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TEXTO PRETEXTO: AliceS no país das maravilhas

1. Camila 1) Alice
2. Carol 2) Duplo da Alice
3. Leo 3) Coelho atrasado
4. Lucas Manna 4) Chapeleiro maluco
5. Matheus 5) Rei de Copas
6. Isabelli 6) Lagarta
7. Lorena 7) Gata sorridente

CENA 1 Alice e seu duplo


(ver se haverá musica, ver musica primeira da alice doq eu se trata e ver se achamos uma
melhor)

Entram Alices. Uma vestida de forma clássica, a outra também, mas em outra paleta de
cores. Talvez mais escura, mais clara, ou outro tom.
A que chamaremos AD (Alice Duplo, com paleta de cores diferenciada) se senta lendo um
livro chamado “O país das maravilhas”, não vai tirar os olhos da leitura. A outra, que
chamaremos apenas Alice, começa a colher flores, cantarolando, encontra uma fileira de
formigas e as acompanha, deitada de bruços, sempre cantarolando, depois se vira e
começa a ver as nuvens. Passa a fazer comentários com a outra, que sempre responde com
“ahan”
ALICE: Olha, uma nuvem com cara de elefante.
AD: Ahan
ALICE: Agora está em movimento, o elefante deve estar correndo de um bando de leões.
AD: Ahan
ALICE: Se bem que os leões quem deveriam correr, o elefante é enorme!
AD: Ahan
ALICE: E alguns até tem chifres!
AD: Presas! Aquilo são presas!
ALICE: Lá em cima deve ser bem quentinho, mais perto do sol né?
AD: Ahan
ALICE: Tem outra nuvem chegando perto do elefante, essa tem cara de urso
AD: Ahan
ALICE: Porque as nuvens têm formatos tão diferentes?
AD: Ahan.
ALICE: (Percebendo que não está sendo ouvida). Porque você tem cara de pastel?
AD: Ahan
ALICE: Aff! (vai até AD e olha por cima do seu ombro, vendo o livro) Não sei como alguém
pode gostar de um livro sem figuras! Vou fazer um colar de margaridas e...
De repente um coelho com colete e óculos, entra apressado, vai correr de um lado a outro
do palco, repetindo ritmadamente, aflito:

CENA 2 A queda

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Referência de Alice da Disney
https://www.youtube.com/watch?v=b1oC3yCdikY&ab_channel=DisneyFilmes em 4’50’’

COELHO:- Ai o meu bigode! É tarde! É tarde! É tarde!


ALICE: Um coelho de coletes! E de relógio!
AD: E que fala!
ALICE: Verdade! Um coelho que fala! Por que um coelho estaria atrasado?
COELHO:- É tarde! É tarde! É tarde até que arde! Ai ai meu Deus, Adeus adeus! É tarde! É
tarde! É tarde!
ALICE: Senhor Coelho falante, é tarde para que?
COELHO: Estou atrasado! É tarde, é tarde! É tarde até que arde! Ai ai meu Deus, Adeus
adeus! É tarde! É tarde! É tarde!
ALICE: Volte aqui! Me conte onde você vai!
COELHO: Não posso! Estou atrasado! Ai ai meu Deus, Adeus adeus! É tarde! É tarde! É
tarde!
Alice passa a seguir o Coelho, eles passam umas 3 vezes pelo palco, de coxia a coxia,
também podem passar por um caminho pelo público. Coelho sempre repetindo seus versos,
mesmo fora de cena. Até que Coelho desaparece, silencia. Alice procura em torno e acha
um buraco no chão.
ALICE: Ah, ele deve ter entrado em sua toca. (Alice se agacha e começa a entrar na toca.
AD aparece ao seu lado)
AD: Puxa Alice, você acha mesmo isso uma boa ideia?1
ALICE: (Olha para o público) Bem, entrar num buraco no meio do bosque não parece uma
boa ideia.
AD: Pode haver bichos venenosos usando essa mesma toca para descansar.
ALICE: Eu posso ficar entalada e não conseguir sair.
AD: Ou você pode conseguir entrar, mas a terra da abertura cair, e tapar sua saída
ALICE: Ou pior, cair sobre minha cabeça e o cabelo que acabei de lavar hoje de manhã
Ad: Mas se você não entrar...
ALICE: Então a história acaba aqui.
ALICE e AD juntas: (tristes, cabeça baixa. Fazer como um gestus que será sempre repetido
durante a peça). Não temos escolha. (Então uma para outra, sorriem e olham para o
público dizendo). Vamos em frente!
Alice se abaixa, entra no buraco. BO breve, enquanto ela se esforça
ALICE: arf, anhumpf, que estreito! Opa, Parece que está se alargando... acho que agora eu
vou... (se interrompe com um grito) AAAAAAAAAAAA!
No grito, acendem-se luzes que piscam em Alice. Ela está em pé, no meio do palco, de
frente para o público, sacudindo mãos e pés de forma alternada (como uma coreografia do
cair) e grita lenta e continuamente, como em câmera lenta: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ALICE: Nossa! Ou esta queda é muito longa, ou estou caindo muito devagar. (pausa)
Parece que vi umas prateleiras passando por mim! (pausa) Desse jeito vou chegar ao
centro da Terra! (pausa) Será que tem dinossauros lá? Como aquele livro que li “Viagem ao

1
Ad é o duplo de Alice que lhe dá bons conselhos, ou lhe dá bronca, ou até mesmo a consola. Alice fala
sobre isso na obra de Lewis Carroll, sobre ser ela mesma a pessoa que se auto regula. Vamos brincar
com isso aqui, pedagogicamente. Portanto sugiro que, sempre que haja interações sobre certo e errado
entre Alice e AD, o professor questione, inclusive com improvisações teatrais, o certo e o errado de uma
situação com seus atores alunos. Assim o entendimento do texto será melhor, e os atores alunos
podem, eles mesmos, colaborar com o texto de forma viva. Lembrem-se “O texto é apenas Pretexto”

2
centro da Terra”? (pausa) Parece que vi uma samambaia, uma cadeira e um aquário com
um peixinho dourado enquanto eu caia. Será possível? As coisas estão muito estranhas
hoje! (pausa) Onde devo estar? Em qual latitude e longitude?
AD ENTRA AO SEU LADO: Eu não sei exatamente o que significam latitude e longitude. Foi
alguma coisa inútil que aprendi na escola, certamente. Mas essas parecem palavras certas
de se dizer agora.
ALICE: Ah, ainda bem que você está aqui. Estou cansada de cair e pensar. Caia um pouco
pra que eu possa pensar em paz.
AD: Tá bem, mas só um pouco.
Elas trocam de lugar e Alice se senta bem perto de AD, que repete a coreografia de queda
de Alice.
ALICE: E se eu chegar do outro lado e tiverem pessoas de ponta cabeça? É certo que vão
me perguntar por que eu estou ao contrário! Será que o outro lado é o Japão? Ou a China?
Ou o Egito? Bem se vê que ficarei tão perdida quanto eles ao me verem de cabeça pra
cima.
AD: (pára a coreografia e diz como uma sentença) Chega. (e sai)
Então Alice finalmente “cai”, pode-se aproveitar que a atriz já estava sentada no chão e ela
fazer uma partitura em câmera lenta de queda, se debatendo no chão, até ficar estatelada,
o professor diretor pode usar trabalho de foto imagem. Luzes normais se acendem.
Imediatamente o Coelho passa correndo repetindo seu refrão
ALICE: Hey! Espere! (pausa. Levanta-se devagar, desamassa o vestido, arruma o cabelo.
Olha em volta) Parece que agora ele entrou por aquela portinha! Mas como é pequenina!
Eu não consigo passar! (espia) Mas que maravilhoso é daquele lado! Eu quero passar!
Quero passar!

CENA 3 - Lagarta
Música pra lagarta entrar? Psicodélica? Indi?

LAGARTA (entra fazendo bolhas de sabão) Psiu! Psiu!


ALICE: Quem? O que?
LAGARTA Psiu! Psiu!
ALICE: Quem é você? Que coisa mais estranha!... Ou, o que é você?
LAGARTA: (fala pausadamente e com grande importância) Sou a presente imagem, do
passado glorioso, de um futuro que voará!
ALICE: (pausa, sem entender, balbucia as palavras) presente...passado glorioso...
AD surge: Alice, o Coelho!
ALICE: Ah sim! (para a Lagarta) Como eu posso...?
Lagarta a interrompe: Sua sede de curiosidade é literal? Sirva-se! (Lhe dá um frasco com
um liquido colorido, vira as costas e sai rebolante e fazendo bolhas de sabão, ignorando a
partir dai a menina).
ALICE: Sede de curiosidade? Servir-me? Ah você é muito misteriosa! Se eu beber consigo
passar? É isso? Hey! Hey Lagarta!
AD: É isso! Uma Lagarta! A imagem presente, de um passado glorioso, de um futuro que
vai voar: uma borboleta! Que bem pensado!
ALICE: (da de ombros, abre o frasco e está prestes a beber)
AD: Ah sério isso?
ALICE: O que foi?
AD: Não é boa ideia sair tomando coisas de qualquer frasco por aí. Você viu o rótulo?

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ALICE: Não tem nada no rótulo. Isso é bom sinal! Se tivesse uma caveira, poderia indicar
veneno. E eu sei que se alguém toma veneno mais cedo ou mais tarde vai acabar passando
mal.
AD: Ok, não está escrito veneno. Mas se alguém quiser mesmo que você tome veneno,
acha que ela escreveria na garrafa?
ALICE: Não é uma boa ideia... mas então a historia acaba aqui.
ALICE e AD juntas: (tristes, cabeça baixa. Fazer como um gestus que será sempre repetido
durante a peça) Não temos escolha. (Então uma para outra, sorriem e olham para o
público dizendo) Vamos em frente!

CENA 4 - Sombras

Alice começa a encolher (musica). Ad entra atrás de um tecido e brinca com a sombra de si
mesma, até ficar bem pequenina (no fim a atriz que é Ad, pode segurar uma boneca de
papel no palito para fazer a sombra dela pequena. O mesmo vale para A Porta, a Chave, as
lagrimas, o Mar, o elenco todo deve ajudar por detrás do tecido).
ALICE: Nossa! Que maravilha! Estou tão pequenina que posso passar pela portinha e seguir
o Coelho! (tenta abrir uma porta, de sombra) Oh não! Mas está trancada!
A PORTA: Ah sinto muito! Esqueci de te avisar!
ALICE: Ah dona porta, se abra pra mim, por favor!
A PORTA: Não é assim que funciona, infelizmente, você precisa da chave. A mesma chave
do Coelho, e da Lagarta e de todos que queiram passar por mim.
ALICE: Oh não! E agora?
A PORTA: Veja, parece que tem uma chave lá em cima. (Aparece uma sombra de chave lá
em cima do tecido)
ALICE: Puxa, mas acabei de encolher com o suco da Lagarta. Como vou alcançar a chave lá
em cima? Que tristeza!
Lagarta (passando pela cena): Uma criança deve se alimentar muito bem, a cada 3 horas
comer alguma coisa que lhe dê energia e seja saudável. Infelizmente eu só tenho esse
bolo. (deixa o bolo na cena. No bolo tem uma placa escrito “Coma-me”)
AD: Não devemos comer doces de estranhos!
ALICE: A Lagarta é estranha mesmo, mas não se deve julgar os outros pela aparência!
AD: Não é esse tipo de estranho! E se você passar mal? Tem muito açúcar! É melhor não
comer.
ALICE: Então a história acaba aqui.
ALICE e AD juntas: (tristes, cabeça baixa. Fazer como um gestus que será sempre repetido
durante a peça). Não temos escolha. (Então uma para outra, sorriem e olham para o
público dizendo). Vamos em frente!
Alice come um pedaço do bolo e a Alice da sombra começa a crescer, crescer, crescer!
Coelho passa correndo gritando
COELHO: meu leque! Minha luvas! É tarde! Estou atrasado!
Mas então volta e olha espantado para o que está acontecendo.
COELHO: Minha nossa! Que horror! O que é isso? Gata! Gata!
Projeta-se no espaço uma meia lua em forma de sorriso. MUSICA.
A projeção brinca no espaço até cair num lugar especifico, e ali surge a Gata Sorridente
GATA: Que foi maluco? O que é agora!
COELHO: É coisa da minha mente? Ou tem um gigante na minha toca? Ela vai arruinar
tudo!

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GATA: Uma gigante? Depende do ponto e vista. Qual é o seu tamanho para a senhora
formiga? Podemos chamar a Lagarta e nos debruçar sobre o assunto.
COELHO: Oh não, meu Deus! Estou atrasado! Só preciso tirar esse gigante daqui!
ALICE: Eu alcanço agora a chave, mas nem vejo meus pés! Eu não quero ter esse tamanho
todo!
COELHO: Você é uma gigante terrível que está destruindo a minha toca!
ALICE: Eu não sou terrível, nem estou destruindo nada! Não fale assim! (e começa a
chorar. Gata e Coelho abrem guarda-chuvas coloridos) Eu não consigo ver meus pés! Eu
quero voltar ao meu tamanho normal!
AD: Que coisa! Pare com esse escândalo está nos envergonhando!
ALICE (chorando): Não me importo! Eu quero voltar a ser eu! Eu quero ver meus pés!
AD: Normalmente dou bons conselhos a Alice!
ALICE: Normalmente eu ouço meus bons conselhos! Mas não consigo evitar agora! (E
chora)
AD: Não chore assim, senão eu não consigo me conter... buáááá (também chora)
Na sombra, agora feita de luz azul, a agua sobe devagar.
COELHO: Meu Deus o Rei ficará furioso com essa choradeira! E com a minha demora!
Estou atrasado! Atrasado! Gata, resolva o problema por favor! (e vai embora entoando seu
refrão)
GATA (gargalhando): Que gente maluca! (Experimenta a agua da chuva) E que choro
salgado! Mas qual é o problema de uma choradeira de vez em quando? (para a plateia)
Você não gosta de chorar às vezes? Não é bom pra aliviar o coração? A frustração pode te
fazer chorar, assim como a saudades, a tristeza, a emoção e até mesmo a felicidade! A
verdade é que não devemos segurar um bom e sincero choro do coração! Chore menina
gigante! Chore! (musica)
Depois da música Alice está pequena de novo
ALICE: Nossa que coisa estranha, voltei ao meu tamanho normal!
AD: Acho que as coisas por aqui são muito misteriosas!
ALICE: E maravilhosas!
AD: Veja Alice, a enxurrada das suas lágrimas levou a portinha trancada, agora temos o
tamanho adequado e a porta aberta!
ALICE: Então vamos logo!

CENA 5 - Adivinhas

Ao atravessar a portinha Alice e AD se deparam com uma mesa com 3 lugares, na qual
estão sentados o Chapeleiro Maluco e a Gata Risonha. O chapeleiro esta parabenizando a
Gata, coloca um chapéu de aniversário nela e lhe serve chá:
CHAPELEIRO: Parabéns! Parabéns! Vamos brindar!
GATA: (ao Chapeleiro) Obrigada! (vendo Alice) Mas vejam só! Não é que a nossa gigante
está aqui?
CHAPELEIRO: Gigante? Ah sim! Uma gigante de fato! Para as formigas, não é mesmo?
GATA: Por isso me entendo com você Chapeleiro! Exatamente!
CHAPELEIRO (para a Alice, que se aproxima da cadeira vazia): Não há lugar! Não há lugar!
ALICE (irritada, senta-se): Há exatamente mais um lugar a mesa! Ora essa!
GATA: Você gostaria de tomar um suco de maracujá para acalmar seus nervos Gigante?
ALICE: Oh, adoraria, muito obrigada!
AD: Onde está?

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GATA: Não temos suco de maracujá, infelizmente.
ALICE: Oras! Não foi muito educado oferecer algo que você não tem!
GATA: Também não foi educado se sentar sem ser convidada!
CHAPELEIRO: Ora, ora, não discutam! A gigante de formigas será bem-vinda se responder a
minha charada
AD: Está bem, pode perguntar
CHAPELEIRO: “Por que um corvo é parecido com uma escrivaninha? ”
AD: Nossa, que difícil!
ALICE (depois de pensar um pouco): Alguém aí tem alguma ideia?
(Ambas vão até o público, perguntam a eles, pensam sobre as ideias do público, mas
chegam a conclusão de que nenhuma resposta serve. Voltam ao palco)
ALICE: Puxa! Eu não sei, por que um corvo é parecido com uma escrivaninha?
CHAPELEIRO: Eu também não sei (Gata gargalha)
AD: Ora que palhaçada! Não é assim que funciona uma adivinha!
GATA: Como deve funcionar uma adivinha?
AD: Ora! Quem fez a pergunta deve saber a resposta!
CHAPELEIRO: Que coisa mais maluca! Se eu sei a resposta, por que faria a pergunta?
ALICE (furiosa) Ahhh! Você não entendeu! Uma adivinha é uma brincadeira! Vou te
mostrar!2
AD: “O que é, o que é? Não se come, mas é bom para se comer. ”
GATA: Tudo é bom para se comer, mesmo que você não coma. Para quem tem fome, tudo
que se come é bom!
CHAPELEIRO: Que coisa sem sentido Gata, jiló por exemplo, nunca é bom!
ALICE: Não, vocês não entenderam!
GATA: Não ouse falar mal de jiló! Coisa ruim mesmo de comer é chocolate!
CHAPELEIRO: há há há, depois eu quem sou o maluco!
AD: Gente! Gente! É o talher!
CHAPELEIRO E GATA (juntos): O que?
AD: O talher. A resposta é o talher. (Longa pausa)
GATA: Depois eu que não faço sentido!
CHAPELEIRO: Nem me fale!
Musica sobre adivinhas. Brincadeira de adivinhas com o público. Sugiro aqui que no meio
da música eles façam adivinhas para o público, inclusive inventadas por eles.

CENA 6 O REI

LAGARTA: Vocês deixaram alguém sentar no meu lugar?


CHAPELEIRO: Eu disse que não tinha lugar!
AD: Ah! Me desculpe!
CHAPELEIRO: Deixa ela sentar, é dia do desaniversário dela! (para a Lagarta) Parabéns!
(Também lhe dá um chapéu e lhe serve chá)
ALICE: É aniversario da Gata e dela também?
Gata gargalha, Lagarta sopra bolinhas de sabão

2
Incentivo ao professor fazer uma pesquisa sobre charadas e adivinhas com a turma e inserir na
dramaturgia aquilo que elas trouxerem. Lembrando que adivinhas, bem como parlendas, são material
folclórico da cultura brasileira.

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CHAPELEIRO: Não, não! Você está maluca? Que graça tem comemorar o dia em que você
nasceu? É o DESaniversário delas!
ALICE: Desaniversário? O que quer dizer?
GATA: exatamente isso! É um dia em que eu não nasci.
LAGARTA: precisamente.
ALICE: minha nossa! Como vocês são malucos!
GATA: Maravilhosos, querida Gigante! Maravilhosos! (ri)
Coelho entra correndo
COELHO: Vocês estão malucos?
AD: Com certeza!
COELHO: Vocês ainda estão na festa de desaniversário de hoje?! O rei está esperando!
Rápido! Rápido!
ALICE: Rei? Que Rei?
GATA (pega Alice pela mão). Vamos! Vamos!
Rei de COPAS está ouvindo Elis Regina, Cartomante. Deleita-se com a música. Enquanto
pinta rosas brancas de vermelho... Todos que chegam ameaçam falar com o Rei e ele
levanta uma das mãos pedindo silêncio. Ele canta a música e pinta as rosas, quando chega
o momento do refrão ele diz:
REI: Minha parte favorita! (e canta junto) Cai o Rei de Espadas! Cai o Rei de Ouro! Cai o Rei
de Paus!
Ad: Cantarola o refrão junto com o Rei, e diz: Minha mãe adora essa música! É da Elis
Regina.
REI: De quem?
AD: Uma cantora, Elis Regina, minha mãe gosta muito. Diz que a voz dela era a oitava
maravilha do mundo.
REI: Ah, então sua mãe sabe da ameaça que ronda o reino?
AD: Ameaça?
REI: Claro! Dos meus irmãos! Cada um querendo rosas das suas cores, alguns nem rosas
querem! Espalhando seus símbolos pelo país, exigindo que meu pobre povo coma suas
comidas, joguem seus jogos! Quando todos sabemos que a cor mais bela é o vermelho, a
rosa mais cheirosa é a vermelha, o símbolo mais bonito é o coração, o melhor jogo de
cartas é Copas...
ALICE: A música fala sobre isso, sobre evitar rebeldias e guerras e se manter seguro para
cuidar dos filhos.
REI: Evitar guerras? Não, não a música fala sobre ganhar a guerra contra os outros reis,
você não prestou atenção no refrão? Coloquem de novo! Cai o rei de Espadas, cai o Rei de
Ouro, cai o...
ALICE: O senhor entendeu errado
TODOS colocam a mão na boca, horrorizados, fazendo um Ah!
GATA: Você não devia ter dito isso.
LAGARTA: O rei de Copas é muito esquentado e detesta criticas
CHAPELEIRO: Você vai se dar mal
REI: Cortem a cabeça! Cortem a cabeça! Guardas! Guardas!
Alice e Ad se protegem.
ALICE: Meu Deus! O que? Socorrro! Socorro!
AD: Espera aí! Ô Seu Rei! Não acha essa coisa de cortar cabeças muito antiquado?
REI: Antiquado? Eu não sou antiquado!

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AD: pois parece muito antiquado! E muito violento acima de tudo! Essa historia é para
crianças! Por favor, modere-se!
REI (envergonhado): Bem, desculpe... eu... eu... o que devo cortar então?
CHAPELEIRO: As unhas!
REI: Não.
GATA: Os cabelos!
REI: Precisa ser um castigo, não uma sessão no salão de beleza!
LAGARTA: Corte as asas!
GATA: Justo você sugerindo isso?
REI: Só borboletas tem asas lagarta! Meninas não tem asas
ALICE: tenho as da imaginação, e essas ninguém pode cortar!
REI: Viu só!
COELHO: Corte a sobremesa e não se fala mais nisso!
CHAPELEIRO: Que crueldade! Que crueldade senhor Coelho!
REI: está aí, gostei! Não à toa o senhor faz parte do meu júri e do meu conselho senhor
Coelho. (passa a gritar) Cortem a sobremesa! Cortem a sobremesa!
ALICE: Não! Não! Me perdoe!
COELHO: Majestade, falando em sobremesa...
REI: Pois não?
COELHO: É por isso que estamos aqui, se lembra? A sobremesa já foi cortada, cortada de
todos nós! Pois alguém comeu as tortas em formato de coração que Sua senhora, a Dama
de Copas, fez.
GATA: Aposto que foi a Gigante de formigas faminta! (gargalha)
ALICE: Eu? Imagina eu!
REI: Cortem a sobremesa dela! Cortem a sobremesa dela!
AD: Eu mereço um julgamento justo
REI: Está bem. A Gata será a acusação.
GATA: miau! Que emoção!
REI: O Chapeleiro, o Coelho e a Lagarta serão testemunhas. E eu serei o Juiz
AD: Como meu julgamento será justo se o senhor mesmo quer cortar minha sobremesa e
quer ser o juiz?
REI: Eu nem queria fazer nenhum julgamento, quer ser condenada a pintar as rosas
brancas que insistem em nascer aqui, para o resto da vida?
ALICE: Não, não. Está bem. Vamos pro julgamento.

CENA 7 O julgamento3

REI: Silêncio, silêncio no tribunal. Sou o maravilhoso, soberbo, magnífico rei de Copas!
(Silêncio) Eu disse Rei de Copas! (Silêncio). Pessoal, quando eu falar Rei de Copas vocês
aplaudem, lembram?
TODOS: Ah...é...verdade...
REI: Rei de Copas!
TODOS: Uhuu! Maravilhoso! Magnifico! (Etc)
REI: Ótimo, prossiga Gata
GATA: Estamos aqui, porque essa gigante de formigas comeu nossas tortas de coração.

3
Sugiro que o professor-diretor faça improvisos com júri, incentive a argumentação e estimule os
aprendizes-atores a chegar às conclusões que Alice e AD usam para sua defesa, antes de lerem o texto.

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AD: Calúnia!
ALICE: O que é calúnia mesmo?
AD: Não sei, só achei uma boa palavra pra se dizer....
ALICE: ahhh... ta bem.
GATA: Como primeira testemunha, chamo a dona Lagarta (Lagarta sobe na tribuna)
Lagarta é verdade que a senhora viu a gigante bebendo todo o frasco de um suco mágico?
LAGARTA: É sim, verdade
GATA: E também é verdade que viu ela abocanhar um pedação de bolo de chocolate?
LAGARTA: Sim, vi sim.
CHAPELEIRO: E daí?
GATA: Silencio maluco!
ALICE: Mas foi a própria Lagarta quem...
REI: (a interrompe) Não lhe dei a palavra ainda! Silêncio no tribunal!
AD: Mas se eu tomei e comi, foi só porque...
GATA: (a interrompe) Por que é uma gulosa! E sua gula te levou a comer todas as tortas de
coração da Dama de Copas! Agora quero chamar o Coelho. Coelho, é verdade que essa
gigante quase quebrou toda a sua toca? E depois quase inundou toda a sua toca com as
lágrimas dela?
COELHO: bem... é...é verdade sim...
CHAPELEIRO: Mas... E dai?
GATA: Quieto! Bem, agora vou chamar o Chapeleiro para depor. Chapeleiro é verdade que
essa gigante sentou na sua mesa de chá sem ser convidada? (Chapeleiro não abre a boca)
Chapeleiro, é verdade que a Gigante em questão, sentou à mesa, tomou chá de
desaniversário dos outros e ainda errou a sua adivinha? (Chapeleiro não abre a boca)
O que acontece com você Chapeleiro?
AD: Você mandou ele ficar quieto logo antes de chama-lo a depor!
GATA: Ai meu Deus! Verdade! Mas não importa! Acho que já temos provas suficientes de
que...
AD: Temos nada! Quero me defender!
REI: Tem esse direito. Mas seja breve que quero logo cortar sua sobremesa!
ALICE: Lagarta, não foi você quem me entregou o frasco de suco e me mandou tomar? E
não foi também você quem me deu o bolo que me fez crescer? Chapeleiro, não é verdade
que pedi desculpas, para você e para a Lagarta sobre ocupar o lugar dela na mesa? Muito
embora também seja dia do meu desaniversário hoje também?
CHAPELEIRO: Verdade?
AD: Claro! Se eu nasci em 22 de fevereiro e hoje não é dia 22 de fevereiro, é meu
desaniversário, oras!
CHAPELEIRO: Puxa! Parabéns! Vou buscar seu chapéu e sua xícara de chá!
REI: Não! Agora não! Ninguém deixa o júri!
AD: E agora, vou provar de uma vez por todas! Coelho, você não estava atrasado para vir a
esse julgamento?
COELHO: sim estava, sim, de fato
AD: E eu não comecei a seguir você desde o meu jardim? E lhe perguntava toda hora para
o que você estava atrasado?
Coelho: ah é sim majestade, de fato, a gigante me perseguiu por horas!
AD: Persegui não, segui!
ALICE: Só estava curiosa!

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AD: Pois bem, se você senhor Coelho, estava atrasado para esse júri, e esse júri já estava
marcado por causa do sumiço das tortas, e eu só conheci o senhor hoje de manhã e só
encontrei esse lugar essa manhã, depois de encontrar o senhor. Claro está que as tortas
foram roubadas antes de eu saber da existência delas, ou de vocês, ou desse lugar aqui!
GTA: Puxa! Isso é bastante logico, meu rei. E agora?
REI: não sei, você é a acusação
Gata: Pois a acusação, por força maior, precisa retirar a acusação!
REI: Mas isso não é possível. Eu preciso de um culpado! Cortem a sobremesa de todos que
estão presentes (olha pra plateia) todos mesmo! Sobremesas cortadas para sempre!
Cortem as sobremesas! Cortem as sobremesas!
Musica

CENA 8 RETORNO

AD chacoalha ALICE que acorda assustada.


ALICE: Eu quero sobremesa! Por favor! Um sorvete! Um bolo de chocolate! Qualquer
coisa!
AD: Vamos pra casa jantar e a mamãe deve dar alguma coisa depois.
ALICE: Você não imagina a viagem maravilhosa que eu fiz!
AD (mostrando o livro): Imagino sim! Eu fiz a mesma viagem e nem precisei sair do lugar!
ALICE: Hum, que viagem faremos amanhã?
AD: Que tal O apanhador de sonhos?
ALICE: Ah sim! Ou A primavera da Lagarta, que acha?
AD: Boa! E vocês (fala para a plateia) Qual foi a última viagem maravilhosa que você fez?
ALICE: Que tal começar uma viagem nova hoje à noite?
LAGARTA (entrando). Que tal irem junto com seus filhos?
GATA (entrando).: Que tal se lerem juntos numa cabana de cobertores?
COELHO (entrando).: E deixarem o relógio de lado um pouquinho?
REI (entrando).: Podem ouvir boas músicas também, elas nos levam para viagens mais
rápidas
CHAPELEIRO (entrando). A maluquice da imaginação é uma maravilha!
MUSICA, sugiro uma coreografia com livros, cada personagem com um pelo menos.

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