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A Fantástica Fábrica de Chocolate

ATO I

(A casa de Charlie; no seu interior estão quatro Avós deitados em uma cama e a
mãe lavando louça.)
Vovó Georgina: CharIie está atrasado.
Vovó Josephine: Verdade. Cadê ele?
Vovô George: EIe trabalha muito para um garoto.
Vovô Joe: EIe devia ter tempo de brincar.
Mãe: O dia só tem 24 horas. Com vocês de cama há 2O anos, é preciso dar duro
para manter esta família.
Vovô Joe: Quando recuperar as forças, vou pular fora dessa cama e vou ajudá-
lo.
(mãe entregando uma bandeja de sopa para cada um dos avós, desdenhando
com o rosto)
(Vovô Josephine ronca)
Entra Charlie.
Charlie: Oi, pessoaI!
Vovô Joe: Acordem, CharIie chegou!
(Charlie beija a testa de cada um dos avós)
Charlie: Vovô George. Vovó Georgina. Vovó Josephine. Vovô Joe!
(Charlie olha a tigela que Vovô Joe segura)
Charlie: É esse seu jantar, vovô?
Vovô Joe: É o seu também, Charlie.
Charlie: Estou cansado de sopa de repolho. Isso não alimenta!
Vovó Georgina: É tudo que temos, meu anjo.
Vovó Josephine: O que está dizendo?
Vovô George: Por que fala assim, Charlie?
(Charlie tira da mochila um enorme pão)
Charlie: Que taI isso?
Mãe: Onde você conseguiu?
Vovó Georgina: Que diferença faz onde ele arranjou isso?
Vovô Joe: O importante é que eIe arranjou.
Charlie: Meu primeiro pagamento.
Mãe: Que beleza, Charlie. Vamos fazer um banquete.
Charlie: Mamãe? Sobrou isso. (Tira dinheiro do seu bolso) Pegue. Pode guardar.
(Entrega o dinheiro para a Mãe)
Vovó Josephine: Está gostando do seu primeiro emprego?
Charlie: Entregar jornais não é o que sempre sonhei, mas até que está sendo
divertido, vovó.
Vovó Josephine: Que maravilha!
Vovô George: E onde você gostaria de trabalhar então?
Charlie: Ah... entre vários lugares diferentes, o que mais tenho curiosidade de
conhecer é a Fábrica de Chocolates Willy Wonka.
(Vovô George ronca)
Vovó Georgina: Oh! Mas lá ninguém nunca entra, e ninguém nunca sai.
Charlie: Como assim, Vovó Georgina?
(Vovô Georgina ronca)
Vovô Joe: EIa está certa, CharIie! Isso acontece desde o dia em que Wonka a
fechou.
Charlie: Por quê?
Vovô Joe: Todos os fabricantes de chocolate do mundo estavam enviando
espiões vestidos de operários para roubar suas receitas secretas. EspeciaImente
SIugworth, SIugworth era o pior! O Sr. Gelebóia começou a fabricar um sorvete
que nunca derretia. O Focinaldo apareceu com um chiclete que não perdia o
gosto. Depois, o Lesmolóide começou a fazer chicletes que faziam bolas de
tamanhos incríveis. A roubalheira era tanta que, um dia, finalmente, o Sr. Wonka
gritou: ''Serei arruinado! Fechem a fábrica!'' E foi o que eIe fez. Trancou os portões
e desapareceu completamente. E, então, de repente, cerca de 3 anos depois,
aconteceu aIgo incríveI. A fábrica voItou a funcionar com força totaI! E a fábrica
de Wonka começou a produzir doces mais gostosos do que nunca. Mas os
portões continuaram trancados para que ninguém, nem mesmo SIugworth,
pudesse roubá-los...
Charlie: Mas, vovô, alguém deve estar ajudando o Sr. Wonka na fábrica. Não é
possível que ele esteja fazendo tudo sozinho.
Vovó Josephine: Devem ser milhares.
Vovó Georgina: Mas quem, Josephine? Você já viu alguma pessoa entrar
naquela fábrica ou sair dela?
Vovó Josephine: Não. Os portões estão sempre fechados. Mas não é possível
fazer esse monte de chocolate sozinho. Certamente tem gente ajudando.
Charlie: Quem deve ser? Quem opera as máquinas?
Mãe: Ninguém sabe, Charlie. Sem dúvida é um mistério.
Vovô Joe: Esse é o maior mistério de todos.
(Vovô George ronca. Todos olham para Vovô George que acorda rapidamente)
Vovô George: Prefiro uvas!
Charlie: Alguém já perguntou ao Sr. Wonka?
Mãe: Ninguém mais o vê. Ele nunca sai. A única coisa que sai daquele lugar é o
chocolate...
Vovô Joe: (Pensativo) eu daria qualquer coisa para entrar lá mais uma vez e ver
o que foi feito daquela fábrica incrível.
Mãe: Mas não vai entrar, porque não pode! Ninguém pode.
Vovó Georgina: É um mistério e vai ser sempre um mistério.
Charlie: E como sabe tudo isso, vovô?
Vovô Joe: Vi Willy Wonka com meus próprios olhos. Eu trabalhei para ele, sabe?
Charlie: Trabalhou?
Vovô Joe: Trabalhei.
Vovó Josephine: (orgulhosa) Ele trabalhou.
Vovó Georgina: (orgulhosa) Trabalhou, sim.
Vovô George: Rosas brancas tem seu valor.
Vovô Joe: Naturalmente, eu era muito mais jovem na época.
Charlie: (Maravilhado) Que demais, vovô! Também adoraria entrar na fábrica!
Mãe: (Recolhendo os sopeiros) Impossível!!! Venha, Charlie. Está na hora de
deixar que seus avôs durmam.
(Charlie, triste, abraça cada um dos avós)
Charlie: Boa noite, Vovô Joe. Boa noite, Vovó Georgina. Boa noite, Vovô George.
Boa noite, Vovó Josephine.
(Charlie ameaça sair)
Vovó Georgina: Charile!
(Charlie volta. Vovó Georgina faz sinal para ele se aproximar)
Charlie: Sim, Vovó?
Vovó Georgina: (Cochichando) Nada é impossível, Charlie. Lembre-se disso! (Dá
uma piscada de olho)
(Charlie sorri, dá um beijo na testa da Vovó Georgina e sai de cena)
Blackout. Trilha transição de repórter.

Um foco acende no repórter no centro do palco.


Repórter: Uma notícia bombástica pegou o público de surpresa hoje pela manhã.
O doceiro Willy Wonka, dono da maior fábrica de chocolate do mundo decidiu
permitir que cinco crianças visitem sua fantástica fábrica neste ano. Além disso,
uma dessas crianças vai receber um prêmio especial, que segundo ele, será
melhor do que tudo que vocês possam imaginar. É isso mesmo, caros
telespectadores. Cinco convites dourados foram escondidos dentro das
embalagens de cinco barras de chocolate Wonka. As barras podem estar em
qualquer lugar, qualquer loja, qualquer rua e qualquer cidade de qualquer país do
mundo. O que vocês estão esperando? Eu já vou sair correndo para comprar as
minhas barras?
(Sai de cena apressado, enrolando-se no fio do microfone. A casa de Charlie, no
canto esquerdo do palco, é iluminada. Todos estão em volta de uma televisão
antiga).
Mãe: Estão todos Ioucos!
Vovó Josephine: O homem é um gênio!
Vovó Georgina: Vai vender um trilhão de barras.
Vovô George: Hmm... Fiquei até com água na boca agora.
Vovô Joe: (Empolgado) não seria o máximo, Charlie, abrir uma barra de
chocolate e achar o convite dourado dentro?
Charlie: Vovô? Acha que tenho chance de achar um?
Vovô Joe: Um? Espero que ache os cinco convites!
Charlie: Para mim, um basta. Seria. Ganho uma barra por ano, no meu
aniversário.
(A luz da casa de Charlie apaga. Um foco acende no repórter no centro do palco.)
Repórter: Recebemos notícias de uma reação fenomenal! Barras Wonka estão
desaparecendo numa velocidade assustadora. É realmente incrível como a
Wonkamania tomou conta do mundo. Enquanto o mundo procura, aguardamos
os felizardos, nos perguntando onde essa loucura vai chegar... E quanto o espírito
humano aguentará essa tensão. (Coloca a mão no ouvido, como se estivesse
ouvindo alguém falar no seu ponto eletrônico) Espera, estou recebendo notícias
quentíssimas aqui. (Prestando atenção na voz que fala em seu ouvido) Aham...
Aham... Aham... (Volta-se para o público) Começamos com 5 convites dourados.
É a sorte espalhada no mundo como 5 raios de luz prontos para brilhar em
qualquer lugar do mapa. Ninguém sabia onde, ninguém sabia quando o primeiro
vai surgir. Mas, neste momento, tivemos a resposta. Enquanto a América dormia
essa noite, o 1º convite saiu na pequena cidade de DuseIheim, AIemanha.
Esperamos várias horas por esse acontecimento histórico e agora, ao vivo,
conheceremos o primeiro sortudo.
(Entra Augustus Gloop e sua mãe. O garoto é gordinho e com a boca toda
lambuzada de chocolate e segura o bilhete.)
Repórter: Como é seu nome, garoto?
Augustus: Augustus GIoop!
Repórter: Augustus, conte-nos do memento que encontrou o convite dourado?
Augustus: Estava comendo uma barra quando provei algo que não era
chocolate... Nem coco... Nem avelã, nem amendoim... Nem nozes... Nem
crocante, nem caramelo... Nem confeitos. Daí, eu olho e encontro o convite
dourado!
Repórter: E como você comemorou?
Augustus: Comi mais chocolate, ué! (Tira outra barra de chocolate do bolso e
começa a comer)
Repórter: Como você se sente achando o 1º convite dourado?
Augustus: (De boca cheia) Com fome.
Repórter: (Desconfortável) Alguma outra sensação?
Augustus: Pena do Sr. Wonka. EIe vai gastar uma fortuna em chocoIate.
Repórter: Sra. GIoop, tem aIgo a dizer para o nosso querido púbico?
Sra. GIoop: Sabíamos que o Augustus ia achar o convite dourado. Ele come tanto
chocolate por dia que era impossível ele não encontrar um!
Repórter: Mostre-nos o convite, Augustus!
(O foco se apaga. A casa de Charlie, é iluminada. Charlie e seus avós ainda estão
em volta de uma televisão antiga).
Vovó Georgina: Que menino asqueroso!
Vovô George: Achei ele simpático...
Charlie: Só há mais quatro convites.
Vovô Joe: Agora que acharam um, vai ser uma loucura total!
(Entra a mãe com um pacote nas mãos)
Mãe: Vocês souberam do primeiro ganhador? Não se fala outra coisa na rua.
Como é que a mãe desse garoto permite que ele coma tanto doce?!
Charlie: Onde você estava, mamãe?
Mãe: Estava providenciando um pacote para isso aqui. (Entrega o pacote para
Charlie)
Charlie: O que é?
Mãe: Abre! FeIiz aniversário, CharIie!
Avós: FeIiz aniversário!
(Charlie abre o presente e encontra um cachecol de lã)
Charlie: Puxa, é uma beleza!
Mãe: Cada um fez um pedaço. Vovó Georgina, Vovó Josephine e eu.
Vovó Georgina: Eu fiz as franjinhas da ponta.
Vovó Josephine: Você vai ficar uma graça neste inverno.
Vovô Joe: E este é um presentinho do Vovô George e eu. (Entrega um presente
pequeno)
Charlie: Acho que sei o que é.
(Charlie abre o presente e encontra um chocolate Wonka)
Charlie: (Animado) É! Um Wonka! (Pensativo) Acho que vou deixar para
amanhã.
Vovô Joe: Nem pensar!
Mãe: (Repreendendo Vovô Joe) Pai!
Vovó Josephine: Todos juntos, temos 381 anos. Não vamos esperar.
Vovô Joe: Abra. Vamos ver o convite dourado.
Charlie: (Maravilhado) Não seria fantástico?
Mãe: Não dê esperanças.
Vovó Josephine: Para quê deixá-lo com falsas esperanças?
Vovó Georgina: Charlie, não deve se sentir decepcionado se não ganhar o
prêmio.
Mãe: Seja como for, ainda terá o chocolate.
Vovô George: E eu vou querer um pedaço!
Vovó Georgina: Não se preocupe. Abra.
Vovô Joe: Abra, Charlie! Quero ver o ouro!
Mãe: Pare com isso, papai!
Charlie: Tenho as mesmas chances que qualquer um, né?
Vovô George: Tem mais chances porque quer mais.
Vovô Joe: (Apressado) vamos logo, vamos!
Charlie: Aí vai!
(Charlie abre o pacote e faz cara de surpreso)
Charlie: Achei!
Todos: Onde?
Vovô Joe: Deixa-me ver!
Vovô George: Mostre!
Charlie: hahaha... Enganei vocês, não? Pensaram que era verdade.
(Todos ficam tristes, inclusive Charlie)
Vovô Joe: Não se preocupe, CharIie. Você vai achar um.
(Charlie parte o chocolate)
Charlie: Peguem. Um pedaço pra cada um.
Vovó Georgina: Não, não!
Vovó Josephine: Não!
Vovô George: Não, obrigado.
Vovô Joe: Não quero, Charlie. Coma você.
Mãe: Não, meu filho. É seu.
Charlie: Comam!
Vovô Joe: É o seu presente de aniversário, não.
Charlie: O chocolate é meu e faço o que eu quero com ele.
(Dá um pedaço para cada um dos familiares. A trilha emotiva aumenta, todos
agradecem a Charlie e em seguida comem o chocolate com muita vontade)
A luz da casa de Charlie apaga. Um foco acende no centro do palco, onde está
Veruca acompanhada de seu pai.
Veruca: Queria ter achado o primeiro cupom dourado, papai!
Pai de Veruca: Eu sei, meu anjo. Estamos fazendo o possível. As funcionárias
estão procurando para você.
Veruca: E por que elas ainda não acharam?
Pai de Veruca: Veruca, doçura, não sou mágico! Tenha paciência!
Veruca: Eu quero agora! QuaI o problema dessas funcionárias lentas? Faz cinco
dias que a única coisa que eIas fazem e procurar!
Pai de Veruca: Estão abrindo barras de chocolate o dia todo!
Veruca: Que trabalhem a noite toda!
(O pai de Veruca pega seu celular e faz uma ligação)
Pai de Veruca: Alô, como estão as coisas aí? Estou com pressa! Acelere o
processo. Procurem com vontade, ou vão para a rua! E ouçam: a primeira a achar
o convite dourado... vai receber um bônus! Andem com isso! (Para Veruca) O que
achou, minha princesa?
Veruca: Acho que eIas não estão nem tentando! Não estão a fim de achar.
Pai de Veruca: Doçura, não posso pressionar mais. Estão abrindo 19 miI barras
por hora!
Veruca: Você prometeu! Prometeu que seria no primeiro dia!
Pai de Veruca: Eu sei... Isso corta o meu coração. Detesto vê-la triste.
Veruca: Não faIo mais com você! É um péssimo pai, nunca me dá nada! Não vou
pra escola!
Pai de Veruca: Veruca! (Suspira) Doçura! Anjo! Restam apenas quatro convites...
E o mundo inteiro está atrás deIes! (Desesperado) O QUE POSSO FAZER?
(Entra uma funcionária do Pai de Veruca com o convite dourado na mão)
Funcionária: Achei, Sr. SaIt! Aqui está!
Pai de Veuca: Já era hora!
Veruca: Eu quero! Me dá o meu convite! É meu!
(O Pai de Veruca pega rapidamente o convite e dá para a sua filha. Veruca pega
o convite e sorri)
Veruca: Papai, agora eu quero outro pônei!
Pai de Veruca: (Exausto) Veruca!
(A funcionária sai de cena e entra o repórter acompanhado de fotógrafos)
Repórter: Veruca! Este é o nome da ganhadora do segundo convite dourado!
(Apontando o microfone para Veruca) Veruca, pode soletrar para nós, por favor?
Veruca: V- E-R-U-C-A. Veruca Salt.
Repórter: Como foi que você encontrou o disputado convite?
O Pai de Veruca: Logo que minha Veruca disse que queria ganhar um dos
convites... Comecei a comprar todas barras Wonka que eu via. Milhares delas.
Centenas de milhares. Sou do ramo de nozes. E disse para as minhas operárias
pararem de descascar nozes e começarem a desembrulhar barras de chocolate.
Dias se passaram, e finalmente, encontrei um convite para ela.
(Trilha alegre. De repente a trilha fica sinistra, a luz muda e Slugworth entra em
cena, murmura algo no ouvido de Veruka e sai de cena. O foco se apaga. A casa
de Charlie, no canto esquerdo do palco, é iluminada. Charlie e seus avós ainda
estão em volta de uma televisão antiga).
Repórter: (Exagerado) Em todas as esquinas do pIaneta, em todos os
continentes... A grande busca peIa barra Wonka continua. Estamos próximos do
fim do 43º dia da caça ao convite dourado. Ansiedade por toda parte. A cada hora,
novas remessas são feitas ao redor do mundo. Mas não são rápidas o bastante.
À medida que o tempo passa o desespero das pessoas que procuram os convites
aumenta. O terceiro convite acaba de ser encontrado por uma menina chamada
por Violeta Beauregarde.
(Violeta e sua mãe entram em cena, acompanhadas de fotógrafos e jornalistas
tirando fotos e anotando suas declarações. A Mãe de Violeta carrega uma caixa
repleta de troféus e Violeta, mascando chiclete, exibe o convite dourado).
Mãe de Violeta: (Orgulhosa) Estes são alguns dos 263 troféus e medalhas que
Violeta ganhou.
Violeta: Sempre masco chiclete. Mas quando soube desses convites passei de
chiclete para barras de chocolate.
Mãe de Violeta: É uma menina determinada. (Irônica) Não sei a quem puxou.
Violeta: Sou campeã júnior de mascar chiclete. Este chiclete que estou mascando
agora, estou mascando há três meses seguidos. É um recorde!
Mãe de Violeta: É claro que eu também ganhei muitos troféus, sobretudo como
ballet contemporâneo.
Violeta: (Mostrando o convite) Aqui diz que uma das crianças vai ganhar um
prêmio melhor? Não importa quem são as outras. Quem vai ganhar sou eu!
Mãe de Violeta: (Incentivando-a) Diga por que, Violeta.
Violeta: (Determinada) Porque sou uma vencedora.
(De repente a trilha fica sinistra, a luz muda e Slugworth entra em cena, murmura
algo no ouvido de Violeta e sai de cena O foco se apaga. A casa de Charlie, no
canto esquerdo do palco, é iluminada. Charlie e sua família ainda assistem
televisão.)
Vovó Josephine: Que meninas detestáveis!
Vovó Georgina: Desprezíveis.
Vovô Joe: Desprezíveis.
Vovô George: Desprezíveis.
Vovó Georgina: (Para George) Você nem sabe do que estamos falando....
Vovô George: Como não? Borboletas?
(Entra a Mãe)
Mãe: Desculpe a demora. Hoje tive que ficar até mais tarde trabalhando.
Charlie: Aquele homem não te dá folga, mamãe!
Mãe: Mas fazer faxina é assim, Charile. Tem dias que as coisas estão mais limpas
e tem outros que a bagunça é total. (Cansada)
A luz da casa de Charlie apaga. Um foco acende no centro do palco, onde está o
Repórter, Mike e seus pais. Mike está com um gameboy.
Repórter: (Exagerado) Enquanto o mundo procura, aqui aconteceu de verdade.
Isso mesmo, amigos. Resta apenas um convite dourado em todo o mundo. Porque
aqui, em MarbIe FaIIs, Arizona... Está o feliz ganhador número 4! O nome que
ecoa no universo é o do Sr. Mike Teevee!
Mike: Bastava rastrear as datas de fabricação... Calcular os atrasos e derivar pelo
índice Nikkei. Até um retardado pode fazer isso.
Pai de Mike: Quase nunca entendo o que ele diz. As crianças de hoje, com toda
essa tecnologia...
(Slugworth entra em cena e fica observando a cena ao longe).
Mike: (Para o Videogame) Morre! Morre! Morre!
Pai de Mike:... Deixam de ser crianças muito cedo.
Mãe de Mike: Podemos desligar isso?
Mike: Está maluco?
Repórter: O país quer ouvi-lo, Mike! Fale conosco.
Mike: Pode caIar a boca? Estou ocupado. (Som de game over) Olha aí ó, morri
por sua causa!
Repórter: Conte-nos como foi ganhar o convite?
Mike: No fim, só precisei comprar uma barra.
Repórter: Qual foi o gostinho?
Mike: Não sei. Detesto chocolate.
Repórter: A pergunta é: Quem encontrará o último convite dourado?
O foco se apaga. E rapidamente a casa de Charlie é iluminada. Charlie e sua
família ainda assistem televisão.
Vovó Josephine: É bem feito que vai a uma fábrica de chocolate, seu ingrato,
safado!
(A luz da casa de Charlie apaga. E rapidamente um foco acende no centro do
palco, onde está o Repórter, sério, como se anunciasse uma tragédia.)
Repórter: Acharam quatro, faIta um. Em algum lugar, um sortudo está cada vez
mais perto de achar o último dos prêmios mais procurados da História. Apesar de
talvez o invejarmos, quem quer que seja, e tendermos a ser amargos por causa
do nosso insucesso, devemos nos lembrar de que há coisas mais importantes.
Coisas muito mais importantes!... No momento, não imagino quais sejam, mas
deve haver aIgo. (Silêncio) Fiquem agora com a previsão do tempo.
(O foco se apaga. E rapidamente a casa de Charlie é iluminada. Charlie e sua
família ainda assistem televisão. Noite. Todos tristes. Mãe sai )
Vovô Joe: Charlie, venha cá!
Charlie: Algum problema, vovô?
(Vovô Joe tira das cobertas uma barra de chocolate)
Charlie: Vovô, o dinheiro era para você.
Vovô Joe: Ande, abra! Falta um convite! Vamos ver esse ouro.
Charlie: Não, abra o senhor. Não posso.
Vovô Joe: Algo me diz que vamos ter sorte dessa vez. Estou com uma sensação
estranha. Devo abrir que Iado primeiro?
Charlie: Esse. (Aponta para um dos lados) Rasgue um pedacinho!
Vovô Joe: (Abrindo devagar) Assim?
Charlie: (Empolgado) Agora um pouco mais!
Vovô Joe: (Desistindo e entregando a barra para Charlie) Você abre agora...
Charlie: Não, vovô! O senhor abre!
Vovô Joe: Está bem, lá vou eu. (Abre a barra, mas não encontra nenhum convite)
Charlie: (triste) Sabe... Aposto que os convites dourados deixam o chocolate com
um gosto horrível.
Vovô Joe abraça Charlie. Trilha triste. A luz da casa de Charlie apaga e um foco
acende no centro do palco, onde está o Repórter.
Repórter: Acabou! O concurso Wonka terminou. O úItimo cupom foi encontrado.
O felizardo vem do Paraguai e se chama AIberto MiñoIeta. Ele é multimilionário,
proprietário de vários cassinos em toda a América do SuI. Esta é a foto mais
recente do felizardo. (Mostra uma foto grande com o rosto de AIberto)
O foco se apaga. E rapidamente a casa de Charlie é iluminada. Charlie e sua
família ainda assiste televisão.
Mãe: Ah, vamos desligar isso. (desligando a televisão)
Entra Charlie.
Charlie: Não precisa, eu ouvi tudo.
Trilha triste. Blackout. O centro do palco é iluminado. Dia. Entra o vendedor com
seu carrinho de doces.
Vendedor: Olha o chocolate! Chocolate baratinho e delicioso! Olha o chocolate!
Entra Charlie caminhando lentamente e reflexivo.
Charlie: (feliz) Achei dinheiro no chão! (Vai até o vendedor) Senhor vendedor,
senhor vendedor!
Vendedor: Pois não, Charlie.
Charlie: Vou querer uma barra de chocolate, por favor.
Vendedor: (Entregando a barra para Charlie) Então experimente o ''DeIigostoso''.
Agora que todos os convites foram achados, não preciso mais esconder nenhum
chocolate.
(Charlie come com muita vontade, quase colocando o chocolate inteiro na boca)
Charlie: Acho que vou comprar mais um... para o meu avô Joe.
Vendedor: Claro. Leve uma dessas barras Wonka comum dessa vez.
Charlie: Certo. Obrigado!
Vendedor: Você viu? (lendo o jornal) O convite do homem era faIso. Vigarista de
meia tigela... bom, a disputa continua, né Charlie?!
(Charlie observa atento a conversa)
Charlie: O senhor tem certeza? (esperançoso)
Vendedor: Tenho sim, está nos jornais.
(Charlie desembrulha o chocolate e vê o convite dourado)
Vendedor: Achou o último convite dourado... (empolgado) e foi na minha loja!
Que emoção! (Para Charlie) Escuta, Charlie, não entregue o convite a ninguém.
Leva direto para casa. Entendeu?
Charlie: (Sorridente) Sim, obrigado! (Sai de cena correndo)
Trilha alegre. Charlie passeia feliz pela cena enquanto todos outros saem de cena.
De repente a trilha fica sinistra, a luz muda e Slugworth entra em cena. Charlie
leva um susto.
Slugworth: Meus parabéns, garoto. Meus parabéns. Você achou o último convite
dourado. Permita que eu me apresente: Arthur Slugworth, presidente dos
chocolates Slugworth & Cia. Escute-me porque vou fazer você ficar muito rico de
verdade. Willy Wonka neste momento trabalha numa fantástica invenção: “A
balinha interminável”. Se der certo será o meu fim! Só o que eu peço é que você
guarde uma dessas balinhas intermináveis e me entregue para que eu descubra
a fórmula secreta e eu lhe darei 1000 notas iguais a estas aqui. (Retira um bolo
de dinheiro) Pense bastante, está me ouvindo? Com esse dinheiro poderá
comprar uma nova casa para sua família, além de boa comida e conforto para o
resto de suas vidas! (Coloca a mão nos ombros de Charlie) E não vá se esquecer
do nome: Balinha interminável.
Trilha tensa/Transição. Slugworth sai de cena rapidamente. Blackout. Novamente,
a casa de Chalie é iluminada, seus avós e sua Mãe estão em cena. Charlie entra
correndo.
Charlie: Eu achei! O quinto convite dourado é meu!
Vovô Joe: (Triste) não brinque conosco, CharIie. Os convites dourados já
acabaram.
Charlie: (Eufórico) O úItimo era faIso! Está no jornaI! Todo mundo já sabe! Eu
achei dinheiro na rua, comprei uma barra Wonka, e o convite estava neIa! OIhe!
Veja você mesmo! (Mostrando o convite para o Vovô Joe)
Vovó Georgina: Leia, Joe, peIo amor de Deus!
Vovô George: Que lindo esse papelzinho... é tão brilhoso!
Vovó Josephine: Aposto que é uma pegadinha.
Mãe: (Se aproximando do vovô Joe) O que diz aí?
(Vovô Joe enxerga com dificuldade, mas reconhece a veracidade do convite.
Imediatamente pula da cama e começa a dançar)
Vovô Joe: (Fazendo movimentos engraçados) Yuuuuupi!!! (Para a Mãe) Tome,
leia em voz alta. Vamos ver o que diz aí!
Mãe: (Lendo) ''Parabéns a você que achou este convite dourado! Convido você
para vir à minha fábrica e ser meu convidado por um dia inteiro. Eu, Willy Wonka,
conduzirei você pela fábrica mostrando tudo o que há para ver. E na hora de ir
embora será acompanhado por uma fileira de caminhões carregados com todo o
chocolate que poderá comer na vida. E uma das cinco crianças receberá um
prêmio extra que está além de qualquer expectativa. Apresente esse convite nos
portões da fábrica às 1O h, no dia primeiro de outubro e não se atrase! Pode trazer
com você um membro da família, mas ninguém mais. Nos seus sonhos mais
Ioucos, você não imagina... as surpresas maravilhosas que o aguardam! Até lá,
Willy Wonka.'' (Animado) Você conseguiu, Charlie!
Vovô Joe: (Empolgado) não acredito!
Mãe: Mas... primeiro de outubro... é amanhã!
Vovô Joe: (Empolgado) não há um instante a perder. Penteie o cabelo, lave o
rosto, as mãos, escove os dentes, assue o nariz...
Vovó Josephine: E tire essa lama da calça!
Vovó Georgina: Leve um casaco, está esfriando!
Vovô George: Não estou com frio...
Mãe: Vamos manter a calma! Eu não tenho condições de acompanhar o Charlie
até a fábrica. Preciso trabalhar!
Vovô Joe: Eu vou. Eu levo o Charlie! Deixa comigo.
Mãe: Eu não sei não... pode ser perigoso, Vovô.
Vovó Georgina: (Para a Mãe) Querida, parece que o Joe sabe mais sobre a
fábrica do quebqualquer um de nós.
Mãe: (Suspira) Está bem!! Desde que ele se sinta disposto...
Vovô Joe: Estou ótimo!! (faz uma dancinha para provar) Vamos? (Para Charlie)
Charlie: (Triste) Não, nós não vamos.
Todos: O que?
Charlie: Um homem me ofereceu 200 dólares pelo convite. Aposto que alguém
pagaria até mais. Precisamos mais do dinheiro do que de chocolate. (Silêncio.
Todos ficam triste. Vovô Joe senta na cama, chocado.)
Vovó Josephine: Rapaz, escute aqui. Há muito dinheiro no mundo. E imprimem
mais a cada dia. Mas este convite. Só há cinco destes no mundo e nunca mais
haverá outro. Só uma pessoa burra trocaria isto por algo comum como o dinheiro.
Você é burro?
Charlie: Não, vovó...
Vovó Josephine: Então, tire essa lama da calça! Tens que ir a uma fábrica!
(Charlie sorri e dá um abraço na Vovó Josephine)
Vovô Joe: Olhem pra mim! Estou de pé e firme! Não fazia isso há 2O anos! (Vovô
se desequilibra, mas Charlie o segura)
Charlie: Vovô!
Vovô Joe: (Para Charlie) Os meus chinelos, por favor. (Charlie alcança os
chinelos para o vovô, que em seguida os calça) Me alcança a bengala, Charlie!
Lá vou eu! Olha a minha rapidez... (Sorrindo, dança com dificuldades para se
equilibrar)
Mãe: Amanhã é o grande dia...
Charlie: Estou tão ansioso vovô!
Vovô: Nem me fale, Charlie. Acho que nem conseguirei dormir essa noite.
(Todos vibram. Trilha animada. Blackout)
ATO II
(Dia. Em frente à cortina fechada. Portões da fábrica Wonka. Primeiro entra o
repórter. Logo em seguida, os ganhadores).
Repórter: Chegou o grande dia! WiIIy Wonka abrirá os portões e dará presentes
aos 5 ganhadores. De todos os lugares, pessoas vieram aguardar a hora... para
ver o Iendário mágico, Sr. WiIIy Wonka.
Mike: Ei, mãe, estamos na TV!
Veruca: Pai, quero ser a primeira a entrar.
Pai de Veruca: Como quiser, querida.
Repórter: Muito ansiosa para entrar na fábrica, pequena Violeta?
Violeta: Preciso mandar um recado para uma amiga. Oi, CorneIia, querida! Ainda
estou com eIe. (Mostra o chiclete mascado que está na boca) Que taI esta
esticada? (Estica o chiclete com os dedos)
Repórter: (Desconfortável) hehehe... Muito apropriado.
(Violeta e sua mãe batem suas mãos, como um sinal de vitória)
Repórter: Augustus, o que esperas encontrar lá dentro?
Augustus: Muitas amostras grátis de chocolate! (Comendo uma barra de
chocolate)
Mãe de Augustus: (retirando a barra de sua mão) Não encha o estômago agora,
Augustinho!
Veruca: (Sem paciência) Papai, eu quero entrar! O que está acontecendo que o
portão não abre?
Pai de Veruca: (olhando no relógio) São 9:59, querida.
Veruca: Faça o tempo andar mais rápido!
Charlie: Acha que o Sr. Wonka vai reconhecê-lo?
Vovô: É difícil dizer... Fazem tantos anos.
Mãe de Violeta: Dê olho no prêmio, hein, Violeta! Dê olho no prêmio.
(O relógio de uma igreja bate dez horas. Devagar, um feixe da cortina se abre.
Todos os olhos se fixaram o espaço aberto da cortina. A silhueta de Willy Wonka
aparece em meio a fumaça, que sai de dentro do pano)
(Willy Wonka se aproxima das crianças)
Willy Wonka: Bem-vindos, meus amigos. Bem-vindos à minha fábrica! Fico feliz
que tenham vindo, pois vai ser um dia muito movimentado. Eu espero que gostem!
E eu acho que vão gostar. Agora, deixe-me ver os seus convites.
(Veruca salta na frente esticando seu braço mostrando o convite)
Veruca: Eu sou Veruca Salt. É um prazer conhecê-lo, Senhor.
Willy Wonka: Querida Veruca, muito prazer! Sempre pensei que Veruca fosse
um tipo de verruga que dá na sola do pé! Hahaha... (Ninguém ri) Está Iinda neste
casaco de visom!
Veruca: (Exibida) Tenho mais três desses no guarda-roupas.
Pai da Veruca: Olá, sou o pai dela. (Apertando a mão de Willy Wonka)
Willy Wonka: Sr. SaIt, muito prazer. Podem ir para Iá?
(Veruca e seu pai entram no vão das cortinas pelo qual Willy Wonka entrou)
Augustus: (Apertando a mão de Willy Wonka) Oi, eu sou Augustus GIoop e adoro
chocolate!
Willy Wonka: Percebe-se! Também adoro! Sr Augustus, meu caro amigo é um
prazer vê-Io e em tão boa forma! E esta deve ser a radiante Senhora Gloop.
Mãe de Augustus: Sim, sou eu mesmo. Prazer!
Willy Wonka: Entrem por aqui, por favor! (Aponta o caminho. Augustus e sua mãe
entram no vão das cortinas)
Violeta: (Apertando a mão de Willy Wonka) VioIeta Beauregarde.
Willy Wonka: AdoráveI criança, bem-vinda à Wonka.
Violeta: Que tipo de chicIete você tem?
Willy Wonka: Encantadora! Encantadora! Você verá!
Violeta: Sou eu que vou ganhar o prêmio especial no fim do passeio.
Willy Wonka: Bem, você parece bem confiante, e confiança é tudo!
(Violeta olha feliz para a mãe)
Mãe da Violeta: Que bom! Vamos aguardar. Eu sou mãe da Violeta. É para lá
que devemos ir, não é?! Estamos indo, tchauzinho! (Violeta e sua mãe entram no
vão das cortinas)
Mike: Sou Mike Teevee. (Finge que dá um tiro na barriga de Wonka) Bang! Te
matei!
Willy Wonka: Oh! Hehehe... Muito prazer conhecê-lo, Mike! E Sra. Teevee, como
vai? Você tem um garoto adoráveI.
Mãe de Mike: Obrigada.
(Mike e sua mãe entram no vão da cortina)
Charlie: Sou CharIie Bucket.
Willy Wonka: Muito prazer, Charlie Bucket. Li a seu respeito no jornaI. Estou
muito contente por você. Quem é esse?
Charlie: Meu avô Joe.
Willy Wonka: (Apressado) muito prazer, senhor Joe. Encantado. MaraviIhado.
EnIevado. Extasiado. (Grita para alguém ao longe) TUDO PRONTO?! Sim! Ótimo!
Vamos entrar!
(Wonka entra apressado pelo vão da cortina, enquanto Charlie e vovô Joe ficam
sem entender. A trilha fica sinistra. Entra Slugworth)
Willy Wonka: Chapéus, casacos e gaIochas aqui. (Aponta para a coxia, da onde
saem vários braços imóveis com luvas. Todos colocam seus pertences nos braços
enquanto Wonka fala) Rápido, Obrigado.
Augustus: Quando vou ganhar meu chocolate?
Mãe de Augustus: Primeiro tire o casaco, Augustus.
Mike: Que cabides estranhos!
(No momento que Mike coloca o seu casaco no cabide, a mão agarra a roupa.
Todos se assustam)
Willy Wonka: Aqui há surpresas em todos os cantos, mas são todas inofensivas!
Nada é perigoso! Não se apavoram. E assim que terminarem de pendurar suas
roupas, vamos começar.
(Uma das mãos pega o chapéu do vovô Joe, que está próximo a elas)
Veruca: Vamos entrar logo! Andem!
Willy Wonka: Paciência, paciência, queridinha. Tudo tem uma ordem.
Veruca: Cadê o chocoIate?
Violeta: Duvido que haja aIgum.
Willy Wonka: Bom. Vamos continuar! Meus queridos amigos... estão prestes a
entrar no centro nervoso da fábrica Wonka. Dentro dessa saIa, todos os meus
sonhos viram realidade. E algumas das minhas realidades viram sonhos também.
E quase tudo que virem é comestível. É ingerível. Podem comer e beber quase
tudo.
Augustus: Vamos entrar, estou faminto!
Willy Wonka: Senhoras e senhores... Garotos e garotas... Esta é a Sala de
ChocoIate. Divirtam-se!
(Trilha. O cenário se modifica. Todos ficam maravilhados e saem correndo
comendo tudo o que encontram. Mike pega uma das balas gigantes e as chuta
até quebrar)
Mãe de Mike: Filho, por favor!
Mike: Qual é pai?! Ele falou para a gente se divertir!
(Charlie anda na frente do palco segurando e olhando fixo para uma maçã do
amor. Violeta chega e pega a maçã das mãos de Charlie. Ela tira o chiclete da
boca e o guarda atrás da orelha)
Charlie: Para que guarda o chiclete? Por que não abre outro?
Violeta: Aí, eu não seria uma campeã. Seria uma perdedora.
(Olha Charlie de cima a baixo, morde a maçã e sai. A Mãe de Augustus aparece
com a bolsa cheia de bombons)
Augustus: Mãe pega mais bombons!
Mãe de Augustus: Já enchi a bolsa meu filho! (Olha para o rio) Ui, que rio de
água suja!
Pai de Veruca: Rio de resíduo industrial. Você estragou o sistema de
escoamento. Uma poluição.
Willy Wonka: É chocolate!
Veruca: Isso é chocolate?!
Mike: Que massa!
Charlie: (Maravilhado) É chocolate!
Violeta: Nossa, um rio inteiro de chocolate!
Augustus: Ai, meu coraçãozinho!
Vovô: Essa é a coisa mais fantástica que já vi!
Willy Wonka: Cada gota do rio é chocolate derretido da melhor qualidade. São
cinquenta mil litros por hora. E vejam a minha cachoeira, ela é muito importante.
Ela mistura e bate o meu chocolate deixando leve e aerado. Olhem, não há fábrica
no mundo que misture o chocolate desse jeito. Podem acreditar no que eu digo!
(Em segredo para o Pai de Veruca) Mas é o único modo se quiser usá-lo certo.
(Aponta para canos que vêm do teto) Aqueles canos sugam o chocolate e
distribuem para toda a fábrica. Milhares de galões por hora.
(Entram os Oompa-Loompas carregando sacos de cacau e açucar)
Charlie: Olha lá!!! Quem são aquelas pessoas que vem vindo?!
Vovô: Puxa vida! Agora sabemos quem faz o chocolate.
Mãe de Augustus: Nunca tinha visto nada igual!
Mãe de Violeta: Que gente estranha, Wonka!
Pai de Veruca: De onde eles vêm?
Mãe de Mike: O que estão fazendo lá?
Willy Wonka: Eles adicionam o leite e o açúcar.
Charlie: Quem são?
Mike: São pessoas de verdade?
Willy Wonka: Claro que são de verdade. São Oompa-Loompas.
Augustus: Oompa-Loompas?
Willy Wonka: Importados da Loompalândia.
Mãe de Mike: Não existe esse lugar.
Willy Wonka: O quê?
Mãe de Mike: Senhor Wonka, leciono Geografia no Ensino Médio, e posso dizer
que...
Willy Wonka: Então sabe muito bem que existe e que é um país horroroso. Nada
mais que regiões desertas e animais ferozes. E os pobrezinhos Oompa-loompas
são tão pequenos indefesos que eram devorados por esses animais. Um
jacarungo poderia comer 10 deles em um almoço e nem ligava pra isso. Então,
eu disse: podem viver comigo em paz e confiança... bem longe dos jacarungos e
elefungos, e chifrungos e e todos os animalungos ferozes.
Mãe de Augustus: Elefungos?
Mãe de Violeta: Animalungos ferozes?
Pai de Veruca: Que conversa maluca é essa?
Willy Wonka: Lamento, mas todas as perguntas devem ser feitas por escrito.
Então...em grande sigilo, eu transportei toda a população dos Oompa-Loompas
para a minha fábrica.
Veruca: Papai, eu quero um Oompa-Loompa! Quero que me dê um Oompa-
Loompa imediatamente!
Pai de Veruca: Está bem, querida. Antes que o dia acabe lhe dou um.
Veruca: (Manhosa) Eu quero um Oompa-Loompa já!!
Violeta: (Para Veruca) Pare de falar!
Augustus: Hmm... Está uma delícia!
(Todos abrem espaço e é revelado Augustus, de joelhos no chão, tomando o
chocolate do rio)
Charlie: Olha o Augustus!
Vovô: Não se preocupem, ele pode comer tudo!
Mãe de Augustus: Augustus, meu filho! Não estrague o seu apetite!

Willy Wonka: (Nervoso) Augustus, por favor, não faça isso! (Indo em direção a
Augustus) Meu chocolate jamais foi tocado por mãos humanas! Por favor, não
faça isso! Vai contaminar todo o rio! Augustus, eu lhe peço, por favor, não!

ATO III

(Augustus cai no Rio e se debate na água por alguns instantes)


Todos: Oh!!!
Augustus: Socorro! Socorrro!
Mãe de Augustus: Augustus, meu filho!! Alguém o ajuda!
Violeta: Vai, Augustus! Uhuuul!
Mike: Segura em alguma coisa!
Mãe de Augustus: Ele não sabe nadar!
Willy Wonka: Ah, não! Meu belo chocolate!
Augustus: Socorro, mamãe!!
Mãe de Augustus: (Para Wonka) Não fique parado aí, faça alguma coisa!
Willy Wonka: (Pensativo) Socorro.. polícia... morte..
Vovô Joe: Ajude, Charlie!
(Charlie pega um dos pirulitos gigantes presentes no cenário e estica para
Augustus)
Charlie: Segure aqui, Augustus!
(Augustus, com os braços para cima, vai cada vez aparecendo menos em cena
e não consegue se segurar para sair)
Veruca: Para onde ele foi?
Mãe de Violeta: O que houve?
Mãe de Augustus: O que está acontecendo?
Mike: Parece que ele está se afogando.
Mãe de Augustus: Wonka, por favor, mergulhe. Salve--‐o!!!!!
Willy Wonka: (Abrindo um pacote de balas que tira do bolso) Receio que seja
tarde.
Mãe de Augustus: Tarde?!
Willy Wonka: Não tem jeito. A sucção o pegou!
Pai de Veruca: Que isso?! Como assim?!
Mãe de Violeta: Que horror!!!!
Mãe de Augustus: (Desesperada) Augustus, volte aqui!!! (Para Wonka) Onde
ele está?!
Willy Wonka: (Mascando as balas) olhe o tubo.
(Um dos tubos que saem do teto e vão até o rio se mexem)
Mike: Quanto tempo ele vai ficar lá?
Mãe da Violeta: Será que ele vai conseguir sair dali?
Violeta: Eu conseguiria, fácil!
Charlie: Mas ele não sabe nadar, vovô.
Willy Wonka: É uma boa hora para aprender...
Mike: A gente pode entrar no tubo?!
Mãe de Mike: Fique quieto!
Pai de Veruca: Chame o bombeiro!
(Todos olhando para cima)
Veruca: Ué.. parou?
Mãe da Violeta: Está entalado no tubo, não é?
Mãe de Mike: É a barriga que faz isso!
Mike: Entupiu o cano todo!
Augustus: (EM OFF) Socooooorro! Socoooooorro!!
Violeta: Ele está bloqueando a passagem de chocolate!
Vovô Joe: O que vai acontecer com o rapaz?
Willy Wonka: (Calmo) A pressão vai colocar ele pra fora. Uma tremenda pressão
se forma sempre que há bloqueio.
Mãe de Augustus: AI MEU DEUS!! COITADINHO DO MEU FILHINHO!
Pai de Veruca: Mas quanto tempo ele levará para sair?
Willy Wonka: (Empolgado) O suspense é terrível. Espero que ele aguente.
Mãe de Augutus: AUGUSTUS!! Essa é a chance dele!
Violeta: Ele nunca vai sair.
Mike: Será que vai explodir?
Charlie: Ai, estou nervoso. Ele não vai conseguir...
Vovô Joe: Sim, ele vai, Charlie! Lembra uma vez que você me perguntou como
a bala sai do revolver?
(Ouve‐se um barulho de uma rolha sendo sacada)
Augustus: (EM OFF) AAAAAAAAAHHHHH!!!!!
Mãe de Augustus: AUGUSTINHOOOOO!!!! Ele vai virar caramelo em cinco
segundos!
Willy Wonka: Impossível, minha querida. Uma coisa dessas é um absurdo.
Impensável!
Mãe de Augustus: Por que?
Willy Wonka: Porque o tubo não vai para a sala de caramelo, vai para a sala de
recheios!

Mãe de Augustus: Seu... seu desalmado! Você é terrível! (Desmaia. Todos os


convidados tentam ajudar a Sra. Gloop)
(Willy Wonka retira do bolso um apito e o assopra)
Vovô Joe: Que apito maluco é este?
(Imediatamente o gerente dos Oompa Loompas entra em cena, VÃO A FRENTE,
FECHA AS CORTINAS)
Oompa Loompa: Chamou, senhor Wonka?!
Willy Wonka: (Para Oompa Loompa, fala de boca cheia e ninguém entende
nada. Até que resolve engolir o que tem na boca) Sim, leve a senhora Gloop
para a sala de recheios.
Oompa Loompa: Temos que tomar cuidado para que seu filho não seja
despejado para dentro do caldeirão.

Mãe de Augustus: O QUE? (Furiosa) Eu garanto que o senhor já até o escaldou!


Willy Wonka: (Para Sra. Gloop) Calma, senhora. Está tudo sobre controle. (Para
Oompa Loompa) Eu não tinha lembrado disso... vá depressa então!
Oompa Loompa: Sim, senhor! (O gerente dos Oompa Loompas a leva para fora
da cena)
Willy Wonka: Sem desespero, minha senhora! Depois do deserto está a terra
prometida. Adeus, Senhora Gloop... Bye bye! Adieu! Au revoir! Buenas noches!
Mãe de Mike: Afinal, que tipo de lugar é esse?
(A cortina se abre. Há três barcos feitos de doce em cena. Há um Oompa
Loompa em cada extremidade do barco)
(Imediatamente a trilha cessa, acontece um blackout. Aos poucos a luz volta ao
normal e todos observam a sua volta)
Willy Wonka: Chegamos.
Mãe de Mike: Onde?
Willy Wonka: Aqui. Um pequeno passo para a humanidade, mas um passo
gigante para nós.
Vovô Joe: Não entendi. Onde estamos?
Mike: Mamãe, por que não fazem um jogo de realidade virtual exatamente
assim?
Mãe de Mike: (Sem paciência) eu não sei.
Mike: Seria demais!
Violeta: Que pesadelo! Me deu até dor de cabeça.
Mãe de Violeta: Muito bem, querida... agora foco novamente!
Charlie: Olha, vovô! Tem uma placa aqui!
Vovô Joe: O que diz aí?
Charlie: (Lendo) Creme de leite.
Vovô Joe: (Lendo) Creme de chantilly.
Charlie: (Lendo) Café com creme.
Vovô Joe: (Lendo) Creme de baunilha.
Charlie e Vovô Joe: (Lendo) Creme de cabelo?
Violeta: Embaixo diz. (Lendo) Perigo! Somente pessoas autorizadas!
Mike: Que legal, estou tão animado. Quando há placas assim, de Perigo, é sinal
que algo ruim vai acontecer. Tipo em Resident Evil! Será que vai sair um monte
de zumbi para nos atacar e....

Mãe de Mike: Quieto, Mike!


Willy Wonka: Siga-me-, mas tenha cuidado. Esta área é muito especial! Mas
lembrem--se: não mexam em nada! Não provem, não toquem, não contem!

Vovô Joe: Não contar o quê?


Willy Wonka: Vocês vão ver! Todas as minhas invenções mais secretas estão
sendo feitas aqui. O velho Slugworth daria até a dentadura para entrar aqui por
5 minutos! Então, não toquem em nada! Sim? (perguntando para os convidados)
Não entendi. Sim?

Todos: Sim!
Willy Wonka: Muito bem. Agora, meus convidados, apresento--‐lhes a Sala de
Invenções!
(CORTINA ABRE. O cenário é uma fábrica colorida, composta por máquinas,
engrenagens, fumaça, tubos, caldeirões, luzinhas piscando, botões, embalagens
e Oompa Loompas trabalhando)
Vovô Joe: Sala de invenções? Parece até uma sauna!
Charlie: Se Slugworth entrasse aqui não ia descobrir nada. Está uma bagunça!
(Wonka começa a fazer misturas com diferentes líquidos coloridos em tubos de
ensaio)
Pai de Veruca: Há greve de lixeiros aqui?
Mãe de Mike: Quem cuida da limpeza do lugar?
Mãe de Violeta: Você não deveria usar luvas de borracha? Qualquer dia a
vigilância sanitária virá atrás de você, hein!
Willy Wonka: Invenção, meus caros amigos, é 93% transpiração, 5% de
eletricidade, 9% de evaporação, 2% de manteiga e creme.
Mãe de Mike: (Pensativa) Mas isso dá 109%...
(Wonka bebe a mistura que estava preparando. E fica pensativo, saboreando)
Mãe de Violeta: E aí? É bom?
Willy Wonka: (Pensativo) É. Com licença.
(Pega um relógio despertador e vai até o caldeirão, onde estão as crianças
observando a fervura do líquido)
Willy Wonka: (Para Veruca) O tempo é algo precioso. (Joga o relógio no
caldeirão) Nunca desperdicem os seus!

Veruca: Ahhhh! Ele é completamente maluco!


Charlie: Isso não é ruim!
(Ouve--‐se uma explosão. Mike cai)
Willy Wonka: Eu disse para não tocarem em nada.
Mãe de Mike: (Correndo para ajudar Mike) Meu filho!! (Mike tosse)
Mãe de Mike: Deixa-me ver seus dentes!
Willy Wonka: Aquilo é bala explosiva para os inimigos. Grande ideia, não é?
Ainda não está pronta... está fraca demais! Pode melhorar!

(Willy Wonka vai até um outro caldeirão e, com o dedo, prova o sabor do caldo.
Em seguida coloca na caldeira um par de chuteiras)
Mãe de Violeta: Pra que isso?
Willy Wonka: Para andar mais depressa!
Pai de Veruca: Wonka! (Chama Willy Wonka para o canto) Entre nós... Não tem
uma bebida quente por aí?
Willy Wonka: Bala alegra, bebida enlouquece.
(Willy Wonka, volta para o caldeirão do relógio e coloca a mão)
Willy Wonka: Aiiii!!! (Tira rapidamente a mão)
Violeta: O que houve? Está quente?
Willy Wonka: Não. (Pega um casaco e joga--‐o na panela) Está frio! Muito frio!
(Retira uma bala da panela) Esta é a bala capilar!
Todos: Bala capilar?!
Willy Wonka: Se a gente chupar uma bala dessas, em exatamente meia hora
um tufo de cabelo novinho vai crescer no topo da cabeça. Além de barca e
bigode.
Mike: E quem quer ter barba?
Willy Wonka: Bem... intelectuais, por exemplo. Cantores e motoqueiros também
adorariam... Ah! Está super na moda! Toda essa gente moderninha, que está
sempre nos trinques querem barba. É o maior barato, bicho. Estão sacando o
lance? Manjaram o assunto?

(Todos olham em silêncio para Wonka, exceto a Mãe de Mike que está no fundo
do palco observando as máquinas)
Willy Wonka: Eu sabia que sim. Então, toca aqui, irmão! (Para Mike, que só olha
fixo para Wonka) Bom, infelizmente a mistura ainda não está pronta. Ontem
mesmo um Oompa loompa provou e, bem... eu não vejo mais ele.. só cabelos.
hehehe
(Um alarme começa a tocar. A Mãe de Mike estava espiando um objeto tapado
por um pano)
Willy Wonka: Perdão, mas ninguém pode tocar aí! Essa é a mais secreta
máquina de toda a minha fábrica. Essa sim é que iria endoidar o velho Slugworth!

Violeta: O que ela faz?


Willy Wonka: (Empolgado) Gostariam de ver?
Todos: Sim!
(Wonka retira o pano de cima da máquina, clica em alguns botões. Efeitos de
som. Luzinhas acendem, as luzes piscam. Wonka abre uma gaveta e retira
bolinhas coloridas)
Charlie: Mas o que ela faz?
Willy Wonka: Não estão vendo? Ela faz a Balinha Interminável!
(Todos se olham. Charlie leva vovô Joe na frente da plateia)
Charlie: É o doce que Slugworth pediu para eu pegar!
Vovô Joe: Não se meta nisso, Charlie!
Violeta: O senhor disse: A balinha interminável?
Willy Wonka: Sim! Ela mesma! Foram feitas para crianças que sejam pobres
demais! Elas duram para sempre!
Veruca: Eu quero uma balinha interminável!
Violeta: Eu também!
Mike: Eu também!
Charlie: E eu!
Willy Wonka: (Cheirando a balinha, orgulhoso) fantástica invenção.
Revolucionará a indústria! A gente pode chupá--‐la, chupá--‐la, chupá--‐la e ela
nunca fica menor... (pensa) É a minha intenção. Faltam só mais alguns testes!
Mike: Como elas são feitas?
Willy Wonka: Sou um pouco surdo desse ouvido. Fale um pouco mais alto
depois. Agora, quem vai querer uma balinha interminável?

Todos: Eu!
Willy Wonka: Eu só posso dar se juraram solenemente que guardarão sempre
com vocês e jamais as mostrarão para nenhuma outra pessoa até o fim de suas
vidas. Você jura, Violeta?
Violeta: Eu juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Jura, Mike?
Mike: Juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Jura, Veruca?
(Veruca vira de costas para a plateia, mostrando fazer uma “figa” para bloquear
a promessa)
Veruca: Juro! (Pega a balinha)
Willy Wonka: Muito bem, agora vamos...
Vovô Joe: E cadê a do Charlie?
Willy Wonka: Não seja por isso. (Pega a balinha e entrega para Charlie) E uma
pro Charlie!
Veruca: Ei, ela ganhou duas! Assim não é justo!
Violeta: Não ganhei não. Onde você está vendo duas aqui?
Veruca: Quero mais uma!
Violeta: Não crie caso sua maluca. Olha aqui! (Mostrando que tem apenas uma
bala)
Willy Wonka: Todos ganharam uma! E uma chega para cada pessoa! Agora vou
mostrar uma coisa bem legal para vocês!
(Entra em cena uma máquina aparentemente construída de sucata. Além de
tubos de ensaio, líquidos coloridos, mangueiras e led, é possível reconhecer
alguns eletrodomésticos, como um liquidificador, compondo a aparelhagem. No
centro há um enorme botão vermelho)
Mãe da Violeta: (Debochada) Puxa, parece ser mesmo bem legal...
Pai de Veruca: Espero que a minha Veruca não queira uma dessas. Hehehe
Mike: Que geringonça é essa?
Willy Wonka: Não é uma beleza? É a minha maravilhosa antipoluição mecânica.
Violeta: É você que dá esses nomes para as coisas? É péssimo.
Willy Wonka: (Procurando) Agora... Botão, botão, botão... Onde está o botão?
Charlie: (Cutucando Wonka) Não seria aquele botão ali?
Willy Wonka: Aqui?
Charlie: Isso!
(Wonka aperta o botão. A máquina faz um som esquisito, como uma mistura
entre explosões, melecas, flatulências e vômitos. As luzes piscam e há fumaça
no palco)
Veruca: Que nojo!
Mike: hahaha curti.
Willy Wonka: O que estão vendo, meus caros, é o maior milagre da era da
máquina. A obra prima da confeitaria.
(O som cessa, as luzes voltam ao normal)
Willy Wonka: (Pegando um chiclete da máquina) Prontinho.
Mike: Só saiu um?
Veruca: Tanto barulho para fazer só isso?!
Willy Wonka: Só isso?!!! Você não sabe o que é isso!
Violeta: (Empolgada) Puxa vida, é chiclete!!!!
Willy Wonka: Errou! É o mais espantoso, fabuloso, sensacional e incrível
chiclete do mundo!
Violeta: O que ele tem de mais?
Willy Wonka: Esse pequenino chiclete é uma refeição completa. Equivale a 3
pratos!
Pai de Veruca: Por que alguém ia querer isso?
Willy Wonka: (Fica sem resposta. Então, retira um pequeno papel do bolso) Um
tablete do chiclete mágico do Wonka é só o que será preciso no café da manhã,
almoço e janta. Este chiclete é de sopa de tomate, rosbife e torta de amora azul!

Vovô Joe: Isso é fantástico!


Willy Wonka: Eu não disse?!
Veruca: Parece esquisito.
Violeta: Parece o meu tipo de chiclete! (Violeta tenta pegar das mãos de Wonka)
Willy Wonka: Ainda não está terminado…
Violeta: Não interessa! (Violeta tira o chiclete das mãos de Wonka)
Willy Wonka: Não! Eu não faria isso... realmente não faria!
Violeta: (Olhando fixamente para o chiclete) Se é chiclete é meu!
Willy Wonka: É sério, fofinha, é melhor não provar. Ainda há umas coisinhas
que precisam...
Violeta: Sou recordista mundial de mascar chiclete. Não tenho medo de nada.
Mãe de Violeta: (Orgulhosa) muito bem, filha!
Veruca: Não vá fazer nenhuma bobagem, Violeta.
Violeta: (Sarcástica) ahahaha invejosa. (Coloca o chiclete na boca e começa a
masca--‐lo)
Mãe de Violeta: E que tal, querida?
Violeta: (Mascando) É incrível!
Charlie: Tem gosto de que?
Violeta: (Mascando) Que loucura... É sopa de tomate. É quente,
cremosa...Posso sentir descendo pela minha garganta.

Willy Wonka: Não, espere!


Violeta: (Mascando) Uma delícia!!
Charlie: (Para vovô Joe) Por que ela não ouve o senhor Wonka?
Vovô Joe: Porque é matusquela Charlie! (Para Violeta) Mocinha, acho melhor
você...
Violeta: (Mascando) Ei, está mudando... Agora vem o segundo prato. Rosbife
com batatas assadas...
Pai de Veruca: Esqueceram o molho branco?! Hahahahaha (Ninguém mais ri)
Violeta: (Mascando) As batatas são super crocantes... e tem manteiga!
Mãe de Violeta: Vá mascando! Minha filha será a primeira pessoa a ter uma
refeição chiclete.
Willy Wonka: É... Só estou meio preocupado com a parte....
Violeta: (Mascando) Torta de amora azul... COM SORVETE! Nossa. é a melhor
sobremesa que já comi!
(Aos poucos uma luz azul vai acendendo somente em Violeta)
Willy Wonka: Essa parte.

Veruca: O que está acontecendo com a pele dela?


Pai de Veruca: Está ficando azul!
Violeta: (Mascando) Ah, corta essa! Deixa-me acabar a sobremesa aqui!
Mãe de Violeta: Violeta, você está ficando violeta!
Violeta: (Mascando assustada e completamente azul) Como assim?
Mãe de Violeta: O que está havendo com ela?
Willy Wonka: Eu avisei que não estava pronto.
Mãe de Violeta: Você é um maluco! Veja o que fez com a minha filha!
Willy Wonka: Sempre fica meio esquisito quando chega na sobremesa. Sempre.
Torta de amora azul faz isso. Sinto muitíssimo.
(Violeta começa a inflar)
Violeta: Mããããe!
Vovô Joe: Ela está inchando!
(Todos se afastam de Violeta)
Mãe de Violeta: (Desesperada) Que isso?! O que está acontecendo agora?!
Violeta: Me sinto esquisita!
Mãe de Violeta: Você está parecendo um balão!
Charlie: Está virando amora!
Mãe de Violeta: (Para Wonka) Faça alguma coisa, chame um médico!
Mãe de Mike: Espetem um alfinete!
Mike: Será que ela vai explodir?
Violeta: ME AJUDEM!!
Willy Wonka: (Pensativo e desmotivado) Sempre acontece isso. É tão estranho.
Mãe de Violeta: (Para Wonka) Você exagerou dessa vez e é responsável por
isso, Wonka! Como serei mãe de uma amora? Isso é impossível. Como ela vai
competir?

Veruca: Inscreva‐se na feira gastronômica.


Willy Wonka: Está aí uma grande solução. (Mãe de Veruca olha fixamente para
Wonka) Ok, eu vou dar um jeito nisso. (Pega seu apito do bolso e assopra)
Violeta: SOCORRO!!
(Entra o chefe dos Oompa Loompas)
Mãe de Violeta: Finalmente! Vamos retirar o ar depressa!
Oompa Loompa: Que ar?
Mãe de Violeta: Não está vendo o tamanho da minha filha?
Oompa Loompa: Ah, essa? Já sei, também comeu chiclete mágico do Wonka!
Certo?
Mãe de Violeta: Simmm!!!
Oompa Loompa: Mestre Wonka, não desiste! Jé testou nuns vinte Oompa
Loompas e todos eles viraram amoras. Que bom que dessa vez não foi um de
nós. hehehe

Mãe de Violeta: Que horror!!! Bom, mas agora que você chegou podemos retirar
todo esse ar. Vamos começar?!

Oompa Loompa: Que ar?


Mãe de Violeta: (Para Wonka) Lentinhos esses Oompa Loompas, não?
Willy Wonka: É que não há ar nenhum aí dentro.
Mãe de Violeta: Não? Então o que é?
Oompa Loompa: É suco!
Violeta: SUCOOO??!!!
Willy Wonka: (Para Oompa Loompa) Poderia rolá‐la até a sala de sucos, por
favor?!
Oompa Loompa: Mas é claro.
Mãe de Violeta: Pra que?
Oompa Loompa: Pra que mais seria, senhora? O que se faz com uma fruta?
Violeta: Não entendi!!
Oompa Loompa: (Para Wonka) Lentinhos esses convidados, não?
Willy Wonka: Vão levar Violeta até a sala de sucos para espremer! Ela tem que
ser espremida, senão ela vai explodir!

Violeta: EXPLODIR?!
Mãe de Violeta: EXPLODIR?!
Willy Wonka: (Calmo) Ah, mas é muito fácil... É uma simples operação.
Oompa Loompa: Bom... temos que ser rápidos! Com licença...
Mãe de Violeta: Você vai pagar por isso, Wonka! Você vai se arrepender! Ora,
Trocaram minha filha por uma amora... (É puxada para fora da cena por um
Oompa Loompa)
Willy Wonka: (Calmo) Cadê a boa educação? Na cabeça ou no coração?
(Silêncio) Vamos andando, pessoal! (Vira--‐se para as crianças) Ora, ora, ora...
Duas crianças bem mal criadas foram embora.

Charlie: Senhor Wonka?


Willy Wonka: Sim?
Charlie: Por que deixou entrar pessoas aqui?
Willy Wonka: Para que possam ver a fábrica. É claro.
Charlie: E por que agora? E só cinco?
Mike: Qual o prêmio especial? Quem vai ganhar?
Willy Wonka: Sem surpresa, o prêmio perde a beleza. Hahaha Agora restam só
três boas crianças... Depressa! Temos muito o que ver!

(Todos saem de cena, exceto Charlie e vovô Joe. Eles observam um líquido
borbulhante)
Charlie: O que será isso?
Vovô Joe: Não sei, Charlie. Aqui tem uma anotação do Sr. Wonka.
Charlie: (Lendo) Bebida voadora. Este protótipo faz com que a pessoa se encha
de gás. Como o gás é terrivelmente voador, a pessoa acaba voando igual balão.
Produto em teste.

Vovô Joe: Vamos testar, Charlie?


Charlie: Acho melhor não, Vovô.
Vovô Joe: Mas ninguém está olhando... Um pouquinho não fará mal.
Charlie: Está bem!
(Charlie pega o frasco, mas o deixa cair no chão)
Charlie: E agora, Vovô?
Vovô Joe: Não se preocupe. Vamos juntar essa bagunça e cair o fora daqui,
antes que alguém nos encontre com mão na massa.
Charlie: Será que estragamos a bebida do Wonka?
Vovô Joe: Não, ele deve ter mais em algum lugar aqui.
(Terminam de limpar e saem de cena. Trilha. A intensidade da luz baixa.
Enquanto os Oompa Loompas trocam os objetos de cena, enquanto o público
continua assistir a mudança de cenário) ouvindo a voz de Wonka e seus
convidados)
Willy Wonka: (EM OFF) Cadê Ah! Um momento. Tenho que lhes mostrar isso.
Papel de parede lambível para colocar no quarto de criança. Lamba a laranja,
tem gosto de laranja. Lamba o abacaxi, tem gosto de abacaxi. Experimentem.

Mike: (EM OFF) Eca! Lambi a amexa.


Charlie: (EM OFF) Esse morango é fantástico! Parece de verdade!
Willy Wonka: (EM OFF) Vão lambendo. O Pêssego também é uma delícia! E os
Chupangos tem realmente gosto de chupangos!

Veruca: (EM OFF) Chupangos? Quem conhece chupango?


Willy Wonka: (EM OFF) Nós somos os fabricantes e fabricamos os sonhos
também. Venham comigo, vou mostrar uma coisa bem legal agora.
(A trilha aumenta. O palco volta a ficar iluminado. Os Oompa Loompas, mudaram
os objetos de cena para um balcões repletos de ovos grandes e dourados, há
também pilhas de caixas para presente e escadas. No centro há o ovômetro, um
balcão com vários ovos dourados. Um dos Oompa Loompas segura duas placas,
uma escrita: “BOM, na outra: RUIM. Cada vez que um Oompa Lompa coloca o
ovo em cima do móvel, o outro levanta uma das placas. Wonka e seus
convidados entram em cena. Todos olham para cima)
Willy Wonka: Sei o que estão pensando. Eles não podem fazer o que estão
fazendo, mas estão. Tem que fazer! Ainda não encontrei nenhum Oompa
Loompa que fizesse isso. Estão fazendo horas extras para a Páscoa!

Mike: Mas a Páscoa já passou...


Oompa Loompa: Shhhh! Não fala isso alto! Eles não sabem disso. Estamos
fazendo um estoque para o ano que vem.

Pai de Veruca: O que fazem quando algum desses ovos quebram?


Oompa Loompa: Fazemos uma omelete para algum gigante! Vocês precisam
ver... é um banquete digno de um rei!

Charlie: São ovos de chocolate?


Oompa Loompa: Ovos de chocolates dourados.
Willy Wonka: São deliciosos! Uma iguaria!
(Os convidados ameaçam chegar perto dos ovos)
Oompa Loompa: Não cheguem muito perto!
Mãe de Mike: Por que?
Willy Wonka: Os gansos são muito temperamentais! Por isso usamos o
ovômetro.
Mãe de Mike: Ovo quê?
Willy Wonka: Ovômetro! Ele indica a diferença entre um ovo bom e o ruim.
Pai de Veruca: Interessante. E como funciona?
Willy Wonka: (Para o chefe dos Oompa Loompas) Quer nos explicar?
Oompa Loompa: Assim, todo o ovo que recolhemos dos gansos separamos
através do ovômetro. Se for bom, é polido e mandado para todo o mundo. Mas
se o ovo for ruim, entra pelo cano.
(Nesse momento um alarme dispara. E o Oompa Loompa que está no ovômetro
levanta a placa escrita: RUIM. O ovo cai para trás do balcão)
Vovô Joe: É um ovômetro educado, esse.
Pai de Veruca: É uma grande tolice.
Willy Wonka: (Cantarola) Uma tolice ocasional para um gênio não faz mal.
Veruca: Papai, eu quero um ganso dourado!
Charlie: (Sem paciência) Aí vamos nós de novo!
Pai de Veruca: Está bem, filhinha! Está certo. Terá um ganso dourado assim
que chegarmos em casa.

Veruca: Nãão! Eu quero um desses aí! (Aponta para os gansos de Willy Wonka)
Pai de Veruca: Wonka, quanto você quer pelo ganso dourado? (Puxando a
carteira do bolso)
Willy Wonka: Eles não estão a venda.
Pai de Veruca: Dê seu preço.

Willy Wonka: Ela não terá um desses.


Veruca: (Furiosa) QUEM DISSE QUE NÃO?!
Pai de Veruca: O homem da cartola estranha.
Willy Wonka: Eles não estão a venda.
Veruca: EU QUERO UM! Eu quero um ganso dourado! Quero que as gansas
ponham ovos pra páscoa!

Pai de Veruca: Vão pôr, filhinha!


Veruca: Quero 100 por dia
Pai de Veruca: Será uma alegria.
Veruca: Pai, eu quero...
Pai de Veruca: O que?
Veruca: Eu quero uma festa!
Pai de Veruca: Já teve uma no mês passado.
Veruca: Muita folia...
Pai de Veruca: Ah! Você terá! Terá tudo isso quando chegar em casa.
Willy Wonka: (Acompanha o riso) Não necessariamente, ela pode ficar entalada
aí dentro do cano.
Pai de Veruca: hehehe...Dentro do ca... OOOOHH! MINHA FILHA!!
VERUCA, DOÇURA! (Se atira no buraco pelo qual Veruca entrou) PAPAI JÁ
VAAAAAAIII (O ovômetro acusa “Ovo Ruim”)
Willy Wonka: Vai haver muito lixo lá embaixo hoje. Limpem a bagunça, Oompa
Loompas!
Oompa Loompa: Sim, senhor!
(A cortina fecha. A cena segue no proscênio enquanto o cenário é modificado
para a próxima cena)
Vovô Joe: É. No final Senhor Salt conseguiu o que queria.
Charlie: E o que era?
Vovô Joe: Veruca foi na frente.
Charlie: Senhor Wonka, eles vão ser queimados no forno de verdade?
Willy Wonka: (Pensativo) Bem, aquele forno é aceso um dia sim e um dia não.

Oompa Loompa: Hoje é o dia que não é aceso. Mas de qualquer forma, o
incinerador quebrou. Deve haver lixo de três semanas para amortecer a queda.
Willy Wonka: Olha que notícia boa! Assim, eles terão uma boa chance, não é?
(pensativo) Eu não estou entendendo, as crianças estão desaparecendo como
coelhos. Ainda sobrou nós. Vamos prosseguir?
Mãe de Mike: Mestre Wonka, não podemos sentar um minuto? Meus pés estão
me matando.
Willy Wonka: Minha senhora, não se preocupa. Não vamos andar muito. Aliás...
Já chegamos.
(A cortina abre. O fundo é neutro. No palco, há uma câmera em tripé, uma grande
televisão e um pequeno tapume)
Willy Wonka: Por favor, temos que tomar cuidado. Nesta sala há uma coisa
muito perigosa.
Charlie: O que é?
Willy Wonka: Wonkavisão é a minha última grande invenção!

Mike: Ah!! Mas isso já existe... é televisão.


Willy Wonka: Eu presumo que vocês saibam como funciona uma televisão
comum. Fotografa-se uma coisa e em seg....

Mike: Eu sei! Eu sei! Eu sei!


Willy Wonka: Você devia abrir um pouco mais a boca quando fala Fotografa-se
uma coisa e a fotografia é dividida em milhões de pedaços, e depois vêm pelo ar
até a nossa televisão, e se juntam nos seus devidos lugares. Então eu pensei
comigo: se fazem isso com a fotografia, por que não farei com uma barra de
chocolate? Imagina receber um chocolate prontinho para ser comido através da
televisão?
Mike: Isso é impossível. Você não entende nada de ciência. Primeiro, existe uma
diferença entre ondas e partículas. Dã!! Segundo a força necessária para
converter energia em matéria seria de nove bombas atômicas.

Willy Wonka: (Entediado) Chatooooo! Deixa de ser resmungão. Não entendo


um palavreado que você está dizendo.

(Entram Oompa Loompas com uma grande barra de chocolate e a posicionam


em frente ao tapume, com a câmera apontada para ela. O Chefe dos Oompa
loompas distribui óculos para os convidados)
Vovô Joe: Por que os óculos?
Oompa Loompa: É para sua proteção. Os raios dessa máquina são bastante
fortes.
Willy Wonka: Agora eu vou mandar esse chocolate de um canto ao outro da
sala, pela televisão. Tragam o chocolate!

Mike: Por que uma barra é tão grande?


Oompa Loompa: A barra tem que ser grande porque sempre que se transmite
alguma coisa pela televisão, ela fica menor do outro lado.

Willy Wonka: Ponham os óculos por favor!


(Todos põem os óculos)
Willy Wonka: Luzes, câmera, ação!
(As luzes piscam, ruídos de máquina e fumaça. O tapume gira e a barra Wonka
é retirada de cena.)
Willy Wonka: Podem tirar os óculos.
Charlie: Cadê o chocolate?
Willy Wonka: Está voando aqui por cima da nossa cabeça em milhões de
pedacinhos que não enxergamos. Agora vejam a tela. Aí vem ele.
(Uma barra Wonka, em tamanho normal, aparece na televisão)
Willy Wonka: Aí está.
Todos: Uau!
Willy Wonka: (Para Mike) Pegue.
Mike: Como posso pegar... é uma fotografia. Está dentro da TV.
Willy Wonka: (Para Charlie) Então pegue você. (Charlie pega o chocolate de
dentro da televisão)
Charlie: É de verdade!
Willy Wonka: Prove. É delicioso! Só que ficou menor.
(Charlie abre o chocolate e dá uma mordida)
Charlie: É perfeito!
Mãe de Mike: Mas isso é impossível.
Vovô Joe: É um milagre!
Mike: Uma TV--‐COMIDA!
Willy Wonka: É Wonkavisão. Imaginem vocês sentados nos sofás de suas salas
e aí vem o comercial: “Os chocolates Wonka são os melhores do mundo. Se
você não acredita, prove agora mesmo”. Daí vocês esticam a mão e pegam!
Gostaram?

Vovô Joe: Pode transformar o mundo!


Mike: Senhor Wonka, você pode transformar outras coisas, como barra de
cereais ou é só chocolate?

Willy Wonka: Você faz ideia do que barras de cereais são feitas? São aquelas
raspinhas de lápis que saem do apontador.
Charlie: Mas poderia mandar pela televisão se quisesse?
Willy Wonka: É claro que sim. O que você quiser.
Mike: Transmite pessoas?
Willy Wonka: Pessoas? (Pensativo) ... hmmm.. Ainda não sei. Suponho que sim.
É, transmite sim. Posso dizer que sim. Mas ainda pode haver uma falha com
resultados desastrosos... Por que eu mandaria pessoas? Elas não tem gosto
bom.

Mike: Não se deu conta do que inventou? É um teletransportador! É a invenção


mais importante da história da humanidade! E você só pensa em chocolate.
Mãe de Mike: Calma, Mike. Acho que o Senhor Wonka sabe o que está fazendo.
Mike: Não sabe, não! Ele não faz ideia! Essa invenção é genial!
(Mike sai correndo e vai até o tapume)
Willy Wonka: Ei rapazinho! Não aperte meu botão!
Mike: Olhem para mim! Serei a primeira pessoa no mundo a ser enviada pela
televisão!
Mãe de Mike: Mike, volte aqui! Fique longe dessa coisa!
Willy Wonka: (calmo) Mike, pare. Volte pra cá. (Mike coloca seus óculos e olha
para a câmera)
Mike: Luzes, câmera, ação!
(As luzes piscam, ruídos de máquina e fumaça. O tapume gira e Mike some da
cena.)
Mãe de Mike: (desesperada) MIKE, ONDE ESTÁ VOCÊ?!!!!
Vovô Joe: Está aqui em cima, no ar, em milhões de pedaços!
Mãe de Mike: (desesperada, gritando para o ar) MIKE, VOCÊ ESTÁ AÍ?!!!!
Willy Wonka: Não adianta gritar aí! Olhe para a tela.
(Todos olham para a televisão)
Mãe de Mike: (desesperada) MIKE, POR QUE DEMORA TANTO?!!!!
Charlie: Um milhão de pedacinhos devem demorar muito para se juntar.
Willy Wonka: Sabe... Às vezes, só metade dos pedacinhos acha o caminho.
Mãe de Mike: (desesperada) AI MEU DEUS?!!!! ONDE ESTÃO ELES?!!!!
Willy Wonka: Se tivesse que escolher metade do seu filho, qual seria?
Mãe de Mike: (desesperada) QUE TIPO DE PERGUNTA É ESSA?!
Willy Wonka: Não fique nervosa, foi só uma piada.
Mãe de Mike: MUITO MAL GOSTO, SR. WONKA!
Willy Wonka: Oh! Agora vem vindo alguma coisa aí...
Mãe de Mike: (desesperada) MIKE?!
Willy Wonka: Eu não sei... Difícil saber, mas...
(As luzes piscam um boneco em miniatura de Mike aparece na televisão)
Todos: OHH!
Mãe de Mike: (desesperada) OOOOOH!!!!!
Vovô Joe: O tagarelinha diminuiu em um minuto!
Mike: (EM OFF, com voz fina) Olhem para mim todos vocês! Sou a primeira
pessoa neste mundo enviada pela televisão! E puxa vida, foi uma viagem muito
massa! É a melhor coisa que já aconteceu comigo! Estou aparecendo bem? EI,
MAMÃE, EU PERGUNTEI SE ESTOU PARECENDO BEM?!

Willy Wonka: Tudo certo. Ele ficou ileso!


Mãe de Mike: Chama isso de ileso?!
Mike: (EM OFF, com voz fina) Isso foi demais! Posso fazer de novo?!
Mãe de Mike: NÃO! Não vai sobrar nada!
Mike: (EM OFF, com voz fina) Ora, mãe, não se preocupe! Eu estou bem. Sr.
Wonka, me leva para o outro lado.
Willy Wonka: Não há outro lado. É televisão, não é telefone. É bem diferente.
Mike: (EM OFF, com voz fina) Agora eu sou famoso. Sou um astro da televisão!
Só quero ver quando os meus colegas ficarem sabendo disso!
Mãe de Mike: Ninguém vai saber disso! (Pega Mike)
Mike: (EM OFF, com voz fina) Ei!!! Pra onde vai me levar?! Eu não quero entrar
aí!!!
Mãe de Mike: (Coloca Mike na sua bolsa) fique bem quietinho aí! (Dá a bolsa
para Wonka) E então?
Willy Wonka: Bem, felizmente os meninos pequenos são muito maleáveis e
extremamente elásticos. Por isso, acho que vou botá--‐lo na minha máquina
especial de puxa--‐puxa. Isso resolverá tudo.

Mãe de Mike: Puxa--‐puxa?!


Willy Wonka: (Para Oompa Loompa) Leve a senhora para a sala de puxa--‐
puxa, achará o menino na bolsa da mãe. Mas tenha muito cuidado viu.
Mãe de Mike: Mas vai transformá--‐lo em bala puxa--‐puxa?!
Willy Wonka: Minha senhora....
Oompa Loompa: (Sussurando para Wonka) mas senhor, a máquina não estava
pronta para esse tipo de transporte. De quem vai ser a responsabilidade do
menino esticado, caso a senhora resolva encrencar?

Mãe de Mike: O que ele está dizendo? Aii (Desmaia, vovô Joe a segura)
Willy Wonka: (Para Oompa Loompa) Você não será responsável... Não se
preocupe. (Para a Mãe de Mike, que está desmaiada nos braços do vovô Joe) E
agora, minha senhora, é hora de dizer adeus. Não, não para alguns momentos
na vida não há palavras. Agora pode ir. (Oompa Loompas levam--‐na) Adieu.
Adieu. Partir é uma doce tristeza...
Willy Wonka: Bom, tenho muito o que fazer... Muito mesmo o que fazer. Faturas,
contas, cartas... Preciso responder à mensagem da Rainha.
Charlie: O que vai acontecer com as outras crianças? Augustus, Veruca...
Willy Wonka: Meu bom menino, eu prometi que eles ficariam bem. Ao sair daqui
voltarão seu jeito normal... com suas terríveis personalidades reais. Mas talvez
eles fiquem mais ajuizados daqui em diante. Não se preocupe mais com eles.

Vovô Joe: E quanto a nós, Senhor Wonka? O que faremos agora?


Willy Wonka: Ah, sim! Bem... Eu espero que vocês tenham se divertido.
Desculpem-me por não leva‐los até a saída. Vão por aquele lado e acharão o
caminho! Estou muito ocupado, já perdi o dia inteiro. Até logo! (Cumprimenta os
dois) Tchau para vocês dois. (Sai de cena)
Charlie: O que houve? Fizemos alguma coisa errada?
Vovô Joe: Não sei, Charlie. Mas eu já vou descobrir!
(Vovô Joe sai de cena. A cortina se abre. Fundo preto, um foco de luz em Willy
Wonka, que está sentado em uma cadeira, escrevendo apoiado em uma
escrivaninha)
Vovô Joe: Senhor, Wonka?
Willy Wonka: Estou exageradamente ocupado.
Vovô Joe: Eu só o quero perguntar sobre o chocolate... O fornecimento
permanente de chocolate para o Charlie. Quando ele vai ganhar?

Willy Wonka: Ele não vai ganhar.


Vovô Joe: Por que não?
Willy Wonka: Porque ele quebrou as regras.

Vovô Joe: Que regras? Não vimos nenhuma regra, né Charlie?


Willy Wonka: (Irritado) O senhor está enganado. Enganado! Na cláusula
B--‐37 do contrato que vocês estavam cientes, está escrito claramente que
todas as ofertas ficarão anuladas e sem efeito se (Pega o contrato na gaveta) –
e você pode muito bem ler nessa cópia: (Lê com a ajuda de uma lupa) “Eu, o
abaixo assinado perderei todos os direitos, licenças e privilégios que estão aqui
contidos... e etc.. e etc... e etc... fax mentin incendium gloria culpam, etc...etc...
etc... Memo bis quelitor della cassum!” (Furioso) Está tudo aqui! Preto no branco!
Claro como cristal! Vocês tentaram roubar a bebida voadora! Vocês quebraram
os frascos! Estragaram meu experimento! E agora o chão do laboratório precisa
ser lavado e esterilizado! Por isso, vocês não ganham NADA! SÓ ISSO! Bom
dia, senhor!

Vovô Joe: (Surpreso com a reação de Wonka) você é um caloteiro. Você é um


grande vigarista! Como pode fazer uma coisa dessas?! Alimentar as esperanças
de uma criança e depois destruir tudo isso em pedaços... Você é um monstro
desumano!
Willy Wonka: (Irritado) EU DISSE, BOM DIA!
Vovô Joe: Venha, Charlie. Vamos sair daqui. (Puxa Charlie para a saída) Eu vou
me vingar dele e ele vai se arrepender. Slugworth terá a bala interminável que
quer! (Charlie volta e olha para Wonka, que está de cabeça baixa escrevendo.
Charlie se aproxima e coloca a balinha interminável em cima da mesa)
Charlie: Senhor Wonka, toma a sua balinha interminável.
(Charlie e seu avó, quando estão quase saindo de cena retornam ao ouvir as
palavras de Wonka)
Willy Wonka: Como brilha uma boa ação em um mundo de hoje. Charlie!
(Orgulhoso) Meu garoto... VOCÊ GANHOU! Você conseguiu!!! Conseguiu! (Dá
um abraço em Charlie) Eu sabia que você ia ganhar! Oh, Charlie. Me desculpa
for fazer você passar por isso. Entre, Senhor Wilkinson!
(Entra Slugworth)
Willy Wonka: Charlie, conheça o Senhor Wilkinson!
Slugworth: Muito prazer, Charlie!
Charlie: Slugworth!! É o Slugworth, Senhor Wonka!
Slugworth: Não, Charlie! Meu nome é Wilkinson. Fingi ser Slugworth a pedido
do Senhor Wonka!

Charlie: Mas... Mas...


Slugworth: Desculpa, garoto. É errado mentir.

Willy Wonka: Ele está falando a verdade. Não é Slugworth, trabalha para mim.
Charlie: Para o senhor?

Willy Wonka: Eu tinha que testá--‐lo, Charlie. E você passou no teste.


Slugworth: Você ganhou, garoto!! Meus parabéns!
Vovô Joe: O que ele ganhou?
Slugworth: O grande prêmio, meu caro senhor!
Willy Wonka: (Empolgado) O grande e glorioso, grande prêmio!
Charlie: O chocolate?!
Willy Wonka: Sim, o chocolate. Mas isso é só o começo!
Slugworth: Era o meu palpite desde o início.
Willy Wonka: Nós temos que prosseguir, temos muito tempo e tão pouco a fazer!
Parem! Esqueçam isso... Invertam. Vamos por aqui.

(Um foco acende sob um elevador. O veículo é uma caixa vazada, formada
somente por arestas, iluminadas por led)
Willy Wonka: Vamos pegar o Wonkavador. Entre, Charlie. (Charlie entra)

Charlie: Para cima e além?

Willy Wonka: Aperte, Charlie.


Vovô Joe: Que sala é essa?
Willy Wonka: Segurem‐se firme. Entre, Senhor. (Vovô Joe entra, seguido de
Wonka)
Charlie: Puxa, quantos botões!
Willy Wonka: Este é um grande Wonkavador todo de vidro.
Vovô Joe: É um elevador.
Willy Wonka: É um Wonkavador. Um elevador só sobe e desce. Mas o
Wonkavador vai para os lados, para as diagonais, para trás, deitado, ou dando
voltas... de qualquer jeito que quiser imaginar. Ele leva a qualquer sala da fábrica
após apertar um dos botões. Qualquer botão. Qualquer um... Aperta e zuuuum...
você dispara! Até agora apertei todos eles. Menos um. Este aqui.

(Charlie aperta o botão. A fumaça toma conta do palco, as luzes piscam e


começam efeitos de áudio de turbinas)
Willy Wonka: (Gritando) Preparem –se, não tenho muita certeza do que vai
acontecer.... Precisamos ir mais rápido, senão não atingiremos a velocidade
suficiente para atravessar.
Charlie: (Gritando) Atravessar o que?
Willy Wonka: (Gritando) A-ha!
Vovô Joe: (Gritando) quer dizer que estamos indo...
Willy Wonka: (Gritando) Sim! Pelo teto!!!
Vovô Joe: (Gritando) mas o teto é todo de vidro, vai partir em mil pedaços!
Vamos nos machucar!

Willy Wonka: (Gritando) Provavelmente. Segurem--‐se bem! (O som começa a


aumentar) Lá vamos nós!!!
(Explosão, luzes piscam, Em seguida uma projeção de céu começa no fundo.
Todos olham a paisagem, maravilhados. Trilha)
Vovô Joe: Você conseguiu, senhor Wonka! Meus parabéns!
Willy Wonka: Olhem para baixo!

Charlie: Vovô, olha como a nossa cidade está pequenininha lá embaixo!


Vovô Joe: Olhe daqui, Charlie. Desse lado consigo ver a nossa casa!
Charlie: Que lindo!

Vovô Joe: Maravilha... é realmente muito bonito.


Charlie: Olha! Ali está minha escola, Vovô!
Willy Wonka: O que você achou da Fábrica de Chocolate, Charlie?
Charlie: Acho que é o lugar mais maravilhoso do mundo inteiro!
Willy Wonka: Que bom ouvir você dizer isso. Isso me alegra profundamente...
Porque eu vou dá‐la para você!

Charlie: (Surpreso) O quê?


Willy Wonka: Não tem problema, tem?
Vovô Joe: Você vai dar a Fábrica a Charlie?
Willy Wonka: Não vou viver para sempre. E realmente não quero nem tentar...
Então, em quem confiar para cuidar da fábrica e dos Oompa Loompas quando
eu partir? Um adulto não pode! Um adulto iria fazer tudo ao seu modo, não ao
meu. Por isso decidi há muito tempo que devia achar uma criança, que fosse
honesta, adorável... para quem eu possa contar meus preciosos segredos de
confeiteiro.

Charlie: E foi por isso que espalhou os convites dourados?


Willy Wonka: Exatamente. A Fábrica é sua, Charlie. Pode se mudar
imediatamente.
Vovô Joe: E eu?
Willy Wonka: É claro!
Charlie: E o que acontece com o resto da minha...
Willy Wonka: Toda a família. Quero que traga todos eles!
Charlie: Obrigado, Senhor Wonka! (Dá um abraço bem apertado em Wonka)

Willy Wonka: Mas, Charlie... Não vá se esquecer do que aconteceu com o


homem que de repente conseguiu tudo o que sempre desejou.
Charlie: O que aconteceu?
Willy Wonka: Ele viveu feliz para sempre!
(Willy Wonka abraça Charlie. Blackout)

Fim.

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