Eficiência Energética nas Escolas Públicas na Região do Vale

Araranguá(1).
Jorge Luiz Angeloni(2); Emerson Silveira Serafim, Lucas Boeira Michels, Wilerson Sturm,
Paulo Afonso Garcia Baran, Zedequias Machado Alves, Natália Mattiola da Silva(3).

Relato de Experiência
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital 01/2012/PRERE, da Pró-Reitoria de Extensão e Relações Externas.
(2)
Professor; Instituto Federal de Santa Catarina; Araranguá, SC; jorge.angeloni@ifsc.edu.br;
(3)
Professor; Instituto Federal de Santa Catarina; Professor; Instituto Federal de Santa Catarina; Professor; Instituto
Federal do Paraná; Professor; Instituto Federal de Santa Catarina; Professor; Instituto Federal de Santa Catarina;
Estudante; Instituto Federal de Santa Catarina.

RESUMO: O combate ao desperdício e a busca de uso eficiente das diversas formas de energia devem ser
incentivados, pois levam à economia de recursos, possibilitando a postergação de investimentos em
sistemas de energia elétrica (geração, transmissão e distribuição), além de contribuir com a preservação do
meio ambiente. Diante deste enfoque, este projeto teve como objetivo o desenvolvimento de um diagnóstico
do consumo energético que permitiu verificar as condições de operação dos diferentes equipamentos, em
sua maioria nas escolas, como: as lâmpadas, os ares-condicionados e os computadores, e também das
instalações elétricas que se encontram nas instituições participantes. Entre outros resultados esperados
durante a execução do projeto destacamos uma considerável economia significativa no consumo de energia
elétrica de cada uma das faturas de energia das escolas, além de oficinas energéticas e palestras para os
estudantes e professores de cada instituição como também a conscientização para a preservação do meio
ambiente através do uso racional de energia elétrica.

Palavras Chave: meio ambiente, educação, diagnóstico energético.

INTRODUÇÃO seguida iniciamos as atividades de análise das

Eficiência energética e meio ambiente
segundo Panesi (2006) são dois aspectos que estão
totalmente associados, ou seja, podemos preservar
o nosso habitat através de medidas de preservação
e combate aos desperdícios de energia, reduzindo
impactos ambientais advindos da oferta de energia.
Uma gestão energética tem como objetivo principal
o uso racional dos recursos naturais, adotando o
princípio do desenvolvimento sustentável.
O uso eficiente de energia se constitui num
pressuposto essencial para a concretização de uma
estratégia energética em bases sustentáveis, e foi
com este fim que durante a implantação do projeto
de extensão a primeira iniciativa ou ação objetivou a
redução dos custos com a energia elétrica em uma
escola pública, Resende (2004).
De acordo com a Cemig (2006), foram
executadas algumas metas como a análise, o
acompanhamento, a orientação e o
desenvolvimento dos dados técnicos do consumo
de energia elétrica e da utilização de energia
elétrica através de ações e controles sobre os
recursos humanos, materiais econômicos e
eficientes, colaborando com a efetiva redução dos
índices globais e específicos da quantidade de
energia elétrica necessária para a obtenção do
mesmo resultado ou serviço.
Durante o período de execução do
cronograma nas escolas públicas (E.E.B. Maria
Garcia Pessi, E.E.B. João Colodel, E.E.B. Apolônio
Cardoso e E.E.B. Pedro Simon) segundo Naspolini
et. Al. (2006), realizamos o diagnóstico energético
dos equipamentos e das instalações elétricas, e em
potencialidades de redução do consumo (kWh) de
energia elétrica e da demanda de potência (kW). O
que em função dessa análise, estabelecemos metas
consideráveis de redução de energia, sem
interferências manuais nas instalações elétricas,
apenas acompanhando o observando todo o
processo.
Além do que, coordenamos atividades
específicas quanto ao uso racional de energia
elétrica nas escolas públicas através de oficinas e
palestras, mostrando aos estudantes, professores,
servidores e à comunidade externa como é possível
mensurar e obter significativas economias ou
simplesmente reduzindo as potências de alguns
equipamentos, por exemplo, a iluminação
incandescente pela compacta fluorescente, e/ou o
tempo de uso destas tanto em horas/dias quanto em
dias/mês, Sória e Filipini (2010). Quando da
apresentação do relatório/gráficos, tínhamos como
objetivo a todos os interessados e ouvintes a
visualização dos números mapeados, coletados e
estudados visando subsidiar a tomada de decisão,
com bom senso, em gestão energética das escolas
públicas.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Durante a implantação do projeto, foram
analisados e estabelecidos metas de redução do
consumo a partir do diagnóstico energético. De
posse dos dados de demanda (potência elétrica) e o
tempo em hora de uso dos equipamentos elétricos
ligados criou-se gráficos e relatórios do sistema
atual, e metas a partir destes dados. A apresentação
destas informações a partir das metas estabelecidas
num sistema proposto influenciou bastante na
maneira e nas boas práticas de eficiência energética
onde os estudantes, professores, servidores e à
comunidade externa puderam aplicar tanto nas
escolas quanto em suas próprias residências.
Obtendo com isso, economias significativas na
utilização final de energia elétrica.
Sob a orientação do coordenador do projeto,
os bolsistas do IFSC Campus Araranguá
elaboraram e apresentaram as metas de redução
propostas, os gráficos e os relatórios, através de
“datashow”, para à comunidade interna e externa
das escolas públicas envolvidas.
Diagnóstico Energético das Escolas
Para o sistema atual na E.E.B. (Escola de
Ensino Básico) Apolônio Cardoso em Bal. Arroio
do Silva/SC foi realizado o diagnóstico energético
principalmente nas salas de aulas com um total de
184 lâmpadas tubulares fluorescentes de 40W, onde
em média este estabelecimento consome energia
durante 15 horas/dia e 22 dias/mês. A potência total
das 184 lâmpadas de 40W foi de 7,36kW e o
consumo total de 2.271,36 kWh/mês. Na E.E.B.
Maria Garcia Pessi em Araranguá/SC o
diagnóstico energético nas salas de aulas constatou
420 lâmpadas fluorescentes tubulares de 40W,
consumindo energia elétrica durante 12 horas/dia e
22 dias/mês. A potência total foi de 16,80 kW e o
consumo total de 4.162,56 kWh/mês. Para E.E.B.
João Colodel em Turvo/SC o diagnóstico
energético nas salas de aulas levantou um total de
168 lâmpadas tubulares fluorescentes também de
40W, com consumo de energia de 18 horas/dia e 22
dias/mês. A potência total levantada foi de 6,72 kW
e o consumo total de 2.661,12 kWh/mês. E por fim
na E.E.B. Pedro Simon em Ermo/SC, foram
mapeadas 132 lâmpadas tubulares fluorescentes de
40W, consumindo energia durante 12 horas/dias e
22 dias/mês. A potência total foi de 5,28 kW e o
consumo total de 1.848,00 kWh/mês.
RESULTADOS E ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO
ENERGÉTICO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Analisando com bom senso e estabelecendo
metas de redução do consumo sem subtrair o
conforto do ambiente, no sistema proposto da
E.E.B. Apolônio Cardoso, indicamos a substituição
da lâmpada tubular fluorescente de 40W por outra
de melhor eficiência, maior luminosidade e menor
potência sendo de 32W. Analisando a nova situação
proposta, chegamos a um consenso dos
estabelecimentos mapeados desta escola para um
total de 168 lâmpadas em luminárias com espelho
reflexivo, considerando uma redução de tempo de
uso em média de 14 horas/dia e 20 dias/mês.
Portanto, evidenciando 16 lâmpadas a menos do
sistema atual, o resultado da potência total ficou em
5,38 kW o que conseqüentemente reduziu o
consumo de energia em 1.382,40 kWh/mês.
Considerando que o valor da tarifa de consumo de
energia elétrica da fartura da escola é de R$
0,42175/kWh e também com a diferença entre o
sistema atual e o proposto, a economia tornaria
muito significativa no consumo total de 888,96
kWh/mês e em reais de R$ 374,92/mês. A Tabela 1
a seguir mostra os resultados das economias em
reais (R$) em consumo (kWh) do sistema atual e do
sistema proposto da E.E.B. Apolônio Cardoso.
Tabela 1 – Economias significativas da E.E.B.
Apolônio Cardoso de Balneário Arroio do Silva/SC.
Atual Proposto Economias
Consumo Consumo Consumo R$
2.271,36 1.382,40 888,96 374,92
Economia (R$) total anual da escola 4.499,02
Fonte: Escola de Ensino Básico Apolônio Cardoso.
Por fim, na Figura 1, podemos verificar as
melhoras estabelecidas do consumo de energia
elétrica da E.E.B. Apolônio Cardoso durante a
implementação da metodologia do projeto.
Consumo de Energia (kWh) Atual e Proposto - E.E.B
2500
2000
Consumo (kWh)
1500
1000
Figura 1 – Consumo de energia sistema atual (em
azul) versus sistema proposto (em vermelho) da
E.E.B. Apolônio Cardoso.
Continuando a análise e estabelecendo
metas de redução do consumo sem subtrair o
conforto do ambiente, no sistema proposto da
E.E.B. Maria Garcia Pessi, indicamos a substituição
da lâmpada tubular fluorescente de 40W por outra
de melhor eficiência, maior luminosidade e menor
potência sendo de 32W. Analisando a nova situação
proposta, chegamos a um consenso dos
estabelecimentos mapeados desta escola para um
total de 346 lâmpadas em luminárias com espelho
reflexivo, considerando uma redução de tempo de
uso em média de 10 horas/dia e 20 dias/mês.
Portanto, evidenciando 74 lâmpadas a menos do
sistema atual, o resultado da potência total ficou em
9,71 kW o que conseqüentemente reduziu o
consumo de energia em 1.851,14 kWh/mês.
Considerando que o valor da tarifa de consumo de
energia elétrica da fartura da escola é de R$
0,42175/kWh e também com a diferença entre o
sistema atual e o proposto, a economia tornaria
muito significativa no consumo total de 2.311,42
kWh/mês e em reais de R$ 974,84/mês. A Tabela 2
a seguir mostra os resultados das economias em
reais (R$) em consumo (kWh) do sistema atual e do
sistema proposto da E.E.B. Maria Garcia Pessi.
Tabela 2 – Economias significativas da E.E.B. Maria
Garcia Pessi de Araranguá/SC. Consumo de Energia (kWh) Atual e Proposto da E.E.B. João Colodel
Atual Proposto Economias 3000
Consumo Consumo Consumo R$ 2000
4.162,56 1.851,14 2.311,42 974,84
1000
Economia (R$) total anual da escola 11.698,0
9 0
Fonte: Escola de Ensino Básico Maria Garcia Pessi.

Por fim, na Figura 2, podemos verificar as Figura 3 – Consumo de energia sistema atual (em
melhoras estabelecidas do consumo de energia azul) versus sistema proposto (em verde) da E.E.B.
elétrica da E.E.B. Maria Garcia Pessi durante a João Colodel.
implementação da metodologia do projeto.
Fechando a série das escolas diagnosticadas
Consumo de Energia (kWh) Atual e Proposto da E.E.B. Ma. Garcia
no sistema Pessi da E.E.B. Pedro Simon,
proposto
5000 indicamos a substituição da lâmpada tubular
4000 fluorescente de 40W por outra de melhor eficiência,
3000 maior luminosidade e menor potência sendo de
2000 32W. Analisando a nova situação proposta,
1000 chegamos a um consenso dos estabelecimentos
0 mapeados desta escola para um total de 114
lâmpadas em luminárias com espelho reflexivo,
considerando uma redução de tempo de uso em
Figura 2 – Consumo de energia sistema atual (em
média de 12 horas/dia e 18 dias/mês. Portanto,
amarelo) versus sistema proposto (em azul) da E.E.B.
Maria Garcia Pessi. evidenciando 18 lâmpadas a menos do sistema
atual, o resultado da potência total ficou em 3,64 kW
Para o sistema proposto da E.E.B. João o que conseqüentemente reduziu o consumo de
Colodel, indicamos a substituição da lâmpada energia em 693,50 kWh/mês. Considerando que o
tubular fluorescente de 40W por outra de melhor valor da tarifa de consumo de energia elétrica da
eficiência, maior luminosidade e menor potência fartura da escola é de R$ 0,42175/kWh e também
sendo de 32W. Analisando a nova situação com a diferença entre o sistema atual e o proposto,
proposta, chegamos a um consenso dos a economia tornaria muito significativa no consumo
estabelecimentos mapeados desta escola para um total de 1.154,50 kWh/mês e em reais de R$
total de 144 lâmpadas em luminárias com espelho 486,91/mês. A Tabela 4 a seguir mostra os
reflexivo, considerando uma redução de tempo de resultados das economias em reais (R$) em
uso em média de 12 horas/dia e 22 dias/mês. consumo (kWh) do sistema atual e do sistema
Portanto, evidenciando 24 lâmpadas a menos do proposto da E.E.B. Pedro Simon.
sistema atual, o resultado da potência total ficou em
3,92 kW o que conseqüentemente reduziu o Tabela 4 – Economias significativas da E.E.B. Pedro
consumo de energia em 1.044,96 kWh/mês. Simon de Ermo/SC.
Considerando que o valor da tarifa de consumo de Atual Proposto Economias
energia elétrica da fartura da escola é de R$ Consumo Consumo Consumo R$
0,42175/kWh e também com a diferença entre o 1.848,00 693,50 1.154,50 486,91
sistema atual e o proposto, a economia tornaria Economia (R$) total anual da escola 5.842,92
muito significativa no consumo total de 1.616,16 Fonte: Escola de Ensino Básico Pedro Simon.
kWh/mês e em reais de R$ 681,62/mês. A Tabela 3 Por fim, na Figura 4, podemos verificar
a seguir mostra os resultados das economias em também as melhorias estabelecidas do consumo de
reais (R$) em consumo (kWh) do sistema atual e do energia elétrica da E.E.B. Pedro Simon durante a
sistema proposto da E.E.B. João Colodel. implementação da metodologia do projeto.

Tabela 3 – Economias significativas da E.E.B. João

Colodel de Turvo/SC.
Consumo de Energia (kWh) Atual e Proposto da E.E.B. Pe
Atual Proposto Economias
2000
Consumo Consumo Consumo R$
2.661,12 1.044,96 1.616,16 681,62 1500
Economia (R$) total anual da escola 8.179,39 1000
Fonte: Escola de Ensino Básico João Colodel. 500
0
Por fim, na Figura 3, podemos verificar as
melhorias estabelecidas do consumo de energia
elétrica da E.E.B. João Colodel durante a
Figura 4 – Consumo de energia sistema atual (em
implementação da metodologia do projeto.
verde) versus sistema proposto (em vermelho) da
E.E.B. Pedro Simon.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações realizadas como um todo permitiram
a disseminação do conhecimento dos bolsistas para
os estudantes, professores e técnicos
administrativos das escolas sobre o uso racional de
energia elétrica dos equipamentos e das instalações
elétricas nas quatro escolas públicas diagnosticadas
durante a implementação do projeto. Também foi
desenvolvida durante nossas reuniões com os
bolsistas e a equipe executora uma metodologia
para estabelecimentos de metas mensuráveis, o
que conseqüentemente tivemos os objetivos
específicos alcançados para a redução do consumo
eficiente de energia elétrica. No decorrer das
oficinas energéticas e palestras nas escolas
apresentamos o medidor de consumo de energia e
de potência, conforme a Figura 5, para toda a
comunidade interna e externa das escolas públicas
aos quais ficaram vislumbrados com a oportunidade
de poder realizar em suas residências tais medições
que oportunizam as economias significativas.
HINRICHS, R.A.; KLEINBACH, M. Energia e meio
ambiente. 3 ed. São Paulo: Thomson, 2003.
PANESI, A.R.Q. Fundamentos de eficiência
energética. 1 ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2006.
RESENDE, I. Dieta para reduzir custos com energia
elétrica – conceitos gerais. 1 ed. Rio de Janeiro:
Studiodigital, 2004.
SÓRIA, A.F.S.; FILIPINI, F.A. Eficiência Energética:
manual do professor. 1 ed. Curitiba: Base Editorial,
2010.
CAMARGO, C.; SCHINDEN, N.B.C.; GOMES, M.B.;
NASPOLINI, H.F.’GOLFETTO, R. Eficiência energética
em sistemas de iluminação de estabelecimentos
escolares: avaliação técnico-econômica sob a ótica do
consumidor. In: VIII Congresso Brasileiro de
Planejamento Energético. Curitiba, 2012. Anais.
ANEEL. Manual para elaboração de eficiência
energética. Disponível em: HTTP://www.aneel.gov.br.
Acesso em 04 jun. 2013.

Figura 5 – Medidor de consumo de energia e de

potência (POL 80).
O desafio do projeto foi grande, trabalho e
saudável a todos, pois impactou em muito na
conscientização sustentável de toda a comunidade
tanto para a economia de energia elétrica quanto
para a preservação do meio ambiente.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao coordenador do projeto, Prof.

Angeloni, pela oportunidade em realizar um
excelente trabalho que teve participação efetiva nos
aprendizados dos bolsistas, da equipe executora e
das comunidades interna e externa das escolas
públicas na região do Vale Araranguá.

REFERÊNCIAS

BARROS, B.F.; BORELI; GEDRA, R.L. Gerenciamento

de energia – ações administrativas e técnicas de uso
adequado da energia elétrica. 1 ed. São Paulo: Érica,
2012.

COTRIM, A.A.M.B. Instalações elétricas prediais. 5.ed.

São Paulo: Pearson, 2009.

ELETROBRAS/PROCEL. Gestão energética. 1 ed. Rio

de Janeiro: ELETROBRAS, 2005.

ELETROBRAS/PROCEL. Manual de prédios eficientes

em energia elétrica. 1 ed. Rio de Janeiro:
IBAM/ELETOROBRAS/PROCEL, 2002.