claro que estou!

Esmeralda e Febo se olham, mas receosos de chegar perto um do


outro. Quasi pega a mão de Esmeralda, depois as mãos de Febo,
e as junta, como se estivesse abençoando a união de ambos. E
então, eles se abraçam. Depois, se afastam, e Quasi se
encontra com seus pais.

Quasimodo: Então, vocês são… meus pais?

Anabela: Sim, querido. Nós somos sua família

Eles se abraçam, e os três choram de alegria

Anabela: Você se machucou?

Quasimodo: Não, eu estou bem… mãe.

Adílio: Isso quer dizer… que acabou! Estamos livres! Os


ciganos serão livres outra vez!

As cortinas se abrem, e Clopin, Iago, Djali e os figurantes


estão celebrando a derrota de Frollo. As Gárgulas celebram lá
de cima.

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Iago: Olha aí, é ele!

Clopin: Atenção todos, chegou nosso herói!

Quasimodo recua.

Adílio: O que foi, filho?

Quasimodo: Serão cruéis comigo de novo…

Quasimodo começa a hiperventilar. Anabela, então, tira um pote


de tinta do bolso. De forma bem visível para a plateia, ele
passa a tinta no rosto assim como Quasimodo está, para que ele
se sinta acolhido. Adílio faz isso logo depois, e em sequência
Esmeralda e Febo. Eles se juntam aos demais.

Clopin: Viva o rei Quasimodo!

Todos: Viva!

Começa a tocar “Faixa 18 - Sons de Notre Dame (Reprise)”

Clopin (cantando): Responda ao enigma, assim que puder, ao


soar de Notre Dame. Quem é o Monstro, e o homem, quem é?

Todos: Dizem os Sons, sons, sons, sons, sons, sons…

Clopin: Os Sons predominam, encantam, fascinam. São ricos seus


ritos e tons!

Todos: São os Sons de Notre Dame!

Fecha a cortina, e é hora dos Agradecimentos e Aplausos. Um


instrumental de “Às Avessas” toca, enquanto os personagens e
membros do elenco e staff são chamados um a um ao palco, para
receberem os aplausos da plateia.

FIM.

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