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ATO I
(A casa de Charlie; no seu interior estão quatro Avós deitados em uma cama e a
mãe lavando louça.)
Vovó Georgina: CharIie está atrasado.
Vovó Josephine: Verdade. Cadê ele?
Vovô George: EIe trabalha muito para um garoto.
Vovô Joe: EIe devia ter tempo de brincar.
Mãe: O dia só tem 24 horas. Com vocês de cama há 2O anos, é preciso dar duro
para manter esta família.
Vovô Joe: Quando recuperar as forças, vou pular fora dessa cama e vou ajudá-
lo.
(mãe entregando uma bandeja de sopa para cada um dos avós, desdenhando
com o rosto)
(Vovô Josephine ronca)
Entra Charlie.
Charlie: Oi, pessoaI!
Vovô Joe: Acordem, CharIie chegou!
(Charlie beija a testa de cada um dos avós)
Charlie: Vovô George. Vovó Georgina. Vovó Josephine. Vovô Joe!
(Charlie olha a tigela que Vovô Joe segura)
Charlie: É esse seu jantar, vovô?
Vovô Joe: É o seu também, Charlie.
Charlie: Estou cansado de sopa de repolho. Isso não alimenta!
Vovó Georgina: É tudo que temos, meu anjo.
Vovó Josephine: O que está dizendo?
Vovô George: Por que fala assim, Charlie?
(Charlie tira da mochila um enorme pão)
Charlie: Que taI isso?
Mãe: Onde você conseguiu?
Vovó Georgina: Que diferença faz onde ele arranjou isso?
Vovô Joe: O importante é que eIe arranjou.
Charlie: Meu primeiro pagamento.
Mãe: Que beleza, Charlie. Vamos fazer um banquete.
Charlie: Mamãe? Sobrou isso. (Tira dinheiro do seu bolso) Pegue. Pode guardar.
(Entrega o dinheiro para a Mãe)
Vovó Josephine: Está gostando do seu primeiro emprego?
Charlie: Entregar jornais não é o que sempre sonhei, mas até que está sendo
divertido, vovó.
Vovó Josephine: Que maravilha!
Vovô George: E onde você gostaria de trabalhar então?
Charlie: Ah... entre vários lugares diferentes, o que mais tenho curiosidade de
conhecer é a Fábrica de Chocolates Willy Wonka.
(Vovô George ronca)
Vovó Georgina: Oh! Mas lá ninguém nunca entra, e ninguém nunca sai.
Charlie: Como assim, Vovó Georgina?
(Vovô Georgina ronca)
Vovô Joe: EIa está certa, CharIie! Isso acontece desde o dia em que Wonka a
fechou.
Charlie: Por quê?
Vovô Joe: Todos os fabricantes de chocolate do mundo estavam enviando
espiões vestidos de operários para roubar suas receitas secretas. EspeciaImente
SIugworth, SIugworth era o pior! O Sr. Gelebóia começou a fabricar um sorvete
que nunca derretia. O Focinaldo apareceu com um chiclete que não perdia o
gosto. Depois, o Lesmolóide começou a fazer chicletes que faziam bolas de
tamanhos incríveis. A roubalheira era tanta que, um dia, finalmente, o Sr. Wonka
gritou: ''Serei arruinado! Fechem a fábrica!'' E foi o que eIe fez. Trancou os portões
e desapareceu completamente. E, então, de repente, cerca de 3 anos depois,
aconteceu aIgo incríveI. A fábrica voItou a funcionar com força totaI! E a fábrica
de Wonka começou a produzir doces mais gostosos do que nunca. Mas os
portões continuaram trancados para que ninguém, nem mesmo SIugworth,
pudesse roubá-los...
Charlie: Mas, vovô, alguém deve estar ajudando o Sr. Wonka na fábrica. Não é
possível que ele esteja fazendo tudo sozinho.
Vovó Josephine: Devem ser milhares.
Vovó Georgina: Mas quem, Josephine? Você já viu alguma pessoa entrar
naquela fábrica ou sair dela?
Vovó Josephine: Não. Os portões estão sempre fechados. Mas não é possível
fazer esse monte de chocolate sozinho. Certamente tem gente ajudando.
Charlie: Quem deve ser? Quem opera as máquinas?
Mãe: Ninguém sabe, Charlie. Sem dúvida é um mistério.
Vovô Joe: Esse é o maior mistério de todos.
(Vovô George ronca. Todos olham para Vovô George que acorda rapidamente)
Vovô George: Prefiro uvas!
Charlie: Alguém já perguntou ao Sr. Wonka?
Mãe: Ninguém mais o vê. Ele nunca sai. A única coisa que sai daquele lugar é o
chocolate...
Vovô Joe: (Pensativo) eu daria qualquer coisa para entrar lá mais uma vez e ver
o que foi feito daquela fábrica incrível.
Mãe: Mas não vai entrar, porque não pode! Ninguém pode.
Vovó Georgina: É um mistério e vai ser sempre um mistério.
Charlie: E como sabe tudo isso, vovô?
Vovô Joe: Vi Willy Wonka com meus próprios olhos. Eu trabalhei para ele, sabe?
Charlie: Trabalhou?
Vovô Joe: Trabalhei.
Vovó Josephine: (orgulhosa) Ele trabalhou.
Vovó Georgina: (orgulhosa) Trabalhou, sim.
Vovô George: Rosas brancas tem seu valor.
Vovô Joe: Naturalmente, eu era muito mais jovem na época.
Charlie: (Maravilhado) Que demais, vovô! Também adoraria entrar na fábrica!
Mãe: (Recolhendo os sopeiros) Impossível!!! Venha, Charlie. Está na hora de
deixar que seus avôs durmam.
(Charlie, triste, abraça cada um dos avós)
Charlie: Boa noite, Vovô Joe. Boa noite, Vovó Georgina. Boa noite, Vovô George.
Boa noite, Vovó Josephine.
(Charlie ameaça sair)
Vovó Georgina: Charile!
(Charlie volta. Vovó Georgina faz sinal para ele se aproximar)
Charlie: Sim, Vovó?
Vovó Georgina: (Cochichando) Nada é impossível, Charlie. Lembre-se disso! (Dá
uma piscada de olho)
(Charlie sorri, dá um beijo na testa da Vovó Georgina e sai de cena)
Blackout. Trilha transição de repórter.
Willy Wonka: (Nervoso) Augustus, por favor, não faça isso! (Indo em direção a
Augustus) Meu chocolate jamais foi tocado por mãos humanas! Por favor, não
faça isso! Vai contaminar todo o rio! Augustus, eu lhe peço, por favor, não!
ATO III
Todos: Sim!
Willy Wonka: Muito bem. Agora, meus convidados, apresento--‐lhes a Sala de
Invenções!
(CORTINA ABRE. O cenário é uma fábrica colorida, composta por máquinas,
engrenagens, fumaça, tubos, caldeirões, luzinhas piscando, botões, embalagens
e Oompa Loompas trabalhando)
Vovô Joe: Sala de invenções? Parece até uma sauna!
Charlie: Se Slugworth entrasse aqui não ia descobrir nada. Está uma bagunça!
(Wonka começa a fazer misturas com diferentes líquidos coloridos em tubos de
ensaio)
Pai de Veruca: Há greve de lixeiros aqui?
Mãe de Mike: Quem cuida da limpeza do lugar?
Mãe de Violeta: Você não deveria usar luvas de borracha? Qualquer dia a
vigilância sanitária virá atrás de você, hein!
Willy Wonka: Invenção, meus caros amigos, é 93% transpiração, 5% de
eletricidade, 9% de evaporação, 2% de manteiga e creme.
Mãe de Mike: (Pensativa) Mas isso dá 109%...
(Wonka bebe a mistura que estava preparando. E fica pensativo, saboreando)
Mãe de Violeta: E aí? É bom?
Willy Wonka: (Pensativo) É. Com licença.
(Pega um relógio despertador e vai até o caldeirão, onde estão as crianças
observando a fervura do líquido)
Willy Wonka: (Para Veruca) O tempo é algo precioso. (Joga o relógio no
caldeirão) Nunca desperdicem os seus!
(Willy Wonka vai até um outro caldeirão e, com o dedo, prova o sabor do caldo.
Em seguida coloca na caldeira um par de chuteiras)
Mãe de Violeta: Pra que isso?
Willy Wonka: Para andar mais depressa!
Pai de Veruca: Wonka! (Chama Willy Wonka para o canto) Entre nós... Não tem
uma bebida quente por aí?
Willy Wonka: Bala alegra, bebida enlouquece.
(Willy Wonka, volta para o caldeirão do relógio e coloca a mão)
Willy Wonka: Aiiii!!! (Tira rapidamente a mão)
Violeta: O que houve? Está quente?
Willy Wonka: Não. (Pega um casaco e joga--‐o na panela) Está frio! Muito frio!
(Retira uma bala da panela) Esta é a bala capilar!
Todos: Bala capilar?!
Willy Wonka: Se a gente chupar uma bala dessas, em exatamente meia hora
um tufo de cabelo novinho vai crescer no topo da cabeça. Além de barca e
bigode.
Mike: E quem quer ter barba?
Willy Wonka: Bem... intelectuais, por exemplo. Cantores e motoqueiros também
adorariam... Ah! Está super na moda! Toda essa gente moderninha, que está
sempre nos trinques querem barba. É o maior barato, bicho. Estão sacando o
lance? Manjaram o assunto?
(Todos olham em silêncio para Wonka, exceto a Mãe de Mike que está no fundo
do palco observando as máquinas)
Willy Wonka: Eu sabia que sim. Então, toca aqui, irmão! (Para Mike, que só olha
fixo para Wonka) Bom, infelizmente a mistura ainda não está pronta. Ontem
mesmo um Oompa loompa provou e, bem... eu não vejo mais ele.. só cabelos.
hehehe
(Um alarme começa a tocar. A Mãe de Mike estava espiando um objeto tapado
por um pano)
Willy Wonka: Perdão, mas ninguém pode tocar aí! Essa é a mais secreta
máquina de toda a minha fábrica. Essa sim é que iria endoidar o velho Slugworth!
Todos: Eu!
Willy Wonka: Eu só posso dar se juraram solenemente que guardarão sempre
com vocês e jamais as mostrarão para nenhuma outra pessoa até o fim de suas
vidas. Você jura, Violeta?
Violeta: Eu juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Jura, Mike?
Mike: Juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Jura, Veruca?
(Veruca vira de costas para a plateia, mostrando fazer uma “figa” para bloquear
a promessa)
Veruca: Juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Muito bem, agora vamos...
Vovô Joe: E cadê a do Charlie?
Willy Wonka: Não seja por isso. (Pega a balinha e entrega para Charlie) E uma
pro Charlie!
Veruca: Ei, ela ganhou duas! Assim não é justo!
Violeta: Não ganhei não. Onde você está vendo duas aqui?
Veruca: Quero mais uma!
Violeta: Não crie caso sua maluca. Olha aqui! (Mostrando que tem apenas uma
bala)
Willy Wonka: Todos ganharam uma! E uma chega para cada pessoa! Agora vou
mostrar uma coisa bem legal para vocês!
(Entra em cena uma máquina aparentemente construída de sucata. Além de
tubos de ensaio, líquidos coloridos, mangueiras e led, é possível reconhecer
alguns eletrodomésticos, como um liquidificador, compondo a aparelhagem. No
centro há um enorme botão vermelho)
Mãe da Violeta: (Debochada) Puxa, parece ser mesmo bem legal...
Pai de Veruca: Espero que a minha Veruca não queira uma dessas. Hehehe
Mike: Que geringonça é essa?
Willy Wonka: Não é uma beleza? É a minha maravilhosa antipoluição mecânica.
Violeta: É você que dá esses nomes para as coisas? É péssimo.
Willy Wonka: (Procurando) Agora... Botão, botão, botão... Onde está o botão?
Charlie: (Cutucando Wonka) Não seria aquele botão ali?
Willy Wonka: Aqui?
Charlie: Isso!
(Wonka aperta o botão. A máquina faz um som esquisito, como uma mistura
entre explosões, melecas, flatulências e vômitos. As luzes piscam e há fumaça
no palco)
Veruca: Que nojo!
Mike: hahaha curti.
Willy Wonka: O que estão vendo, meus caros, é o maior milagre da era da
máquina. A obra prima da confeitaria.
(O som cessa, as luzes voltam ao normal)
Willy Wonka: (Pegando um chiclete da máquina) Prontinho.
Mike: Só saiu um?
Veruca: Tanto barulho para fazer só isso?!
Willy Wonka: Só isso?!!! Você não sabe o que é isso!
Violeta: (Empolgada) Puxa vida, é chiclete!!!!
Willy Wonka: Errou! É o mais espantoso, fabuloso, sensacional e incrível
chiclete do mundo!
Violeta: O que ele tem de mais?
Willy Wonka: Esse pequenino chiclete é uma refeição completa. Equivale a 3
pratos!
Pai de Veruca: Por que alguém ia querer isso?
Willy Wonka: (Fica sem resposta. Então, retira um pequeno papel do bolso) Um
tablete do chiclete mágico do Wonka é só o que será preciso no café da manhã,
almoço e janta. Este chiclete é de sopa de tomate, rosbife e torta de amora azul!
Mãe de Violeta: Que horror!!! Bom, mas agora que você chegou podemos retirar
todo esse ar. Vamos começar?!
Violeta: EXPLODIR?!
Mãe de Violeta: EXPLODIR?!
Willy Wonka: (Calmo) Ah, mas é muito fácil... É uma simples operação.
Oompa Loompa: Bom... temos que ser rápidos! Com licença...
Mãe de Violeta: Você vai pagar por isso, Wonka! Você vai se arrepender! Ora,
Trocaram minha filha por uma amora... (É puxada para fora da cena por um
Oompa Loompa)
Willy Wonka: (Calmo) Cadê a boa educação? Na cabeça ou no coração?
(Silêncio) Vamos andando, pessoal! (Vira--‐se para as crianças) Ora, ora, ora...
Duas crianças bem mal criadas foram embora.
(Todos saem de cena, exceto Charlie e vovô Joe. Eles observam um líquido
borbulhante)
Charlie: O que será isso?
Vovô Joe: Não sei, Charlie. Aqui tem uma anotação do Sr. Wonka.
Charlie: (Lendo) Bebida voadora. Este protótipo faz com que a pessoa se encha
de gás. Como o gás é terrivelmente voador, a pessoa acaba voando igual balão.
Produto em teste.
Veruca: Nãão! Eu quero um desses aí! (Aponta para os gansos de Willy Wonka)
Pai de Veruca: Wonka, quanto você quer pelo ganso dourado? (Puxando a
carteira do bolso)
Willy Wonka: Eles não estão a venda.
Pai de Veruca: Dê seu preço.
Oompa Loompa: Hoje é o dia que não é aceso. Mas de qualquer forma, o
incinerador quebrou. Deve haver lixo de três semanas para amortecer a queda.
Willy Wonka: Olha que notícia boa! Assim, eles terão uma boa chance, não é?
(pensativo) Eu não estou entendendo, as crianças estão desaparecendo como
coelhos. Ainda sobrou nós. Vamos prosseguir?
Mãe de Mike: Mestre Wonka, não podemos sentar um minuto? Meus pés estão
me matando.
Willy Wonka: Minha senhora, não se preocupa. Não vamos andar muito. Aliás...
Já chegamos.
(A cortina abre. O fundo é neutro. No palco, há uma câmera em tripé, uma grande
televisão e um pequeno tapume)
Willy Wonka: Por favor, temos que tomar cuidado. Nesta sala há uma coisa
muito perigosa.
Charlie: O que é?
Willy Wonka: Wonkavisão é a minha última grande invenção!
Willy Wonka: Você faz ideia do que barras de cereais são feitas? São aquelas
raspinhas de lápis que saem do apontador.
Charlie: Mas poderia mandar pela televisão se quisesse?
Willy Wonka: É claro que sim. O que você quiser.
Mike: Transmite pessoas?
Willy Wonka: Pessoas? (Pensativo) ... hmmm.. Ainda não sei. Suponho que sim.
É, transmite sim. Posso dizer que sim. Mas ainda pode haver uma falha com
resultados desastrosos... Por que eu mandaria pessoas? Elas não tem gosto
bom.
Mãe de Mike: O que ele está dizendo? Aii (Desmaia, vovô Joe a segura)
Willy Wonka: (Para Oompa Loompa) Você não será responsável... Não se
preocupe. (Para a Mãe de Mike, que está desmaiada nos braços do vovô Joe) E
agora, minha senhora, é hora de dizer adeus. Não, não para alguns momentos
na vida não há palavras. Agora pode ir. (Oompa Loompas levam--‐na) Adieu.
Adieu. Partir é uma doce tristeza...
Willy Wonka: Bom, tenho muito o que fazer... Muito mesmo o que fazer. Faturas,
contas, cartas... Preciso responder à mensagem da Rainha.
Charlie: O que vai acontecer com as outras crianças? Augustus, Veruca...
Willy Wonka: Meu bom menino, eu prometi que eles ficariam bem. Ao sair daqui
voltarão seu jeito normal... com suas terríveis personalidades reais. Mas talvez
eles fiquem mais ajuizados daqui em diante. Não se preocupe mais com eles.
Willy Wonka: Ele está falando a verdade. Não é Slugworth, trabalha para mim.
Charlie: Para o senhor?
(Um foco acende sob um elevador. O veículo é uma caixa vazada, formada
somente por arestas, iluminadas por led)
Willy Wonka: Vamos pegar o Wonkavador. Entre, Charlie. (Charlie entra)
Fim.